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Coordenação de Proteções de Redes de Alta Tensão

com Geração Renovável

Gonçalo Nuno Lopes Belchior

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

Engenharia Eletrotécnica e de Computadores

Júri
Presidente: Professor Doutor Eng.º Paulo Branco

Orientador: Professor Doutor Eng.º José Luís Pinto de Sá

Vogais: Professor Doutor Eng.º José Ferreira de Jesus

Mestre Eng.º Miguel Louro

Dezembro 2011
Dedicatória

Ao meu mestre e amigo, pessoa sábia, alegre, bondosa, pessoa que me fazia querer parar o
tempo e aproveitar cada momento na sua presença, cada conversa no quintal, cada passeio no
terreno, pessoa que me ensinou a escutar, a ver, a pensar. Foi um dos pilares da minha vida, do qual
tenho um enorme orgulho, e estou certo que também ele tem orgulho em mim, e ficaria honrado em
me ver formado como engenheiro.

Infelizmente durante o meu percurso académico, e com grande pesar meu, deixou de estar
presente, e é com uma enorme saudade e uma imensa vontade de honrar o seu nome que lhe dedico
este trabalho.

Em memória do meu avô Manuel Ferreira Lopes.

I
II
Agradecimentos

A realização desta dissertação finda uma importante etapa, cheia de emoções e repleta de
momentos marcados por pessoas dentro e fora do Instituto Superior Técnico. Gostaria aqui de
agradecer a todos aqueles que de alguma forma se cruzaram no meu caminho e me levaram a traçar
este rumo do qual muito aprendi e me fez crescer não só ao nível intelectual mas humano. Espero,
sinceramente, que com o fim desta etapa as amizades perdurem para a próxima e em muitas outras
etapas da minha vida.

Em primeiro lugar agradeço ao meu orientador o Professor Doutor José Luís Pinto Sá pelo
sentido crítico e pela sua preciosa ajuda que me encaminharam na direção certa.

À EDP Distribuição pela disponibilização dos dados de uma porção da sua rede de Alta Tensão,
com os quais foi possível o desenvolvimento deste trabalho.

Ao meu pai pelo seu enorme coração e companheirismo, à minha mãe pela racionalidade e afeto,
ao meu irmão, confidente e amigo, aos três estou imensamente grato pelo incondicional apoio e
presença nos momentos bons e nos momentos difíceis.

À minha avó, pessoa que me surpreende e fascina todos os dias com a sua energia, com a sua
maneira de ser, e que sempre me incentivou ao longo do meu curso. Aos meus tios pelo
conhecimento e pela ajuda que me deram.

Aos que me acompanharam ao longo da vida académica, partilhando alegrias e superando


dificuldades, que mais que colegas são meus amigos, a todos eles agradeço, dos quais gostaria de
destacar e fazer um agradecimento especial ao Rui Parreira, André Jorge e Alexandre Lopes.

III
IV
Resumo

A coordenação de proteções é um problema estratégico para as empresas do sector da energia


elétrica, afetando muitos aspetos do transporte, da fiabilidade e da exploração. Esta coordenação,
dependente da topologia da rede, das características e dos critérios das proteções, conduz à
necessidade de desenvolver soluções analíticas e sistemáticas que abrangem sistemas de grande
dimensão.

O objetivo desta tese é a proposta de um conjunto de métodos e o desenvolvimento de scripts e


macros, nomeadamente, recorrendo ao auxílio do programa “Computer-Aided Protection Engineering”
(CAPE), que permitam, de forma autónoma e automática, analisar o comportamento, face a um curto-
circuito, de todas as proteções de distância existentes numa rede de Alta Tensão, identificando os
perfis de geração mais influentes para cada proteção, ou seja, os que contribuem com uma maior
variação nos “infeeds” por ela vistos.

Foram desenvolvidas macros para identificar e modelar a geração presente na rede que
efetivamente contribui para um dado curto-circuito. Foram modeladas a geração proveniente da Muito
Alta Tensão e a produção eólica consoante a topologia da rede e o defeito em causa de modo a
cumprir as imposições da legislação portuguesa. Os escalões de cada proteção foram coordenados
probabilisticamente, empregando uma metodologia desenvolvida nos anos 90 para redes de
Transmissão e aplicada à rede portuguesa, tendo em conta os erros de medida intrínsecos da
proteção e os perfis de geração mais influentes obtidos após as modelações.

A principal inovação do presente trabalho consiste na articulação automatizada de algoritmos


programados em MATLAB com macros programadas em CAPE.

Palavras-chave:
Coordenação de Proteções, Proteção de Distância, Rede de Alta Tensão, Produção Eólica,
“Computer-Aided Protection Engineering”, Automação, Otimização.

V
VI
Abstract

The protective relay coordination is a strategic issue for electricity companies which affects the
transportation, operation and reliability of the system. Since this coordination varies with the network
topology and with the characteristics and criteria of the relays, there is a need to develop systematic
and analytical solutions to cover large scale systems.

The main goal of this thesis is to propose a set of methods and to develop scripts and macros, in
particular, using the "Computer-Aided Protection Engineering", to, autonomously and automatically,
study the distance relay behavior when a fault is simulated in the network. All the distance relays in
the High Voltage Network are analyzed in this short-circuit study and the most important generation
profiles, with greater infeed variation, for each distance relay, are identified.

Macros were developed to identify and model the generation in the network that effectively
contributes to a fault. Very High Voltage generation was modeled and also the wind generation for
each network topology and simulated fault, fulfilling the imposed limitations of the Portuguese
legislation. The zones of each distance relay are probabilistically coordinated, using a methodology
developed in the nineties for transmission networks and applied to the Portuguese Transmission grid,
bearing in mind the inherent measurement errors and the most influent generation profiles obtained
after modeling.

The main innovation of this work consists in the automated joint of algorithms programmed in
MATLAB with macros programmed in CAPE.

Keywords:
Protective Relay Coordination, Distance Relays, High Voltage Network, Wind Generation,
Computer-Aided Protection Engineering, Automation, Optimization.

VII
VIII
Índice
1. Introdução ........................................................................................................................................ 1
1.1. Objetivos da Tese ............................................................................................................ 1

1.2. Organização da Dissertação ........................................................................................... 2

2. Enquadramento ................................................................................................................................ 5
2.1. A Rede Elétrica Nacional ................................................................................................. 5

2.1.1. A Produção em Regime Especial e Ordinário ............................................................. 6

2.1.2. A Produção Eólica ....................................................................................................... 7

2.2. A Proteção de Distância .................................................................................................. 8

2.2.1. Utilização da Proteção de Distância na Rede de Alta Tensão .................................... 9

2.2.2. Regulação Clássica das Proteções de Distância ...................................................... 10

2.2.3. Influência dos “Infeeds” ............................................................................................. 13

2.2.4. Abordagens de Coordenação das Proteções de Distância ...................................... 15

2.3. Software utilizado .......................................................................................................... 15

2.3.1. O CAPE ..................................................................................................................... 15

2.3.2. O MATLAB................................................................................................................. 16

3. Modelação da Produção Eólica ..................................................................................................... 17


3.1. Modelo do Parque Eólico .............................................................................................. 17

3.2. Regulamento da Produção Eólica ................................................................................. 22

3.3. Algoritmo Iterativo Aplicado aos Parques Eólicos ......................................................... 25

4. Rede de Alta Tensão no CAPE ...................................................................................................... 29


4.1. Perfis de Geração .......................................................................................................... 29

4.2. Equivalentes da Geração presente na Rede ................................................................ 34

4.3. Proteções de Distância no CAPE .................................................................................. 35

4.4. Principais alterações no CAPE para aplicação das Macros ......................................... 38

5. Abordagem Probabilística .............................................................................................................. 41


5.1. Organização dos Programas ......................................................................................... 41

5.1.1. Fases de Execução dos Programas.......................................................................... 41

5.1.2. Funcionalidades......................................................................................................... 43

5.2. Programas Desenvolvidos em MATLAB ....................................................................... 45

5.2.1. Programa Principal .................................................................................................... 45

5.2.2. Programa Gerador do Ficheiro de Execução de Macros .......................................... 45

IX
5.2.3. Programa de Regulação de Proteções de Distância ................................................ 46

5.3. Macros Desenvolvidas no CAPE................................................................................... 60

5.3.1. Macro Geradora de Matriz de Combinações ............................................................ 60

5.3.2. Macro Geradora do Equivalente dos Parques Eólicos.............................................. 60

5.3.3. Macro Principal .......................................................................................................... 61

5.3.4. Macro de Escrita de Ficheiros ................................................................................... 67

5.3.5. Macro para Atualização dos Escalões das Proteções .............................................. 67

6. Resultados ..................................................................................................................................... 69
6.1. Resultados da Modelação da Produção Eólica............................................................. 69

6.2. Resultados da Coordenação de Proteções ................................................................... 72

7. Conclusões e Trabalhos Futuros ................................................................................................... 81


7.1. Conclusão ...................................................................................................................... 81

7.2. Trabalhos Futuros ......................................................................................................... 83

Referências Bibliográficas ..................................................................................................................... 85


Anexo A: Macro atualizaprotec.mac ...................................................................................................... 87
Anexo B: Macro geracaorede.mac ........................................................................................................ 91
Anexo C: Script principal.m ................................................................................................................... 93

X
Lista de tabelas

Tabela 3.1: Dados do equivalente de cada parque eólico da rede em estudo. .................................... 22
Tabela 4.1: Valores máximos e mínimos de correntes de defeito trifásico. .......................................... 32
Tabela 4.2: Geração presente na rede AT. ........................................................................................... 33
Tabela 4.3: Parâmetros do modelo SEL-321-5 da Schweitzer. ............................................................ 36
Tabela 5.1: Scripts desenvolvidos em MATLAB. .................................................................................. 43
Tabela 5.2: MACROS desenvolvidas no CAPE. ................................................................................... 44
Tabela 5.3: Linha da Matriz Zescalao. .................................................................................................. 56
Tabela 5.4: Matriz Zescalao. ................................................................................................................. 57
Tabela 5.5: Primeira linha da Matriz Zescalao com a regulação do 3º escalão. .................................. 59
Tabela 6.1: Ciclos do Algoritmo de Modelação da Produção Eólica. ................................................... 70
Tabela 6.2: Excerto dos dados do CAPE para a parte 3 da rede. ........................................................ 73
Tabela 6.3: Matriz Zescalao para a parte 3 da rede. ............................................................................ 74
Tabela 6.4: Excerto dos dados do CAPE para a parte 4 da rede. ........................................................ 76
Tabela 6.5: Excerto da matriz Zescalao para a parte 4 da rede. .......................................................... 76
Tabela 6.6: Excerto dos dados do CAPE para a parte 7 da rede. ........................................................ 77
Tabela 6.7: Excerto da matriz Zescalao para a parte 7 da rede. .......................................................... 78
Tabela 6.8: Excerto dos dados do CAPE para a parte 10 da rede. ...................................................... 79
Tabela 6.9: Excerto da matriz Zescalao para a parte 10 da rede. ........................................................ 80

XI
XII
Lista de figuras
Figura 2.1: Paradigma antigo da rede elétrica. ....................................................................................... 5
Figura 2.2: Paradigma atual da rede elétrica. ......................................................................................... 6
Figura 2.3: Evolução das produções líquidas e do consumo - RESP. [7] .............................................. 7
Figura 2.4: Exemplo de uma rede com “infeeds”. ................................................................................. 13
Figura 2.5: Diagrama de impedâncias: ................................................................................................. 14
a) Considerando todos os “infeeds” (I1 e I2). ..................................................................... 14

b) Sem um dos “infeeds” (I1). ............................................................................................. 14

Figura 2.6: Diagrama de impedâncias: ................................................................................................. 14


a) Não considerando “infeeds”. ......................................................................................... 14

b) Com um dos “infeeds” (I2).............................................................................................. 14

Figura 3.1: Esquema representativo da máquina de indução de rotor em gaiola. [14] ........................ 18
Figura 3.2: Esquema representativo da máquina de indução duplamente alimentada. [14] ................ 19
Figura 3.3: Esquema representativo da máquina assíncrona de velocidade variável. [14] .................. 20
Figura 3.4: Esquema típico de um parque eólico. ................................................................................. 21
Figura 3.5: Esquema equivalente: ......................................................................................................... 21
a) dos parques eólicos previamente na rede em estudo. ................................................. 21

b) obtido para cada parque eólico. .................................................................................... 21

Figura 3.6: Curva tensão-tempo da capacidade exigida aos parques para suportarem cavas de
tensão. ................................................................................................................................................... 23
Figura 3.7: Curva de fornecimento de reativa pelos parques eólicos durante cavas de tensão. ......... 23
Figura 3.8: Fluxograma do algoritmo para determinação dos equivalentes do gerador dos parques.. 25
Figura 3.9: Esquema monofásico equivalente para os centros electroprodutores. .............................. 27
Figura 4.1: Rede de AT utilizada no CAPE. .......................................................................................... 29
Figura 4.2: Porção da rede com a subestação SUBGMAT1 com a geração representativa da MAT. . 30
Figura 4.3: Evolução da disponibilidade (%). [7] ................................................................................... 30
Figura 4.4: Incentivo ao aumento de disponibilidade. [19] .................................................................... 31
Figura 4.5: Taxa combinada de disponibilidade. [19]............................................................................ 32
Figura 4.6: Esquema monofásico equivalente para os centros electroprodutores. .............................. 34
Figura 4.7: Esquema monofásico equivalente da geração proveniente da MAT. ................................ 35
Figura 4.8: Característica Mho com a regulação do 1ºescalão da proteção. ....................................... 36
Figura 4.9: Representação das ligações definidas pelo CAPE para os TI’s e TT’s.............................. 37
Figura 5.1: Esquema representativo das fases de execução dos programas. ..................................... 41
Figura 5.2: Ficheiro perfisCAPE.txt. ...................................................................................................... 46
Figura 5.3: Ficheiro SAIDACAPE.txt. .................................................................................................... 47
Figura 5.4: Ficheiro PERFISGERACAO.txt........................................................................................... 47
Figura 5.5: Distribuição Normal para o 1º escalão. ............................................................................... 48
Figura 5.6: Probabilidade Acumulada de atuação da proteção em 1º escalão. ................................... 49

XIII
Figura 5.7: Probabilidade Acumulada de não atuação da proteção em 1º escalão. ............................ 50
Figura 5.8: Impedância vista pela proteção para curto-circuito no final da menor linha vizinha tendo
em conta os “infeeds”. ........................................................................................................................... 51
Figura 5.9: Impedância vista pela proteção para curto-circuito a 10%, 50% e 100% da menor linha
vizinha tendo em conta os “infeeds”...................................................................................................... 52
Figura 5.10: Impedância vista pela proteção para curto-circuito a 10%, 50% e 100% da menor linha
vizinha tendo em conta os “infeeds” e os erros de medida................................................................... 52
Figura 5.11: Probabilidades acumuladas de 2º escalão da proteção secundária e 1º escalão da
primária. ................................................................................................................................................. 53
Figura 5.12: Coordenação do 2º escalão da proteção com o 1º da proteção a jusante....................... 54
Figura 5.13: Impedância vista pela proteção para curto-circuito no final da maior linha vizinha tendo
em conta os “infeeds” e os erros de medida de 4º escalão. ................................................................. 55
Figura 5.14: Regulação do 4º escalão para a proteção em estudo. ..................................................... 55
Figura 5.15: Probabilidades acumuladas de 3º escalão da proteção secundária e 2º escalão da
primária. ................................................................................................................................................. 58
Figura 5.16: Coordenação do 3º escalão da proteção com o 2º da proteção a jusante....................... 58
Figura 5.17: Ficheiro comparaprotec.txt................................................................................................ 59
Figura 5.18: Ficheiro ZescCAPE.txt. ..................................................................................................... 59
Figura 5.19: Variação da impedância vista pela proteção para diferentes perfis de geração. ............. 63
a) Exemplo de uma proteção regulada no CAPE sem ter em conta os “infeeds”. ............ 63

b) Esquema representativo das correntes que influenciam a impedância vista pela


proteção. ....................................................................................................................................... 63

Figura 6.1: Parte 3 da rede de AT utilizada no CAPE. .......................................................................... 73


Figura 6.2: Parte 4 da rede de AT utilizada no CAPE. .......................................................................... 75
Figura 6.3: Parte 7 da rede de AT utilizada no CAPE. .......................................................................... 77
Figura 6.4: Parte 10 da rede de AT utilizada no CAPE......................................................................... 78

XIV
Lista de símbolos

AT Alta Tensão

BT Baixa Tensão

CAPE “Computer-Aided Protection Engineering”

CUPL “Cape User’s Programming Language”

EDP Energias de Portugal

ERSE Entidade Reguladora do Sector Energético

Infeeds Injeções Intermédias de Corrente

LZOP Zonas Locais de Proteção

MAT Muito Alta Tensão

MIDA Máquina de Indução Duplamente Alimentada

MIRG Máquina de Indução de Rotor em Gaiola

MSVV Máquina Síncrona de Velocidade Variável

MT Média Tensão

PRE Produção em Regime Especial

PRO Produção em Regime Ordinário

REE Redes de Energia Elétrica

REN Redes Energéticas Nacionais

RND Rede Nacional de Distribuição

RNT Rede Nacional de Transporte

SEE Sistema de Energia Elétrica

SIR “System Impedance Ratio”

SQL “Structured Query Language”

TI Transformador de Corrente

TT Transformador de Tensão

XV
XVI
1. Introdução

Ser Engenheiro Eletrotécnico e poder ter um papel ativo no projeto e desenvolvimento do monu-
mental sistema de energia elétrico com todos os seus elementos de maior ou menor complexidade,
não é só, e por si só gratificante, incute um forte sentido de responsabilidade e de seriedade e é uma
forma aliciante de fazer parte de algo que está em continua evolução e é de uma enormidade e vulne-
rabilidade extraordinárias.

Ora é de grande importância todo o sistema, e por isso, têm sido estudadas ao longo dos tempos
maneiras de aperfeiçoar o seu funcionamento, nomeadamente através da coordenação ótima das
proteções nele existentes, como apresentado nas teses do Eng.º João Afonso [1] e do Eng.º Reis
Rodrigues [2] orientadas pelo Prof. Pinto de Sá, ao nível da rede de Muito Alta Tensão (MAT).

A rede de AT que outrora havia sido meramente radial, tem sofrido grandes alterações na sua to-
pologia com a chegada da geração distribuída, nomeadamente, com a introdução significativa de
parques eólicos.

Esta variação na topologia da rede e as novas imposições por parte da legislação portuguesa aos
parques eólicos obriga a repensar métodos e pressupostos outrora definidos.

A corrente tese visa, portanto, a rede de Alta Tensão (AT) e como otimizar o seu funcionamento e
o funcionamento dos seus elementos, coordenando de forma mais convenientemente possível as
proteções que a constituem. Devido à sua importância, nesta rede, o estudo de coordenação é feito
para as proteções de distância.

Os programas utilizados, para o efeito, muitas vezes não permitem a análise pretendida, limi-
tando-a a conceitos pré-definidos e pouco adequados. Por isso é necessária a combinação de várias
valências de cada programa, viabilizando, assim, um casamento perfeito de métodos e conceitos que
permita otimizar e automatizar estratégias de coordenação.

1.1. Objetivos da Tese

O objetivo desta tese é a proposta de um conjunto de métodos e o desenvolvimento de scripts em


MATLAB e macros recorrendo ao auxílio do programa “Computer-Aided Protection Engineering”
(CAPE), que permitam, de forma autónoma e automática, analisar o comportamento, face a um curto-
circuito, de todas as proteções de distância existentes numa rede de Alta Tensão, identificando os
perfis de geração mais influentes para cada proteção, ou seja, os que contribuem com uma maior va-
riação nos “infeeds” por ela vistos.

Os perfis de geração são constituídos por toda a geração presente na rede de AT, geração eólica,
geração térmica e hídrica e geração representativa da MAT. No entanto, a rede disponibilizada, está

1
Capítulo 1: Introdução

dividida em dez partes, e portanto, pretende-se desenvolver uma estratégia que com o auxílio de ma-
cros permita identificar a geração presente em cada porção da rede e que efetivamente contribua
para o curto-circuito simulado.

Para a simulação dos diferentes perfis pretende-se desenvolver macros que permitam modelar
cada geração da maneira mais adequada, ao seu comportamento na rede, aquando de um defeito.
Sendo assim, pretende-se criar macros que modelem a geração proveniente da Muito Alta Tensão
para dois perfis de correntes, mínimas e máximas de curto-circuito, e que simulem a abertura das
centrais térmicas e hídricas quando a tensão nos seus barramentos do lado da rede é inferior a 0.85
pu. É criada ainda outra macro para modelar a produção eólica consoante a topologia da rede e o
defeito em causa de modo a cumprir as imposições da legislação portuguesa.

Para regular os escalões das proteções de distância pretende-se utilizar uma coordenação proba-
bilística, empregando uma metodologia desenvolvida nos anos 90 para redes de Transmissão e apli-
cada à rede portuguesa, tendo em conta os erros de medida intrínsecos da proteção e os perfis de
geração mais influentes obtidos após as modelações.

Pretende-se, assim, articular de forma automatizada algoritmos programados em MATLAB com


macros programadas no CAPE, com o intuito de obter a coordenação ótima de todas as proteções de
distância da rede.

1.2. Organização da Dissertação

A presente dissertação está dividida em sete capítulos.

No Capítulo 1 é feita uma breve descrição dos objetivos da tese e a organização da dissertação.
No Capítulo 2 é feito o enquadramento deste trabalho, tendo em conta o tipo de rede e o tipo de pro-
teção em estudo. Descreveu-se as abordagens comummente utilizadas na coordenação deste tipo de
proteções para a rede de AT e propôs-se justificadamente a abordagem probabilística estudada e de-
senvolvida nesta tese, e o software utilizado.

No Capítulo 3 fez-se referência ao modo como se abordou a produção eólica, como se obtiveram
e analisaram os equivalentes dos parques eólicos e como foi aplicado um algoritmo para modelar o
seu comportamento, imposto pelo regulamento, aquando de um defeito na rede.

São descritas, no Capítulo 4, as principais considerações tomadas nesta tese em relação à rede
de AT estudada, nomeadamente, quanto ao tipo de produção presente neste tipo de redes. Neste ca-
pítulo estão mencionados todos os ajustes realizados para a aplicação das macros no CAPE à rede
disponibilizada pela EDP.

Ao longo do Capítulo 5 foi feita a descrição dos programas concebidos e do seu funcionamento. A
forma como os programas são executados, como obtém os dados e fazem o seu tratamento é abor-
dada ao pormenor neste capítulo.

2
Capítulo 1: Introdução

A análise dos resultados obtidos é explicada no Capítulo 6. No Capítulo 7 é feito um resumo e


uma conclusão ao trabalho realizado, sendo, ainda, abordados possíveis trabalhos futuros como
forma de poder tirar partido do estudo realizado nesta tese.

3
Capítulo 1: Introdução

4
2. Enquadramento

2.1. A Rede Elétrica Nacional

A rede elétrica nacional é constituída pela Rede Nacional de Transporte (RNT) que corresponde à
rede de Muito Alta Tensão (MAT) – 400, 220 e 150 kV – cuja concessão foi concedida pelo estado à
Redes Energéticas Nacionais (REN), e, pela Rede Nacional de Distribuição (RND), rede de Baixa
Tensão (BT), Média Tensão (MT) e Alta Tensão (AT), concessionada pela Energias de Portugal Dis-
tribuição (EDP Distribuição). [3]

As redes de distribuição possibilitam o escoamento da energia elétrica que aflui dos centros
electroprodutores e das interligações às subestações da RNT para as instalações consumidoras.

As redes de distribuição são constituídas por linhas aéreas e por cabos subterrâneos, de alta ten-
são (60 kV), de média tensão, fundamentalmente 30 kV, 15 kV e 10 kV, e de baixa tensão (400/230
V). Estas redes englobam ainda redes de pequena dimensão a 132 kV, na zona norte do país, e a 6
kV, na zona sul.

Além das referidas linhas e cabos, as redes de distribuição são constituídas por subestações,
postos seccionadores, postos de transformação e equipamentos acessórios ligados à sua exploração.
Fazem ainda parte destas redes as instalações de iluminação pública e as ligações a instalações
consumidoras e a centros electroprodutores.

As redes de transporte e distribuição de energia elétrica existentes foram inicialmente


arquitetadas e concebidas para estabelecer a ligação de centrais de grande dimensão, muitas vezes
em locais afastados, aos centros de consumo.

Rede de
Transporte

3-36 kV 400kV 400kV


Rede de AT
60kV

Central Eléctrica Transformador Subestação MAT/AT

Rede de MT 10, 15, 30 kV


0,4kV

Cliente Posto de Cliente Subestação AT/MT


Residencial Transformação Industrial

Figura 2.1: Paradigma antigo da rede elétrica.

5
Capítulo 2: Enquadramento

No entanto, as redes de distribuição, à semelhança da rede de transporte, vão evoluindo ao longo


do tempo, sendo necessário o seu reforço e modernização, designadamente no que respeita à capa-
cidade de satisfação dos consumos com os necessários níveis de qualidade e minimizando as perdas
nas redes. De igual modo, as redes devem adaptar-se à evolução geográfica dos consumos e dos
novos centros electroprodutores, nomeadamente produtores em regime especial, assegurando a sua
ligação à rede com características técnicas adequadas.

