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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE ENGENHARIA FLORESTAL

Disciplina: TECNOLOGIA QUÍMICA DE PRODUTOS FLORESTAIS


Professora: Zaíra Morais dos Santos Hurtado de Mendoza
Atividade Avaliativa Nº 1 - Revisão Bibliográfica

Celulose

Discente: Julia Fernandes Gomes

Cuiabá – MT
05/08/2021
Introdução
Um dos principais objetivos da Engenharia Florestal é o entendimento do comportamento
da madeira, além do estudo da sua composição e suas características. Com esse objetivo, temos
a escolha do tema da presente revisão bibliográfica de “Celulose”.
A celulose é o principal componente celular, e majoritário dentro da estrutura da madeira,
tanto de coníferas como de folhosas. Sendo ela responsável pela composição da parede celular,
pode ser brevemente caracterizada como um polímero linear de alto peso molecular, constituído
exclusivamente de β-D-glucose. Devido a suas propriedades químicas e físicas, bem como à
sua estrutura supramolecular, preenche sua função como o principal componente da parede
celular dos vegetais.
Referencial teórico
A celulose, componente básico dos tecidos vegetais, que dá rigidez e firmeza às plantas
e é útil por suas numerosas aplicações, é um carboidrato do tipo polissacarídeo, formada por
monômeros de glicose, e consiste até 50% da composição da madeira. É um polímero de cadeia
linear onde cada micro fibrila é formada por diversas unidades de monômeros de glicose, unidas
umas às outras ao longo do seu comprimento por ligações de hidrogênio.
Como função primária, a celulose promove a rigidez da parede celular nas células
vegetais. Sendo o principal componente, ela permite maior resistência às plantas para
sobreviver aos habitats a que estão expostas. Além disso, do ponto de vista usual, a celulose
serve como forte matéria-prima na indústria. É utilizada para a produção, sobretudo, de papel.
Industrialmente a celulose do algodão é usada na produção de tecidos, devido à sua
estrutura fibrosa, e a madeira é usada na produção de papel. Como a molécula de celulose possui
três hidroxilas, ela é passível de esterificação, da mesma forma dos álcoois. Ao ser esterificada
com anidrido acético, obtêm-se os acetatos de celulose usados em fibras têxteis e em películas
fotográficas e cinematográficas; se esterificada pelo ácido nítrico, obtêm-se o explosivo
conhecido como algodão pólvora. A celulose também é usada na preparação de piroxilinas,
substâncias aplicadas à produção da seda artificial, linho e celuloide. A partir da celulose é
possível se produzir o etanol celulósico, um tipo importante de biocombustível.
A maior parte da produção de madeira serrada no Brasil, atualmente, é para a importação.
Porém, o Brasil possui as maiores empresas e florestas plantadas, voltadas para a produção de
celulose do mundo. As florestas e a qualidade da madeira são maiores devidas as condições
favoráveis geograficamente e climaticamente que o País possui.
As maiores florestas destinadas a produção de celulose, ou pasta celulósica, são de
espécies de Eucalyptus (fibra curta) e Pinus (fibra longa), sendo a primeira a majoritária. Essa
matéria prima é utilizada principalmente na produção de papel. Existem outros diversos usos
da pasta celulósica extraída da madeira, como produtos cosméticos, produtos para usos
diversos, absorventes e outros. Essa grande possibilidade de mercado financeiro, adquire maior
importância a matéria-prima além do valor.
Com o avanço do mercado e avanço das pesquisas, são realizados diversos estudos para
a aprimoração desses produtos, sendo alguns dos mais recentes apresentados seguidamente.
O estudo para conclusão de curso de Amanda Fernandes de Castro publicado em
23/04/2021, “Caracterização tecnológica da madeira de Liquidâmbar (Liquidambar styraciflua
L.) visando a produção de celulose e papel”; teve como objetivo procurar uma variante de
espécie de madeira para a produção de polpa celulósica, para que sejam encontradas diferentes
variantes da matéria prima utilizada na produção de papel e polpa celulósica.
A Liquidambar styraciflua L., vulgarmente conhecida como “goma doce” possui
características favoráveis a produção e até para o reflorestamento. Possui facilidade de
adaptação a diferentes tipos de solos, principalmente aos úmidos, por isso maior adaptação nas
regiões Sul e Sudeste do Brasil. Possui crescimento consideravelmente rápido, podendo chegar
a 40m de altura na fase adulta, além do fuste retilíneo que favorecem qualquer industrialização
dessa madeira. A densidade básica dessa espécie é compatível com a de Eucalyptus, na mesma
idade, sendo por esse parâmetro recomendada para produção de polpa celulósica. Os valores
médios da composição química da madeira de L. styraciflua com 7 anos foram: baixo teor de
cinzas (0,29%) e lignina (24,71%), valor similar a literatura para o teor de holocelulose
(70,88%) e superior de extrativos (4,40%), quando comparada com as principais espécies do
gênero Eucalyptus sp. empregadas na produção de polpa celulósica e papel.
Foram utilizadas cinco árvores, com 7 anos de idade, provenientes da Área Experimental
Florestal, da Universidade Federal de Santa Catarina, localizada no município de
