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LABORATÓRIO DE ELETRICIDADE
Telêmaco Borba
2020
RONALDO MENDES EVARISTO
JHS
LABORATÓRIO DE ELETRICIDADE
Telêmaco Borba
Edição do Autor
2020
Consagração à Nossa Senhora Aparecida Sobre o Autor:
Ó Maria Santíssima, pelos méritos de Nosso Senhor Jesus Possui curso Técnico em Eletroeletrônica pelo SENAI-PR,
Cristo, em vossa querida imagem de Aparecida, espalhais graduação em Engenharia Eletrônica de Computação pela
inúmeros benefícios sobre todo o Brasil. Eu, embora in-
Universidade Santa Cecília, mestrado em Ciências, Área
digno de pertencer ao número de vossos filhos e filhas, mas
de Concentração: Sistemas Eletrônicos, pela Escola Poli-
cheio do desejo de participar dos benefícios de vossa mise-
ricórdia, prostrado a vossos pés, consagro-vos o meu en- técnica da Universidade de São Paulo e doutorado em Ci-
tendimento, para que sempre pense no amor que mereceis; ências, Área de Concentração: Física, pela Universidade
consagro-vos a minha língua para que sempre vos louve
Estadual de Ponta Grossa. Atualmente é professor efetivo
e propague a vossa devoção; consagro-vos o meu coração,
para que, depois de Deus, vos ame sobre todas as coisas. no Campus Telêmaco Borba do Instituto Federal do Pa-
Recebei-me, ó Rainha incomparável, vós que o Cristo raná, atuando nas áreas de Processamento de Sinais, Cir-
crucificado deu-nos por Mãe, no ditoso número de vos- cuitos Elétricos e Controle de Sistemas Dinâmicos. Tem
sos filhos e filhas; acolhei-me debaixo de vossa proteção;
interesse em assuntos relacionados às Análises de Fou-
socorrei-me em todas as minhas necessidades, espirituais
e temporais, sobretudo na hora de minha morte. rier e Wavelets, Eletromagnetismo e Sistemas Dinâmicos
Abençoai-me, ó celestial cooperadora, e com vossa po- Lineares e Não Lineares. É Membro efetivo da SBMAC -
derosa intercessão, fortalecei-me em minha fraqueza, a fim Sociedade Brasileira de Matemática Aplicada e Computa-
de que, servindo-vos fielmente nesta vida, possa louvar-vos, cional desde 2010.
ISBN 978-65-901947-0-1
CDD 621.3
Prefácio
Este livro é resultado de pelo menos dez anos de experiência e docência no ensino básico, técnico e
tecnológico em cursos do eixo tecnológico de Controle e Processos Industriais no Campus Telêmaco
Borba do Instituto Federal do Paraná (IFPR). Não se trata de um texto novo nem inovador, mas
de uma alternativa pontual, lançada de forma independente, para ser trabalhada dentro de um
semestre de atividades de laboratório em disciplinas introdutórias de cursos Técnicos e de cursos
superiores de Tecnologia e Engenharia. Foi construído com base em títulos consagrados dos
professores Francisco Gabriel Capuano, Maria Aparecida Mendes Marino e Salvador José Troise,
primeiramente utilizado como apostila e agora transformado em livro texto para ser aplicado à
estudantes de Elétrica, visto que as atividades de laboratório em cursos técnicos e superiores são
recomendadas por vários educadores para mostrar significado aos tópicos estudados em aulas
teóricas. Esse é o espírito e o principal motivo da construção desta obra.
São abordadas experiências de laboratório de eletricidade envolvendo circuitos elétricos em
corrente contínua, primeiramente são experimentados os circuitos resistivos para que o estudante
consiga compreender as leis e princípios elementares e consiga trabalhar com instrumentos
básicos dos laboratórios de eletricidade (multímetros, protoboards, fontes, geradores de função e
osciloscópios) e em seguida são estudados os capacitores e os indutores. A ordem das experiências
é importante que seja respeitada, visto que conteúdos anteriores são premissas para os posteriores,
isto é, há uma ordem lógica na construção das experiências. Ao final de cada experiência são
propostos alguns exercícios, geralmente retirados das referências bibliográficas, para fixar os
conhecimentos, afinal de nada adianta fazer a leitura e realizar o experimento e não conseguir
resolver problemas simples propostos. Além disso, quando solicitada a construção de gráficos, se
recomenda a utilização de papel milimetrado ao invés de planilhas eletrônicas, pois como dizia o
poeta José Saramago: Trabalhar com as mãos ensina muito.
Por fim, saliento que nenhuma obra é escrita repentinamente do nada, mas com uma base
sólida ancorada em ensinamentos de grandes orientadores para os quais gostaria de tecer fraternos
agradecimentos: Prof. Salvador José Troise (na memória), Prof. Celso Volpe, Prof. Luiz Antonio
Baccalá, Prof. Phillip Mark Seymour Burt e Prof. Antonio Marcos Batista. Certamente o reflexo do
trabalho desses gigantes estão presentes e estampados nas próximas páginas.
4
Sumário 5
4.3 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
Referências Bibliográficas 87
C APÍTULO 1
1.1 Introdução
O estudo da Eletricidade é relativamente recente. No século XIX, Michael Faraday (1791-1867)
e Henry Augustus Rowland (1848-1901) reconheceram a corrente como cargas elétricas em
movimento. Já no século passado, Joseph John Thomson (1856-1940) descobriu o elétron,
Robert Andrews Millikan (1868-1953) mediu sua carga elétrica e Ernest Rutherford (1871-1937)
apresentou um modelo para o átomo que foi desenvolvido posteriormente por Niels Henrick David
Bohr (1885-1962) e Arnold Johannes Wilhelm Sommerfeld (1868-1951).
O modelo apresentado por Rutherford (suficiente para o estudo da Eletricidade) diz que o
átomo é composto por um núcleo central formado por cargas elétricas positivas (prótons) e
neutras (nêutrons), em torno do qual circulam cargas elétricas negativas (elétrons) em órbitas bem
definidas, conforme mostra a Figura 1.1. Os elétrons das camadas mais internas são fortemente
ligados ao núcleo, enquanto que os das camadas mais externas apresentam fraca ligação com
o núcleo. Em certos materiais, conhecidos como condutores, os elétrons da última camada são
tão fracamente ligados ao núcleo que podem se mover livremente pelo material. Tais elétrons de
última camada são chamados elétrons livres e são eles que norteiam o estudo da Eletricidade. Os
materiais conhecidos como isolantes não possuem elétrons livres.
e
e e
e
e e p e e
n
e
e e
e
As cargas elétricas do elétron e do próton são mensuráveis e medidas efetuadas com grande
precisão mostram que ambas as cargas são iguais em valor absoluto e de sinais opostos. A carga
7
Capítulo 1. Experiência 1: Grandezas Elétricas e Conceitos Básicos 8
i t A i t A
Ip
I
t s t s
I p
(a) (b)
Figura 1.2: Corrente elétrica: (a) Contínua (CC); (b) Alternada (CA).
Capítulo 1. Experiência 1: Grandezas Elétricas e Conceitos Básicos 9
Quando a corrente elétrica passa por um corpo, um ou mais dos seguintes efeitos podem ser
observados:
2. Geração de Luz: por vezes o calor gerado pela corrente elétrica é tão elevado que leva o
condutor à incandescência, produzindo luz no espectro visível.
A corrente elétrica é o movimento ordenado de cargas elétricas. Como os prótons são fortemente
ligados ao núcleo, somente os elétrons livres participam da corrente elétrica.
Consideremos então um grupo de elétrons livres se movendo numa certa região do espaço. Seja
∆q a quantidade de carga transportada por esses elétrons que atravessa uma superfície de área
∆S num certo intervalo de tempo ∆t. Por definição, se chama intensidade (média) de corrente
através da superfície ∆S a
∆q
Im = , (1.3)
∆t
cuja medida é o ampère (C/s = A). Define-se também a intensidade instantânea de corrente como
sendo
∆q dq
i (t) = lim =
∆t→0 ∆t dt
que fornece a corrente que ocorre em cada instante. Devemos lembrar que nem todos os materiais
permitem o movimento dos elétrons, ou seja, a corrente elétrica. Quando o material permite a
corrente elétrica ele é chamado condutor. Caso contrário, é chamado isolante.
I I
V V v(t) i(t)
Figura 1.3: Símbolos de fontes de tensão: (a) fonte CC; (b) pilha ou bateria; (c) fonte CA.