Central Elétrica Transformador Subestação MAT/AT

Parque Eólico

Cliente/Produtor Posto de Cliente Subestação AT/MT


Microgeração Transformação Industrial

Figura 2.2: Paradigma atual da rede elétrica.

Da integração desta nova geração dita descentralizada, resulta um Sistema de Energia Elétrica
(SEE) em que o trânsito de energia é bidirecional em oposição aos SEEs tradicionais em que fluía
num único sentido, dos grandes produtores para os consumidores [4]. Esta alteração no paradigma
da rede de energia elétrica (figura 2.2) obriga a repensar métodos, pressupostos e estratégias de
proteção e controlo.

Apesar do propósito deste tipo de geração ser a de aumentar a capacidade de satisfação dos
consumos, tirando partido dos recursos disponíveis localmente, e, se possível, reduzir perdas, exis-
tem impactos na qualidade de energia e no sistema de proteções que não podem ser desprezados
[5].

As alterações na topologia da rede afetam o funcionamento das proteções outrora reguladas e


coordenadas para um sistema radial, sendo necessário repensar a sua coordenação.

2.1.1. A Produção em Regime Especial e Ordinário

Em Portugal não existem recursos conhecidos de petróleo ou de gás natural e os recursos dispo-
níveis de carvão estão praticamente extintos. Assim, o país viu-se confrontado com a necessidade de
desenvolver formas alternativas de produção de energia, nomeadamente, promovendo e incentivando
a utilização dos recursos energéticos endógenos [6].

A produção no Sistema Elétrico Nacional é constituída pela Produção em Regime Ordinário


(PRO), cuja produção de eletricidade é baseada em fontes não renováveis (centrais termoelétricas

6
Capítulo 2: Enquadramento

clássicas, gás natural, carvão, gasóleo) e em grandes centros electroprodutores hídricos, e pela Pro-
dução em Regime Especial (PRE), que engloba centrais de cogeração, de biomassa e a produção
elétrica a partir de fontes de energia renováveis (parques eólicos, fotovoltaicos e mini-hídricas). [7]

Figura 2.3: Evolução das produções líquidas e do consumo - RESP. [7]

Como se pode observar pela figura anterior a PRE (a rosa), embora constitua uma parcela redu-
zida, registou um aumento significativo ao longo dos últimos anos. No entanto, a sua contribuição
para a satisfação dos consumos ainda é pequena tendo em conta a PRO (figura 2.3). Isto deve-se ao
facto da PRE não ser despachável, ou seja, tem capacidade reduzida de adaptar a sua produção às
variações do consumo. Como o padrão de consumo de energia elétrica é altamente variável no
tempo, é necessário que o sistema possua fontes de energia controláveis (maioritariamente PRO),
capazes de promover o encontro entre a geração e o consumo. [7]

2.1.2. A Produção Eólica

Atualmente assiste-se a um acentuado desenvolvimento da energia eólica em Portugal, cujas


principais causas são indicadas nos seguintes tópicos [6]:

 A restruturação do sector elétrico, iniciada em 1995 e reforçada em 2006, estabelecendo o


aprofundamento da liberalização e a promoção da concorrência nos mercados energéticos,
com o consequente fim da situação de monopólio efetivo detido pela EDP.

 A publicação de legislação específica com o fim claro de promover o desenvolvimento das


energias renováveis, designadamente através da agilização de procedimentos administrativos
com o objetivo de melhorar a gestão da capacidade de receção e a introdução de tarifários de
venda de energia de origem renovável à rede pública, baseados numa remuneração muito
atrativa, diferenciada por tecnologia e regime de exploração.

 A aprovação das “Diretivas das Renováveis”, cuja aplicação em Portugal levou o Governo a
definir metas ainda mais ambiciosas para a penetração das energias renováveis, designada-
mente a energia eólica, com a previsão de ter 5100 MW instalados em 2012.

7
Capítulo 2: Enquadramento

A geração eólica faz parte da geração distribuída presente no Sistema Elétrico Nacional, e por-
tanto, tem influência na variação da qualidade da energia da rede, no entanto, com o regulamento em
vigor os parques eólicos passam, aquando da ocorrência de defeitos, a ter de realizar suporte de rea-
tiva de modo a que a tensão da rede se mantenha. Portanto, esta obrigação imposta pelo regula-
mento aos proprietários dos parques é um assunto de algum interesse, numa perspetiva de avaliar o
impacto global do seu funcionamento na rede e consequentemente a sua influência nas proteções
nela contidas.

Para se proceder ao estudo da geração eólica, são utilizados normalmente modelos que possam
representar de forma coerente o comportamento de um parque eólico em exploração e/ou em defeito.
No presente trabalho é proposta a aplicação de um modelo criado tendo por base os dados previa-
mente disponibilizados pela EDP, e a aplicação de um método iterativo para representar o funciona-
mento do parque eólico em condições de defeito de modo a que este possa cumprir o que está no re-
gulamento português.

2.2. A Proteção de Distância

O sistema de proteção tem como função detetar a ocorrência de perturbações no Sistema de


Energia Elétrico (SEE) que ponham em causa a integridade deste, e, atuar de forma a eliminar a
avaria repondo o sistema de operação semelhante ao existente antes do defeito.

São definidos três requisitos de difícil compatibilidade para este sistema:

Sensibilidade: tem de ser capaz de detetar as anomalias mesmo que estas pareçam não existir
(curto-circuitos fortemente resistivos);

Seletividade: detetando o defeito deve comandar os dispositivos estritamente necessários à eli-


minação do mesmo;

Rapidez: deve isolar rapidamente a perturbação do resto do SEE, de modo a minimizar o des-
gaste dos materiais ou oscilações prejudiciais em grandezas que se querem estáveis.

É no compromisso e no constante equilíbrio dos requisitos mencionados que se decide os crité-


rios de coordenação adequados aos diferentes cenários de exploração.

A coordenação de sistemas de proteção é, portanto, um problema estratégico para as empresas


elétricas, afetando muitos aspetos do transporte, fiabilidade e exploração. Esta coordenação de-
pendente da topologia da rede, das características e dos critérios das proteções, conduz à necessi-
dade de desenvolver soluções analíticas e sistemáticas que abrangem sistemas de grande dimensão.

O problema da coordenação ótima das proteções não é trivial quando a rede é malhada e apre-
senta variações, por vezes bruscas, na sua topologia. Estas variações devem-se em grande parte ao
cenário de geração bastante variável dos diversos recursos nacionais, traduzindo-se num aumento de
complexidade dos critérios a adotar.

8
Capítulo 2: Enquadramento

A proteção de Redes de Energia Elétrica (REE), especialmente em níveis de tensão muito ele-
vados, é feita primordialmente por funções de proteção de distância, uma vez que este tipo de prote-
ções é adequado a REE com topologia fortemente malhada e onde o tempo de eliminação de defei-
tos deve ser bastante reduzido. Esta é a topologia típica da rede de MAT. [8]

Já as redes de MT e BT são radiais, com uma topologia simples e com exigências não tão rigoro-
sas relativamente aos tempos de eliminação de curto-circuitos, dependem essencialmente do esforço
térmico admissível pelos equipamentos, por isso utilizam-se proteções de máxima intensidade [8]. Na
rede AT a situação é um pouco diferente.

2.2.1. Utilização da Proteção de Distância na Rede de Alta Tensão

A rede de AT tem uma topologia mais complexa relativamente às referidas no último parágrafo,
podendo-se encontrar zonas em que existam, efetivamente, malhas ou linhas em anel, assim como,
possui uma forte interligação de diversos centros electroprodutores. Para este tipo de topologia a
proteção de máxima intensidade, simples ou direcional, é incapaz de fornecer uma operação seletiva
e rápida, por isso, é utilizado outro critério para a determinação da existência e localização de defei-
tos, que é o da medida da impedância, recorrendo a proteções de distância tal como na rede de MAT.
[8]

Portanto, a função distância constitui a função de proteção principal de linhas de AT, pois a sua
característica de tempo-distância permite obter um funcionamento rápido e seletivo na deteção de
defeitos entre fases e fase-terra. Para além disso, a proteção de distância funciona como reserva a
proteções em zonas mais remotas da rede.

Este tipo de proteção é mais preciso e mais discriminativo do que a proteção de máxima intensi-
dade porque usa mais informação, combinando a medida da corrente e da tensão e obtendo, assim,
a impedância “vista” pela proteção do local onde está instalada até ao defeito (impedância aparente
de defeito) [8]. No entanto, apesar das referidas vantagens em relação às proteções de máxima in-
tensidade, as proteções de distância apresentam algumas imprecisões quando ocorrem curto-circui-
tos muito resistivos. Estes defeitos são provocados normalmente por incêndios na proximidade das li-
nhas.

Esta função pode possuir quatro ou cinco escalões de medida direcionais com característica Mho
ou poligonal e regulação independente dos alcances de cada escalão. A cada um destes escalões
estará associada uma temporização de disparo independente. Normalmente são usados apenas três
dos escalões, sendo o 4º escalão apenas utilizado em casos estritamente necessários, ou seja,
quando o 3º escalão não garante a proteção de todas as linhas vizinhas.

A característica operacional varia consoante o modelo e o fabricante. No entanto, para as moder-


nas proteções digitais, são utilizadas características poligonais, com um alcance pronunciado no eixo
real com a finalidade de tornar a proteção sensível a defeitos resistivos. As novas tecnologias digitais
permitem, portanto, a construção de características operacionais que se adaptam a diferentes situa-

9
Capítulo 2: Enquadramento

ções. Outro exemplo é a possível limitação dos escalões mais longos de modo a que não se esten-
dam, no ângulo de carga máxima, para além do limite a partir do qual a proteção dispararia intempes-
tivamente devido a sobrecargas nas linhas.

Independentemente da característica é sempre possível caracterizar o alcance de um escalão de


distância por uma impedância operacional.

2.2.2. Regulação Clássica das Proteções de Distância

Os vários escalões podem ser definidos e regulados do seguinte modo [8]:

1º Escalão:

O 1º escalão (de atuação instantânea) tem como objetivo proteger o maior comprimento possível
de linha, garantido que nunca ocorre atuação com um defeito para lá do termo da linha, noutra linha
adjacente.

Para este escalão a impedância operacional da proteção é dada pela seguinte expressão:

( ∑ ) (2.1)

– Impedância directa da linha


– Erros de sobre alcance

Para defeitos entre fases:

Precisão do relé: 5%
Erro do TT: 3%
Precisão de cálculo dos parâmetros das linhas: 3%
+Margem de segurança: 4%
Total:

(2.2)

Para defeitos fase-terra:

A imprecisão do valor de Zh resulta da variação da resistividade do solo com as condições clima-


téricas e que se vai refletir num erro no circuito de compensação. A imprecisão de Zh é dada por:

(2.3)

Considerando que impedância varia 15% com os limites de resistividade ( ) e que a

relação , então:

(2.4)
Assim:

10
Capítulo 2: Enquadramento

Precisão do relé: 5%
Erro do TT: 3%
Precisão de cálculo dos parâmetros das linhas: 3%
Margem de segurança: 4%
+Imprecisão do valor de Zh: 10%
Total:

(2.5)

É dado um maior desconto devido ao erro introduzido na consideração da impedância homopolar


da linha.

2º Escalão:

O 2º escalão tem de garantir a proteção da linha, ou seja, qualquer defeito na linha tem ser
abrangido pela sua zona operacional. De modo a que não ocorra subalcance o 2º escalão tem de se
sobrepor com zonas de 1º escalão de linhas adjacentes, no entanto não deve haver sobreposição
com zonas de atuação de 2º escalão de linhas adjacentes.

Para este escalão a impedância operacional da proteção é dada pela seguinte expressão:

( ∑ ) (2.6)

Precisão do relé: 5%
Erro do TI: 5%
Precisão de cálculo dos parâmetros das linhas: 3%
+Margem de segurança: 7%
Total:

(2.7)

No caso do curto-circuito no ponto limite dos 85% das linhas vizinhas tem de se verificar para
cada uma das linhas:


[ ( )] ( ∑ ) (2.8)

[ ( )] (2.9)

Caso isto não se verifique a proteção de distância não estará bem regulada para o 2º escalão.

3º Escalão:

O 3º escalão tem como objetivo garantir proteção de reserva de todas as linhas vizinhas. É a
maior das linhas vizinhas que tem de ser protegida e não a própria linha. Não deve haver sobreposi-

11
Capítulo 2: Enquadramento

ção com os outros 3ºs escalões em linhas vizinhas.

A impedância operacional da proteção é dada pela seguinte expressão:

∑ ∑
( ∑ ) ( ( ) ( )) (2.10)

Para se considerar que o 3º escalão está bem regulado tem de se verificar:

( ) (2.11)

4º Escalão:

O 4º escalão é o escalão de arranque responsável pela máxima sensibilidade à impedância apa-


rente de defeito da proteção, autorizando os outros escalões a atuarem caso o defeito se encontre
dentro da sua área operacional (supervisionando-os). É este que ordena aos temporizadores o início
da sua função. A impedância operacional da proteção é:

(2.12)

Este escalão cobre alguma impedância à retaguarda protegendo também o barramento a mon-
tante.

O CAPE permite que se faça a coordenação sistemática das proteções de distância, utilizando o
escalão de arranque destas como um escalão efetivo (4º escalão). Como as temporizações dos es-
calões são determinadas pelos temporizadores internos supervisionados pelo elemento de arranque,
o tempo inerente desses escalões advém do tempo inerente do escalão supervisor. Assim, definiu-se
os tempos operacionais para cada escalão:

1º Escalão – 1ciclo
2º Escalão – 15 ciclos
3º Escalão – 50 ciclos
4º Escalão – 75 ciclos

Os tempos de 2º, 3º e 4º escalões devem ter em conta o tempo de abertura dos disjuntores, a to-
lerância relacionada com as imprecisões temporais da proteção e os atrasos correspondentes aos
escalões mais baixos.

12
Capítulo 2: Enquadramento

2.2.3. Influência dos “Infeeds”

A coordenação dos pares de proteções depende da regulação dos valores dos escalões e da to-
pologia da rede aquando da ocorrência do curto-circuito. Para a coordenação ideal, os valores de re-
gulação dos escalões ajustavam-se à topologia da rede na situação de curto-circuito, contudo, na
prática, estas regulações são fixadas durante a instalação da proteção para a topologia da rede pre-
sente nesse momento.

No ponto anterior, da regulação clássica dos vários escalões, fez-se referência a “infeeds”. No
entanto, a sua consideração é motivo de discussão.

“Infeeds” são injeções intermédias de corrente que resultam de haver, entre o ponto onde ocorreu
um determinado defeito e a proteção em questão, linhas que afluem de outras partes da rede trans-
mitindo correntes que a proteção não vê mas que contribuem para o defeito. A proteção deteta, as-
sim, uma impedância aparente maior do que na realidade acontece. Na figura seguinte é apresentado
um exemplo de uma rede em que a impedância vista pelas proteções é influenciada por “infeeds”.

Figura 2.4: Exemplo de uma rede com “infeeds”.

A impedância vista pela proteção A, neste caso,é:

( ) (2.13)

Se se considerar o efeito amplificador dos “infeeds” na regulação dos escalões, no caso de ocor-
rer um defeito numa das linhas vizinhas para além da zona operacional do 1º escalão da proteção
dessa linha e um ou mais “infeeds” estiverem cortados (devido a manutenção das linhas), haverá
sobre alcance da proteção, que provocará um disparo simultâneo com o 2º escalão da proteção da
linha defeituosa, retirando inadvertidamente de serviço um elemento da rede. Ocorre uma falha de
seletividade.

Esta situação pode ser observada na figura seguinte, analisando os diagramas de impedâncias
da proteção A. Na figura 2.5 a) é apresentada a regulação dos 2ºs escalões da proteção A e D, e a
regulação do 1º escalão da proteção D. Não ocorre falha de seletividade porque o 2º escalão de A foi
regulado, tendo em conta todos os “infeeds”, de modo a não ultrapassar o 1º escalão de D.

Quando um dos “infeeds” é retirado, a proteção A passa a ver o defeito em 2º escalão, atuando
tanto a A como a D nesse escalão, ocorrendo falha de seletividade (figura 2.5 b)).

13
Capítulo 2: Enquadramento

Falha de Seletividade!
a) b)
Figura 2.5: Diagrama de impedâncias:

a) Considerando todos os “infeeds” (I1 e I2).


b) Sem um dos “infeeds” (I1).

Se não se considerarem os “infeeds” na regulação dos escalões temporizados, na eventualidade


de ocorrer um defeito numa linha cuja proteção local esteja fora de serviço, se existirem “infeeds” a
impedância aparente é ampliada ocorrendo um subalcance, ficando a proteção insensível ao defeito e
por isso não atuando. Ocorre uma falha de sensibilidade que pode dar origem a uma falha de seleti-
vidade se houver permanência do defeito levando a atuação de proteções mais lentas.

Esta situação de falha de sensibilidade é ilustrada na figura abaixo para outro exemplo de regula-
ção do 2º escalão da proteção A.

Falha de Sensibilidade!
a) b)
Figura 2.6: Diagrama de impedâncias:

a) Não considerando “infeeds”.


b) Com um dos “infeeds” (I2).

A prática estabelecida na literatura para a regulação é a de um compromisso entre a sensibili-


dade e a seletividade, não considerando apenas um dos “infeeds”, o que proporciona a maior cor-
rente injetada no barramento intermédio. Este critério pressupõe que quanto muito estará uma linha
fora de serviço. No entanto, a variação dos “infeeds” não é só influenciada por linhas que eventual-
mente possam estar desligadas, e que possam mudar a topologia da rede, mas também é depen-

14
Capítulo 2: Enquadramento

dente do perfil de geração no instante em que ocorre o curto-circuito. Este perfil de geração na rede
de AT depende de geração proveniente das centrais hidrelétricas, termoelétricas, parques eólicos e
ainda da geração proveniente da MAT, responsável, em grande parte das situações, pelos “infeeds”
mais elevados.

2.2.4. Abordagens de Coordenação das Proteções de Distância

A evolução tecnológica dos equipamentos que constituem as proteções aumenta a fiabilidade do


Sistema de Proteção, mas não resolve os problemas inerentes ao desempenho do conjunto das pro-
teções, ou seja, da sua coordenação.

A não consideração de “infeeds” na coordenação das proteções, pressupõe que a rede é estável
e o perfil de geração pouco variável, o que não é o caso da rede de AT. No entanto, este critério po-
dia ser utilizado para a RNT de 400kV pois normalmente estão todas as linhas em serviço, ou quanto
muito está uma linha fora de serviço, e, as centrais ligadas a este nível de tensão são em grande
parte térmicas estando, quase permanentemente, todos os grupos ligados. [9]

Para a rede de AT, com geração bastante variável, os “infeeds” têm de ser considerados por isso
e por indicação do orientador desta tese propõe-se a aplicação de uma abordagem probabilística.

A formulação conceptual desta abordagem já tinha sido idealizada pelo orientador desta tese e
aplicada pelo Eng.º João Afonso às proteções de distância da rede de transporte [1], [10], [11]. O que
se pretende aqui é transpor alguns dos conceitos para a rede de distribuição. Agora tendo em conta
não só a influência das centrais hídricas mas, e principalmente, a produção eólica que cada vez mais
tem um peso maior na rede.

A aplicação de uma coordenação probabilística das proteções só é possível tirando partido do


poder de cálculo dos computadores atuais e dos programas de engenharia especialmente dedicados
à coordenação de proteções, como é o caso do CAPE.

Esta abordagem probabilística que se pretende aplicar engloba a introdução de contingências


com relevo para atuação das proteções, variando perfis de geração que se consideram mais influen-
tes, possibilitando uma análise mais adequada do comportamento das proteções nas diferentes situ-
ações, e, engloba a influência dinâmica dos erros intervenientes na medida das proteções no pro-
cesso de coordenação, permitindo a sua otimização face à resposta real das proteções.

2.3. Software utilizado

2.3.1. O CAPE

O estudo de Coordenação de Proteções é atualmente facilitado pelo uso de poderosas ferra-


mentas de software especialmente dedicadas a este tipo de estudos de engenharia. Por indicação do
orientador desta tese e porque é de facto o software mais indicado utilizou-se o “Computer-Aided
Protection Engineering” (CAPE) da Electrocon.

15
Capítulo 2: Enquadramento

O CAPE é uma ferramenta versátil e intuitiva, partindo de uma completa base de dados é possí-
vel fazer o estudo e cálculo de diversos tipos de curto-circuitos, para as topologias da rede pretendi-
das, permite adicionar e regular proteções, e, verificar a sua coordenação. Para além da análise dos
curto-circuitos e do comportamento das proteções de uma dada rede, esta ferramenta permite ainda
realizar estudos de trânsito de energia e de estabilidade transitória.

Cada uma destas funcionalidades está definida em diferentes módulos do CAPE sendo o módulo
de curto-circuitos o mais importante para o estudo pretendido. No entanto, o conhecimento do funcio-
namento da base de dados é fulcral tendo em conta a necessidade de realizar alterações na rede,
adquirir dados essenciais ao estudo e modificar valores de parâmetros pelo acesso direto à base de
dados através da interface gráfica IBConsole, do software de gestão de base de dados InterBase, uti-
lizando a linguagem “Structured Query Language” (SQL).

O mais importante e a vantagem do CAPE é a possibilidade de se utilizarem macros, através de


uma linguagem própria “Cape User’s Programming Language” (CUPL), facilitando assim os cálculos
que se querem sistemáticos, podendo automatizar e tornar o funcionamento do programa indepen-
dente, sem a necessidade de um acompanhamento constante do utilizador. Esta vantagem é prepon-
derante no caso de se pretender um estudo global, realizando uma elevada quantidade de cálculos e
executando de forma repetitiva determinados comandos. Como se pretende com esta tese analisar,
regular e obter a coordenação de todas as proteções existentes numa rede, a utilização das macros e
a aquisição de conhecimentos de linguagem CUPL é imprescindível e essencial.

2.3.2. O MATLAB

Devido às limitações da linguagem CUPL, recorre-se ao software MATLAB para proceder à coor-
denação dos vários escalões das proteções, aplicando o método probabilístico após o tratamento dos
dados previamente obtidos do CAPE.

Tira-se, assim, partido desta poderosa ferramenta de cálculo numérico, interativa e de alto de-
sempenho, fundamental para realizar os cálculos complexos subjacentes à abordagem probabilística
em estudo.

16
3. Modelação da Produção Eólica

A produção eólica tem vindo a aumentar de forma substancial nos últimos tempos. É importante,
portanto, conhecer o impacto provocado pela presença deste tipo de geração nas redes e, conse-
quentemente, entender a sua influência na coordenação das proteções existentes.

Para tal, no presente estudo, procedeu-se à modelação dos parques eólicos tento em conta as
considerações que se apresentam no ponto 3.1. Com todos os parques eólicos de uma rede modela-
dos, aplicou-se um algoritmo de forma a poder simular o seu comportamento aquando da ocorrência
de curto-circuitos, para diferentes perfis de geração e contingências da rede. Este comportamento do
parque representa as condições que o proprietário do parque tem de garantir, para que sejam cum-
pridas as indicações presentes no regulamento [12].

3.1. Modelo do Parque Eólico

A geração eólica pode ser representada por um equivalente, que simule um agregado coerente
de toda a produção eólica na área de influência da respetiva subestação [12]. Para cada parque esta
produção eólica normalmente varia entre 5% (mínimo) e 90% (máximo) da sua potência nominal. No
entanto, uma vez que se obtêm “infeeds” mais elevados se se considerar o parque a funcionar à po-
tência nominal, optou-se, no presente trabalho, por simular a referida geração num de dois estados:
ou se encontra desligada da rede não contribuindo com qualquer “infeed” ou ligada e a funcionar à
potência nominal. Para o estudo em causa, esta consideração é suficiente visto que os “infeeds” re-
sultantes são significativamente inferiores aos da restante geração, nomeadamente os provenientes
da MAT.

No planeamento da produção mínima necessária que assegure o abastecimento dos consumos,


considera-se que a produção eólica não contribui com qualquer valor de potência [12], no entanto,
para a regulação e coordenação das proteções da rede de distribuição ou de transporte, a geração
eólica tem de ser tida em consideração, devido ao “infeeds”, que embora inferiores em comparação
com os restantes, podem provocam falhas na coordenação das proteções, nomeadamente falhas de
sensibilidade e possivelmente consequentes falhas de seletividade, se não forem contabilizados.

O primeiro aspeto a ter em conta, para modelar um parque eólico é o gerador. Dos vários tipos de
geradores eólicos existentes, os mais usuais são os que seguidamente se mencionam.

Máquina de Indução de Rotor em Gaiola (MIRG ou SCIG na nomenclatura anglo-saxónica):

Esta máquina é constituída por um sistema de conversão de energia eólica, que funciona a velo-
cidade aproximadamente constante, equipado com um gerador de indução diretamente ligado a uma
rede de frequência constante. [13]

17
Capítulo 3: Modelação da Produção Eólica

Figura 3.1: Esquema representativo da máquina de indução de rotor em gaiola. [14]

Não existem conversores de potência entre o gerador e a rede e, portanto, a corrente de defeito
não é limitada, assim sendo, esta máquina pode ser modelada como um gerador síncrono sem limita-
ção de corrente, contribuindo para o defeito apenas durante os primeiros ciclos, uma vez que a má-
quina só tem regime sub-transitório.

