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Routes for production of sugarcane-based tires: efficient conversion of
sugars to 1,3-butadiene precursors and techno-economic-environmental
assessment
ABSTRACT
The present work plan aims at increasing the conversion efficiency of sugarcane
hemicellulose hydrolysate (non-detoxified) into n-butanol and 2,3-butanediol. To achieve this
aim, we will develop a fermentation strategy that features three aspects: mixing with
molasses, fed-batch operation, and cell immobilization using the sugarcane bagasse as cell
carrier. Moreover, we will assess the techno-economic and environmental (carbon footprint)
potential of producing 1,3-butadiene from butanol, butanediol, and 1G ethanol. Therefore,
with the proposed research we expect to find technological solutions that accelerate the
penetration of sugarcane in the tires value chain in a way that is economic and
environmentally attractive for sugarcane and chemical companies.
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1. Enunciado do problema
Para a cana entrar na cadeia de valor dos pneus, os seus açúcares, sejam estes a sacarose
presente no caldo (primeira geração, 1G) ou açúcares lignocelulósicos derivados do bagaço
(segunda geração, 2G), podem ser convertidos via fermentação em químicos precursores de
1,3-butadieno. Estes são o etanol, o n-butanol e o 2,3-butanodiol, os quais dão origem às três
rotas tecnológicas consideradas neste projeto (Figura 1). No caso da rota do etanol, a
conversão catalítica do etanol em butadieno já foi explorada comercialmente (processo
Lebedev) em períodos de crise de suprimento internacional de petróleo (Makshina et al.,
2012). Com o ressurgimento do interesse por essa rota, um estudo recente investigou o
potencial econômico e ambiental do bagaço da cana como fonte de açúcares no contexto da
África do Sul (Farzad et al., 2017). Esse estudo mostrou que apesar dessa rota oferecer um
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abatimento de 85% da pegada de carbono em relação ao butadieno de origem fóssil, a
viabilidade econômica do investimento (planta de etanol 2G + conversão catalítica do etanol)
depende que o butadieno seja vendido a preços duas vezes acima do valor atual de mercado.
Alternativamente, a viabilidade econômica da rota do etanol para produção de butadieno
pode aumentar se o etanol for produzido a partir do caldo da cana no Estado de São
Paulo (hipótese 1 do projeto). Essa opção baseada no etanol 1G, em contraponto ao etanol
2G, pode acelerar a entrada da cana no mercado de borrachas. O setor sucroenergético vem
passando por crise financeira nos últimos anos e está descapitalizado (Takar, 2018). Esta
situação associada aos riscos técnicos das tecnologias de etanol 2G tem sido um entrave para
investimentos na produção de etanol a partir do bagaço. Por outro lado, a venda de etanol 1G
para uma empresa produtora de butadieno (a qual seria responsável pelo investimento na
etapa catalítica) poderia aumentar as margens de lucro do etanol. Além disso, novos mercados
para o etanol (ou seja, novos usos da cana) podem mitigar os efeitos da recorrente queda de
preço do açúcar no mercado internacional.
Processo Lebedev
etanol
Desidratação
2,3-butanodiol
Figura 1. Rotas tecnológicas que usam açúcares da cana-de-açúcar para produzir 1,3-butadieno usado na
fabricação de borrachas de pneus. Estas rotas são consideradas potencialmente viáveis por Lanzafame et al.
(2014) e pela empresa Lanxess (ICIS News, 2011).
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Primeiro, ao se reservar a celulose do bagaço para a produção de etanol biocombustível, as
usinas poderão se beneficiar do programa RenovaBio criado pela Política Nacional de
Biocombustíveis. Segundo, enquanto a levedura Saccharomyces cerevisiae usada nas usinas
não fermenta o açúcar xilose derivado da hemicelulose, este açúcar é metabolizado pelas
bactérias produtoras de butanol e butanodiol. Terceiro, ao se associar a produção de químicos
com um combustível (etanol), as biorrefinarias se aproximam do modelo de negócios de
refinarias de petróleo. Ou seja, enquanto os químicos aumentam o valor gerado, a produção
de etanol proporciona economias de escala principalmente na etapa agrícola. Por último,
sugerimos que as usinas se posicionem na cadeia de valor como produtores dos químicos
(butanol ou butanodiol), e estes sejam vendidos a empresas que os convertam a butadieno.
