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UNIVERSIDADE ZAMBEZE

FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA


ENGENHARIA MECATRÓNICA

PROPOSTA DE UM SISTEMA AUTOMÁTICO DE COMBATE A INCÊNDIO NA


SUBESTAÇÃO DA MUNHAVA, ELECTRICIDADE DE MOÇAMBIQUE - BEIRA

O autor:

Tomo Munavo José

Beira, 2018
Tomo Munavo José

PROPOSTA DE UM SISTEMA AUTOMÁTICO DE COMBATE A INCÊNDIO NA


SUBESTAÇÃO DA MUNHAVA, ELECTRICIDADE DE MOÇAMBIQUE - BEIRA

O autor:

Tomo Munavo José

Monografia submetida à Faculdade de Ciências


e Tecnologia, Universidade Zambeze, Beira,
em parcial cumprimento dos requisitos para a
obtenção do Grau de Licenciatura.

Orientador: Eng.⁰ Cristian Coulon

Beira, 2018
Dedicatória

Dedico aos meus pais que me deram a vida e me geraram numa família com cuidados de
me levar a escola, a eles vai a minha dedicatória especial José Chivia e Rainha armando
porque tudo que eu sou reflecte o esforço que eles empreenderam em mim.

Dedico ainda ao meu irmão Armando Mendes e a toda família que me apoiou durante toda
trajectória académica que sempre acreditaram em mim.
Agradecimento

Agradeço primeiramente a Deus que me guia em todos os momentos da minha vida, aos
meus pais José Chivia e Rainha Armando, ao meu avô José Cudembua, ao meu filho Haniel
Maylton, a minha esposa Maria Manuela e a toda família que está me apoiar para que
consiga concluir a minha licenciatura. Ao Eng°. Cristian Coulon e a todos engenheiros
docentes que deram seu contributo na minha carreira estudantil, aos meus colegas Valia
Tambo, João Arone, Roberto Mafoia, Guerra Djambo, Ivan Frederico, João Raul e a todos
colegas que ajudaram directa ou indirectamente. Serei eternamente grato por tudo que
fizeram e estão fazendo por mim.
Conteúdo

Resumo .................................................................................................................................... I
Abstract .................................................................................................................................. II
Lista de figuras ..................................................................................................................... III
Lista de tabelas ..................................................................................................................... IV
Lista de abreviaturas e siglas ................................................................................................. V
Capitulo I ................................................................................................................................ 1
1. Introdução ........................................................................................................................... 1
1.2 Delimitação do tema ......................................................................................................... 2
1.3 Problematização................................................................................................................ 2
1.4 Hipótese ............................................................................................................................ 2
1.5 Objetivos........................................................................................................................... 3
1.5.1 Objetivo geral ............................................................................................................. 3
1.5.2 Objetivos específicos.................................................................................................. 3
1.6 Justificativas ..................................................................................................................... 3
1.7 Metodologia ...................................................................................................................... 4
1.8 Estrutura do trabalho ........................................................................................................ 4
Capitulo II ............................................................................................................................... 5
Revisão bibliográfica .............................................................................................................. 5
2. Sistema de combate a incêndio ........................................................................................... 5
2.1 Fenómeno do fogo ......................................................................................................... 5
2.2 Classes de incêndio ....................................................................................................... 6
2.3 Métodos de extinção...................................................................................................... 7
2.4 Regulamentação de combate contra incêndio ............................................................... 7
2.4.1 Regulamentação Moçambicana .............................................................................. 7
2.4.2 Regulamentação internacional ................................................................................ 7
Capitulo III ........................................................................................................................... 10
3. Sistema proposto .............................................................................................................. 10
3.1 Dimensionamento dos elementos que constituem o sistema de combate a incêndio .. 11
3.1.1 Quantidade mássica básica requerida de CO2....................................................... 11
3.1.2 Vazão mássica básica de CO2 requerida ............................................................... 14
3.1.3 Quantidade de CO2 para accionamento de sirene pneumático ............................. 15
3.1.4 Quantidade total de dióxido de carbono ............................................................... 16
3.2 Dimensionamento dos tubos ....................................................................................... 18
3.2 A quantidade de difusores necessários ........................................................................ 19
Capitulo IV ........................................................................................................................... 23
4. Automação do sistema ...................................................................................................... 23
4.1 Implementação de controlador CLP ............................................................................ 23
4.2 Sensor .......................................................................................................................... 24
4.3 Solenóide ..................................................................................................................... 24
4.4 Dispositivos de protecção............................................................................................ 25
4.4.1 Disjuntor ............................................................................................................... 25
4.4.2 Contactor ............................................................................................................... 27
4.4.3 Relé temporizador ................................................................................................. 27
4.5 Dispositivos de comando e sinalização ....................................................................... 28
4.5.1 Botoeiras de comando ........................................................................................... 28
4.5.2 Sinalização áudio visual........................................................................................ 29
4.6 Linguagem de programação utilizada para implementação da lógica de automação no
CLP.................................................................................................................................... 31
4.7 Desenho de esquema eléctrico .................................................................................... 32
4.8 Custos de implantação ................................................................................................. 35
Capitulo V ............................................................................................................................ 36
5.1 Conclusões ...................................................................................................................... 36
5.2 Recomendações .............................................................................................................. 37
5.3 Bibliografia ..................................................................................................................... 38
5.4 Anexo ............................................................................................................................. 40
Resumo

Incêndio é a presença de fogo fora de controlo, quando não é combatido pode se propagar
rápido ou lentamente dependendo dos materiais combustíveis envolvidos no incêndio,
originando várias ameaças e destruições de bens materiais e vidas.

Levando em consideração a frequência dos incêndios resultando em danos elevados e riscos


de vida dos funcionários da subestação da Munhava, torna-se necessário a implantação de
um sistema automático de combate a incêndio, com a adopção de dióxido de carbono para a
extinção do fogo que é ideal nas instalações eléctricas porque não conduz a corrente
eléctrica e não deixa resíduos.

Os conhecimentos referentes ao incêndio, sua propagação e métodos de extinção bem como


a protecção contra incêndio empregando os dispositivos de detenção de incêndio, alarmes,
tubos, difusores, extintores, serão detalhados no desenvolvimento do trabalho e será
apresentado o dimensionamento do sistema.

Palavras-chaves: Incêndio, dióxido de carbono, automação.

I
Abstract

Fire is the presence of fire out of control; when it is uncontrolled it can spread quickly or
slowly depending on the combustible materials involved in the fire, leading to various
threats and destruction of material and lives.

Taking into account the frequency of fires resulting in high damages and life risks of the
employees of the Munhava substation, it is necessary to install an automatic fire-fighting
system with the adoption of carbon dioxide to extinguish the fire. Is ideal in electrical
installations because it does not conduct electricity and leaves no residue.

Knowledge of the fire, its propagation and extinction methods as well as fire protection
using fire arresters, alarms, pipes, diffusers, fire extinguishers, will be detailed in the
development of the work and the design of the system will be presented.

