Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
net/publication/283906944
CITATIONS READS
2 1,720
2 authors:
Some of the authors of this publication are also working on these related projects:
Produção e gestão de resíduos e suas relações com a formação da sociedade urbano-industrial View project
All content following this page was uploaded by Ana Paula Beber Veiga on 16 November 2015.
1
Programa de Pós-Graduação em Energia, Instituto de Energia e Ambiente, Universidade
de São Paulo (IEE/USP). Av. Professor Luciano Gualberto, 1289 – Butantã – São Paulo/SP - CEP
05508-010 - Tel: +55 (11) 3091-2648 - e-mail: anapbveiga@usp.br
2
Instituto de Energia e Ambiente, Universidade de São Paulo (IEE/USP). Av. Professor Luciano
Gualberto, 1289 – Butantã – São Paulo/SP - CEP 05508-010 - Tel: +55 (11) 3091-2534 - e-mail:
seger@usp.br
Resumo
A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) pode representar um grande avanço na
questão sanitária do país. Além de visar a diminuição da necessidade de destinação final, a
PNRS prevê o aproveitamento energético dos gases gerados nas unidades de disposição
final. Antes mesmo de sua aprovação, diversos projetos de aproveitamento energético do
biogás extraído de aterros sanitários de maneira forçada foram implantados, com o objetivo
principal de produzir energia elétrica destinada ao Sistema Interligado Nacional. Em parte
motivados pela aprovação de políticas regionais, projetos recentes de recuperação de gás
de aterro promovem sua purificação, resultando na produção de biometano, um potencial
substituto ao gás natural de origem fóssil. O presente trabalho discute as dimensões
tecnológica e legal-institucional que envolvem a produção deste recurso, apresenta seu
potencial de produção e analisa os possíveis impactos decorrentes de sua adoção para uso
direto como energia primária.
Abstract
The National Policy on Solid Waste (PNRS) can represent a major breakthrough in the
matter of sanitary conditions of Brazil. In addition to its aim of reduced need for final disposal,
the PNRS foresees the energy recovery from gases generated in the final disposal units.
Even before its adoption, several energy recovery projects of biogas from landfills have been
implemented with the main goal of producing electricity to be dispatched to the National
Interconnected System. Partly motivated by the approval of regional policies, recently
developed landfill gas energy recovery projects promote its purification, resulting in the
AGRENER GD 2015
10º Congresso sobre Geração Distribuída e Energia no Meio Rural
11 a 13 de novembro de 2015
Universidade de São Paulo – USP – São Paulo
production of biomethane, a potential substitute for natural gas from fossil origin. This paper
discusses the technological and legal-institutional dimensions related to the production of this
resource, presents its production potential and assesses the possible impacts of its adoption
as primary energy.
1. INTRODUÇÃO
1
Ver entendimento da Nota Técnica da EPE (EPE, 2014a), que se refere ao biometano como substituto do gás
natural, já que atenderia às especificações da Resolução ANP 16/2008.
AGRENER GD 2015
10º Congresso sobre Geração Distribuída e Energia no Meio Rural
11 a 13 de novembro de 2015
Universidade de São Paulo – USP – São Paulo
2
Do inglês Intergovernmental Panel on Climate Change.
3
Para informações mais detalhadas consultar INMET, 2009; IPCC, 2006.
AGRENER GD 2015
10º Congresso sobre Geração Distribuída e Energia no Meio Rural
11 a 13 de novembro de 2015
Universidade de São Paulo – USP – São Paulo
integralmente em vazadouros a céu aberto, em 1970. De 1971 até 1988 foi adotado um
crescimento linear para a disposição final em aterros controlados e sanitários, considerando
uma base inicial de 0%. Entre 1989 e 2008, foram adotados os dados das PNSB, para 1989,
2000 e 2008 (Tabela 2). Nos anos entre pesquisas, foi considerado um crescimento linear.
Tabela 2 – Destino final de RSU no Brasil de 1989 a 2008 (IBGE, 2010).