As fontes CC possuem polaridade, isto é, possuem terminais positivo (+) e negativo (−) que
indicam o sentido no qual o movimento das cargas ocorre. Em CA não há polaridade e os terminais
das fontes ficam alternando entre positivo e negativo conforme uma função senoidal.
Toda região do espaço no qual existam forças de natureza elétrica é chamada de Campo Elétrico.
Para estudar os campos elétricos, define-se em cada um de seus pontos um vetor E, ~ chamado
Vetor Campo Elétrico, como sendo
~
~ = F,
E
q0
onde F~ é a força elétrica que atua sobre a carga q0 colocada naquele ponto.
Como dissemos acima, corrente elétrica é movimento de elétrons. Para que esse movimento
ocorra é necessário que exista uma força atuando sobre esses elétrons. Isso significa que para que
haja corrente elétrica é necessário que exista um campo elétrico, pois assim existirá força. Por
outro lado, é possível mostrar (e a Teoria da Eletricidade mostra) que para que haja campo elétrico
é necessário que exista diferença de potencial ou tensão elétrica. Essa tensão elétrica é definida a
partir do trabalho realizado pela força eletrostática como sendo o trabalho realizado por unidade
de carga, ou seja,
Podemos obter uma expressão prática para o cálculo da potência associando as Equações (1.2),
(1.4) e (1.5) para obter
P = V I. (1.6)
Quando se lida com tarifação de energia elétrica, é comum se chamar de demanda a potência
exigida por um equipamento e consumo a energia requerida pelo mesmo. A unidade de energia
no Sistema Internacional de Unidades (SI) é o joule (J). Contudo, em energia elétrica utilizamos
uma unidade derivada chamada quilowatt-hora (kWh), visto que, se trabalharmos com joules os
números seriam muito grandes, pois
Desta forma, o cálculo prático da energia consumida por aparelhos elétricos é feito por
∆E = P ∆t, (1.8)
Definimos o rendimento (η) como a relação entre a potência de saída (Ps ) e de entrada (Pe ) de
um sistema ou equipamento, isto é,
Ps
η= · 100. (1.10)
Pe
Essa grandeza adimensional exprime a eficiência de um equipamento ou sistema, pois a
diferença entre essas potências corresponde às perdas (Pp ) que ocorrem dentro do equipamento.
O rendimento é expresso em termos percentuais relativamente à potência de entrada.
O significado dessas potências e das perdas é mostrado na Figura 1.4, no que se chama balanço
de potências. Conforme a Lei da Conservação de Energia, esse balanço sempre deve ser igual a
zero, isto é,
Pe = Ps + Pp . (1.11)
Pp Perdas
(Potência Perdida)
Pe Ps
Equipamento
Entrada Saída
(Potência Absorvida) (Potência Utilizada)
I I
+A +V
(a) (b)
Maiores detalhes sobre ligações em série e paralelo serão abordados na sequência do texto.
Esses instrumentos são polarizados, isto é, devem ser conectados no sentido correto, pois a
corrente deve circular por eles num sentido determinado, conforme mostra a Figura 1.5. Por essa
razão, existem os sinais + (vermelho) e - (preto) em seus pólos.
1.6 Bipolos
Chamamos de bipolo a todo dispositivo elétrico constituído por dois terminais entre os quais
circula correte elétrica. Dependendo da natureza dos bipolos, nos circuitos elétricos eles são
representados por símbolos, conforme mostra a Figura 1.6.
V R L C
Figura 1.6: Símbolo de alguns bipolos: (a) Fonte de tensão contínua; (b) Resistor; (c) Indutor; (d)
Capacitor; (e) Bipolo passivo genérico.
Sempre que se aplica uma tensão V sobre um bipolo, aparece uma corrente I que o atravessa e
a experiência mostra que essa corrente é função da tensão aplicada, ou seja, V = f (I). O estudo
dos bipolos é feito por meio de sua curva característica, isto é, uma curva que mostra a relação
entre a tensão aplicada sobre o bipolo e a corrente que o atravessa. A curva característica é obtida
Capítulo 1. Experiência 1: Grandezas Elétricas e Conceitos Básicos 13
I
+ A
+
V V
1. Lineares: quando a curva característica pode ser aproximada por uma reta;
2. Não Lineares: quando a curva característica não pode ser aproximada por uma reta;
3. Ativos: quando a curva característica mostra a existência de uma tensão elétrica quando a
corrente é nula (a curva não se inicia na origem);
4. Passivos: quando uma tensão nula corresponde a uma corrente nula (a curva passa pela
origem).
V V V
I I I
(a) (b) (c)
Figura 1.8: Curvas características de bipolos: (a) passivos lineares; (b) passivos não lineares; (c)
ativos lineares.
Os bipolos podem ainda serem classificados como geradores e receptores. Um bipolo gerador é
aquele capaz de produzir, por si só, tensão elétrica, como é o caso das pilhas e baterias. Um bipolo
receptor é aquele que consome energia elétrica, como é o caso de uma lâmpada. Nos receptores a
corrente é produzida por um gerador associado. Existem uma diferença fundamental entre esses
dois tipos de bipolos. No receptor a corrente circula no sentido decrescente do potencial, enquanto
que no gerador, a corrente circula no sentido crescente do potencial, conforme ilustra a Figura 1.9.
Na Figura 1.9 observe atentamente as diferenças de potencial indicadas. No gerador o potencial
cresce no sentido da corrente, enquanto que, no receptor o potencial decresce no sentido da
corrente. Por essa razão, dizemos que em bipolos receptores ocorrem quedas de tensão.
Capítulo 1. Experiência 1: Grandezas Elétricas e Conceitos Básicos 14
I + I
+
V V
-
-
(a) (b)
ch1 ch2
V
M
Figura 1.10: Circuito elétrico simples envolvendo uma lâmpada e um motor CC.
No estudo de circuitos elétricos, alguns termos são usados frequentemente. São eles:
1. Nó: ponto de conexão entre três ou mais elementos que compõe um circuito. Na Figura 1.10,
os pontos a e b representam nós.
2. Ramo: trecho do circuito compreendido entre dois nós. No circuito da Figura 1.10 há três
ramos, todos delimitados pelos nós a e b: um com a fonte V , o segundo com o interruptor ch1
e a lâmpada e o último com a chave ch2 e o motor.
3. Laço: qualquer percurso fechado de um circuito. Existem três laços no circuito da Figura
1.10: um externo (contendo a fonte, a chave ch2 e o motor) e dois internos (o primeiro com a
fonte, a chave ch1 e a lâmpada; o segundo com as duas chaves, a lâmpada e o motor).
4. Malha: é um percurso fechado (laço) que não tem qualquer elemento internamente, como é o
caso dos dois percursos internos descritos no caso anterior (fonte, a chave ch1 e a lâmpada;
as duas chaves, a lâmpada e o motor). Note que, toda malha é um laço, mas nem todo laço é
uma malha.
Capítulo 1. Experiência 1: Grandezas Elétricas e Conceitos Básicos 15
1. Lei das Correntes (LKC) ou Lei dos Nós: "A soma algébrica das correntes em um nó é zero."
Adotamos correntes que entram no nó como positivas e as correntes que deixam o nó como
negativas.
2. Lei das Tensões (LKT) ou Lei dos Laços: "A soma algébrica das tensões em um laço é zero."
Adotamos tensões fornecidas como positivas e as tensões consumidas como negativas.
Como exemplo, apliquemos as LKC sobre o nó a do circuito mostrado na Figura 1.11(a), assim
como a LKT sobre o elemento E3 .
V1
I1
(a) (b)
E1 E1
a
I4 I5
V2
E2
E2
V V I 2 V4 V5
E4
E5
E4
E5
V3
E3
E3
I1
b
Figura 1.11: (a) Circuito elétrico contendo um gerador e cinco elementos passivos; (b) Distribuição
de tensão e corrente sobre os elementos do circuito.
O primeiro passo é distribuir as tensões e correntes sobre os elementos dos circuitos, como
mostra a Figura 1.11(b). Perceba que em elementos passivos as setas de tensão e corrente se
confrontam, ao passo que em elementos ativos (fontes e geradores) elas concordam em sentido.