Keywords: Fire, carbon dioxide, automation.

II
Lista de figuras

Figura 1. Tetraedro do fogo.. ........................................................................................................... 5

Figura 2. Esquema de um sistema de combate a incêndio, desenhado no AutoCAD. .................. 10

Figura 3. Sala de comando da subestação da Munhava.. .............................................................. 11

Figura 4. Difusor tipo “S”.............................................................................................................. 21

Figura 5. CLP LOGO! 24RC......................................................................................................... 23

Figura 6. Sensor iónico. ................................................................................................................. 24

Figura 7. Solenóide. ....................................................................................................................... 25

Figura 8. Disjuntor. ........................................................................................................................ 26

Figura 9. Contactor. ....................................................................................................................... 27

Figura 10. Relé temporizador. ....................................................................................................... 28

Figura 11. Botão reset. ................................................................................................................... 28

Figura 12. Botão de accionamento manual. .................................................................................. 29

Figura 13. Sirene áudio visual. ...................................................................................................... 30

Figura 14. Sirene áudio visual. ...................................................................................................... 30

Figura 15. Linguagem LADDER, desenvolvido no CADe_SIMU. .............................................. 31

Figura 16. Esquema eléctrico, desenhado no CADe_SIMU. ........................................................ 32

Figura 17. Sustento para suporte de cilindros de CO2. .................................................................. 40

Figura 18. Sala de comando da Subestação da Munhava com difusores de CO2.......................... 40

III
Lista de tabelas

Tabela 1. Concentração mínima de dióxido de carbono para extinção. ........................................ 12

Tabela 2. Factor de inundação em função de volume para fogos de superfícies (34% de


concentração de CO2). ................................................................................................................... 12

Tabela 3. Espessura da tubulação em função da vazão mássica de CO2. ...................................... 18

Tabela 4. Difusor tipo “S” Multijacto. .......................................................................................... 22

Tabela 5. Disposição das correntes dos dispositivos ..................................................................... 26

Tabela 6. Disposição das correntes das cargas accionadas ........................................................... 26

Tabela 7. Preços dos materiais. ..................................................................................................... 35

IV
Lista de abreviaturas e siglas
CLP - Controlador Lógico Programável

KVAC – Tensão em quilo volte de corrente alternada

Vcc – Tensão de corrente contínua

CO2 - Dióxido de carbono

SCIE - Segurança Contra Incêndio em Edifícios

SCI - Segurança Contra Incêndio

N.F.P.A - National Fire Protection Association

EUA – Estados Unido da América

IAFSS - The International Association for Fire Safety Science

SFPE – Society of Fire Protection Engineers

FPA - Fire Protection Association

RE - Retardo na energização

NF - Contacto normalmente fechado

NA - Contacto normalmente aberto

D0 – Disjuntor para protecção de CLP

D1 – Disjuntor para protecção das cargas a ser accionadas no sistema

KA, KP, KM, KE, KD, K – Bobinas dos contactores

KT, KF – Rele temporizador de retardo de energização

B0 – Botão switch accionado pelo bloqueio mecânico

V
S0 – Entrada de sinal dos sensores

S1 – Reset do sistema

S2 – Accionamento manual

S3 – Estado da porta principal (fechada/aberta)

AV – Alarme áudio visual

EVL – Solenóide para descarga de CO2

AR – Desliga ar condicionados

DS – Desliga todos barramentos das selas

FP – Solenóide para fechar a porta principal

AP – Solenóide para abrir a porta traseira para saída de gases

MV – Ventilador para retirada de gases

AS – Sirene de aviso, acesso a sala protegida

VI
Capitulo I

1. Introdução

O presente trabalho ira abordar sobre um sistema automático de combate a incêndio, que
procura minimizar os danos e riscos causados pelo incêndio.

Os incêndios sempre trouxeram acontecimentos trágicos, deixando marcas indestrutíveis


nas pessoas envolvidas. Os grandes incêndios estão relacionados às falhas durante a
execução do combate inicial. O propósito global da segurança contra incêndio é a redução
do risco de vidas e das propriedades, sendo o objectivo principal a segurança das pessoas.
O fogo sempre começa pequeno, com excepção das grandes explosões, por isso é
importante que ele seja combatido de forma eficiente, para que sejam minimizadas suas
consequências. Assim devemos conhecer os aspectos básicos de prevenção e de protecção
contra incêndio, para nossa própria segurança (THESIS, 2007 apud DAMASCENO, 2014).

Os incêndios na Subestação da Munhava têm sido originados por sobrecarga, disjuntores


devido seu desgaste e o nível de isolamento no barramento de 22KVAC, o seu isolamento é
de 24KVAC. Com a elevada oscilações da tensão que varia até aproximadamente
26KVAC, chegado a este nível de tensão o isolador passa a conduzir provocando um curto-
circuito e consequentemente provocando explosões e incêndios.

O sistema é accionado automaticamente através de activação dos sensores de fumaça e por


accionamento manual. Quando o sistema é accionado, activa-se automaticamente o alerte e
é cortada a alimentação principal dos barramentos vindo dos transformadores para evitar
que o fogo não afecte os transformadores. O sistema de combate a incêndios estará
alimentado com baterias de corrente contínua que a subestação usa para comando e
accionamento dos dispositivos. Também são accionados todos os itens que compõem o
sistema de combate a incêndios como: Alarmes audiovisuais, activação solenóide para a
descarga do agente extintor para apagar o fogo. Para a extinção do fogo usar-se-á o gás
carbónico (CO2). O gás carbónico é material não condutor de energia eléctrica, neste caso o
gás carbónico é ideal para o combate a incêndio dos materiais electricamente energizados.

1
1.2 Delimitação do tema

No presente trabalho é proposto um sistema automático de combate a incêndio na


Subestação da Munhava, Electricidade de Moçambique-Beira. Para tal ira se fazer o
dimensionamento do sistema de extinção de fogo por dióxido de carbono e dos
componentes que faz parte para a descarga de CO2, como os difusores e tubulações.

O foco do trabalho baseia-se na automação de um sistema de combate a incêndio adoptado


no uso de um Controlador Lógico Programável (CLP) que irá processar todos sinais de
entrada e saída.

1.3 Problematização

Os principais dados levantados e que foram relevantes são:

 A ausência de gestão da prevenção e controle de incêndios;

 Atrasos na intervenção de combate a incêndios.

Levando em consideração os dados de pesquisa levantados, foi identificado o seguinte


problema:

Como controlar e combater incêndios de forma a evitar tragédias e garantir que o incêndio
seja combatido na sua fase inicial?

1.4 Hipótese

Com a implementação do sistema automático de combate a incêndio permitira que os


incêndios não provoquem maiores danos de vidas e bens materiais;

2
1.5 Objetivos

1.5.1 Objetivo geral

Propor um sistema preventivo de combate a incêndio na Subestação da Munhava,


Electricidade de Moçambique - Beira.