Em suma, esse projeto visa encontrar soluções tecnológicas para o desafio de inserir a
cana-de-açúcar na cadeia de valor das borrachas de pneus de modo que seja economicamente
e ambientalmente atrativo tanto para o usineiro (produtor do precursor) como para empresas
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químicas responsáveis pela conversão do precursor em 1,3-butadieno. Para tal, organizamos
esse projeto em dois objetivos específicos:
2. Resultados esperados
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• Eliminar a necessidade da etapa custosa de detoxificação do hidrolisado
hemicelulósico;
7
precursor (etanol, butanol ou butanodiol) que garanta uma taxa de retorno mínima (p.ex., TIR
= 12%) ao produtor de 1,3-butadieno (empresa química). Para tal, também será necessário
incluir nas planilhas Excel balanços de massa e energia e estimativas de custos de uma planta
de 1,3-butadieno (disponíveis em Farzad et al., 2017, por exemplo).
cana-de-açúcar opção 1
4 milhões t/safra Usina integrada etanol 1G
(etanol/açúcar)
melaço bagaço
hidrolisado
Usina 2G celulósico
(pretratamento ácido/ etanol 2G
hidrólise enzimática) Planta de
1,3-butadieno
1,3-butadieno
Pegada de carbono
opção 2
Planta
butanol 2G (g CO2 eq./t butadieno)
hidrolisado butanol
hemicelulósico
opção 3
Planta
2,3-BDO 2G
butanodiol
- análise de sensibilidade
(efeito de variáveis técnicas e econômicas em indicadores econômicos)
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Para a execução do objetivo específico 2 (estudos experimentais) será desenvolvida
uma estratégia de fermentação do hidrolisado hemicelulósico do bagaço que combinará três
elementos: mistura com melaço, batelada alimentada e imobilização celular. Abaixo
mostramos como esses três elementos serão aplicados para superar o desafio de converter
eficientemente o hidrolisado hemicelulósico em butanol e butanodiol.
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pH do meio de cultivo esteja próximo de 6.5, favorecendo a forma dissociada (menos tóxica)
do ácido acético (Ji et al., 2011). Assim, a nossa hipótese é a de que se as fermentações do
butanol e do butanodiol forem iniciadas com melaço e o hidrolisado hemicelulósico for
alimentado no tempo de crescimento exponencial celular, será possível converter a xilose sem
que haja necessidade de detoxificação do hidrolisado. Ainda mais, a fermentação poderá se
beneficiar do ácido acético gerado no prétratamento, aumentando o rendimento de butanol e
butanodiol. Finalmente, é possível que os nutrientes e sais presentes no melaço sejam
suficientes para atender a demanda das fermentações, evitando respectivos custos.
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fermentação seja conduzida em batelada repetida com imobilização celular passiva (inovação
proposta nesse projeto referente ao objetivo específico 2). Nesse esquema, a primeira e a
segunda batelada teriam uma proporção volumétrica (3 melaço diluído : 1 hidrolisado) que
dilui os inibidores. Uma vez formado o biofilme na superfície do agente imobilizador, é
possível que nas bateladas seguintes as células suportem a concentração original de inibidores
(1 g/L). O aumento de robustez de biofilmes em relação aos inibidores foi observado em
fermentações etanólicas com Zymomonas mobilis (Todhanakasem et al., 2015). Dessa forma,
essa estratégia de fermentação possibilitaria que nas bateladas repetidas o caldo seja
preparado diluindo o melaço diretamente no hidrolisado hemicelulósico bruto. Nesse caso, a
quantidade de melaço adicionado é tal que atende a restrição de disponibilidade da usina,
resultando em uma carga de açúcares de 40 g/L em cada batelada.
O agente imobilizador que vamos usar é o próprio bagaço de cana. Trabalhos anteriores
mostram que tanto o bagaço de cana (Kong et al., 2015; fermentação em batelada e continua)
como o de sorgo (Cai et al., 2015; fermentação em batelada repetida) quando adicionados ao
caldo fermentativo trazem ganhos importantes de produtividade à fermentação ABE. Serão
conduzidas fermentações em modo batelada alimentada e batelada repetida (mínimo de 7
bateladas) (Figura 3). Estas serão realizadas em frascos de 250 mL contendo bagaço de cana
disperso no caldo fermentativo. As fermentações serão incubadas a 30 oC em câmara de
anaerobiose (Coy Laboratory Products Inc., EUA; adquirida com recursos do projeto regular
FAPESP 2015/07097-5 supervisionado pelo proponente desse projeto) utilizando a cepa
Clostridium saccharoperbutylacetonicum DSM 14923 (N1-4). Esta cepa tem altos
rendimentos de butanol a partir de xilose em hidrolisado hemicelulósico (Magalhães et al.,
2018; Grassi et al., 2018). Outro fator importante é que quando essa cepa foi imobilizada em
superfície de poliuretano, a produtividade de butanol aumentou (Shamsudin et al., 2006).
Adicionalmente, espécies de C. saccharoperbutylacetonicum foram usadas comercialmente
em plantas alimentadas com melaço na África do Sul e EUA (Poehlein et al. 2017). Estudos
iniciais avaliarão o efeito da carga de bagaço na produtividade e rendimento da fermentação.
A análise morfológica do bagaço será realizada mediante microscopia eletrônica de varredura
(MEV) no laboratório de serviços da FEQ (LRAC - Laboratório de Caracterização de
Biomassa, Recursos Analíticos e de Calibração). No LRAC também será determinada a área
superficial do bagaço.