Apliquemos primeiramente a LKC sobre o nó a. Temos que,
I1 − I2 − I4 − I5 = 0 (1.12)
ou
I1 = I2 + I4 + I5 . (1.13)
Note que a corrente I1 sai e retorna ao gerador. Apliquemos agora a LKT sobre o elemento
E3 . Nesse caso, temos que percorrer um laço que englobe o elemento desejado. Temos três
possibilidades,
−V3 − V2 − V1 + V = 0, (1.14)
ou
−V3 − V2 + V4 = 0, (1.15)
ou
−V3 − V2 + V5 = 0. (1.16)
Capítulo 1. Experiência 1: Grandezas Elétricas e Conceitos Básicos 16
Note que saímos da parte de menor potencial nas setas de tensão. Isso é uma convenção
adotada neste texto.
Em Série
Dois ou mais elementos estão associados em série quando são percorridos pela mesma corrente.
Sendo assim, os elementos que compõe a associação em série formam um único ramo. Os
elementos E1 , E2 e E3 mostrados na Figura 1.12(a) estão associados em série, sendo a corrente I
comum a todos. As tensões sobre os elementos são, em geral, diferentes entre si e, de acordo com
a LKT,
V = V1 + V 2 + V 3 . (1.17)
V1 V2 V3
I I1 I2 I3
E1 E2 E3
I I I I
V V V V
E1
E2
E3
I I
I
V
(a) (b)
Em Paralelo
Dois ou mais elementos estão associados em paralelo quando estão submetidos a mesma tensão.
Portanto, numa associação em paralelo, todos os elementos estão ligados a um mesmo par de
nós do circuito. Na Figura 1.12(b), os elementos E1 , E2 e E3 estão associados em paralelo, todos
submetidos a mesma tensão V . As correntes nos elementos são, em geral, diferentes e vale a LKC,
isto é,
I = I1 + I2 + I3 . (1.18)
tensão da rede elétrica, além de permitir a inserção ou retirada de um aparelho sem interferir no
funcionamento dos demais.
C APÍTULO 2
R R
(a) (b)
Os resistores são bipolos passivos lineares, isto é, a tensão V aplicada sobre o resistor é
diretamente proporcional à corrente I que o atravessa, ou seja,
V ∝ I. (2.1)
18
Capítulo 2. Experiência 2: Resistores e Código de Cores 19
conhecida como Lei de Ohm, em homenagem a Georg Simon Ohm (1789-1854). A unidade da
resistência no SI é o ohm (Ω) e seu inverso, isto é,
1
G= , (2.3)
R
∆V
R = tan α = (2.4)
∆I
V
0 I I
A resistência de um corpo depende de suas dimensões físicas e do material com que é con-
feccionado. Se L é o comprimento do corpo e A a área de seção reta, sua resistência é dada por
L
R=ρ , (2.5)
A
onde ρ é conhecido como resistividade do material. No SI a resistividade é dada por Ωm porém,
uma unidade mais prática é o Ωmm2 /m. A Tabela 2.1 mostra a resistividade de alguns materiais
utilizados em Eletrotécnica.
A temperatura também exerce influência sobre o valor da resistência. Nos condutores metálicos
a resistência é diretamente proporcional à temperatura. Já em outros materiais, como o carbono,
essa variação se dá de forma indireta. O coeficiente de temperatura α relaciona a resistência
e a temperatura, ou seja, se Rref é a resistência de um corpo à temperatura de referência Tref
(usualmente 20◦ C), para outra temperatura T , a resistência do corpo será
No SI, a unidade do coeficiente de temperatura é ◦ C −1 e seu valor para alguns materiais pode
ser encontrado na literatura. Note que a Tabela 2.1 mostra o valor da resistividade à temperatura
de 20◦ C.
A potência em resistores pode ser calculada por uma das expressões,
V2
P = V I, P = RI 2 ou P = . (2.7)
R
Enfatizando, resistores são componentes que tem por finalidade oferecer oposição à passagem
de corrente elétrica por meio de seu material. A essa propriedade de oposição ao movimento
de elétrons livres damos o nome de resistência elétrica, cuja unidade no SI é o ohm (Ω). Esses
componentes podem ser classificados em dois tipos: os fixos e os variáveis. Os resistores fixos
são aqueles cujo valor da resistência não pode ser alterado, enquanto que os variáveis têm a sua
resistência modificada dentro de uma faixa de valores por meio de um cursor móvel. Os resistores
fixos são comumente especificados por três parâmetros: o valor nominal da resistência elétrica, a
tolerância, ou seja, a máxima variação em porcentagem do valor nominal e a máxima potência
elétrica dissipada.
Exemplo: Tomemos um resistor de 100Ω ± 5% − 0, 33W . Isso significa que possui um valor
nominal de 100Ω, uma tolerância sobre esse valor de ±5% e pode dissipar uma potência de, no
máximo, 0, 33W.
Os resistores variáveis são especificados pelo valor máximo da resistência, pela potência e pelo
tipo de escala (linear ou logarítmica). Em todos os casos, a potência está relacionada com as
dimensões físicas do componente. Quanto maior fisicamente for o resistor (fixo ou variável), mais
corrente suporta e maior é sua potência.
(b) Variáveis
(a) Fixos.
(b) Metálicos.
(a) Carbono.
Os resistores de filme de carbono são destinados ao uso geral e suas dimensões físicas
determinam a máxima potência que eles podem dissipar (Figura 2.4a).
2.1.4 Potenciômetros
Os resistores variáveis também são conhecidos como trimpots ou potenciômetros, devido às suas
aplicações como divisores de tensão em circuitos eletrônicos. Um potenciômetro (Figura 2.6 )
consiste basicamente em uma película de carbono, ou em um fio que, percorrido por um cursor
móvel por meio de um sistema rotativo ou deslizante, altera o valor da resistência entre seus
terminais. Comercialmente, os potenciômetros são especificados pelo valor nominal da resistência
máxima, impresso em seu corpo e pela potência.
R R
(a) (b)
Rnominal Rnominal
0 max 0 max
2.1.5 Ohmímetro
É instrumento com a finalidade de medir resistências elétricas. Contudo, na prática, dispomos
de um medidor que realiza a medição de várias grandezas elétricas chamado multímetro e como
parte de um multímetro, temos um ohmímetro. Encontramos dois tipos de multímetros muito
utilizados em situações práticas: os analógicos e os digitais. Em nossas aplicações utilizaremos
multímetros digitais, como mostra a Figura 2.9. Anotamos na o local onde se localiza o ohmímetro
e onde devem ser conectadas as pontas de prova do instrumento. A ponta preta na entrada COM
e a ponta vermelha na entrada relativa a grandeza que se deseja medir. Neste caso, resistência. A
chave seletora possibilita medidas múltiplas do valor selecionado.
Ohmímetro
(Ω)
Cuidado importante: O ohmímetro só deverá ser utilizado no circuito se esse estiver comple-
tamente desenergizado.
Capítulo 2. Experiência 2: Resistores e Código de Cores 25
Resistor Nominal (RN ) Tolerância (%) Potência (W) Medido (RM ) Escala ∆R%
R1
R2
R3
R4
R5
R6
R7
R8
R9
R10
|RN − RM |
∆R% = · 100
RN
(b) Utilizando o potenciômetro fornecido, analise seu funcionamento com o multímetro e preen-
cha a Tabela 2.3
Potenciômetro Fundo de Escala Nominal (Ω) Fundo de Escala Medido (Ω) Tipo
P1
2.3 Exercícios
1. Determine a sequência de cores para os seguintes resistores:
Experiência 3: Protoboard e
Associação de Resistores
V = V1 + V 2 + V 3 . (3.1)
V1 V2 V3
R1 R2 R3 I I1 I2 I3
I I I I
V R1 V R2 V R3 V
I I
I
V
(a) (b)
27
Capítulo 3. Experiência 3: Protoboard e Associação de Resistores 28
sendo,
Req = R1 + R2 + R3 . (3.3)
N
X
Req = R1 + R2 + · · · + RN = Ri . (3.4)
i=1
Além disso, note que, se N resistores iguais (de resistência R) estiverem associados em série,
então,
XN
Req = R = NR (3.5)
i=1
sendo,
1 1 1 1
= + + (3.7)
Req R1 R2 R3
ou
1
Req = . (3.8)
1 1 1
+ +
R1 R2 R3
Generalizando para N resistores em paralelo, temos que
1 1
Req = = N . (3.9)
1 1 1 X 1
+ + ··· +
R1 R2 RN
i=1
Ri
1 1 R1 R2
Req = = = . (3.10)
1 1 R2 + R 1 R2 + R1
+
R1 R2 R 1 R2
Por fim, caso tenhamos N resistores iguais, isto é, de mesma resistência R em paralelo, obtemos
a equivalente por
1 1 R
Req = = = . (3.11)
N 1 N
X 1 N
R
i=1
R
Capítulo 3. Experiência 3: Protoboard e Associação de Resistores 29
O resistor equivalente (Req ) é aquele que exige a mesma corrente I que a associação original se,
sobre ele fora aplicada a mesma tensão V . A fonte não tem como prever o que está ligado sobre
ela e, com isso, fornece a corrente solicitada caso tenha a capacidade de fornecimento.
