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A conversão da fonte renovável biogás em energia

Article · January 2006

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Suani Teixeira Coelho


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Políticas públicas para a Energia: Desafios para o próximo quadriênio
31 de maio a 02 de junho de 2006
Brasília - DF

A conversão da fonte renovável biogás em energia

Profa. Dra. Suani Teixeira Coelho1


Msc. Sílvia Maria Stortini González Velázquez2
Dr. Osvaldo Stella Martins3
Eng. Fernando Castro de Abreu4

RESUMO
Este artigo apresenta o projeto ENERG-BIOG, geração de eletricidade com
microturbinas de 30 kW (ISO), utilizando biogás gerado no processo de tratamento
de esgotos da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) da SABESP (Companhia de
Saneamento Básico do Estado de São Paulo), em Barueri, no Brasil. É um projeto
pioneiro na América Latina, sendo realizado em conjunto com o Biomass Users
Network do Brasil – BUN (proponente), em parceria com o Centro Nacional de
Referência em Biomassa – CENBIO (executor), com o apoio da FINEP / CT-ENERG
(financiador), mediante o CONVÊNIO No: 23.01.0653.00, referente ao Projeto
ENERG-BIOG – “Instalação e Testes de uma Unidade de Demonstração de
Geração de Energia Elétrica a partir de Biogás de Tratamento de Esgoto”.
A planta da SABESP de Barueri trabalha com o processo de digestão
anaeróbica, tendo como principais produtos o biogás (composto principalmente de
metano) e o lodo. O metano é o combustível utilizado para a geração de energia,
que atualmente é queimando parte caldeira e o restante em flare, para reduzir os
impactos das emissões dos gases.
O objetivo principal é desenvolver a utilização do biogás do tratamento de
esgoto para gerar eletricidade, no Brasil. O primeiro estado a ser analisado será São
Paulo.

1
Suani Teixeira Coelho, USP/ IEE/ CENBIO - Universidade de São Paulo; Instituto de Eletrotécnica e
Energia; Centro Nacional de Referência em Biomassa, suani@iee.usp.br
2
Sílvia Maria Stortini Gozález Velázquez, USP/ IEE/ CENBIO - Universidade de São Paulo; Instituto
de Eletrotécnica e Energia; Centro Nacional de Referência em Biomassa, sgvelaz@iee.sup.br
3
Osvaldo Stella Martins, USP/ IEE/ CENBIO - Universidade de São Paulo; Instituto de Eletrotécnica e
Energia; Centro Nacional de Referência em Biomassa, omartins@iee.usp.br
4
Fernando Castro de Abreu, USP/ IEE/ CENBIO - Universidade de São Paulo; Instituto de
Eletrotécnica e Energia; Centro Nacional de Referência em Biomassa, fcabreu@iee.usp.br
Assim, a contribuição desse artigo estará na apresentação dos resultados
do projeto.
Palavras-Chaves: Microturbina, Biogás, Geração de energia.

2. ABSTRACT
This article intend to present some considerations directed to electricity
generation with small systems (microturbine and conventional engines ), using
biogas generated by sewage treatment process in SABESP (Basic Sanitation
Company of São Paulo State), located at Barueri, Brazil. This project, pioneer in
Latin America, is being accomplished together with BUN – Biomass Users Network of
Brazil (proponent), in association with CENBIO – Biomass Reference National Center
(executer), with patronage of FINEP / CT-ENERG (financial backer), by means of
CONVENTION No: 23.01.0653.00, regarding to ENERG-BIOG Project – “Instalation
and Tests of an Eletric Energy Generation Demonstration Unit from Biogas Sewage
Treatment”.
The study is being done at Barueri Sewage Treatment Plant.This plant
operate with anaerobic digestion process, which has as mainly products biogas
(composed mainly by methane) and sludge. Part of the methane produced at the
anaerobic process is burnt in a boiler being used to increase digestors temperature.
The rest of the methane is burnt in flare to reduce the impacts caused by gases
emissions. This article presents some technical, financial and environmental project
results, related to the exploitation of sewer biogas for power generation, as well as
bigger details about generation systems (biogas microturbine), used in the facility.