Aterro Controlado Aterro Sanitário
Ano
(%) (%)
1989 9,6 1,1
2000 22,3 17,3
2008 22,5 27,7
Segundo a PNRS, até 2015 todos os resíduos sólidos urbanos deveriam ser dispostos
em aterros sanitários. No entanto, até recentemente, em 2008, 50,8% dos resíduos ainda
eram encaminhados para vazadouros a céu aberto (IBGE, 2010). Assim, para estimar a
produção de gás de aterro até 2030, foram elaborados dois cenários de disposição final a
partir de 2010 – ano da promulgação da PNRS (Tabela 3).
Tabela 3 – Cenários para destinação final de RSU no Brasil (elaboração própria).
Cenário Descrição
Cenário A Objetivo de disposição final de RSU da PNRS completamente satisfeito a partir de
2015; assumindo a mesma proporção entre o envio para aterros controlados e
sanitários da PNSB 2010, mantida até 2030.
Cenário B Objetivo de disposição final de RSU da PNRS não satisfeito em 2015 (situação atual).
Assume-se 100% RSU em aterros sanitários ou controlados até 2030; crescimento
linear a partir dos dados da PNSB 2010; assumida a mesma proporção entre o envio
para aterros controlados e sanitários mantida até 2030.
A geração anual de resíduos sólidos urbanos é estimada considerando a população do
país e a geração per capita de resíduos. A população total para os anos inicial (1970) e final
(2030) da base de dados foi obtida dos censos demográficos (IBGE, 2008a) e da Projeção
da População de 1980 até 2030 (IBGE, 2008b). A população do país entre 1971 e 1979 foi
estimada por interpolação linear.
A geração de resíduos per capita para 1970, 1977, 1980 e 1990 foi obtida em CHESF
(1987). Para o período de 2002 a 2009, foram utilizados os dados de Campos (2012). Para
completar o hiato entre os dados, foi utilizada a interpolação linear. De 2010 a 2014,
usaram-se os dados da ABRELPE (ABRELPE, 2011, 2012, 2013, 2014, 2015). A partir de
2015 a geração per capita foi mantida constante.
A composição média dos resíduos coletados no Brasil em 1972 foi obtida em CHESF
(1987) e para o período de 2000 a 2008 foram considerados os dados de IPEA (2012). Para
os anos faltantes foi feita uma projeção linear e, a partir de 2008, a composição gravimétrica
dos resíduos foi mantida constante.
AGRENER GD 2015
10º Congresso sobre Geração Distribuída e Energia no Meio Rural
11 a 13 de novembro de 2015
Universidade de São Paulo – USP – São Paulo
As Séries Históricas IBGE foram utilizadas para determinar a fração do lixo gerado que
é coletado para os períodos de 1981 a 1990, 1992 a 1999, e 2001 a 2009. Para 1991 e 2000
foram feitas médias aritméticas entre as informações imediatamente anteriores e posteriores
ao dado desejado. Anteriormente a 1981 e a partir de 2010 foi feita uma interpolação linear,
considerando que em 2030, 99,9% dos resíduos gerados no país serão coletados.
A produção potencial de biometano de 2015 até 2030 foi calculada considerando que
a eficiência de captura do gás de aterro é de 50% e que o rendimento do processo de
purificação é de 70% (EPE, 2014a). O resultado é apresentado na Figura 2.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABRELPE. Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil: 2010. São Paulo: Grappa
Editora e Comunicaçã. Disponível em: <http://www.abrelpe.org.br/panorama_edicoes.cfm>.
___. Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil: 2011. São Paulo: Grappa Editora e
Comunicaçã. Disponível em: <http://www.abrelpe.org.br/panorama_edicoes.cfm>.
___. Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil: 2012. São Paulo: Grappa Editora e
Comunicaçã. Disponível em: <http://www.abrelpe.org.br/panorama_edicoes.cfm>.
___. Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil: 2013. São Paulo: Grappa Editora e
Comunicaçã. Disponível em: <http://www.abrelpe.org.br/panorama_edicoes.cfm>.
___. Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil: 2014. São Paulo: [s.n.]. Disponível
em: <http://www.abrelpe.org.br/panorama_edicoes.cfm>.
ÅHMAN, M. Biomethane in the transport sector-An appraisal of the forgotten option.
Energy Policy, v. 38, n. 1, p. 208–217, 2010.
ANEEL. Matriz de Energia Elétrica. Disponível em:
<http://www.aneel.gov.br/aplicacoes/capacidadebrasil/OperacaoCapacidadeBrasil.cfm>.
Acesso em: 29 set. 2015.
