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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DO


JUIZADO ESPECIAL CÍVEL E CRIMINAL DE TERESINA – PI

Ação de Obrigação de Fazer c/c Indenização por Dano Moral com Pedido de
Liminar
Proc. Nº 0029431-45.2016.818.0001

APELADO: JOSÉ FERREIRA SANTANA DOS SANTOS


APELANTE: ELETROBRÁS DISTRIBUIÇÃO PIAUÍ

O Apelado, já qualificado nos autos epigrafados, por seu


advogado infra-assinado, vem, perante Vossa Excelência, apresentar

CONTRA-RAZÕES AO RECURSO INOMINADO

interposto pelo Apelante – ELETROBRÁS DISTRIBUIÇÃO PIAUÍ, de acordo


com os fundamentos fáticos e jurídicos anexos.

Av: Cândido Aleixo, 209. Centro . CEP: 64500-000 . 89.34621591 . Oeiras – PI


Rua 7 de Setembro, 350, Centro/Sul. CEP: 64001-210. Teresina-PI
PRELIMINARMENTE
DA INTEMPESTIVIDADE

01. Prima facie, depreende-se da análise das razões de apelação, de


plano verifica-se ser este Intempestivo, o que, à apreciação jurisdicional,
caracteriza a inexistência do ato processual, pois um dos requisitos de validade
do Recurso é a Tempestividade. Em face da ausência de pressuposto formal à
sua validade, é inadmissível, portanto, o instrumento recursal de Apelação.

02. Nesses termos, depois de cumpridas as formalidades legais, caso


V. Exa. não entenda pelo indeferimento de plano da Apelação, por ser
Intempestiva -, REQUER sejam as presentes contra-razões juntadas aos autos e
encaminhadas à Superior Instância para a eventual apreciação do meritum
causae.

Termos em que pede e espera DEFERIMENTO.

Teresina (PI), 16 de abril de 2018.

Marciano Antônio de Oliveira Nunes


OAB/PI 5.320

Vania Coimbra Soares


OAB. 5.054

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EGRÉGIA TURMA RECURSAL DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL NO
ESTADO DO PIAUÍ,

Ref. proc. nº 0029431-45.2016.818.0001

APELADO: JOSÉ FERREIRA SANTANA DOS SANTOS


APELANTE: ELETROBRÁS DISTRIBUIÇÃO PIAUÍ

A sentença recorrida não merece ser reformulada, haja vista as


alegações terem sido plenamente corroboradas com provas documentais
incontestáveis como assim reconheceu o Meritíssimo juízo a quo.

I – RESUMO FÁTICO

1. O Apelado recebeu uma notificação da Apelante, informando-o da


suposta prática de irregularidades no sistema elétrico de medição da referida
Unidade Consumidora e que, devido o fato, deveria pagar uma divida no valor
de R$ 4.459,07 (Quatro mil, quatrocentos e cinquenta e nove reais e sete
centavos), caracterizando, assim, uma cobrança indevida por parte da Apelante.

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Diante de tais fatos o Apelado ingressou com Ação de Obrigação de Fazer c/c
Indenização por Dano Moral.

2. Em sentença, a MM. Juíza declarou procedente em parte o pedido,


sentenciando a inexistência do débito, determinando a anulação do processo
administrativo nº 2016/41382 realizado pela ré, vinculado à unidade
consumidora de nº 0045222-0 e declarando inexistente o débito imputado ao
autor no valor de R$ 4.459,07 (Quatro mil, quatrocentos e cinquenta e nove reais
e sete centavos) e seus posteriores acréscimos. Ainda, determinando que a ré se
abstenha de efetuar a suspensão ou reestabeleça o serviço de fornecimento de
energia elétrica na hipótese de sua suspensão, e também de abster-se de
providenciar a inclusão de seu nome nos registros de proteção ao crédito, tudo
isso em virtude do débito desconstituído nesta ação.