1. INTRODUÇÃO
O biogás é uma mistura gasosa combustível, resultante da degradação
anaeróbia de matéria orgânica que, no caso de sistemas de tratamento de esgoto,
consiste no lodo. O lodo é um sub-produto sólido, gerado no tratamento dos esgotos
(junto com sólidos grosseiros, areia e escuma), representando a maior parcela entre
eles, sendo o substrato que deve receber maior importância em relação a seu
tratamento, chamado tratamento da fase sólida, também incluindo sua disposição
final.
A proporção de cada gás na mistura depende de vários parâmetros, como o
tipo de digestor e o substrato (matéria orgânica a digerir). De qualquer forma, esta
mistura é essencialmente constituída por metano (CH4) e dióxido de carbono (CO2),
estando o seu poder calorífico diretamente relacionado com a quantidade de metano
existente na mistura gasosa.A formação do biogás envolve, basicamente, três
etapas, sendo elas a fermentação, a acetogênese e a metanogênese.
A ETE da SABESP em Barueri/SP, a maior da América Latina, está
ilustrada na Figura 1. Estudos preliminares indicaram uma produção média de
24.000 m3 (tratamento secundário) por dia de biogás (chegando a 28.000 m3/dia em
alguns períodos), com um PCI (poder calorífico inferior, estimado) de 5.300
kcal/Nm3 (22,2 MJ/Nm3), cuja composição (%) é apresentada na Tabela 1. Outras
características do biogás, são apresentadas na Tabela 2.
Figura 1 – Estação de Tratamento de Esgoto da SABESP, em Barueri/SP (SABESP, 2001)

Tabela 1 – Composição Média do Biogás em %, na ETE da SABESP em Barueri (CENBIO, 2003)


Composição Média da Mistura Gasosa
Metano (CH4) 66,5%
Dióxido de Carbono (CO2) 30,5%
Oxigênio (O2) + Nitrogênio (N2) 0,5%
Umidade (H2O) 2,5%
Tabela 2 – Outras Características (1CENBIO, 2003 e 2SABESP,2001)
Outras Características
Ácido Sulfídrico (H2S)1 134 ppm ou 0,01%
Densidade Relativa1 0,86 a 15ºC 101,325 kPa
Pressão 2 250 mm c.a. (Medida no Gasômetro)
Volume Produzido 2 24.000 m3/dia (aproximadamente)

2. TECONOLOGIAS DE CONVERSÃO DO BIOGÁS


Existem diversas tecnologias para efetuar a conversão energética do
biogás. Entende-se por conversão energética o processo que transforma um tipo de
energia em outro. No caso do biogás a energia química contida em suas moléculas
é convertida em energia mecânica por um processo de combustão controlada. Essa
energia mecânica ativa um gerador que a converte em energia elétrica.
As turbinas a gás e os motores de combustão interna do tipo “Ciclo – Otto”
são as tecnologias mais utilizadas para esse tipo de conversão energética.
Embora os motores, de modo geral, possuam maior eficiência de conversão
elétrica, as turbinas a gás podem apresentar um aumento de sua eficiência global de
conversão, quando operadas em sistemas de cogeração (calor e eletricidade)
(COSTA et al., 2001). Com o intuito de melhor avaliar a eficiência das tecnologias
acima citadas, foi instalada uma microturbina Capstone de 30 kW de potência (ISO),
em conjunto com o sistema de purificação do biogás, para testes, como parte do
projeto. Os resultados serão comparados com o desempenho dos motores, em
termos técnicos, econômicos e ambientais. O objetivo é, ao final dos testes, avaliar a
possibilidade de uso de microturbinas/motores a gás para geração em municípios de
pequeno porte.