Observar que os dois barramentos horizontais não são conectados entre si, assim como os
barramentos verticais. A Figura 3.4 mostra um exemplo fictício de circuito montado em protoboard.
Note como são conectados os circuitos integrados, isto é, na canaleta central da matriz.
A Figura 3.5 mostra um circuito real montado em matriz de contatos. Note que a montagem
exige certo capricho, caso contrário, dependendo do tamanho do circuito, fica difícil localizar falhas
e realizar medições. Além disso, caso a matriz de contato esteja muito tempo sem utilização é
Capítulo 3. Experiência 3: Protoboard e Associação de Resistores 30
necessário limpar os contatos com spray específico para evitar maus contatos durante a montagem
de um circuito.
(a) Três resistores de 1kΩ em série. (b) Três resistores de 1kΩ em paralelo.
RAB Calculado
390Ω
470Ω
680Ω
330Ω 470Ω
1,2kΩ 390Ω RAB Medido
A B
RAB Calculado
120Ω 680Ω
330Ω 470Ω
3.3 Exercícios
1. Para os circuitos do item (a) do procedimento experimental, calcule o valor da resistência
equivalente vista entre os terminais A e B e anote nas respectivas tabelas.
Capítulo 3. Experiência 3: Protoboard e Associação de Resistores 32
• Multímetro digital.
• Medir tensão, corrente e resistência com
o multímetro. • Fonte de tensão contínua.
4.1.1 Voltímetro
É o aparelho destinado à medidas de tensão elétrica entre dois pontos quaisquer de um circuito,
podendo ser essa tensão: contínua (VCC) ou alternada (VAC). O voltímetro ideal é aquele que
possui resistência interna infinita, não interferindo na medida quando o aparelho é conectado em
paralelo com os pontos entre os quais se deseja medir a tensão.
+ V
+
V R V V R
ü Certo X Errado
Cuidado importante: O voltímetro deve ser ligado em paralelo com a carga onde se deseja
medir a tensão.
33
Capítulo 4. Experiência 4: Medição de Tensão e Corrente Contínuas 34
4.1.2 Amperímetro
É o aparelho para medidas de corrente elétrica (movimento ordenado de elétrons) contínua ou
alternada. Estas devem circular pelo aparelho devendo, portanto ser ligado em série com o ramo
onde se deseja medir a corrente. O amperímetro ideal é o que possui resistência interna nula.
+ mA
+
V R V R mA
ü Certo X Errado
Cuidado importante: O amperímetro não deverá ser ligado em paralelo com uma carga. Como
o amperímetro tem uma resistência interna muito baixa, quando se coloca diretamente a uma fonte
de tensão, o aparelho se comportará como um curto circuito e será danificado instantaneamente.
Na Figura 4.3 é mostrado o mesmo multímetro da experiência anterior, mas agora destacando
as funções de voltímetro e amperímetro em corrente contínua (CC).
Voltímetro
CC Amperímetro
CC
Para realizar as medições, se deve tomar alguns cuidados para não danificar o instrumento
como sua ligação em série ou paralelo, a polaridade e a escala utilizada na medida.
Capítulo 4. Experiência 4: Medição de Tensão e Corrente Contínuas 35
RAE Calculado
(b) Ligue uma fonte de 12V ao entre os pontos A e E do circuito da Figura 4.4 e preencha as
Tabelas da Figura 4.5.
12V
Corrente (mA) IA IB IC ID IE
Medida
Calculada
Medida
Calculada
(c) Monte o circuito da Figura 4.6, meça e anote na Tabela a resistência equivalente entre os
pontos A e B.
RAB Medido
470Ω 1,2kΩ 820Ω
RAB Calculado
(d) Ligue uma fonte de 12V ao entre os pontos A e E do circuito da Figura 4.6 e preencha as
Tabelas da Figura 4.7.
D
C B E
Corrente (mA) IA IB IC ID IE
Medida
Calculada
Medida
Calculada
(e) Monte o circuito da Figura 4.8 , meça e anote na Tabela a resistência equivalente entre os
pontos A e D.
470Ω
1,2kΩ 820Ω RAD Medido
A D
(f) Ligue uma fonte de 12V ao entre os pontos A e D do circuito da Figura 4.8 e preencha as
Tabelas da Figura 4.9.
4.3 Exercícios
1. Preencha as Tabelas do procedimento experimental com os valores teóricos calculados. Para
os cálculos, devem ser utilizados os valores nominais dos resistores.
Capítulo 4. Experiência 4: Medição de Tensão e Corrente Contínuas 37
B
470Ω
1,2kΩ 820Ω
A D
220Ω
C
12V
Corrente (mA) IA IB IC ID
Medida
Calculada
Medida
Calculada
+ A (a) + V (b)
237Ω 150Ω 113Ω
4V 680Ω R
4. Calcule o valor da tensão da fonte para o circuito da Figura 4.10(b), sabendo que o voltímetro
indica 3V.
C APÍTULO 5
• Multímetro digital.
• Levantar a curva característica de bipolos
ôhmicos e não-ôhmicos. • Fonte variável de tensão contínua.
1. A fonte de tensão variável deve estar inicialmente desligada e ajustada de tal forma que ao
ser ligada forneça potencial mínimo (normalmente zero). Para isto deve-se girar seu botão de
ajuste totalmente para a esquerda.
3. A polaridade da fonte e dos instrumentos de medida devem ser avaliadas antes do circuito
ser ligado.
Primeiramente, estudaremos um bipolo linear que consiste de condutor formado por uma
mistura de material isolante impregnado de impureza condutora cuja concentração define a sua
resistência. Este condutor é chamado resistor. Em seguida, consideraremos um bipolo não linear
38
Capítulo 5. Experiência 5: Verificação da Lei de Ohm 39
que consiste de uma lâmpada incandescente, ou seja, de um bipolo constituído por um fio muito
delgado que, sob a ação da corrente elétrica incandesce, emitindo luz.
+ 2
mA
+ 4
V R V
10
12
(b) Monte o circuito da Figura 5.2, varie a tensão da fonte conforme indicado e anote os valores
de corrente na Tabela para a lâmpada. Não ultrapasse 12V com a lâmpada.
+ mA
+
V 12V/1W V
V (V) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
I(mA)
220Ω
Resistor Lâmpada
V(V)
10V 12V/40mA
I(mA)
5.3 Exercícios
1. Com os valores obtidos na Tabela do item (a), utilizando papel milimetrado, construa os
gráficos de V = f (I) para cada resistor. Utilize a mesma folha de papel milimetrado para
todos os gráficos. Deve ser notado um comportamento linear para cada resistor.
2. Determine, por meio da declividade das retas obtidas nos gráficos do exercício 1, o valor de
cada resistência, preenchendo a Tabela abaixo. Explique as discrepâncias.
470Ω
1kΩ
2,2kΩ
3,9kΩ
3. Com os valores obtidos na Tabela do item (b), utilizando papel milimetrado, construa o gráfico
de V = f (I) para a lâmpada. Neste caso não deve ser observada uma reta, pois o bipolo não é
linear.
4. Trace a reta de carga do circuito do item (c), utilizando a curva obtida no exercício 3.
Determine o ponto de trabalho da lâmpada e compare com os valores obtidos na Tabela do
item (c).
C APÍTULO 6
B1
B1 B2
B2
Série
Paralelo
Figura 6.1: Exemplos de dois bipolos associados em série e paralelo.
Quando isso ocorre há interesse em saber qual a curva característica resultante da associação,
conhecidas as curvas características dos bipolos associados. Essa curva resultante é a curva
resultante de um bipolo equivalente à associação. Mostraremos a seguir como obter essa curva.
