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INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CAMPUS SÃO MATEUS


CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA

FRANCO ZOTELLE BATISTA

APROVEITAMENTO ENERGÉTICO DO BIOGÁS GERADO A PARTIR DE


RESIDUOS DE SANEAMENTO

SÃO MATEUS - ES
2016
FRANCO ZOTELLE BATISTA

APROVEITAMENTO ENERGÉTICO DO BIOGÁS GERADO A PARTIR DE


RESIDUOS DE SANEAMENTO

Monografia apresentada à Coordenadoria do


Curso de Engenharia Mecânica do Instituto
Federal do Espírito Santo, Campus São Mateus,
como requisito parcial para a obtenção do título de
Bacharel em Engenharia Mecânica.

Orientador: Prof. Me. Filipe Arthur Firmino Monhol.


Coorientador: Prof. Me. Carlos Eduardo Silva
Abreu.

SÃO MATEUS - ES
2016
Dados internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

B333a Batista, Franco Zotelle,1992 -


2016 Aproveitamento Energético do Biogás gerado a partir de
Resíduos de Saneamento. / Franco Zotelle Batista.-- 2016.
92 f.; 30 cm.

Orientador: Prof. Me. Filipe Arthur Firmino Monhol


Coorientador: Prof. Me. Carlos Eduardo Silva Abreu

Monografia (graduação) – Instituto Federal do Espírito


Santo, Coordenadoria do Curso de Engenharia Mecânica,
Campus São Mateus, 2016.

1. Energia – fontes alternativas. 2. Biogás. 3. Energia de


biomassa. 4. Aproveitamento de energia. I. Monhol, Filipe
Arthur Firmino. II. Abreu, Carlos Eduardo Silva. III. Instituto
Federal do Espírito Santo.
CDD: 628.3
Bibliotecária Sheila Guimarães Martins - CRB6/ES 671
DECLARAÇÃO DO AUTOR

Declaro, para fins de pesquisa acadêmica, didática e técnico-científica, que este


Trabalho de Conclusão de Curso pode ser parcialmente utilizado, desde que se faça
referência à fonte e à autora.

São Mateus, 02 de Agosto de 2016.

Franco Zotelle Batista


Dedico este trabalho aos meus pais, os quais foram fundamentais no meu progresso
acadêmico, sempre me motivando e fazendo com que buscasse explorar meu
potencial.
AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus, por todas as bênçãos derramadas em minha vida


até o presente momento, e por Ele reger e guardar a mim e a minha família.

Aos exemplos que meus pais sempre foram em minha vida, influenciando na
formação do meu caráter e personalidade. Vocês foram, são e sempre serão meus
melhores referenciais de conduta e comprometimento. Agradeço por não terem
poupado esforços e acreditarem em mim.

A equipe da Soma Urbanismo, por se disporem a fornecer os dados necessários


para a elaboração do trabalho. A colaboração da equipe foi de suma importância
para o enriquecimento e desenvolvimento do mesmo.

Agradeço a oportunidade e confiança que a mim foi depositada pelo meu Orientador,
Prof. Me. Filipe Arthur Firmino Monhol e pelo meu Coorientador Prof. Me. Carlos
Eduardo Silva Abreu.
RESUMO

No Brasil, grande parte dos resíduos de saneamento ainda são destinados


incorretamente, ou não são tratados adequadamente. Os recursos hídricos, por
exemplo, são diretamente afetados pelos esgotos não tratados e lançados no
ambiente. Um processo capaz de tratar o esgoto, é através de reatores de digestão
anaeróbica da matéria orgânica, o qual possui como produtos: o efluente tratado; o
biogás, e o lodo biofertilizante. A emissão direta do biogás na atmosfera apresenta
grande ameaça ambiental, devido ao metano presente no mesmo e sua respectiva
contribuição negativa com o efeito estufa. Contudo, a queima desse gás pode gerar
energia, e também reduz consideravelmente os danos ambientais causados pela
emissão de metano. Diante disso, o presente trabalho analisa o potencial energético
do biogás produzido no reator UASB da ETE do condomínio Jacuí. A empresa
gestora dessa ETE, a SOMA Urbanismo, forneceu todos os dados necessários para
a caracterização qualitativa e quantitativa do gás gerado. Uma análise comparativa
com diferentes estudos apontou a efetividade dos dados obtidos. Na sequência,
avaliou-se a viabilidade de três diferentes cenários para geração de energia, no
intuito de suprir a demanda energética da ETE. Os cenários incluíram o uso de um
Motor Gerador de 25 kW e outro de 3,6 kW, e uma Microturbina de 30 kW. Contudo,
nenhum desses cenários se tornou viável principalmente devido à baixa vazão de
gás gerado pela ETE. O estudo apontou então, dois diferentes cenários que não
envolviam a geração de energia elétrica, porém ainda realizavam o aproveitamento
energético do gás através da queima direta do mesmo. A queima do biogás para
secagem e higienização do lodo gerado, apresentou-se como uma alternativa de
baixo custo. O último cenário propôs a queima do biogás em um trocador de calor,
promovendo o aquecimento de um volume de água suficiente para 1.000 banhos
quentes por dia. Esse cenário atenderia a demanda de banhos quentes diários do
condomínio em análise, podendo aquecer a água até temperaturas de 46,5 °C, e
ainda gerar uma economia de R$ 4.645,20 devido ao não uso de chuveiros elétricos.
Apesar dos cenários não viabilizarem uma estação totalmente autossustentável, as
duas últimas alternativas de aproveitamento energético se mostraram interessantes
visto as condições desfavoráveis de vazão de gás do sistema.

Palavras-chave: Biogás. ETE. Aproveitamento Energético. Energia Alternativa.


ABSTRACT

In Brazil, most of sanitation waste is still intended incorrectly, or not treated properly.
Water resources, for example, are directly affected by untreated sewage, which is
dumped to the environment. A process capable of treating sewage is through
anaerobic digestion of organic matter reactors, which has as products: the treated
effluent, biogas and biofertilizer. Biogas emissions into the atmosphere presents
major environmental threat due to the methane present in the same and their
respective negative contribution to the greenhouse effect. However, burn this gas
can generate energy, and reduces environmental damage caused by the emission of
methane. Thus, this study analyzes the energy potential of biogas produced in UASB
of the Sewage Treatment Plant of residential Jacuí. The management company this
STP, SOMA Urbanismo, provided all the necessary data for qualitative and
quantitative characterization of the generated gas. A comparative analysis of different
studies showed the effectiveness of the data. Thus, the feasibility was evaluated in
three different scenarios for power generation in order to meet the energy demand of
the STP. The scenarios include using a motor generator of 25 kW and another of 3.6
kW and a 30 kW microturbine. However, none of these scenarios are made possible
mainly due to the low flow of gas generated by the STP. The study pointed out then,
two different scenarios that did not involve the generation of electricity, but still held
the energy use of gas by direct burning. The burning of biogas for drying and
cleaning the sludge generated, presented itself as a low cost alternative. The last
scenario proposed burning biogas in a heat exchanger, providing heating a sufficient
water volume to 1,000 hot baths a day. This scenario would achieve the demand of
daily hot baths and can heat water to temperatures of 46.5 ° C, and still generate
savings of R$ 4.645,20 due to non-use of electric showers. Despite the scenarios do
not enable a fully self-sustaining plant, the last two energy recovery alternatives
proved interesting because of the unfavorable conditions of system gas flow.

Keywords: Biogas. STP. Energy use. Alternative energy.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Esquematização do Sistema de Biodigestão ............................................. 20


Figura 2: Vista em Corte do Biodigestor Modelo Indiano .......................................... 22
Figura 3: Vista tridimensional do Biodigestor Modelo Indiano ................................... 22
Figura 4: Vista em corte do Biodigestor Modelo Chinês............................................ 23
Figura 5: Vista tridimensional do Biodigestor Modelo Chinês ................................... 23
Figura 6: Vista em corte do Modelo Marinha Brasileira ............................................. 24
Figura 7: Exemplo de biodigestor Modelo Marinha Brasileira ................................... 25
Figura 8: Vista em corte do modelo RALF/UASB ...................................................... 25
Figura 9: Vista em corte do modelo Batelada............................................................ 27
Figura 10: Esquemas das etapas do processo de digestão anaeróbica ................... 29
Figura 11: Ciclo Rankine em uma indústria ............................................................... 39
Figura 12: Esquema do funcionamento da turbina a gás .......................................... 40
Figura 13: Detalhes construtivos de uma turbina a gás ............................................ 41
Figura 14: Detalhes construtivos de uma microturbina a gás .................................... 42
Figura 15: Motor a gás operando em um sistema de cogeração de energia ............ 43
Figura 16: Remoção do lodo seco do leito de secagem ............................................ 46
Figura 17: Gasômetro utilizado no estudo feito por Pecora (2006) ........................... 59
Figura 18: Método de secagem do lodo adotado por Ferreira (2001). (a) Canalização
de tubos de ferro galvanizado; (b) Bicos queimadores com capela de ferro
sobre a chama .......................................................................................... 63
Figura 19: Método de secagem do lodo adotado por Andreoli (2002). (a) Caldeiras
em série para queima de biogás; (b) Tubos de cobre sobre o leito de
secagem ................................................................................................... 64
Figura 20: Esquematização do consumo de água com armazenamento em um
tanque de 5.000 litros ............................................................................... 66
LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Concentração de Gases no Biogás .......................................................... 32


Tabela 2: Peso Específico e PCI em função da quantidade de metano no biogás .. 35
Tabela 3: PCI de combustíveis gasosos .................................................................. 36
Tabela 4: Comparação entre o biogás purificado e outros combustíveis ................. 36
Tabela 5: Características dos equipamentos de conversão energética ................... 44
Tabela 6: Dados da ETE Jacuí fornecidos pela Soma Urbanismo ........................... 54
Tabela 7: Demanda energética da ETE Jacuí .......................................................... 56
Tabela 8: Sistemas de armazenamento de biogás .................................................. 58
Tabela 9: Especificações do Motor Gerador a Gás .................................................. 60
Tabela 10: Especificações da Microturbina a Gás ................................................... 61
Tabela 11: Especificações do Motor Gerador a Gás de 3,6 kW ............................... 62
Tabela 12: Custo com Equipamentos do Cenário 4 ................................................. 65
Tabela 13: Especificações da bomba centrífuga ...................................................... 66
Tabela 14: Custo com Equipamentos do Cenário 5 .................................................. 67
LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Quadro comparativo da taxa de geração de biogás em diferentes ETEs


pesquisadas ............................................................................................. 55
Quadro 2: Quadro comparativo do uso de Biogás na secagem do lodo ................... 63
Quadro 3: Quadro comparativo de diferentes cenários para aproveitamento
energético do biogás ................................................................................ 70
Quadro 4: Vantagens e Desvantagens dos Cenários propostos ............................... 71
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS

ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica


CH4 Gás Metano
CO2 Dióxido de Carbono ou Gás Carbônico
DQO Demanda Química de Oxigênio
ETE Estação de Tratamento de Esgoto
H2 Hidrogênio
H2O Água
H2S Gás Sulfídrico
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IPCC Intergovernamental Panel on Climate Change
NH3 Amônia
NOx Óxidos de Nitrogênio
O&M Operação e Manutenção
O2 Oxigênio
O3 Ozônio
PCI Poder Calorífico Inferior
PCS Poder Calorífico Superior
pH Potencial Hidrogeniônico
PNSB Pesquisa Nacional de Saneamento Básico
ppm Parte por milhão
PVC Policloreto de Polivinila
RALF Reator Anaeróbico de Leito Fluidizado
RSU Resíduos Sólidos Urbanos
SABESP Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo
SST Sólidos Suspensos Totais
STP Sewage Treatment Plant
TDH Tempo de Detenção Hidráulica
UASB Unflow Anaerobic Sludge Blanket Reactor
UFES Universidade Federal do Espírito Santo
USP Universidade de São Paulo
ZnO Óxido de Zinco
LISTA DE SÍMBOLOS

Taxa de geração de biogás [ ]

Vazão volumétrica de biogás produzido [m³/dia]

Vazão volumétrica de esgoto tratado [m³/dia]

Potencial energético do biogás [W]

Vazão média de biogás [m³/s]

Poder Calorífico Inferior do biogás [kcal/m³]

: Relação de custo por kW instalado [R$/kW]

: Custo total com Equipamentos [R$]

: Custo total com Manutenção e Operação [R$]

: Potência média gerada pelo equipamento [kW]

: Vida útil do equipamento [horas]

Produção de sólidos no sistema [KgSST/d]

Coeficiente de Sólidos no Sistema [KgSST/KgDQOapl]

Carga de DQO aplicada ao sistema [KgDQOapl/d]

Volume de Lodo produzido [m³/d]

Densidade do Lodo [kg/m³]

Concentração de Lodo [%]