3. LIMPEZA DO BIOGÁS
A presença de substâncias não combustíveis no biogás, como água e
dióxido de carbono, prejudica o processo de queima, tornando-o menos eficiente.
Além destes, outros contaminentes podem estar presentes como é o caso do gás
sulfídrico (H2S), que pode acarretar corrosão precoce, diminuindo tanto o
rendimento, quanto a vida útil do motor térmico utilizado, a siloxina e a umidade. .
No biogás gerado na ETE da SABESP em Barueri foram encontradas
impurezas que podem comprometer o bom funcionamento do sistema de purificação
(secadores por refrigeração), de compressão (compressor de paletas) e de geração
de energia elétrica (microturbina e motores), presentes na instalação. As principais
impurezas encontradas no biogás foram: a umidade, o H2S e o CO2.
No entanto a microturbina utilizada na instalação, foi projetada para operar
com níveis de CO2, entre 30% e 50%. Devido a este fato, não se tornou necessária
a retirada deste elemento do biogás.
Para a retirada da umidade presente no biogás foram utilizados, ao longo da
linha, filtros coalescentes e dois secadores por refrigeração; um antes e outro após o
compressor. Quanto à remoção do H2S gasoso, foi utilizado um filtro de carvão
ativado, operando pelo princípio de adsorção, enquanto que, para a remoção do
H2S solubilizado na água, foram utilizados secadores por refrigeração e filtros
coalescentes.
Tendo em vista que a microturbina corresponde ao equipamento de maior
custo da instalação, o sistema de purificação empregado neste projeto, piloto na
América Latina, foi dimensionado de forma a garantir que as características do
biogás estejam dentro das especificações requeridas pela microturbina.
Outro contaminante típico do biogás de tratamento de esgoto é a siloxina,
um composto de sílica proveniente de produtos de higiene pessoal e cosméticos.
Sua presença, na ordem de ppb (partes por bilhão) acarreta, ao longo do tempo,
problemas nos rotores de turbinas e motores pela formação de grãos de silica (areia)
no interior dos equipamentos, devido à elevada temperatura (CAPSTONE, 2001).
Esta substância apresenta baixa solubilidade em água e se aglomera nos sólidos
transferidos aos digestores das estações de tratamento de esgoto. No ambiente
quente dos biodigestores, sua concentração aumenta devido à decomposição de
silício e de outros polímeros que contêm siloxina, cuja fórmula estrutural é mostrada
na Figura 3.

Figura 3 – Fórmula Estrutural da Siloxina (CAPSTONE, 2001)

Quando a siloxina está presente no combustível injetado na Microturbina,


finas partículas de sílica se formam na câmara de combustão. Essas partículas são
carregadas pelos gases a velocidades elevadas, através do rotor da turbina e saem
pelo recuperador e trocador de calor (quando instalados). Com o passar do tempo,
essas partículas abrasivas causam erosão em algumas das superfícies metálicas
com que entraram em contato.
A quantidade de siloxina presente no biogás está diretamente ligada a
quantidade de cosméticos e produtos de higiene pessoal, principalmente pasta de
dente, utilizada pela população que gera o efluente a ser tratada. Em comunidades
com alto poder aquisitivo o teor de siloxina tende a ser maior do que em
comunidades de menor poder aquisitivo onde o consumo de produtos de higiene
pessoal é menor.
4. EQUIPAMENTOS UTILIZADOS
Nas Figuras 4 e 5, são apresentados um esquema das instalações do
projeto e uma foto, respectivamente.
A quantidade de biogás a ser consumida pela microturbina equivale a 20
m3/h ou 480 m3/dia, em média.
Secador por
Refrigeração 1

Secador por
Compressor Refrigeração 2
Válvula Esfera 2 de Palhetas
Válvulas
Esfera 5 e 6
Filtro de Carvão
Válvulas Esfera 3 e 4