41
Capítulo 6. Experiência 6: Associação Gráfica de Bipolos 42
V1 = V 2 = V e I1 + I2 = I. (6.1)
V B1 B2
(a) (b)
I1 V
B1
I I
I2 V V P
B2
0 I1 I 2 I1 I 2 I
Figura 6.2: (a) Bipolos B1 e B2 em paralelo; (b) Estudo gráfico da associação em paralelo.
A análise das Equações 6.1 nos permite estabelecer um método gráfico para o estudo da
associação em paralelo que nos permitirá determinar sua curva característica a partir das
curvas características de cada um dos bipolos associados. Para isso observe a Figura 6.2(b),
onde são mostradas as curvas do bipolos linear B1 e não linear B2 . Observe nessa figura que,
para um mesmo potencial V , podemos retirar as correntes I1 e I2 relativas aos bipolos B1 e
B2 , respectivamente. Se as medidas de I1 e I2 forem somadas, obtemos a abcissa do ponto da
associação em paralelo que em conjunto com o potencial escolhido V define o ponto P . Se esse
processo for repetido para diferentes valores do potencial obteremos um sucessão de pontos P , os
quais, unidos determinam a curva característica da associação.
I1 = I2 = I e V1 + V2 = V . (6.2)
A análise das Equações 6.2 nos permite estabelecer um método gráfico para o estudo da
associação em série que nos permitirá determinar sua curva característica a partir das curvas
características de cada um dos bipolos associados. Para isso observe a Figura 6.3(b), onde são
mostradas as curvas do bipolos linear B1 e não linear B2 . Observe nessa figura que, para uma
mesma corrente I, podemos retirar as tensões V1 e V2 relativas aos bipolos B1 e B2 , respectivamente.
Se as medidas de V1 e V2 forem somadas, obtemos a ordenada do ponto da associação em série
que em conjunto com a corrente escolhida I define o ponto P mostrado na figura. Se esse processo
for repetido para diferentes valores de corrente obteremos um sucessão de pontos P , os quais,
Capítulo 6. Experiência 6: Associação Gráfica de Bipolos 43
V B1 B2
(a) (b)
P
V1 V2
V1 V2 V1
I I
B1 B2
V2
0 I I
Figura 6.3: (a) Bipolos B1 e B2 em série; (b) Estudo gráfico da associação em série.
+ mA
+
V 470Ω V
V (V) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
I(mA)
+ mA
+
V 12V/1W V
V (V) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
I(mA)
(c) Agora monte o circuito mostrado na Figura 6.6, isto é, a associação em paralelo dos bipolos
B1 e B2 e levante a curva característica da associação, isto é, considerando os dois bipolos
equivalentes a um único dispositivo. Preencha a tabela.
(d) Por fim, monte o circuito mostrado na Figura 6.7, isto é, a associação em série dos bipolos B1
e B2 e levante a curva característica da associação, preenchendo a tabela.
Capítulo 6. Experiência 6: Associação Gráfica de Bipolos 45
+ mA
+
V 470Ω 12V/1W V
V (V) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
I(mA)
+ mA
12V/1W
+
V V
470Ω
V (V) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
I(mA)
6.3 Exercícios
1. Com os valores obtidos nas Tabelas dos itens (a), (b) e (c), utilizando papel milimetrado,
construa os gráficos de V = f (I) para o resistor, para a lâmpada e para sua associação em
paralelo. Faça os gráficos no mesmo conjunto de eixos para efeitos de comparação.
2. Repita o procedimento do Exercício 1 com os dados dos itens (a), (b) e (d).
• Protoboard.
• Observar o efeito Joule.
• Multímetro digital.
• Relacionar a potência com as dimensões
físicas do resistor. • Fonte variável de tensão contínua.
∆E
P = = V I. (7.1)
∆t
Utilizando a definição de potência elétrica juntamente com a lei de Ohm, obtemos outras duas
relações usuais para resistores, isto é,
V2
P = e P = RI 2 . (7.2)
R
O efeito térmico produzido pela geração de potência é aproveitado por inúmeros dispositivos, tais
como chuveiro elétrico, secador, ferro elétrico, soldador, etc. Esses dispositivos são constituídos
basicamente por resistências que, alimentadas por tensões e, consequentemente, percorridas por
correntes elétricas transformam energia elétrica em térmica.
47
Capítulo 7. Experiência 7: Potência Elétrica em Resistores 48
+ mA
V 100Ω/1W
V (V) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
I(mA)
P(mW)
(b) Troque o resistor no circuito da Figura 7.1 por um de 100Ω/5W e repita o procedimento,
preenchendo a Tabela abaixo.
V (V) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
I(mA)
P(mW)
(c) Monte o circuito da Figura 7.3 e anote os valores de tensão e corrente em cada resistor na
Tabela ao lado.
100Ω/1W
10V 100Ω/1W 100Ω/5W
100Ω/5W
(d) Verifique o aquecimento dos dois resistores. Anote o que foi observado.
7.3 Exercícios
1. Com os valores obtidos nas Tabelas dos itens (a) e (b), utilizando papel milimetrado, construa
os gráficos de P = f (I) para cada resistor.
2. Por que o resistor de 100Ω/1W aqueceu mais que o resistor de 100Ω/5W na experiência?
3. Um resistor de fio quando percorrido por uma corrente de 100mA, dissipa uma potência de
5W. Determine a nova potência quando ele for submetido a uma tensão igual ao dobro da
aplicada anteriormente.
4. Para o circuito mostrado na Figura 7.4, determine o valor da tensão da fonte, sabendo que o
resistor se encontra no limite de sua potência e que a leitura do miliamperímetro é de 50mA.
+ mA
V 1kΩ/2,5W
50
Capítulo 8. Experiência 8: Estudo dos Bipolos Geradores 51
I (a) (b)
V
Ri VS
V
VS
0 VS I
I CC
Ri
Figura 8.1: (a) Gerador real de tensão; (b) Curva da tensão em um gerador real.
−V − Ri I + VS = 0 (8.1)
tal que,
V = V S − Ri I (8.2)
(a) I (b)
P
VS2
PM
4 Ri Ri
RL
VS
0 VS VS I
2 Ri Ri
Figura 8.2: (a) Curva da potência de um gerador real de tensão; (b) Estudo de carga ligada no
gerador.
Pelo gráfico da potência, é possível notar que a potência atinge seu valor máximo quando
VS
I= , (8.5)
2Ri
isto é, 2
VS2
VS VS
PM = VS − Ri = . (8.6)
2Ri 2Ri 4Ri
Além disso, quando analisamos melhora a equação da potência do gerador, podemos ver que
existe uma potência nominal gerada (Pg ) e uma potência perdida na resistência interna (Pp ), isto é,
Pg = V S I e Pp = R i I 2 , (8.7)
sendo a potência útil (Pu ) definida como Pu = Pg − Pp . Isso nos permite determinar o rendimento
percentual do gerador como,
VS I − Ri I 2
Pu Ri I
η= · 100 = · 100 = 1− · 100. (8.8)
Pg VS I VS
Outra questão importante é a máxima transferência de potência do gerador para uma carga.
Sendo assim, consideremos o circuito mostrado na Figura 8.2(b). A pergunta de interesse é a
seguinte: Qual deve ser o valor de RL para que a potência transferida pelo gerador para a carga
seja máxima?
Capítulo 8. Experiência 8: Estudo dos Bipolos Geradores 53
VS
I= (8.9)
Ri + RL
VS
e como a potência máxima PM ocorre quando I = , devemos ter que
2Ri
RL = Ri , (8.10)
isto é, para que tenhamos a máxima transferência de potência entre a fonte e a carga, devemos
ter que o valor da resistência da carga RL deve ser o mesmo da resistência interna do gerador Ri .
Esse é um resultado importante e explica o motivo da necessidade dos chamados casamentos de
impedâncias entre dois circuitos.
Capítulo 8. Experiência 8: Estudo dos Bipolos Geradores 54
+ mA
100Ω
+
1kΩ V VS(V)
10V
R(Ω) 1000 900 800 700 600 500 400 300 200 100 0
I(mA)
V(V)
(b) Troque o resistor de 100Ω no circuito da Figura 8.3 por um de 1kΩ e repita o procedimento,
preenchendo as Tabelas abaixo.
VS(V)
R(Ω) 1000 900 800 700 600 500 400 300 200 100 0
I(mA)
V(V)
Observação: Os resistores de 100Ω e 1kΩ irão simular a resistência interna do gerador, pois
uma fonte estabilizada como a disponível na mesa analógica, dentro de uma faixa de corrente,
comporta-se como um gerador ideal.