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1. Avaliação da fermentabilidade do melaço e hidrolisado hemicelulósico isoladamente
(bruto e detoxificado via overliming);
Batelada repetida
...
troca de meio
com imobilização
celular no bagaço mantem-se o
de cana bagaço
Batelada 1 Batelada 2 Batelada 3 Batelada 7
Figura 3. Representação das estratégias de fermentação em batelada alimentada e batelada repetida com
imobilização celular passiva em bagaço (objetivo específico 2) - caso da fermentação do butanol.
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No caso da fermentação do butanodiol, a mesma estratégia da batelada repetida com
imobilização celular no bagaço tem como um dos objetivos aumentar a produtividade da cepa
Paenibacillus polymyxa DSM 365 e aumentar o rendimento de butanodiol. Em geral, a
retenção celular em fermentações reduz o tempo e a quantidade de açúcar demandado para o
crescimento celular. Esses ganhos são especialmente importantes para o microrganismo que
escolhemos, pois este, apesar de ter várias vantagens, tem produtividade de butanodiol
relativamente baixa. A principal vantagem do P. polymyxa se deve ao fato deste pertencer ao
nível 1 de biossegurança (não patogênico). Essa condição é essencial para o desenvolvimento
de um processo industrial para produção de commodities, especialmente em usinas brasileiras.
Outra vantagem do P. polymyxa é a sua capacidade de produzir o isômero levogiro (R,R-2,3-
butanodiol) com até 98% de pureza. Esse isômero é mais suscetível a transformações
químicas (ou seja, tem maiores possibilidades de usos/mercados) e é desejado para a produção
de butadieno (Okonkwo et al., 2017). Contudo, o desempenho do P. polymyxa (concentração
final de produto e produtividade) é inferior ao de outros microrganismos (Enterobacter,
Klebsiella e Serratia sp.) de classe de risco 2 (patogênicos), os quais são predominantes nas
pesquisas da fermentação do butanodiol. Enquanto a concentração final de butanodiol em
uma batelada convencional com P. polymyxa geralmente não ultrapassa 50 g/L (produtividade
de ~1,5 g/L.h quando a fonte de carbono é glicose e o meio é definido), com microrganismos
nível 2 a concentração costuma ser três vezes superior e a produtividade aproximadamente 4
g/L.h (Häßler et al., 2012; Okonkwo et al., 2017). Para diminuir essa desvantagem da
produtividade, a técnica de imobilização em meios porosos tem sido considerada promissora
(Celińska & Grajek, 2009). Por isso, um dos objetivos da estratégia da batelada repetida com
imobilização celular é o de aumentar a produtividade de butanodiol por P. polymyxa.
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combinada de glicose e xilose suporta a nossa proposta de estratégia de fermentação em
batelada repetida onde o caldo vai ser preparado diluindo o melaço diretamente no hidrolisado
hemicelulósico bruto.
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acordo com a metodologia de Garcia-Ochoa & Gomez (2004) baseado em medidas de
oxigênio dissolvido durante aeração do meio de cultivo previamente desairado com N2.
4. Cronograma
O projeto de pesquisa terá duração de 24 meses com início previsto para o primeiro
semestre de 2019. Todas etapas do projeto (Tabela 1) serão executadas nos laboratórios
LOPCA e LOPCA-Ferm da FEQ/UNICAMP, coordenados pelo Prof. Rubens Maciel Filho e
pelo proponente desse projeto.
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Tabela 1. Cronograma do projeto
Data Data
Atividade Descrição (mês) (mês)
início fim
Objetivo específico 1
Estudo da viabilidade técnico-econômica das três rotas
tecnológicas de produção de 1,3-butadieno. Também será
Análise econômica T1 1 24
avaliado o efeito das propostas tecnológicas desse projeto
na viabilidade econômica.
6. Outros apoios
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7. Vínculo com projeto temático FAPESP
Declaro que as propostas do presente projeto não duplicam estudos que serão
desenvolvidos pelo projeto temático. Ou seja, o estudo das rotas tecnológicas para produção
de pneus a partir da cana-de-açúcar é uma ideia original do presente projeto.
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22
9. Planilhas de orçamento e cronogramas físico-financeiros
23
24
10. Documentos adicionais necessários para a análise da proposta
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Material de consumo a ser adquirido no Brasil
Item na
planilha Material Justificativa
FAPESP
Meio de cultivo para preparação de inóculo e
1 Reagentes - Meio de cultura - Químicos
fermentação; padrões para cromatografia
Gases para cromatografia gasosa e atmosfera
2 Gases - CG e Câmara de anaerobiose
anaeróbia da câmara de cultivo
Frascos para cultivo de inóculo e armazenamento de
3 Vidraria para laboratório
soluções
Cromatografia (colunas e pré colunas Determinação de concentração de açúcares e
4
GC/HPLC, vials, filtros HPLC) produtos das fermentações
Tomada e preparação de amostras. Filtros para
Material plástico
5 preparação de soluções estéreis de vitaminas de
(pipetas/ponteiras/tubos/seringas)
meio de cultivo
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b) Três orçamentos para itens de Material Permanente Nacional.
2 - Ultrafreezer
8 - Ultrapurificador de Água
9 - Centrífuga refrigerada
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