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FATEC-SP FACULDADE DE TECNOLOGIA DE SÃO PAULO

MPCE - MATERIAIS PROCESSOS E COMPONENTES ELETRÔNICOS

CHRISTOS ARISTÓTELES HARISSIS

Monitoração de buchas de alta e extra-alta


tensão através da medição
de correntes de fuga

São Paulo
2007
2

CHRISTOS ARISTÓTELES HARISSIS

Monitoração de buchas de alta e extra-alta


tensão através da medição
de correntes de fuga

Trabalho de conclusão de curso apresentado à


Faculdade de Tecnologia de São Paulo para a
obtenção do título de Tecnólogo em Materiais,
Processos e Componentes Eletrônicos.

Área: Materiais Processos e Componentes


Eletrônicos.

Orientador: Roberto Katsuhiro Yamamoto.

São Paulo
2007
3

Dedico este trabalho aos meus filhos, Vítor e Aline, a maior


motivação do meu empenho, frutos e objeto do meu amor; à minha
querida esposa, Maura, minha outra metade, incansável parceira
nessa jornada, e àquela cuja simples designação expressa tudo o que
significa para mim: à Dona Evangélia, minha mãe.
4

AGRADECIMENTOS

Antes e acima de tudo, àquele a quem minha gratidão, embora nem sempre explícita, é
constante, por todos os dias vividos e por tudo o que deles advém: a Deus!

À minha família e amigos próximos, pela compreensão e apoio durante o curso.

De forma especial, à minha esposa, pelo incentivo e cumplicidade contínuos desde o início
do curso.

Ainda dentro da minha família, à minha irmã, Virgínia, e minha mãe, que estão entre os
grandes heróis anônimos dos bastidores sem os quais as batalhas não seriam vencidas. Este
tem sido um dos papéis desempenhados por ambas em nossas vidas e, por isso, minha mais
terna gratidão.

Ao Eduardo Pedrosa, diretor da empresa em que trabalho (Treetech Sistemas Digitais), por
adotar como meta principal da mesma o desenvolvimento das pessoas que a compõem. No
que diz respeito especificamente a mim, pela indicação do curso e pela confiança,
cumplicidade e incentivo durante a realização do mesmo.

Ao Marcos Alves, meu supervisor dentro da empresa e amigo, pelo apoio durante o curso e
suporte técnico essencial para este projeto.

Ao professor Roberto Katsuhiro Yamamoto, pela presteza e eficiência com que me orientou
na realização deste trabalho.
5

"Tenha em mente que tudo que você


aprende na escola é trabalho de muitas
gerações. Receba essa herança, honre-a,
acrescente a ela e, um dia, fielmente,
deposite-a nas mãos de seus filhos”.
Albert Einstein
6

RESUMO

HARISSIS, Christos A. Monitoração de buchas de alta e extra-alta tensão através da


medição de correntes de fuga. 2007. 45 f. Trabalho de conclusão de curso (Tecnologia em
Materiais, Processos e Componentes Eletrônicos) - Faculdade de Tecnologia de São Paulo,
São Paulo, 2007.

Foi proposta a monitoração online do dielétrico de buchas de transformadores e


equipamentos similares em subestações elétricas como alternativa às inspeções convencionais,
que são executadas em intervalos predeterminados e necessitam do desligamento desses
equipamentos. O estudo dos processos de degradação dos dielétricos mostrou que em todos
os casos ocorre aumento ou defasagem das correntes de aterramento das buchas, de forma a
permitir que sejam utilizadas como parâmetros para a monitoração proposta. Após terem sido
criadas técnicas para tornarem o método independente de efeitos provocados por outras
variáveis sobre essas correntes e, ao mesmo tempo, manter as medidas destas suficientemente
sensíveis à degradação do dielétrico, definiram-se as especificações técnicas do equipamento a
exercer tal monitoramento e procedeu-se ao projeto do mesmo. Também foram consideradas
as normas aplicáveis de compatibilidade eletromagnética (EMC) e de suportabilidade às
condições ambientais de operação. Foram feitos testes preliminares em bancada nos protótipos
e, após alguns ajustes do hardware e do firmware, os mesmos foram instalados em situações
reais de operação. Posteriormente, alguns dos equipamentos do lote piloto também foram
instalados em campo. Os resultados desses testes indicaram que o método proposto funcionou
plenamente: as medidas referentes a dielétricos que se mantiveram em condição normal foram
estáveis e independentes de outras variáveis; por outro lado, naqueles que apresentaram
princípio de falha, tais medidas permitiram que os equipamentos informassem o problema a
tempo de se programar o desligamento e a manutenção do transformador.

Palavras-chave: buchas, alta tensão, monitoração online, projeto eletrônico.


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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 2-1 . Desenho esquemático da construção de buchas


condensivas............................................................................................13
Figura 2-2. Fragmento do polímero de celulose......................................15
Figura 2-3. Estabilidade térmica do dielétrico com diferentes campos
aplicados.................................................................................................22
Figura 2-4. Diagrama dos processos de degradação do dielétrico
estudados. As setas indicam a influência de um processo em outro, como
por exemplo: a hidrólise é promovida pela presença de água e pelo
aquecimento; por sua vez, produz íons (OH-) que aumentam as perdas
dielétricas, aumentando ainda mais o aquecimento e a tendência a
provocar curto-circuito entre camadas condutivas; isso aumenta o campo
elétrico em outras camadas, que, por si só, intensifica novamente as
perdas e a referida tendência, até a falha total. Como se pode ver, muitos
outros processos e realimentações positivas ocorrem simultaneamente e
interagem entre si...................................................................................24
Figura 2-5. Circuito equivalente do dielétrico da bucha baseado na Figura
2-1, incluindo o gerador de alta tensão (transformador), a resistências
que representam as perdas Rp1 e Rp2 e a que representa o sensor de
corrente Rs..............................................................................................25
Figura 2-6. Simplificação do circuito representado na Figura 2-5............25
8

Figura 2-7. Diagrama fasorial de um sistema trifásico, onde Va, Vb e Vc


representam as tensões do sistema e, em outra escala, Ia, Ib e Ic
representam as correntes individuais de fuga. A título de exemplificação,
à esquerda é mostrada uma condição inicial e à direita a mesma
condição após certa variação na corrente Ia...........................................29
Figura 3-8. Diagrama de blocos funcional do Monitor de Buchas. ..........39
Figura 3-9. Vista frontal do Módulo de Medição do Monitor de Buchas.. .39
Figura 4-10. Medidas de capacitância e tanδ de três buchas na SE
Mesquita – [8]..........................................................................................44
Figura 4-11. Medida de capacitância na SE Serra de Mesa – Furnas [9].
................................................................................................................44
9

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO....................................................................................10
1.1 Objeto de estudo..........................................................................10
1.2 Objetivos, metodologia e apresentação........................................11
2 ESTUDOS PRELIMINARES...............................................................13
2.1 Construção das buchas condensivas...........................................13
2.2 Processos de degradação do dielétrico........................................15
2.3 Proposta para monitoração online................................................24
2.4 Especificações técnicas do monitor de buchas............................30
3 PROJETO PROPRIAMENTE DITO....................................................34
3.1 Hardware......................................................................................34
3.2 Firmware.......................................................................................39
3.3 Documentação técnica.................................................................40
4 TESTES E RESULTADOS..................................................................41
4.1 Testes preliminares (protótipos)....................................................41
4.2 Testes finais (lote piloto)...............................................................42
5 CONCLUSÕES...................................................................................45
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................46
ANEXO A – ENSAIOS DE TIPO.............................................................47

Observação: este documento foi escrito conforme as normas da Associação Brasileira de


Normas Técnicas (ABNT) em [1] e [2] e as recomendações adotadas pela USP, em [3].
10

1 INTRODUÇÃO

1.1 Objeto de estudo

O presente trabalho se propõe a estudar os conceitos relacionados ao processo de


degradação do dielétrico de buchas capacitivas e descrever o projeto do equipamento
construído para a monitoração contínua das mesmas, denominado “Monitor de Buchas”. Tal
projeto foi executado pelo aluno a serviço da empresa Treetech Sistemas Digitais
(www.treetech.com.br) durante os semestres finais do curso de Materiais, Processos e
Componentes Eletrônicos da Faculdade de Tecnologia de São Paulo.

As “buchas” a que o nome do equipamento se refere são componentes integrantes de


transformadores, reatores de derivação e disjuntores de alta tensão e extra-alta tensão,
utilizados em subestações de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica. Elas
conectam a parte interna desses equipamentos aos cabos de alta tensão e isolam essa conexão
do meio externo. De forma bastante simplificada, são “bastões” condutores envolvidos por
material de altíssima rigidez dielétrica. No tipo de buchas a serem tratadas aqui, condensivas,
amplamente utilizadas nas referidas subestações, esse material isolante é disposto em camadas
cilíndricas separadas por camadas condutoras cuja função é homogeneizar os campos elétricos
dentro do isolante. O último filme metálico (o mais externo) é aterrado, garantindo o potencial
neutro na carcaça da bucha, feita de porcelana. Neste documento, as mesmas deverão ser
referenciadas simplesmente como buchas.

A proposição do equipamento desenvolvido aqui é monitorar continuamente (online) o


estado do dielétrico dessas buchas. Esta é a parte mais crítica das mesmas no que diz respeito à
sua vida útil, dados os esforços dielétricos e térmicos a que é submetida e as conseqüências de
falha com o sistema em funcionamento. Tal falha, em última instância, consiste no rompimento
da isolação e tem como conseqüência quase certa a interrupção inesperada e por longo período
do fornecimento da energia elétrica; mais que isso, em determinadas condições pode levar à
explosão do transformador (elemento principal e mais caro da subestação) em que a bucha
estiver instalada. Isso explica a importância da monitoração preventiva do estado do dielétrico.
Embora o custo das buchas seja pequeno se comparado ao dos transformadores e de outros
11

equipamentos em instalações elétricas, uma falha em uma única bucha não diagnosticada em
sua fase incipiente pode causar enormes prejuízos – isso sem citar os riscos à vida e à
integridade física de pessoas que se encontrem nas proximidades.