Capítulo 8. Experiência 8: Estudo dos Bipolos Geradores 55
(c) Substitua novamente o resistor de 1kΩ pelo resistor de 100Ω e, variando a resistência do
potenciômetro, anote os valores de tensão e corrente na Tabela abaixo. Além disso, calcule a
potência e o rendimento do gerador.
I(mA)
V(V)
P(mW)
η(%)
8.3 Exercícios
1. Com os valores obtidos nas Tabelas dos itens (a) e (b), utilizando papel milimetrado, construa
as curvas características dos geradores V = f (I) para ambos os casos.
4. Com os dados obtidos no item (c), construa a curva da potência em função da corrente,
isto é, P = f (I) para o gerador. Determine graficamente a potência máxima que pode ser
transferida pelo gerador e a corrente de curto-circuito. Qual o valor da carga para que a
potência transferida seja máxima?
5. Determine a equação do gerador mostrado no circuito da Figura 8.6(a), sabendo que, estando
a chave na posição 1, o voltímetro indica 9V e o miliamperímetro 600mA, e quando na posição
2, o voltímetro indica 9,6V e o miliamperímetro 480mA.
7. Um gerador em vazio apresenta uma tensão de saída igual a 15V. Quando ligamos aos
terminais deste gerador uma lâmpada de 6W ela consome uma corrente de 500mA. Escreva
a equação desse gerador.
Ri
+ +
1 2 0,6
VS V VS 33Ω 12Ω V
22Ω
15Ω 20Ω
22Ω
V V
I= = e Vx = R2 I, (9.1)
RT R1 + R 2
tal que,
R2
Vx = V = αV , (9.2)
R 1 + R2
R2
com α = . Note que, como α < 1, Vx é uma fração de V , isto é, (Vx < V ). Ajustando-se
R1 + R 2
57
Capítulo 9. Experiência 9: Estudo dos Divisores de Tensão 58
I I
(a) (b)
R1 R1
IL
V V I2
R2 Vx R2 Vx RL
Figura 9.1: Divisor de tensão: (a) sem carga e (b) com carga RL .
V = V1 + V2 (9.3)
V1 = V − Vx (9.4)
ou
R1 I = V − Vx (9.5)
e
V − Vx
I= . (9.6)
R1
Além disso, temos que
I = I2 + IL (9.7)
e
V2 Vx
I2 = = . (9.8)
R2 R2
Substituindo as Equações (9.6) e (9.8) em (9.7) temos
V − Vx Vx
= + IL (9.9)
R1 R2
Capítulo 9. Experiência 9: Estudo dos Divisores de Tensão 59
R2 R1 R2
Vx = V − IL = αV − αR1 IL . (9.10)
R1 + R 2 R1 + R2
Verifica-se pela Equação (9.10) que Vx é agora uma função da corrente de carga IL solicitada
pelo dispositivo, ou o que é a mesma coisa, Vx é uma função da resistência de carga RL , isto é,
da resistência do dispositivo que é alimentado pelo divisor de tensão. Além disso, comparando a
Equação (9.10) com (9.2) verifica-se o termo −αR1 IL como adicional e relativo à adição da carga. A
Equação (9.10) deve ser utilizada nos casos de projetos de divisores de tensão resistivos.
Tomemos um exemplo prático: suponhamos que o dispositivo a ser alimentado pelo divisor
de tensão seja um rádio simples. A corrente solicitada por ele não é constante, pois varia em
função do volume com que é ouvido (mais volume, mais corrente) bem como da frequência dos
sons produzidos (frequências mais baixas - mais graves - exigem maior corrente). Isso significa
que IL varia (o que equivale a variar RL ) e, consequentemente, Vx que alimenta o rádio varia,
prejudicando seu funcionamento. Portanto, o divisor de tensão resistivo não se constitui num
sistema ideal para a redução de tensão.
Façamos um estudo mais formal do divisor de tensão. Para isso, consideremos o circuito
abaixo noas quais as resistências divisoras (R1 e R2 ) são substituídas por um potenciômetro, isto
é, um resistor de resistência variável continuamente e cuja resistência é variada deslizando-se um
cursor sobre uma película de material resistivo, localizado entre os pontos A e C de resistência
total RT = R1 + R2 . O potenciômetro é representado pelo esquema mostrado na Figura 9.2(a).
Observe que R2 é uma fração x da resistência total R e R1 é a resistência complementar.
I
A (a) (b)
A
R1 R1
IL
K
R B V B
R2 xR R2
Vx RL
I2 C
C
Figura 9.2: (a) Potenciômetro ampliado e (b) circuito divisor de tensão com potenciômetro.
V = R 1 I + R2 I 2 (9.13)
e
Vx = R2 I 2 = RL I L . (9.14)
Vx Vx
I2 = = . (9.17)
R2 xRT
Vx = (V − RT IL ) x + RT IL x2 , (9.18)
Vx = xV . (9.19)
Pela Figura 9.2(b) essa situação é obtida abrindo-se o circuito de alimentação da carga através
da chave K. Tem-se então a situação descrita inicialmente no qual estudamos o divisor de tensão
sem carga. O comportamento é linear, como mostra a Figura 9.3.
V
2) Caso IL < :
RT
Neste caso, o coeficiente linear da parcela linear da Equação (9.18) é positivo, isto é, V − RT IL >
0 e o termo linear que se soma ao quadrático é crescente, como mostrado na Figura 9.4(a).
V
3) Caso IL > :
RT
Neste caso, V − RT IL < 0 e o termo linear da Equação (9.18) é decrescente a partir de zero,
como mostra a Figura 9.4(b). É importante observar na Figura 9.4(b) que a região compreendida
entre a origem e o ponto A não tem significado físico, pois corresponde a uma tensão negativa
que não pode ocorrer nesta situação prática. Em vários outros caso dentro da Engenharia são
Capítulo 9. Experiência 9: Estudo dos Divisores de Tensão 61
Vx xV
Vx
0 x 1
utilizadas tensões negativas em relação a uma determinada referência como, por exemplo, em
fontes simétricas para alimentar amplificadores operacionais. Por outro lado, nesta situação
envolvendo um divisor de tensão resistivo, não há sentido uma tensão negativa.
V V
(a) Vx (b)
RT I L x2 Vx
Vx Vx
V RT I L x
A
RT I L x2 V RT I L x
0 x 1 0 x 1
V V
Figura 9.4: Tensão de saída do divisor de tensão caso: (a) Caso IL < e (b) Caso IL > .
RT RT
Capítulo 9. Experiência 9: Estudo dos Divisores de Tensão 62
RT = R1+R2
R1
K
IL
B
12V RT 1k + mA
+
R2
V RL 10k
I2 C
Observação: Utilize um potenciômetro de 10kΩ como carga para que RL possa ser variada ao
longo da experiência, variando assim a corrente de carga IL . Faremos o estudo experimental
das três situação abordadas na teoria.
1a Situação IL = 0:
(b) A corrente de carga é nula quando a resistência de carga é infinita, o que equivale a manter o
circuito aberto. Mantenha então a chave K aberta para obter-se IL = 0 e varie x desde 0 (0%)
até 1 (100%) anotando, em cada caso, o valor de Vx lido no voltímetro, preenchendo a Tabela
da Figura 9.6.
V
2a Situação IL < :
RT
V
(c) Considerando os valores de V e RT , calcule I = e anote Tabela da Figura 9.7.
RT
V
I
RT
(d) Feche a chave K para colocar RL no circuito e ajuste seu valor para que a corrente IL seja
V V
menor que I = . Adote um valor próximo de 30% de . Anote na Tabela da Figura 9.8
RT RT
I L 0,3I
(e) Varie x de 1 a 0 sempre ajustando a resistência de carga RL para que a corrente IL na carga
seja o valor anotado no item anterior. Anote Vx na Tabela da Figura 9.9.
V
3a Situação IL > :
RT
V
(e) No item (c) obtivemos o valor de I = . Devemos agora fazer com que IL seja maior que
RT
esse valor. Com a chave K fechada, ajuste RL para que a corrente na carga seja 30% maior
que I e preencha a Tabela da Figura 9.10.
(f) Varie então x de 1 a 0 sempre ajustando a resistência de carga RL para que a corrente IL na
carga seja o valor anotado no item anterior. Anote os valores de Vx na Tabela da Figura 9.11.