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................... 15
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................ 18
O BIOGÁS ........................................................................................................ 18
2.1 O BIODIGESTOR ................................................................................. 20
2.1.1 Classificação dos Biodigestores ....................................................... 21
2.1.1.1 Biodigestores Contínuos ..................................................................... 21
2.1.1.2 Biodigestores Descontínuos ................................................................ 26
2.2 FORMAÇÃO DE BIOGÁS ..................................................................... 27
2.3 FATORES QUE INFLUENCIAM NA FORMAÇÃO DE BIOGÁS ............ 29
2.3.1 Composição Química do Biogás ....................................................... 29
2.3.2 Impermeabilidade do Ar ..................................................................... 30
2.3.3 Temperatura ........................................................................................ 30
2.3.4 Teor de Água ....................................................................................... 30
2.3.5 Potencial Hidrogeniônico (pH) .......................................................... 30
2.3.6 Nutrientes ............................................................................................ 30
2.3.7 Tempo de Detenção Hidráulica (TDH) ............................................... 31
2.4 COMPOSIÇÃO QUÍMICA DO BIOGÁS ................................................ 31
2.5 PURIFICAÇÃO DO BIOGÁS ................................................................ 32
2.5.1 Remoção de Umidade ........................................................................ 33
2.5.2 Remoção de Gás Sulfídrico por Óxido de Ferro .............................. 33
2.5.3 Remoção de Gás Carbônico através de água .................................. 33
2.5.4 Remoção do Gás Sulfídrico e do Dióxido de Carbono por
Hidróxido de Sódio, Potássio e Cálcio .............................................. 34
2.6 PODER CALORÍFICO .......................................................................... 34
2.7 TECNOLOGIAS PARA APROVEITAMENTO ENERGÉTICO DO BIOGÁS
............................................................................................................... 36
2.7.1 Aplicação do Biogás na Produção de vapor ou água quente ......... 37
2.7.2 Aplicação do Biogás como combustível veicular ............................ 37
2.7.3 Aplicação do Biogás para a secagem do lodo ................................. 37
2.7.4 Aplicação do Biogás para a geração de Energia Elétrica ............... 38
2.8 LODO BIOFERTILIZANTE ................................................................... 44
3 TRABALHOS CORRELATOS ............................................................. 47
4 METODOLOGIA ................................................................................... 49
4.1 CARACTERIZAÇÃO QUALITATIVA E QUANTITATIVA DO BIOGÁS . 49
4.2 IDENTIFICAÇÃO DO POTENCIAL ENERGÉTICO DO BIOGÁS ......... 50
4.3 ANÁLISE DO APROVEITAMENTO ENERGÉTICO DO BIOGÁS ........ 51
4.4 ANÁLISE DO CUSTO DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA ........ 51
4.5 ANÁLISE DA PRODUÇÃO DE LODO RESIDUAL ............................... 52
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ......................................................... 54
5.1 CARACTERIZAÇÃO QUALITATIVA E QUANTITATIVA DO BIOGÁS . 54
5.2 ANÁLISE COMPARATIVA DA TAXA DE GERAÇÃO DE BIOGÁS ...... 55
5.3 ANÁLISE DO APROVEITAMENTO ENERGÉTICO ............................. 56
5.3.1 Demanda Energética da ETE ............................................................. 56
5.3.2 Identificação do Potencial Energético do Biogás ............................ 56
5.3.3 Alternativas para aproveitamento energético do Biogás ................ 57
5.3.3.1 Armazenagem do Biogás .................................................................... 57
5.3.3.2 Conversão em energia elétrica ............................................................ 59
5.3.3.3 Utilização do Biogás para secagem do lodo residual .......................... 62
5.3.3.4 Análise Comparativa dos Cenários ..................................................... 68
5.4 ANÁLISE QUANTITATIVA DO LODO RESIDUAL ............................... 72
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................. 73
REFERÊNCIAS .................................................................................... 76
ANEXO A – ESPECIFICAÇÕES DE EQUIPAMENTOS SIMULADOS
NOS CENÁRIOS .................................................................................. 82
ANEXO B – IMAGENS DA ETE JACUÍ ............................................... 90
15

1 INTRODUÇÃO

Pode-se afirmar que a poluição está diretamente relacionada com as atitudes e


hábitos da população, desde a geração até a destinação de resíduos. O crescimento
populacional e o desenvolvimento desordenado de núcleos urbanos promovem
grandes problemas para a administração pública. A coleta, tratamento e destinação
dos resíduos de saneamento afetam na qualidade das águas mananciais, e também
na saúde e qualidade de vida da população.

Os esgotos e efluentes consistem em resíduos líquidos provenientes de domicílios e


indústrias dos quais necessitam passar por um tratamento adequado. Segundo
Ribeiro (2010), o não tratamento desses resíduos líquidos pode causar desequilíbrio
na fauna e na flora, por conta do aumento da toxicidade e diminuição da quantidade
de oxigênio nas águas mananciais. Além disso, a contaminação devido à presença
de agentes patogênicos pode gerar diversas doenças infecciosas na população que
faz a utilização direta ou indireta dessa água residual.

Segundo a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB) realizada em 2008


pelo IBGE, pouco mais de metade dos municípios brasileiros (55,2%) possuíam um
serviço de esgotamento sanitário adequado. Além disso, apenas 28,5% dos
municípios brasileiros realizavam o tratamento do esgoto, o que impacta
negativamente na qualidade dos recursos hídricos brasileiros.

O processo de tratamento do esgoto tem como objetivo diminuir seu potencial


poluidor antes que este retorne ao meio ambiente. O esgoto é composto por cerca
de 99,9% de água e 0,1% de resíduos sólidos (70% de materiais orgânicos como
proteínas, carboidratos e gorduras; e 30% de materiais inorgânicos como metais,
sais e areia), e o processo de tratamento tenta separar essas duas fases através de
processos químicos, físicos e biológicos, no intuito de se obter o efluente líquido e o
lodo como produtos. O efluente líquido é água tratada do esgoto com redução de
cerca de 90% de impurezas, que pode ser retornado ao meio ambiente (FRANÇA
JUNIOR, 2008).

Os lixos urbanos caracterizam os resíduos sólidos urbanos (RSU). Segundo


Marinheiro (2014) entende-se por RSU os resíduos domiciliares originários de
16

atividades domésticas e também os resíduos provenientes da limpeza urbana.


Geralmente os RSU são depositados em locais inadequados, tais como os
Vazadouros a céu aberto, também conhecidos como Lixões. De acordo com estudo
do Ministério do Meio Ambiente (2010), os resíduos depositados em um lixão
causam poluição ao solo, ao ar e também a água. A estrutura dos lixões não
restringe os resíduos de serem levados pela ação do vento e por animais. Além de
atraírem vetores de doenças, e serem suscetíveis a incêndios e explosões devido à
geração de gases inflamáveis. Os vazadouros a céu aberto constituem o destino
final dos resíduos sólidos em cerca de 50,8% dos municípios brasileiros (IBGE,
2008).

Entretanto, toda essa matéria orgânica residual descartada possui um grande


potencial energético que não é aproveitado. Com o aumento de investimentos em
fontes alternativas de energias por conta de políticas de desenvolvimento
sustentável, o uso da biomassa residual como fonte de energia vem sendo cada vez
mais empregada. A biomassa tem um grande potencial de geração de biogás, gás
este, que possui um bom poder calorífico quando comparado com os combustíveis
comumente utilizados na indústria (OLIVEIRA, 2009).

Vale lembrar que o biogás gerado em esgotos e vazadouros a céu aberto possui em
sua composição o gás metano (CH4) como principal constituinte. Segundo estudos
do Intergovernmental Panel on Climate Change – IPCC (1996), o metano tem um
potencial de aquecimento global 21 vezes maior do que o gás carbônico. Torna-se
então, viável o aproveitamento energético do biogás, conciliando a produção de
energia com a redução de emissão de gases estufa.

De acordo com Souza (2010), usinas de biogás e plantas biodigestoras são


alternativas sustentáveis para o tratamento de resíduos onde se há biomassa. De
forma a promoverem o tratamento adequado dos resíduos orgânicos, juntamente
com a utilização energética do gás metano. Nesses sistemas o biogás é obtido
através da decomposição da matéria orgânica por bactérias anaeróbicas dentro de
câmaras fechadas e sem a presença de oxigênio, conhecidas como reatores
anaeróbicos. Segundo Zilotti (2012), na Europa existem plantas de aproveitamento
do biogás com capacidade superior a 2000 MW, enquanto no Brasil apenas com
capacidade de 42 MW.
17

Segundo Pecora (2006), além de contribuir para o meio ambiente, conforme


mostrado previamente, o aproveitamento energético do biogás também promove o
reaproveitamento de recursos antes descartados. Fora que, esse aproveitamento
traz outros benefícios à sociedade, tal como o desenvolvimento tecnológico tanto em
saneamento quanto em geração de energia, e também a diminuição da dependência
de combustíveis fósseis. O que promove uma descentralização na geração de
energia e por fim gera maior oferta da mesma. O uso do biogás não só contribui
para a redução do efeito estufa, mas também promove a diminuição da emissão de
poluentes, diminuindo os odores e toxinas presentes no ar.

Desse modo, o presente estudo tem como principal objetivo, analisar o


aproveitamento energético do biogás gerado em uma Estação de Tratamento de
Esgoto (ETE) de um complexo habitacional. Onde deve-se avaliar se a energia
produzida pela estação consegue suprir a demanda energética da mesma, devido
ao uso de bombas, compressores, iluminação, etc. Obtendo assim, uma estação
que consiga ser autossuficiente energeticamente, e usando como combustível,
apenas o que é descartado pela população.

A partir de variáveis como vazão de biogás gerado e as características do mesmo, o


melhor modelo de conversão energética deve ser adotado, tendo em vista que a
energia térmica da queima do gás deve ser transformada em energia elétrica. Caso
seja inviável transformar a energia térmica em elétrica, novas alternativas podem se
tornar viáveis tendo em vista a gama de possibilidades para o uso da mesma.

Para aproveitar ao máximo os subprodutos gerados durante o tratamento de esgoto,


o estudo em análise também avalia a produção de lodo biofertilizante que é gerado
pela ETE, indicando suas possíveis aplicações.

Estudos como este se tornam responsáveis para conscientizar a população de que


existem maneiras mais corretas e sustentáveis de se destinar os resíduos gerados
pela mesma. Além de destinar o lixo corretamente e tratar os esgotos
adequadamente, processos como os abordados nesse estudo se tornam viáveis a
partir do momento que exploram o potencial energético de um gás, antes
descartado, e diminuem seus efeitos agressivos ao meio ambiente.
18

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

O BIOGÁS

Em meados de 1600 ao observar-se a presença de uma substância gasosa


inflamável na superfície de regiões pantanosas, o ser humano tomou ciência da
possibilidade de se produzir gases combustível. Após uma série de análises,
percebeu-se que tais gases de composição desconhecida e forte odor estavam
relacionados à decomposição da matéria orgânica pantanosa (SOARES et al.,
2010).

Somente em 1776, o físico italiano Alessandro Volta conseguiu identificar a


composição química do gás inflamável, e reconhecer assim, a presença do gás
metano (CH4) no gás dos pântanos (SOARES et al., 2010). De acordo com Villela e
Silveira (2005), no século XIX, Ulysse Gayon, aluno de Louis Pasteur, elaborou um
experimento onde conseguiu obter 100 litros de gás por metros cúbicos de matéria
ao realizar uma fermentação anaeróbica de uma mistura de estrume e água a 35 °C.
Em 1884, o próprio Louis Pasteur apresentou à Academia das Ciências a
possibilidade de utilizar este gás como combustível para sistemas de aquecimento e
iluminação urbana.

Em 1859, ocorreu a primeira utilização de gás metano produzido por digestão


anaeróbica em grande escala, em um hospital para portadores de hanseníase de
Bombaim, na Índia. Cerca de 30 anos depois, na cidade de Exerter, na Inglaterra, o
biogás foi utilizado para iluminação pública em algumas ruas (VILLELA; SILVEIRA,
2005).

O primeiro biodigestor que obteve biogás a partir de resíduos orgânicos foi criado na
Grã-Bretanha em 1911. A segunda Guerra Mundial gerou necessidades de novas
fontes de energia para atender a demanda no aquecimento de casas e cozinhas ou
até mesmo para uso em motores a combustão. Dessa forma foram criadas inúmeras
instalações de biodigestores para suprir tais necessidades (AQUINO et al., 2014).
19

Contudo, a relativa abundância das fontes tradicionais de energia, juntamente com


seu baixo custo de produção e boa eficiência, desencorajou a recuperação do
biogás por parte da maioria dos países desenvolvidos. Apenas países com poucos
recursos de capital e energia, tais como a Índia e China, o biogás continuou
desempenhando um papel importante, principalmente em aglomerados rurais
(VILLELA; SILVEIRA, 2005).

Mesmo com tais iniciativas, com o passar dos anos esse combustível acabou sendo
deixado como segundo plano, servindo apenas de complemento às fontes
tradicionais de petróleo e carvão (SOARES et al., 2010). A crise do petróleo em
1970 fez com que o preço internacional da energia elevasse significativamente. O
que levou a diversos países adotarem estratégias de racionamento e a
desenvolverem fontes alternativas de energia (CETESB, 2006).

No Brasil, vários programas de energias alternativas floresceram, tal como o uso do


biogás em veículos como substituto da gasolina, além da instalação de cerca de 07
mil biodigestores em propriedades rurais nas regiões sul, sudeste e centro-oeste.
Contudo, a falta de treinamento e informações a respeito da produção tornou o
sistema ineficiente, fazendo com que muitos produtores rurais abandonassem a
tecnologia (SOARES et al., 2010). Observa-se que mesmo com o “estímulo da crise”
a substituição de recursos não renováveis por fontes renováveis de energia não
obteve resultados expressivos.