1.5.2 Objetivos específicos

1. Revisar a literatura sobre o sistema automático de combate ao incêndio;

2. Dimensionar o sistema de supressão de fogo por CO2 e outros componentes que faz
parte do sistema;

3. Desenhar o circuito para o controlo e comando de todos os dispositivos do sistema.

1.6 Justificativas

O desenvolvimento de um sistema de combate a incêndio com o accionamento automático


se torna importante, visto que a grande preocupação com os avanços tecnológicos é
facilitar, salvaguardar a vida do homem para que esteja isento dos riscos. O sistema visa
combater o incêndio na sua fase inicial antes que crie grandes volumes de danos das vidas
humanas e dos bens materiais.

Dentre as inúmeras vantagens de um sistema automático de combate ao incêndio, sobressai


em especial seu mecanismo de accionamento, o qual não depende da acção do homem, mas
está directamente ligado a alteração do ambiente protegido (fumaça).

3
1.7 Metodologia

Para a realização dos objectivos estabelecidos neste trabalho, o estudo proposto será
baseado na metodologia indicada abaixo:

 Método bibliográfico, o pesquisador recorrera a consulta de diversas obras,


revistas, livros, artigos, documentos, internet para adquirir informações legais a
respeito do sistema automático de combate ao incêndio. Realização da revisão
bibliográfica com o objectivo de apresentar os principais sistemas de protecção
contra incêndios, bem como, de se apresentar as principais características do
sistema automático de combate a incêndio com suas partes principais, detalhes de
funcionamento e estudo detalhado dos roteiros de cálculos.

 Método de observação directa, onde ira se fazer um estudo de campo na qual vai
se identificar, escolher, analisar os pontos alvos a incêndio e recolha de dados para a
realização do estudo de caso apresentado no trabalho.

1.8 Estrutura do trabalho

No capítulo um (I) é apresentado uma introdução do tema do trabalho, destacando o


incêndio em geral e origem dos incêndios na Subestação da Munhava. No capitula dois (II)
será abordado sobre o sistema de combate a incêndio, o fenómeno do fogo, classes dos
incêndios, métodos de extinção e a normalização de combate a incêndio. No capítulo três
(III) tratar-se-á do dimensionamento dos componentes que faz parte para a descarga de
CO2, determinar a quantidade requerida de CO2, dimensionamento da tubulação e dos
difusores. No quarto (IV) capítulo irá se abordar da automação do sistema, descrição dos
componentes que farão parte da automação e o custo de implantação. No último capítulo
far-se-á as conclusões e as recomendações.

4
Capitulo II
Revisão bibliográfica

2. Sistema de combate a incêndio


A prevenção de incêndios deve ser preocupação dos órgãos públicos competentes e da
sociedade organizada, pois a ocorrência destes provocará prejuízo a todos. Tem-se como
hipótese inicial que os estudos relacionados à segurança contra incêndios devem ser
fundamentados em princípios de química, física e matemática, tendo em vista a origem do
problema, ou seja, o fogo. E este poderá contribuir para o surgimento dos incêndios, sendo,
portanto, necessários estudos específicos sobre medidas para prevenção, combate e
extinção destes sinistros (DIAS, 2011).

É importante, por esta razão, um sistema de detecção precoce efectivamente capaz de reagir
nos primeiros momentos do problema, e que se disponha dos meios necessários para a
actuação no sentido de eliminar o problema (KANESHIRO, 2006).

2.1 Fenómeno do fogo


Para que ocorra o fenómeno do fogo, é necessária a presença de quatro elementos:

 Combustível;
 Comburente;
 Calor;
 Reacção em cadeia.

Os quatro elementos são dispostos de tal maneira que formam um tetraedro, de forma que
nenhum destes elementos pode ficar de fora, como pode ser visto na Figura 1.

Figura 1. Tetraedro do fogo. Fonte: (DIAS; 2011).

5
2.2 Classes de incêndio
Os incêndios são divididos em quatro classes, A, B, C e D, de acordo com as características
dos materiais que estão queimando (DIAS; 2011).

 Classe A

São incêndios que envolvem combustíveis sólidos comuns (geralmente de natureza


orgânica) e ainda tem como características queimar em razão do seu volume (queimam em
superfície e profundidade) e deixar resíduos fibrosos (cinzas).

 Classe B

São incêndios envolvendo líquidos inflamáveis, graxas e gases combustíveis. É


caracterizado por não deixar resíduos e queimar apenas na superfície exposta (queimam só
em superfície).

 Classe C

Qualquer incêndio envolvendo combustíveis energizados. Alguns destes combustíveis


(aqueles que não possuem algum tipo de armazenador de energia) podem se tornar classe A
ou B se forem desligados da rede eléctrica.

 Classe D

Incêndios resultantes da combustão de metais pirofóricos, são ainda caracterizados pela


queima em altas temperaturas e reagirem com alguns agentes extintores (principalmente a
água). Exemplos: sódio, magnésio, alumínio em pó, titânio, etc.

6
2.3 Métodos de extinção
Para se definir o melhor sistema de combate a um incêndio, deve-se primeiramente
conhecer os três métodos de combate existentes actualmente: o abafamento, o resfriamento
e a retirada do material (DIAS; 2011).

 O abafamento consiste em eliminar o comburente do local, ou reduzi-lo a uma


concentração percentual menor ou igual a 14%.
 O resfriamento consiste em eliminar o calor do combustível, diminuindo assim a
reacção em cadeia.
 A retirada do material consiste em retirar o material que está queimando ou o
material que ainda não queimou, evitando assim a transmissão do calor.

2.4 Regulamentação de combate contra incêndio

2.4.1 Regulamentação Moçambicana


Moçambique ainda não possui no seu ordenamento jurídico normas de Segurança Contra
Incêndio em Edifícios. No entanto, para aplicação de algumas matérias de SCIE constantes
da proposta de regulamentação de SCIE para Moçambique, recomenda-se que sejam usadas
normas europeias ou equivalentes (BENZANE, 2014).

2.4.2 Regulamentação internacional


Grande parte das normas utilizadas no mundo, para prevenção de incêndios no tocante a
equipamentos, sistemas e treinamentos, são originárias da N.F.P.A. - National Fire
Protection Association dos EUA, organismo norte-am eri cano de estudos e normatização
de assuntos relacionados a incêndios e a prevenção destes (DAMASCENO, 2014).

Dentre as principais associações regulamentadoras internacionais, podemos citar:

7
2.4.2.1 IAFSS - The International Association for Fire Safety Science
O objectivo principal da associação é encorajar a pesquisa sobre prevenção e minimização
dos efeitos adversos dos incêndios e implementar para apresentação dos resultados dessas
pesquisas. A associação sente que seu papel está nas bases científicas para alcançar o
progresso em problemas insolúveis de incêndios. Ela procura cooperação com outras
organizações com aplicações ou envolvidas com a ciência que é fundamental para seus
interesses em incêndio. Procura promover altos padrões e normas para encorajar e estimular
cientistas a dedicar-se aos problemas de fogo, para dar fundamentos científicos e para
facilitar as aplicações desejadas, a fim de reduzir as perdas humanas e materiais.