Quanto à incidência desse tipo de problema no total de falhas que ocorrem em subestações
elétricas, uma pesquisa realizada pelo Conseil International Des Grands Réseaux Électriques
(CIGRE) indica que mais de 12 % dos desligamentos forçados e agendados de
transformadores estão relacionados com as buchas [4].

A monitoração online proposta aqui é uma alternativa aos métodos convencionais de


inspeção dos dielétricos das buchas, que obrigam ao desligamento dos equipamentos em
intervalos predeterminados, interrompendo o fornecimento de energia. As motivações deste
trabalho são, por um lado, a possibilidade que a monitoração contínua oferece de detectar um
princípio de falha a tempo de programar a manutenção e, por outro, o fato de não apresentar
os inconvenientes relacionados ao método convencional.

Conforme será visto adiante, a monitoração proposta utiliza a medida das correntes
conduzidas pelos cabos de aterramento das buchas para avaliar o estado do dielétrico. Tais
correntes são resultantes das altas tensões alternadas (transferidas pelas buchas aos cabos da
rede) aplicadas sobre as capacitâncias formadas pelo dielétrico e suas camadas condutoras.

1.2 Objetivos, metodologia e apresentação

O principal objetivo do trabalho foi o desenvolvimento de um equipamento que permitisse


a monitoração online proposta acima de maneira técnica e economicamente viável.

A metodologia adotada tomou como etapa inicial o estudo dos processos de degradação
dos dielétricos das buchas com o objetivo de determinar sua influência sobre a corrente no
cabo de aterramento das mesmas, praticamente a única variável disponível para medição direta
e contínua que poderia ser relacionada com essa degradação. Uma vez conhecida essa
influência, foi feito o estudo de como a referida corrente pode ser afetada por outras variáveis
e, então, de como minimizar o efeito destas no caminho inverso, ou seja: a partir da medição
da corrente, saber se algum processo de degradação está ocorrendo. (Essa etapa inicial foi
executada pela empresa proprietária do projeto – Treetech Sistemas Digitais.) Neste ponto se
12

iniciou o trabalho focalizado por este documento, que consistiu no projeto propriamente dito
do equipamento a fazer a referida monitoração online, nomeado como “Monitor de Buchas”.
O projeto partiu da definição das especificações técnicas, feita ainda em conjunto com a
empresa, e seguiu com a execução de todas as etapas envolvidas: definição e desenho dos
circuitos, dimensionamento dos componentes, elaboração do layout das placas de circuito
impresso e de outros documentos como lista de materiais e instruções de montagem, teste e
calibração, testes dos protótipos, acompanhamento dos ensaios de conformidade com normas
técnicas pertinentes e desenvolvimento da parte do firmware correspondente às medições e à
interação com o restante do hardware.

O presente documento se refere ao projeto no seu âmbito global e descreve tanto os


estudos iniciais sobre os conceitos em torno da degradação dos dielétricos (capítulo 2) como
as etapas do desenvolvimento do equipamento e os testes realizados (capítulos 3 e 4). Ao final,
apresentam-se as conclusões que puderam ser extraídas.
13

2 ESTUDOS PRELIMINARES

2.1 Construção das buchas condensivas

Neste tópico é feita uma breve descrição da estrutura interna das buchas condensivas
como subsídio para que se possam compreender os assuntos subseqüentes. A Figura 2-1 traz
um desenho esquemático da construção das mesmas.

CAPACITÂNCIA
C2
CAMADAS ISOLANTES DE
PAPEL IMPREGNADO COM ÓLEO
CAPACITÂNCIA
C1

CAMADAS CONDUTORAS
PARA HOMOGENEIZAÇÃO
DO CAMPO ELÉTRICO
TAP DE TESTE

ÚLTIMA CAMADA CONDUTORA

PORCELANA EXTERNA CONDUTOR


PRINCIPAL

VISTA

Figura 2-1 . Desenho esquemático da construção de buchas condensivas.

Conforme já dito, as camadas condutoras no interior do material isolante têm a função de


uniformizar o campo elétrico dentro deste. Sem elas, devido a diferenças intrínsecas na
constituição desse isolante ao longo da bucha, regiões com menor permissividade ficariam
submetidas a campos elétricos mais intensos e, assim, a maiores esforços dielétricos. Essas
camadas condutoras (são cerca de 50 em buchas de 500 kV, por exemplo) garantem a
formação de superfícies equipotenciais cilíndricas e concêntricas dentro do isolante. Com isso,
os campos elétricos também são uniformes ao longo dessas superfícies cilíndricas, minimizando
o efeito acima. (Note-se que tais campos não são constantes ao longo do raio, mas
decrescentes de dentro para fora – são proporcionais ao inverso do mesmo, tal como em cabos
coaxiais.)
14

A primeira camada condutora (a mais interna) normalmente é conectada ao condutor


central para aumentar o raio interno e, com isso, reduzir o campo elétrico nessa região. A
última camada condutora (mais externa) é aterrada, conforme já mencionado, para garantir o
potencial elétrico nulo na carcaça da bucha.

Conforme também já foi mencionado, esse arranjo equivale a um conjunto de capacitores


ligados em série, em que as camadas condutoras são as placas e o isolante, o dielétrico.

As buchas condensivas mais utilizadas em alta tensão e extra-alta tensão são as isoladas
com papel impregnado em óleo. Nestas, conforme sua denominação, as camadas isolantes são
bobinas de papel imersas em óleo.

O tap de teste

Existe um elemento nas buchas chamado “tap de teste”, que consiste em um conector que
é ligado à penúltima camada condutora (em alguns casos pode ser a antepenúltima ou outra
entre as mais externas) e, assim, divide as capacitâncias da bucha em dois grupos: C1 e C2,
conforme a Figura 2-1. É construído originalmente para permitir dois tipos de medidas,
descritos a seguir.

Amostra da tensão de linha: C1 e C2 formam um divisor de tensão capacitivo, o que


permite saber o valor da tensão de linha a partir da tensão medida no tap de teste (os valores
das capacitâncias são conhecidos, pois fazem parte das especificações da bucha).

Inspeção offline do dielétrico e medidas das capacitâncias: são medições feitas em fábrica
ou na própria instalação com o sistema desenergizado; visam, inicialmente, obter os valores
das capacitâncias C1 e C2 e, ao longo da vida útil da bucha, inspecionar o estado do dielétrico.
Será visto adiante que é através do tap de teste que é feita a monitoração online proposta
neste trabalho.

Quando o tap de teste não é utilizado, é obrigatória a instalação de um componente com a


função única de curto-circuitar C2. Isso porque a tensão resultante no conector, quando aberto,
embora sendo apenas uma fração da tensão de linha, é alta o suficiente para romper a rigidez
dielétrica do mesmo e gerar arcos voltaicos que certamente iriam provocar danos nos
componentes do conjunto.
15

2.2 Processos de degradação do dielétrico

Devido à importância das isolações elétricas na vida útil dos equipamentos de alta tensão e
à severidade das conseqüências de falha nas mesmas, diversos esforços foram feitos desde o
início do século passado para se conhecer os mecanismos de degradação das mesmas,
determinar os limites das condições de utilização e estimar a sua vida útil. Em [4] encontram-
se reunidas as principais informações levantadas por estudiosos do assunto ao longo desse
tempo, tanto no âmbito geral como em relação às isolações utilizadas especificamente em
buchas condensivas isoladas com papel impregnado em óleo. Aqui será feita apenas uma breve
referência a tais processos, uma vez que não é este o foco do trabalho, e, sim, o
desenvolvimento do Monitor de Buchas.

As fibras de celulose, principal constituinte da isolação das referidas buchas (papel


impregnado em óleo), são polímeros formados por longas cadeias de anéis de glucose,
conforme indicado na Figura 2-2. Outros componentes inevitavelmente estão presentes no
isolante, como água e oxigênio, e, conforme será visto, podem contribuir com a degradação do
dielétrico.

Figura 2-2. Fragmento do polímero de celulose.

Cada um dos dois componentes principais do dielétrico, papel e óleo, tem funções
específicas no conjunto. O primeiro serve principalmente para dar sustentação mecânica ao
condutor central e o segundo garante a isolação e ajuda a dissipar o calor gerado pelas perdas.
Embora a rigidez dielétrica da celulose seja alta, a do papel seco não é muito maior que a do
16

ar, por este estar presente nos seus poros. O óleo ocupa esses poros e confere ao sistema alta
capacidade de isolação. A Tabela 2-1 mostra alguns valores médios de rigidez dielétrica dos
materiais normalmente utilizados para este fim, em condições normais de uso.

Rigidez dielétrica
Material
(kV/mm)

Papel Kraft seco 5


Óleo mineral 25
Papel Kraft impregnado 30
Tabela 2-1. Rigidez dielétrica dos isolantes normalmente utilizados em buchas e transformadores de
alta tensão.

Conforme os estudos mencionados acima (em [4]), a degradação da isolação do papel está
relacionada ao grau de despolimerização da celulose. Assim, vale acrescentar que, como essa
despolimerização afeta diretamente a resistência do papel à tração (a reduz), e devido à
simplicidade de execução de ensaios mecânicos desse tipo, os mesmos constituem o método
mais antigo e amplamente utilizado até hoje para estimar a condição deste tipo de isolante.