Segundo Villela e Silveira (2005), até pouco tempo, o biogás era somente um
subproduto obtido através da decomposição anaeróbica de resíduos urbanos,
resíduos animais e resíduos obtidos de estações de tratamento de esgoto
doméstico. No entanto, a alta do preço dos combustíveis e o desenvolvimento
econômico acelerado, criaram um ambiente favorável para a produção de energia a
partir do uso de fontes renováveis. O que faz com que o biogás se torne um
combustível economicamente e ambientalmente atrativo.
20

2.1 O BIODIGESTOR

Segundo Prado et al. (2012), o biodigestor, também conhecido como digestor se


trata de uma câmara de fermentação, construído abaixo do nível do solo para que
não haja variações bruscas de temperatura, consequentemente interferindo na
geração de biogás.

Os modelos mais utilizados mundialmente foram desenvolvidos e aperfeiçoados na


China e Índia. Oliveira (2009) destaca que na China comunista, com mais de um
bilhão de habitantes, existe o desafio permanente de produzir alimentos em larga
escala para suprir a demanda alimentícia, e na Índia, extremamente pobre e faminta,
a carência não é só por alimentos, mas também por energia.

Prado et al. (2012) ressaltam a importância que, com exceção dos tubos de entrada
e saída, o biodigestor é completamente vedado, criando um ambiente sem a
presença de oxigênio (anaeróbico) onde os micro-organismos degradam o material
orgânico, transformando-o em biogás e biofertilizante.

No tanque de entrada, ou lagoa de sedimentação, o material orgânico é exposto a


uma pré-fermentação aeróbica, ou seja, a digestão do resíduo ainda na presença do
ar, no qual se proliferam somente as bactérias facultativas conforme mostrado
previamente. Pelo tubo de coleta, o resíduo é introduzido no digestor em que será
submetido a uma digestão anaeróbica para a produção de biogás (PRATI, 2010). A
Figura 1 apresenta uma esquematização do processo.

Figura 1 – Esquematização do Sistema de Biodigestão.

Fonte: PRADO et al. (2012).


21

2.1.1 Classificação dos Biodigestores

Os Biodigestores podem ser classificados quanto ao fornecimento de gás, podendo


ser contínuos ou descontínuos.

2.1.1.1 Biodigestores Contínuos

São biodigestores que fornecem biogás constantemente. Nessa categoria, os mais


utilizados são: Modelo Indiano, Modelo Chinês, Modelo da Marinha Brasileira e
Modelo RALF/UASB.

2.1.1.1.1 Modelo Indiano

Este modelo é caracterizado por possuir uma campânula, que se trata de uma
espécie de tampa conhecida como gasômetro, a qual pode estar mergulhada sobre
a biomassa em fermentação ou pode estar em um selo d’água externo (FRIGO et
al., 2015). O gasômetro pode ser construído em chapas de ferro ou em fibra de
vidro. A vantagem do gasômetro em fibra de vidro é a resistência à corrosão
causada pelo gás sulfídrico. Contudo, deve-se adicionar peso sobre o gasômetro de
fibra a fim de aumentar a pressão do biogás (OLIVEIRA, 2009).

Segundo Oliveira (2009), a câmara de digestão pode ser construída em alvenaria,


concreto ou aço, geralmente abaixo do nível do solo para evitar variações de
temperatura. E da mesma forma que o gasômetro, deve-se tomar cuidado com a
corrosão caso a câmara seja feita em aço.

De acordo com Frigo et al. 2015, o modelo indiano é caracterizado por possuir
pressão de operação constante, isso significa que o volume de gás produzido não é
consumido de imediato e faz com que o gasômetro se desloque verticalmente,
aumentando assim, o volume do mesmo e mantendo a pressão no interior
constante. Para evitar entupimentos dos tubos de entrada e saída do material deve-
se evitar alimentação de resíduos com concentrações superiores a 8% de sólidos, e
esse abastecimento deve ser feito de forma contínua (PRATI, 2010). Esse modelo
está representado nas Figuras 2 e 3.
22

Figura 2 – Vista em Corte do Biodigestor Modelo Indiano.

Fonte: TORRES et al. (2012)

Figura 3 – Vista tridimensional do Biodigestor Modelo Indiano.

Fonte: PRATI (2010).

2.1.1.1.2 Modelo Chinês

O biodigestor Modelo Chinês é formado por uma câmara cilíndrica em alvenaria


onde ocorre a fermentação, apresenta um teto impermeável destinado ao
armazenamento de biogás. O seu funcionamento é com base no princípio de prensa
hidráulica, de modo que os aumentos de pressão em seu interior, devido ao acúmulo
de biogás, resultarão em deslocamento dos efluentes da câmara de fermentação
para a caixa de saída, e em sentido contrário quando ocorre a descompressão
(FRIGO et al., 2015).
23

Para Prati (2010), por este modelo ser constituído quase todo em alvenaria, é
dispensado o uso de gasômetro em chapa de aço, o que promove redução de
custos. Contudo, como esse modelo opera em altas pressões, podem ocorrer
problemas como vazamento de biogás caso a estrutura não seja bem vedada e
impermeabilizada.

Frigo et al. (2015) ressaltam que tal como o Modelo Indiano, o substrato também
deve conter uma concentração de sólidos totais em torno de 8 % para evitar
entupimentos no sistema. Além disso, esse modelo apresenta a desvantagem de
liberar uma parcela de gás formado para a atmosfera quando a pressão interna
aumenta muito. Isso acaba limitando sua aplicação para instalações de pequeno e
médio porte. As Figuras 4 e 5 representam esse modelo de biodigestor.

Figura 4 – Vista em corte do Biodigestor Modelo Chinês.

Fonte: TORRES et al. (2012)

Figura 5 – Vista tridimensional do Biodigestor Modelo Chinês.

Fonte: OLIVEIRA (2012).


24

2.1.1.1.3 Modelo Marinha Brasileira

Também conhecido como Modelo Canadense, é um modelo de tipo horizontal, ou


seja, tem largura maior e uma profundidade menor do que o indiano/chinês, por isso
sua área de exposição ao Sol é maior, o que promove maior geração de biogás. Sua
cobertura é de plástico maleável, tipo PVC, que infla com a produção de gás, como
um balão. Para que o gás saia do biodigestor na pressão adequada, costuma-se
colocar sacos de areia ou pneus sobre a cúpula formada (TORRES et al., 2012).

O modelo Canadense é o mais difundido no Brasil devido ao aperfeiçoamento da


manta impermeável de PVC, o que confere menor custo e maior facilidade de
instalação quando comparado com os modelos indiano/chinês, além de apresentar
resistência à corrosão provocada pelo ácido sulfídrico (LINDEMEYER, 2008;
OLIVEIRA, 2009).

Ao comparar com o modelo Indiano, Oliveira (2009) ressalta que o modelo


Canadense apresenta a vantagem de poder receber grandes quantidades de
resíduos. Em comparação ao modelo Chinês, a vantagem está no fato de que este
pode sofrer rachaduras devido à composição do solo brasileiro que sofre muita
acomodação, o que muitas das vezes provocam perda de gás e exige
monitoramento e manutenção constantes. As Figuras 6 e 7 mostram esse modelo de
biodigestor.

Figura 6 – Vista em corte do Modelo Marinha Brasileira.

Fonte: FRIGO et al. (2015).


25

Figura 7 – Exemplo de biodigestor Modelo Marinha Brasileira.

Fonte: OLIVEIRA (2009).

2.1.1.1.4 Modelo RALF/UASB

A satisfatória eficiência na decomposição de matéria orgânica, juntamente com os


baixos custos de instalação, manutenção e operação fizeram com que os reatores
RALF (Reatores Anaeróbicos de Leito Fluidizado) - também conhecidos como UASB
(Upflow Anaerobic Sludge Blanket) - se tornassem um dos sistemas de tratamento
anaeróbico para esgoto sanitário que mais se desenvolveram nos últimos anos no
Brasil (JULIO et al., 2010). A Figura 8 mostra uma representação esquemática desse
tipo de reator.

Figura 8 – Vista em corte do modelo RALF/UASB.

Fonte: MARTINS NETO (2013).


26

Aisse et al. (2000) explicam que o UASB consiste basicamente de um tanque de


fluxo vertical com câmaras de sedimentação e digestão anaeróbica sobrepostas. O
esgoto a ser tratado é distribuído uniformemente no fundo do reator e passa através
de uma camada de lodo biológico, o qual transforma a matéria orgânica em biogás.
Evita-se a entrada do gás produzido no sedimentador através do posicionamento de
defletores, onde este é encaminhado somente para determinadas áreas do reator. A
porção de lodo que atinge o sedimentador é separada (fisicamente) e retorna ao
fundo do reator. O efluente é retirado uniformemente da superfície do sedimentador.

2.1.1.2 Biodigestores Descontínuos

É um biodigestor de geração de gás descontínua, isto é, que fornece biogás durante


certo período, sendo interrompido para a descarga do material fermentado e para
receber a nova carga de material orgânico a ser digerido. O modelo mais utilizado é
o Biodigestor tipo Batelada.

2.1.1.2.1 Biodigestor tipo Batelada

Frigo et al. (2012) explicam que no modelo Batelada a biomassa permanece no


reservatório fechado até que o ciclo da digestão anaeróbica esteja completo.
Quando se tem o fim da produção de biogás (ciclo finalizado), o biodigestor está
apto a receber uma nova carga de matéria orgânica.

Esse modelo também pode ser construído em alvenaria, concreto ou aço. A matéria
orgânica a ser decomposta é colocada na câmara de digestão e então é selada
hermeticamente, só havendo uma saída para o gás. O gás que é produzido pode ser
utilizado ou pode ser armazenado em tanque separado para uma utilização
posterior. Dependendo da quantidade e qualidade dos materiais utilizados na
biodigestão, a produção de gás pode durar de três a seis meses (OLIVEIRA, 2009).
A Figura 9 representa esse modelo e suas dimensões.
27

Figura 9 – Vista em corte do modelo Batelada.

Fonte: OLIVEIRA (2009).

Onde:

Di é o diâmetro interno do biodigestor;


Ds é o diâmetro interno da parede superior;
Dg é o diâmetro do gasômetro;
H é a altura do nível do substrato;
h1 é a altura ociosa do gasômetro;
h2 é a altura útil do gasômetro;
h3 é a altura útil para deslocamento do gasômetro;
b é altura da parede do biodigestor acima do nível do substrato;
c é a altura do gasômetro acima da parede do biodigestor.

2.2 FORMAÇÃO DE BIOGÁS

De acordo com Zilotti (2012), a digestão anaeróbia é um processo em que algumas


espécies de bactérias, que atuam na ausência de oxigênio, atacam a estrutura de
materiais orgânicos complexos, para produzir compostos simples, tais como:
metano; dióxido de carbono; deixando na solução aquosa subprodutos como:
28

amônia; sulfetos e fosfatos, extraindo, em simultâneo, a energia e os compostos


necessários para o seu próprio crescimento.

O processo anaeróbico se divide em quatro etapas: a hidrólise, onde o material


orgânico complexo é transformado por bactérias fermentativas em compostos
dissolvidos de menor peso molecular (PIRES, 1999). Outra etapa é a fermentação
acidogênica, na qual é realizada por bactérias anaeróbicas e algumas espécies
facultativas que podem metabolizar o material orgânico via oxidativa. Essa
metabolização facultativa é importante para o tratamento anaeróbico de resíduos,
pois o oxigênio restante no processo poderia se tornar tóxico de forma a
desequilibrar a produção de biogás (PIRES, 1999).

A fermentação ácida é a terceira etapa da digestão anaeróbica. Nessa etapa, são


produzidos diversos ácidos graxos, sendo os principais o ácido acético e o nitrogênio
amoniacal, que se misturam com o líquido constante dos resíduos sólidos, reduzindo
seu pH para valores entre 4 e 6. O caráter ácido dessa mistura auxilia na
solubilização de materiais inorgânicos, podendo apresentar altas concentrações de
ferro, manganês, zinco, cálcio e magnésio (LINS, 2005). O mau odor causado pela
liberação de gás sulfídrico (H2S) e amônia (NH3) também pode ser consequência
dos baixos valores de pH da mistura.

Por fim, na fase Metanogênica, os compostos orgânicos simples formados na fase


anterior são consumidos por bactérias estritamente anaeróbias. Nessa etapa há a
produção do gás metano e do gás carbônico, motivo pelo qual as bactérias são
denominadas de metanogênicas (LINS, 2005). A Figura 10 mostra as diferentes
fases do processo de digestão anaeróbica.
29

Figura 10 – Esquema das etapas do processo de digestão anaeróbica.

Fonte: LIMA E PASSAMANI (2012).

2.3 FATORES QUE INFLUENCIAM NA FORMAÇÃO DE BIOGÁS

Os principais fatores que influenciam na geração de biogás estão citados e


discutidos abaixo.