Filtro Coalescente 1 Filtro


Separador de Líquido com Dreno
Coalescente 3
Sensor de Temperatura 1 Plug Reserva 3
Medidor Saída do
Plug Reserva 2 de Vazão Gás de Exaustão
Filtro Coalescente 2 Filtro de Gás
Plug Reserva
Sensor de Pressão 1
Sensor de Pressão 2 4e5
Sensor de Temperatura 2 Válvula
Reguladora de
Plug Reserva 1 Pressão
Microturbina
Capstone
Sensor de
Pressão 3
Manômetro
Sensor de
Temperatura 3

Figura 4 – Esquema da Instalação do projeto (CENBIO, 2003)


Tubulação de Aço Inox Rígida

Válvula Esfera 1 Tubulação de Aço Inox Flexível


Figura 5 – Foto da Instalação do projeto (CENBIO, 2003)

Resultados da Filtragem

Para converter a energia química do biogás em energia elétrica, é


necessário que o biogás produzido apresente composição e características
adequadas à tecnologia de conversão empregada.
Dessa forma, a tabela 3 exibe uma comparação dos resultados obtidos por
meio das análises feitas no biogás gerado na ETE da SABESP, em Barueri, com as
especificações do gás combustível de alimentação da microturbina (Modelo: C30
L/DG), de acordo com o fabricante Capstone.
Tabela 3 – Comparação dos resultados das análises do biogás com as especificações definidas pelo
fabricante Capstone (CENBIO, 2003).
Variante Unidade Capstone Barueri Observações
O2 % Volume 0 – 10 0,00 - 6,30 Aprovado
e % Volume 0 – 50 0,22 - 23,8 Aprovado
CO2 % Volume 0 – 50 25,0 - 30,8 Aprovado
CH4 % Volume 30 – 100 44,1 - 69,9 Aprovado
H 2S ppm em vol. 0 – 70.000 0,08 - 230 Aprovado
H2O (P.O.)* % Volume 0–5 0,1 - 2,8 Aprovado
P.C.I. kJ/m3 13.800 – 27.605 14.715 - 23.852 Aprovado
(*) P.O.: Ponto de Orvalho.

Conseqüentemente, é possível concluir que o sistema de purificação


projetado atende às especificações técnicas do combustível, exigidas pela
microturbina. Vale ressaltar que a escolha e o dimensionamento dos equipamentos
da linha do sistema de purificação e de compressão do biogás foram feitos de
acordo com as necessidades técnicas da microturbina, ou seja, procurou-se projetar
um sistema que atendesse seguramente aos parâmetros necessários para a
operação do equipamento gerador.

5. ANÁLISE FINANCEIRA
5.1 GERAÇÃO DE 30 KW (ISO) COM UMA MICROTURBINA CAPSTONE
Overall da microturbina Capstone = 40,000 horas
De posse do custo total de investimento em equipamentos, que considera
Microturbina Capstone de 30 kW a Biogás, Compressor de Palhetas Secadores por
Refrigeração, Filtro Coalescente, Filtro de Carvão Ativado, Tubulação, Válvulas
esfera, Conexões Tubulação de exaustão com isolamento térmico e Obra civil,
totalizando US$ 65,858.42, pode-se calcular a relação de custo pelo kilowatt
instalado:
R3 US$/kW = US$ 65,858.42 / 30 kW = US$/kW 2,195.28