2.4.2.2 NFPA - National Fire Protection Association


A missão dessa associação é reduzir as perdas devido a incêndios e a outros riscos para a
qualidade de vida, fornecendo e defendendo por consenso: código, padrões, normas,
pesquisa, treinamento e educação.

Os manuais:

 Código de segurança a vida;


 Código nacional de instalações eléctricas NFPA 70.

Mais de duzentas normas em SCI foram produzidas pela NFPA, que é uma referência
internacional.

2.4.2.3 SFPE – Society Of Fire Protection Engineers


A associação dos engenheiros de protecção contra incêndios, tem como objectivo o
desenvolvimento da ciência e a prática na engenharia de segurança contra incêndio e nos
campos do conhecimento próximos, para manter altos padrões éticos entre seus membros e
para alavancar a educação em engenharia de protecção a incêndios.

É importante entre suas publicações o “Manual de Engenharia de Protecção a Incêndios”,


uma obra de referência com sessenta e oito áreas de conhecimento organizadas em cinco
capítulos.

8
2.4.2.4 FPA - Fire Protection Association
A associação de protecção contra incêndios, com sede no Reino Unido, é financiada
principalmente pelas firmas de seguro, por meio da associação dos seguradores ingleses e
dos lordes. Seus objectivos são:

 Protecção das pessoas, propriedade e meio ambiente por meio de técnicas


avançadas de protecção a incêndio.
 Colaborar com os membros, seguradores, governo local e central, corpos de
bombeiros e outros.
 Ajudar a focar a atenção tanto nacional como internacionalmente nessas
questões.
 Influenciar nas decisões feitas por consumidores e negociantes.
 Colectar, analisar e publicar estatísticas, identificar tendências e promover
pesquisa.
 Publicar guias, recomendações e códigos de treinamento.
 Disseminar aconselhamentos.

Entre as publicações, é de particular importância o programa desenvolvido para


computador de “Lifesaver Fire Software”, que pode ser a cessado pela internet para teste e
compra; esse programa permite treinar os funcionários em segurança contra incêndio, por
meio de processo interactivo, repetitivo e contínuo, que permite a segurança contra
incêndios nos postos de trabalho sem muito esforço e com bom custo-benefício.

9
Capitulo III

3. Sistema proposto
O sistema proposto para combate a incêndio na subestação da Munhava, Electricidade de
Moçambique – Beira, baseia-se em um sistema de inundação total de supressão de fogo
utilizando agente extintor o dióxido de carbono (CO2). O agente extintor (CO2) é
descarregado no espaço protegido em determinada quantidade, de modo a obter-se uma
concentração de gás dióxido de carbono relativamente uniforme nesse espaço. A figura a
baixo representa uma amostra do sistema.

Figura 2. Esquema de um sistema de combate a incêndio, desenhado no AutoCAD.


O sistema actua automaticamente ou manualmente, sendo necessário uma ligação a um
sistema de detecção automática de incêndio (detectores iónicos de fumo). Quando os
sensores detectam o incêndio enviam o sinal ao painel de controlo onde será processado, de
seguida activa o sirene áudio visual que alerta a detenção de incêndio e depois é accionado
o solenóide que activa o mecanismo de accionamento mecânico para abrir as válvulas com
alavanca nos cilindros de CO2 e através da tubulação activa-se a sirene pneumática e a
descarga de CO2 por meio de difusores. O accionamento manual será para casos de
emergência.

10
3.1 Dimensionamento dos elementos que constituem o sistema de combate a incêndio

Neste item será dimensionado a quantidade de dióxido de carbono para o sistema de


combate a incêndio, a tubulação e os difusores para a descarrega de dióxido de carbono no
ambiente protegido.

3.1.1 Quantidade mássica básica requerida de CO2

Para determinar a quantidade mínima de dióxido de carbono para o sistema é preciso fazer
o estudo do local a proteger, neste caso a sala de comando da Subestação da Munhava,
Electricidade De Moçambique – Beira.

A sala de comando da subestação da Munhava é uma sala que tem aberturas todas
fecháveis e se encontra em temperaturas normais do ambiente, composto por selas que
dentro delas esta embutido os barramentos, disjuntores e outros componentes de
monitoramento de tensão, corrente e protecção. As selas têm uma protecção ao projectar os
gases de um incêndio, os gases são direccionados para cima, isto é, sai pelo topo das selas.
A sala ocupa um volume de 936m3 com 18m de comprimento, 13m de largura e 4m de
altura.

Figura 3. Sala de comando da subestação da Munhava. Fonte: (Autor).

11
Dos materiais avaliados no local o Dicloreto de Etileno é que apresenta maior poder de
inflamabilidade, isto é, com maior teor de propagar o fogo, sendo assim considerado o
material de referência para o projecto do sistema de combate a incêndio.

Após identificar os materiais presente no ambiente a proteger estabelecer-se a concentração


mínima de CO2 para extinção do incêndio e o factor de inundação em função de volume
conforme a Tabela 1 e 2 respectivamente.

Tabela 1. Concentração mínima de dióxido de carbono para extinção (KIDDE MANUAL


CO2, 2013).

Material Concentração mínima de CO2 (%)


Acetileno 66
Acetona 34
Dicloreto de etileno 34
Butadieno 41
Butano I 37
Dissulfeto de carbono 72
Monóxido de carbono 64

Tabela 2. Factor de inundação em função de volume para fogos de superfícies (34% de


concentração de CO2) (KIDDE MANUAL CO2, 2013).

Factor de inundação
Volume do ambiente protegido f1 f2 Quantidade calculado
(m3) (m3/kg) (kg/m3) Não menos do que (kg)
Até 3.96 0.086 1.15 --
3.97 – 14.15 0.093 1.07 4.5
14.16 – 45.28 0.99 1.01 15.1
45.29 – 127.35 1.11 0.90 45.4
127.36 – 1415.0 1.25 0.80 113.5
Mais de 1415.0 1.38 0.77 1135.0

12
Depois de analisar o ambiente protegido e os combustíveis presentes no ambiente, é feito o
cálculo com o objectivo de quantificar a massa necessária de CO2 para extinguir o fogo.

O sistema instalado deverá ter o potencial de inundar todo o ambiente na concentração de


projecto no tempo máximo de 30 segundos. E o gás deverá ficar retido no ambiente
inundado no mínimo por 60 segundos.

A quantidade básica requerida de CO2 é calculada de acordo com a equação a baixo.

Equação 1

Onde:

Qb: Quantidade mássica básica requerida de CO2 (kg)

Va: Volume do ambiente inundado (m3)

fi: Factor de inundação de CO2 Tabela 2 (kg/m3, m3/ kg)

Equação 2

Onde:

Va: Volume da sala de comando;

C: Comprimento da sala de comando;

L: Largura da sala de comando;

H: Altura da sala de comando.