Máquina de indução duplamente alimentada (MIDA ou DFIG):

É constituída por sistemas conversores equipados com gerador de indução de rotor bobinado e
escorregamento variável. Nesta montagem o estator é diretamente ligado à rede e o rotor ligado à
rede através de um conversor AC/DC/AC e de um transformador elevador. O princípio de funciona-
mento desta máquina baseia-se na possibilidade de controlar a sua velocidade por variação da re-
sistência do rotor. [15]

Em condições de defeito, a eletrónica de potência limita a corrente de curto-circuito, e portanto,


para se poder modelar esta máquina é necessário conhecer esse limite máximo de corrente. Este
valor normalmente é fornecido pelo fabricante, no entanto, no caso de não se possuir qualquer infor-
mação, sugere-se, como representado na figura 3.2, limitar a corrente a 1,1 pu da corrente nominal
do gerador. No caso de a máquina possuir um sistema de proteção do conversor (crowbar) contra as
correntes de defeito elevadas no rotor, o modelo equivalente da máquina deixa de ser apenas uma
fonte de corrente e passa a ser representado por uma fonte de tensão em série com a reactância
sub-transitória.

18
Capítulo 3: Modelação da Produção Eólica

Figura 3.2: Esquema representativo da máquina de indução duplamente alimentada. [14]

Máquina Síncrona (ou Assíncrona) de Velocidade Variável (MSVV):

Consiste num gerador síncrono ligado assincronamente à rede elétrica através de um conversor
AC/DC/AC, isolando, assim, a frequência do rotor da frequência da rede e, por isso, possibilitando
uma maior eficiência do sistema. Há fabricantes que utilizam geradores de indução (figura 3.3), mas
pode ser mais vantajoso um gerador síncrono, com um número elevado de pares de pólos de modo a
permitir ao gerador acompanhar a velocidade de rotação da turbina, evitando a utilização de uma
caixa de velocidades. Esta vantagem é importante pois diminui as perdas e o ruído associados às
baixas velocidades do vento. [13]

Tal como a máquina anterior, o conversor de potência não é capaz de suportar a corrente de de-
feito e, por isso, a máquina de velocidade variável também pode ser modelada como um gerador sín-
crono com limite de corrente de defeito a 1,1 pu da corrente nominal do gerador.

Analisando o documento do Instituto de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial sobre os Par-


ques Eólicos em Portugal (Dezembro de 2010) [16], verificou-se que a ENERCON é o fabricante com
maior quota de mercado, cerca de 52,5% (aerogeradores ligados à rede + construção + adjudicados),
sendo o modelo E-82, o modelo de gerador eólico mais utilizado deste fabricante, em cerca de 168
dos parques eólicos existentes em Portugal.

Consultando o descritivo deste modelo [17], concluiu-se que o tipo de gerador utilizado é um ge-
rador síncrono de velocidade variável, e, por isso, no corrente trabalho modelou-se, através do pro-
grama CAPE, todos os parques eólicos da rede em estudo com geradores deste tipo (MSVV).

19
Capítulo 3: Modelação da Produção Eólica

Figura 3.3: Esquema representativo da máquina assíncrona de velocidade variável. [14]

Um parque eólico pode conter algumas dezenas de geradores eólicos. Estes geradores estão li-
gados por um intricado sistema coletor ao barramento da subestação do parque eólico. Enquanto que
a influência de um único gerador eólico pode ser pequena, o conjunto de todos os geradores do
parque pode provocar um impacto significativo aquando da ocorrência de um defeito na rede. [18]

No parque eólico, cada gerador está ligado a um transformador que eleva a tensão para um nível
médio. Nesse nível os geradores eólicos estão interligados em cadeia por cabos até ao barramento
da subestação do parque. Nesse barramento podem afluir vários ramais com agrupamentos de gera-
dores. De acordo com esta descrição prévia, tipicamente, um parque eólico pode ser representado
pelo esquema da figura 3.4. No entanto, para a rede em estudo os parques foram previamente di-
mensionados e representados de acordo com a figura 3.5 a). A principal diferença é a não modela-
ção de qualquer cabo de interligação no parque, estando os transformadores dos geradores eólicos
diretamente ligados ao barramento da subestação do parque.

Portanto, para determinar o esquema equivalente do parque eólico, recorreu-se aos dados dispo-
nibilizados pela EDP na rede em estudo, partindo-se, assim, do equivalente da figura 3.5 a). Calcu-
lou-se a potência do gerador equivalente somando as potências de todos os geradores do parque,
obteve-se a impedância do gerador equivalente fazendo o paralelo de todas as impedâncias dos ge-
radores do parque e determinou-se a impedância do transformador equivalente fazendo o paralelo de
todos os transformadores associados aos geradores eólicos ao qual se adicionou em série o trans-
formador da subestação.

20
Capítulo 3: Modelação da Produção Eólica

Rede
Linha de interligação
do Parque à Rede

Parque
60kV Subestação Eólico
do Parque
Transformador Eólico
da Subestação

20kV

Neutro Bateria de
Artificial Condensadores

Cabos de
interligação

0,4kV 20kV 0,4kV 20kV 20kV 0,4kV

0,4kV 20kV 0,4kV 20kV 20kV 0,4kV

0,4kV 20kV 0,4kV 20kV 20kV 0,4kV

0,4kV 20kV

Figura 3.4: Esquema típico de um parque eólico.

Partindo do raciocínio atrás mencionado obteve-se o modelo de cada parque eólico de acordo
com o esquema apresentado na figura 3.5 b).

Rede
60kV 0,4kV 60kV

Rede
ZTS
ZT Linha de
20kV SN, ZG interligação

ZT1 ZT2 ... ZTn


 SN = SN1+SN2+…SNn
0,4kV 0,4kV
SN1, ZG1 SN2, ZG2 SNn, ZGn
 ZG = ZG1//ZG2//…//ZGn
 ZT = ZT1//ZT2//…//ZTn+ZTS

a) b)

Figura 3.5: Esquema equivalente:


a) dos parques eólicos previamente na rede em estudo.
b) obtido para cada parque eólico.

No caso dos geradores do parque e dos transformadores associados serem todos iguais as ex-
pressões apresentadas na figura 3.5 b) simplificam-se:
 SN = n×SN1
 ZG = ZG1/n (3.1)
 ZT = ZT1/n + ZTS

21
Capítulo 3: Modelação da Produção Eólica

Partindo dos valores fornecidos pela EDP e utilizando as expressões em (3.1), foram obtidos os
dados para os equivalentes de todos os parques e apresentados na tabela seguinte. As impedâncias
equivalentes são apresentadas em pu para a potência de base de 100MVA e tensão de base igual à
tensão nominal do gerador.

Tabela 3.1: Dados do equivalente de cada parque eólico da rede em estudo.


Nº do SN VN Fator de
ZG (pu) ZT (pu)
parque (MVA) (kV) potência
1 23,78 0,4 0,962 0,653+j2,062 0,153+j1,113
2 9 0,4 0,95 0,143+j0,341 0,154+j1,313
3 18 0,4 0,95 0,072+j0,171 0,096+j0,967
4 23,65 0,4 0,93 0,096+j0,448 0,062+j0,650
5 12,9 0,69 0,93 0,083+j0,198 0,123+j1,007
6 21,51 0,4 0,93 0,030+j0,071 0,062+j0,744
7 12,5 0,69 0,96 0,065+j0,154 0,120+j1,154
8 22,85 0,69 0,95 0,130+j0,310 0,059+j0,735
9 14,06 0,69 0,95 0,344+j0,819 0,102+j1,090
10 27,96 0,69 0,93 0,018+j0,042 0,045+j0,547
11 23,66 0,4 0,93 0,025+j0,059 0,042+j0,568
12 4,3 0,69 0,93 0,750+j1,786 0,268+j1,910
13 7 0,4 0,95 0,184+j0,439 0,224+j1,842

Embora no CAPE fosse possível limitar a corrente de defeito para 1,1 pu da corrente nominal do
gerador síncrono, como forma de representar o limite imposto pela eletrónica de potência, para o
estudo efetuado, essa limitação do valor de corrente injetada por cada parque é imposta pelo algo-
ritmo apresentado no ponto 3.3, não houve necessidade, portanto, de regular este parâmetro no Edi-
tor de Base de Dados do CAPE para cada gerador. Esta limitação do valor da corrente poderia ser
feita no CAPE, utilizando o referido editor, acedendo aos dados do gerador e no separador “Current
Limit”, indicando o tipo de limite, neste caso: “Limit maximum 3-phase current”, e o valor 1,1 em pu.

3.2. Regulamento da Produção Eólica

Com o desenvolvimento tecnológico encontram-se cada vez mais geradores eólicos capazes de
regular a sua produção tanto em potência ativa como em potência reativa. Os mais recentes
geradores eólicos caracterizam-se também pela sua imunidade a cavas de tensão, em caso de curto-
circuitos próximos. Estes desenvolvimentos técnicos permitem explorar os parques eólicos tendo em
conta as necessidades da rede eléctrica, nomeadamente a estabilização da tensão da rede principal.

De acordo com as Condições técnicas de ligação, Capítulo 3, Anexo I da Portaria nº596/2010 de


30 de Junho [12], os produtores em regime especial ligados à RND, tanto nas horas CP (período com
as horas de cheia e de ponta) como nas horas VS (período com as horas de vazio e de super vazio)
não devem fornecer qualquer potência reativa ( ), no entanto, pode ser acordado
com o operador da rede de distribuição a modificação destes limites de funcionamento.

No mesmo regulamento [12] está estipulado que as instalações de produção eólica devem
permanecer ligadas à rede durante cavas de tensão decorrentes de defeitos trifásicos, bifásicos ou

22
Capítulo 3: Modelação da Produção Eólica

monofásicos sempre que a tensão, no enrolamento do lado da rede do transformador de interligação


da instalação de produção eólica, esteja acima da curva apresentada na figura 3.6, não podendo
consumir potência ativa ou reativa durante o defeito e na fase de recuperação da tensão.

De acordo com a referida curva o parque eólico deve ter capacidade para suportar cavas de
tensão (fault ride through capability - FRTC) até um valor de tensão de 0,2 pu. Abaixo do referido
valor o parque é retirado da rede.

Figura 3.6: Curva tensão-tempo da capacidade exigida aos parques para suportarem cavas de tensão.

Durante as cavas de tensão, os parques eólicos devem fornecer corrente reativa, de acordo com
a figura que se segue, proporcionando desta forma suporte para a tensão na rede.

Figura 3.7: Curva de fornecimento de reativa pelos parques eólicos durante cavas de tensão.

O cumprimento desta curva de produção mínima de corrente reativa, pelos parques eólicos, deve
iniciar-se com um atraso máximo de 50 ms após a deteção da cava de tensão. Da figura 3.7 é pos-
sível obter as equações para a corrente reativa que um parque eólico deve injetar durante uma cava
de tensão:

23
Capítulo 3: Modelação da Produção Eólica

| |
{ (3.2)
| | | |

Para valores de tensão superiores a 0,9 pu, o parque não necessita de fornecer qualquer corrente
reativa.

Devido à elevada penetração da energia eólica em determinadas regiões, se os parques não


tiverem capacidade para suportarem cavas de tensão, como sucedia antigamente, a perda
significativa de geração eólica poderia conduzir a um colapso do sistema elétrico.

24
Capítulo 3: Modelação da Produção Eólica

3.3. Algoritmo Iterativo Aplicado aos Parques Eólicos

Condição inicial: X’’G e RG pré-definidos para o equivalente de cada


parque na simulação dos diferentes perfis de geração da rede.
Atribuição destes valores a todos os geradores de cada parque.
Atualização da base de dados.

Nº do parque (NP)
inicializado a 1.

Atualiza base de NP 13 Não


Incrementa NP.
dados da rede. ?

Sim

Simulação do c.c. na rede.


|u|>0.9
Se a corrente foi
limitada a 1,1pu, Verificação de cavas nas centrais térmicas ou hídricas,
calcula ZG que desligadas da rede se u < 0.85 pu. Verificação do perfil
garante essa de geração ligado à rede. Determinação da
corrente. Caso impedância equivalente do gerador do parque NP e
contrário atualiza guarda o valor em ZG(NP).Determinação da tensão (u)
Guarda valor de ZG com os valores e da corrente ativa (Iat) no barramento do parque NP
ZG em antZG(NP), predefinidos para do lado da rede. A corrente é limitada se for superior a
calcula novo ZG o parque NP. 1.1pu: para 0.2 |u| 0.5: Iat= ; para
que garanta o
0.5<|u| 0.9: Iat= ( | | ) .
valor de Ireat e
Variável i inicializada a 1.
guarda em
ZG(NP). Não
Corre vector com as impedâncias do gerador de
Sim
0.5<|u| 0.9 cada parque (ZG(i)) e o vector das impedâncias
Ireat=-2.25|u| + 2.025.
? anteriores (antZG(i)).

Guarda valor de ||antZG(i)| - |ZG(i)||<0.001 e Não


ZG em antZG(NP), ZG(i) ≠ 0 e antZG(i) ≠ 0 ?
calcula novo ZG
que garanta
Ireat=0.9 e guarda vEolica(i)=0.
Sim
em ZG(NP).
Não vEolica(i)=1.

Sim 0.2 |u| 0.5


Ireat=0.9. Sim
? i 13? Incrementa i.

Não
Não
X’’G=999999 e Conta nº de 1’s no vector vEolica.
Sim
RG=0. Parque |u|<0.2?
fora da rede. ?
Sim Todos os valores
Nº de 1’s=13?
convergiram. FIM

Análise da tensão Não


(u) no parque NP.

Figura 3.8: Fluxograma do algoritmo para determinação dos equivalentes do gerador dos parques.

25
Capítulo 3: Modelação da Produção Eólica

O fluxograma apresentado na página anterior representa o algoritmo utilizado para a


determinação do equivalente do gerador de cada parque eólico.

Uma vez que a rede que se pretende estudar contém um total de treze parques eólicos é utilizado
um método iterativo que verifica as impedâncias equivalentes do gerador de todos os treze parques,
alterando os respectivos valores de forma a garantir que o parque cumpra a curva da corrente reativa
prevista no regulamento, para um curto-circuito simulado na rede em estudo, com um dado perfil de
geração.

Para os diferentes perfis que se pretende simular, este método principia considerando que os
geradores de todos os parques estão modelados para os valores pré-definidos, obtidos dos valores
da EDP realizando o equivalente do parque.

A reactância pré-definida no CAPE para o cálculo das correntes de curto-circuito injetadas por
cada gerador síncrono, é a reactância subtransitória, por isso e porque este era o único valor de
reactância directa definida pela EDP para os geradores síncronos dos parques eólicos, não sendo
definidas nem a reactância transitória nem a síncrona, foi a reactancia sub-trânsitória X’’G assim como
uma dada resistência RG que foram utilizadas para representar a impedância do gerador síncrono ZG
na rede existente no CAPE, apesar de ser a reactância transitória a mais adequada para este estudo
pois é analisada, segundo o regulamento, a resposta dos geradores com um atraso máximo de 50 ms
após a detecção da cava de tensão.

Atribuidos os valores a todos os geradores, para cada parque é simulado um curto-circuito na


rede, verifica-se a existência de cavas em todas as centrais termoeléctricas ou hidroeléctricas, no
caso do valor de tensão no seu barramento do lado da rede baixar dos 0,85 pu a respectiva central é
retirada, e assegura-se o perfil de geração ligado à rede que se pretende estudar. Este algoritmo é
aplicado para o perfil que resulta do curto-circuito e/ou para o perfil simulado na macro perfiscc.mac.
Por exemplo se um dado curto-circuito provoca a desligação de uma central térmica, o algoritmo é
aplicado a todos os parques eólicos com toda a geração ligada à rede excepto a referida central que
foi desligada.

Para o primeiro parque, considerando que todos os outros estão regulados com os valores pré-
definidos, são determinadas a tensão e corrente no barramento do lado da rede, impostas pelo curto-
circuito simulado. Se a corrente tiver um valor superior a 1,1 pu, devido aos limites impostos pela
electrónica de potência, tem de ser limitada, considerou-se neste trabalho, para o referido valor. Ora a
determinação da corrente ativa, para esta situação,depende da tensão no barramente do parque e da
corrente reativa que segundo o regulamento o parque tem de injectar. Sendo assim determinou-se o
valor da corrente ativa de forma a que o módulo da corrente correspondesse a 1,1pu:

| | (3.3)

( | | ) | | (3.4)

26
Capítulo 3: Modelação da Produção Eólica

Para tensões superiores a 0,9 fixou-se o módulo da corrente para o limite mencionado. No caso
da tensão ser inferior a 0,2 pu, não é necessário limitar a corrente porque o parque é retirado da rede.
Para determinar a impedância equivalente do gerador do parque é necessário, novamente, analisar
do valor de tensão obtido:

Para |u|<0,2 pu:

No caso do valor de tensão no barramento ser inferior a 0,2 pu, o parque é retirado da rede, como
mencionado atrás. É atribuido, para esse fim, o valor de zero à resistência e um valor muito elevado
para a reactância do gerador equivalente do parque. O algoritmo permite, assim, também simular as
proteções de mínimo de tensão do parque.

Para 0,2 |u| 0,5 pu:

Para uma tensão entre 0,2 e 0,5 pu, de acordo com o regulamento, o parque tem de fornecer à
rede uma corrente reativa de 0,9 pu e não consumir nenhuma corrente ativa durante o defeito. No
programa utilizado para a simulação dos curto-circuitos (CAPE), o valor da força electromotriz do
gerador síncrono é considerado igual a 1 pu e o parque eólico pode ser representado pelo esquema
equivalente apresentado na figura 3.9.
ZG ZT Iccparque

EG
u

Figura 3.9: Esquema monofásico equivalente para os centros electroprodutores.

Tendo em conta o equivalente obtém-se a seguinte expressão:

(3.5)

(3.6)

Para determinar o valor de ZG, utiliza-se a equação anterior partindo dos valores de corrente ativa
e de tensão determinados atrás e utilizando o valor de corrente reativa que se pretende:

(3.7)

O valor anterior de ZG é guardado no vector antZG(NP), em que NP indica o número do parque.


O novo valor calculado é guardado em ZG(NP).

Para 0,5<|u| 0,9 pu:

Para valores entre 0,5 e 0,9 pu, o regulamento impõe que o parque injecte uma corrente reativa
imposta pela expressão (3.2). Assim, tal como no raciocíno anterior, a impedância equivalente do
gerador é dada por:

27
Capítulo 3: Modelação da Produção Eólica

(3.8)
( | | )

O valor anterior de ZG é guardado no vector antZG(NP) e o novo valor calculado é guardado em


ZG(NP).

Para |u|>0.9 pu:

No caso da tensão ser superior a 0,9 pu, o parque não necessita de fornecer qualquer corrente
reativa. Se a corrente no barramento do lado a rede tiver sido limitada de forma a que o módulo não
ultrapasse 1,1 pu, a impedância equivalente do gerador é calculada de modo a garantir essa corrente.
Caso contrário, utiliza-se o valor de ZG pré-definido para cada parque. Estes valores pré-definidos
foram calculados partindo do equivalente de cada parque eólico inicialmente apresentado na rede
com os parâmetros da EDP.

Para o segundo parque eólico, os valores de corrente e tensão são determinados considerando
que todos os parques têm os valores de impedância pré-definidos com a exceção do primeiro, que é
simulado já com o novo valor de impedância do gerador. Calcula-se o novo valor de ZG para o
segundo parque e o terceiro parque é simulado com os novos valores dos dois parques anteriores.
Este método é repetido sucessivamente, até se obter o novo valor de ZG para todos os parques.

No primeiro ciclo a condição de convergência não pode ser verificada, uma vez que é necessário
calcular as impedâncias de todos os treze parque eólicos. No segundo ciclo, partindo dos valores
determinados no primeiro, para que cada parque cumpra o regulamento, é recalculado o novo valor
de impedância.

Em cada ciclo, os valores de impedâncias dos geradores aproximam-se dos valores obtidos no
ciclo anterior. Quando a diferença entre a impedância calculada para o gerador e a impedância
calculada anteriormente for inferior a 0,001 para todos os parques, obtém-se um valor para o
equivalente do gerador de cada parque, com um erro inferior a 0,1%, que garante o cumprimento da
injecção de corrente reativa prevista pelo regulamento e portanto considera-se que o método
convergiu.

Na verificação da convergência é utilizado um vector auxiliar vEolica com treze posições


correspondentes a cada um dos parques. A cada parque em que a diferença da impedância
equivalente do gerador e a impedância anterior é inferior a 0,001 é atribuido na respectiva posição do
vector o número um, caso contrário, é atribuido zero. Quando este vector tem em todas as suas
posições o valor um, é verificada a condição de paragem, o ciclo termina e o método converge.

Este algoritmo foi programado numa macro, para que podesse ser aplicado e simulado na rede
em estudo utilizando o programa CAPE. A macro é mencionada mais à frente no ponto 5.3.2.

28
4. Rede de Alta Tensão no CAPE

4.1. Perfis de Geração

A rede utilizada neste trabalho corresponde a 1/6 da rede de Alta Tensão da EDP e é constituída
por sete centrais termoelétricas (quatro de cogeração, três de biomassa), três centrais hidroelétricas
(duas de albufeira e uma de fio-de-água), treze parques eólicos, sessenta e duas subestações da
EDP, vinte subestações de centros produtores/consumidores cuja geração ou consumo não estão
discriminados, sete postos seccionadores, e, doze subestações de transformação (onze delas
pertencentes à REN) que elevam o nível de tensão para a Muito Alta Tensão.

Figura 4.1: Rede de AT utilizada no CAPE.

A rede apresentada na figura anterior está dividida em 10 partes diferentes.

A geração proveniente da MAT é simulada através de grupos geradores ligados às referidas sub-
estações (AT/MAT), representando a injeção de corrente forte na rede de AT (figura 4.2). Os perfis
da rede dependem deste tipo de geração assim como da geração ligada à rede AT de centros elec-
troprodutores particulares ou pertencentes à EDP.

Assim, no estudo dos perfis, são consideradas todas as centrais termoelétricas, hidroelétricas (de
Produtores em Regime Especial e Produtores em Regime Ordinário), todos os parques eólicos e a
geração proveniente da MAT.

29
Capítulo 4: Rede de Alta Tensão no CAPE

A geração proveniente da MAT é representada no CAPE por dois geradores síncronos, um


representa as correntes de curto-circuito máximas, o outro as correntes de curto-circuito mínimas
tabeladas pela REN.

Figura 4.2: Porção da rede com a subestação SUBGMAT1 com a geração representativa da MAT.

A produção em Regime Especial engloba as eólicas (treze), mini-hídricas (uma), centrais de


cogeração (quatro) e de biomassa (três). A produção em Regime Ordinário é representada por duas
hídricas. No total perfaz vinte e três centros electroprodutores, no entanto, uma vez que existem cen-
tros com mais que um grupo gerador, o número total de geração na rede é cinquenta e dois, o que
corresponde a 240 perfis diferentes, uma vez que cada geração pode estar ligada (1) ou desligada (0)
da rede, ou no caso da geração representativa da MAT, pode contribuir com as correntes de curto-
circuito máximas (1) ou com as correntes de curto-circuito mínimas.

Para cada geração está associada uma disponibilidade diferente em conformidade com o tipo de
recurso energético e o ano em questão. Na figura seguinte está representada a disponibilidade de
cada geração no ano 2009 e 2010 (dados da EDP).

Figura 4.3: Evolução da disponibilidade (%). [7]

30
Capítulo 4: Rede de Alta Tensão no CAPE

De acordo com a Portaria nº596/2010, o conceito de "Disponibilidade" significa: situação em que


um grupo gerador se encontra apto a responder, em exploração, às solicitações, de acordo com as
suas características técnicas e parâmetros considerados válidos. Portanto, a disponibilidade referida
está intrinsecamente ligada aos recursos energéticos disponíveis e contabiliza ao longo do ano as
interrupções programadas (por razões de serviço ou de interesse público) e acidentais (resultantes de
defeitos imprevisíveis).

Verifica-se que a variação da disponibilidade é pouco acentuada para grande parte dos diferentes
tipos de geração, notando-se apenas uma variação mais acentuada na evolução da disponibilidade
das centrais de cogeração e de carvão.

Sendo assim, considerou-se, para cada tipo de geração, que a probabilidade de estar ligada à
rede corresponde à disponibilidade apresentada no ano transato (2010) subtraindo 10% do seu valor
e no caso das hídricas 20% de forma a traduzir de modo mais realista a probabilidade de cada uma
destas gerações estar presente na rede. Esta aproximação é grosseira uma vez que representa a ge-
ração de uma forma global. Optou-se por fazer esta aproximação uma vez que se pretende ter uma
visão global da geração associada à rede e não se possui dados suficientes para discriminar indivi-
dualmente a utilização/produção anual intrinsecamente ligada aos recursos energéticos e à localiza-
ção geográfica de cada central ou parque eólico.