1
Outro fator a ser considerado é o de que a microturbina gera 30 kW nas
condições ISO, ou seja, pressão de 1 atmosfera (nível do mar) e temperatura de
15°C. No caso da microturbina instalada na ETE da SABESP em Barueri / SP, deve-
se considerar uma variação de pressão e de temperatura, fatores estes que causam
uma perda no rendimento do equipamento, reduzindo a potência máxima entre 23 e
28 kW.
Porém, deve ser levado em conta que, para a operação adequada da
microturbina, torna-se necessária a utilização do sistema de purificação e
compressão do biogás, que incluem equipamentos, como os secadores por
refrigeração e o compressor, que consomem energia elétrica.
Portanto, temos que quanto a energia elétrica gerada pela microturbina a
Mínima = 23 kW; Máxima = 28 kW; Média = 25 kW.
E quanto a energia elétrica consumida pelos dois secadores e pelo
compressor, a Mínima = 4.5 kW; Máxima = 6.5 kW; Média = 5.5 kW.
Com base nesses dados é possível calcular a energia elétrica líquida
entregue à rede, ou seja:
E.E.L. = Eg – Ec
E.E.L. = 25 – 5.5 = 19.5 kW
Onde:
E.E.L. = Média da energia elétrica líquida entregue à rede;
Eg = Média da energia elétrica gerada pela microturbina;
Ec = Média da energia elétrica consumida pelos secadores e mais o
compressor.
Com base nesses cálculos, surge uma nova relação de custo pelo kilowatt
instalado, ou seja:

R3’ US$/kW = US$ 65,858.42 / 19.5 kW = US$/kW 3,377.36

5.2 GERAÇÃO DE 30 KW (ISO) COM UM GRUPO GERADOR DA TRIGÁS


Overall do grupo gerador da Trigás = 5,000 horas
De posse do custo total de investimento em equipamentos, que são: Grupo
gerador de 30 kW a Biogás, Tubulação, Válvulas esfera, Conexões Tubulação de
exaustão com isolamento térmico e Obra civil, totalizando US$ 10,760.82; pode-se
calcular a relação de custo pelo kilowatt instalado:

R4 US$/kW = US$ 10,760.82 / 30 kW = US$/kW 358.69

Outro fator a ser considerado é o de que o grupo gerador da Trigás gera 30


kW nas condições ISO, ou seja, pressão de 1 atmosfera (nível do mar) e
temperatura de 20°C. No caso do grupo gerador a ser instalado na ETE da SABESP
em Barueri / SP, também temos que considerar uma variação de pressão e de
temperatura, fatores estes que causam uma perda no rendimento do equipamento,
reduzindo a potência máxima entre 25 e 28 kW.
Com base nessa afirmação, surge uma nova relação de custo pelo kilowatt
instalado, ou seja:
R4’ US$/kW = US$ 10,760.82 / 25 kW = US$/kW 430.43

Porém, deve ser levado em conta que o tempo de vida útil do grupo gerador
equivale à 1/8 ao da microturbina. Isso implica, por uma questão óbvia de
equivalência, a correção das relações de custo pelo kilowatt instalado, ou seja de 8
vezes. Contudo, o recondicionamento do grupo gerador equivale a 1/3 do custo
inicial, enquanto que no caso da microturbina, a troca do corpo da turbina representa
um valor semelhante ao do investimento inicial.
2
Para um regime de 40,000 horas de operação, no caso do motor,
deveremos considerar portanto, um investimento inicial de 24,680.00, mais 7 vezes
o valor do recondicionamento do motor:

R5 US$/kW = (US$ 10,760.82 + 7 x US$ 3,586.95) / 30 kW


R5 US$/kW = US$/kW 1,195.65
e
R5’ US$/kW = (US$ 10,760.82 + 7 x US$ 3,586.95) / 25 kW
R5’ US$/kW = US$/kW 1,434.78

Tomando-se como referência o tempo de vida útil dos equipamentos, pode-


se concluir, conforme a tabela abaixo, que a viabilidade econômica entre as duas
alternativas apresentadas e discutidas acima, mostra-se favorável à escolha pela
tecnologia dos grupos-geradores.
Tabela 4 – Comparação entre as relações de custo da instalação por kilowatt gerado para ambas as
tecnologias (Microturbina Capstone e Grupo-gerador da Trigás).
(US$/kW) Microturbina Capstone Grupo Gerador da Trigás
Relação entre custo e potência bruta instalada R3 = 2,195.28 US$/kW R5 = 1,195.65 US$/kW
Relação entre custo e potência líquida instalada R3’ = 3,377.36 US$/kW R5’ = 1,434.78 US$/kW