2.3.1 Composição Química do Biogás

Substâncias orgânicas facilmente biodegradáveis, como os carboidratos, proteínas e


lipídeos, proporcionam maior produção de metano que as substâncias de difícil
degradabilidade, como celulose, lignina e compostos artificiais (CHERNICHARO,
2007). Ou seja, quanto maior a porcentagem de material orgânico no resíduo, maior
o potencial de geração de metano e vazão de biogás.
30

2.3.2 Impermeabilidade do Ar

As bactérias Metanogênicas são essencialmente anaeróbicas. A decomposição de


matéria orgânica na presença de oxigênio irá produzir somente dióxido de carbono
(PECORA, 2006). Tornando inviável o processo de geração de biogás.

2.3.3 Temperatura

A atividade enzimática das bactérias depende estritamente da temperatura, visto que


a 10 °C a atividade das bactérias é muito baixa e acima de 65 °C as enzimas são
destruídas pelo calor. A faixa ideal para a produção de biogás está entre 32 e 37 °C,
para bactérias mesofílicas, e de 50 a 60 °C, para bactérias termofílicas (PECORA,
2006).

2.3.4 Teor de Água

O teor de água dentro do biodigestor deve variar entre 60 e 90% do peso total do
conteúdo. Muita ou pouca água irão prejudicar o processo de fermentação, logo,
deve-se buscar o volume de carga hidráulica ideal (PECORA, 2006).

2.3.5 Potencial Hidrogeniônico (pH)

Na digestão anaeróbica, observam-se duas fases sucessivas: a primeira caracteriza


por uma diminuição do pH em patamares próximos de 5,0 e a segunda por um
aumento de pH e sua estabilização em valores próximos a neutralidade. A redução
do pH é devida à ação das bactérias acidogênicas, as quais liberam rapidamente
ácidos graxos voláteis. As bactérias metanogênicas se instalam progressivamente e
induzem a elevação do pH através da catálise do ácido acético. (PECORA, 2006).

Dessa forma, as bactérias que produzem o metano têm um crescimento ótimo numa
faixa de pH entre 6,6 e 7,4. Contudo, a estabilidade da produção de metano pode ser
mantida com um pH entre 6,0 e 8,0. A faixa de pH ótima é o resultado das diversas
reações que ocorrem. Caso o processo se mantenha dentro das condições de
31

normalidade, o pH se manterá próximo à neutralidade, não afetando a eficiência da


geração de biogás (CHERNICHARO, 2007).

2.3.6 Nutrientes

Os principais nutrientes para as populações microbianas, em ordem decrescente de


importância, são: nitrogênio; enxofre; fósforo; ferro; cobalto; níquel; molibdênio;
selênio; riboflavina e vitamina B12. Vale lembrar, que para resíduos de animais não
é necessário fazer suplementação de nutrientes para a biodigestão anaeróbia
(CHERNICHARO, 2007).

2.3.7 Tempo de Detenção Hidráulica (TDH)

Tempo de detenção hidráulica ou período de detenção hidráulica é o tempo que o


resíduo permanece no interior do biodigestor. De acordo com os diferentes
substratos (biomassa) utilizados para alimentação do biodigestor, e dos demais
fatores citados acima, o tempo de retenção pode variar de 4 a 60 dias (OLIVEIRA,
2009).

2.4 COMPOSIÇÃO QUÍMICA DO BIOGÁS

Segundo Beck (2007), as características do biogás vão ser definidas a partir de


parâmetros como tipos de digestores e substratos, além de fatores como pressão,
umidade, temperatura e concentração de gases inertes e ácidos. De qualquer
maneira, a mistura é formada essencialmente por metano (CH4) e dióxido de
carbono (CO2).

De acordo com Prati (2010) pelo fato de o metano ser o principal componente da
mistura, é a sua concentração que define, por exemplo, o poder calorífico do biogás,
além de dar características como a de ser inodoro e incolor.

Apesar de ser essencialmente formado por metano e dióxido de carbono, também é


possível encontrar outros gases em proporções bem menores, tais como mostrado
na Tabela 1.
32

Tabela 1 – Concentração de Gases no Biogás.

Gases Porcentagem
Metano (CH4) 55 – 66
Gás Carbônico (CO2) 35 – 45
Nitrogênio (N2) 0–3
Hidrogênio (H2) 0–1
Oxigênio (O2) 0–1
Gás Sulfídrico (H2S) 0–1
Fonte: Adaptado de MAGALHÃES (1986).

Segundo Magalhães (1986), dentre os gases que compõem o biogás, o gás


carbônico (CO2) e o gás sulfídrico (H2S) requerem uma atenção especial. Ambos
são considerados como o principal problema na viabilização de seu armazenamento
e na produção de energia, interferindo não só na qualidade do biogás, mas como
também gerando problemas de corrosão no sistema de condução do biogás até sua
transformação como fonte de energia elétrica ou térmica, necessitando de processos
de tratamento.

De acordo com Beck (2007), logo após a remoção do dióxido de carbono do biogás,
o mesmo deve passar por um resfriamento e filtragem no objetivo de também retirar
o gás sulfídrico da mistura.

2.5 PURIFICAÇÃO DO BIOGÁS

Dependendo de qual for a aplicação do gás produzido, o mesmo deverá passar por
um processo de filtragem para elevar seu poder calorífico e rendimento térmico com
a retirada da água e do gás carbônico presentes na mistura (OLIVEIRA, 2005). Além
destes, o gás sulfídrico também pode estar presente na mistura como apresentado
previamente, o que gera a necessidade de sua remoção uma vez que o mesmo
afeta tanto o rendimento quanto a vida útil do motor e componentes utilizados devido
às suas características corrosivas (OLIVEIRA, 2009). As etapas do processo de
filtragem estão apresentadas a seguir.
33

2.5.1 Remoção de Umidade

De acordo com Oliveira (2009), o grau de umidade aceitável será definido de acordo
com aplicação do biogás, podendo ser associado ao ponto de orvalho, e assim será
realizada a secagem do mesmo. Esse processo pode ser executado com a
utilização de glicóis, com sílica gel ou outro produto que retenha umidade.

2.5.2 Remoção de Gás Sulfídrico por Óxido de Ferro

Consiste em passar a mistura gasosa por uma torre com preenchimento de óxido de
ferro III (Fe2O3) e aparas de madeira. O gás é então injetado pela base da torre e
conforme vai circulando pela mesma o gás sulfídrico reage com o óxido de ferro e é
removido do gás (CRAVEIRO, 1982). É um processo relativamente barato e simples,
e a reação química é apresentada em (1) (OLIVEIRA, 2009):

(1)

Para regenerar o óxido de ferro, basta expor o enchimento ao ar (2) (OLIVEIRA,


2009):

(2)

Segundo Craveiro (1982), o uso de óxido de zinco (ZnO) poderia substituir o óxido
de ferro, porém seria uma opção mais cara.

2.5.3 Remoção de Gás Carbônico através da água

De acordo com Craveiro (1982), existem diversas maneiras para ser efetuada a
remoção de gás carbônico. Um processo simples seria a lavagem do gás com água,
onde removeria as impurezas apesar de consumir uma quantidade elevada de água
e depender diretamente da temperatura e pressão. Quando se opera em pressões
elevadas, grandes quantidades de gás carbônico são absorvidas pela água o que a
34

torna muito ácida e corrosiva, causando problemas no que diz respeito ao seu
descarte.

2.5.4 Remoção do Gás Sulfídrico e do Dióxido de Carbono por Hidróxido de


Sódio, Potássio e Cálcio

Segundo Craveiro (1982), quando o gás carbônico entra em contato com a solução
de sódio, potássio ou cálcio ocorre à formação de bicarbonato, sendo essa formação
irreversível conforme as equações (3) e (4). Caso haja tempo suficiente o gás
sulfídrico também será absorvido conforme a equação (5):

(3)
(4)

(5)

A utilização de hidróxido de cálcio é a mais barata, porém pode causar problemas


quando ocorre a precipitação de carbonado de cálcio (CaCO3), pois o mesmo pode
provocar o entupimento das bombas e demais dispositivos, como encanamentos
(CRAVEIRO, 1982).

2.6 PODER CALORÍFICO

De acordo com Fernandes (2012), o Poder Calorífico é uma das características mais
importantes de um combustível, utilizado para determinar o potencial teórico de
liberação de energia na combustão completa de uma unidade de massa do mesmo
(kJ/kg).

Quando se determina a composição do combustível, verifica-se que o mesmo é


geralmente composto por carbono, hidrogênio e oxigênio. Quando ocorre a
combustão do mesmo, existe a formação de água como produto dessa reação
devido à presença de hidrogênio, onde a mesma pode estar no estado liquido,
gasoso ou ambos. Caso a água formada se condense no estado liquido é obtido o
poder calorífico superior (PCS), mas se a água estiver em estado gasoso é obtido o
35

poder calorífico inferior (PCI), fazendo com que o biogás possua uma faixa de poder
calorífico entre o superior e inferior (COSTA, 2006).

De acordo com Costa (2006), o potencial energético do biogás é diretamente


proporcional à quantidade de metano presente na mistura. Quando originário de
aterros sanitários, a proporção de metano é, em média, de 50%, quando é gerada
em reatores anaeróbios de efluentes a concentração média é mais elevada,
atingindo até cerca de 70%. No entanto, comparado com o gás natural (até 95% de
metano), apresenta menor poder calorífico, em consequência do menor conteúdo de
metano.

A Tabela 2 mostra a variação do Poder Calorífico Inferior (PCI) em função da


quantidade de metano (CH4) na mistura de biogás.

Tabela 2 – Peso específico e PCI em função da quantidade de metano no biogás.


Composição Química do Poder Calorífico Inferior
Peso Específico (kg/Nm³)
Biogás (kcal/kg)
10% CH4, 90% CO2 1,8393 465,43
40% CH4, 60% CO2 1,4643 2.338,52
60% CH4, 40% CO2 1,2143 4.229,98
65% CH4, 35% CO2 1,1518 4.831,14
75% CH4, 25% CO2 1,0268 6.253,01
95% CH4, 05% CO2 0,7768 10.469,60
99% CH4, 01% CO2 0,7268 11.661,02
Fonte: Adaptado de COSTA (2006).

Fernandes (2012) mostra que um biogás com 60% de metano e 40% de dióxido de
carbono, possui um PCI equivalente a 5.500 kcal/m³. Com a Tabela 3 é possível
comparar o PCI do biogás com outros combustíveis gasosos.
36

Tabela 3 – PCI de combustíveis gasosos.


Gás PCI (kcal/m³)
Metano 8.500
Propano 22.000
Butano 28.000
Gás de Coqueira 4.400
Gás da Cidade 4.000
Gás Natural 8.554
Biogás 5.500
Fonte: Adaptado de FERNANDES (2012).

A Tabela 4 apresenta uma comparação entre o biogás e sua respectiva equivalência


com os principais combustíveis utilizados atualmente.

Tabela 4 – Comparação entre o biogás purificado e outros combustíveis.


Equivalências
Biogás (m³) Fonte Energética
Litro (l) kg kWh
1,63 Gasolina 1,00
1,80 Óleo diesel 1,00
1,73 Querosene 1,00
1,58 Gasolina de Avião 1,00
2,00 Óleo combustível 1,00
1,81 Petróleo médio 1,00
1,26 Álcool combustível 1,00
2,20 GLP 1,00
0,65 Lenha 1,00
1,36 Carvão vegetal 1,00
0,29 Xisto 1,00
0,7 Energia Elétrica 1,00
Fonte: Adaptado de OLIVEIRA (2009).

2.7 TECNOLOGIAS PARA APROVEITAMENTO ENERGÉTICO DO BIOGÁS

A conversão energética do biogás pode ser realizada de diversas formas devido aos
avanços tecnológicos. No caso do biogás, a energia química contida em suas
moléculas é convertida em energia mecânica em um processo de combustão da
mistura ar/combustível. Essa energia mecânica ativa um gerador que é responsável
por convertê-la em energia elétrica (COSTA, 2006).

No entanto, o biogás também pode ser usado na geração de energia térmica ou até
mesmo para cogeração, no qual pode ser utilizado no aquecimento de caldeiras
37

para diversos tipos de processos industriais que utilize de água a altas temperaturas
ou vapor d’água. Além disso, o biogás também possui aplicação como combustível
veicular, mesmo que pouco utilizado.

2.7.1 Aplicação do Biogás na Produção de vapor ou água quente

Segundo o estudo apresentado por Oliveira (2009), o biogás gera uma economia
com combustíveis utilizados em caldeiras, como óleo combustível, carvão mineral,
carvão vegetal ou lenha. Isso ocorre, pois o biogás é gerado pela digestão
anaeróbica dos resíduos gerados pela própria indústria, ou seja, é economicamente
e ambientalmente viável.

2.7.2 Aplicação do Biogás como combustível veicular

Para utilização do biogás como combustível veicular é necessário realizar a


purificação do mesmo no intuito de retirar tanto o gás carbônico quanto o gás
sulfídrico. Isso, pois, o gás sulfídrico pode causar problemas no que diz respeito à
corrosão de componentes como o motor, tal como apresentado previamente. Já o
gás carbônico deve ser retirado para aumentar o poder calorífico do gás e assim
melhorar a performance do veículo já que os tanques irão manter uma maior
densidade de gás armazenado e com um maior poder calorífico (OLIVEIRA, 2009).