13
 Calculando a quantidade básica requerida de CO2 para inundar a sala temos:

Dimensões da sala: comprimento 18m, largura 13m e altura 4m;

Factor de inundação em função de volume: 0.8kg/m3

Essa quantidade básica de CO2 obtida deve ser descarregada no ambiente protegido em um
tempo mínimo de 30 segundos.

3.1.2 Vazão mássica básica de CO2 requerida

A vazão mássica básica de CO2 no ambiente é obtida a partir da equação a seguir.

Equação 3

Onde:

Wb: Vazão mássica básica de CO2 requerida (kg/min)

Qb: Quantidade mássica básica requerida de CO2 (kg)

 Calculando a vazão mássica requerida para o sistema

A vazão mássica básica de CO2 requerida para o sistema é de 1497,6kg/min.

14
3.1.3 Quantidade de CO2 para accionamento de sirene pneumático

O sistema terá sirene operada por pressão de dióxido de carbono. Quando esta descarga não
contribui para a concentração de CO2 para o combate a incêndio, a quantidade total do
agente do sistema deve ser compensada para explicar o dióxido de carbono descarregado
pela sirene. Operação da sirene requer 9,3kg/min.

Equação 4

( )

Onde:

Qs = Agente mínima descarregado através da sirene pneumáticos, (kg)

n = Quantidade de sirenes operadas por pressão

td = Tempo total de descarga do sistema (líquido e vapor), (min)

tp = Tempo de atraso pneumático, (min)

 Cálculo de dióxido de carbono descarregado para accionar sirene.

Quantidade de sirene pneumática para o sistema: um (1)

Tempo total de descarga do sistema: 30s = 0.5mim

Tempo de atraso pneumático: zero (0min)

( )

15
3.1.4 Quantidade total de dióxido de carbono

Todos os cilindros conectados a um colector comum devem ser intercambiáveis e de um


tamanho seleccionado. Portanto, a quantidade fornecida de agente é geralmente maior do
que a quantidade mínima de projecto calculada para o sistema.

Equação 5

Onde:

Qmin,sys = Fornecimento mínima de agente para o sistema, (kg)

Qb,min = Quantidade mínima do agente para porções da inundação total da equação 1, (kg)

Qmin,LA = Quantidade mínima de agente para aplicação local (kg)

Qs= Agente mínima descarregado através da sirene pneumáticos, (kg)

 Cálculo de quantidade total de dióxido de carbono.

Quantidade mínima do agente para porções da inundação total: 748.8kg

O sistema não tem aplicação local, logo Qmin,LA = 0

Agente mínima descarregado através da sirene pneumático: 4.65kg

16
 Cálculo de quantidade de cilindros

Equação 6

Onde:

ncyl = Número de cilindros necessária

Qmin,sys = Fornecimento mínima de agente para o sistema, (kg)

Qcly = Cilindro Seleccionado, (kg)

Fornecimento mínima de agente para o sistema: 753.54kg

Cilindro Seleccionado: 45.4kg

O sistema de combate a incêndio ira precisar de 17 cilindros de CO2 de 45.4kg

 Cálculo de quantidade real de dióxido de carbono

Equação 7

Onde:

Qsys = Dióxido de carbono total, (kg).

ncyl = Número de cilindros necessários, arredondado

Qcyl = Cilindro Seleccionado, (kg)

17
Número de cilindros necessários, arredondado: 17 cilindros de CO2

Cilindro Seleccionado: 45.4kg

A quantidade total de CO2 para o sistema é de 771.8kg

3.2 Dimensionamento dos tubos

O correto dimensionamento das tubulações é de fundamental importância para o


funcionamento do sistema fixo de combate a incêndio. Um erro de cálculo do diâmetro
pode levar ao congelamento do agente no interior da tubulação, excesso de velocidade do
fluxo de gás na linha e perda de eficiência. O comprimento da tubulação depende da
arquitectura do ambiente protegido do qual deve ser o necessário para transportar o gás
desde os vasos de pressão até os difusores. A espessura da tubulação é especificada de
acordo com a vazão mássica de dióxido de carbono naquele trecho da tubulação, conforme
a tabela a baixo.

Com base na vazão mássica de 1497,6kg/min calculada optou-se pela escolha de tubos de
65mm de espessura com padrão da tubulação Schedule-80 conforme a tabela 3.

Tabela 3. Espessura da tubulação em função da vazão mássica de CO2 (KIDDE MANUAL


CO2, 2013).

Vasão mássica Espessura da tubulação Padrão de tubulação


(kg/min) (mm) (Schedule 40 ou 80)
Até 50 10 40
51 – 60 15 40
61 - 125 20 40
126 - 180 25 80
181 - 365 32 80
366 - 545 40 80
546 - 1045 50 80
1046 - 1635 65 80

18
3.2 A quantidade de difusores necessários

A quantidade de difusores necessários para proteger um perigo pode ser calculada a partir
das seguintes equações:

Equação 8

Onde:

NW = Número de difusores por coluna

w = Largura da área protegida, (m)

S = Lado do quadrado da Tabela 4, (m)

 Calculando número de difusores por coluna.

Os difusores estarão a uma altura de 2.44m.

Largura da área protegida: 13m

Lado do quadrado: 1.39m, tirado na Tabela 4 com base na altura dos difusores instalados.

Equação 9

Onde:

Nl = Número de difusores por fila

l = Comprimento da área protegida, (m)

S = Lado do quadrado da Tabela 4, (m)

19
 Cálculo de número de difusores por fila.

Comprimento da área protegida: 18m

Lado do quadrado: 1.39m

Equação 10

Onde:

N = Quantidade de difusores

NW = A partir da Equação (8) arredondado para o número inteiro mais próximo

Nl = A partir da Equação (9) arredondado para o número inteiro mais próximo

 Cálculo de número de difusores para o sistema.

Será necessário 130 difusores para descarregar o dióxido de carbono do sistema em 30


segundos.

 A taxa de descarga total para a protecção do difusor

Equação 11

20
Onde:

qOH = Taxa total de descarga para a protecção do difusor de sobrecarga, (kg/min)

qn = Única taxa de descarga do difusor a partir da Tabela 4 (kg/min)

N = Quantidade de difusores da Equação (10)

 Cálculo da taxa total que os difusores podem descarregar.

Única taxa de descarga por difusor: 33.6kg/min

Quantidade de difusores: 130

Taxa total de descarga para a protecção do difusor 4368kg/min, este cálculo permite
verificar se o número de difusores calculados para o sistema pode descarregar o CO2
fornecido no sistema sem danificar-se em 30 segundos.

Há diferentes modelos de difusores de descarga de CO2: difusores tipo “S”; “Vent”;


“Baffle”; radial; e com filtro. Para o sistema foi escolhido o difusor tipo S representado na
figura abaixo.

Figura 4. Difusor tipo “S” (KIDDE MANUAL CO2, 2013).


O diâmetro dos difusores está de acordo com o diâmetro final da tubulação. Com base no
diâmetro dos tubos escolheu-se 65mm de diâmetro dos difusores.