ANP. Resoluçao ANP N° 16, de 17.06.2008. . 2008, p. 3.
___. Resolução ANP N° 8, de 30.01.2015. . 2015, p. 6.
BRASIL. LEI No 12.305, de 2 de agosto de 2010. . 2010, p. 1–22.
CAMPOS, H. K. T. Renda e evolução da geração per capita de resíduos sólidos no
Brasil. Engenharia Sanitaria Ambiental, v. 17, n. 2, p. 171–180, 2012.
CHESF. Fontes Energeticas Brasileiras Inventário / Tecnologia: Resíduos
Sólidos Urbanos (Lixo). Rio de Janeiro: CHESF/BRASCEP.
EPE. Nota Técnica DEA 18/14 - Inventário Energético dos Resíduos Sólidos
Urbanos. Rio de Janeiro: EPE.
___. Nota Ténica DEA 13/14: Demanda de Energia 2050. Rio de Janeiro: EPE.
EZE, J. I. .; K.E., A. Maximizing the potentials of biogas through upgrading. American
Journal of Scientific and Industrial Research, v. 1, n. 3, p. 604–609, 2010.
AGRENER GD 2015
10º Congresso sobre Geração Distribuída e Energia no Meio Rural
11 a 13 de novembro de 2015
Universidade de São Paulo – USP – São Paulo
FERREIRA, M.; MARQUES, I. P.; MALICO, I. Biogas in Portugal: Status and public
policies in a European context. Energy Policy, v. 43, p. 267–274, 2012.
IBGE. Estatísticas Do Século Xx. Rio de Janeiro: Centro de Documentação e
Disseminaçao de Informações, 2006.
___. População presente e residente, por sexo (dados do universo, dados da
amostra). Disponível em:
<http://seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?no=10&op=0&vcodigo=CD77&t=populacao
-presente-residente-sexo-dados-universo>. Acesso em: 28 set. 2015a.
___. Revisão 2008 - Projeção da população do Brasil. Disponível em:
<http://seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?no=10&op=0&vcodigo=POP300&t=revisao-
2008-projecao-populacao-brasil>. Acesso em: 28 set. 2015b.
___. Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2008. Disponível em:
<http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/pnsb2008/PNSB_2008.
pdf>.
INMET. Normais Climatológicas do Brasil / 1961 - 1990. Disponível em:
<http://www.inmet.gov.br/portal/index.php?r=clima/normaisClimatologicas>. Acesso em: 28
set. 2015.
IPCC. Solid Waste Disposal. In: PIPATTI, R.; SVARDAL, P. (Eds.). . 2006 IPCC
Guidelines for National Greenhouse Gas Inventories, Volume 5: Waste. [s.l.] IPCC,
2006. p. 1–40.
IPEA. Diagnóstico dos Resíduos Sólidos Urbanos. Brasília: IPEA.
KOORNNEEF, J. et al. Global potential for biomethane production with carbon
capture, transport and storage up to 2050Energy Procedia. Anais...2013
MAKARUK, A.; MILTNER, M.; HARASEK, M. Membrane biogas upgrading processes
for the production of natural gas substitute. Separation and Purification Technology, v. 74,
n. 1, p. 83–92, 2010.
MANNINEN, K. et al. The applicability of the renewable energy directive calculation to
assess the sustainability of biogas production. Energy Policy, v. 56, p. 549–557, 2013.
MMA. Plano nacional de resíduos sólidos. Brasilia: MMA. Disponível em:
<www.sinir.gov.br/web/guest/plano-nacional-de-residuos-solidos>.
MME. Plano Nacional de Energia 2030. Brasilia: MME.
RABONI, M.; URBINI, G. Production and use of biogas in Europe: a survey of current
status and perspectives. Ambiente e Agua - An Interdisciplinary Journal of Applied
Science, v. 9, n. 2, p. 191–202, 26 jun. 2014.
RASI, S.; LÄNTELÄ, J.; RINTALA, J. Upgrading landfill gas using a high pressure
water absorption process. Fuel, v. 115, p. 539–543, 2014.
RIO DE JANEIRO (ESTADO). Lei No 6.361, 19/12/2012. . 2012, p. 1.
SÃO PAULO (ESTADO). Decreto No 58.659, 4/12/2012. . 2012, p. 2.