2.2.1 Envelhecimento

A degradação gradual e cumulativa do dielétrico é normalmente referenciada como


envelhecimento e causada por processos naturais que afetam os polímeros de formal geral e
por esforços a que o mesmo é submetido durante sua vida útil. Consiste em alterações na sua
estrutura molecular que se somam com o tempo e atingem um nível crítico em que o
rompimento dielétrico se torna eminente. Tais esforços normalmente são causados por fatores
térmicos, elétricos, mecânicos ou ambientais, que muitas vezes interagem entre si de forma que
a ação de um deles intensifique a ação de outro.

A seguir é feita a descrição dos quatro principais fatores de envelhecimento citados e das
perdas dielétricas, assim como das formas com que esses processos podem interagir.
17

2.2.1.1 Envelhecimento térmico

Neste contexto, refere-se ao envelhecimento promovido pelas reações químicas que


necessitam tão somente da energia térmica para que ocorram. Os principais mecanismos
através dos quais ocorre são a hidrólise, a oxidação e a pirólise.

Hidrólise: um dos átomos de hidrogênio da água passa a se ligar ao de oxigênio que une

os monômeros de glucose, formando dois grupos OH- e quebrando a cadeia. Testes e estudos
citados em [4] indicam que a taxa de degradação da celulose aumenta de forma praticamente
linear com a concentração de água na mesma (ou no óleo).

Oxidação: o oxigênio presente no sistema reage com os átomos de carbono da celulose,


formando aldeídos e ácidos e, assim, enfraquecendo a união entre os anéis de glucose. Essa
reação libera monóxido de carbono, dióxido de carbono e água, contribuindo, assim, para o
envelhecimento por hidrólise, mencionado acima. O oxigênio também reage com o óleo e
produz ácidos, ésteres e outras substâncias que atacam, além do próprio óleo, a celulose. Por
esses motivos, a oxidação contribui muito mais que a hidrólise no aumento da taxa de
degradação do dielétrico e, portanto, o contato com o oxigênio deve ser evitado a todo custo.

Pirólise: é a quebra de ligações promovida pelo calor. Em temperaturas extremas, ocorre


a carbonização das fibras de celulose. Em níveis mais baixos e próximos às condições normais
de utilização, verifica-se a quebra dos monômeros da celulose formando resíduo sólido e
liberando monóxido de carbono, dióxido de carbono e vapor d’água. Dessa forma, contribui
para as reações de hidrólise e oxidação mencionadas acima.

Como esses mecanismos consistem essencialmente em reações químicas, seguem a


equação de Arrhenius. Contudo, determinar a taxa de envelhecimento do dielétrico em
função da temperatura tem alguns complicadores, como o fato de tais mecanismos serem
ativados em temperaturas diferentes e a interação com o envelhecimento elétrico (isso dificulta
o ajuste dos parâmetros da equação a partir dos dados experimentais). Ainda assim, diversos
estudos feitos a respeito ([4] e [5]) mostram-se coerentes com a realidade prática, apesar de
apresentarem precisão relativamente baixa.
18

2.2.1.2 Envelhecimento elétrico

É definido como a perda progressiva e cumulativa da rigidez dielétrica do isolante pela


ação do campo elétrico a que é submetido. Dadas as altas tensões que geram esse campo
(incluam-se aqui as tensões normais de operação e os surtos elétricos resultantes de
chaveamentos, descargas atmosféricas etc.), o envelhecimento elétrico representa importante
papel na determinação da vida útil do dielétrico. Apesar disso e, portanto, dos intensos estudos
sobre o assunto ([4], [5]), não se conseguiram desenvolver modelos físicos ou matemáticos
que expliquem ou traduzam com precisão todos os mecanismos envolvidos neste processo.

Uma das mais importantes tentativas no sentido de compreender tais mecanismos e


equacionar seus efeitos na vida útil dos dielétricos em geral foi a de Kiersztyn (um dos
estudiosos do assunto apresentados em [4]). Baseado no fato de que a teoria geral das taxas de
reação química fornece uma base bastante aceitável para a análise de diversos tipos de
fenômenos físicos, e não só das próprias reações químicas, Kiersztyn deduziu:

Sf / Si = (1 + t / T ) -1/n (1)
onde: Sf = rigidez dielétrica final do isolante;
Si = rigidez dielétrica inicial de isolante;
t = tempo;
T = constante de tempo de envelhecimento elétrico;
n = ordem da reação.

Tal equação representaria a lei básica de envelhecimento elétrico de um isolante submetido


a um campo elétrico constante e é válida para qualquer n > 1 e t > 0. Os inúmeros ensaios
feitos com o objetivo de testá-la e de ajustar seus parâmetros apontaram para valores de n
entre 8 e 20. Como a ordem das reações químicas normalmente é 1 e raramente é maior que 3
conforme a mesma teoria geral, tais ensaios indicam que ocorrem no processo outros tipos de
fenômenos e que a formulação proposta é de natureza meramente empírica.

Esses fenômenos, segundo estudos mais recentes [4], envolvem a cisão das cadeias de
celulose do papel isolante ou, ainda, a quebra de ligações moleculares do mesmo e do óleo
pela ação do campo elétrico. São três os principais mecanismos com que isso ocorre, conforme
segue.
19

a) Descargas elétricas parciais dentro de bolhas de gás ou vapor d’água presentes no


óleo. Essas bolhas são formadas pela saturação local dos gases e vapores liberados
pelos mecanismos de envelhecimento e, por terem rigidez dielétrica muito menor que
os isolantes utilizados, permitem tais descargas.

b) Choques de fótons de luz ultravioleta emitidos por eletroluminescência em regiões de


intensa concentração de campo elétrico, como protuberâncias nas superfícies dos
eletrodos. Campos muito fortes podem provocar a remoção de elétrons de estados
energéticos mais baixos, cuja “reocupação” libera tais fótons – estes possuem energia
suficiente para romper as ligações referidas.

c) Impacto de elétrons com altas velocidades que tenham sido injetados dentro do
isolante. Embora a diferença entre as funções trabalho do metal dos eletrodos e do
óleo seja muito grande para permitir tal injeção mesmo por intensos campos elétricos,
ela acaba ocorrendo devido a níveis intermediários que surgem nos defeitos e
substâncias de interface e à energia térmica dos elétrons com maiores níveis de
vibração.

2.2.1.3 Envelhecimento mecânico

No caso específico dos dielétricos de buchas, este não é um item que gera muitas
preocupações, pois as solicitações mecânicas sobre os mesmos são relativamente baixas
(diferentemente dos transformadores e reatores, em que os isolantes também exercem a função
de sustentação dos enrolamentos). O envelhecimento mecânico normalmente está associado à
fadiga dos componentes devida a esforços prolongados e/ou repetitivos, a efeitos
termomecânicos, ao desgaste devido à vibração e a deformações lentas causadas por esforços
prolongados de natureza elétrica, térmica ou mecânica.

2.2.1.4 Envelhecimento ambiental

As condições ambientais atuam de forma a acelerar ou retardar os outros fatores de


envelhecimento. Portanto, conforme o exposto nos capítulos anteriores, as que podem atuar
20

mais significativamente na degradação dos dielétricos são a temperatura e o contato com


substâncias como o oxigênio e a água.

Manter um sistema de isolação em condições favoráveis, então, significa manter a


temperatura dentro de limites sabidamente seguros e garantir a menor concentração dos
contaminantes acima, tanto no óleo como no papel isolante.

2.2.2 Perdas dielétricas

O mecanismo de perdas dielétricas é relativamente bem conhecido e interage com o


envelhecimento térmico, acelerando-o, pois provoca o aumento da temperatura dos materiais.

Em condições ideais, tal aquecimento não ocorreria, pois a corrente resultante da tensão
da bucha teria somente a componente capacitiva. A componente real, causadora das perdas
por aquecimento, é atribuída principalmente a três fatores: correntes de condução, devidas a
portadores de carga presentes no óleo como elétrons, lacunas e íons provenientes de impurezas
e dos processos de envelhecimento estudados; descargas parciais, mencionadas acima, e perdas
por orientação polar das moléculas do dielétrico, que oscilam na freqüência da rede por
tenderem a se alinhar ao campo elétrico alternado – estas, portanto, somente ocorrem em
tensão AC. (As moléculas que sofrem este efeito são aquelas que naturalmente já são polares
ou as que acabam sendo polarizadas pelo próprio campo elétrico – é justamente esse
comportamento o que faz com que determinados materiais tenham altas permissividades
elétricas, característica importante na construção de capacitores [6].)

2.2.3 Efeitos do envelhecimento e as perdas dielétricas

A partir do visto acima, os principais efeitos dos mecanismos de envelhecimento são:

• Enfraquecimento das cadeias e liberação de gases, água e portadores de carga (íons,


elétrons, lacunas), entre outros. Portanto, estes irão contribuir para o aumento das
perdas dielétricas por descargas parciais e por condução, aumentando o aquecimento e,
por conseqüência, acelerando o envelhecimento térmico.
21

• A criação de “armadilhas de portadores” ou “traps” [5] na estrutura do dielétrico.


Estas consistem em “poços” de potencial dentro do mesmo, que, em concentrações
suficientemente altas, acabam fornecendo caminhos possíveis, de armadilha em
armadilha, para o movimento de portadores. Portanto, também contribuem para as
perdas dielétricas.