2.7.3 Aplicação do Biogás para a secagem do lodo

A energia térmica do Biogás também pode ser aproveitada na própria Estação de


Tratamento de Esgoto. O calor gerado com a queima direta do biogás pode ser
utilizado no processamento e secagem do lodo residual.

O lodo residual é composto pelos subprodutos sólidos do tratamento do esgoto,


sendo retirado dos reatores e encaminhados, na grande maioria dos casos, para
leitos de secagem com fins de higienização. Esses leitos, são reservatórios simples
comumente utilizados em estações de pequeno porte devido ao seu baixo custo e
eficiência. Dessa forma, a secagem do lodo é feita pelo próprio ambiente, o que
38

torna esse método muito dependente de fatores climáticos para atingir sua eficiência
(ANDREOLI, 2002).

Ferreira et al. (2003) apresentaram um estudo, identificando a viabilidade de se


utilizar a queima do biogás produzido em uma ETE, para injetar calor
superficialmente em um leito de secagem, auxiliando nas etapas de desidratação e
higienização. O estudo concluiu que esse aproveitamento do biogás, gerou a
redução do período de permanência do lodo nos leitos de secagem, devido à maior
eficiência de desidratação do método. Além de auxiliar na higienização do composto,
inviabilizando a proliferação de parasitas.

2.7.4 Aplicação do Biogás para a geração de Energia Elétrica

Segundo Costa (2006) a energia elétrica a partir do biogás pode ser considerada
como alternativa por significativas vantagens estratégicas, econômicas e ambientais:

 Vantagens Estratégicas: geração descentralizada; próxima aos pontos de


carga, não necessitando de investimentos em linhas de transmissão;
 Vantagens Econômicas: utilização de combustível disponível no local e de
baixo custo (aproveitamento residual); dinamização do setor de máquinas e
equipamentos no país;
 Vantagens ambientais: utilização de energia renovável (biomassa), com
menores emissões poluentes e com balanço de carbono negativo
(contribuindo para redução do efeito estufa).

Contudo, graças à complexidade de legislação do setor elétrico e pouco interesse


por parte das concessionárias, mesmo com tais vantagens a geração de energia a
partir do biogás é muito reduzida no Brasil.

Dentre as tecnologias para a geração de energia elétrica a partir do biogás, um dos


modelos mais utilizados de máquina primária é o Ciclo Rankine, onde turbinas a
vapor convertem energia térmica proveniente de um gerador de vapor, como uma
caldeira a gás, por exemplo, em energia mecânica (LEAL, 2012).
39

Uma outra tecnologia é a geração de energia elétrica a partir de Turbinas a gás


(modeladas pelo Ciclo Brayton), que pode ser segmentada em Microturbinas, que
variam a faixa de potência até 100 kW, e turbinas de médio e grande porte, com
faixas de potência de poucas centenas de kW até quase 300 MW (OLIVEIRA, 2009).

Por fim os motores de combustão interna são tecnologias de máquinas primárias


também amplamente utilizadas, capazes de converter energia térmica de um
combustível em mecânica através do acionamento de pistões confinados em
cilindros, de forma que para o presente estudo, motores de ignição por centelha
(modelados pelo Ciclo Otto) são os que atendem às características do combustível.

2.7.4.1 Ciclo Rankine

É um ciclo ainda muito utilizado no Brasil, sobretudo nas Usinas de Açúcar e Álcool
que utilizam o bagaço da cana-de-açúcar como combustível. Nesse ciclo a energia
térmica resultante da queima do combustível na caldeira é transferida para água que
vaporiza e superaquece. Esse vapor se expande na turbina a vapor que por sua vez
aciona o gerador elétrico. O vapor, por sua vez, pode ser extraído na saída da
turbina e encaminhado a um determinado processo que utiliza esse calor útil,
caracterizando assim uma cogeração. Por fim o fluido retorna para à caldeira já
condensado, para que o processo se reinicie (LEAL, 2012; COSTA, 2006). A Figura
11 ilustra o ciclo apresentado acima.

Figura 11 – Ciclo Rankine com cogeração em uma indústria.

Fonte: COSTA (2006).


40

2.7.4.2 Turbina a Gás

As principais vantagens de uma turbina a gás são o seu volume e peso reduzidos,
quando comparado a outros tipos de máquinas térmicas, minimizando o espaço em
que ocupam. Há também um baixo consumo de óleo lubrificante e uma alta
confiabilidade, na qual vem fazendo com que turbina a gás seja utilizada em
diversos setores, tal como o aeroespacial (MENESES, 2011).

De acordo com Meneses (2011), as turbinas a gás são constituidas por elementos
como o compressor, câmara de combustão e a turbina de expansão conforme o
Ciclo Brayton. A Figura 12 mostra os componentes da turbina a gás de forma
esquemática.

Figura 12 – Esquema do funcionamento da turbina a gás.

Fonte: COSTA (2006).

O ciclo se constitui de quatro etapas: primeiramente, o ar em condição ambiente


passa pelo compressor, onde ocorre a compressão do ar com aumento de
temperatura e entalpia. Logo em seguida, o ar comprimido é injetado na câmara de
combustão fornecendo o oxigênio para a combustão da mistura ar/combustível.
Essa reação exotérmica à alta pressão, transfere energia química do combustível
para os gases, elevando sua temperatura. Na medida em que o fluido exerce
trabalho sobre as palhetas, reduzem-se a pressão e temperatura dos gases,
41

gerando-se potência mecânica. A potência extraída através do eixo da turbina é


usada em parte para acionar o compressor e o restante aciona um gerador para
produção de energia elétrica (MENESES, 2011). A Figura 13 mostra uma turbina a
gás em detalhes.

Figura 13 – Detalhes construtivos de uma turbina a gás.

Fonte: FRANÇA JUNIOR (2008).

O sistema de microturbinas para geração de energia elétrica é derivado da


tecnologia utilizada em aeronaves que dispõem de unidades APU (Airbone Power
Unit) responsáveis por fornecer energia elétrica para os sistemas centrais dos aviões
quando estes estão no solo e com as turbinas principais desativadas. São turbinas
de tamanho reduzido, também operando com o ciclo Brayton e com uma faixa de
potência de 30 kW. As microturbinas são na maioria turbinas a gás, e possuem o
princípio de funcionamento semelhante às de grande porte (COSTA, 2006; COSTA,
2010). A Figura 14 mostra os detalhes de uma microturbina a gás.
42

Figura 14 – Detalhes construtivos de uma microturbina a gás.

Fonte: LIMA E PASSAMANI (2012).

2.7.4.3 Motor de ignição por centelha (Ciclo Otto)

De acordo com Dias (2009) a característica fundamental dos motores que seguem o
ciclo Otto é que na admissão (1º tempo) aspiraram uma mistura gasosa de ar e
combustível (biogás, nesse caso).

Depois que o cilindro é cheio pela mistura, a válvula de admissão que estava aberta
durante o 1º tempo é fechada. Então a mistura de ar/combustível sofre a
compressão (2º tempo). A seguir uma centelha elétrica fornecida pela vela de
ignição promove uma explosão, e consequentemente gera a expansão (3° tempo)
dos gases. Por fim a válvula de escape se abre, ocorrendo a descarga da mistura
gasosa para a atmosfera e a exaustão (4° tempo) dos gases queimados (DIAS,
2009).

Geralmente esses motores não são produzidos para utilização de biogás, o que faz
com que sejam necessárias modificações nos sistemas de alimentação, ignição e
taxas de compressão. Porém esse modelo é o mais utilizado para queima de biogás
para geração de energia elétrica, pois resulta em uma maior capacidade de
conversão energética e possui um custo reduzido em comparação às microturbinas.
A Figura 15 apresenta um exemplo de motor a gás para geração de energia elétrica.
43

Figura 15 – Motor a gás operando em um sistema de geração de energia.

Fonte: FRANÇA JUNIOR (2008).

2.7.4.4 Geradores

De acordo com Meneses (2011) os geradores são os responsáveis por transformar a


energia mecânica de rotação das máquinas em energia elétrica. Depois da escolha
do tipo de gerador que será utilizado no sistema é definida a máquina primária com
a potência adequada. Além da potência, o modelo de máquina primária
(microturbinas, motores, etc.) define também a velocidade de rotação que irá ser
transmitida ao gerador, e dada essa velocidade, define-se o número de polos do
gerador.

2.7.4.5 Análise das tecnologias de conversão energética

Conhecida as principais tecnologias para conversão elétrica a partir da combustão


do biogás, devem-se vincular os benefícios ambientais com o potencial de geração
de energia dos mesmos. A Tabela 5 apresenta o desempenho e as emissões das
principais tecnologias de conversão: Turbinas a gás, Microturbinas e Grupo Motor
Gerador.
44

Tabela 5 – Características dos equipamentos de conversão energética.

Tecnologias
Característica
Grupo Motor Microturbina a
Turbina a Gás
Gerador Gás

Faixa de Potência 30 kW a 15 MW 500 kW até 300 MW 30 kW a 300 kW

Rendimento 27% a 45% 18% a 35% 24% a 28%

Combustíveis Líquidos e Gasosos Gasosos Gasosos

Emissões de NOx 27 a 3000 ppm 50 ppm < 9 ppm

Custo Médio (sem


US$ 700/kW a US$
instalação e US$ 330/kW US$ 1100/kW
1500/kW
equipamentos auxiliares)

Fonte: Adaptado de DOMINGUES E OLIVEIRA (2010); LIMA E PASSAMANI (2012).

Percebe-se que os Motores possuem o melhor rendimento entre as tecnologias


apresentadas, porém também é o maior emissor de óxidos de nitrogênio (NO x). De
acordo com Martins (2010), além de serem tóxicos à saúde humana os óxidos de
nitrogênio contribuem com cerca de 25 a 30% das chuvas ácidas, além de serem
altamente destrutivos a camada de ozônio.

A formação do ozônio troposférico é o principal impacto causado pelas emissões de


NOx. O ozônio estratosférico desempenha papel fundamental (14 – 40 km de
altitude) com filtro solar, de tal forma que 20 mg de O 3/m³ oferecem proteção contra
a passagem de radiação ultravioleta. Contudo, o mesmo ozônio no nível do solo
(troposfera – até 11 km de altitude), é um dos principais poluentes “fotoxidantes”,
sendo perigoso para saúde humana, provocando efeitos como tosses, desconforto e
diminuição da capacidade pulmonar (MARTINS, 2010; COSTA, 2006).

2.8 LODO BIOFERTILIZANTE

Apesar de o foco do estudo ser a geração do biogás, em um estudo econômico do


processo da biodigestão não se pode esquecer da contribuição do efluente ou
biofertilizante resultante desse processo. Tanto o biogás quanto o biofertilizante
possuem grande importância econômica, social e ambiental.
45

Para Comastri Filho (1981), o lodo biofertilizante, é um resíduo aquoso de natureza


orgânica originado na biodigestão de resíduos para a obtenção de biogás. Pelo
processo de fermentação, o material orgânico utilizado para gerar biogás
transforma-se em fertilizante orgânico. Este material é isento de agentes causadores
de doenças e pragas às plantas, não apresenta odor e por isso não atrai moscas,
insetos e outros vetores de doenças. O lodo residual contribui para o
restabelecimento do teor de húmus do solo, melhorando as propriedades físicas e
químicas, além de ajudar na melhoria da atividade microbiana do solo.

Segundo Silva (1984), pesquisas indicam que o biofertilizante aumenta, em média,


10% da produtividade agrícola. Este aumento, repassado para as principais culturas
econômicas do país, representa um incremento substancial na produção física
colhida e comercializada. Isto, pois, as diversas culturas respondem ao biofertilizante
com aumento de produtividade da ordem de 5% a 25%.

O estudo apontado por Oliveira (2009) indica que o biofertilizante apresenta maior
concentração de nutrientes do que o material orgânico original devido à perda
significativa de carbono, hidrogênio e oxigênio. A composição química média é de
1,5 – 4,0% de Nitrogênio; 1,0 – 5,0% de Fósforo; 0,5 – 3,0% de Potássio, além de
apresentar baixos teores de cálcio, magnésio, enxofre, boro, cobre, ferro, manganês,
molibdênio e zinco. O pH do afluente é em torno de 7,5, o que é propício para o
crescimento de micro-organismos úteis ao solo. O pH do biofertilizante também
indica se a digestão foi incompleta, para caso o mesmo apresente um pH ácido
(menor que 7,0). Porém, caso o pH seja maior que 8,0, a operação deve ser
avaliada, pois um biofertilizante alcalino indica um tempo muito alto de detenção
hidráulica.

A Figura 16 mostra o lodo residual já desidratado sendo removido do leito de


secagem de uma Estação de Tratamento de Esgoto.
46

Figura 16 – Remoção do lodo seco do leito de secagem.

Fonte: INCAPER (2007).


47

3 TRABALHOS CORRELATOS

O aproveitamento energético do biogás gerado a partir de resíduos de saneamento


foi observado em diversos trabalhos tais como o de França Junior (2008), onde o
mesmo avaliou o biogás gerado em uma estação de tratamento de esgoto, com
capacidade de tratar rejeitos de cerca de 1.000.000 habitantes. O mesmo
apresentou dois modelos para conversão de energia elétrica, um utilizando um
motor a gás, e outro uma turbina a gás. Avaliando a vazão de gás, eficiência do
motor e turbina, junto ao cenário de cogeração de energia, o autor optou pelo uso de
um ciclo utilizando uma turbina a gás, e com a cogeração de energia a partir de uma
turbina a vapor.