II – DO MÉRITO

3. A Apelante alega em seu Recurso, que:

“Para o deslinde do caso, a perícia técnica


especializada é indispensável, pois alegou a parte
recorrida vários fatores, dentre o mais importante:
averiguação de irregularidade no medidor, perícia etc.”

4. O Aludido Recurso Inominado interposto pela Apelante, não merece


prosperar, uma vez que se encontra totalmente inoportuna. A pretensão do
Apelado está perfeitamente amparado pela lei, a lide, para sua resolução,
mesmo se necessitasse de perícia, seria permitida em sede de Juizado Especial,
conforme o art. 35, parágrafo único, da Lei nº 9.099/95, até porque a realizada
unilateralmente pela ré tem cunho informal, mas não foi colacionada aos autos
por quem a produziu, inferindo-se daí ausência de participação da autora em

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sua confecção, ou seja, preenche todos os requisitos legais. Assim deverá ser
reconhecida a inexistência total do débito.

5. A Apelante alega ainda a existência da veracidade dos fatos por


existir uma relação contratual entre as partes e por estarem no exercício regular
do direito, existindo sim uma irregularidade no medidor. Ora, novamente o
interposto não merece prosperar uma vez que deverá ser reconhecida a
hipossuficiência do consumidor no que concerne ao fato do dever de provar ou
não as alegações, ratificada a r. sentença proferida nos autos do processo em
epígrafe

III – DO DIREITO

6. Da falta de culpabilidade do consumidor, já que a Apelante quer,


simplesmente, imputar a culpa pela má qualidade de seu serviço ao
consumidor hipossuficiente, algo totalmente inconcebível, entende-se, portanto,
que deve ser afastada tal argumentação, pois a responsabilidade pela
manutenção de seus medidores de energia elétrica instalada nas unidades
consumidoras é da Eletrobrás.

7. Conforme nosso Ordenamento Jurídico Pátrio, não cabe ao


consumidor verificar se a contagem do aparelho medidor está a contento com o
consumo do mesmo, isto é tarefa da Empresa prestadora do serviço elétrico.
Cabe apenas ao consumidor pagar suas faturas, o que fez a mesma até então,
conforme pode ser verificado dos seus registros na empresa Apelante. E mais,
não cabe ao consumidor apresentar provas técnicas e aferição de consumo e tão
somente à empresa, assim como provar que foi culpa da Apelada o suposto
consumo a menor registrado pelo aparelho da mesma. Regra imposta pelo art.
6º, VIII, do CDC. Senão vejamos:

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:

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...

VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com


a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil,
quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou
quando for ele hipossuficiente, segundo as regras
ordinárias de experiências;

...

8. Neste mesmo sentido, nossos Tribunais já decidiram pela


configuração da prática abusiva por parte da Companhia de Energia Elétrica
quando esta atribui ao consumidor, sem ter as provas necessárias, fraude em
seus medidores de energia:

RECURSO INOMINADO -AÇÃO DECLARATÓRIA


-CONSUMIDOR -IRREGULARIDADE MEDIDOR
DE ENERGIA ELÉTRICA -PROCEDIMENTO
UNILATERAL - AUSÊNCIA COMPROVAÇÃO
RESPONSABILIDADE DO CONSUMIDOR
-OBSERVÂNCIA MÉDIA DE CONSUMO -
-RECURSO IMPROVIDO. Ausência de prova de
responsabilidade do consumidor por alegada fraude no
equipamento medidor do consumo de energia elétrica.
Procedimento unilateral de parte da concessionária no
sentido de efetuar cobrança de alegados valores devidos
pelo consumidor, incidindo de forma retroativa vinte
meses de consumo, tomando como base de cálculo
o quantum apontado como de maior consumo. Sentença
que determinou o cancelamento do valor pretendido pela
concessionária de energia elétrica e constituiu o débito do
consumidor observando a média do consumo registrado
nos últimos doze meses após a regularização do medidor.
Impossibilidade de prejudicar direito do consumidor se
não há prova de que ele concorreu para a existência da