Embora o custo de geração utilizando-se as microturbinas seja alto, em


comparação com a os grupos-geradores, deve-se levar em conta que a única
vantagem do uso dessa tecnologia está diretamente vinculada à questão ambiental,
principalmente no que se refere à emissão de NOx, gás de efeito estufa equivalente
à 315 vezes o do CO2.
Com os dados obtidos das análises de exaustão da microturbina, foi
possível perceber que a taxa de emissão de NOx mostrou-se inferior a 1 ppm,
levando-se em conta que o fabricante do equipamento (Capstone), garante uma taxa
de emissão de NOx inferior a 9 ppm.
Sendo assim, a grande vantagem da utilização deste tipo de tecnologia,
está diretamente vinculada ao ganho ambiental, quando comparada com a
tecnologia de grupos geradores de combustão interna (ciclo – Otto), responsáveis
por uma taxa de emissão de NOx na ordem de 3,000 ppm.

6. ANÁLISE AMBIENTAL
No que se refere aos valores obtidos com relação aos gases de exaustão da
microturbina, os resultados são mostrados na Tabela 13.
Tabela 5 – Resultados das análises de exaustão da microturbina (CENBIO, 2003).
O2 CO2 CO SO2 NO NOx THC
(% vol.) (% vol.) (ppm) (ppm) (ppm) (ppm) (ppm)
Mínimo 18.0 2.1 10.0 0.001 0.014 0.162 42.0
Máximo 18.5 2.1 145.0 2.900 0.037 0.640 51.0
Média 18.2 2.1 80.8 1.800 0.029 0.412 46.0

As Figuras 6 e 7, abaixo, ilustram respectivamente, a coleta de uma das


amostras de biogás e a coleta de uma das amostras para análise dos gases de
exaustão da microturbina.

3
Figuras 6 e 7 – Coleta de amostra do biogás e coleta de amostra dos gases de exaustão (CENBIO,
2003).

Com os dados obtidos das análises de exaustão da microturbina, foi


possível perceber que a taxa de emissão de NOx, mostrou-se inferior a 1 ppm,
levando-se em conta que o fabricante do equipamento (Capstone), garante uma taxa
de emissão de NOx inferior a 9 ppm.
Sendo assim, a grande vantagem da utilização deste tipo de tecnologia,
está diretamente vinculada ao ganho ambiental, quando comparada com a
tecnologia de grupos geradores de combustão interna (ciclo – Otto), responsáveis
por uma taxa de emissão de NOx na ordem de 3,000 ppm.