Relativamente à disponibilidade associada à MAT, em Julho de 2009, a Entidade Reguladora do


Sector Energético (ERSE) introduziu um novo mecanismo de incentivo ao aumento da disponibilidade
dos elementos da RNT, com o objetivo de promover a fiabilidade enquanto fator determinante para a
qualidade de serviço associada ao seu desempenho. [19]

O mecanismo de incentivo ao aumento da disponibilidade incide sobre o novo indicador desig-


nado por Taxa Combinada de Disponibilidade. Este indicador conjuga os dois principais elementos da
RNT, os circuitos de linha, que englobam as linhas aéreas e subterrâneas, e os transformadores de
potência, que englobam os transformadores de entrega à rede de distribuição e os autotransformado-
res, incluindo-se em ambos os casos as indisponibilidades dos respetivos painéis associados. [19]

Figura 4.4: Incentivo ao aumento de disponibilidade. [19]

O valor deste indicador determina a atribuição de um incentivo ou de uma penalidade económica


para a REN, conforme se situe acima ou abaixo do nível de indiferença (meta) que foi fixada em
97,5%. Em 2010 a Taxa Combinada de Disponibilidade atingiu o valor de 97,78% como se pode
observar na figura 4.4. [19]

31
Capítulo 4: Rede de Alta Tensão no CAPE

A figura seguinte mostra a evolução da Taxa Combinada de Disponibilidade ao longo do ano de


2010. A maioria destas indisponibilidades foram planeadas e, portanto, sem consequências gravosas
para a exploração da rede. [19]

Figura 4.5: Taxa combinada de disponibilidade. [19]

Foi feita a comparação com as correntes máximas e mínimas de curto-circuito para cada subes-
tação existente na rede do CAPE com os dados apresentados no documento da REN [19], verifi-
cando-se que os valores são idênticos, mas não exatamente iguais pois variam consoante o ano em
que o estudo é feito.

Tabela 4.1: Valores máximos e mínimos de correntes de defeito trifásico.


Valor Máximo
Valor Mínimo de
Geração Representativa Tensão de Corrente de
Corrente de De-
da MAT (kV) Defeito Trifá-
feito Trifásico (kA)
sico (kA)
GMAT1 60 13,0 11,0
GMAT2 60 17,9 15,2
GMAT3 60 31,6 27,9
GMAT4 60 13,0 12,2
GMAT7 60 20,4 17,3
GMAT8 60 11,8 9,4
GMAT9 60 0,96 0,96
GMAT10 60 7,7 7,2
GMAT11 60 14,0 12,9
GMAT12 60 18,0 16,0

As subestações da MAT número 5 e 6 pertencem a parte da rede que não têm proteções de dis-
tância, e portanto, não entram para este estudo.

Para o valor máximo de corrente de defeito, considerando que existe mais geração ligada, atri-
buiu-se a probabilidade máxima (disponibilidade de Janeiro) de cerca de 98,8%, para o mínimo de
corrente foi considerada a probabilidade mínima (disponibilidade de Setembro) de cerca de 97,1%.
Estes valores foram obtidos por consulta do gráfico da figura 4.5.

32
Capítulo 4: Rede de Alta Tensão no CAPE

Sendo assim, pretende-se simular a geração proveniente da MAT de duas formas: contribuindo
com uma corrente para o defeito no máximo igual ao valor da corrente máxima estipulada na tabela
anterior para a referida geração ou com a corrente mínima consoante esteja um ou o outro gerador
da subestação da MAT ligado à rede.

Para a situação em que a geração representativa da MAT pode contribuir no máximo com a cor-
rente de defeito máxima tabelada é atribuída a probabilidade máxima, pois considera-se que corres-
ponderá a uma maior disponibilidade da geração de MAT. Para a situação em que esta geração con-
tribui no máximo com a corrente de defeito mínima tabelada é atribuída a probabilidade mínima pois
eventualmente corresponderá a uma menor disponibilidade da geração proveniente da MAT.

Tendo em conta as considerações mencionadas atrás, construiu-se, para a geração da rede em


estudo, a tabela seguinte com o nome, o número atribuído e a probabilidade da respetiva geração
estar ligada (disponibilidade):

Tabela 4.2: Geração presente na rede AT.


Probabilidade de Probabilidade de
estar ligada / cor- estar desligada/ cor-
Geração na Rede AT Nº Atribuído rentes de defeito rentes de defeito
máximas da MAT mínimas da MAT
(%) (%)
Parque eólico 1 a 13 87,5 12,5
Cogeração 14, 15 e 23 73,2 26,8
Biomassa 16 e 17 85,1 14,9
Biomassa (2 grupos) 18 e 19 92,2 7,8
Cogeração (3 gru-
20, 21 e 22 90,1 9,9
pos)
Hídrica PRO
24 e 25 85,1 14,9
(2 grupos)
Hídrica PRE 26 75,6 24,4
Hídrica PRO
27, 28, 29 e 30 92,2 7,8
(4 grupos)
GMAT 31 a 40 98,8 97,1

Designa-se por perfil de geração o conjunto de geradores presentes numa dada porção da rede e
que contribuem com correntes para um determinado curto-circuito simulado.

A probabilidade de cada perfil é obtida considerando que cada gerador é independente, e por-
tanto, resulta da multiplicação da probabilidade de cada gerador. Estas probabilidades são as apre-
sentadas na tabela anterior.

Para a Hídrica PRO com quatro grupos (27, 28, 29 e 30) considerou-se que todos tinham a
mesma probabilidade e tendo em conta que a probabilidade da central estar ligada à rede é de
72,4%, então a probabilidade de cada grupo é de: . Para a Hídrica PRO com
dois grupos (24 e 25) a probabilidade de cada grupo é de: .

33
Capítulo 4: Rede de Alta Tensão no CAPE

A rede possui uma central de biomassa com dois grupos (18 e 19), e sendo a probabilidade desta
estar ligada igual a 85,1%, a probabilidade de cada grupo é de: . Existe ainda
uma cogeração com três grupos (20, 21 e 22), e tendo em conta que 73,2% corresponde à probabili-
dade de estar ligada, a probabilidade de cada grupo é de: .

O perfil de geração a simular é definido representando um vetor de dimensão igual ao número


total de geração na rede, quarenta. O valor um é atribuído à geração que está ligada à rede, o valor
zero à geração que se pretende simular desligada da rede, ou no caso da geração representativa da
MAT, um para simular as correntes máximas de defeito e zero as correntes mínimas. É atribuído o
valor dois à geração que não pertence à parte da rede onde se encontra a proteção a estudar, e que
portanto, não têm qualquer influência para a medida efetuada pela proteção. Estes valores são adi-
cionados na posição do vetor indicada pelo número da geração em causa de acordo com a tabela
4.2.

4.2. Equivalentes da Geração presente na Rede

A presença unicamente de geradores síncronos na rede em estudo deve-se ao facto de quase


toda a energia elétrica produzida em Portugal, com a exceção de alguns parques eólicos e algumas
centrais de baixa potência, ser proveniente deste tipo de geradores, que assim se constituem como
os elementos-matrizes dos Sistemas de Energia Elétrica. [20]

A escolha deste tipo de geradores, em contraposição com os geradores de indução, deve-se à


atitude normalmente de prudência por parte dos projetistas em optarem por soluções com méritos
comprovados. No entanto, hoje em dia, com a experiencia adquirida do funcionamento da máquina
assíncrona como gerador em aproveitamentos eólicos e conhecidas as suas características de ro-
bustez, fiabilidade e economia, o gerador de indução constitui, em geral, a solução técnica e econo-
micamente preferível. [6]

Com a exceção dos parques eólicos cuja modelação foi descrita no ponto 3.1, a geração presente
na rede não sofreu alterações, mantendo-se a regulação previamente realizada pela EDP.

Todos os centros electroprodutores podem ser representados pelo esquema monofásico equiva-
lente da figura 4.6. Em condições de defeito a corrente injetada por cada centro electroprodutor é
dada pela expressão (4.1). Para centros com mais de um grupo gerador a corrente total injetada na
rede corresponde à soma das correntes injetadas por cada grupo.

ZG ZT Icccentral

EG
u

Figura 4.6: Esquema monofásico equivalente para os centros electroprodutores.

34
Capítulo 4: Rede de Alta Tensão no CAPE

Tendo em conta o equivalente e após se certificar que os valores obtidos no programa estão em
conformidade obtém-se:

(4.1)

A geração proveniente da MAT, simulada através de geradores síncronos ligados diretamente às


subestações de AT da EDP, pode ser representada pelo seguinte esquema monofásico:

ZG IccGMAT

EG
u

Figura 4.7: Esquema monofásico equivalente da geração proveniente da MAT.

Sendo assim, a corrente proveniente da MAT, aquando da ocorrência de um curto-circuito na


rede, é dada pela expressão:

(4.2)

Com a exceção dos parques eólicos, depois de identificada a restante geração da rede e com-
preendida a sua modelação, pretende-se em seguida estudar as proteções de distância nela presen-
tes e a forma como são reguladas no CAPE.

4.3. Proteções de Distância no CAPE

As proteções utilizadas na rede AT, nomeadamente, as de distância para as quais o presente


estudo é focado, são de diversos fabricantes: Siemens, Alstom, ABB, ASEA, General Electric e BBC.

Relativamente às proteções da BBC verificou-se que estas estavam reguladas de forma incon-
sistente com a biblioteca do CAPE e que os comandos do programa, utilizados para aceder e alterar
parâmetros das proteções, não tinham os códigos definidos pela Electrocon para este fabricante, tor-
nando impossível a sua regulação através de macros. Sendo assim, substituíram-se estas proteções
pelas da Schweitzer utilizando a mesma característica (Mho) e atribuindo os mesmos valores aos
seus parâmetros.

Fabricante: BBC Fabricante: Schweitzer

Categoria: Distance Package Categoria: Digital Package

Tipo de Relé: LH1W Tipo de Relé: SEL-321

Modelo do Relé: LH1W_5A_100V Modelo do Relé: SEL-321-5 5A

35
Capítulo 4: Rede de Alta Tensão no CAPE

Tabela 4.3: Parâmetros do modelo SEL-321-5 da Schweitzer.


Domínio da
Nome Regulação Descrição
regulação
Z1MAG 1,78475 0.05-255 Ω Módulo da Impedância direta da linha.
Z1ANG 72 5-90º Ângulo da impedância direta da linha.
CTR 160 1-6000 Relação de transformação do TI.
PTR 545,442 1-10000 Relação de transformação do TT.
PMHOZ 4 N,1,2,3,4 Nº de escalões com característica Mho
Z1P 1,51704 0.05-64 Ω Alcance da impedância do 1º Escalão.
Z2P 2,14170 0.05-64 Ω Alcance da impedância do 2º Escalão.
Z3P 2,76281 0.05-64 Ω Alcance da impedância do 3º Escalão.
Z4P 9,42485 0.05-64 Ω Alcance da impedância do 4º Escalão.
Z2PD 15 0-2000 Ciclos Temporização do 2º Escalão.
Z3PD 50 0-2000 Ciclos Temporização do 3º Escalão.
Z4PD 75 0-2000 Ciclos Temporização do 4º Escalão.

Estes valores correspondem à regulação efetuada para a proteção número 157 da rede. Para
todas as proteções deste modelo a regulação inicial foi feita da seguinte forma:

- Para o 1º Escalão: (4.3)


- Para o 2º Escalão: (4.4)
- Para o 3º Escalão: ( ) (4.5)
- Para o 4º Escalão: ( ) (4.6)
- Para o Escalão de Arranque: (4.7)

Na tabela 4.3 os valores apresentados para os escalões são os valores efetivamente vistos pela
proteção, no secundário dos seus transformadores. Para se determinar os valores do lado do primá-
rio, que são os valores apresentados no módulo “Coordination Graphics” do CAPE, basta multiplicar
pela razão das relações de transformação dos TT’s e TI’s das proteções (PTR/CTR) como está
exemplificado na figura seguinte.

PTR
X M G 6 Ω
CTR
PTR
M P P Ω
CTR

MTA=Z1ANG=72º

Figura 4.8: Característica Mho com a regulação do 1ºescalão da proteção.

Tendo em conta a abordagem probabilística que se pretende aplicar neste estudo, depois da
execução dos programas desenvolvidos em MATLAB e das macros no CAPE, os valores obtidos
para a regulação final das proteções devem ser ligeiramente diferentes dos valores inicialmente re-
gulados previamente pela EDP.

36
Capítulo 4: Rede de Alta Tensão no CAPE

Para todas as proteções de distância da rede em estudo foram verificados os seus parâmetros de
forma a poderem atuar corretamente os 4 escalões pretendidos. Identificaram-se proteções em que
apenas três dos escalões estavam ativos, outras tinham quatro escalões ativos mas o último era o 5º
e não o 4º escalão, e ainda, proteções com cinco escalões ativos. Colocaram-se para todas elas ape-
nas os quatro escalões ativos, alteraram-se os tempos de atuação para os valores indicados nas
tabelas 4.3 e ajustou-se o código lógico das zonas operacionais de forma a incluir o 4º escalão no
caso das proteções que não o tinham ativo.

As zonas de proteção são definidas antes de se adicionar a correspondente proteção e são esta-
belecidas de modo a que nenhuma parte do sistema fique sem proteção. A delimitação destas zonas
é feita de modo a que possam ser adequadamente protegidas, com deteção e eliminação de defeitos,
provocando a separação da menor parte possível do sistema, deixando o resto em serviço. Assim,
definiu-se, no Editor de Base de Dados do CAPE, as Zonas Locais de Proteção (LZOP) de cada
proteção, escolhendo o tipo “LINE” de modo a identificar esta zona como a linha da proteção, à exce-
ção das proteções da MAT em que se usou do tipo “MACHINE”, devido a estas proteções estarem di-
retamente associadas a geradores e não a linhas.

Tal como as zonas de proteção, os transformadores de corrente (TI’s) e de tensão (TT’s) têm de
ser previamente definidos. Estes transformadores produzem no enrolamento secundário uma imagem
das grandezas observadas no seu primário, para que estas possam ser utilizadas pela aparelhagem
de medida, controlo e proteção. Têm também como objetivo fazer o isolamento galvânico entre os
circuitos de alta tensão e os circuitos de medida e contagem, e, proteger o pessoal da exploração. A
base de dados do CAPE permite TI’s e TT’s nos barramentos e nas linhas, como é possível observar
na figura 4.9. No entanto, no corrente trabalho, utilizaram-se apenas TT’s associados a cada um dos
barramentos da rede e TI’s associados a cada uma das extremidades das linhas da rede.

Figura 4.9: Representação das ligações definidas pelo CAPE para os TI’s e TT’s.

Depois de adicionadas as proteções necessárias e de terem sido reguladas, realizaram-se


simulações de curto-circuitos na rede para se confirmar a correta regulação dos seus parâmetros.

37
Capítulo 4: Rede de Alta Tensão no CAPE

4.4. Principais alterações no CAPE para aplicação das Macros

Para realizar a coordenação de proteções é necessário identificar, nas macros, os pares de pro-
teções primária e secundária. Para identificar estes pares de proteções, utilizou-se a seguinte estra-
tégia.

Através da interface gráfica do servidor InterBase, IBConsole, adicionou-se a base de dados cri-
ada no CAPE. Depois de registada e associada, foi feita a análise das suas estruturas subjacentes:
Tabelas, Índices, Domínios, etc. verificou-se, então, que os dados das proteções se encontravam em
várias tabelas entre elas a Tabela: PROTECTIVE_DEVICE_DATA que foi previamente definida do
seguinte modo:
CREATE TABLE PROTECTIVE_DEVICE_DATA (
DEVICE_TAG TAG,
DEVICE_NAME RELAY_NAME,
DEVICE_TYPE PROTECTIVE_DEVICE_TYPE,
LZOP_RANK LZOP_RANK,
ACTIVE_GROUP SETTINGS_GROUP_NAME,
ARCHIVED CHAR(1),
COMMENTS RELAY_DESCRIPTION,
LZOP_TAG TAG,
);

Cada um dos elementos definidos na tabela corresponde a uma das suas colunas, às quais estão
associados os respetivos valores da base de dados utilizada.

Para registar os números das proteções secundárias associadas à proteção primária foi acres-
centada uma coluna a esta tabela com o nome: PS_DATA. Executou-se, no IBConsole, através da
ferramenta Interactive SQL o seguinte código:

ALTER TABLE PROTECTIVE_DEVICE_DATA


ADD PS_DATA CHAR(40)

Seguidamente registaram-se os dados de cada uma das proteções preenchendo, na linha


correspondente, esta coluna da tabela. Utilizando como exemplo a proteção nº 13 que faz reserva
remota à proteção nº 181 e nº 182, os dados foram digitados da seguinte forma:

espaço

13 a 181 182

número das proteções a jusante


identificador da proteção em estudo
número da proteção em estudo

Os dados podem ser escritos acedendo diretamente à tabela da base de dados através do
programa IBConsole ou na linha de comandos do CAPE utilizando o seguinte código:

Executive: db_put “update PROTECTIVE_DEVICE_DATA set PS_DATA = ‘13a 181 182’ where DE-
VICE_TAG = 13”

38
Capítulo 4: Rede de Alta Tensão no CAPE

Com os dados registados na forma indicada, a macro desenvolvida no CAPE, perfiscc.mac


(explicada no ponto 5.1.2 e descrita em pormenor no ponto 5.3.3), acede a esta coluna da tabela,
identifica a proteção principal e as secundárias e procede o estudo pretendido.

Paro o estudo pretende-se simular vários perfis de geração, e portanto, é necessário identificar
nas macros as linhas de interligação dos parques e centrais, assim como, os barramentos a que está
ligada a geração representativa da MAT, para que se possa ligar ou desligar geração da rede, caso
se pretenda. Sendo assim, os nomes das linhas de interligação foram alterados para os nomes das
subestações a que estão associados acrescentando o prefixo L_. Por exemplo o nome da linha de
interligação do parque eólico número nove com a subestação da EDP é alterada para
L_ParqueEolico9. Os nomes dos barramentos ligados diretamente à geração da MAT também foram
alterados aplicando o prefixo GMAT, o número da geração de MAT e o restante nome do barramento
previamente atribuído pela EDP.

As proteções são identificadas nas macros pelo código lógico dos seus modelos e utilizando o
comando DEFINE_DEVICE_SET:
dds(displayed_devices,Contact_Logic_Code='ZM01_PH' or Contact_Logic_Code='DIST_Z1'…)

Toda a geração presente na rede é identificada pelo nome da subestação ou pelo nome do bar-
ramento utilizando o comando DEFINE_BUS_SET:
dbs(perfilbuses, Bus_Name>'GMAT' or BUS_SUBSTATION_ID > 'ParqueEolico'…)

Com as referidas alterações torna-se possível, por parte da macro perfiscc.mac, a identificação
de toda a geração presente na rede e simulação dos diferentes perfis de geração.

Para que o CAPE reconheça automaticamente as macros quando inicia, é disponibilizado ao utili-
zador um ficheiro de configuração cape.cfg onde este pode definir as suas macros. Este ficheiro en-
contra-se na pasta \dat no diretório onde o programa foi instalado. As macros criadas e que serão
detalhadamente explicadas em seguida, no ponto 5.3, foram definidas neste ficheiro do seguinte
modo:

define_macro(atualizaprotec, input|capehomedir|\macros\atualizaprotec.mac atualizaprotec ($1,$2,$3,$4,$5))


define_macro(auxperfil, input|capehomedir|\macros\auxperfil.mac auxperfil($1,$2) )
define_macro(escreve_saidacape, input |capehomedir|\macros\escreve_saidacape.mac escreve_saidacape)
define_macro(pesosgeracao, input |capehomedir|\macros\pesosgeracao.mac pesosgeracao)
define_macro(verificageracao, input |capehomedir|\macros\verificageracao.mac verificageracao)
define_macro(consideracoes, input |capehomedir|\macros\consideracoes.mac consideracoes)
define_macro(perfiscc, input |capehomedir|\macros\perfiscc.mac perfiscc)
define_macro(equivalente_eolica, input |capehomedir|\macros\equivalente_eolica.mac equivalente_eolica)
define_macro(equivalente_GMAT, input |capehomedir|\macros\equivalente_GMAT.mac equivalente_GMAT)

Os argumentos das macros são identificados pelo símbolo $ e um número.

Existe ainda outro ficheiro de configuração com o mesmo nome na pasta \cape_files, com todas
as macros e parâmetros que são definidos previamente pela Electrocon. Este último ficheiro não deve
ser alterado pelo utilizador.

39
Capítulo 4: Rede de Alta Tensão no CAPE

40
5. Abordagem Probabilística

5.1. Organização dos Programas

5.1.1. Fases de Execução dos Programas

Fase 1 Fase 2

Fase 3

Fase 4

Figura 5.1: Esquema representativo das fases de execução dos programas.

41
Capítulo 5: Abordagem Probabilística

O MATLAB não suscita qualquer constrangimento em relação à escrita ou leitura de variados ti-
pos de ficheiros, no entanto o CAPE é mais limitativo. Partindo do conhecimento de que este último
permite a leitura e escrita de ficheiros .txt, optou-se por usar este tipo de ficheiros para realizar a co-
municação entre o MATLAB e o CAPE.

Na figura anterior estão representadas e em seguida serão descritas as quatro fases que se con-
sideram necessárias à execução do trabalho pretendido.

Na fase 1 é executado, no MATLAB, o script principal.m. Neste é chamado o script geracombi-


nacoes.m que cria, no diretório C:\cape\tese, o ficheiro perfisCAPE.txt. Este ficheiro funciona como
um guia de execução de macros no CAPE. Depois de executar o geracombinacoes.m, o script
principal.m fica à espera, para executar a fase 3, da mensagem: “Macro ESCREVE_SAIDACAPE
concluída!” escrita pelo CAPE no ficheiro Pronto.txt presente no mesmo diretório.

A fase 2 é executada no CAPE, depois do utilizador colocar na linha de comandos o comando


“INPUT”: input C:\cape\tese\perfisCAPE.txt. Nesta fase o CAPE segue o ficheiro perfisCAPE.txt como
um guia, executando as macros ao ler o seu nome (e os seus parâmetros, no caso de a macro
possuir parâmetros de entrada). As macros são percorridas pela seguinte ordem: AUXPERFIL,
PERFISCC e ESCREVE_SAIDACAPE. Nesta última é escrita a mensagem no ficheiro Pronto.txt e
são criados, no mesmo diretório, os ficheiros: SAIDACAPE.txt com o valor das impedâncias
aparentes vistas por cada proteção da rede; PERFISGERACAO.txt com os perfis de geração com
que se obtiveram as referidas impedâncias e o SIR.txt com os valores de “System impedance Ratio”
(SIR) associados a cada uma das impedâncias mencionadas.

Na fase 3 o script principal.m ao receber a mensagem no ficheiro Pronto.txt, inicializa o script re-
gulaprotec.mac. Este começa por ler os dados presentes no SAIDACAPE.txt e PERFISGERA-
CAO.txt, seguindo-se a regulação um a um dos escalões de cada proteção. Terminada a regulação
dos quatro escalões de todas as proteções da rede é criado o ficheiro ZescCAPE.txt com o número
de cada proteção e o valor que se obteve para cada escalão. De forma idêntica é criado o ficheiro
comparaprotec.txt, ambos no mesmo diretório dos restantes.

Inicializa-se a fase 4, ao colocar o comando “INPUT” na linha de comandos do CAPE: input


C:\cape\tese\ZescCAPE.txt. O CAPE ao ler este ficheiro deteta em cada linha o nome da macro:
ATUALIZAPROTEC e os seus parâmetros: número da proteção e valores dos escalões. A referida
macro é executada para todas as proteções da rede de forma a regular as proteções para os valores
que se obtiveram a partir do método probabilístico. No entanto, previamente deve ser feita a
comparação entre os valores obtidos e os existentes, para isso é utilizado o ficheiro
comparaprotec.txt, exatamente com a mesma estrutura do ficheiro ZescCAPE, mas identificando a
macro COMPARAPROTEC que apenas determina os valores dos escalões de cada proteção no
CAPE a partir do seu número e apresenta-os juntamente com os valores obtidos no MATLAB no ecrã
do programa.

42
Capítulo 5: Abordagem Probabilística

5.1.2. Funcionalidades

Em seguida apresentam-se duas tabelas com a síntese das funcionalidades das macros e scripts
desenvolvidos. A justificação das considerações tomadas e a descrição em pormenor é feita mais à
frente, no ponto 5.2 e 5.3.

Tabela 5.1: Scripts desenvolvidos em MATLAB.

Entradas Saídas Funcionalidade

principal.m --- --- Script principal a partir do qual se execu-


(Anexo C) tam os scripts geracombinacoes.m e
regulaprotec.m.
Após correr o script geracombinacoes.m,
espera pela mensagem no ficheiro
Pronto.txt, para executar o regulaprotec.m.

Gera todas as combinações possíveis


geracombinacoes.m --- Ficheiros:
para simular as seis gerações mais influ-
perfisCAPE.txt
entes associadas a cada proteção.
Cria o ficheiro perfisCAPE.txt que funci-
ona como guia de execução das macros
no CAPE.

regulaprotec.m Lê os dados do ficheiro SAIDACAPE.txt e


Ficheiros: Ficheiros: do PERFISGERACAO.txt.
Cria o vetor prob com as probabilidades
saidacape.txt ZescCAPE.txt associadas a cada geração da rede.
A cada perfil de geração associa uma
perfisgeracao.txt
probabilidade obtida a partir do vetor prob.
Para cada proteção determina inicial-
mente o 1º escalão da proteção e da que
está a jusante. Regula o 2º escalão da
proteção com o 1º da proteção a jusante.
Regula o 4º escalão para a maior linha a
jusante tendo em conta os “infeeds”.
Depois de determinados todos os 2ºs es-
calões, são regulados os 3ºs escalões de
forma a garantir que não ocorrem falhas
de seletividade com o 2º escalão da menor
linha vizinha tendo em conta os “infeeds.
Para todas as proteções da rede são es-
critos, no ficheiro ZescCAPE.txt, os valores
dos quatro escalões e o respetivo número
da proteção.