Lima e Passamani (2012), também avaliaram o potencial energético do biogás


gerado a partir do tratamento de esgoto. Porém esse estudo foi feito para uma
estação bem menor em relação ao de França Junior (2008). A ETE em análise,
atendia o Campus da Universidade Federal do Espírito Santo, com atendimento para
cerca de 500 pessoas. Por fim, os autores concluíram que a conversão de energia
era inviável, pois a vazão de 5,486 m³/dia de biogás não tinha o potencial energético
suficiente para suprir a demanda energética da própria estação. Os autores ainda
indicaram outras ferramentas para aproveitamento energético do biogás, tal como
utilizar da energia térmica da queima do mesmo para secar o lodo residual da ETE.

De forma semelhante, Pecora (2006), analisou o potencial energético do biogás


produzido em uma ETE que trata o esgoto proveniente do Conjunto Residencial da
Universidade de São Paulo. E com um volume de biogás gerado de 4 m³/dia, a
autora também concluiu que esta vazão seria insuficiente para que o grupo gerador
em análise, funcionasse corretamente. Indicando que uma alternativa seria o uso de
um gasômetro para armazenamento do gás antes da queima no motor. Isso
permitiria que o gerador funcionasse sem interrupções devido à falta de gás.

Zilotti (2012), avaliou por sua vez, o potencial energético do biogás gerado em um
reator RALF da Estação de Tratamento de Esgoto Norte (ETE Rio das Antas) em
Cascavel. O mesmo apresentou resultados com volumes superiores aos demais,
48

com uma vazão diária de biogás de 624 m³, com potencial de produzir cerca de
35.459 kWh/mês.

Por outro lado, Oliveira (2009), Leal (2012) e Prati (2010), avaliaram a geração de
energia elétrica a partir do biogás, porém com o uso de biodigestores para o
fornecimento do mesmo. Adotando o modelo de biodigestor da Marinha Brasileira,
os autores expõem a viabilidade de usar da decomposição anaeróbica da matéria
orgânica proveniente de resíduos sólidos, para gerar gás como combustível de
tecnologias de conversão elétrica. Por fim, ainda apresentam os benefícios do uso
do biofertilizante, que é um subproduto da decomposição que ocorre nos
biodigestores.

Costa (2006), acompanhou em seu projeto, toda a instalação, operação, e


monitoramento das tecnologias de conversão de energia elétrica utilizando o biogás
como combustível. Seu estudo, incluiu uma análise do funcionamento de uma
microturbina a gás com capacidade de geração de 30 kW, sendo alimentada pelo
biogás gerado na ETE da SABESP em Barueri/SP. Onde comparou a eficiência e
custo desse processo, com um cenário no qual um grupo gerador a gás seria
utilizado. O autor conclui que apesar da microturbina emitir menores concentrações
de gases poluentes durante a combustão, os custos de operação e manutenção da
mesma são cerca de oito vezes maiores do que o do grupo gerador. Isso pois, as
peças de reposição da microturbina são mais caras e difíceis de ser encontradas, e
para queimar o biogás, o mesmo deve ser tratado e tem necessidade de
compressão para ser admitido na microturbina, o que não se faz necessário no
grupo gerador.
49

4 METODOLOGIA

A metodologia utilizada no presente trabalho visou quantificar e qualificar o potencial


energético do biogás gerado em uma ETE. Além de identificar as etapas que
sucedem a coleta do mesmo no reator UASB, e os equipamentos e técnicas que
devem ser utilizados em todo o processo de geração de energia.

O estudo foi feito com base na Estação de Tratamento de Esgoto que se encontra
no condomínio residencial Jacuí, localizado no município de São Mateus, no Espírito
Santo. O condomínio é gerido pela empresa Soma Urbanismo, a qual realizou toda a
coleta de dados, fornecendo-os para a realização do projeto através do
preenchimento de um questionário que lhes foi fornecido.

O trabalho foi planejado nas seguintes etapas:

1. Caracterização qualitativa e quantitativa do Biogás;


2. Identificação do potencial energético do Biogás;
3. Análise de cenários para aproveitamento energético do Biogás;
4. Análise quantitativa do Lodo Biofertilizante.

4.1 CARACTERIZAÇÃO QUALITATIVA E QUANTITATIVA DO BIOGÁS

No intuito de se caracterizar o gás, foram solicitados os seguintes dados à empresa


gestora da ETE:

 Número de residências atendidas pela ETE;


 Estimativa de habitantes atendidos;
 Vazão máxima de esgoto que o sistema pode receber;
 Vazão de esgoto gerada no condomínio;
 Vazão de biogás gerado;
 Análise da qualidade do gás (quantidade de metano presente).

Os métodos de medição e monitoramento não foram informados pela empresa, pois


a mesma terceirizou o serviço no momento em que a ETE estava sendo implantada.
50

Dessa forma, uma análise comparativa com trabalhos correlatos será feita, no intuito
de identificar a veracidade dos dados obtidos.

Essa análise comparativa será feita avaliando os valores de taxa de geração média
de biogás por esgoto tratado, ou ‘ ’. Caso o valor de utilizando os dados
fornecidos pela Soma Urbanismo esteja muito distinto dos outros trabalhos já
existentes, apenas o valor da vazão de esgoto será adotado, utilizando o valor da
taxa de geração de biogás médio dos trabalhos correlatos. E a partir desses dois
valores, uma nova vazão de biogás será encontrada e utilizada neste trabalho.
Segundo França Junior (2008), essa taxa pode ser calculada segundo a Equação 6
abaixo.

(6)

Onde:

Taxa de geração de biogás [ ];

Vazão volumétrica de biogás produzido [m³/dia];


Vazão volumétrica de esgoto tratado [m³/dia].

5.2 IDENTIFICAÇÃO DO POTENCIAL ENERGÉTICO DO BIOGÁS

A energia disponível no biogás gerado pode ser calculada conforme mostrado na


Equação 7 (FRANÇA JUNIOR, 2008).

(7)

Tal que:

Potencial energético do biogás [kW];


Vazão média de biogás [m³/s];
Poder Calorífico Inferior do biogás [cal/m³].
51

O PCI do biogás será identificado na Tabela 2 conforme a porcentagem de metano


presente na mistura. Adotou-se o valor de conversão de kcal para kJ sendo 4,1848.

4.3 ANÁLISE DO APROVEITAMENTO ENERGÉTICO DO BIOGÁS

Calculado o potencial energético do biogás produzido, uma análise será feita para
identificar se o mesmo consegue suprir a demanda energética dos equipamentos da
própria ETE, tornando-a autossustentável, através do uso de tecnologias de geração
de energia listadas previamente.

A partir do potencial energético do biogás, será identificado qual modelo consegue


atender a demanda energética da estação, visto que, a vazão de gás deve ser
suficiente para manter o equipamento em pleno funcionamento. Feito isso, uma
comparação de resultados será feita apontando qual o melhor modelo de geração de
energia elétrica, a partir de características como emissão de poluentes, geração de
energia, e rendimento.

Caso nenhum modelo atenda a demanda energética, alternativas serão propostas


para otimizar o uso do potencial energético do gás. Uma alternativa é o uso na
secagem do lodo através da queima do mesmo. Essa análise será feita por meio de
referencial bibliográfico, na qual serão apresentados procedimentos e equipamentos
utilizados.

Outra alternativa, seria a armazenagem do gás com o uso de biodigestores, para


acumular volume suficiente para que os equipamentos consigam funcionar
continuamente e com a vazão requerida.

4.4 ANÁLISE DO CUSTO DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA

De acordo com Pecora (2006), o custo de geração do equipamento, leva em conta o


investimento total com todos os equipamentos da instalação, incluindo sistemas de
purificação e armazenagem de gás. Também faz parte desse custo, os gastos com
manutenção, seguindo o plano de preventivas do equipamento, seja com troca de
componentes, lubrificação ou até mesmo recondicionamento. Outro custo que entra
52

na conta, é referente aos gastos com operação, como pagamentos de salários de


operadores, ou de recursos utilizados para manter o sistema em funcionamento. A
Equação 8 mostra o cálculo do custo de geração de energia Elétrica.

(8)

Onde:

: Relação de custo por kW instalado [R$/kWh];


: Custo total com Equipamentos [R$];
: Custo total com Manutenção e Operação [R$];
: Potência média gerada pelo equipamento [kW];
: Vida útil do equipamento [horas].

4.5 ANÁLISE QUANTITATIVA DO LODO RESIDUAL

O lodo residual possui uma frequência de descarte de 30 dias, conforme


apresentado em relatório pela Soma Urbanismo. O leito de secagem possui
capacidade volumétrica total de 19,6 m³, obtido por duas células de 3,5m x 3,5m x
0,8m.

Utilizando o manual de operação e manutenção da ETE em análise, fornecido pelo


fabricante Naturesani (2010), tem-se que a produção de lodo pode ser calculada por:

(9)

Tal que:

Produção de sólidos no sistema [KgSST/d];


Coeficiente de Sólidos no Sistema [KgSST/KgDQOapl];
Carga de DQO aplicada ao sistema [KgDQOapl/d].
53

Da mesma forma, tem-se que o Volume de Lodo é:

(10)

Onde:

Volume de Lodo produzido [m³/d];


Densidade do Lodo [kg/m³];
Concentração de Lodo [%].

Para encontrar o Volume de Lodo Líquido utiliza-se uma concentração de 4%, já


para o Volume de Lodo Seco utiliza-se 25%.
54

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1 CARACTERIZAÇÃO QUALITATIVA E QUANTITATIVA DO BIOGÁS

Os dados necessários para caracterizar o biogás foram fornecidos conforme


mostrado na Tabela 6.

Tabela 6 – Dados da ETE Jacuí fornecidos pela Soma Urbanismo.

DADOS DA ETE JACUÍ – SOMA URBANISMO


Número de residências atendidas pela ETE 495 lotes

Estimativa de habitantes atendidos 1.000 habitantes

Vazão máxima de esgoto que o sistema pode receber 5,44 litros/seg

Vazão de esgoto gerado no condomínio 4,40 litros/seg

Vazão de biogás gerado 40,1 m³/dia

Vazão de metano gerado 30,1 m³/dia

Fonte: SOMA URBANISMO (2016).

Sabendo a quantidade de gás gerado por dia, analisa-se a composição do mesmo a


partir da vazão do metano. Isso pois, a cada 40,1 m³ de biogás gerado por dia, cerca
de 30,1 m³ desse volume corresponde somente a metano (CH 4). Sendo assim, tem-
se que 74,06% da composição do biogás gerado na ETE Jacuí, é metano, sendo os
outros 25% formado por outros gases como gás sulfídrico e principalmente dióxido
de carbono.

Para essa concentração de metano, olhando na Tabela 2, tem-se que essa mistura
em particular, possui um PCI de 6.253,01 kcal/kg, e um Peso Específico de 1,0268
kg/m³. Convertendo os valores, tem-se que o PCI do biogás é 6.420,59 kcal/m³.
55

5.2 ANÁLISE COMPARATIVA DA TAXA DE GERAÇÃO DE BIOGÁS

Observando na Tabela 6 os valores de vazão de esgoto tratado (4,40 l/s) e vazão de


biogás gerado (40,1 m³/dia), tem-se através da Equação 6 a taxa de geração de
biogás sendo:

Foram reunidos dados de geração de biogás e vazão de esgoto tratado de


diferentes trabalhos correlatos, para analisar com os valores obtidos pela Soma
Urbanismo. O Quadro 1 mostra o resultado dessas pesquisas.

Quadro 1 – Quadro comparativo da taxa de geração de biogás em diferentes ETE’s


pesquisadas.

França Lima e
Costa SOMA
Junior Zilotti (2012) Pecora (2006) Passamani
(2006) Urbanismo
(2008) (2012)

ETE do
ETE
ETE Rio das Conjunto ETE da
Local - SABESP - ETE Jacuí
Antas Residencial da UFES
Barueri
USP

Vazão de
160.000 11.664 976.320 75,168
Esgoto 72 m³/dia 380 m³/dia
m³/dia m³/dia m³/dia m³/dia
tratado

Vazão de
27.200 37.100
biogás 624 m³/dia 5,27 m³/dia 5,48 m³/dia 40,1 m³/dia
m³/dia m³/dia
gerado

Taxa de
geração de 0,17 0,053 0,073 0,038 0,0729 0,105
biogás

A média dos valores de taxa de geração de biogás é 0,081, resultado que é bem
próximo ao encontrado com os dados fornecidos pela Soma Urbanismo. Dessa
forma, os dados obtidos são satisfatórios.
56

5.3 ANÁLISE DO APROVEITAMENTO ENERGÉTICO

5.3.1 Demanda energética da ETE

A Soma Urbanismo também forneceu dados a respeito dos componentes elétricos


que compõem a ETE Jacuí. A Tabela 7 descreve todos os equipamentos e a
potência dos mesmos, de forma a representarem a demanda energética do sistema.

Tabela 7 – Demanda energética da ETE Jacuí.

Fonte: SOMA URBANISMO (2016).