21
Tabela 4. Difusor tipo “S” Multijacto (KIDDE MANUAL CO2, 2013).

Superfície revestida Difusor Superfície líquida

Área Lado do Altura Quociente de Área Lado do


(m2) quadrado (m) (m) vazão (kg/min) (m2) quadrado (m)

0.65 0.81 0.30 7.3 0.46 0.68


0.72 0.85 0.38 7.9 0.51 0.71
0.78 0.88 0.46 9.1 0.56 0.75
0.84 0.91 0.53 10.0 0.59 0.77
0.91 0.95 0.61 10.9 0.65 0.81
0.97 0.98 0.69 11.8 0.69 0.83
1.01 1.01 0.76 12.7 0.72 0.85
1.08 1.04 0.84 13.6 0.77 0.88
1.13 1.06 0.91 14.5 0.81 0.90
1.20 1.09 0.99 15.6 0.85 0.92
1.26 1.12 1.07 16.6 0.90 0.95
1.33 1.15 1.14 17.5 0.95 0.97
1.39 1.18 1.22 18.6 0.99 1.00
1.44 1.20 1.30 19.5 1.03 1.01
1.50 1.22 1.37 20.4 1.07 1.03
1.57 1.25 1.45 21.3 1.12 1.06
1.64 1.28 1.52 22.2 1.16 1.08
1.69 1.30 1.60 23.1 1.21 1.10
1.76 1.32 1.68 24.0 1.25 1.12
1.82 1.35 1.75 24.9 1.30 1.14
1.89 1.37 1.83 25.9 1.35 1.16
1.95 1.39 1.91 27.0 1.39 1.18
1.95 1.39 1.98 27.9 1.39 1.18
1.95 1.39 2.06 28.8 1.39 1.18
1.95 1.39 2.13 29.9 1.39 1.18
1.95 1.39 2.21 30.8 1.39 1.18
1.95 1.39 2.29 31.8 1.39 1.18
1.95 1.39 2.36 32.7 1.39 1.18
1.95 1.39 2.44 33.6 1.39 1.18

22
Capitulo IV

4. Automação do sistema

A automação do sistema será provida por um Controlador Lógico Programável (CLP), o


qual conterá toda a lógica de accionamento do sistema em programação armazenada na
CPU de seu módulo, conferindo maior rapidez e confiabilidade na automação.

4.1 Implementação de controlador CLP

O CLP é a base da automação do sistema, tem a função de monitorar todos sinais de


entrada e com base na lógica da linguagem armazenada na CPU de seu módulo activa os
contactos na saída. Nas entradas estará conectado com botões de comando e sensores ao
passo que na saída serão instalados relés de interface e bobinas dos contactores com o
objectivo de accionar cargas presentes no sistema.

Com base no manual de instruções do LOGO do fabricante SIEMENS, optou-se no


seguinte CLP seleccionado: LOGO! 24RC: de 1.3W, com fonte de alimentação
24VCA/CC, 8 entradas digitais e 4 saídas a relé que suportam até 10A.

Referência: 6ED1052-1HB00-0BA6

Figura 5. CLP LOGO! 24RC (SIEMENS, 2005).

23
4.2 Sensor

Sensor é o dispositivo que ira controlar o ambiente protegido a incêndio. Para esta
finalidade, optou-se pela utilização de sensores iónicos de fumos (com câmara de
ionização), reagem com os produtos de combustão que alteram a corrente numa câmara
ionizada. Os sensores serão instalados no topo da sala de comando.

Com base no catálogo do fabricante Cerberus Pyrotronics, seleccionou-se o seguinte sensor


iónico dimensionado para uma tensão de alimentação de 24Vcc e uma corrente nominal de
150 mA;

 Descrição: Sensor iónico, série DI-6; Referência: 545-485624;

Figura 6. Sensor iónico (CERBERUS, 2013).

4.3 Solenóide

Solenóide é um dispositivo que ira accionar o mecanismo para descarga do CO2, fecho e
abertura das portas, o seu modo de operação baseia-se na força exercida sobre os corpos
ferromagnéticos no campo magnético. Os solenóides transformam energia eléctrica em
energia mecânica. Basicamente, o movimento do curso ocorre desde a posição de partida
do curso até a posição final do curso por força electromagnética, enquanto a reinicialização
da armadura é realizada por forças externas.

Recorrendo ao manual do fabricante Kendrion, procedeu-se com a selecção do seguinte


solenóide da série 41 01E que dispõem de uma força de 50N e um curso de 2cm, estando
dimensionado para uma tensão de 24Vcc e um consumo de 39W.

Referencia: 4101E09K00

24
Figura 7. Solenóide (KENDRION, 2013).

4.4 Dispositivos de protecção

São dispositivos com funções simultâneas de protecção, manobra e comando, constituindo-


se num bloco de mecanismo composto por disjuntores, contactores e reles que realizaram a
manobra de accionamento de actuadores, além de prover seccionamento com possibilidade
de bloqueio mecânico que estará instalado no banco de cilindros para evitar o accionamento
do circuito do sistema antes da resolução do distúrbio no caso de avarias ou qualquer
operação no local com risco do CO2, conferindo segurança ao pessoal que estará presente.

4.4.1 Disjuntor

Para conferir a protecção dos componentes do circuito o dimensionamento destes


disjuntores é feito com base na corrente demandada por cada parte a proteger, CLP e
actuadores eléctricos com accionamento eléctrico.

Com base no catálogo do fabricante SIEMENS, seleccionou-se os seguintes disjuntores:

 Disjuntor para protecção de CLP: Referência 5SL6, código 5SL6 202-7 MB que
suporta uma corrente de 2A e curva de disparo “C“.

25
Tabela 5. Disposição das correntes dos dispositivos (Autor)

Cargas Quantidade Corrente (A) Total corrente (A)


LOGO! 24RC 1 0.054 0.054
Sensor DI-6 9 0.15 1.35
Relé RTW-RE01-U300S-E26 2 0.025 0.05
Bobina contactor 6 0.005 0.03
Total de consumo (A) 1.484

 Disjuntor para protecção das cargas a ser accionadas: Referencia 5SL6, código
5SL6 225-6 MB que suporta uma corrente de 25A e curva de disparo “B”.

Tabela 6. Disposição das correntes das cargas a ser accionadas (Autor)

Cargas Quantidade Corrente (A) Total corrente (A)


Solenóide 41 01E 3 1.625 4.875
Ventilador W1G 250 4 420 17.5
Sirene SD500LI 1 0.003 0.003
Sirene 1 0.068 0.068
Total de consumo (A) 22.446

Figura 8. Disjuntor (SIEMENS, 2016).

26
4.4.2 Contactor

Os contactores farão parte da automação, com base nos seus contactos (NF e NA) será
accionada ou desligada as cargas através da energização da sua bobina.

Ao seleccionar os contactores devem ser observadas a categoria de emprego (regime de


emprego) e a corrente nominal de operação da carga a ser accionada. Recorrendo ao
catálogo do fabricante WEG, seleccionou-se os contatores CWCA0 com bobinas em
corrente contínua de baixo consumo, permitindo a conexão directa a CLPs, a bobina é
alimentada com 24Vcc e corrente de 5mA.