43
Capítulo 5: Abordagem Probabilística

Tabela 5.2: MACROS desenvolvidas no CAPE.

Entradas Saídas Funcionalidade

auxperfil.mac Argumentos: Dados:


- STR: string de - Matriz MAT- Cria uma coluna da matriz MATCOMBI com a
zeros e uns. COMBI combinação de zeros e uns, representando a
- L_COMBI: nº geração desligada ou ligada de seis gerações
da coluna da mais influentes para uma dada proteção.
matriz a criar.
perfiscc.mac Dados: Dados: Identifica todas as proteções da rede. Cria a
- Matriz MAT- - Matriz MAT matriz SUBNOME para identificar toda a
COMBI - Matriz NUM- geração presente na rede, permitindo, assim, a
 consideracoes.mac PERFIS
simulação dos diferentes perfis de geração.
- Matriz SIR
Partindo de uma proteção, identifica a proteção
a jusante que se pretende coordenar. Corre a
 geracaorede.mac macro considerações.mac com o intuito de
(Anexo B) determinar a impedância da linha da proteção.
Executa a geracaorede.mac para identificar a
 equivalente_eolica geração presente na rede. Abre os geradores
.mac das subestações da MAT de modo a simular as
correntes máximas de defeito injetadas pela
rede de MAT. Simula um curto-circuito no final
 pesosgeracao.mac da linha a jusante com o disjuntor aberto.
Verifica se existem cavas de tensão inferiores a
0.85 pu, retirando as centrais em causa. Corre o
 verificageracao equivalente_eolica.mac verificando a tensão e
.mac corrente no barramento do lado da rede do
parque eólico. Recalcula a impedância do
parque para que este injete a corrente reativa
prevista no regulamento. Corre a macro pe-
sosgeracao.mac simulando o perfil de geração
pretendido. Realiza o disparo sequencial no
caso das proteções a montante da proteção da
linha vizinha terem “infeeds” superiores ao da
proteção em estudo. Através da macro
verificageracao.mac é guardado o valor da
impedância na matriz MAT. Para cada
impedância registada, guarda o perfil de ge-
ração correspondente na matriz NUMPERFIS e
o SIR associado na matriz com o mesmo nome.
Dados: Ficheiros:
escreve_saidacape - Matriz MAT - saidacape.txt A partir de cada matriz, escreve os respetivos
.mac - Matriz NUM- - perfisgeracao
ficheiros de saída.
PERFIS .txt
- Matriz SIR - SIR.txt
atualizaprotec.mac Argumentos:
-TAG: nº da --- Recebe os quatro escalões e atualiza os va-
(Anexo A)
proteção. lores da proteção na base de dados do CAPE.
- ZOP1, ZOP2,
comparaprotec.mac ZOP3 e ZOP4: Recebe os quatro escalões e apresenta no ecrã
valor dos 4 es- do CAPE os valores obtidos e os valores
calões. antigos, para que seja possível a sua compa-
ração.

44
Capítulo 5: Abordagem Probabilística

5.2. Programas Desenvolvidos em MATLAB

Neste ponto são justificadas as considerações tomadas e descrevem-se em detalhe os scripts


desenvolvidos em MATLAB.

5.2.1. Programa Principal

O programa principal corresponde ao script com o mesmo nome: principal.m. Este script é o único
que é executado na linha de comandos do MATLAB e corre de forma autónoma, sem a necessidade
de qualquer intervenção por parte do utilizador. O programa é responsável pela execução dos res-
tantes dois scripts desenvolvidos.

Iniciado o principal.m, e após a mensagem de abertura, é executado o script geracombinacoes.m


que cria o ficheiro perfisCAPE.txt. O principal.m apresenta, de seguida, a mensagem ao utilizador de
que o ficheiro foi criado e informa-o de como deve executá-lo no CAPE, indicando, na linha de
comandos, o comando, diretório e nome do ficheiro: input C:\cape\tese\perfisCAPE.txt.

O programa fica à espera da mensagem do CAPE, escrita quando terminadas todas as macros,
cujos nomes são indicados no perfisCAPE.txt. Depois de escrita, a mensagem: “Macro
ESCREVE_SAIDACAPE concluída!” no ficheiro Pronto.txt, de imediato e automaticamente, o
principal.m prossegue chamando o script regulaprotec.m para fazer a regulação dos quatro escalões
de todas as proteções da rede em estudo no CAPE.

Após a escrita do ficheiro ZescCAPE.txt no regulaprotec.m, o programa principal termina infor-


mando o utilizador de que este ficheiro foi criado e de como pode executá-lo no CAPE: input C:\
cape\tese\ZescCAPE.txt.

5.2.2. Programa Gerador do Ficheiro de Execução de Macros

O script geracombinacoes.m é responsável pela geração de combinações de perfis funcionando


como uma ferramenta auxiliar para o estudos dos perfis mais influentes no CAPE, e ainda, é respon-
sável pela criação do ficheiro perfisCAPE.txt que serve de guia de execução de macros no CAPE.

Consideraram-se para o estudo dos perfis da rede, apenas as seis gerações mais influentes, para
uma dada proteção, determinadas partindo de uma matriz de pesos. Este número pode à partida ser
considerado reduzido tendo em conta as quarenta gerações que a rede possui no total, no entanto, a
rede está dividida em 10 partes e em apenas duas o número de gerações presentes é superior a seis.
Mesmo nestas porções devido ao facto das centrais hídricas e térmicas se desligarem para valores
de tensão inferiores a 0.85 pu aquando de um defeito, normalmente nunca estão mais de seis gera-
ções ligadas à rede em simultâneo e portanto este valor é considerado um valor razoável.

Ora, devido às limitações intrínsecas da linguagem CUPL, optou-se por gerar a sequência de
combinações no MATLAB, para que pudesse ser aplicada no CAPE aos perfis da rede. Para o efeito
utilizou-se este script gerando números binários entre 1 e 64, e guardando-os como strings no vetor

45
Capítulo 5: Abordagem Probabilística

PERFIL. Posteriormente, cada uma das strings é escrita em cada linha do ficheiro perfisCAPE.txt
como parâmetro da macro AUXPERFIL.

Figura 5.2: Ficheiro perfisCAPE.txt.

A matriz MATCOMBI, com as combinações, tem de ser definida antes de se executar a macro
AUXPERFIL, pois pretende-se que esta macro seja executada o número de vezes correspondente ao
número de combinações pretendido. A linguagem CUPL permite que se definam as matrizes indi-
cando entre parênteses o seu número de linhas, que se considerou igual ao número de gerações
mais influentes. O segundo parâmetro da macro serve apenas para identificar o número da coluna da
matriz que se pretende construir. O número de combinações geradas não é sessenta e quatro, mas
sessenta e três, uma vez que a combinação com apenas uns é simulada previamente pois corres-
ponde ao perfil base, em que está toda a geração ligada à rede, e portanto, não é necessário ser
contabilizada na matriz das combinações.

O script termina a sua execução ao escrever, no ficheiro perfisCAPE.txt, as restantes macros a


simular no CAPE. No final do ficheiro é escrito o comando RETURN para que o CAPE termine a lei-
tura do perfisCAPE.txt. Um excerto deste ficheiro é apresentado na figura 5.2 acima.

5.2.3. Programa de Regulação de Proteções de Distância

A regulação e coordenação das proteções de distância é realizada pelo script regulaprotec.m.


Este programa só é executado quando o principal.m recebe a mensagem do CAPE no ficheiro
Pronto.txt. Esta mensagem só é enviada pelo CAPE após este ter escrito os ficheiros SAI-
DACAPE.txt, PERFISGERACAO.txt e SIR.txt.

O ficheiro SIR.txt é meramente informativo, servindo apenas para o utilizador identificar situações
em que a medição das impedâncias, por parte das proteções, pode ter um erro associado elevado ou
até situações em que a proteção está impedida de funcionar devido às contingências da rede.

Portanto, os ficheiros de interesse para o programa são o SAIDACAPE.txt e o


PERFISGERACAO.txt, que de seguida se apresentam:

46
Capítulo 5: Abordagem Probabilística

Figura 5.3: Ficheiro SAIDACAPE.txt.

Figura 5.4: Ficheiro PERFISGERACAO.txt.

Os dados são lidos pelo MATLAB e colocados em tabelas. O primeiro e o segundo valor de cada
linha de ambos os ficheiros correspondem, respetivamente, ao número da proteção em estudo e ao
número da proteção a jusante. O terceiro e quarto valor de cada linha do SAIDACAPE.txt correspon-
dem às impedâncias da linha da proteção e da linha vizinha à proteção, respetivamente. A partir do
quinto valor, inclusive, são os valores de impedâncias vistos pela proteção para um curto-circuito no
final da linha a jusante e para os vários perfis de geração. Estes perfis de geração são representados
por zeros, uns ou dois, como mencionado anteriormente, e são registados para cada impedância
correspondente no PERFISGERACAO.txt.

Construiu-se o vetor PROB com as probabilidades associadas a cada tipo de geração. As


probabilidades consideradas em cada caso estão explicadas e justificadas no ponto 3.2.1.

De seguida, procede-se à coordenação e regulação dos escalões de cada proteção de distância,


tendo sido tomadas, para cada escalão, as considerações que de seguida se apresentam. A estraté-
gia seguida teve por base uma metodologia desenvolvida nos anos 90 para redes de Transmissão e
aplicada à rede portuguesa [1], [10] e [11].

1º Escalão:

O 1º escalão tem em conta apenas os erros de medida. Estes erros de medida podem ser repre-
sentados por uma distribuição normal com uma dada média e desvio padrão. A função densidade de
probabilidade do 1º escalão, para uma dada impedância Z da linha, é:
( )
( ) ( ) (5.1)
( )

47
Capítulo 5: Abordagem Probabilística

com média igual a Zop1 e desvio padrão .

Partindo da vantagem do Teorema do Limite Central e considerando, assim, os vários erros que
afetam a medida da proteção como variáveis independentes, a função densidade de probabilidade
converge para uma função gaussiana cujo desvio padrão é definido através da soma quadrática
dos desvios padrão dos diversos erros:

 Erro relé: → 6
 Erro TI: → 6 T T 6
 Erro TT: → 6 TT TT

 Erro cálculo Zl: → 6


 Erro Zhomopolar: → 6
 Erro Ztransitório: → 6 6

Considerando um grau de confiança para todos os erros de 95%.

(5.2)

Zop1 é definida para todas as proteções com o valor de 80% da sua linha:

Zop1=0,8×Zl (5.3)

Determinando a função densidade de probabilidade para cada valor de impedância da linha ob-
tém-se a distribuição normal apresentada na figura seguinte:

Figura 5.5: Distribuição Normal para o 1º escalão.

A probabilidade acumulada associada ao 1º escalão, ou melhor, a função de distribuição é dada


pela seguinte expressão:

( )
( ) P( ) ∫ ( ) (5.4)
( )

48
Capítulo 5: Abordagem Probabilística

Esta expressão representa a probabilidade da proteção atuar em 1º escalão para um defeito na


linha. Regulando o 1º escalão da proteção para 80% da linha garante-se, tendo em conta os erros de
medida, que o defeito é visto para além do final da linha com uma probabilidade inferior a 0,1%, como
se pode comprovar na figura 5.6. Se se regulasse o referido escalão para um valor superior, logica-
mente esta probabilidade aumentaria, o que não é desejável visto que o 1ºescalão tem de garantir a
proteção do maior comprimento possível da linha e que não ocorra atuação com um defeito para
além do seu termo.

Figura 5.6: Probabilidade Acumulada de atuação da proteção em 1º escalão.

Os 1ºs escalões de todas as proteções da rede são reguladas para 80% do valor da impedância
direta da sua linha. Para linhas multiterminais este escalão é regulado para 80% do menor valor de
impedância entre o extremo onde se encontra a proteção e os extremos remotos.

Para coordenar com o 2º escalão da proteção da linha a montante, interessa saber a probabili-
dade da proteção a jusante não atuar em 1º escalão e eventualmente ocorrer a atuação de ambas as
proteções em 2º escalão, caso em que ocorre falha de seletividade. Portanto, a probabilidade da
proteção não atuar em 1º escalão é apresentada na imagem seguinte e dada pela expressão:
( )
( ) P( ) ∫ ( ) (5.5)
( )

49
Capítulo 5: Abordagem Probabilística

Figura 5.7: Probabilidade Acumulada de não atuação da proteção em 1º escalão.

2º Escalão:

A função densidade de probabilidade do 2º escalão é dada por:

( )
( ) ( ) (5.6)
( )

com média igual a Zop2 e desvio padrão .

O desvio padrão é definido através da soma quadrática dos desvios dos diversos erros, não
sendo tido em conta, para este caso, o erro associado ao comportamento transitório da proteção:

 Erro relé: → 6
 Erro TI: (menores correntes) → 6 T T

 Erro TT: (menor queda de tensão) → 6 TT TT 6


 Erro cálculo Zl: → 6
 Erro Zhomopolar: → 6

Considerando um grau de confiança para todos os erros de 95%.

(5.7)

O 2º escalão é regulado tendo em conta três variáveis: as impedâncias aparentes vistas pela
proteção tendo em conta os “infeeds”, os erros de medida traduzidos pela função densidade de pro-
babilidade mencionada atrás e a localização do defeito. Este escalão é regulado tendo em conta dois
condições: de forma a garantir a proteção de mais de 99é% da sua linha e de modo a coordenar com
o 1º escalão da proteção da menor linha a jusante de forma a garantir que não ocorrem falhas de se-
letividade com um erro inferior a 0,05%.

50
Capítulo 5: Abordagem Probabilística

Para cada proteção e simulando um curto-circuito no final da sua linha vizinha os valores de im-
pedância, obtidos no ficheiro saidacape.txt, são relacionados com a probabilidade do perfil de gera-
ção que lhe deu origem e que está presente no ficheiro perfisgeracao.txt. Estas probabilidades são
pesadas de modo a que a sua soma para todas as impedâncias aparentes obtidas dê 100%, ob-
tendo-se um gráfico semelhante ao apresentado em seguida:

Figura 5.8: Impedância vista pela proteção para curto-circuito no final da menor linha vizinha tendo em
conta os “infeeds”.

Uma vez que se obteve apenas, do ficheiro saidacape.txt, os valores dos “infeeds” para o curto-
circuito no final da linha, foi necessário determinar no script os valores para cada ponto da linha, con-
siderando para isso a localização do defeito como uma variável aleatória z com distribuição uniforme,
sendo a densidade de probabilidade dada por: p(z)=1/Zl.

Dividiu-se a linha em cem partes iguais e para cada um dos pontos considerou-se a densidade de
probabilidade referida e obteve-se, à medida que se percorreu a linha do final até ao seu início, uma
compressão dos valores de impedância em torno do ponto de defeito e um natural aumento da am-
plitude dos histogramas com os valores das probabilidades associadas aos diferentes perfis, sendo
essas probabilidades somadas de forma a manter os histogramas discretizados de 0.01 em 0.01Ω.

Na figura seguinte apresentam-se os histogramas para um defeito a 10%, 50% e 100% da linha,
sendo possível visualizar os referidos efeitos na forma dos histogramas.

51
Capítulo 5: Abordagem Probabilística

Figura 5.9: Impedância vista pela proteção para curto-circuito a 10%, 50% e 100% da menor linha vizinha
tendo em conta os “infeeds”.

Aplicando a expressão seguinte aos valores do 2º escalão para cada uma das 100 localizações
de defeito simuladas, determina-se a função densidade de probabilidade que representa os erros de
medida para as impedâncias aparentes vistas pela proteção para cada localização de defeito na li-
nha.

( )
( ) ∑ ( ) ( ) (5.8)
( )

Obtém-se assim uma matriz para cada localização de defeito com os valores da densidade de
probabilidade em função das impedâncias vistas pela proteção, representado as distribuições nor-
mais associadas a cada localização de defeito.

Figura 5.10: Impedância vista pela proteção para curto-circuito a 10%, 50% e 100% da menor linha vizinha
tendo em conta os “infeeds” e os erros de medida.

52
Capítulo 5: Abordagem Probabilística

De forma a garantir seletividade é necessário determinar o valor de Zop2 que garante a não ocor-
rência de falhas de seletividade (atuação das duas proteções em 2º escalão).

Zop2 é definida a partir do valor da média da distribuição normal, registada para uma dada locali-
zação de defeito, em que a intersecção da sua função de distribuição com a função de distribuição
definida para a não atuação em 1º escalão da proteção a jusante dá origem a um erro inferior a
0,0005, ou seja, a probabilidade de ocorrer falha de seletividade é inferior a 0,05%.

Considerou-se, portanto, que a probabilidade da proteção primária não atuar em 1º escalão e a


probabilidade da proteção secundária atuar em 2º são acontecimentos independentes.

P( ) P( ) P( ) (5.9)

A título de exemplo, na figura seguinte são apresentadas as funções de distribuição, ou seja, as


probabilidades acumuladas calculadas até à determinação do valor de Zop2 cuja probabilidade de
ocorrer falha de probabilidade é inferior a 0.05%.

Figura 5.11: Probabilidades acumuladas de 2º escalão da proteção secundária e 1º escalão da primária.

A figura que se segue representa a coordenação dos dois escalões, identificando o valor com que
se regulou o 2º escalão da proteção em estudo e o valor do 1º escalão da proteção a jusante.

53
Capítulo 5: Abordagem Probabilística

Figura 5.12: Coordenação do 2º escalão da proteção com o 1º da proteção a jusante.

Se não existir nenhuma proteção a jusante da proteção em estudo, os escalões desta são regu-
lados do seguinte modo: o 1º escalão é regulado para 80% do valor da impedância da linha e o 2º
para 120% da impedância da linha da proteção, o 3º e 4º escalões não é necessário regular, pois não
têm de garantir reserva remota.

4º Escalão:

Após a regulação do 2º escalão da proteção é agora regulado o 4º escalão. Este tem como fun-
ção proteger a maior das linhas vizinhas tendo em conta os “infeeds”, ou seja, é regulado para prote-
ger a linha vizinha em que um curto-circuito no final conduz aos valores de impedâncias aparentes
mais elevados vistos pela proteção. Portanto, para este escalão interessa apenas a simulação do
defeito no final da linha.

Para cada valor de impedância aparente medido pela proteção está associado um erro de medida
com distribuição normal de média igual ao mesmo valor de medida e desvio padrão igual ao desvio
padrão do 2º escalão: . Obtém-se uma distribuição que tem em conta todos os erros
de medida, representando, portanto, a impedância vista pela proteção no final da linha vizinha com o
maior “infeed”.

A expressão determinada para calcular a função densidade de probabilidade do 4º escalão, para


uma dada impedância Z da linha, é idêntica à utilizada para o 2º escalão:

( )
( ) ∑ ( ) ( ) (5.10)
( )

54
Capítulo 5: Abordagem Probabilística

Partindo da distribuição normal obtida pela expressão anterior e apresentada na figura 5.13, é
obtida a probabilidade acumulada, que pode ser observada na figura 5.14.

Figura 5.13: Impedância vista pela proteção para curto-circuito no final da maior linha vizinha tendo em
conta os “infeeds” e os erros de medida de 4º escalão.

Com o intuito de proteger a maior linha vizinha ou a com maior “infeed”, o valor de Zop4 é regu-
lado de forma a garantir que protege a sua totalidade com um erro inferior a 0.01%.

Figura 5.14: Regulação do 4º escalão para a proteção em estudo.

Como se pode observar na figura anterior, para o exemplo apresentado e de forma a garantir um
erro inferior ao mencionado, o 4º escalão foi regulado para o valor de 16,64 Ω.

Este escalão pode eventualmente não ser necessário, no caso de ao regular o 3º escalão para
garantir a proteção da menor linha vizinha com “infeeds”, este proteger também a maior linha vizinha.
Neste caso é atribuído o valor zero ao 4º escalão para que quando se atualiza os escalões no CAPE
para os valores obtidos no script do MATLAB, este escalão seja colocado inativo.

Após a regulação do 4º escalão, para a proteção em estudo é registado na matriz Zescalao, a

55
Capítulo 5: Abordagem Probabilística

impedância da linha e da linha vizinha com o menor “infeed”, o número da proteção, o número da
proteção da referida linha vizinha e os valores de 1º, 2º e 4ºs escalões. A coluna do 3º escalão é dei-
xada a zero, pois é o escalão que ainda falta regular. Uma linha da matriz Zescalao, sem a regulação
do 3º escalão, é apresentada na tabela abaixo.

Tabela 5.3: Linha da Matriz Zescalao.


Nº Proteção Nº Proteção
ZA ZB Zop1 Zop2 Zop3 Zop4
A B
2.8490 1.4650 177 125 2.2792 3.3293 0 16.6438

3º Escalão:

Depois de regulados o 1º, 2º e 4º escalões das proteções de distância da rede é necessário re-
gular os seus 3ºs escalões. Teoricamente o 3º escalão é regulado de forma a proteger a maior das li-
nhas vizinhas, no entanto neste trabalho, essa função, como mencionado atrás, foi deixada para o 4º
escalão. Sendo assim, regularam-se os 3ºs escalões de forma a garantir seletividade com os 2ºs es-
calões da proteção a jusante, coordenando o 3º escalão da proteção em causa com o 2º da proteção
da menor linha vizinha tendo em conta os “infeeds”, ou seja, o 3º escalão é regulado para proteger a
linha vizinha em que um curto-circuito no final conduz aos menores valores de impedâncias aparen-
tes vistos pela proteção. Portanto, para este escalão interessa a simulação do defeito no final da li-
nha, partindo do mesmo gráfico de impedâncias aparentes vistas pela proteção apresentado atrás
para o 2º escalão (figura 5.8).

A cada valor de impedância está associado um erro de medida com distribuição normal de média
igual ao mesmo valor de medida e desvio padrão igual ao desvio padrão do 3º escalão: .
Este valor é definido para um valor um pouco superior ao do 2º escalão. Tendo em conta a soma de
todas as distribuições normais para cada ponto do histograma, obtém-se uma distribuição que tem
em conta todos os “infeeds” e os erros de medida, representando, portanto, a impedância vista pela
proteção no final da menor linha vizinha tendo em conta os “infeeds”.

Portanto, a expressão determinada para calcular a função densidade de probabilidade do 3º es-


calão, para uma dada impedância Z da linha, é dada por:

( )
( ) ∑ ( ) ( ) (5.11)
( )

Determinada a função densidade de probabilidade para cada valor de impedância da linha, ob-
tém-se uma distribuição aproximadamente normal. Para se obter uma distribuição normal equivalente
à referida distribuição utilizou-se a seguinte expressão:
( )
( )
( ) T (5.12)
( )

56
Capítulo 5: Abordagem Probabilística

Achou-se a média (μ), determinando o valor de Z a que corresponde a maior probabilidade, cal-
culou-se a probabilidade total (pTotal), somando todas as probabilidades associadas às impedâncias
aparentes apresentadas no histograma e definiu-se o novo valor do desvio padrão fazendo fequiva-
lente(Z)=fequivalente(μ):

( )
(5.13)

Estes dois valores de média e desvio padrão associados ao 3º escalão são guardados, respeti-
vamente, no vetor Zop3_a e sigma3_a, com o índice correspondente ao índice da proteção em es-
tudo.

Para coordenar este escalão para todas as proteções da rede, começa-se pela proteção identifi-
cada na primeira linha da matriz Zescalao, corre-se a matriz até achar a linha cuja proteção corres-
ponde à proteção da linha vizinha com menor “infeed”. O valor de ZB e do número da proteção B da
linha 1 tem de corresponder ao valor de ZA e ao número da proteção de A presentes noutra linha. Se
não houver correspondência é porque a proteção não tem nenhuma proteção a jusante.

Tabela 5.4: Matriz Zescalao.


Nº Proteção Nº Proteção
ZA ZB Zop1 Zop2 Zop3 Zop4
A B
2.8490 1.4650 177 125 2.2792 3.3293 0 16.6438
… … … … … … … …
1.4650 2.8490 125 177 1.1720 2.7558 0 42.7468

Identificados os índices de ambas as linhas, com o índice da proteção a jusante, acede-se ao


vetor da probabilidade acumulada de não atuação em 2º escalão e com o índice da proteção em
estudo, consulta-se o valor da média e do desvio padrão presentes nos vetores Zop3_a e sigma3_a.

Com os valores de média e desvio padrão mencionados é determinada a função de distribuição


que traduz a probabilidade da proteção atuar em 3º escalão:

( )
( ) P( ) ∫ ( ) (5.14)
( )

Tendo a probabilidade acumulada da proteção não atuar em 2º escalão que é dada pela função
de distribuição:

( )
( ) P( ) ∫ ( ) (5.15)
( )

Considerando que são acontecimentos independentes:

P( ) P( ) P( ) (5.16)

57
Capítulo 5: Abordagem Probabilística

Definindo um erro inferior a 0,5%, partindo do valor de Zop3 registado no vetor Zop3_a e criando
as funções de distribuição com o mesmo desvio padrão retirado de sigma3_a, determinam-se, incre-
mentando o valor de Zop3, o maior valor para Zop3 que garante um erro inferior ao referido. Visto que
a funcionalidade do 3º escalão é de reserva remota, o erro não necessita de ser tão reduzido como o
considerado para a coordenação do 2º escalão com o 1º da proteção a jusante.