As descargas parciais costumam ocorrer em maior intensidade durante sobretensões


causadas por surtos elétricos ou em condições de sobrecarga em que as altas temperaturas
liberam mais água do papel e facilitam a formação de bolhas. Seus efeitos são o
sobreaquecimento e a carbonização local, com a liberação de mais gases e contaminantes no
óleo. Apesar de essas descargas cessarem após a extinção das condições que as originam, seus
efeitos são permanentes e cumulativos. Se tais condições persistem por tempo suficientemente
longo ou se elas se repetem a taxas suficientemente altas, o volume e a quantidade das
referidas bolhas aumentam em ritmo cada vez mais rápido, aumentando a quantidade e
extensão dessas descargas e acarretando a ruptura do dielétrico.

2.2.4 Avalanche térmica

A descrição individual dos efeitos acima também permitiu ver as formas como os mesmos
podem interagir, intensificando-se reciprocamente. A degradação do dielétrico aumenta as
correntes de fuga do sistema e, com isso, o auto-aquecimento do isolante, que volta a elevar a
temperatura e as correntes de fuga, configurando um processo realimentado positivamente.
Um resultado extremo dessas interações, quando ocorrem com intensidade e duração
suficientes, é a chamada avalanche térmica, descrita a seguir.

A temperatura de equilíbrio de um sistema auto-aquecido é atingida quando a taxa de


dissipação de calor para o ambiente se iguala à de geração térmica (neste caso, resultante das
perdas dielétricas). A primeira é nula para temperatura igual à ambiente e aumenta linearmente
com o aquecimento, com a declividade determinada pela condutividade térmica do sistema.
Por outro lado, a taxa de geração é positiva inicialmente, com declividade menor que a de
dissipação, o que faz com que as duas tendam a se igualar em uma dada temperatura, atingindo
o equilíbrio térmico. O problema está no fato de que a taxa de geração não aumenta
linearmente com o aquecimento, mas com declividade crescente. (Uma das razões disso é o
22

aumento exponencial do número de portadores de carga no dielétrico com a temperatura, tanto


por geração térmica como pelo aumento da facilidade com que elétrons são injetados no
dielétrico a partir dos eletrodos.) Assim, dependendo do conjunto de condições do sistema, as
curvas das taxas de dissipação e de geração de calor em função da temperatura podem não se
cruzar, o que significa que o equilíbrio térmico não é atingido, configurando a avalanche
térmica. A temperatura, neste caso, aumenta indefinidamente até a ruptura total do dielétrico.

A Figura 2-3 mostra o esboço de um gráfico das taxas de geração e de dissipação de calor
em função da temperatura para um determinado sistema de isolação sob três campos elétricos
diferentes, configurando três situações distintas no que se refere ao equilíbrio térmico. A linha
pontilhada representa a taxa de dissipação para o ambiente e as cheias, as taxas de geração de
calor nos três campos aplicados (note-se que a origem do eixo horizontal corresponde à
temperatura ambiente). Pode-se notar que, mediante o campo “1” (menor), o ponto de
equilíbrio é atingido em T1, de forma “estável”, ou seja: acima de T1, a taxa de geração é
menor que a de dissipação e, abaixo, maior – o que faz a tendência sempre convergir para T1.
Sob o campo “2” também é atingido um equilíbrio, dessa vez em T2, mas “instável”: qualquer
aquecimento a partir desse ponto leva o sistema para uma condição em que a taxa de geração
de calor é maior que a de dissipação, resultando na avalanche térmica. Com o campo “3” a
situação é pior ainda, pois sequer atinge-se o equilíbrio: a declividade da curva de geração
torna-se maior que a de dissipação antes mesmo de ambas se tocarem.

Figura 2-3. Estabilidade térmica do dielétrico com diferentes campos aplicados.

Uma vez que a taxa de dissipação das buchas é inerente à construção das mesmas, a
garantia de que não entrem em avalanche térmica depende fundamentalmente do controle das
23

fontes de calor, tais como: o aquecimento do próprio transformador (contido pelo controle da
carga e por sistemas de refrigeração), a geração de calor no condutor central da bucha
(também relacionada com a carga) e as perdas do dielétrico, que dependem do estado do
mesmo, da própria temperatura e do campo elétrico.

2.2.5 Curto-circuito em setores do dielétrico

Entendam-se aqui “setores” como as camadas isolantes situadas entre as camadas


condutoras.

Os processos acima podem culminar em curto-circuito em algum(s) desses setores, sem


que necessariamente o dielétrico como um todo falhe. O efeito imediato disso será o aumento
da capacitância equivalente C1 (ver a Figura 2-1) e o conseqüente aumento da corrente no
dielétrico. O efeito secundário será a aceleração de praticamente todos os processos de
envelhecimento dos outros setores, dado o aumento do campo elétrico e das perdas nos
mesmos (que se traduz em aumento dos esforços elétricos e térmicos).

2.2.6 Diagrama geral da degradação – resumo

A Figura 2-4 procura resumir todos os processos de degradação do dielétrico estudados


aqui assim como a forma com que os mesmos interagem entre si.
24

CARGA SOL

↓ ↓

AQUECIMENTO



PERDAS DIELÉT. P/ CORRENTE OU ORIENT. POLAR

→ CURTO CIRC. PARCIAL → FALHA


← CAMPO ELÉTRICO


UV P/ ELETROLUM.
↵ ↵
BOLHAS INJ. ELÉTRONS


← DESC. PARC.

PIRÓLISE

HIDRÓLISE

OXIDAÇÃO

← ÍONS & ELÉTRONS ↵ ↵ ↵ ←

CONTAMINAÇÃO
OXIGÊNIO ←
ÁGUA ↵ ↵ ←
CO, CO2 ↵ ↵ ←
← TRAPS ←
↑ ↑ ↑ ↑ ↑ ↓ ↓ ↓ ↓ ↓ ↓
QUEBRA DE LIGAÇÕES

Figura 2-4. Diagrama dos processos de degradação do dielétrico estudados. As setas indicam a
influência de um processo em outro, como por exemplo: a hidrólise é promovida pela presença de
água e pelo aquecimento; por sua vez, produz íons (OH-) que aumentam as perdas dielétricas,
aumentando ainda mais o aquecimento e a tendência a provocar curto-circuito entre camadas
condutivas; isso aumenta o campo elétrico em outras camadas, que, por si só, intensifica novamente
as perdas e a referida tendência, até a falha total. Como se pode ver, muitos outros processos e
realimentações positivas ocorrem simultaneamente e interagem entre si.

2.3 Proposta para monitoração online

A complexidade dos mecanismos expostos de degradação do dielétrico e a diversidade de


condições a que pode ser submetido, periódicas ou esporádicas, tornam bastante difícil a
predição da sua vida útil e a definição de intervalos convenientes para inspeção offline do seu
estado. Tais intervalos precisam atender simultaneamente a requisitos conflitantes entre si:
serem curtos o suficiente para reduzirem ao mínimo a probabilidade de falha entre as inspeções
e longos o suficiente para não comprometerem de forma significativa a disponibilidade do
equipamento. A monitoração online, portanto, é indicada para tal fim desde que todos os
processos de degradação sejam refletidos em variáveis que possam ser medidas continuamente
com um mínimo de simplicidade, de forma a não tornar inviável sua implementação.
25

Conforme visto anteriormente, a degradação do dielétrico está sempre associada ao


aumento da corrente que o atravessa, o que, somado à relativa facilidade com que esta variável
pode ser medida, faz dela uma excelente escolha para o fim exposto acima.

2.3.1 Modelagem elétrica

O equipamento desenvolvido neste trabalho utiliza o tap de teste da bucha (ver a Figura
2-1) como ponto de medição da corrente. Um cabo coaxial conectado no mesmo a conduz até
o sensor e a traz de volta para que o circuito seja fechado pelo aterramento da bucha (a
escolha do cabo coaxial se deve à redução da interferência eletromagnética).

A Figura 2-5 é uma das possibilidades de representação do circuito equivalente do sistema


com os componentes mais relevantes.

Rp1 C1

G1

Rp2 C2 Rs

Figura 2-5. Circuito equivalente do dielétrico da bucha baseado na Figura 2-1, incluindo o gerador
de alta tensão (transformador), a resistências que representam as perdas Rp1 e Rp2 e a que
representa o sensor de corrente Rs.

A resistência do sensor, Rs, é muitas vezes menor que Rp2 e que a reatância capacitiva de
C2 a 50 ou 60 Hz (freqüências dos sistemas de energia elétrica). Assim, o circuito pode ser
simplificado sem prejuízo algum conforme a Figura 2-6.

Rp1 C1

G1
Rs

Figura 2-6. Simplificação do circuito representado na Figura 2-5.


26

Adicionalmente, temos que a resistência do sensor é, também, muitas vezes menor que as
outras impedâncias do circuito, servindo como um amperímetro ideal.

Assim, a corrente medida é dada simplesmente por:

Îs = Ûg (1/Rp1 + jωC1) (2)


onde: Îs = corrente medida;
Ûg = tensão sobre o dielétrico (tensão da linha);
Rp1 = resistência que representa as perdas do dielétrico;
ω = velocidade angular correspondente à freqüência da rede;
C1 = capacitância C1 da bucha conforme a Figura 2-1.

Módulo da corrente e “fator de dissipação”

Em condições normais de operação e até mesmo em início de falha, a parte real (resistiva)
da corrente medida é muito menor que a imaginária (capacitiva). Assim, o módulo dessa
corrente é muito mais afetado pela parte capacitiva do que pela resistiva. Em contrapartida, o
ângulo é muito mais sensível a variações na parcela resistiva. Isso implica nas duas afirmações
dos dois parágrafos abaixo, dadas as formas como os diversos tipos de degradação se refletem
nestes parâmetros.