Referência: (AZ) CWCA0-40-00L03; (AZ) CWC07-00-22L03

Figura 9: Contactor (WEG, 2016).

4.4.3 Relé temporizador


Os relés temporizadores são dispositivos utilizados durante o processo do accionamento das
cargas. Sua utilização é bastante diversa e depende da aplicação desejada.

Recorrendo-se novamente ao catálogo do fabricante WEG, seleccionou-se os reles


temporizadores de retardo na energização (RE), com uma facha de ajuste de 30s - 300s e
0,6W, 24Vcc.

 Referência: RTW-RE01-U300S-E26

27
Figura 10: Relé temporizador (WEG, 2015).

4.5 Dispositivos de comando e sinalização

4.5.1 Botoeiras de comando

As botoeiras, como são conhecidas, são outra forma de accionamento de um sistema por
meio manual e servem para energizar ou desenergizar um circuito, a partir da comutação de
seus contactos NA ou NF. Existem diversos modelos e podem variar quanto ao formato,
cor, tipo de protecção do accionador, quantidade e tipos de contactos.

 Botão reset o qual efectuará o rearme do sistema e silenciar alarmes após a detenção
de incêndio e descarga de CO2:

A partir do catálogo do fabricante WEG, procedeu-se com a selecção do seguinte botão que
irão compor a lógica de accionamento, estando dimensionado para uma tensão de
alimentação de 24Vcc e uma corrente nominal de 2,5A.

Referência: CSW-BGA3 WH, 12882157

Figura 11. Botão reset (WEG, 2017).

28
 Botão de accionamento manual, responsável pelo accionamento manual do sistema
para descarrega de CO2:

De acordo com o manual do fabricante SIEMENS, procedeu-se com a selecção do seguinte


botão que irão compor a lógica de accionamento manual/emergência, estando
dimensionado para uma tensão de alimentação de 24Vcc, suporta uma corrente permanente
de 60mA e pulsante de 100mA

Referência: FDMH291-R, A5Q00002217

Figura 12. Botão de accionamento manual (SIEMENS, 2017).

4.5.2 Sinalização áudio visual

São componentes utilizados para indicar notificações de ocorrências Estes elementos de


notificação são utilizados para avisos sonoros e/ou visualmente que o sistema detectou
incêndio e o pessoal deve evacuar rapidamente do local.

 Sirene áudio visual, para sinalizar o operador e demais indivíduos no local, a detenção
de incêndio;

Com base no catálogo do fabricante Kidde, especificou-se uma sirene com capacidade para
105dB, dimensionado para uma tensão de alimentação de 24Vcc e uma corrente nominal de
68mA, do tipo multi-som, será instalado na entrada da sala protegida;

Referência: 11019070

29
Figura 13. Sirene áudio visual (Kidde).

 Sirene áudio visual, para sinalizar o operador e demais indivíduos no local, ao acesso
da sala protegida;

Com base no catálogo do fabricante Elkron, especificou-se uma sirene com capacidade para
78dB, dimensionado para uma tensão de alimentação de 24Vcc e uma corrente nominal de
3mA, do tipo multi-som, será instalado fora na entrada principal do edifício;

Referência: SD500LI; 80SD5X00121

Figura 14. Sirene áudio visual (ELKRON).

30
4.6 Linguagem de programação utilizada para implementação da lógica de automação
no CLP
Para o presente trabalho foi seleccionada a linguagem LADDER para proceder-se com a
programação da lógica do CLP que controlará o sistema de combate a incêndio.

Conhecida também por diagrama LADDER ou diagrama em escada, trata-se de uma


linguagem gráfica de programação definida pela norma europeia IEC 61131-3, que consiste
na representação de funções lógicas de automação de sistemas através de diagramas
compostos de contactos e bobinas, analogamente a um esquema eléctrico composto de
sensores e actuadores, o que a torna numa linguagem de fácil compreensão, sendo esta a
característica que norteou a selecção desta linguagem para elaboração da lógica de
automação do sistema de combate a incêndio.

Figura 15. Linguagem LADDER, desenvolvido no CADe_SIMU.

31
4.7 Desenho de esquema eléctrico

Figura 16. Esquema eléctrico, desenhado no CADe_SIMU.


As luzes do esquema eléctrico da figura 15, substituem os actuadores eléctricos (conforme
a legenda), devido o software usado para desenhar e simular o circuito não ter os tais
componentes.

Legenda

D0 – Disjuntor para protecção de CLP

D1 – Disjuntor para protecção das cargas a ser accionadas no sistema

KA, KP, KM, KE, KD, K – Bobinas dos contactores

KT, KF – Rele temporizador de retardo de energização

B0 – Botão switch accionado pelo bloqueio mecânico

32
Sinais de entrada

S0 – Entrada de sinal dos sensores

S1 – Reset do sistema

S2 – Accionamento manual

S3 – Estado da porta principal (fechada/aberta)

Actuadores

AV – Alarme áudio visual

EVL – Solenóide para descarga de CO2

AR – Desliga ar condicionados

DS – Desliga todos barramentos das selas

FP – Solenóide para fecho da porta principal

AP – Solenóide para abrir a porta traseira para saída de gases

MV – Ventilador para retirada de gases

AS – Sirene de aviso, acesso a sala protegida

33
A figura 16, representa um esquema de circuito eléctrico para o sistema automático de
combate a incêndio controlado por CLP, onde nas suas entradas recebe o sinal através dos
sensores (S0) de fumaça conectados no I1, com botoeira (S2) de accionamento manual
ligado no I3, por botão reset (S1) conectado no I4 e um botão switch (S3) que indica a
posição da porta se esta fechada ou aberta ligado no I6. Na saída Q3, Q4 acciona a bobina
KD que activa o alarme áudio visual que indica a detenção de incêndio e, acciona a bobina
KA fara com que o ar condicionado, barramentos das selas sejam desligados. Nas saídas
Q1, Q2 são responsável pelo accionamento dos reles temporizador e as bobinas dos
contactares, KP para o fecho da porta, KT rele temporizador responsável pela energização
das bobinas KE e KM onde KE para accionamento do solenóide para a descarga de CO2,
KM é responsável pelo arranque do ventilador e abertura da porta para retirada do gás CO2.
KF rele temporizador responsável pela energização da bobina K para activar o alarme áudio
visual que indica o acesso as salas a pós a descarga de CO2. A activação dos contactos das
saídas Q1, Q2, Q3 e Q4 depende da lógica da linguagem segundo o sinal de entra. O botão
B0 é para garantir a segurança do pessoal no caso de manutenção ou qualquer trabalho feito
no local protegido ou com risco de dióxido de carbono.

34
4.8 Custos de implantação

A tabela abaixo traz uma estimativa de custo de implantação do sistema proposto, num
valor de 1778562,96 MT

Tabela 7. Preços dos materiais (Autor).