7. CONCLUSÕES
O emprego energético do biogás causa diferentes impactos econômicos
dependendo do sistema em que ele é gerado.
A geração de energia elétrica a partir do biogás nos aterros sanitários
permite além de uma auto-suficiência energética, a geração de um excedente de
energia que pode ser vendida para a rede elétrica local.
Devido a grande demanda de energia elétrica exigida pelos equipamentos
usualmente empregados no processo de tratamento de esgoto das estações, a
utilização do biogás produzido no processo de digestão anaeróbica para a geração
de energia, permite apenas uma redução do consumo de eletricidade. Em média,
essa redução é da ordem de 20%.
Este projeto possibilitou o estudo comparativo entre a tecnologia das
microturbinas e dos grupos-geradores de pequeno porte, permitindo a identificação
de fornecedores, equipamentos e tecnologias nacionais de grupo-geradores
capazes de facilitar a replicabilidade deste tipo de projeto devido, principalmente, ao
menor custo, menor complexidade da instalação, operação e manutenção.
O presente trabalho serve também como incentivo para a ampliação da
prestação deste serviço no Brasil, integrando o uso sustentável dos recursos
naturais renováveis com o uso racional e eficiente de energia. No entanto, para que
isso ocorra, é necessário que o biogás produzido apresente composição e
características adequadas à tecnologia de conversão empregada.
Procurou-se projetar um sistema que atendesse seguramente aos
parâmetros necessários para a operação da microturbina, e, com base na Tabela 3,
é possível concluir que o sistema de purificação projetado atende às especificações
técnicas do combustível, exigidas pela Capstone.
Outro dado relevante está vinculado às emissões da microturbina. As
análises dos gases de exaustão conduzidas na ETE de Barueri indicaram emissões
de NOx da ordem 1 ppm, sendo que a Capstone garante uma taxa de emissão de
NOx inferior a 9 ppm.
Sendo assim, a grande vantagem da utilização deste tipo de tecnologia,
está diretamente vinculada ao ganho ambiental, quando comparada com a
tecnologia de grupos geradores de combustão interna (ciclo – Otto), responsáveis
por uma taxa de emissão de NOx na ordem de 3,000 ppm.
No entanto quando a análise financeira da tecnologia é considerada, o
resultado é extremamente desfavorável para a microturbina. Além do custo do
4
equipamento em si, a microturbina exige que o gás combustível apresente
propriedades mais controladas que os motores convencionais, acarretando o uso de
sistemas de purificação do gás, o que não se faz necessário para o grupo-gerador,
pois, além de suportar o uso de um biogás “in-natura” dispensa a necessidade de
compressão uma vez que o seu princípio de funcionamento se dá por aspiração.
De acordo com a Tabela 4, é possível observar a diferença entre o custo da
potência instalada para ambos os sistemas e que, em termos de potencia líquida
instalada, a turbina apresenta um custo duas vezes maior que os motores
convencionais. Soma-se a este fato a dificuldade de efetuar as manutenções nos
equipamentos da linha de tratamento e compressão do gás, principalmente do
compressor que é importado e o representante local não dispõe de peças de
reposição em estoque, pois se trata de um equipamento pouco comum no mercado.
Em linhas gerais, o aproveitamento energético do biogás melhora o
desempenho global do processo de tratamento de esgoto. A opção entre fazer o
aproveitamento ou não está vinculada a características específicas do sistema. Em
primeiro lugar o sistema de tratamento deve incluir a fase anaeróbica, onde o biogás
é produzido. Em segundo lugar a quantidade de efluentes tratados e sua DBO
devem ser suficientes para fornecer gás o bastante para alimentar um grupo
gerador.
Neste aspecto, para os menores grupos geradores disponíveis no mercado
(30 kW), e que foram objeto deste estudo, é necessário que o esgoto de 88.000
habitantes seja tratado para fornecer biogás suficiente para alimentar um sistema de
30 kW que opere 24 horas por dia.
A determinação da potencia instalada deve levar em conta a carga de
demanda da planta. Em alguns casos, quando a tarifa paga pela estação é
diferenciada em função do horário pode ser conveniente que a potência instalada
seja maior e que o sistema opere por um período de tempo menor reduzindo o
consumo de energia da rede nos horários de pico.
Ainda é preciso incluir, neste cenário, a possibilidade de computar as
emissões evitadas de gases de efeito estufa (0,5 tC/kWh) e desta maneira incluir os
créditos de carbono previsto nos projetos do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo
do Protocolo de Quioto.

8. BIBLIOGRAFIA
CAPSTONE. “Authorized Service Provider Training Manual” Capstone Turbine
Corporation, Los Angeles, 2001.

CENBIO. Medidas Mitigadoras para a Redução de Emissões de Gases de Efeito


Estufa na Geração Termelétrica. Brasília, 2000, 222 pg.

CENBIO. “Nota Técnica VII - Geração de Energia a Partir do Biogás Gerado por
Resíduos Urbanos e Rurais”, São Paulo, 2001.

CENBIO. “Relatórios de Atividades – Projeto ENERG-BIOG”, São Paulo, 2002 -


2004.

COSTA et al. “Produção de Energia Elétrica a partir de Resíduos Sólidos Urbanos”,


Trabalho de Graduação Interdisciplinar/FAAP, São Paulo, 2001.

SABESP. “Companhia e Saneamento Básico do Estado de São Paulo”, 2001.

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