Variações no módulo da corrente medida são particularmente sensíveis ao curto-circuito


de setores do dielétrico, pois isso aumenta a capacitância final C1 e conseqüentemente a
parcela capacitiva da corrente. Variações no ângulo são particularmente sensíveis a outros
tipos de degradação, relacionadas às perdas dielétricas, pois estas aumentam a parcela
resistiva da corrente.

O fator de dissipação é uma forma convencionada de expressar as perdas em


impedâncias complexas, também utilizada aqui. É dado pela relação entre a parcela reativa e a
resistiva da impedância em questão e por isso também é chamado de tangente delta (tanδ). A
tangente representa a relação entre o seno e o cosseno do ângulo da impedância representada
no plano cartesiano, em que o seno corresponde à parte imaginária e o cosseno à real.

Dada a forte relação que existe entre as perdas no dielétrico das buchas e o grau de
degradação do mesmo, a tangente delta é um parâmetro amplamente utilizado no meio para
expressá-lo numericamente.
27

No modelo apresentado aqui, o fator de dissipação poderia ser dado pela relação direta
entre a parcela resistiva e a capacitiva da corrente medida, já que essas parcelas são
inversamente proporcionais às impedâncias correspondentes (a constante de proporcionalidade
é a tensão, que é a mesma nos dois casos e pode ser cancelada). Como não é possível medir
cada uma dessas parcelas individualmente, a tangente delta é determinada pela relação entre o
seno e o cosseno da defasagem da corrente medida com relação à “ideal”, unicamente
capacitiva (adiantada 90º em relação à tensão):

tanδ = senδ / cosδ (3)


onde: δ = fase da corrente medida em relação à parcela capacitiva.

2.3.2 Limitações do método e soluções adotadas

2.3.2.1 Limitações

Uma das premissas básicas de qualquer projeto é que seja o mais simples possível, sem
deixar de atender plenamente aos seus objetivos. Assim, no que diz respeito às variáveis a
serem medidas, estas devem ser preferencialmente em pequeno número e facilmente
mensuráveis.

A proposta do sistema de monitoração apresentado não é identificar qual o tipo de falha


eminente no dielétrico, mas apenas alertar que existe um processo de falha em andamento. (A
partir deste ponto, o sistema deve ser desativado e as inspeções cabíveis devem ser feitas, que
naturalmente deverão identificar a falha.)

Assim, bastaria medir apenas o módulo da corrente caso tal medida fosse suficientemente
sensível a todos os tipos de problemas do dielétrico e, simultaneamente, insensível a outras
variáveis presentes, como a temperatura e as próprias flutuações das tensões sobre as buchas.
No entanto, já foi visto que o módulo é pouco afetado pelas degradações ligadas às perdas.
Com efeito, durante a definição das especificações técnicas para o projeto (detalhadas mais à
frente), foi visto que seria necessária a detecção de variações em torno de 0,01 % nesse
módulo para que mudanças importantes no fator de perda pudessem ser percebidas. Isso a
princípio exigiria um desempenho tal do sistema, que muito provavelmente tornaria seu projeto
28

e utilização inviáveis na aplicação prevista. A alternativa seria medir, além do módulo, a


defasagem da corrente e, assim, determinar as suas duas parcelas. Isso seria desejável, pois
também permitiria a determinação da tanδ, cujas variações em função do estado do dielétrico
já são bem conhecidas – mas essa solução obrigaria a medir outra variável como referência de
fase: no caso, a tensão sobre cada bucha.

A medida de alta tensão (normalmente de centenas de kilovolts) pode ser feita através de
uma amostra normalmente disponível nas instalações, proveniente de transformadores
“rebaixadores” chamados de TPs (transformadores de potencial). Tal medida também
permitiria diferenciar as variações no módulo da corrente relacionadas a problemas com o
dielétrico daquelas provenientes de flutuações na rede. Contudo existem alguns inconvenientes
em implementar essa medição e, se possível, é desejável evitá-la. (Os referidos inconvenientes
podem ser, por exemplo, o fato de a medida precisar ser feita através de outro transformador
por questões de interferência e segurança; além disso, muitas vezes o referido TP presente na
instalação é previsto para outras utilizações etc..)

De qualquer forma, também a precisão necessária na medida de defasagem exigiria


desempenho demasiadamente grande do sistema, por razões similares às apresentadas acima.

2.3.2.2 Soluções adotadas

As soluções adotadas se utilizam do fato de sempre as buchas serem instaladas em


sistemas trifásicos, cujas defasagens são de 120º. A simetria entre as fases, associada ao fato de
as tensões e correntes das mesmas serem muito próximas (pois um mínimo de balanceamento é
garantido), de as buchas serem do mesmo tipo e de trabalharem em condições muito similares,
faz com que uma nova variável, resultante das correntes de fuga individuais, retrate de forma
muito mais significativa as variações do dielétrico: a soma dessas correntes.

A CORRENTE SOMATÓRIA de um sistema perfeitamente simétrico e balanceado é


ZERO (pois a soma de três fasores de mesmo módulo defasados de 120º é nula). Pequenas
assimetrias e desbalanceamentos, portanto, resultam em correntes somatórias muito menores
que as individuais. Assim, a soma das correntes de fuga das buchas de um sistema trifásico,
desde que sejam garantidas as simetrias e similaridades mencionadas, também é muito baixa.
Levantamentos feitos em instalações reais indicam que essas correntes raramente atingem 10
29

% dos valores das individuais, situando-se normalmente em torno dos 5 %. Conforme pode ser
visto na Figura 2-7, o fasor correspondente à variação de uma dada corrente individual é igual
ao fasor correspondente à variação da somatória. Como esta é muito menor que as individuais,
a sua variação em termos relativos é muito maior e, assim, mais fácil de ser medida.

Figura 2-7. Diagrama fasorial de um sistema trifásico, onde Va, Vb e Vc representam as tensões do
sistema e, em outra escala, Ia, Ib e Ic representam as correntes individuais de fuga. A título de
exemplificação, à esquerda é mostrada uma condição inicial e à direita a mesma condição após certa
variação na corrente Ia.

Dessa forma, o equipamento foi concebido para monitorar as três buchas de um sistema
trifásico (em vez de um para cada bucha) e medir diretamente a corrente de fuga somatória.
Para isso, os caminhos de retorno de cada corrente, após as medidas individuais, são unidos
ainda dentro do equipamento e nesse caminho unificado é feita a medida da somatória. (A
sensibilidade deste canal de medição naturalmente á maior que a dos outros, dados os menores
valores presentes.)

Com isso, admitiu-se que a simples medida das correntes individuais e da somatória é
suficiente para detectar qualquer mudança significativa nos dielétricos das buchas. O
tratamento matemático adequado dessas medidas também evita que tal detecção seja afetada
pela temperatura e pela flutuação das tensões de cada fase. Abaixo, um resumo muito breve de
como os diferentes tipos de degradação se associam a essas medidas.

• Mudanças significativas no módulo de uma corrente individual estão associadas a


variações na capacitância da bucha correspondente, portanto indicam curto-circuito
nos seus setores;
30

• Mudanças no módulo ou na fase da corrente somatória não acompanhadas de


mudanças significativas nas individuais estão associadas a variações no fator de
dissipação (tanδ), portanto indicam aumento de outros tipos de degradação.

Pelo que se pôde ver, as soluções adotadas não só permitem detectar os processos de
degradação de forma geral como também fornecem alguma identificação dos mesmos.

A seguir, um resumo das principais premissas e condições necessárias para que essas
soluções funcionem adequadamente.

• O sistema não precisa medir as capacitâncias e o fator de dissipação absolutos mas,


sim, as variações a partir de valores iniciais programados no equipamento, extraídos
das especificações de buchas novas ou de ensaios offline em buchas usadas.

• As tensões e correntes do sistema trifásico precisam ser suficientemente simétricas e


balanceadas. Dessa forma, as variações da corrente somatória não dependem dessas
variáveis.

• As condições de operação das buchas, assim como elas próprias, precisam ser
suficientemente similares. A similaridade entre as condições de operação reduz o efeito
de variáveis externas, como a temperatura, e, entre as próprias buchas, mantém a
corrente somatória em níveis suficientemente pequenos (entre outras contribuições).

• Os processos de envelhecimento dos três dielétricos não devem ser exatamente iguais.
(Tal premissa é garantida pela diversidade e complexidade dos processos envolvidos.)

Observação: as informações, além das que foram expostas neste trabalho, sobre o grau de
relevância, a abrangência e os limites das premissas e condições acima, bem como as formas
como foram determinados, são de propriedade restrita da empresa para a qual o projeto foi
feito e, portanto, não puderam ser divulgadas.

2.4 Especificações técnicas do monitor de buchas

As especificações técnicas foram definidas em função das informações levantadas nos itens
anteriores, das condições consideradas como ideais para a instalação e utilização do
31

equipamento e de especificações genéricas da linha de produtos da empresa. Consistem em um


conjunto amplo de informações cuja transcrição completa para este documento foge aos
objetivos do mesmo. Assim, apenas os pontos mais importantes para tais objetivos serão
expostos.

Foi definido que o sistema seria composto por dois tipos de equipamentos: o “Módulo de
Medição” (BM-MM, ou MM) e a “Interface Homem-Máquina” (BM-IHM, ou IHM).

A IHM consiste em um hardware já existente para o qual foi criado firmware específico
que lhe atribui, entre outras, a função de comunicar-se com os módulos de medição
conectados ao mesmo, permitindo: a parametrização destes, a leitura das informações
resultantes do processamento das medições e a consulta dessas informações pelo visor frontal
ou por alguma das vias de comunicação digital disponíveis.