Se a probabilidade de ocorrer falha de seletividade for superior a 0,5%, o valor de Zop3 é decre-
mentado até garantir um erro inferior ao mencionado. Nestas situações, a proteção da totalidade da
linha vizinha é garantida pelo 4º escalão, sendo o 3º regulado de forma a garantir exclusivamente que
não ocorrem falhas de seletividade com os 2ºs escalões das proteções a jusante.

Na figura seguinte são apresentadas as probabilidades acumuladas de 3º escalão que foram si-
muladas até se obter o maior valor de Zop3 que garante um erro inferior a 0,5%.

Figura 5.15: Probabilidades acumuladas de 3º escalão da proteção secundária e 2º escalão da primária.

Figura 5.16: Coordenação do 3º escalão da proteção com o 2º da proteção a jusante.

58
Capítulo 5: Abordagem Probabilística

A figura anterior representa a regulação efetuada para o 3º escalão da proteção número 177 e
para o 2º escalão da proteção número 125, correspondente à proteção da menor linha vizinha tendo
em conta os “infeeds”. O valor com que se regulou o 3º escalão da proteção é registado na matriz
Zescalao.

Tabela 5.5: Primeira linha da Matriz Zescalao com a regulação do 3º escalão.


Nº Proteção Nº Proteção
ZA ZB Zop1 Zop2 Zop3 Zop4
A B
2.8490 1.4650 177 125 2.2792 3.3293 4.6924 16.6438

Após a regulação de todos os escalões e de se ter preenchido na totalidade a matriz Zescalao, é


gravado no ficheiro ZescCAPE.txt e no ficheiro comparaprotec.txt, para todas as proteções de distân-
cia da rede, o seu número e os valores dos quatro escalões como parâmetros de entrada da macro
ATUALIZAPROTEC ou COMPARAPROTEC. Excertos de cada um destes ficheiros são apresentados
em seguida:

Figura 5.17: Ficheiro comparaprotec.txt.

Figura 5.18: Ficheiro ZescCAPE.txt.

Depois de escritos os ficheiros, o script regulaprotec.m termina, regressando ao programa


principal, principal.m.

59
Capítulo 5: Abordagem Probabilística

5.3. Macros Desenvolvidas no CAPE

Mencionadas as principais alterações realizadas na rede, em seguida são descritas as macros


desenvolvidas.

5.3.1. Macro Geradora de Matriz de Combinações

A primeira macro é a auxperfil.mac e tem como função criar a matriz MATCOMBI com todas as
combinações pretendidas para seis gerações diferentes, de modo a que esta matriz possa ser utili-
zada na macro pesosgeracao.mac na determinação dos perfis de geração da rede a simular para
uma dada proteção e curto-circuito no final da sua linha vizinha.

Esta macro é executada o número de vezes correspondente ao número de combinações preten-


dido, sendo chamada pelo ficheiro perfisCAPE.txt com os seguintes argumentos:

- STR: String de zeros e uns representando a combinação das seis gerações mais influentes es-
tarem ligadas (um) ou desligadas (zero).
- L_COMBI: Número auxiliar que indica o número da combinação e identifica a linha da matriz a
criar.

O número de linhas da matriz corresponde a seis, o número de gerações mais influentes conside-
rado para proceder à análise topológica da rede. As linhas da matriz são preenchidas a partir da lei-
tura da string STR. O número de colunas é dado por L_COMBI, o seu valor máximo, no presente tra-
balho, é de quarenta e um como foi mencionado no ponto 5.2.2. Depois de criada a referida matriz
esta macro não é mais necessária.

5.3.2. Macro Geradora do Equivalente dos Parques Eólicos

A macro equivalente_eolica.mac tem como função executar o algoritmo iterativo, mencionado e


descrito em pormenor no Capítulo 4, que simula o comportamento de cada parque, alterando a im-
pedância equivalente do seu gerador, consoante a localização do curto-circuito na rede, os diferentes
perfis de geração e contingências resultantes das alterações na topologia da rede provocadas pelo
defeito. O algoritmo em questão foi programado nesta macro aplicando todas as considerações men-
cionadas no referido capítulo.

A utilização desta macro permite uma perceção mais realista da influência que o total da capaci-
dade eólica pode ter nos “infeeds”, e consequentemente, na coordenação das proteções de distância
da rede. Sendo uma boa aproximação das condições que os proprietários dos parques eólicos têm de
garantir de modo a cumprir o regulamento quando ocorre um curto-circuito na rede.

No entanto, como esta macro tem de ser executada para cada perfil de geração que se pretende
simular, correspondendo a um dado curto-circuito para um par de proteções principal e secundária, e
sendo este método iterativo, o tempo de processamento, para o estudo pretendido, aumenta subs-
tancialmente.

60
Capítulo 5: Abordagem Probabilística

5.3.3. Macro Principal

A macro perfiscc.mac é a macro principal, e portanto, a mais importante neste estudo, a partir da
qual são executadas mais cinco macros: geracaorede.mac, consideracoes.mac, equiva-
lente_eolica.mac, pesosgeracao.mac e verificageracao.mac.

Nesta macro começa-se por identificar todas as proteções existentes na rede. De seguida é iden-
tificada toda a geração, criando a matriz SUBNOME com os seus dados. A primeira linha da matriz
contém os números dos barramentos do lado da rede dos parques eólicos, das centrais e da geração
representativa da MAT. A segunda linha contém o nome das linhas dos parques eólicos e centrais, no
caso da geração proveniente da MAT é atribuído o valor zero, no caso especial da central de bio-
massa com dois grupos e da de gasóleo com três é atribuído o valor do número do barramento do
lado do gerador. Assim, para se simular a desligação de qualquer uma da geração mencionada, esta
matriz é consultada e através do nome da linha ou dos números dos seus barramentos, a geração é
retirada da rede.

Posto isto, a macro entra num ciclo que corre todas as proteções da rede. Partindo de uma dada
proteção com o número indicado pela variável TAG, é identificada a proteção a jusante que se pre-
tende coordenar. A proteção, cujo número é atribuído à variável TAG1, é identificada acedendo à co-
luna PS_DATA da tabela PROTECTIVE_DEVICE_DATA da base de dados. No caso da proteção em
estudo não possuir nenhuma outra a jusante, o número desta e a impedância da sua linha são regis-
tados na matriz MAT e termina o ciclo.

Partindo do número da proteção é possível identificar o barramento local e barramento remoto no


outro extremo, no entanto, existem casos especiais, em que estes dois barramentos não delimitam a
zona que se pretende proteger mas uma porção dela, uma vez no meio da linha podem existir barra-
mentos, ou mesmo postos seccionadores, que não se pretende contabilizar. Estes casos são verifi-
cados pela macro consideracoes.mac, com a exceção do caso das proteções que não têm nenhuma
a jusante, que é tratado diretamente na macro perfiscc.mac.

A estratégia utilizada para identificar estas zonas e com isso determinar corretamente as impe-
dâncias é a seguinte. Identificam-se os dois barramentos da proteção com o número TAG, BUS1 e
BUS2, os dois barramentos da proteção número TAG1, BUS2_2 e BUS3 e por fim o barramento da
proteção a jusante da proteção secundária TAG2, BUS3_2. É executado o comando DOPATH que
corre o caminho desde a linha definida pelos barramentos BUS1 e BUS2 até chegar a BUS2_2, so-
mando o valor da impedância de cada linha existente nesse caminho, determina-se assim a impe-
dância total da linha da proteção primária. É repetido o mesmo comando, mas agora partindo-se da
linha definida por BUS2_2 e BUS3 até se chegar ao barramento BUS3_2, somando as impedâncias
das linhas, acha-se o valor da impedância total da linha da proteção secundária.

A estratégia mencionada só é posta em prática se o nome da subestação a que pertence o bar-


ramento BUS2 e o barramento BUS2_2 ou nome da subestação a que pertence o barramento BUS3
e o barramento BUS3_2 for diferente.

61
Capítulo 5: Abordagem Probabilística

Para o par de proteções TAG/TAG1, são registados na matriz MAT: o número TAG, TAG1, o va-
lor da impedância da linha da proteção primária e o valor da impedância da linha da proteção secun-
dária. Estes valores podem ser obtidos diretamente ou aplicando a estratégia referida se se verificar a
condição apresentada no último parágrafo.

Para identificar a geração presente na rede é executada a macro geracaorede.mac. Nesta macro
é determinado o vetor PERFISTOTAL, com os valores de impedância medidos desde o barramento
da proteção até aos barramentos de todas as gerações da rede a jusante e/ou montante da proteção.
A geração presente na mesma porção da rede da proteção tem para o respetivo índice do vetor
PERFISTOTAL (de acordo com a tabela 4.2), um determinado valor de impedância obtido somando
as impedâncias do caminho identificado pelo comando DOPATH. Para geração que não esta pre-
sente nesta parte da rede o comando DOPATH não consegue determinar nenhum caminho entre o
barramento da proteção e o barramento da geração e é, portanto, registado o valor zero no vetor na
posição referente ao número da respetiva geração.

Para a geração representativa da MAT identificada nesta porção da rede são desligados os gera-
dores síncronos que representam as correntes de curto-circuito mínimas. De modo a que, inicial-
mente, esta geração contribua com as correntes de curto-circuito máximas.

Com o par de proteções TAG/TAG1 é simulado um curto-circuito no final da linha da proteção a


jusante com o disjuntor nesse extremo aberto, considera-se, assim, que a proteção de distância aí
presente atuou em 1º escalão. Na rede em estudo aplicaram-se somente curto-circuitos trifásicos que
embora não sejam os mais frequentes, são os mais severos e normalmente os simulados para de-
terminar a corrente de defeito máxima a interromper.

Neste ponto pretende-se simular os diferentes perfis de geração, no entanto, é necessário perce-
ber qual a sua influência na variação da impedância vista pela proteção. Para tal fizeram-se alguns
testes, um dos quais é apresentado em seguida.

Na figura 5.19 a) é possível visualizar uma variação muito acentuada no valor da impedância
vista pela proteção à medida que se variou o perfil de geração da rede. Esta impedância pode ser
determinada recorrendo à seguinte equação:


( ) (5.17)

Partindo desta equação e observando a figura 5.19 b) é possível compreender a variação de im-
pedância apresentada na figura 5.19 a).

62
Capítulo 5: Abordagem Probabilística

3
Retirando geração a
montante da proteção D

Para toda a
geração ligada TAG1
2

Retirando geração a
jusante da proteção
TAG
1

a) b)

Figura 5.19: Variação da impedância vista pela proteção para diferentes perfis de geração.
a) Exemplo de uma proteção regulada no CAPE sem ter em conta os “infeeds”.
b) Esquema representativo das correntes que influenciam a impedância vista pela proteção.

Para o perfil base, com toda a geração ligada à rede, a impedância obtida é elevada, mas, ainda
assim, aproxima-se do valor médio das impedâncias registadas.

Ao se retirar a geração a jusante, os “infeeds” (∑ ) diminuem face à corrente a montante da


proteção, o que inevitavelmente leva a uma diminuição da impedância vista pela proteção até, em
certos casos, se se remover todos os “infeeds”, a proteção passar a ver apenas o valor da soma da
impedância da sua linha e da linha vizinha.

Ao se retirar gradualmente a geração a montante, a corrente que passa pela proteção diminui em
comparação com os “infeeds” que esta vê, aumentando, assim, a impedância. No limite quando se
retirasse toda a geração a montante e se se mantivessem “infeeds”, o valor da impedância vista pela
proteção seria infinita.

Estas situações limite ocorrem quando uma grande parte da geração se encontra desligada da
rede. No entanto, um curto-circuito na rede mesmo para o perfil base, pode conduzir a cavas de ten-
são que retirem de serviço uma grande parte da geração, podendo ocorrer umas dessas situações
limite.

63
Capítulo 5: Abordagem Probabilística

A probabilidade contabilizada nestes casos é a probabilidade associada ao perfil que deu origem
a estas cavas e não a probabilidade da geração que ficou posteriormente desligada. Por outro lado,
impedância vista pela proteção é a impedância medida com o perfil resultante contabilizando as
cavas.

A rede em estudo está dividida em 10 partes diferentes, e como mencionado em 5.2.2, apenas
duas têm mais de seis gerações ligadas à rede. Na porção identificada como a parte 10, existem dez
gerações diferentes, no entanto, sete dessas gerações são centrais térmicas e hídricas, que normal-
mente se desligam, pois a tensão nos seus barramentos desce dos 0.85 pu, para os curto-circuitos
simulados nesta parte da rede, e portanto, grande parte das simulações nesta porção da rede apenas
estão ligados dois eólicos e a geração representativa da MAT. Identicamente, na porção identificada
como a parte 9, existem quinze gerações diferentes, mas apenas três partes eólicos e duas gerações
representativas da MAT.

Partindo destes pressupostos considerou-se a simulação dos perfis de geração recorrendo à se-
guinte estratégia, que corresponde à simulação de todas as combinações possíveis das seis gera-
ções mais influentes a montante e a jusante da proteção, com base na matriz de combinações criada
(MATCOMBI). Para as situações em que a geração presente na rede é inferior a seis, são feitas as
simulações de todas as combinações possíveis, por exemplo se forem identificadas apenas três ge-
rações presentes na rede, o número de combinações é de apenas 23=8. Da matriz MATCOMBI é ob-
tida uma matriz auxiliar de menor dimensão para simular estas combinações.

Indicada a estratégia, o primeiro perfil de geração a simular é o perfil de base, com toda a gera-
ção ligada e para o perfil de correntes máximas da MAT. O perfil de base existente na porção da rede
em estudo é indicado pelo vetor PERFISTOTAL obtido na macro geracaorede.mac. De seguida é
executada a macro equivalente_eolica.mac que parte com os parques eólicos modelados para os
seus valores pré-definidos, e, utilizando o seu algoritmo iterativo, recalcula as impedâncias equiva-
lentes do gerador de cada parque de acordo com a tensão e corrente no seu barramento do lado da
rede de modo a cumprir os limites de corrente reativa impostos pelo regulamento. Por cada iteração
desta macro é simulado o curto-circuito e verificada a existência de cavas na rede que possam con-
duzir à desligação de centrais, no caso da tensão no seu barramento do lado da rede descer dos
0.85pu.

Após a convergência do algoritmo, e para o perfil resultante, é feita a análise dos “infeeds” e
verificada a ocorrência ou não do disparo sequencial das proteções. Para isso, recorrendo à coluna
PS_DATA da tabela PROTECTIVE_DEVICE_DATA da base de dados, identificam-se todas as prote-
ções que têm a proteção TAG1 como proteção secundária e comparam-se as impedâncias vistas por
todas essas proteções com a impedância vista pela proteção número TAG.

Se a proteção TAG for a que vê uma impedância aparente menor, é a sua linha que contribui com
o maior “infeed”, e portanto, é a proteção que vê o defeito mais perto, atuando considerando a
influência de todos os “infeeds” para a linha vizinha.

64
Capítulo 5: Abordagem Probabilística

Caso contrário, se a linha da proteção TAG, não for a que tem o “infeed” maior, é disparado o
disjuntor da proteção da linha com o maior “infeed”, pois esta vê o defeito mais perto. Este método é
repetido, até a proteção número TAG ver a menor impedância aparente. Neste caso, a proteção só
atua após o disparo sequencial das proteções das linhas com maiores “infeeds”, sendo guardada a
impedância aparente vista pela proteção para esta configuração da rede.

Na macro verificageracao.mac é registada na matriz MAT o valor da impedância aparente vista


pela proteção para o perfil e configuração da rede obtidos, é registado na matriz NUMPERFIS o perfil
que deu origem a esta topologia da rede, neste caso o perfil base, e na matriz SIR o valor do SIR as-
sociado à impedância aparente medida pela proteção. Se este valor de impedância é igual à soma da
impedância da linha e da linha vizinha, significa que não existem ou foram retirados todos os “infe-
eds”, e portanto, não faz sentido a simulação mais perfis de geração, sendo terminado aqui o ciclo do
par proteção TAG/TAG1.

Se a impedância obtida é muito elevada (infinita), é impossível regular a proteção, e portanto, não
pode ser enviada para o script regulaprotec.m, sendo, por isso, apenas registado o valor do SIR na
sua matriz, não se guardando o valor da impedância na matriz MAT, nem o seu perfil na matriz
NUMPERFIS e termina aqui o ciclo.

Se nenhuma das duas condições anteriores se verifica, este ciclo é repetido mas agora
simulando os perfis de geração de acordo com a estratégia indicada.

São simulados no máximo sessenta e quatro perfis de geração diferentes, um é o perfil base já
mencionado, e os sessenta e três correspondem a todas as combinações possíveis das seis gera-
ções presentes na porção da rede. Se forem identificadas menos gerações presentes na rede, obvi-
amente, o número de combinações possíveis diminui.

Esta estratégia é executada na macro pesosgeracao.mac da seguinte forma. Partindo de uma


matriz PESOS, criada para o efeito com o número de linhas correspondente ao número total de gera-
ções na rede (quarenta), foram registados na coluna 1 os valores das correntes injetadas por cada
geração para um dado curto-circuito na rede com o perfil base, registaram-se na coluna 2 a soma das
impedâncias das linhas deste o barramento da proteção TAG até ao barramento do lado da rede de
cada geração a jusante da proteção, na coluna 3 a soma das impedâncias das linhas até ao barra-
mento de cada geração a montante da proteção.

Para determinar as impedâncias entre o barramento da proteção TAG e os barramentos de toda


a geração utilizou-se o comando DOPATH. Este comando retorna o caminho com o menor número
de ramos. Se existir um caminho com igual número de ramos é escolhido um de forma arbitrária e
não necessariamente o caminho mais curto. Esta situação pode levar a que se cometa algum erro, no
entanto, uma vez que nesta rede a diferença da impedância das linhas é pequena o possível erro que
se possa cometer nesta situação também será pequeno e considera-se desprezável. Mesmo assim, e
tendo isto em consideração atribui-se um peso a cada uma das impedâncias medidas que é metade
do peso a que se atribui às correntes.

65
Capítulo 5: Abordagem Probabilística

Na coluna 4 da matriz são registados os pesos para as correntes, sendo atribuídos pesos mais
elevados para as correntes mais elevadas, o que corresponde à geração que tem um maior contri-
buto para o defeito. A coluna 9 foi preenchida com os menores valores de impedâncias para cada ge-
ração registada na coluna 2 e 3, obtendo-se as menores impedâncias vistas pela proteção, indepen-
dentemente, das gerações estarem a montante ou a jusante da proteção, ou no caso de serem vistas
a montante e a jusante, indica o valor da impedância que traduz o caminho mais curto. Partindo desta
coluna, foram estabelecidos na coluna 10 os pesos para as impedâncias, sendo atribuídos os pesos
mais elevados para as gerações com menor impedância e que, portanto, estão mais próximas da
proteção.

Para cada geração são multiplicados os pesos das correntes da coluna 4 com os pesos das im-
pedâncias da coluna 10, obtendo-se na coluna 11 o peso total para cada geração. Analisando esta
última coluna são identificadas as seis gerações mais influentes, ou seja, as seis que têm o peso total
mais elevado, e é colocado no vetor ITOTAL, o número de cada uma dessas gerações, este número
é o número atribuído previamente a cada geração que foi apresentado na Tabela 4.2.

Este vetor ITOTAL só é determinado uma vez para cada par proteção TAG/TAG1 e para o perfil
de base, identificando as seis gerações, que para esse perfil, têm uma maior influência, contribuindo
com correntes mais elevados e/ou estando mais próximas da proteção TAG e do defeito em questão.

Este vetor pode ter menos de seis gerações. Foram identificadas porções na rede do CAPE que
têm cinco, três, duas ou apenas uma geração ligadas, que corresponde a um vetor ITOTAL de di-
mensão 5, 3, 2 ou 1, e o número de simulações efetuadas varia obviamente e respetivamente para
25=32, 23=8, 22=4 e 21=2. Da matriz MATCOMBI é obtida uma matriz de menor dimensão com todas
as combinações possíveis para cada caso.

Considerando as seis gerações, com o auxílio da matriz de combinações MATCOMBI, simulam-


se os sessenta e três perfis diferentes, correspondente ao número de colunas desta matriz, desli-
gando, para cada coluna, a geração indicada pelo vetor ITOTAL a que correspondem os índices das
linhas da matriz que contêm o valor zero.

Para cada um destes perfis repetiu-se o ciclo mencionado atrás. Simulou-se o curto-circuito no fi-
nal da linha vizinha, recalculou-se a impedância equivalente dos geradores dos parques eólicos para
o novo perfil, tendo em conta as cavas de tensão nas centrais e aplicou-se o disparo sequencial no
caso das linhas a montante da linha vizinha terem “infeeds” superiores. Através da macro verificage-
racao.mac é guardado o valor da impedância vista pela proteção, o perfil e o SIR correspondentes.

Após se simularem todos os perfis para o par de proteções TAG/TAG1, de se ter registado os
valores de impedância e os respetivos perfis e valores de SIR, é identificada para a proteção número
TAG, uma nova proteção a jusante, caso exista, e repetido todo o processo.

66
Capítulo 5: Abordagem Probabilística

Corridas todas as proteções a jusante da proteção TAG, o estudo desta proteção termina e de
imediato começa a análise da proteção seguinte, sucessivamente, até terem sido verificadas todas as
proteções na rede, que corresponde a um total de 177 proteções.

5.3.4. Macro de Escrita de Ficheiros

A macro escreve_saidacape.mac é a última macro a ser executada pelo ficheiro perfisCAPE.txt e


tem como função, como o próprio nome indica, escrever os dados obtidos nos ficheiros de saída do
CAPE.

Esta macro acede às matrizes: MAT, NUMPERFIS e SIR, criadas na macro perfiscc e imprime os
seus valores, respetivamente, para os ficheiros saidacape.txt, perfisgeracao.txt e sir.txt.

Antes de terminar a sua execução, a macro cria o ficheiro, Pronto.txt, com a mensagem: “Macro
ESCREVE_SAIDACAPE concluída!”, mensagem que assim que é lida pelo script principal.m, este
inicia de imediato a regulação e coordenação das proteções no MATLAB, no regulaprotec.m.

5.3.5. Macro para Atualização dos Escalões das Proteções

A macro atualizaprotec.mac tem como função atualizar os valores dos quatros escalões de todas
as proteções de distância da rede em estudo, para os valores obtidos na coordenação efetuada pelo
script regulaprotec.m.

Esta macro é executada o número de vezes correspondente ao número total de proteções da


rede que foram analisadas no MATLAB. Sendo chamada pelo ficheiro ZescCAPE.txt, criado no regu-
laprotec.m, com os seguintes argumentos: número da proteção (TAG) e os valores dos quatro esca-
lões da proteção (ZOP1, ZOP2, ZOP3 e ZOP4).

Partindo do número da proteção identificam-se os códigos lógicos de cada um dos quatro esca-
lões do modelo da proteção que se pretende atualizar. Para os quatro escalões, os códigos lógicos
são guardados, respetivamente, nas variáveis ZONA1, ZONA2, ZONA3 e ZONA4. De seguida atua-
lizam-se os quatro escalões no CAPE recorrendo ao comando a azul:

1º Escalão: save ZOP1 as DES_REACH_IMP_OHMS_PRIM TAG DIST ZONA1 1 1


2º Escalão: save ZOP2 as DES_REACH_IMP_OHMS_PRIM TAG DIST ZONA2 2 1
3º Escalão: save ZOP3 as DES_REACH_IMP_OHMS_PRIM TAG DIST ZONA3 3 1
4º Escalão: save ZOP4 as DES_REACH_IMP_OHMS_PRIM TAG DIST ZONA4 4 1

Em que DIST é identificado como o código do elemento de distância e os números que se se-
guem depois da variável ZONA correspondem ao número do escalão e ao número da unidade asso-
ciada.

Caso os valores que se pretendam regular se encontrem fora do domínio de regulação, o CAPE
atribui o valor máximo ou o mínimo dependendo de estar acima ou abaixo do domínio desse parâme-
tro.

67
Capítulo 5: Abordagem Probabilística

Após a aplicação do comando mencionado, as proteções ficam automaticamente reguladas para


os novos valores no CAPE, no entanto, é necessário guardá-los na base de dados, utilizando o co-
mando: save_to_db all, para que possam estar disponíveis na sessão seguinte, caso contrário, o
CAPE utiliza os valores anteriores.

Antes de se proceder à atualização dos escalões de cada proteção deve ser feita a comparação
entre os valores obtidos no MATLAB e os valores previamente regulados. Esta comparação pode ser
feita na macro COMPARAPROTEC que simplesmente imprime os valores antigos e novos dos esca-
lões de cada proteção para o ecrã do CAPE, permitindo que o utilizador facilmente compare os valo-
res de cada um dos escalões das proteções em estudo.

68
6. Resultados

Neste capítulo são apresentados os resultados da modelação da produção eólica obtidos ao exe-
cutar a macro equivalente_eolica.mac, para analisar o comportamento dos parques eólicos para um
curto-circuito pontualmente simulado na parte 10 da rede do CAPE, que é apresentada mais à frente
na figura 6.4, e em que se pode observar diferentes comportamentos impostos à geração eólica.