Capítulo 9. Experiência 9: Estudo dos Divisores de Tensão 64
I L 1,3I
9.3 Exercícios
1. Com os valores obtidos nas Tabelas dos itens (b), (e) e (f), utilizando papel milimetrado ou
software, construa os gráficos de Vx = f (x) para cada caso.
4mA
V1 R1
20V
R2 V2
3. Projete um circuito divisor de tensão que permita o uso de uma lâmpada de 8V e 50mA em
um sistema automotivo alimentado com 12V. Qual a especificação de potência mínima do
resistor calculado se os valores disponíveis são 1/4W, 1/2W e 1W? Dica: Utilize a Equação
(9.10).
Capítulo 9. Experiência 9: Estudo dos Divisores de Tensão 65
10V
R2=2,2kΩ
(b) Monte o circuito mostrado na Figura 9.14 e anote os valores de VBC mínimo e máximo na
tabela ao lado.
10V
RP=1kΩ B
(c) Monte o circuito mostrado na Figura 9.15 e anote os valores de tensão e corrente na carga
na tabela ao lado.
20V
330Ω 12V/1W
9.5 Exercícios
1. No item (a), calcule os valores de V R1 e V R2 e termine de preencher a tabela.
Capítulo 9. Experiência 9: Estudo dos Divisores de Tensão 66
3. No item (c), calcule o valor da potência da lâmpada (PRL ) com os valores obtidos para a tensão
(VRL ) e corrente (IRL ).
4. Determine a leitura do voltímetro para o circuito mostrado na Figura 9.16(a) com a chave K:
(i) aberta e (ii) fechada.
(a) (b)
330Ω
2,2kΩ
A
K B
20V 14V 220Ω
+ C +
V 3,3kΩ 1,8kΩ V
150Ω
• Multímetro digital.
• Compreender a importância do circuito
em aplicações de instrumentação. • Fonte variável de tensão contínua.
V V
I1 = e I2 = , (10.1)
R 1 + R2 R3 + R 4
tal que,
R2 R3
V2 = R2 I 1 = V e V3 = R3 I 2 = V. (10.2)
R1 + R 2 R3 + R 4
67
Capítulo 10. Experiência 10: A Ponte de Wheatstone 68
I2 I1
R4 R1
Ix
V + V
R3 V3 V2 R2
Para que tenhamos equilíbrio, isto é, para que Ix = 0, devemos ter que V2 = V3 , ou seja,
R2 R3
V = V (10.3)
R1 + R2 R 3 + R4
R2
R3
R4
R5
100Ω Rx
5V + mV
150Ω 1kΩ
(c) Coloque no lugar de Rx os outros três resistores disponíveis, ajuste o valor do potenciômetro
de forma a obter tensão nula no voltímetro e preencha a Tabela da Figura 10.4.
RB
RC
10.3 Exercícios
1. Calcule o valor de Rx na Tabela do item (c), notando que
100R2
Rx = ,
150
notando que R2 é o valor da resistência do potenciômetro que faz com que a tensão no
voltímetro seja nula. Em seguida calcule o erro percentual entre os valores de Rx medido
pela ponte de Wheatstone e pelo multímetro digital.
3. Calcule o valor de Rx no circuito mostrado na Figura 10.5(a), sabendo que a ponte está no
equilíbrio e o cursor do potenciômetro está no ponto médio.
V + µA 10V A + µA B
10Ω Rx Rx 300Ω
C C C
Figura 11.1: Símbolo dos capacitores: (a) Fixo despolarizado; (b) Fixo polarizado (eletrolítico); (c)
Variável.
Quando um capacitor é submetido a uma tensão V , aparece uma corrente elétrica que persiste
até que a diferença de potencial entre as placas seja igual ao potencial aplicado. Com isso, certa
quantidade de cargas elétricas negativas (−Q) é armazenada em uma das superfícies condutoras e
71
Capítulo 11. Experiência 11: Estudo do Capacitor em Corrente Contínua 72
para atender ao equilíbrio eletrostático, a outra superfície fica carregada positivamente com +Q,
como mostra a Figura 11.2. Dessa forma, dizemos que o capacitor armazena carga elétrica.
Q
V Dielétrico
Q
A experiência mostra que a quantidade de carga armazenada em uma das placas do capacitor
é diretamente proporcional à tensão aplicada, isto é,
Q∝V, (11.1)
Q = CV . (11.2)
Se a tensão no capacitor não variar, isto é, se for contínua, haverá corrente elétrica somente
até o capacitor carregar. Após isso, não haverá corrente elétrica e o capacitor se comportará como
um circuito aberto. Por outro lado, se a tensão nos terminais do capacitor variar, haverá variação
da carga acumulada nas superfícies condutoras, ou seja,
e, nesse caso, surgirá uma corrente elétrica permanente. De fato, derivando a Equação (11.3)
temos que
dq dv
=C (11.4)
dt dt
e como,
dq
i (t) = (11.5)
dt
temos que,
dv
i (t) = C , (11.6)
dt
cuja relação inversa é
1
Z
v (t) = i (t) dt, (11.7)
C
cujos limites de integração dependem da situação prática estudada. Perceba que, devido à
integral, a Equação (11.7) mostra que a tensão no capacitor depende do histórico da corrente.
Dizemos nesse caso, que o capacitor é um componente que tem memória (no sentido de armazenar
informação), uma propriedade muitas vezes explorada em circuitos eletroeletrônicos.
Capítulo 11. Experiência 11: Estudo do Capacitor em Corrente Contínua 73
Os capacitores armazenam energia no campo elétrico existente entre suas placas. Para
verificarmos isso, lembremos que a potência é a taxa de variação de energia, isto é,
dw
p (t) = (11.8)
dt
ou Z Z
w (t) = p (t) dt = v (t) i (t) dt. (11.9)
1
W = CV 2 . (11.11)
2
Essa energia pode ser recuperada, visto que um capacitor ideal não pode dissipar energia. De
fato, a palavra capacitor deriva da capacidade desse bipolo de armazenar energia em um campo
elétrico.
i t
A S (a)
B
i t (b) vC t (c)
vR t
V
R V
R
V
C vC t
0 4 t 0 4 t
Figura 11.3: (a) Circuito de carga do capacitor; (b) Corrente i(t) no circuito; (c) Tensão vC (t) no
capacitor.
Para resolver essa equação, o primeiro passo é derivá-la para eliminar a integral, isto é,
di 1
R + i=0 (11.13)
dt C
ou
di
RC + dt = 0. (11.14)
i
Integrando a Equação (11.14) temos que
RC ln |i| + t = k1 , (11.15)
tal que a constante k = ek1 /RC depende de alguma condição inicial. Analisando o circuito e com
base no que foi discutido, no instante em que a chave é fechada, a corrente é máxima, isto é,
V
i (0) = (11.17)
R
V
e isso nos leva que k = e, consequentemente,
R
V −t/RC
i (t) = e . (11.18)
R
cujo gráfico é mostrado na Figura 11.3(b). Além disso, a tensão no capacitor vC (t) pode ser obtida
por
vC (t) = V − vR (t) = V − Ri (t) = V − V e−t/RC = V 1 − e−t/RC , (11.19)
V C C C
[RC] = [R] [C] = = = = s. (11.20)
AV A C
s
Convencionamos que o capacitor carrega quando decorre quatro constantes de tempo. Sendo
assim, definimos o tempo de acomodação do circuito Ts como
Ts = 4τ . (11.21)
Note que, decorrido Ts , a tensão no capacitor será vC (Ts ) = V 1 − e−4 = 0, 98V , isto é, 98%
do valor final V . Dizemos que para t > Ts o capacitor está em regime estacionário, ao passo que
para t < Ts ele se encontra no chamado regime transitório. Alguns autores definem o tempo de
acomodação como 5τ , tal que, vC (5τ ) = V 1 − e−5 = 0, 99V .
Capítulo 11. Experiência 11: Estudo do Capacitor em Corrente Contínua 75
Estando o capacitor carregado com uma carga Q0 , automaticamente ele possuirá uma diferença
de potencial entre seus terminais. Nessa situação, caso mudemos a posição da chave S para a
posição B, após transcorrido o tempo de acomodação, isto é, após a carga do capacitor, ele entrará
em processo de descarga. Com isso, a diferença de potencial entre os terminais do capacitor irá
provocar o aparecimento de uma corrente sobre o resistor e dizemos que o capacitor se descarrega
sobre o resistor. Quanto maior o valor de R, mais tempo o capacitor leva para descarregar, visto
que a corrente elétrica será menor.