O MM é o equipamento encarregado de fazer as medições propostas aqui e os


prognósticos relacionados ao estado dos dielétricos; portanto, este foi o equipamento
desenvolvido no presente trabalho. Foi previsto para a instalação em trilho de fundo de painel,
com uma interface com o usuário bastante simples, permitindo apenas a programação do
endereço na rede de comunicação e fornecendo indicações básicas sobre o seu funcionamento.
As conexões externas previstas são: alimentação (AC ou DC de 38 a 265 Vrms), comunicação
serial (RS-485 com protocolo MODBUS), aterramento, contatos do relé de falha (a ser
acionado em caso de desconexão de alguma entrada ou erro de medição) e as próprias
entradas das correntes de fuga (essas entradas são diferenciadas das demais, devido à maior
confiabilidade requisitada para suas conexões). A eletrônica foi desenvolvida para suportar as
severas condições ambientais das subestações elétricas no que se refere a: temperatura,
umidade, vibração e os diversos tipos de agressões eletromagnéticas – tais condições, assim
como os procedimentos de ensaio e critérios de aprovação, são tratadas por normas adotadas
como referências na área de aplicação, mencionadas no Anexo A.

Os estudos dos processos de degradação associados com levantamentos feitos em buchas


reais indicam que a variação mínima no fator de dissipação (tanδ) que precisa ser detectada é
0,05 % (a variação é absoluta; está expressa em porcentagem porque esta é a unidade utilizada
para a tanδ). A variação mínima que deve ser detectada para a capacitância C1 é dada em
termos relativos e corresponde a 0,05 % do valor desta.
32

A Tabela 2-2 mostra as principais especificações requeridas do circuito de medição do


BM-MM para que este atendesse aos requisitos mencionados.

Observação: as informações sobre a forma com que os dados acima foram levantados e
utilizados para definir as especificações do equipamento também são de propriedade restrita da
empresa para a qual o projeto foi feito e não puderam ser divulgadas.

Especificações do Circuito de Medição

Parâmetros Especificações

Correntes individuais Corrente somatória

Nº de canais 3 1
Fundo-de-escala (FSR) 100 mA 10 mA
Incerteza da medida do módulo +-0,5 % do FSR +-0,2 % do FSR
Incerteza da medida do ângulo Não especificada +- 0,1 º
Coeficiente de variação com a
< 10 ppm / ºC do FSR < 30 ppm / ºC do FSR
temperatura da medida do módulo
Coeficiente de variação com a
< 0,005 º / ºC < 0,005 º / ºC
temperatura da medida do ângulo
Tabela 2-2. Principais especificações requisitadas ao Módulo de Medição do Monitor de Buchas.

Requisitos adicionais

Esse item reporta alguns requisitos que foram considerados levando-se em conta que o
equipamento foi desenvolvido para a produção seriada e comercialização. Abaixo, estão
enumerados alguns dos mais importantes:

• O custo final do produto precisaria ser compatível com a aplicação;

• Precisaria ser prevista a montagem automatizada, preferencialmente em SMD, devido à


maior confiabilidade e reprodutibilidade da mesma e aos seus menores custos (isso
implica em seguir determinados padrões e recomendações na elaboração do layout das
placas de circuito impresso);

• Deveria ser permitida a calibração por processos automatizados e a fácil manutenção e


instalação do equipamento;

• Deveria ser dada preferência a componentes já utilizados em outros produtos da


empresa, de forma a conter a diversidade de itens em estoque;
33

• Os componentes de uma mesma placa de circuito impresso deveriam ser escolhidos de


forma a restringir o número de itens diferentes, reduzindo o tempo de preparo (setup)
do sistema de montagem;

• Deveria ser dada preferência a componentes com disponibilidade na maior parte dos
fornecedores que atendem à fábrica;

• Procurar-se-ia adotar soluções técnicas já utilizadas na empresa, de forma a reduzir o


tempo de desenvolvimento e de testes tanto do hardware como do firmware;
34

3 PROJETO PROPRIAMENTE DITO

3.1 Hardware

A seguir, são mencionados os principais circuitos do equipamento desenvolvido, com uma


breve descrição das soluções adotadas em cada um. Ao final, é apresentado um diagrama dos
principais blocos funcionais e uma imagem frontal do aparelho já montado.

Alguns detalhes do projeto e os próprios diagramas elétricos não são apresentados por
serem considerados de propriedade restrita da empresa para a qual o trabalho foi desenvolvido.

3.1.1 Fonte de alimentação

Devido principalmente à necessidade de atender à extensa faixa de tensão de entrada e ao


fato de esta poder ser alternada ou contínua, a fonte desenvolvida é do tipo chaveada, com
topologia fly back. O circuito é similar ao dos outros equipamentos da linha, com diferenças
apenas nos pontos relacionados às características específicas deste projeto. O componente
principal depois do transformador é o switcher, um circuito integrado que acumula as funções
de gerar e aplicar o sinal de chaveamento ao primário e de estabilizar as tensões do secundário
pela “modulação da taxa de condução” (Pulse Width Modulation) a partir da realimentação da
saída principal. Essa realimentação é feita por fotoacoplador para manter a isolação galvânica
entre a entrada e as saídas da fonte.

As suas duas saídas também são isoladas entre si, sendo a principal utilizada para alimentar
o circuito de medição e o microcontrolador com seus periféricos e a secundária para alimentar
somente o circuito da comunicação serial. Tal isolação é importante por questões de segurança
(proteger a rede de comunicação das possíveis altas tensões que podem surgir nas entradas de
medição) e de compatibilidade eletromagnética (reduzir as interferências por redução do
acoplamento de ruídos conduzidos em modo comum).

A faixa de alimentação especificada, de 38 a 265 Vac ou Vdc, é mais extensa que a faixa
denominada “universal”, cujo valor mínimo é 85 V. Esse requisito habilita o equipamento a ser
35

alimentado pela tensão contínua de 48 V ± 20%, bastante utilizada nas subestações elétricas.
Com isso, o dimensionamento do transformador e de alguns outros componentes foge um
pouco dos procedimentos padronizados de projeto de fontes chaveadas.

Embora a geração de interferência pelos equipamentos eletrônicos não seja uma


preocupação muito relevante nas subestações elétricas, o projeto procurou seguir as práticas
preconizadas no meio para manter os ruídos gerados pela fonte chaveada dentro dos limites
recomendados. Tais práticas incluem cuidados na elaboração do layout, uso de filtros de modo
comum, blindagem capacitiva do transformador etc..

3.1.2 Microcontrolador e periféricos

Foi possível escolher um dos microcontroladores já utilizados em outros produtos da


empresa, uma vez que o mesmo se enquadrava bem nas necessidades da aplicação. Essa
preferência está de acordo com os “requisitos adicionais” mencionados acima: além de evitar
itens novos no estoque de componentes, facilita o desenvolvimento do firmware, uma vez que
a estrutura e algumas rotinas puderam ser aproveitadas.

Alguns recursos específicos deste microcontrolador considerados na escolha foram as suas


interfaces seriais: a USART (Universal Synchronous Asynchronous Receiver Transmitter),
utilizada na comunicação serial do equipamento, a I 2C (Inter Integrated Circuit), utilizada no
acesso à memória EEPROM externa e a SPI (Serial Port Interface), através da qual foi feita a
comunicação com o conversor analógico / digital. Outra característica relevante do mesmo é
sua capacidade de fornecer corrente suficiente para alimentar diretamente os LEDs utilizados
no circuito.

Os principais periféricos são a já mencionada EEPROM e a memória RAM, ambas


externas (além da comunicação serial e do circuito de medição, que são comentados
separadamente). Outros circuitos conectados ao microcontrolador são: a tecla e os LEDs
frontais, utilizados sobretudo para a programação do endereço do equipamento na rede de
comunicação, e o relé de sinalização.

A EEPROM é utilizada para armazenar o histórico da evolução de variáveis relacionadas


ao envelhecimento do dielétrico (que não podem ser perdidas se o equipamento for desligado)
36

e a RAM armazena temporariamente as amostras da conversão analógica / digital para os


cálculos do microcontrolador. (Apesar de este ter os dois tipos de memória integrados no seu
circuito interno, a capacidade das mesmas não é suficiente para o uso referido, por isso foram
adicionadas as memórias externas.)

3.1.3 Acondicionamento de sinais e medição

Embora o microcontrolador já tenha incorporado um conversor analógico / digital com


vários canais, optou-se por utilizar um componente externo para essa função. Tal solução já
havia sido adotada em projetos anteriores, com o mesmo conversor, devido à sua maior
resolução em relação à do microcontrolador (13 bits em vez de 10) e à opção que ele oferece
de trabalhar com entrada diferencial – especialmente interessante para sinais alternados.

Devido à sensibilidade relativamente alta deste conversor, os sinais de entrada não


precisaram ser amplificados. O acondicionamento destes se resumiu a fazer passar as correntes
de entrada por resistores de precisão para gerar as tensões a serem convertidas e à filtragem
passiva.

A forma de ligação do circuito de entrada é esta, conforme indicado no diagrama de


blocos (Figura 3-8): os três resistores acima correspondentes às correntes individuais são
ligados em “estrela”, com as extremidades externas conectadas aos cabos que trazem essas
correntes, e o ponto comum conectado ao resistor correspondente à somatória. No outro lado
deste resistor, são ligados os fios de retorno das buchas.