Dessa forma, a demanda energética dos componentes da ETE Jacuí, considerando


um funcionamento de 24h/dia é:

5.3.2 Identificação do potencial energético do Biogás

O potencial energético do gás foi calculado com base nos dados fornecidos para a
vazão de esgoto biogás no condomínio de 40,1 m³/dia. Dessa forma, tem-se que a
vazão ‘ ’, corresponde a 4,6412 m³/segundo.

Resolvendo a Equação 7:
57

Dessa forma, o potencial energético do biogás gerado na ETE em análise é da


ordem de 12,4704 kW. Contudo, segundo Costa (2006) e pela Tabela 5 apresentada
nesse estudo, devido ao rendimento das tecnologias de conversão elétrica (ciclo a
vapor, motor alternativo ou turbina a gás), somente cerca de 30% (média dos
rendimentos) desse potencial energético pode ser convertido em energia elétrica.

Conclui-se que o potencial de geração de biogás da ETE de 40,1 m³/dia, equivale a


uma capacidade instalada de 3,7411 kW. Com o valor encontrado da potência
energética do biogás, calcula-se a energia elétrica fornecida considerando que o
equipamento de conversão elétrica irá operar também durante 24h/dia.

Observa-se que a estação tem capacidade de geração de energia elétrica bem


inferior à demanda energética da mesma. A mesma consegue apenas fornecer 17%
da energia necessária para manter a ETE em pleno funcionamento. Esse baixo valor
de geração de energia, deve-se a baixa vazão de esgoto que chega a ETE Jacuí.

5.3.3 Alternativas para aproveitamento energético do Biogás

5.3.3.1 Armazenagem do Biogás

Visto que o volume produzido de biogás é insuficiente para sua conversão elétrica,
opta-se pelo armazenamento do gás para que seja possível utiliza-lo nesse
processo. Segundo Lima e Passamani (2012), o equipamento responsável pelo
armazenamento do gás é o gasômetro. O mesmo ainda permite a manutenção de
uma pressão de saída constante, de tal forma que, a vazão de saída de gás é
controlada por uma válvula simples.

Dessa forma, o gasômetro é uma alternativa para acumular gás, e permitir uma
vazão de saída controlada do mesmo, respeitando as especificações de algum
58

equipamento de conversão energética. Sendo assim, tem-se a alternativa de


escolher algum modelo de conversão elétrica que atenda à demanda energética da
ETE Jacuí, e utilizar um gasômetro para que a vazão de gás seja suficiente para que
o equipamento funcione corretamente.

Contudo, de acordo com Azevedo et al. (2004), o dimensionamento do gasômetro


deve levar em conta a demanda diária de gás, a curva de variação da demanda em
função da hora do dia, e a taxa de produção de gás pelo reator. O mesmo ainda
recomenda que para reatores de pequena capacidade de geração de gás, como o
em análise, o mesmo deve ser dimensionado com uma capacidade superior, da
ordem de 50% da produção diária. A Figura 17 mostra o gasômetro feito em PVC
utilizado no estudo realizado por Pecora (2006), com volume útil de 10 m³,
comprimento de 3200 mm e diâmetro de 2000 m.

Figura 17 – Gasômetro utilizado no estudo feito por Pecora (2006).

Fonte: PECORA (2006).

A Tabela 8 apresenta os diferentes modelos de sistemas de armazenamento de


biogás.

Tabela 8 – Sistemas de armazenamento de biogás.


Material
Pressão Estocagem
Baixa (0,138 – 0,414 bar) Selo d’água Aço
Baixa Gas Bag Plástico, vinil, lona (borracha)
Tanques de propano e
Média (1,05 – 1,97 bar) Aço
butano
Alta (200 bar) Cilindros comerciais de gás Aço
Fonte: LIMA E PASSAMANI (2012).
59

Observa-se que o biogás pode ser armazenado em diversos tipos de câmaras, que
se diferenciam por material e dimensões, de acordo com às características da
composição e vazão do gás. Isso pois, o metano presente no biogás não pode ser
facilmente armazenado à temperatura ambiente, o que leva a cada sistema requerer
um gasômetro específico (SALOMON, 2007). De acordo com Lima e Passamani
(2012), não há forma ou material exato para fabricação de um gasômetro, mas
existe a necessidade de que o reservatório tenha a capacidade de suprir a demanda
de biogás produzido e consumido, e que seja inerte e hermeticamente fechado.

Para o presente estudo, adotou-se um gasômetro de PVC com capacidade


volumétrica de 10 m³ assim como o de Pecora (2006).

5.3.3.2 Conversão em energia elétrica

Dentre as tecnologias de conversão em energia elétrica destacadas na Tabela 5,


identifica-se que somente a Microturbina a Gás e o Motor Gerador a Gás possuem
faixas de potência que atendem ao projeto sem superdimensiona-lo. Devido a
pequena vazão de biogás gerado na estação, que conforme mostrado a seguir é
suficiente apenas para gerar uma pequena vazão de agua quente, foi verificado a
inviabilidade de se utilizar o ciclo Rankine para geração de energia elétrica. Para
determinar a tecnologia de conversão mais viável, deve-se avaliar parâmetros não
só econômicos, mas também de potência, rendimento do equipamento, emissões de
gases poluentes, tempo de vida, etc. Outro fator que deve-se levar em conta, é se o
equipamento necessita de acessórios ou processos de tratamento do gás para seu
correto funcionamento, já que essas necessidades acarretam em aumento de custo
do projeto.

Conforme mostrado na Tabela 9, realizou-se uma pesquisa de mercado buscando


modelos de Motor Gerador e Microturbina a Gás que atendessem ao potencial
energético da ETE Jacuí. Como o potencial energético da ETE é muito baixo devido
a vazão, buscou-se também equipamentos com valores de geração de potência
reduzidos. Mesmo os menores valores de potência gerados pelos equipamentos
encontrados no mercado ainda são bem superiores ao potencial energético da ETE.
Sendo assim, alguns modelos irão necessitar de armazenamento de gás para que
60

funcionem corretamente em sua vazão mínima, e todo o excedente de energia


gerada pode ser utilizada em outras atividades do condomínio residencial Jacuí, ou
até mesmo vendido a companhia elétrica.

 Cenário 1: Geração de energia com um Motor Gerador a Gás de 25 kW.

O primeiro cenário analisado, foi a geração de energia utilizando um Motor Gerador


a Gás do Fabricante CUMMINS Power Generation, com potência de 25 kW. A
Tabela 9 descreve os detalhes do equipamento.

Tabela 9 – Especificações do Motor Gerador a Gás.

Motor Gerador a Gás

Fabricante CUMMINS Power Generation

Modelo GGMB

Potência 25 kW

Consumo de Gás 112,24 m³/dia

Rendimento -

Vazão de Saída do Gás 360 m³/h

Temperatura de Saída do Gás 569 ºC

Fonte: CUMMINS Power Generation (2008).

Considerando o uso de um gasômetro de 10 m³, e que a vazão de biogás gerado é


de 40,1 m³/dia, a partir do balanço de massa, tem-se que o motor pode funcionar até
03 horas antes que o volume de gás se esgote no gasômetro, e a vazão de biogás
seja insuficiente para manter o motor funcionando eficientemente. Para completar o
gasômetro novamente com os 10 m³ de gás, a estação irá levar cerca de 06 horas.
O que leva ao regime de operação do equipamento desse cenário, ser de cerca de
08 horas/dia ou 121 dias/ano.
61

 Cenário 2: Geração de energia com uma Microturbina a Gás de 30 kW.

O segundo cenário utiliza uma Microturbina a Gás para conversão de energia


elétrica, do fabricante Capstone. Esse equipamento tem potência de 30 kW, desde
que seja utilizado um gasômetro para armazenamento de gás no intuito de garantir
sua performance. A Tabela 10 apresenta os detalhes do equipamento:

Tabela 10 – Especificações da Microturbina a Gás.

Microturbina a Gás

Fabricante CAPSTONE

Modelo C30 HP

Potência 30 kW

Consumo de Gás 30 m³/h(*)

Rendimento 26%

Vazão de Saída do Gás 0,31 kg/s

Temperatura de Saída do Gás 275 ºC

Fonte: CAPSTONE (2014).


(*) Valor obtido através de análises de desempenho desse equipamento, realizado por COSTA
(2006).

A mesma análise do consumo de biogás e balanço de massa foi feita para a


Microturbina. Considerando o uso de um gasômetro de 10 m³, e que a vazão de
biogás gerado é de 40,1 m³/dia, tem-se que a Microturbina (operando com 30 m³/h
de gás) não opera eficientemente devido ao alto consumo de biogás da mesma.

 Cenário 3: Geração de energia com um Motor Gerador de 3,6 kW.

O último cenário utiliza um Motor Gerador com potência de 3,6 kW do fabricante


Branco Motores. Esse cenário dispensa o uso de gasômetro para armazenagem de
gás, pois o consumo de gás é bem próximo da vazão de biogás gerado. Mesmo a
potência fornecida sendo bem inferior à demanda energética da ETE (22,33 kW),
62

esse cenário é visto como uma alternativa para reduzir os gastos relacionados à
demanda energética da estação, não necessitando de suprir toda ela.

Segundo o fabricante, esse equipamento é dimensionado para trabalhar de forma


eficiente com uma concentração mínima de 60% de metano no biogás, e o mesmo
já possui um filtro integrado, o qual realiza a purificação do mesmo. O mesmo ainda
recomenda que a cada 4 horas, o equipamento fique parado por 01 hora para evitar
superaquecimento, fazendo com que o regime máximo de operação seja de 20
horas/dia. A Tabela 11 mostra as especificações desse equipamento.

Tabela 11 – Especificações do Motor Gerador a Gás de 3,6 kW.

Motor Gerador a Gás

Fabricante Branco Motores


Modelo B4T – 5000 Bio

Potência 3,6 kW

Consumo de Gás 40 m³/dia

Rendimento -

Vazão de Saída do Gás -

Temperatura de Saída do Gás -

Fonte: BRANCO MOTORES (2011).

5.3.3.3 Utilização do Biogás para secagem do lodo residual

Mesmo a vazão de biogás não sendo suficiente para conversão em energia elétrica,
tal como apresentado no tópico 2.7.3, o calor gerado a partir da queima do biogás
pode ser utilizado na secagem e higienização do Lodo Residual.

A ETE Jacuí possui dois leitos de secagem, com um volume total de armazenagem
de 19,6 m³, onde ocorre a desidratação do lodo gerado pela ETE de forma natural,
utilizando apenas o calor fornecido pelo sol. E como apresentado no tópico 2.8, esse
lodo após desidratação, vira um biofertilizante com diversas aplicações na
agronomia.
63

Acompanhou-se dois estudos onde utilizaram o biogás gerado em uma mesma ETE,
como fonte de energia térmica para promover a secagem e higienização do lodo. O
Quadro 2 mostra dois modelos distintos de queima e distribuição de calor nos leitos
de secagem.

Quadro 2 – Quadro comparativo do uso de Biogás na secagem do lodo.

Ferreira (2001) Andreoli et al. (2002)

Local ETE Guaraituba (Curitiba) ETE Guaraituba (Curitiba)


Vazão de Esgoto 46,88 l/s 46,88 l/s
Dimensões Leito de
5,0m x 5,0m x 0,5m 5,0m x 10,0m x 0,5m
Secagem
Local de queima do Interior de estufas plásticas do tipo Caldeiras Fora do Leito de Secagem e da
biogás “Túnel Hermano” Estufa Plástica.
Condução do biogás
armazenado ao local de Tubulação de PVC Tubulação de PVC
queima
Duas caldeiras em série (Figura 19a),
Canalização em tubos de ferro
com tanques com capacidade de 200
galvanizado a 0,5m do fundo do leito
litros cada uma. O biogás é queimado,
Características de de secagem (Figura 18a), com
aquecendo o óleo de passagem
queima do biogás quatro bicos queimadores com
constante pelos tanques de aquecimento,
capela de ferro sobre a chama
o qual distribuirá calor ao leito de
(Figura 18b).
secagem.

O óleo aquecido pela queima do biogás é


A estufa plástica retém o calor da circulado por duas bombas de 3 CV em
Forma de distribuição de
queima do biogás dentro do leito de tubos de cobre com distâncias entre si de
calor ao leito de secagem
secagem. 30 cm na camada superficial do leito de
secagem (Figura 19b).

Figura 18 – Método de secagem do lodo adotado por Ferreira (2001). (a)


Canalização de tubos de ferro galvanizado; (b) Bicos queimadores com capela de
ferro sobre a chama.

(a) (b)
Fonte: FERREIRA (2001).
64

Figura 19 – Método de secagem do lodo adotado por Andreoli (2002). (a) Caldeiras
em série para queima de biogás; (b) Tubos de cobre sobre o leito de secagem.

(a) (b)
Fonte: ANDREOLI (2002).

 Cenário 4: Queima do Biogás para secagem do lodo, com o uso de bicos


queimadores dentro de uma Estufa plástica.

Dada a baixa vazão de gás, optou-se pela queima direta do mesmo assim como no
estudo proposto por Ferreira (2001). Esse estudo apresentou bons resultados no
que diz respeito a eliminação de ovos de parasitas do lodo, além de necessitar de
aparatos com menor custo em relação ao de Andreoli (2002).