Pretende-se abordar, ainda neste capítulo, o tratamento dos dados realizado no CAPE e os
resultados que se obtém para cada par de proteções, assim como, os resultados da coordenação
efetuada no script regulaprotec.m do MATLAB. Como o número de proteções na rede em estudo é
muito elevado e a cada uma estão associados vários dados, foram identificadas apenas algumas das
proteções reguladas e explicados os resultados obtidos.

A execução dos programas em MATLAB é francamente rápida, demorando poucos minutos, em


contrapartida a análise de todos os valores nas macros do CAPE com a simulação dos diferentes
perfis de geração, é bastante lenta, podendo demorar mais de 24 horas, no caso de se pretender
analisar todos os pares de proteções da rede.

Depois de terminada a execução de todos os programas, as proteções cuja coordenação foi


realizada pelo script do MATLAB, podem ser automaticamente atualizadas para a nova regulação
obtida para os seus escalões, executando o ficheiro ZescCAPE.txt como “input” no CAPE, no entanto,
deve ser feita a comparação dos resultados obtidos com os previamente regulados pela EDP, através
da execução do ficheiro comparaprotec.txt como “input” no CAPE, que permite apresentar ambos os
valores de cada escalão para cada uma das proteções no ecrã do CAPE.

Para cada valor de impedância registado, medido por uma dada proteção está associado um va-
lor de SIR. O termo SIR “System Impendance Ratio” corresponde à razão entre a impedância da
fonte e a impedância a medir pela proteção, ou seja, mede a importância da fonte face ao troço da
rede a proteger. Se a impedância da fonte é muito elevada relativamente à impedância vista pela
proteção, a imprecisão associada às suas medidas é também muito elevada. Nestas situações não é
garantido que a proteção atue rapidamente, e portanto, é importante identificar as referidas proteções
sendo registado para cada caso o seu número e o valor de SIR no ficheiro SIR.txt.

6.1. Resultados da Modelação da Produção Eólica

O algoritmo proposto para a modelação da produção eólica foi executado após a simulação de
um curto-circuito trifásico no final da linha que liga a subestação SUBAT31 à subestação SAT46
(figura 6.4), com o disjuntor aberto nesse extremo e após se terem retirado as centrais de biomassa,
cogerações e hídricas por não suportarem tensões inferiores a 0.85 pu provocadas pelo curto-circuito
nos barramentos do lado da rede de cada uma destas centrais.

69
Capítulo 6: Resultados

Tabela 6.1: Ciclos do Algoritmo de Modelação da Produção Eólica.

Ciclo Nº 1 2 3 4 5 … 9

ZG (pu) 0,653+j2,062 -0,209-j0,383 -0,115-j0,069 -0,159-j0,216 -0,144-j0,166 … -0,148-j0,180


PE 1 Tensão (pu) 0,739 0,826 0,800 0,810 0,806 … 0,808
Corrente (pu) 0,033-j0,074 0,064-j0,247 0,059-j0,192 0,062-j0,214 0,061-j0,206 … 0,061-j0,208
ZG (pu) 0,143+j0,342 0,143+j0,342
PE 2 Tensão (pu) 1 1
Corrente (pu) 0,000+j0,000 0,000+j0,000
ZG (pu) 0,072+j0,171 -0,075-j0.181 -0,056-j0,128 -0,059-j0,137
PE 3 Tensão (pu) 0,770 0,788 0,785 0,786
Corrente (pu) 0,075-j0,193 0,084-j0,270 0,082-j0,255 0,083-j0,257
ZG (pu) 0,096+j0,448 0,096+j0,448
PE 4 Tensão (pu) 1 1
Corrente (pu) 0,000-j0,00 0,000-j0,00
… … … …
ZG (pu) 0,184+j0,439 0,184+j0,439
PE 13 Tensão (pu) 1 1,000
Corrente (pu) 0,000+j0,000 0,000+j0,000

Considerando o perfil base e para a corrente proveniente da MAT limitada aos seus valores de
curto-circuito máximos, foram determinados os resultados na macro equivalente_eolica.mac e
apresentados na tabela anterior.

Na tabela anterior estão indicados, para cada ciclo do algoritmo e para cada parque eólico, os
valores obtidos para a impedância equivalente do gerador, a tensão no barramento do parque do lado
da rede e a sua contribuição de corrente para o curto-circuito.

Antes de iniciar o método são atribuídos aos geradores equivalentes de todos os parques o valor
da impedância pré-definida, apresentada na tabela 3.1 e determinada realizando os equivalentes a
partir dos dados da EDP, como mencionado no capítulo 3.

No primeiro ciclo, para o primeiro parque é determinado o novo valor de corrente injectada pelo
parque e a tensão no seu barramento. Com estes dois dados é recalculada a impedância equivalente
do gerador e registada na base de dados do CAPE. Na tabela anterior, estes novos valores de cada
parque só são apresentados no ciclo seguinte. No entanto, é com este novo valor para o parque
número um e com os valores pré-definidos para os restantes parques que se recalculam os
parâmetros do parque número dois. Os valores do parque número três são calculados para a nova
topologia da rede resultante da adição destes novos valores de impedância dos dois parques
anteriores e dos valores pré-definidos para os restantes. O processo é repetido sucessivamente até
terminar o primeiro ciclo.

70
Capítulo 6: Resultados

No segundo ciclo são apresentados os valores obtidos para os parques no ciclo anterior e
recalculados novos valores. Os ciclos são repetidos até o método convegir, ou seja, até se verificar
que os valores de todos os parques convergiram.

A convergência é verificada se a diferença em valor absoluto do módulo da impedância do


equivalente do gerador do parque calculado no ciclo actual e no ciclo anterior for inferior a 0.001. Na
tabela anterior são assinalados a laranja os valores para cada parque quando se verifica a
convergência. O parque número dois e os parques número quatro a treze não se encontram nesta
parte da rede e como se pode comprovar na referida tabela, não contribuem para o defeito, por isso o
seu valor de impedância equivalente do gerador não é alterado, convergindo no ciclo número dois.

Os dois parques, assinalados a verde na tabela, apresentam valores de tensão no seu


barramento do lado da rede inferiores a 0.9 pu, e uma vez que nestas situações há restrições
relativamente à corrente com que cada parque pode contribuir para o defeito, as impedâncias dos
geradores têm de ser recalculadas para garantir essas restrições, e obviamente, para estes casos a
convergência é mais demorada.

Tanto o parque número um como o parque número três apresentam valores de tensão entre 0.5 e
0.9 pu, e portanto, de acordo com o regulamento, têm de garantir a injecção de corrente reativa dada
pela expressão: | | . O parque número um e o parque número três têm de injectar,
respectivamente, -2.25|0.8075|+2.025=0.208 pu e -2.25|0.7860|+2.025 =0.257 pu de corrente reativa.

De acordo com a tabela anterior e com o que foi explicado acima para este exemplo pontual é
possível concluir que o algoritmo de modelação da produção eólica desenvolvido garante que são
cumpridas as imposições indicadas no regulamento para a corrente reativa dos parques eólicos
aquando do curto-circuito na rede.

Como é da responsabilidade do proprietário do parque garantir que se cumpra o regulamento,


não se teve em conta como é que o controlo é feito na prática, apenas se determina um valor de
impedância que garanta a corrente pretendida, podendo surgir valores de impedâncias equivalentes
do gerador que não são realistas.

De modo a evitar potenciais situações em que o método iterativo não convirja foram tomadas as
seguintes considerações.

Uma situação problemática ocorre quando o valor de tensão varia próximo de 0.2 pu e existem na
rede mais parques eólicos na mesma condição ou com cavas que conduzem à imposição de limites
de corrente reativa. Nestes casos o tempo de convergência aumenta, podendo alcançar o limite
máximo de cinquenta ciclos que se definiu para o método. Verificaram-se situações em que em dois
ciclos consecutivos o parque eólico tinha uma tensão inferior a 0.20 pu, e portanto, era retirado da
rede, mas no ciclo seguinte, devido a alteração de parâmetros para a convergência de outro parque,
o valor de tensão neste voltou aos 0.2 pu e o parque volta a ter de ser ligado à rede. Isto conduziria à
não convergência do método, por isso considerou-se que se o parque em dois ciclos consecutivos

71
Capítulo 6: Resultados

tivesse uma tensão inferior aos 0.20 pu, era retirado da rede e as restantes iterações realizadas com
este parque eólico desligado. Esta condição só é realizada a partir do quinta iteração, pois a partir de
cinco ciclos já a maior parte dos parques eólicos convergiu.

Outra condição imposta foi a seguinte, se a partir do décimo ciclo o parque continuar a variar
entre valores muito próximos abaixo e acima de 0.20 pu, não permitindo assim que os restantes
parques convirjam, o parque em causa é retirado da rede.

Nos testes realizados com o algoritmo, aplicando-o à abordagem probabilística, um dos


resultados preliminares que se obteve foi o aumento do número de impedâncias aparentes registadas
para cada proteção. Isto poderá significar que a aplicação do algoritmo originou uma maior injecção
de “infeeds” por parte dos parques eólicos devido à imposição dos valores de reativa pelo
regulamento.

6.2. Resultados da Coordenação de Proteções

A rede, como mencionado, está dividida em dez partes. Devido ao número de resultados são
apenas analisadas neste ponto as partes 3, 4, 7 e 10. Cada parte é apresentada com os resultados
obtidos através da análise das suas proteções no CAPE e os resultados da coordenação obtidos no
MATLAB. As partes 1 e 2 não têm qualquer proteção de distância e por isso não entram neste
estudo.

Em cada parte da rede que se apresenta em seguida estão indicadas as proteções que foram
reguladas. Esta informação só é adquirida após as simulações realizadas no CAPE e a coordenação
efectuada no MATLAB para todas as proteções existentes na rede. A numeração indicada em cada
parte da rede corresponte ao número de cada proteção.

A vermelho são apresentadas as proteções que são coordenadas no MATLAB de modo a


realizarem reserva remota das suas proteções a jusante. A laranja são indicadas as proteções que
não têm proteções a jusante e que ,portanto , não necessitam de fazer reserva remota, sendo
regulados, no script do MATLAB, apenas os seus 1º e 2º escalões, de forma a proteger a respectiva
linha. São ainda apresentadas a preto as proteções que não foram reguladas no MATLAB por, devido
à topologia da rede, não ser possível à proteção visualizar qualquer corrente, o que conduz à sua não
actuação ou por apresentarem um valor de SIR muito elevado, muito superior a 100, devido à
imprecisão que esta situação acarreta na medida da impedância por parte da proteção.

72
Capítulo 6: Resultados

Parte 3:

Figura 6.1: Parte 3 da rede de AT utilizada no CAPE.

Através da macro geracaorede.mac, são identificadas todas as gerações presentes nesta parte
da rede, como mencionado atrás, e são simuladas todas as combinações possíveis desta geração.
Existinto apenas um parque eólico e a geração que representa a injecção de corrente proveniente da
MAT, existem 22=4 combinações possíveis, e portanto quatro perfis de geração diferentes. Na tabela
seguinte são apresentados os resultados obtidos nos ficheiros de saída do CAPE, saidacape.txt,
perfisgeracao.txt e sir.txt, com os dados registados para as proteções presentes nesta parte da rede.

Tabela 6.2: Excerto dos dados do CAPE para a parte 3 da rede.

Proteção ZlA Proteção ZlB


SIR Zap(Ω) Perfis de Geração
A (Ω) B (Ω)

120 1.609 121 3.407 1.895 5.016 2222212222222222222222222222222221222222


118 ***
122
119 ***
165 7.358 0 0.000
8.439 44.414 2222212222222222222222222222222221222222
119 3.929
8.335 41.818 2222212222222222222222222222222220222222
166 2.752
7.711 18.585 2222212222222222222222222222222221222222
120 1.609
7.900 18.055 2222212222222222222222222222222220222222

73
Capítulo 6: Resultados

Para as proteções 120 e 166 são apresentados os valores de impedância medidos por cada uma,
para um curto-circuito no final das suas linhas vizinhas simulando todos os perfis possíveis desta
parte da rede.

É indicado a amarelo a simulação realizada para a geração presente nesta parte da rede. Cada
geração é identificada neste vector através do seu indice, correspondente ao número atribuido a cada
geração e indicado na tabela 4.2. Assim, a posição 6 deste vector identifica o parque eólico número 6
e a posição 34 a geração da subestação da MAT número 4.

Como mencionado, o valor dois presente neste vector indica a geração que não está presente
nesta parte da rede, o valor um para o parque eólico número 6 indica que está ligado e o zero que
está desligado. O valor um para a geração da MAT corresponde à injecção das correntes de curto-
circuito máximas tabeladas para esta subestação e o valor zero a injecção das correntes de curto-
circuito mínimas.

Para a proteção 120 é apenas simulado o perfil de base, pois não existem “infeeds” que
influenciem a medida da impedância. Relativamente à proteção 166 tanto para simulações na linha
da proteção a jusante número 119 como na da proteção 120, a macro apenas regista duas
combinações possíveis, excluindo as combinações em que é simulada a abertura do parque eólico,
porque se se retirar o parque eólico número 6 a proteção 166 não actua, pois deixa de ver qualquer
corrente.

Identicamente a proteção número 122 não vê nenhuma corrente, mas neste caso, para qualquer
que seja o perfil de geração. Esta proteção apenas actua para uma topologia da rede diferente,
nomeadamente se o disjuntor que separa a parte 3 da parte 4 estiver fechado e passar corrente pela
linha da proteção.

As proteções número 117, 119, 121 e 165 não têm proteções a jusante para esta topologia da
rede, e portanto, são apenas regulados os seus 1º e 2º escalões como se pode observar na tabela
seguinte.

Tabela 6.3: Matriz Zescalao para a parte 3 da rede.


Nº Proteção Nº Proteção
ZA ZB Zop1 Zop2 Zop3 Zop4
A B
0,015 0,000 117 0 0,012 0,018 0,000 0,000
2,752 7,358 118 165 2,202 6,576 10,103 14,096
3,929 0,000 119 0 3,143 4,715 0,000 0,000
1,609 3,407 120 121 1,287 3,381 5,203 0,000
3,407 0,000 121 0 2,726 4,088 0,000 0,000
7,358 0,000 165 0 5,886 8,830 0,000 0,000
2,752 1,609 166 120 2,202 3,271 5,118 24,138

74
Capítulo 6: Resultados

A tabela anterior representa um excerto da matrix Zescalao obtida no script regulaprotec.m. Para
todas as proteções mencionadas na tabela ou na restante rede é garantido que não ocorrem falhas
de selectividade entre o 2º escalão da proteção e o 1º da proteção da menor linha a jusante e entre o
3º escalão da proteção e o 2º da proteção da menor linha a jusante tendo em conta os “infeeds”.

Na tabela é possível observar para a proteção número 120 que foi atribuído o valor zero para a
regulação da impedância operacional do seu 4º escalão. Nesta situação, basta a utilização do 3º
escalão pois não existem “infeeds” e a proteção só tem uma linha vizinha. Sendo assim, não há a
necessidade de se regular um 4º escalão e por isso é atribuído o valor zero para que a macro
actualizaprotec.mac, ao identificar este zero para a regulação do 4º escalão, coloque o referido
escalão inativo na respectiva proteção na rede do CAPE.

Para a proteção 166 e 118 é essencial a utilização do 4º escalão para garantir a proteção da
maior linha a jusante tendo em conta os “infeeds”.

Parte 4:

Figura 6.2: Parte 4 da rede de AT utilizada no CAPE.

Estando presentes nesta parte da rede dois parques eólicos e uma geração representativa da
MAT, existem 23=8 perfis de geração diferentes.

75
Capítulo 6: Resultados

Com se pode observar na tabela seguinte para a proteção número 115 são simuladas todas as
combinações possíveis da geração presente na rede e registados para cada perfil de geração os
valores de impedância.

Tabela 6.4: Excerto dos dados do CAPE para a parte 4 da rede.

Proteção ZlA Proteção ZlB Zap


SIR Perfis de Geração
A (Ω) B (Ω) (Ω)

2.435 163 5.897 2.269 8.329 2222121222222222222222222222222212222222


2.843 8.734 2222121222222222222222222222222212222222
2.766 8.714 2222120222222222222222222222222212222222
2.806 8.735 2222021222222222222222222222222212222222
115 2.739 8.714 2222020222222222222222222222222212222222
2.435 169 3.087
3.007 8.738 2222121222222222222222222222222202222222
2.903 8.714 2222120222222222222222222222222202222222
2.947 8.738 2222021222222222222222222222222202222222
2.859 8.714 2222020222222222222222222222222202222222

Tabela 6.5: Excerto da matriz Zescalao para a parte 4 da rede.

Nº Proteção Nº Proteção
ZA ZB Zop1 Zop2 Zop3 Zop4
A B
1,293 1,306 106 170 1,034 1,880 2,694 107,239
2,435 5,897 115 163 1,948 5,559 7,296 10,117
1,200 1,293 129 171 0,960 1,746 2,603 95,207
1,293 1,306 171 105 1,034 1,908 2,610 11,963

As proteções número 106 e 129 apresentam valores de 4º escalão bastante elevados quando
comparados com os restantes escalões, devido aos “infeeds” provenientes directamente da geração
na subestação da MAT número 3.

No entanto, a maior parte dos valores que se obtiveram para os 4º escalões não são muito eleva-
dos porque se considera no método aplicado que pode ocorrer o disparo sequencial no caso de exis-
tirem na rede proteções que vejam na sua linha um “infeed” superior ao da proteção em causa, atu-
ando esta apenas após a atuação das outras, e portanto, vendo uma impedância menor. Esta consi-
deração realista evita a regulação destes escalões para valores exorbitantes, quando a influência dos
“infeeds” é muito elevada. O disparo sequencial mencionado verifica-se para a proteção 171 e 115.

76
Capítulo 6: Resultados

Parte 7:

Figura 6.3: Parte 7 da rede de AT utilizada no CAPE.

Nesta porção da rede apenas existe uma geração representativa da MAT e por isso permite ob-
servar a influência da variação deste tipo de geração nos valores medidos pelas proteções da rede.

Na tabela seguinte são apresentados os dados obtidos no CAPE.

Tabela 6.6: Excerto dos dados do CAPE para a parte 7 da rede.

Proteção ZlA Proteção ZlB


SIR Zap(Ω) Perfis de Geração
A (Ω) B (Ω)
49 14.328 0 0.000
0.463 9.448 2222222222222222222222222222222222222212
2 4.087
0.504 9.448 2222222222222222222222222222222222222202
29 5.361
0.862 19.121 2222222222222222222222222222222222222212
161 7.391
0.938 19.121 2222222222222222222222222222222222222202

A proteção número 49 é regulada de forma a proteger a totalidade da linha a jusante e não


apenas a linha até ao primeiro barramento.

77
Capítulo 6: Resultados

Para um curto-circuito no final da linha da proteção 161 o valor de impedância vista pela proteção
número 29 é influênciada por “infeeds” provocados pela geração representativa da MAT. No entanto,
a simulação do perfil de geração para as duas situações de correntes máximas e correntes mínimas
não teve qualquer influência no valor visto pela proteção, apesar da corrente de curto-circuito máxima
e mínima, para esta subestação ser, respectivamente, 14kA e 12,9kA. Verifica-se nesta porção da
rede que a variação das correntes provenientes da MAT tem pouca influência na variação de infeeds,
apesar destas representarem a injecção forte de corrente.

Os valores obtidos no MATLAB para ambas as proteções são os seguintes.

Tabela 6.7: Excerto da matriz Zescalao para a parte 7 da rede.

Nº Proteção Nº Proteção
ZA ZB Zop1 Zop2 Zop3 Zop4
A B
5,361 4,087 29 2 4,289 7,157 8,561 22,328
14,328 0,000 49 0 11,462 17,194 0,000 0,000

Parte 10:

Figura 6.4: Parte 10 da rede de AT utilizada no CAPE.

78
Capítulo 6: Resultados

Como se pode observar na figura, a proteção número 89 apenas tem uma proteção a jusante, ao
simular um curto-circuito no final da linha da proteção 68, as centrais de biomassa 17 e 18 são
retiradas da rede pois a cava de tensão é muito elevada. As restantes centrais da rede, cogeração e
as hídricas, também são retiradas pois os valores de tensão registados nos seus barramentos do lado
da rede são inferiores a 0.85 pu. A hídrica 23 que constituía o único “infeed” para a medida da
impedância da proteção número 89 é também retirada, e portanto, o valor medido pela proteção é a
soma das impedâncias da linha com a linha vizinha, como se pode observar na tabela seguinte.

Nesta parte da rede uma vez que existem um total de dez gerações diferentes na rede, à partida,
são consideradas no máximo as seis combinações mais influentes para cada proteção. No entanto,
ao simular um curto-circuito em qualquer ponto desta porção da rede verifica-se no barramento do
lado da rede de todas as centrais hídricas, de biomassa ou cogeração, um valor de tensão inferior a
0.85 pu, sendo estas centrais retiradas da rede. Ficam apenas ligados os parques eólicos e a gera-
ção representativa da MAT, ou seja, apenas três gerações diferentes, e portanto, o número de com-
binações de perfis diferentes em vez de ser 26=64, é de apenas 23=8.

A situação mencionada no parágrafo anterior pode ser comprovada pelos resultados obtidos no
CAPE e apresentados na tabela seguinte para o par de proteções 190 e 97. A medida de impedância
vista pela proteção número 190 é apenas influenciada pelo parque eólico número 1 e 3, e a geração
proveniente da subestação da MAT número 8 como se pode observar na tabela seguinte. Para todas
as proteções desta rede apenas estas três gerações influenciam a medida das impedâncias que cada
uma efetua.

Tabela 6.8: Excerto dos dados do CAPE para a parte 10 da rede.

Proteção ZlA Proteção ZlB


SIR Zap(Ω) Perfis de Geração
A (Ω) B (Ω)
89 3.888 68 4.794 1.221 8.623 1212222222222222111222111122222222212222
1.712 21.666 1212222222222222111222111122222222212222

1.712 20.034 0212222222222222111222111122222222212222

1.712 21.721 1202222222222222111222111122222222212222


1.712 20.034 0202222222222222111222111122222222212222
97 8.600
190 3.328 2.145 22.018 1212222222222222111222111122222222202222

2.145 20.034 0212222222222222111222111122222222202222


2.145 22.085 1202222222222222111222111122222222202222

2.145 20.034 0202222222222222111222111122222222202222

… … … … …

Na tabela seguinte são apresentados alguns dos resultados do MATLAB para esta porção da
rede.

79
Capítulo 6: Resultados

Tabela 6.9: Excerto da matriz Zescalao para a parte 10 da rede.

Nº Proteção Nº Proteção
ZA ZB Zop1 Zop2 Zop3 Zop4
A B
3,531 3,292 44 189 2,825 3,750 5,619 109,419
3,328 3,531 45 191 2,662 3,568 5,612 184,879
3,292 3,328 46 190 2,634 3,686 5,577 264,878
7,536 6,727 52 24 6,029 10,633 18,147 0,000
0,000 3,292 87 46 0,000 1,708 2,641 110,715
3,888 4,794 89 68 3,110 6,251 8,678 10,073
3,328 3,531 190 44 2,662 4,934 5,898 25,960
3,531 3,292 191 46 2,825 4,955 5,905 15,785
6,727 7,536 192 11 5,382 10,343 18,147 0,000
14,119 7,536 193 52 11,295 16,913 20,896 25,282

Apenas as proteções 52 e 192 não necessitam do 4º escalão, enquanto que as proteções 44, 45
e 46 apresentam valores de 4º escalão bastante elevados devido à injecção de corrente proveniente
da subestação da MAT número 8.

Depois de terminada a execução do script do MATLAB para todas as partes da rede, antes de
alterar os escalões das proteções com a macro actualizaprotec.mac, é necessário comparar os
resultados obtidos com valores previamente regulados na rede da EDP, utilizando a macro
comparaprotec.mac, através da execução do ficheiro com o mesmo nome comparaprotec.txt como
“input” no CAPE. De seguida é apresentado um excerto do resultado dessa comparação obtido no
ecrã do CAPE para as proteções 44, 45 e 46 cuja regulação foi apresentada na tabela anterior.

Comparar Proteção nº 44:


Zop1 | Zop1N || Zop2 | Zop2N || Zop3 | Zop3N || Zop4 | Zop4N
2.890 | 2.825 || 4.336 | 3.750 || 9.038 | 5.619 || 11.745 | 109.419

Comparar Proteção nº 45:


Zop1 | Zop1N || Zop2 | Zop2N || Zop3 | Zop3N || Zop4 | Zop4N
2.891 | 2.662 || 4.337 | 3.568 || 9.041 | 5.612 || 11.750 | 184.879

Comparar Proteção nº 46:


Zop1 | Zop1N || Zop2 | Zop2N || Zop3 | Zop3N || Zop4 | Zop4N
2.708 | 2.634 || 4.392 | 3.686 || 8.448 | 5.577 || 10.984 | 264.878

Os valores obtidos no MATLAB são indicados por ZopN.