3.1.4 Comunicação serial (RS-485)

Conforme já mencionado, esse circuito é isolado galvanicamente dos demais por questões
de segurança e compatibilidade eletromagnética. Assim, a comunicação entre ele e o
microcontrolador é feita através de fotoacopladores (neste caso, são fotoacopladores de
resposta mais rápida que os mais comuns devido às taxas de transmissão). O principal
componente do circuito é um circuito integrado com a função específica de fazer a interface
com o meio físico da comunicação RS-485, atendendo integralmente à norma que determina
os padrões desta (EIA-485).
37

O RS-485 é um padrão de comunicação serial diferencial que utiliza dois condutores para
sinal (pares trançados com impedância controlada) e um para retorno (muitas vezes o próprio
aterramento local é usado para este fim). Permite a comunicação multiponto e apresenta alta
imunidade a ruídos irradiados e conduzidos em modo comum; é utilizável em distâncias
relativamente grandes, que variam com a taxa de transmissão adotada e podem chegar a 2 km.
Comporta diversos protocolos de comunicação, entre eles o MODBUS, utilizado neste e em
outros equipamentos da empresa.

3.1.5 Sinalização de falha

O equipamento provê sinalização independente da comunicação serial para casos de falha


interna e de erro na medição das correntes de entrada (gerado, por exemplo, por desconexão
dos cabos). Essa sinalização consiste em um relé eletromecânico comandado pelo
microcontrolador. Seus contatos são normalmente fechados para que o alarme também seja
dado caso o equipamento perca a alimentação elétrica.

3.1.6 Proteções e Compatibilidade Eletromagnética (EMC)

Devido à agressividade eletromagnética do ambiente em que tais equipamentos são


utilizados e às exigências do mercado sobre o atendimento às normas relacionadas, a
“Compatibilidade Eletromagnética” é uma das mais relevantes preocupações durante os
projetos dos mesmos. Existe uma vasta literatura sobre o assunto, sobretudo nos sites de
fabricantes de componentes eletrônicos, que tentam abordá-lo de forma mais concisa e prática
focalizando os aspectos mais relevantes à aplicação dos seus próprios componentes. Aqui é
referenciado o livro de Henry Ott [7], por tratar do tema de forma mais abrangente e
conceitual.

A essência do conceito de EMC consiste em que um equipamento ou sistema seja imune


com suficiente margem de segurança aos níveis típicos de ruído do ambiente em que for
instalado e, ao mesmo tempo, não gere ruídos suficientemente intensos para alterar esses
níveis. Esse conceito é estendido ao próprio interior do equipamento, de forma que cada
circuito interno seja imune aos ruídos gerados por ele mesmo e pelos outros. (Considerem-se
aqui todas as naturezas de ruídos eletromagnéticos aplicáveis neste contexto.)
38

Como os ruídos típicos do ambiente onde essa linha de produtos é instalada são
naturalmente muito mais altos que os gerados por equipamentos eletrônicos, a maior
preocupação é com a imunidade desses produtos e não com a sua emissão de ruídos.

No que diz respeito à imunidade a ondas eletromagnéticas irradiadas, os principais


cuidados no projeto são com o layout e incluem a escolha do tipo de placa (face simples, dupla
ou multicamadas), a distribuição dos circuitos e a forma de traçar as ligações: o objetivo é
utilizar as próprias trilhas e planos de cobre como blindagens e evitar as construções que
sirvam de antenas. A escolha adequada dos componentes também é importante, assim como a
utilização de filtros e supressores.

Os cuidados acima também são os mais importantes com relação à imunidade a ruídos
conduzidos. O principal conceito utilizado aqui é, para esses ruídos, aumentar a impedância
dos caminhos com maior potencial de interferência e, ao mesmo tempo, diminuir a impedância
dos caminhos mais seguros. Os principais recursos para isso são, além da conveniente
distribuição dos circuitos e ligações, as isolações e a instalação de supressores que desviem as
correntes de surto para os referidos “caminhos seguros”.
39

3.1.7 Diagrama de blocos

Supressores Fotoacopladores

Driver RS+
Ia M RS-485
Filtro e
C I
C proteções RS-
o
n R
v O
Ib
Filtro e Falha
r
s Sinalização
o de falha
Ic r
Filtro RAM
+
A
EEPROM
/
D
Filtro
Isoma

Figura 3-8. Diagrama de blocos funcional do Monitor de Buchas.

3.1.8 Imagem do produto montado

Figura 3-9. Vista frontal do Módulo de Medição do Monitor de Buchas.

3.2 Firmware

Consiste no programa gravado no microcontrolador para que este execute as funções


esperadas. Foi desenvolvido em linguagem “C” utilizando o editor e compilador do próprio
fabricante do componente, a partir da estrutura e de algumas rotinas genéricas de outros
equipamentos da empresa. (A função do compilador é converter, para o código binário a ser
gravado no microcontrolador, o programa editado em linguagem textual.)

As rotinas referentes à interação do microcontrolador com o restante do hardware e à


medição das correntes das buchas, fornecendo os valores de amplitude e fase, foram
40

desenvolvidas neste trabalho. As que tratam essas medições e produzem os prognósticos de


envelhecimento do dielétrico foram feitas por outros técnicos da empresa e não são abordadas
aqui.

O processo de medição começa na conversão analógica / digital, feita externamente,


conforme já foi visto, a uma taxa de amostragem definida pelo microcontrolador. Este, através
da comunicação serial com o conversor A/D, recebe os valores das amostras dos quatro canais
de entrada (três para as correntes individuais e um para a soma) e as grava na memória RAM
para depois utilizá-los nos cálculos de amplitude e defasagem. O processo também inclui a
filtragem digital em complemento à filtragem por hardware, para eliminar efeitos provenientes
de ruídos e harmônicas indesejáveis. Por fim, esses resultados são disponibilizados no banco de
memória interno para sua utilização pelas rotinas de análise e geração dos prognósticos ou
para transmissão pela comunicação serial.

O firmware de maneira geral, tal como em outros equipamentos da empresa, foi


desenvolvido utilizando técnicas e recursos com a finalidade específica de garantir sua
execução de forma estável e confiável, dadas as interferências a que esses equipamentos são
sujeitos em suas instalações. Tais mecanismos incluem: auto reset por watchdog timer ou
detecção de subtensão de alimentação, pontos de verificação, reiniciação cíclica de variáveis
etc..

3.3 Documentação técnica

Os documentos gerados no desenvolvimento do hardware foram os diagramas elétricos, a


lista de materiais com instruções de montagem, os layouts das placas de circuito impresso, os
procedimentos de teste e de calibração, arquivos que compõem o memorial de cálculo e
outros, como o desenho da usinagem da caixa etc.

Os documentos gerados pelo desenvolvimento do firmware foram o código-fonte na


linguagem utilizada (neste caso, “C”) e o arquivo resultante da compilação, a ser gravado no
microcontrolador.

Esses são os arquivos que compõem a documentação básica do projeto, que permanecem
devidamente guardados e são atualizados conforme surjam necessidades de mudanças.
41

4 TESTES E RESULTADOS

4.1 Testes preliminares (protótipos)

Os testes preliminares consistiram basicamente nas três etapas descritas a seguir.

Na primeira, foram feitos os primeiros testes funcionais em bancada, com as correntes


sendo fornecidas por geradores construídos para este fim. O objetivo principal dessa etapa foi
verificar o desempenho do hardware nas diversas condições de funcionamento (por exemplo,
em toda a extensão da temperatura de funcionamento prevista e da tensão de alimentação),
corrigir eventuais problemas e finalizar determinadas rotinas do firmware. As correções no
hardware necessárias se limitaram a ajustes nos valores de alguns componentes.

Na segunda etapa, foram feitos testes de suscetibilidade a transientes elétricos e outras


interferências. O objetivo aqui foi verificar preliminarmente se o equipamento tinha condições
de ser submetido aos ensaios oficiais de suscetibilidade ou de ser instalado em campo e
implementar as alterações necessárias para tal. A proteção do circuito de entrada precisou ser
melhorada, pois não suportava determinados surtos aplicados com o objetivo de simular
algumas condições de campo (note-se que essas entradas são conectadas diretamente às
buchas, cujos condutores centrais se encontram sob dezenas ou centenas de kilovolts e são
sujeitos a toda a sorte espúrios que ocorrem nas linhas de alta tensão). Conforme esses testes
preliminares, as referidas alterações não seriam necessárias para que o equipamento fosse
aprovado simplesmente nos ensaios correspondentes às normas – mas previram condições de
campo mais severas. As modificações necessárias puderam ser feitas nas próprias placas dos
protótipos.

A terceira etapa consistiu em instalar alguns protótipos (já modificados) em


transformadores para verificar seu desempenho em condições reais, enquanto o lote piloto, já
com as modificações implementadas no layout das placas, era produzido. O equipamento
funcionou corretamente, porém sua suportabilidade às condições de instalação bem como a
estabilidade das medições e a geração dos prognósticos sobre os dielétricos somente poderiam
ser avaliados após algumas semanas em funcionamento, no mínimo.
42

4.2 Testes finais (lote piloto)

Algumas peças do lote piloto também foram instaladas em transformadores e outras


encaminhadas para os testes oficiais de conformidade com as normas especificadas. Esses
ensaios normalmente são chamados de “testes de tipo”, justamente por serem aplicados em
apenas um equipamento, que representa todos os outros do mesmo modelo ou tipo.

4.2.1 Testes de tipo

No Anexo A encontram-se todos os testes de tipo a que o Monitor de Buchas foi


submetido (assim como o são todos os equipamentos da empresa), com a menção às normas
correspondentes e uma breve descrição para cada um. Eles normalmente são feitos em três
laboratórios, distribuídos da forma descrita abaixo.