Curitibanos/SC. Destas extraíram-se discos das alturas de 0 (base), DAP, 25, 50, 75 e 100% da
altura comercial.
A autora concluiu que de maneira geral a madeira de L. styraciflua apresenta grande
potencial para a produção de polpa celulósica, apresentando características físicas, anatômicas
e químicas interessantes. Vale ressaltar que as espécies de L. styraciflua utilizadas no estudo
não passaram por um processo de melhoramento genético, e foram comparadas a mudas de
diferentes espécies de Eucalyptus melhorados geneticamente.
No estudo de Talita Baldin1, Maiara Talgatti, Amanda Grassmann da Silveira, José
Newton Cardoso Marchiori, Gleison Augusto dos Santos, Osmarino Pires dos Santos, e Brígida
Maria dos Reis Teixeira Valente, com o tema “Qualidade da madeira de Eucalyptus benthamii
para produção de celulose por espectroscopia no infravermelho próximo”; publicado
recentemente no ano de 2020, podemos observar que o mercado de trabalho busca por
novidades na produção da celulose além da matéria prima.
Na introdução do estudo os autores explicam a importância de um estudo mais avançado,
eficaz e rápido para a obtenção do melhoramento genético das mudas em plantio. São todos os
aspectos e características da árvore que definirão a qualidade da polpa celulósica produzida pela
mesma. O estudo teve como objetivo avaliar mudas de Eucalyptus com o método de
espectroscopia no infravermelho próximo, um método não destrutivo e que pode ser de melhor
custo benefício as indústrias.
A madeira de Eucalyptus benthamii foi proveniente de um plantio experimental com
quatro anos de idade de propriedade da empresa CMPC – Celulose Riograndense, localizado
no município de Encruzilhada do Sul, Rio Grande do Sul, Brasil. O povoamento foi implantado
no ano de 2011, em uma área com 1,3 hectares, com as espécies de Eucalyptus benthamii, E.
dunnii, E. grandis e E. saligna aleatoriamente plantadas na área. Informações retiradas do artigo.
Após todas as análises foi-se concluído que os modelos matemáticos de calibração se
mostram eficientes para a determinação do teor de lignina Klason e lignina total, do teor de
holo celulose e da densidade básica da madeira de Eucalyptus benthamii. Resultado esse que
aprova a recomendação do uso desse método para avaliar a qualidade de produção das árvores
de forma não destrutiva.
É importante destacarmos que a importância econômica e ambiental da produção de
celulose é de alta preocupação atualmente. Estudos demonstram maneiras/alternativas de
inovações na produção que tornam o processo viável economicamente e ambientalmente.
“Planta de celulose kraft que utiliza Pinus Elliottii como fonte de matéria-prima:
um estudo ambiental e econômico” de autores: Fabiano Coelho de Almeida, Afonso Henrique
da Silva Júnior, Gerson Avelino Fernandes, e Toni Jefferson Lopes; publicado em novembro
de 2020, comprovam que a produção de celulose e papel podem ser mais viáveis.
Devido o aumento da demanda de produção, as industrias começaram a ser cobradas
questões de preservação e produtos economicamente viáveis. Por isso atualmente existem
estudos buscando novas formas de produção que agradem não apenas ao consumidor, mas
também a natureza. O trabalho em questão apresenta um projeto conceitual de uma planta de
celulose Kraft que se utiliza Pinus elliottii como fonte alternativa de matéria-prima.
Constatou-se a importância da reutilização dos produtos químicos para uma indústria
de celulose. E ao comparar os quatros cenários hipotéticos, sem recirculação de reagentes
químicos e com diferentes percentuais de recuperação, compreendeu-se que quanto maior a
recuperação maior será o impacto no balanço econômico da empresa. Em que o lucro
aumenta de acordo com o percentual de recirculação dos reagentes químicos, principalmente
do hidróxido de sódio, passando a ser o maior custo a matéria-prima. Com isso, apesar de existir
um investimento na inserção de uma nova linha para recuperação do reagente é importante
constatar que a longo prazo será significante no balanço.
Considerações finais
Como foi consultado em estudos recentes e atualizados, podemos concluir que a
celulose esta presente em um dos maiores mercados financeiros do mundo. Onde o Brasil possui
um destaque geograficamente favorável, porém as indústrias já estão se preparando para tempos
de mudança e conservação com meios de produção conservadores. O engenheiro Florestal tem
papel importante, na fortificação das industrias através da produção de uma matéria prima de
qualidade, cabe a nós nos responsabilizarmos a estudar e buscar novas fontes de matéria prima,
novos meios de sintetizar a celulose, e o melhoramento genético das espécies.
O avanço da tecnologia faz com que a produção seja cada vez mais rápida e eficiente,
o que aumenta a valorização desse comércio e o torna perigoso ao nosso planeta. É fato, que
mesmo com todos esses cuidados, a indústria de papel ainda produz muitos resíduos que não
são 100% aproveitados e reciclados, sendo necessário o seu descarte em aterros sanitários.
Ainda falta para o Brasil o investimento em centros de reciclagem para que se faça uso
adequado dos descartes das indústrias em maior escala. Até lá, a indústria de papel e celulose
continua com sua produção e responsabilidade ambiental junto à sociedade.