Analisando a Figura 11.3(a) no processo de descarga, isto é, com a chave na posição B após
o processo de carga, isto é, após Ts na posição A, aparece uma corrente i(t), conforme mostra a
Figura 11.4(a). Aplicando o LKT sobre o circuito, temos que
1
Z
Ri (t) + i (t) dt = 0. (11.22)
C
i t (a)
i t (b) vC t (c)
vR t
V
R V
R
C vC t
0 4 t 0 4 t
Figura 11.4: (a) Descarga do capacitor; (b) Corrente i(t) no circuito; (c) Tensão vC (t) no capacitor.
V −t/τ
i (t) = e (11.23)
R
e, consequentemente,
vC (t) = Ri (t) = V e−t/τ . (11.24)
Os gráficos de i(t) e vC (t) na situação de descarga são mostrados nas Figuras 11.4(b) e 11.4(c),
respectivamente.
Uma situação trivial para compreender a descarga de capacitores está nos vários carregadores
de baterias de celulares, notebooks, tablets, etc. Nesses carregadores há, em geral, um LED
indicador de funcionamento. Quando se termina de carregar o dispositivo e retiramos o carregador
da tomada, notamos que leva um tempo até que o LED se apague. Isso mostra que dentro do
carregador há capacitores que entram em processo de descarga ao ser removida a alimentação.
v1 t v2 t v3 t (a) i t (b)
i t
i1 t i2 t i3 t
C1 C2 C3 v t C1 C2 C3
v t
tal que
1 1 1 1
= + + (11.26)
Ceq C1 C2 C3
e
1
Ceq = (11.27)
1 1 1
+ +
C1 C2 C3
lembrando que o capacitor equivalente é aquele que substitui a associação. Para N capacitores
em série, o cálculo da capacitância equivalente se torna
1
Ceq = N
. (11.28)
X 1
i=1
Ci
dv dv dv dv
i (t) = i1 (t) + i2 (t) + i3 (t) = C1 + C2 + C3 = (C1 + C2 + C3 ) =
dt dt dt dt
(11.29)
dv
= Ceq
dt
tal que,
Ceq = C1 + C2 + C3 . (11.30)
N
X
Ceq = Ci . (11.31)
i=1
Capítulo 11. Experiência 11: Estudo do Capacitor em Corrente Contínua 77
A
B S
100kΩ
12V
+
220µF/25V V
VC (V) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
t(s)
(c) Agora, com o capacitor carregado, altere novamente a chave S para a posição B e preencha o
quadro da Figura 11.8.
VC (V) 12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0
t(s)
11.3 Exercícios
1. Com os valores obtidos na experiência, construa os gráficos VC = f (t) para a carga (item (b))
e a descarga (item (c)) do capacitor.
5. Calcule o intervalo de tempo necessário para que o capacitor do circuito mostrado na Figura
11.9(a) se carregue com uma tensão igual a 8V, após acionada a chave S.
I S
10kΩ
10V 6V 1kΩ
470µF 330µF
6. Calcule o valor da corrente I indicada no circuito da Figura 11.9(b), após decorridos 40s do
acionamento da chave S.
79
Capítulo 12. Experiência 12: Estudo do Indutor em Corrente Contínua 80
(a) (b)
Figura 12.1: Tipos de indutores básicos: (a) solenoides e (b) toroides. Em pontilhado temos as
linhas de campo magnético.
dφ
v (t) = N . (12.2)
dt
di
v (t) = L (12.3)
dt
em joules (J).
Em CC,
1 2
W = LI . (12.6)
2
i t
A S (a)
B
i t (b) vL t (c)
V
R vR t V
R
V
L vL t
0 4 t 0 4 t
Figura 12.3: (a) Circuito de carga do indutor; (b) Corrente i(t) no circuito; (c) Tensão vL (t) no
indutor.
ou
di
L + Ri = V . (12.8)
dt
Resolvendo essa equação de forma similar ao que foi feito para o capacitor na experiência
anterior, chegamos a
V
i (t) = 1 − e−t/τ , (12.9)
R
sendo
L
τ= (12.10)
R
a constante de tempo do circuito. O gráfico de i(t) é mostrado na Figura 12.3(b). Passadas quatro
constantes de tempo é encerrado o regime transitório e o circuito entra em regime estacionário,
isto é, o tempo de acomodação do circuito, assim como no caso do capacitor é Ts = 4τ . Note que
após o transitório, a corrente do circuito para a ser V /R, isto é, o indutor passa a funcionar como
um curto circuito.
A tensão vL (t) no indutor pode ser calculada por
uma diferença de potencial entre os terminais do indutor e irá provocar o aparecimento de uma
corrente sobre o resistor e dizemos que o indutor se descarrega sobre o resistor. Quanto maior o
valor de R, mais tempo o indutor leva para descarregar, visto que a corrente elétrica será menor.
Analisando a Figura 12.3(a) no processo de descarga, isto é, com a chave na posição B após
o processo de carga, isto é, após Ts na posição A, aparece uma corrente i(t), conforme mostra a
Figura 12.4(a). Aplicando o LKT sobre o circuito, temos que
di
Ri + L = 0. (12.12)
dt
i t (a)
i t (b) vL t (c)
vR t
V
R V
R
L vL t
0 4 t 0 4 t
Figura 12.4: (a) Descarga do indutor; (b) Corrente i(t) no circuito; (c) Tensão vL (t) no indutor.
V −t/τ
i (t) = e (12.13)
R
e, consequentemente,
vL (t) = Ri (t) = V e−t/τ . (12.14)
Os gráficos de i(t) e vL (t) na situação de descarga são mostrados nas Figuras 12.4(b) e 12.4(c),
respectivamente.
No fundo, indutores e capacitores possuem um processo de carga e descarga em corrente
contínua muito similares, alterando somente a fonte de onde vem a energia. Nos capacitores a
fonte de energia é elétrica e nos indutores é magnética. Além disso, eles possuem comportamentos
distintos quando em regime estacionário, isto é, após Ts = 4τ segundos. Em regime estacionário, os
capacitores se comportam como circuitos abertos, ao passo que os indutores como curto circuitos.
v1 t v2 t v3 t (a) i t (b)
i t
i1 t i2 t i3 t
v t
L1 L2 L3
L1 L2 L3
v t
di di di di
v (t) = v1 (t) + v2 (t) + v3 (t) = L1 + L2 + L3 = (L1 + L2 + L3 )
dt dt dt dt
(12.15)
di
= Leq
dt
tal que
Leq = L1 + L2 + L3 . (12.16)
N
X
Leq = Li , (12.17)
i=1
lembrando que o indutor equivalente é aquele que substitui a associação como um todo.
No caso de três indutores em paralelo (Figura 12.5(b)), temos que
1 1 1
Z Z Z
i (t) = i1 (t) + i2 (t) + i3 (t) = i (t) dt + i (t) dt + i (t) dt =
L1 L2 L3
(12.18)
1 1 1 1
Z
R
= + + i (t) dt = i (t) dt
L1 L2 L3 Leq
tal que,
1 1 1 1
= + + (12.19)
Leq L1 L2 L3
e
1
Leq = . (12.20)
1 1 1
+ +
L1 L2 L3
Generalizando, para N indutores em paralelo, o cálculo da indutância equivalente se torna
1
Leq = N
. (12.21)
X 1
i=1
Li
Capítulo 12. Experiência 12: Estudo do Indutor em Corrente Contínua 84
470Ω
5Vpp
10mH
10kHz
(b) Com a ajuda do osciloscópio, meça e construa um esboço cotado das formas de onda da
tensão no indutor e no resistor. Anote também os valores de pico a pico das tensões nos
componentes, conforme a tabela mostrada na Figura 12.7.
(c) Substitua o resistor de 470Ω por um de 1kΩ e preencha do quadro da Figura 12.8.
(d) Substitua o resistor de 1kΩ por um de 2,2kΩ e preencha do quadro da Figura 12.9.
Capítulo 12. Experiência 12: Estudo do Indutor em Corrente Contínua 85
12.3 Exercícios
1. Para os circuitos dos itens (b), (c) e (d), calcule as constantes de tempo e os respectivos
tempos de acomodação.
2. Explique as diferenças entre as formas de onda de tensão no indutor, nos três casos
experimentais estudados.
4H 6H
A
6H
6H
3H 6H 6H
2H
B A B
87