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suposta alteração no equipamento. Em igual sentido,
não há falar em obrigatoriedade de submeter o
consumidor aos ditames unilaterais da concessionária,
lançando valores a cargo do consumidor a título de
débito retroativo advindo do fornecimento de energia.
Caracterização de prática abusiva ante ocorrência de
relação de consumo existente no caso em análise.
Sentença que observou os ditames da eqüidade,
subsumindo adequadamente o direito à matéria em
discussão nos autos. Sentença mantida por seus próprios
fundamentos. Recurso conhecido e improvido. Processo:
Julgamento: 30/04/2012. Orgão Julgador: 3ª Turma
Recursal Mista Classe. Apelação Cível. Relator: Juiz José
Eduardo Neder Meneghelli. Apelante: Enersul - Empresa
Energética de Mato Grosso do Sul S.A. Apelado: Laides
de Souza Martins Rodrigues.

9. A priori, o M.M. Juiz prolatou a sentença ora recorrida, ressaltando


que, ainda que exista uma irregularidade no medidor ou na medição, não será
possível responsabilizar o usuário de energia sem a demonstração de uma ação
ou omissão sua e do nexo de causalidade entre esta ação e o ilícito. Por não ser
possível responsabilizar o usuário de energia objetivamente, não pode a
distribuidora de energia cobrar diferença de valores não faturados
enquadrando o usuário em situação de irregularidade, pela simples constatação
de consumo não faturado ou faturado a menor, e muito menos responsabilizar
o usuário por uma irregularidade na unidade consumidora, sem comprovação
de que foi o usuário o causador da irregularidade, pois isto seria
responsabilidade sem nexo de causalidade.

10. No que tange a veracidade dos fatos por existir uma relação
contratual entre as partes e por estarem no exercício regular do direito,
existindo sim uma irregularidade no medidor, ora, não basta ocorrer à violação
no medidor e a suposta fraude, para a Concessionária imputar, julgar e

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condenar o consumidor, com inobservância do contraditório, da ampla defesa e
juízo de certeza inequívoca da culpa, da consciência da ilicitude e o dano.

11. Neste mesmo sentido, nossos Tribunais julgou Agravo de


Instrumento desvestindo o ônus da prova por insuficiência do consumidor,
conforme segue:

ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO


REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.
FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA. INVERSÃO
DO ÔNUS DA PROVA. HIPOSSUFICIÊNCIA DO
CONSUMIDOR. SÚMULA 7/STJ. AGRAVO NÃO
PROVIDO. 1.No caso, informar os fundamentos do acórdão
recorrido quanto à possibilidade de ser determinada a
inversão do ônus da prova demandaria o reexame de
matéria fática, o que é vedado em recurso especial, nos
termos da Súmula 7/STJ. 2. Agravo regimental não provido.
(STJ - AgRg no AREsp: 341722 RS 2013/0140690-4, Relator:
Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, Data de Julgamento:
05/09/2013, T1 - PRIMEIRA TURMA, Data de Publicação:
DJe 17/09/2013)

12. Portanto, nobre Julgador, está plenamente demonstrada à


comprovação do direito do Apelado, em ratificar a inexistência do débito,
inteiramente acolhida pelo juízo a quo conforme sentença nos autos.

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IV – DO PEDIDO
13. Desta forma, segundo as argumentações expostas, REQUER:

a) Não seja conhecida o presente recurso pela falta de pressuposto que


lhe daria condições ao seu prosseguimento, por ser intempestivo.

b) Caso seja conhecido, que mantenha-se a sentença, por esta ser legítima
e fiel aos ditames legais ora esposados, condenando-se o Apelante nos
honorários de sucumbência e nas custas processuais cabíveis.

Aguarda e espera deferimento.

Teresina, 16 de abril de 2018.

Marciano Antônio de Oliveira Nunes


OAB/PI 5.320

Vania Coimbra Soares


OAB. 5.054

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