Comparando ambos os resultados verificam-se valores ligeiramente mais reduzidos para a


regulação do 2º escalão em relação aos valores prévios, pois este escalão é regulado para garantir
seletividade com o 1º escalão da proteção da menor linha vizinha. O 3º escalão, tal como o anterior,
apresenta valores inferiores isto porque é regulado de forma a garantir seletividade com o 2º escalão
da proteção a jusante. Os valores de 4º escalão sendo regulados de modo a garantir a proteção da
maior linha vizinha tendo em conta os “infeeds” apresentam valores bastante superiores aos
previamente regulados.

80
7. Conclusões e Trabalhos Futuros

7.1. Conclusão

O algoritmo aplicado à produção eólica permite simular de forma coerente o comportamento dos
parques eólicos, presentes na rede, aquando de um defeito, garantindo o cumprimento do regula-
mento português para a exploração da RND. Para além de simular os valores de corrente reativa que
os proprietários do parque têm de garantir durante o defeito, este algoritmo também permite simular
as proteções do parque, nomeadamente, as de mínimo de tensão, ao retirar o parque da rede para
valores de tensão inferiores a 0.20 pu.

Uma das limitações deste modelo é o facto de se ter considerado o funcionamento de cada par-
que à potência nominal, o que raramente acontece. De facto, a variação da sua potência alteraria a
corrente que cada parque poderia injetar na rede, assim como, a disponibilidade do mesmo para
contribuir para os defeitos. No entanto, considerou-se cada parque a funcionar à potência nominal
pois é a situação que contribui com “infeeds” mais elevados.

Da análise previamente efetuada da rede concluiu-se que a geração representativa da MAT é a


geração responsável pela injeção forte de corrente, não tendo as restantes gerações da rede um
contributo significativo para os defeitos, uma vez que as centrais térmicas ou hídricas não suportam
cavas com tensões que desçam dos 0.85 pu e a influência dos parques eólicos é pequena ainda mais
quando são utilizadas tecnologias com eletrónica de potência que limitam os valores das correntes.

Por isso foram estudadas duas situações possíveis para a geração representativa da MAT. Uma
situação em que os geradores representantes da MAT contribuíam no máximo com as correntes de
curto-circuito máximas estabelecidas para cada uma das subestações pela REN. E outra situação em
que contribuíam no máximo com as correntes de curto-circuito mínimas estabelecidas. No entanto,
como a diferença entre estes dois limites de corrente é pouco acentuada, as variações das impedân-
cias vistas pelas proteções nos dois perfis é pouco significativa, e portanto, só se consideram os valo-
res obtidos para esses dois perfis de corrente.

Para se proceder ao estudo pormenorizado dos diferentes perfis de geração da rede é inconcebí-
vel simular todas as combinações de geração possíveis devido ao número desmedido de combina-
ções, 240. No entanto, como a rede está dividida em 10 partes e em cada uma para um dado curto-
circuito não existem mais de seis gerações presentes, a estratégia de simular apenas as seis gera-
ções mais influentes foi suficiente para simular todas as combinações possíveis das gerações pre-
sentes em cada parte da rede, obtendo-se todos os valores de impedâncias aparentes medidos por
cada proteção.

81
Capítulo 7: Conclusões e Trabalhos Futuros

As combinações possíveis de geração poderiam ter uma gama de variação mais fina conside-
rando em vez de dois patamares, ligado ou desligado, quatro ou mais patamares para as potências
de cada geração, no entanto, o tempo de processamento aumentaria drasticamente, por exemplo se
se passasse de dois para quatro patamares de potência, o número de combinações possíveis, de
seis gerações diferentes, passava de 64 para 4096.

A estratégia utilizada permitiu identificar e modelar a geração presente em cada porção da rede
da proteção em estudo e para o defeito simulado.

Como esperado, maioritariamente a geração mais influente identificada foi a geração proveniente
da MAT e os parques eólicos, uma vez que a restante geração é retirada da rede para valores de
tensão inferiores a 0.85 pu.

Assim, os valores de impedância foram registados para todos os perfis de geração possíveis.
Com estes dados e cruzando cada valor de impedância com a probabilidade do respetivo perfil, foi
feita a regulação probabilística dos quatro escalões das proteções de distância da rede em estudo.

Devido à topologia da rede ou a valores de SIR muito elevados, não foi possível regular cerca de
10% das proteções existentes na rede. Estas proteções foram apenas registadas no ficheiro SIR.txt,
para que o utilizador pudesse identificar estes pontos críticos na rede.

Antes de se atualizar as proteções da rede, foram comparados os resultados, verificando-se


valores de 2º e 4º escalões normalmente superiores aos previamente regulados, devido à análise
probabilistica efectuada tendo em conta os erros de medida e os “infeeds” vistos por cada proteção
em que se alonga o 2º escalão para facilitar a sua coordenação com os 3ºs escalões das proteções a
montante, desde que este garanta seletividade com o 1º escalão da proteção da menor linha a
jusante, e em que se considera a regulação do 4º escalão para proteger a maior linha vizinha tendo
em conta os “infeeds”. Os valores de 3º escalão são em alguns casos inferiores pois são regulados
de modo a garantir que não ocorrem falhas de selectividade com os 2º escalões das proteções a
jusante.

Após a comparação, foram atualizadas com sucesso as proteções da rede através da execução
do ficheiro ZescCAPE.txt como “input” no CAPE.

Devido a ter sido considerado o estudo dos “infeeds” tendo em conta o disparo sequencial das
proteções que veem na sua linha um “infeed” maior ao da linha da proteção em estudo, levou a que
na regulação dos 4ºs escalões não se verificassem mais situações com valores de impedâncias
operacionais demasiado elevadas.

A abordagem utilizada neste trabalho centra a variação dos perfis de geração como o aspeto com
maior importância e que provoca mais incerteza na estimação das impedâncias aparentes das
proteções de distância. No entanto, para o estudo realizado e para a rede de Alta Tensão analisada é
possível concluir que as medidas das impedâncias vistas pelas proteções na rede são efetivamente
influenciadas por “infeeds”, mas esta injeção de corrente é constante, ou seja, varia pouco com a

82
Capítulo 7: Conclusões e Trabalhos Futuros

variação dos perfis de geração de cada porção da rede, sendo maioritariamente influenciada pela
geração proveniente da MAT.

Os métodos propostos e os programas desenvolvidos permitem de forma automática e sistemá-


tica analisar o comportamento, face a um curto-circuito, de todas as proteções de distância de uma
rede, para os perfis de geração com maior influência para cada proteção, modelando os parques eóli-
cos para a topologia da rede e para o defeito em causa, para os dois perfis de correntes da MAT.
Permitem, ainda, coordenar de forma probabilística os quatro escalões de todas as proteções da rede
e fazer a comparação e atualização dos seus parâmetros no CAPE e na sua base de dados.

Com o trabalho desenvolvido foi possível articular de forma automatizada algoritmos programa-
dos em MATLAB com macros programadas no CAPE, tendo-se obtido uma coordenação otimizada
das proteções de distância existentes na rede.

7.2. Trabalhos Futuros

As limitações da linguagem utilizada no CAPE, as limitações intrínsecas ao próprio programa


como o número máximo de modificações temporárias e o tempo de abertura dos disjuntores são
fatores que condicionaram a forma de arquitetar, a execução e o tempo de processamento das
macros desenvolvidas no CAPE.

No entanto, a situação mais problemática, o que conduz a um aumento substancial do tempo de


processamento do programa global é a necessidade de alterar os parâmetros de cada gerador pre-
sente na rede acedendo diretamente à base de dados do CAPE. Neste momento, não se conhece
nenhum comando que permita, através das macros, alterar parâmetros dos geradores, como por
exemplo existe para as proteções.

Este acesso à base de dados é problemático porque o CAPE não regista de imediato os novos
valores que foram parametrizados, sendo necessário recorrer a um comando que atualize toda a
base de dados cada vez que se altera um dos parâmetros. Ora na macro desenvolvida equiva-
lente_eolica.mac em que por cada iteração tem de ser lida a base de dados, esta atualização tem de
ser realizada, para se poder executar de forma autónoma as restantes macros desenvolvidas partindo
dos novos valores calculados para os diferentes parâmetros.

Se fossem disponibilizados pela Electrocon comandos que permitissem aceder e alterar os pa-
râmetros do gerador no próprio CAPE, não seria necessário o acesso à base de dados, nem fazer a
sua atualização, e o tempo de processamento seria muitíssimo reduzido.

Assim, nestas condições, os programas desenvolvidos podiam ser uma estratégia viável, propor-
cionando uma base de comparação para a coordenação e regulação em tempo real para cada uma
das diferentes configurações da rede.

83
Capítulo 7: Conclusões e Trabalhos Futuros

Numa versão mais avançada, e tendo uma informação detalhada de cada geração presente na
rede e da sua topologia em cada instante, a coordenação elaborada com base no estudo da rede no
CAPE podia ser transposta para a rede real, comunicando os parâmetros que é necessário regular di-
retamente às proteções existentes em cada subestação, que assim ficavam automaticamente regula-
das em conformidade com o perfil de geração daquele momento.

84
Referências Bibliográficas

[1] – Afonso, J., Coordenação Probabilística de Proteções de Distância da Rede Elétrica Nacio-
nal, Tese de Mestrado IST, Lisboa, Abril 1997.

[2] – Reis Rodrigues, A. C., Coordenação Sistémica de Proteções Direccionais de Máxima Inten-
sidade em Redes de Transporte de Energia Elétrica, Tese de Mestrado IST, Lisboa, Junho 1993.

[3] – EDP Distribuição, Plano de Investimento nas Redes de Distribuição 2010-2012.

[4] – Jenkins, N., Allan, R., Crossley, P., Kirschen, D., Strbac, G., Embedded Generation (Power &
Energy Ser. 31), The Institution of Engineering and Technology, Londres, 2008.

[5] – Vu Van T., Driesen J., Belmans R.: " Dispersed generation interconnection and its impact on
power loss and protection system," IEEE Young Researchers Symposium in Electrical Power Engi-
neering - Intelligent Energy Conversion, Delft, Holanda, Março 2004.

[6] – Castro, Rui M. G., Uma Introdução às Energias Renováveis: Eólica, Fotovoltaica e Mini-
Hídrica Energia Eólica, IST Press, Lisboa, Abril 2011 (1ª Edição).

[7] – EDP Produção, Produção Números 2010.

[8] – Pinto de Sá, J. L., Proteções e Automação em Sistemas de Energia, IST, Lisboa, 1993.

[9] – Afonso, J., Proteção e Automação da Rede Nacional de Transporte (RNT), Trabalho Final de
Curso IST, Lisboa, 1994.

[10] – Pinto de Sá, J. L., Afonso, J., Rodrigues, R., A Probabilistic Approach to Setting Distance
Relays in IEEE Transactions on Power Delivery, Vol. 12, nº. 2, Abril 1997, pp. 1652-1660.

[11] – Afonso, J., Pinto de Sá, J. L., Rodrigues, R., Probabilistic Coordination of Distance Protec-
tion Systems, Proceedings of the 12th Power Systems Computation Conference Vol. I, Dresden,
Agosto 1996.

[12] – Portaria n.º 596/2010 de 30 de Julho, Diário da República n.º 147 – 1ª série, Ministério da
Economia, da Inovação e do Desenvolvimento.

[13] – Castro, Rui M. G., Introdução à Energia Eólica, Instituto Superior Técnico, Março 2008
(edição 3.1)

[14] – Travis Smith, P. E., Wind Plant Interconnection & Protection, CAPE Users Group Meeting,
Ann Arbor, Michigan, Junho 2010.

85
Referências Bibliográficas

[15] – Ferreira de Jesus, J. M., Castro, Rui M. G., Equipamento Eléctrico dos Geradores Eólicos,
Instituto Superior Técnico, Março 2008 (edição 1.1).

[16] – Instituto de Engenharia Mecânica e Gestão Insdústrial, Parques Eólicos em Portugal,


Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, Dezembro 2010.

[17] – ENERCON, Aerogeradores ENERCON Tecnologia e Assistência Técnica.

[18] – Muljadi, E., Butterfield, C.P., Ellis, A., Mechenbier, J., Hocheimer, J., Young, R., Miller, N.,
Delmerico, R., Zavadil, R., Smith, J.C., Equivalencing the collector system of a large wind power plant,
Power Engineering Society General Meeting, IEEE, Montreal, Outubro 2006.

[19] – REN- REDE ELÉCTRICA NACIONAL, S.A., Caracterização da Rede Nacional de Trans-
porte para Efeitos de Acesso à Rede em 31 de Dezembro 2010.

[20] – Sucena Paiva, J. P., Redes de Energia Elétrica: uma análise sistémica, IST Press, Lisboa,
Dezembro 2007 (2ª Edição).

[21] – Catálogo AREVA, P433/P435 Distance Protection Device - Technical Data Sheet.

86
Anexo A: Macro atualizaprotec.mac

Define_Macro( atualizaprotec,
dis ' '
%Número da proteção
save $1 as TAG
%Determinação no número máximo de proteções na Rede
dds(displayed_devices,Contact_Logic_Code='ZM01_PH' or Contact_Logic_Code='DIST_Z1' or
Contact_Logic_Code='REL511_T1' or Contact_Logic_Code='T1PP' or Con-
tact_Logic_Code='PH_ZN1' or Contact_Logic_Code='Z1' or Contact_Logic_Code='RAZOA_Z1')
save sizeof(displayed_devices) as NPROTEC
if ( TAG <=0 or TAG >NPROTEC) THEN
dis 'O número da proteção:',TAG,' é inválido'
interrupt
endif
%Determinação da designação de cada escalão para cada modelo de relé
save strcat('"select STYLE from DIST_DSQL where RELAY_TAG =',ntoa(TAG),' "') as
g_sql_string
db_get_string g_sql_string as RELAYSTYLE
if (RELAYSTYLE='RAZOA3_A5F50_ZE_PSB' or RELAYSTYLE='RAZOA2_A1F50_ZE_PSB'or
RELAYSTYLE='RAZOA3_A1F50_ZE_PSB' or RELAYSTYLE='REL511_1A' or RELAYS-
TYLE='REL511_5A')then
save 'Z_Measuring' as ZONA1
save 'Z_Measuring' as ZONA2
save 'Z_Measuring' as ZONA3
save 'Z_Measuring' as ZONA4
elseif (RELAYSTYLE='SEL-321-5_5A')then
save 'M1P' as ZONA1
save 'M2P' as ZONA2
save 'M3P' as ZONA3
save 'M4P' as ZONA4
elseif (RELAYSTYLE='7SA6xx_V4.3_5A' or RELAYSTYLE='7SA6xx_V4.3_1A' or RE-
LAYSTYLE='7SA6xx_V4.6_1A' or RELAYSTYLE='7SA6xx_1A')then
save 'Z1' as ZONA1
save 'Z2' as ZONA2
save 'Z3' as ZONA3
save 'Z4' as ZONA4
elseif (RELAYSTYLE='7SD522_V4.6_1A' or RELAYSTYLE='7SA522_V4.6_1A' or RE-
LAYSTYLE='7SA522_V4.3_1A' or RELAYSTYLE='7SD522_V4.6_5A')then
save 'Z1' as ZONA1
save 'Z2' as ZONA2
save 'Z3' as ZONA3
save 'Z4' as ZONA4
elseif (RELAYSTYLE='REL511_V2.3_1A' or RELAYSTYLE='REL511_V2.3_5A')then
save 'ZM1_PH' as ZONA1
save 'ZM2_PH' as ZONA2
save 'ZM3_PH' as ZONA3
save 'ZM4_PH' as ZONA4
elseif (RELAYSTYLE='D60_v3.4x_5A')then

87
Anexo A: Macro atualizaprotec.mac

save '21P1' as ZONA1


save '21P2' as ZONA2
save '21P3' as ZONA3
save '21P4' as ZONA4
elseif (RELAYSTYLE='P435_5A' or RELAYSTYLE='P435_1A')then
save 'DIST: Z1' as ZONA1
save 'DIST: Z2' as ZONA2
save 'DIST: Z3' as ZONA3
save 'DIST: Z4' as ZONA4
elseif (RELAYSTYLE='REL670_1A')then
save 'ZM01_PH' as ZONA1
save 'ZM02_PH' as ZONA2
save 'ZM03_PH' as ZONA3
save 'ZM04_PH' as ZONA4
endif
%Zop do 1ºEscalão
save $2 as ZOP1
%Valor máximo possível para o 1ºEscalão
save max_tap TAG DIST ZONA1 1 1 OHM as MAXTAP
save CTR TAG DIST ZONA1 1 1 as RTI
save VTR TAG DIST ZONA1 1 1 as RTT
save MAXTAP*RTT/RTI as ZOP1MAX
if ( ZOP1 <=0) then
dis 'Valor de Zop1 inválido:',ZOP1,' para a proteção nº',TAG
elseif ( ZOP1 > ZOP1MAX) then
dis ZOP1,' é superior a Zop1max:',ZOP1MAX,' para a proteção nº',TAG
else
%Atualização dos valores de Zop1:
save ZOP1 as DES_REACH_IMP_OHMS_PRIM TAG DIST ZONA1 1 1 X
dis DES_REACH_IMP_OHMS_PRIM TAG DIST ZONA1 1 1 X
endif

%Zop do 2ºEscalão
save $3 as ZOP2
%Valor máximo possível para o 2ºEscalão
save max_tap TAG DIST ZONA2 2 1 OHM as MAXTAP
save CTR TAG DIST ZONA2 2 1 as RTI
save VTR TAG DIST ZONA2 2 1 as RTT
save MAXTAP*RTT/RTI as ZOP2MAX
if ( ZOP2 <=0) then
dis 'Valor de Zop2 inválido:',ZOP2,' para a proteção nº',TAG
elseif ( ZOP2 > ZOP2MAX) then
dis ZOP2,' é superior a Zop2max:',ZOP2MAX,' para a proteção nº',TAG
else
%Atualização dos valores de Zop2:
save ZOP2 as DES_REACH_IMP_OHMS_PRIM TAG DIST ZONA2 2 1 X
dis DES_REACH_IMP_OHMS_PRIM TAG DIST ZONA2 2 1 X
endif

%Zop do 3ºEscalão
save $4 as ZOP3
%Valor máximo possível para o 3ºEscalão
save max_tap TAG DIST ZONA3 3 1 OHM as MAXTAP

88
Anexo A: Macro atualizaprotec.mac

save CTR TAG DIST ZONA3 3 1 as RTI


save VTR TAG DIST ZONA3 3 1 as RTT
save MAXTAP*RTT/RTI as ZOP3MAX
if ( ZOP3 <=0) then
dis 'Valor de Zop3 inválido:',ZOP3,' para a proteção nº',TAG
elseif ( ZOP3 > ZOP3MAX) then
dis ZOP3,' é superior a Zop3max:',ZOP3MAX,' para a proteção nº',TAG
else
%Atualização dos valores de Zop3:
save ZOP3 as DES_REACH_IMP_OHMS_PRIM TAG DIST ZONA3 3 1 X
dis DES_REACH_IMP_OHMS_PRIM TAG DIST ZONA3 3 1 X
endif

%Zop do 4ºEscalão
save $5 as ZOP4
%Valor máximo possível para o 4ºEscalão
save max_tap TAG DIST ZONA4 4 1 OHM as MAXTAP
save CTR TAG DIST ZONA4 4 1 as RTI
save VTR TAG DIST ZONA4 4 1 as RTT
save MAXTAP*RTT/RTI as ZOP4MAX
if ( ZOP4 <=0) then
dis 'Valor de Zop4 inválido:',ZOP4,' para a proteção nº',TAG
elseif ( ZOP4 > ZOP4MAX) then
dis ZOP4,' é superior a Zop4max:',ZOP4MAX,' para a proteção nº',TAG
else
%Atualização dos valores de Zop4:
save ZOP4 as DES_REACH_IMP_OHMS_PRIM TAG DIST ZONA4 4 1 X
dis DES_REACH_IMP_OHMS_PRIM TAG DIST ZONA4 4 1 X
endif

%Alterações guardadas na base de dados


save_to_db all
)

Return

89
Anexo A: Macro atualizaprotec.mac

90
Anexo B: Macro geracaorede.mac

Define_Macro( geracaorede,
%%%% Pesos dos Perfis de geração %%%%
define_matrix PESOS(40) %Matriz com todos os pesos, correntes injectadas por cada geração
%e impedâncias vistas a jusante e/ou jusante da protecção até à geração
define_array PERFISTOTAL %Vector auxiliar com as impedâncias das linhas até cada geração
%Correcção do valor do BUS2 para calcular as impedâncias a jusante da protecção até à gera-
ção
if(BUS2=0)then %Para a GMAT
save BUS1 as BUS2C
save BUS1 as BUS1C
else % Para a GAT
save bus_substation_id BUS2 as SUBID
if(SUBID > 'ParqueEolico' or SUBID > 'Cogeracao' or SUBID > 'Biomassa' or SUBID > 'BIO-
MASSA' or SUBID > 'Hidrica')then
save BUS1 as BUS2C
save BUS2 as BUS1C
else
save BUS2 as BUS2C
save BUS1 as BUS1C
endif
endif
%Determina os perfis entre a protecção e o defeito e a sua proximidade: PESO(:,2)=vector PER-
FISFORW
dobuses(perfilbuses,
save 0 as ZLINHAtotal
DOPATH(BUS1C BUS2C CKT #K,
save ZLP #k #m #c as ZLINHA
save baseohms #k as ohm_mfactor
save ZLINHA*ohm_mfactor as ZLINHA
save ZLINHAtotal+ZLINHA as ZLINHAtotal
)
save 1 as h
save #K as SUBNI
if(abs(ZLINHAtotal)<>0)then
dowhile(h<=40,
if(SUBNI=SUBNOME(1,h))then
save ZLINHAtotal as PESOS(h,2)
endif
increment(h)
)
endif
)
save BUS2 as BUSLINHA1
save BUS1 as BUSLINHA2
save CKT as CKTLINHA
%Procurar os perfis a montante a partir da linha com maior corrente de c.c.
dobuses(perfilbuses,

91
Anexo B: Macro geracaorede.mac

save 0 as ZLINHAtotal
DOPATH(BUSLINHA1 BUSLINHA2 CKTLINHA #K,
save ZLP #k #m #c as ZLINHA
save baseohms #k as ohm_mfactor
save ZLINHA*ohm_mfactor as ZLINHA
save ZLINHAtotal+ZLINHA as ZLINHAtotal
)
save 1 as h
save 1 as I
save #K as SUBNI
if(abs(ZLINHAtotal)<>0)then
dowhile(h<=40,
if(SUBNI=SUBNOME(1,h))then
save ZLINHAtotal as PESOS(h,3)
endif
increment(h)
)
endif
)
%Considerando os perfis para a frente e para trás
%PESOS(:,9)=vector PERFISTOTAL
save 1 as h
dowhile(h<=40,
if(PESOS(h,2)<=PESOS(h,3) and PESOS(h,2)<>0)then
save PESOS(h,2) as PESOS(h,9)
elseif(PESOS(h,3)<=PESOS(h,2) and PESOS(h,3)<>0)then
save PESOS(h,3) as PESOS(h,9)
elseif(PESOS(h,2)>PESOS(h,3) and PESOS(h,3)=0)then
save PESOS(h,2) as PESOS(h,9)
elseif(PESOS(h,3)>PESOS(h,2) and PESOS(h,2)=0)then
save PESOS(h,3) as PESOS(h,9)
endif
increment(h)
)
save 1 as h
dowhile(h<=40,
save PESOS(h,9) as PERFISTOTAL(h)
dis h,'-',PERFISTOTAL(h)
increment(h)
)
)
Return

92
Anexo C: Script principal.m

%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%
%%% Gonçalo Belchior Nº 58031 %%%
%%% Coordenação de Proteções em Redes de AT com geração renovável %%%
%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%
clc
clear all

fprintf('\t*******************************************\n');
fprintf('\t* *\n');
fprintf('\t* Regulação e Coordenação de Proteções *\n');
fprintf('\t* *\n');
fprintf('\t*******************************************\n\n\n');
%% Criado ficheiro de referência para a execução das macros no CAPE
geracombinacoes;

%% Espera que o CAPE tenha escrito o ficheiro saidaCAPE.xlsx


readyflag=0;
fprintf(' -> Ficheiro perfisCAPE.txt criado.\n');
fprintf(' - Executar no CAPE este ficheiro como INPUT:\n');
fprintf(' - Ex: INPUT C:\\cape\\TESE\\perfisCAPE.txt\n');
fprintf('\n -> À espera do ficheiro saidaCAPE.txt...');
while readyflag==0,
pronto = importdata('Pronto.txt');
readyflag=strcmp(pronto,' Macro "ESCREVE_SAIDACAPE" concluída!');
end
fprintf('ficheiro PRONTO!\n');
fid=fopen('Pronto.txt','wt');%Limpa o Pronto.txt
fclose(fid);

%% Dados dos c.c. recebidos do CAPE, tratados, é determinada a regulação e


%envia Zop dos vários escalões para o CAPE
fprintf('\n -> A criar o ficheiro ZescCAPE.txt...');
regulaprotec;
fprintf('\n ...ficheiro criado.\n');
fprintf(' - Executar no CAPE para comparar os escalões das
protecções:\n');
fprintf(' - Ex: INPUT C:\\cape\\TESE\\comparaprotec.txt\n\n');
fprintf(' - Executar no CAPE para actualizar todas as protecções:\n');
fprintf(' - Ex: INPUT C:\\cape\\TESE\\ZescCAPE.txt\n\n');

93

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