Referências
Caracterização tecnológica da madeira de Liquidâmbar (Liquidambar styraciflua L.) visando a
produção de celulose e papel - Amanda Fernandes de Castro publicado em 23/04/2021.
Disponível em:
https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/223404/AmandaFernandesdeCastro.pd
f?sequence=1&isAllowed=y

Qualidade da madeira de Eucalyptus benthamii para produção de celulose por espectroscopia


no infravermelho próximo - Talita Baldin1, Maiara Talgatti, Amanda Grassmann da Silveira,
José Newton Cardoso Marchiori, Gleison Augusto dos Santos, Osmarino Pires dos Santos, e
Brígida Maria dos Reis Teixeira Valente; publicado em 2020.
Disponível em: https://www.ipef.br/PUBLICACOES/scientia/nr126/2318-1222-scifor-48-
126-e3192.pdf
Planta de celulose kraft que utiliza Pinus Elliottii como fonte de matéria-prima: um estudo
ambiental e econômico - Fabiano Coelho de Almeida, Afonso Henrique da Silva Júnior, Gerson
Avelino Fernandes, e Toni Jefferson Lopes; publicado em novembro de 2020.
Disponível em: https://www.brazilianjournals.com/index.php/BRJD/article/view/19873/15928

Questionário sobre a aula de celulose


1- Quais ou qual a diferença da composição química das madeiras de coníferas
comparadas a de folhosas?
R: A concentração de celulose nas duas são parecidas, as maiores diferenciações estão nos
teores de Polioses, lignina, extrativos e minerais.
2- Quais são as fases da biossíntese da celulose?
R: Fotossíntese -> Glucose -> Glucose 6p -> Glucose 1p + Nucleotídeo -> UDP D-
GLUCOSE + ACEPTOR -> Celulose.
3- O que é a histerese?
R: a histerese é um fenômeno baseado na Inter conversão das ligações de hidrogênio celulose-
água em celulose-celulose.
4- Qual a importância da celulose na madeira?
R: A celulose promove a rigidez da parede celular nas células vegetais. Sendo o principal
componente, ela permite maior resistência às plantas para sobreviver aos habitats a que estão
expostas.
5- A celulose é considerada como produto florestal? Por que?
R: Sim, ela é um produto florestal madeireiro, por que é originada do lenho das árvores.

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