Materiais Qnt Preço unitário (MT) Preço total (MT)


CLP Logo 24rc 1 9000.00 9000.00
Sensor DI-6 9 175.00 1575.00
Solenóide 4101E09K00 3 180.00 540.00
Disjuntor 5SL6 2 240.00 480.00
Contactor CWCA0 6 650.00 3900.00
Rele temporizador RT 2 750.00 1500.00
Sirene áudio visual 2 738.00 1476.00
Ventilador W1G250-BB17-01 4 1440.00 5760.00
Cabo Blindado 2x1,50mm 200m 45.00/m 4500.00
Botão switch US 432Y 1 170.00 170.00
Botoeira manual FDMH291-R 1 210.00 210.00
Botoeira reset CSW-BGA3 WH 1 144.00 144.00
Trilho DIN 30mm 1 206.00 206.00
Bornes de terminais 1 144.00 144.00
Cilindros de 45.4Kg de CO2 17 49032.00 833544.00
T, Ø 65mm 143 270.00 38610.00
Sirene pneumática 1 2000.00 2000.00
Difusores 130 150.00 19500.00
Tubo Schedule 80 Ø 65mm 200m 750.00/m 150000.00
Tubo Schedule 80 Ø 90mm 7m 810.00/m 5670.00
T, Ø 90mm 1 320.00 320.00
Mangueiras flexíveis 17 4675.00 79475.00
Cotovelo 90O Ø 90mm 2 750.00 1500.00
Suporte para fixar cilindros de CO2 1 20000.00 20000.00
Válvula de retenção de Ø 65mm 1 740.00 740.00
Gabinete do painel de controlo 1 244,64 244,64
Outros 118570,864
Mão-de-obra 474283,456
Custo de implantação 1778562,96

35
Capitulo V

5.1 Conclusões

O desenvolvimento do presente trabalho possibilitou uma análise profunda de um sistema


automático de combate a incêndio, com o objectivo geral propor um sistema preventivo de
combate a incêndios na Subestação da Munhava, para tal fez-se a pesquisa das referencias
bibliográficas e também uma pesquisa de campo para obter dados mais consistentes para
um melhor dimensionamento do sistema.

Ao proceder com desenvolvimento do trabalho determinou-se a quantidade requerida de


dióxido de carbono, a vasão mássica, o número de cilindros de dióxido de carbono, a
espessura dos tubos e o número de difusores.

Para automatizar o sistema foi necessário a escolha dos componentes que farão parte da
automação do sistema, tas como: disjuntores, contactores, reles temporizadores, sensores
que controlam o ambiente protegido, o CLP que é o controlador de todo sistema de
automação a partir das entradas e saídas de sinais.

O sistema tem o potencial de extinguir incêndios que se desenvolve lento ou rápido. Com a
implementação do sistema automático de combate a incêndio na sala de comando na
Subestação da Munhava ira extinguir incêndios sem sobressaltos.

36
5.2 Recomendações

Para as futuras propostas recomendo propor um sistema de alerte de incêndio remoto,


formação dos técnicos, ter reservas de dióxido de carbono e também uma estratégia de
manutenção do sistema de combate a incêndio.

37
5.3 Bibliografia

DAMASCENO, Luiz Fernando C. Sistema de proteção contra incêndios por chuveiros


automáticos de águas - estudo da tecnologia e aplicação. Rio de Janeiro, 2014;

DIAS, Fabrícia Ribeiro. Sistema de supressão de incêndio com agente limpo: proposta de
uma metodologia de projeto. Brasília, 2011;

KANESHIRO Percy Javier Igei. Modelagem de sistemas de proteção técnica contra


incêndio em edifícios inteligentes através de rede de Petri. São paulo, 2006;

BENZANE, Amarildo Leonel Mailito Guiane. Análise da regulamentação portuguesa de


segurança contra incêndios e proposta da sua aplicação a Moçambique. Coimbra, 2014;

KIDDE MANUAL CO2 - Engineered Carbon Dioxide (CO2) Fire Suppression Systems
Design, Installation, Operation and Maintenance Manual. Elaborado por Kidde Fire
System. Ano de publicação 2013;

NFPA 12 - Standard on carbon dioxide extinguinshing systems. Edição de 2011;

NFPA 2001 – Standard On Clean Agent Fire Extinguishing Systems. Edição de 2012;

SIEMENS, Manual de instruções do LOGO. Edição, 2005; Disponível em:


http://w3.siemens.com.br/automation/br/pt/seguranca-de-maquinas/interfaces-de-
seguranca/plc-de-seguranca/LOGO/Documents/Manual%20LOGO!%200BA5.pdf.
Visitado 12/09/2017

GUIÃO PARA APRESENTAÇÃO DE TRABALHOS CIENTÍFICOS, Universidade


Zambeze, Beira, 2012;

CERBERUS PYROTRONICS. Detector de fumaça iônico convencional ajustável, 2013.


Disponivel em: https://www.downloads.siemens.com/download-
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38
KENDRION, Industrial magnetic System, 2013; Disponivel em:
https://www.kendrion.com/attachment/IMS/ims-Kendrion-Atex-Line-explosion-proofed-
solenoids-en.pdf. Visitado a 18/10/2017;

SIEMENS, Disjuntores 5SX, 5SL, 5SY e 5SP. São Paulo, Edição de 2016;

GRUPO WEG, Automacao, Catalogo Geral, Contatores e Reles de Sobrecarga. Jaragua do


Sul, 2016; Disponivel em: http://ecatalog.weg.net/files/wegnet/WEG-contatores-e-reles-de-
sobrecarga-catalogo-geral-50026112-catalogo-portugues-br.pdf. Visitado 28/08/2017;

GRUPO WEG, Automação, Reles Eletronicos, Temporizadores, Monitores de Tensao,


Controle de Nivel. Jaragua do Sul, 2015; Disponivel em:
http://ecatalog.weg.net/files/wegnet/WEG-reles-temporizadores-protetores-e-de-nivel-
50009830-catalogo-portugues-br.pdf. Visitado 28/08/2017;

GRUPO WEG, Comando e Sinalização - Linha CSW, Jaraguá do Sul, 2017; Disponivel
em: http://ecatalog.weg.net/files/wegnet/WEG-comando-e-sinalizacao-linha-csw-
50009820-catalogo-portugues-br.pdf. Visitado 28/08/2017;

SIEMENS, Manual call points, Manual release button and emergency stop button. Edição
de 2017; Disponivel em: https://www.downloads.siemens.com/download-
center/Download.aspx?pos=download&fct=getasset&id1=A6V10330251. Visitado
30/08/2017;

http://www.urmet.com.br/wp-
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http://www.kidde.com.br/Documents/sco-fd-00-11019070.pdf. Visitado 01/11/2017.

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5.4 Anexo

Figura 17. Sustento para suporte de cilindros de CO2. Fonte: (Autor)

Figura 18. Sala de comando da Subestação da Munhava com difusores de CO2. Fonte:
(Autor)

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