Os testes de suscetibilidade a ruídos eletromagnéticos irradiados são aplicados no


Laboratório de Integração e Testes (LIT) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(INPE), por este ter uma câmara anecóica construída justamente para tais finalidades. (A
câmara anecóica é uma sala blindada eletromagneticamente que tem as paredes internas
revestidas com estruturas que absorvem as ondas eletromagnéticas evitando sua reflexão – daí
o nome “anecóica”: sem eco.)

Os outros testes elétricos e os mecânicos são feitos no Instituto de Pesquisas Tecnológicas


do Estado de São Paulo (IPT).

Por fim, os ambientais (temperatura e umidade) são executados no Centro de Pesquisa e


Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD).

O Monitor de Buchas foi aprovado em todos os testes mencionados. Os relatórios de


ensaio foram emitidos pelos laboratórios correspondentes e são disponibilizados pela empresa
(Treetech Sistemas Digitais) sob solicitação.
43

4.2.2 Testes em campo

Após alguns meses em que os monitores de bucha permaneceram instalados em campo


(tanto os protótipos como algumas peças do lote piloto), os seguintes resultados puderam ser
constatados:

• Os monitores de bucha suportaram as condições de operação sem apresentar falhas ou


instabilidades no funcionamento, mesmo após transientes elétricos provenientes de
chaveamentos das linhas de alta tensão, descargas atmosféricas e outros;

• As medidas de capacitância e fator de dissipação (tanδ) estimadas pelos monitores de


bucha se mantiveram estáveis mediante as variações ambientais (temperatura, umidade
etc.) e as flutuações das tensões das próprias buchas e da alimentação dos
equipamentos. A Figura 4-10 apresenta um exemplo dessa constatação, em um
transformador de 500 kV instalado na subestação SE Mesquita, da Companhia
Energética de Minas Gerais (CEMIG);

• O equipamento foi capaz de detectar princípio de falha por variação na capacitância de


uma das buchas monitoradas em um transformador. Exames posteriores da bucha
confirmaram o prognóstico e que o alarme gerado pelo Monitor de Buchas havia
evitado a provável explosão daquele transformador. A Figura 4-11 mostra essa
ocorrência, na subestação SE Serra de Mesa, de FURNAS.

4.2.3 Produção e comercialização

O projeto do Monitor de Buchas foi aprovado e o equipamento passou a ser fabricado e


comercializado normalmente pela empresa com o custo dentro da expectativa inicial.

A sua aceitação no mercado tem sido considerada muito boa pela direção da empresa,
com cerca de cem aparelhos instalados até o momento em subestações dentro e fora do país.
No site da mesma encontram-se informações sobre algumas dessas instalações
(www.treetech.com.br).
44

Monitoração das B uchas


Cemig – SE Mesquita – Buchas de 500kV
Comportamento Típico das Medições
585,00
CA
CB
584,00 CC
Capacitâncias (pF)

583,00

582,00

581,00

580,00

0,600
TDA
0,500 TDB
Tangentes Delta (%)

0,400
TDC

0,300

0,200

0,100

0,000

→ Isolação das buchas não apresentou variações no período


→ Oscilações menores que 0,1% da medição para Capacitância
→ Oscilações menores que 0,05% absoluto para Tangente Delta

Figura 4-10. Medidas de capacitância e tanδ de três buchas na SE Mesquita – [8].

Monitoração das B uchas

Furnas – Serra da Mesa - 9 buchas 500kV e 230kV


(3 Trafos + 3 Reatores 1∅ )
595
590
585 Cap_550kV_FA
580
575
570
565
560
555
25/1/2006 4/2/2006 14/2/2006 24/2/2006 6/3/2006 16/3/2006 26/3/2006 5/4/2006
00:00:00 00:00:00 00:00:00 00:00:00 00:00:00 00:00:00 00:00:00 00:00:00

→ Aviso de “Capacitância Alta” pelo sistema de monitoração


→ Confirmado por medições off-line de capacitância
→ Cromatografia no óleo da bucha - alta concentração de Acetileno
→ Provável explosão foi evitada

Figura 4-11. Medida de capacitância na SE Serra de Mesa – Furnas [9].


45

5 CONCLUSÕES

As informações expostas na introdução deste documento mostraram a importância da


monitoração dos dielétricos das buchas e os benefícios de se fazer essa monitoração
continuamente (online).

O estudo dos processos de envelhecimento dos dielétricos indicou as dificuldades em


determinar corretamente os períodos de inspeção das buchas pelos processos convencionais e,
ao mesmo tempo, permitiu propor soluções viáveis para a sua monitoração online.

Os resultados dos testes indicaram que o método proposto funciona e que sua
implementação no projeto do hardware e do firmware foi possível e bem sucedida. Também
mostraram que os equipamentos atendem aos requisitos exigidos pelas normas adotadas e por
ensaios adicionais, o que permite que sejam instalados nos ambientes onde sua aplicação é
prevista.

Os casos reais demonstrados e a aceitação do mercado no setor correspondente


comprovaram tanto a importância da monitoração contínua quanto a eficiência com que tem
sido feita pelo método proposto.

Portanto, considera-se que os principais objetivos deste trabalho – o desenvolvimento do


equipamento para a monitoração online das buchas e o estudo dos processos de degradação
do dielétrico das mesmas – tenham sido atingidos.

Adicionalmente (e talvez o mais importante), o sistema desenvolvido vem dando a sua


contribuição na qualidade da energia elétrica oferecida pelas concessionárias, o que tem reflexo
positivo na vida das pessoas.
46

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS1

[1] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14724: informação e


documentação: trabalhos acadêmicos: apresentação. Rio de Janeiro, 2002.

[2] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023: informação e


documentação: referências: elaboração. Rio de Janeiro, 2002.

[3] FUNARO, Vânia M. B. de Oliveira. Diretrizes para apresentação de dissertações e


teses da USP. São Paulo: SIBi-USP, 2003.

[4] ALVES, Marcos E. G. Monitoração de buchas condensivas isoladas com papel


impregnado com óleo. 2004. 126 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia) – Escola
Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2004.

[5] KOWALSKI, Edemir Luiz. Estudo da borracha natural por meio de técnicas de
caracterização de dielétricos. 2006. 199 f. Tese (Doutorado, área de concentração:
Engenharia e Ciência dos Materiais) – Programa de Pós Graduação em Engenharia
(PIPE) do Setor de Tecnologia da Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2006.

[6] CALLISTER, William D. Ciência e engenharia de materiais: uma introdução.


Tradução Sérgio Murilo Stamile Soares. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2002. 589 p.

[7] OTT, Henry W. Noise reduction techniques in electronic systems; 2. ed. New York:
John Wiley & Sons, 1988. 426 p.

[8] ALVES, Marcos E. G., SILVA, Jorge C. Sistema de Monitoração On-line de


Capacitância e Tangente Delta de Buchas Condensivas. 2007. 8f. XII ERIAC -
Encontro Regional Ibero-americano do Cigre, Foz do Iguaçu, 2007.

[9] ALVES, Marcos E. G., MELO, Marcos A. C. Experiência com Monitoração On-line
de Capacitância e Tangente Delta de Buchas Condensivas. 2007. 8f. XIX SNPTEE -
Seminário Nacional de Produção e Transmissão de Energia Elétrica, Rio de Janeiro,
2007.

1 Referências indicadas conforme a norma NBR 6023[2].


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ANEXO A – ENSAIOS DE TIPO

Impulso de Tensão (IEC 60255-5)


Forma de onda: 1,2 / 50 μs
Amplitude e energia: 5 kV, 0,5 J
Número de pulsos: 3 negativos e 3 positivos a intervalos

Tensão Aplicada (IEC 60255-5)


Tensão suportável à freqüência industrial: 2 kV, 60Hz, 1 min. contra terra

Imunidade a Transitórios Elétricos (IEC 60255-22-1) e (IEEE C37.90.1)


Valor de pico 1º ciclo: 2,5 kV
Freqüência: 1,1 MHz
Tempo e taxa de repetição: 2 segundos, 400 surtos / segundo
Decaimento a 50%: Após 5 ciclos

Imunidade a Descargas Eletrostáticas (IEC 60255-22-2) e (IEEE C37.90.3)


Modo ar: 8 kV, dez descargas por polaridade
Modo contato: 6 kV, dez descargas por polaridade

Imunidade a Perturbações Eletromag. Irradiadas (IEC 60255-22-3 /IEC61000-4-3)


Freqüência: 26 a 2000 MHz
Intensidade de campo: 10 V/m

Imunidade a Transitórios Elétricos Rápidos (IEC60255-22-4) e (IEEE C37.90.1)


Teste na alimentação, entradas e saídas: 4 kV - 2,5 kHz
Teste na comunicação serial: 2 kV - 5,0 kHz

Imunidade a Surtos (IEC 60255-22-5)


Surtos fase - neutro: 1 kV, 5 por polaridade (+/-)
Surtos fase-terra e neutro - terra: 2 kV, 5 por polaridade (+/-)

Imunidade a Perturbações Eletromagnéticas Conduzidas (IEC 60255-22-6)


Freqüência: 0,15 a 80 MHz
Intensidade de campo: 10 V/m

Ensaio Climático: (IEC 60068-2-14)


Faixa de temperatura: -40 a +85 ºC
Tempo total do teste: 120 horas

Resposta à vibração: (IEC 60255-21-1)


Modo de Aplicação: 3 eixos (X, Y e Z), senoidal
Amplitude: 0,075mm de 10 a 58 Hz
Intensidade: 1 G de 58 a 150 Hz
Duração: 8 min/eixo

Resistência à vibração: (IEC 60255-21-1)


Modo de Aplicação: 3 eixos (X, Y e Z), senoidal
Freqüência: 10 a 150 Hz
Intensidade: 2G
Duração: 160 min/eixo

Retirado de www.treetech.com.br

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