Como o leito de secagem possui duas células de dimensões 3,5m x 3,5m x 0,8,
optou-se pela utilização de uma Estufa Plástica em túnel semelhante a utilizada por
Ferreira (2001). A estufa escolhida foi a do fabricante DANCOVER, com dimensões
4m x 10m x 2,4m, capaz de cobrir ambas as células.

O Cenário 4 irá utilizar um tubo de ferro galvanizado com 4 bicos queimadores, e 4


capelas de ferro por célula. Considerando que as capelas de ferro serão de
fabricação própria e com custos mínimos, desconsidera-se os gastos com esse item.
Para os demais componentes, pesquisou-se o preço no mercado, gerando uma
estimativa de custo total apresentada pela Tabela 12.
65

A queima direta do biogás para a secagem do lodo dispensa o uso de gasômetro ou


purificador de gás. Além disso, toda a vazão de gás pode ser consumida
interruptamente, promovendo um regime de operação de 24 horas/dia.

Tabela 12 – Custo com Equipamentos do Cenário 4.

Fabricante Quantidade Preço Unitário Custo Total

Estufa Plástica em Túnel


Dancover 1 R$ 5.590,15(*) R$ 5.590,15
(4m x 10m x 2,4m)

Tubo de Ferro Galvanizado


Aladim Metais 2 R$ 36,17 R$ 72,34
(1.1/2” – 6m)

Bico Queimador Continental 8 R$ 1,50 R$ 12,00

R$ 5.674,50
(*) Os preços descritos acima estão baseados no Euro comercial de venda no dia 10/07/2016 (1 € =
R$ 3,6422)

 Cenário 5: Queima do Biogás para aquecimento de água para distribuição


nas residências.

O último cenário avalia a possibilidade de aquecimento da água consumida nas


residências do condomínio. A maior demanda de água quente é durante o uso no
banho. Segundo dados da Sabesp (2016), uma pessoa consome em um banho
utilizando chuveiro elétrico cerca de 15 litros de água. O cenário irá analisar que
cada um dos 1.000 habitantes toma em média um banho por dia, gerando uma
demanda de água quente de cerca de 15.000 litros/dia, ou 0,625 m³/h.

Para garantir que todos os habitantes recebam a vazão de água desejada mesmo
em períodos de pico de consumo de água, optou-se pelo uso de um Reservatório
Térmico de capacidade de 5.000 litros, do fabricante Energy Web. A Figura 20
esquematiza o uso do reservatório.
66

Figura 20 – Esquematização do consumo de água com armazenamento em um


tanque de 5.000 litros.

Fonte: Autor.

O sistema possuirá uma bomba que eleva a água até o reservatório em um ponto
alto no condomínio, e que em seguida distribui-a apenas por gravidade. Sabendo o
consumo de água por hora e a capacidade de armazenagem, calcula-se através da
Equação 11, a vazão mínima que a bomba deve ter para elevar a água até o
reservatório, considerando um regime de operação de 24 horas/dia.
(11)

O cenário irá se tornar viável, caso o calor gerado pela queima do gás seja capaz de
elevar a temperatura do volume de água que é bombeado e passa por dentro de um
trocador de calor. Após pesquisa de mercado, encontrou-se uma bomba centrífuga
para aplicações residenciais do fabricante Schneider Motobombas, da qual atende a
vazão mínima necessária para encher o tanque, conforme detalhes da Tabela 13
abaixo.

Tabela 13 – Especificações da Bomba Centrífuga.

Bomba Centrífuga
Fabricante Schneider Motobombas
Modelo BCR - 2000
Potência 1/3 CV
Vazão 0,5 m³/h
Temperatura Máxima 80 °C
Pressão Máxima 19 m c.a. (1,9 bar)
Fonte: SCHNEIDER MOTOBOMBAS (2010).
67

Considerando a densidade de água ρ = 1000 kg/m³, e que a entalpia de entrada


para uma água com pressão de 1,9 bar e temperatura ambiente de 25 °C, é he =
104,89 kJ/kg (líquido comprimido). Utilizando a Equação da Conservação de
Energia, tem-se o potencial energético do biogás obtido no tópico 5.3.2 pode ser
convertido em calor conforme mostrado pela Equação 12 (MORAN & SHAPIRO,
2009).
(12)

Para esse valor de entalpia, tem-se que a temperatura da água da saída da bomba é
de 46,5 °C (Tabela A-2 – MORAN & SHAPIRO, 2009). De acordo com Belinazo et
al. (2004), uma temperatura de água quente “confortável” alcançada pelos chuveiros
elétricos convencionais, é em torno de 40 °C. Dessa forma, a temperatura alcançada
com a queima do biogás é menor do que a temperatura máxima suportada pela
bomba, mas ainda consegue ser suficientemente quente para uso em banhos.

A Tabela 14 detalha os custos com equipamentos do Cenário 5.

Tabela 14 – Custo com Equipamentos do Cenário 5.

Fabricante Quantidade Preço Unitário Custo Total

Schneider
Bomba Centrífuga 1/3 CV 1 R$ 435,00 R$ 435,00
Motobombas

Reservatório Térmico 5.000


Energy Web 1 R$ 5.631,12 (*) R$ 5.631,12
litros
Trocador de Calor – Modelo
Trocalor 1 R$ 3.274,00 (**) R$ 3.274,00
BEM
R$ 9.340,12
(*) O preço descrito acima está baseado no Rand Sul-africano comercial de venda no dia 15/07/2016
(R 1.00 = R$ 0,22794). (**) Valor obtido através de pesquisa de mercado, com preço baseado no
dólar comercial de venda no dia 15/07/2016 (US$ = R$ 3,274).

Segundo dados da Sabesp (2016), um banho pode levar em média 5 minutos


quando se tem cuidados para evitar o desperdício de água. De acordo com dados
68

da ANEEL, um chuveiro convencional consome no modo inverno cerca de 5 kWh.


Considerando ainda que cada um dos mil habitantes toma um banho quente por dia,
tem-se que o consumo de energia elétrica do chuveiro diário pode ser calculado
conforme a Equação 13:
(13)

Dessa forma, o Cenário 5 poderia estar economizando 416,67 kWh/dia ao evitar que
o chuveiro elétrico seja ligado durante mil banhos quentes por dia.

5.3.3.4 Análise comparativa dos cenários

Para comparar os diferentes cenários, utilizou-se de trabalhos correlatos onde


equipamentos semelhantes foram analisados. Foram observados os períodos e
gastos com manutenção e operação, custo do equipamento no mercado,
necessidade de equipamentos extra, e potencial de geração de energia elétrica.

As informações dos Cenários 1 e 2 foram obtidos a partir do estudo realizado por


Costa (2006). O mesmo utilizou um motor gerador da fabricante Trigás de 30 kW, e
seus custos foram estimados considerando a vida útil do equipamento de 5.000
horas ou um ano. Já a microturbina utilizada por ele, foi a mesma em análise no
Cenário 2, de tal forma que sua vida útil é estimada em 40.000 horas, e considera-se
uma operação de 5.000 horas/ano. O preço do gasômetro foi com base no estudo
realizado por Pecora (2006), onde incluíram no projeto um gasômetro de PVC com
volume útil de 10m³.

As informações de custo do Cenário 3 foram obtidas com base na pesquisa


realizada por Pereira (2014), onde o mesmo simulou os custos de projeto utilizando
o equipamento em análise neste cenário.
69

Uma avaliação de economia mensal foi realizada, considerando a energia elétrica


que pode ser fornecida ou economizada em cada cenário. A tarifa foi obtida em
informações fornecidas pela ANEEL, onde a concessionária Escelsa, responsável
pela distribuição de energia elétrica no Espírito Santo, possui uma tarifa de 0,46452
R$/kWh, com data de vigência em 16/07/2016.

O Lucro Líquido mensal representa o ganho no mês descontando todos os custos do


processo. Dessa forma, o Lucro Líquido desconta os custos com manutenção e
operação do mês na economia mensal obtida com o aproveitamento energético do
biogás. O Payback é o tempo necessário para que o Lucro Líquido acumulado se
iguale ao investimento feito com equipamentos e acessórios, ou seja, é em quanto
tempo se obtém o retorno do investimento (LINDEMEYER, 2008). Tem-se então,
que o investimento total dos cenários é igual aos gastos com equipamentos,
gasômetros e purificadores. O Quadro 3 mostra esses valores para cada cenário.

A seleção do melhor modelo de aproveitamento energético deve ser feita além de


uma análise dos aspectos econômicos. O Quadro 4 abaixo apresenta as vantagens
e desvantagens de cada cenário com base nas informações obtidas.
70

Quadro 3 – Quadro comparativo de diferentes cenários para aproveitamento energético do biogás.

Cenário 1 Cenário 2 Cenário 3 Cenário 4 Cenário 5


Geração de energia Queima direta do biogás
Geração de energia elétrica Geração de energia elétrica Queima direta do Biogás
Tipo de Aproveitamento Energético elétrica com Motor para aquecimento de
com Motor Gerador a Gás com Microturbina a Gás para aquecimento do lodo
Gerador a Gás água para uso doméstico
CUMMINS Power
Fabricante CAPSTONE Branco Motores - -
Generation
Modelo GGMB C30 HP B4T – 5000 Bio - -

Potência 25 kW 30 kW 3,6 kW - -

Regime de Operação 08 horas/dia - 20 horas/dia 24 horas/dia 24 horas/dia

Demanda de energia elétrica diária da ETE Jacuí 535,872 kWh/dia 535,872 kWh/dia 535,872 kWh/dia 535,872 kWh/dia 535,872 kWh/dia

Energia elétrica fornecida/economizada (dia) 200 kWh/dia - 72 kWh/dia - 416,67 kWh/dia

Economia Mensal R$ 2.787,12 - R$ 1.003,36 - R$ 4.645,20

Sistema de Purificação Ausente(*) Remoção de Umidade e H2S(*) Remoção de H2S Ausente Ausente

Necessidade do uso de Necessidade do uso de


Sistema de armazenagem de gás Gasômetro para obter vazão Gasômetro para obter vazão Ausente Ausente Ausente
necessária(*) necessária(*)

Vida Útil do Equipamento 5.000 horas(*) 40.000 horas(*) 5.000 horas(***) - -

Custo do Purificador - R$ 3.200,00(**) Incluso no Equipamento - -

Custo do Gasômetro R$ 4.074,65(**) R$ 4.074,65(**) Ausente - -

Custo do Equipamento R$ 21.200,00(**) R$ 151.046,00(*) R$ 8.122,00(***) R$ 5.674,50 R$ 9.340,12

Custo de operação e manutenção (ano) R$ 3.400,00(*) R$ 17.628,20(*) R$ 5.315,00(***) - -

Custo de Geração Elétrica R$ 0,229 R$/kWh R$ 0,249 R$/kWh R$ 0,745 R$/kWh - -

Lucro Líquido Mensal R$ 2.503,80 - R$ 560,45 - R$ 4.645,20

Payback 10 meses - 14 meses e meio - 2 meses

Nota: Os valores acima foram baseados nos estudos feitos por (*) COSTA (2006); (**) PECORA (2006); (***) PEREIRA (2014);
71

Quadro 4 – Vantagens e Desvantagens dos Cenários propostos.


VANTAGENS DESVANTAGENS
 O motor gerador possui melhor rendimento em comparação as outras tecnologias (Tabela 5);
 Motor gerador de custo razoável;
 Vida útil curta;
 Baixo custo de manutenção;
Cenário 1  Alta emissão NOx (Tabela 5);
 Menor custo de geração de energia elétrica;
 Necessidade do uso de gasômetro (aumento no custo);
 Não precisa de sistema de purificação do biogás;
 Possibilidade de suprir 40% da demanda energética da ETE Jacuí.

 Alto custo do equipamento;


 Alto consumo de combustível, fazendo com que a vazão de biogás gerado
 Menor taxa de emissão de NOx (Tabela 5); seja insuficiente para manter a microturbina funcionando corretamente;
Cenário 2  Vida útil razoável;  Alto custo de manutenção e operação;
 Necessidade de purificação do gás e armazenagem (aumento no custo);

 Vida útil curta;


 O motor gerador possui melhor rendimento em comparação as outras tecnologias (Tabela 5);
 Alta emissão NOx (Tabela 5);
 Equipamento de baixo custo;
 Consegue suprir somente 13% da demanda energética da ETE Jacuí;
Cenário 3  Custo de manutenção razoável;
 Maior custo de geração de energia elétrica;
 Não precisa de sistema de purificação do biogás;
 A operação precisa ser interrompida a cada 04 horas para evitar
 Não precisa de armazenagem de gás;
superaquecimento do motor.
 Equipamento de baixo custo;
 Não necessita de sistema de purificação e/ou armazenamento do gás;  É incapaz de gerar eletricidade;
Cenário 4  Otimiza o processo de secagem e higienização do lodo residual;  Não reduz nenhum custo expressivo do condomínio.
 Regime de operação sem restrições.
 Equipamento de custo razoável;
 Não necessita de sistema de purificação e/ou armazenamento do gás;  É incapaz de gerar eletricidade;

Cenário 5  Capaz de gerar água quente;  Necessita de reservatório para garantir vazão de água mesmo em horários
 Apresenta uma economia mensal boa em comparação aos demais cenários; de pico.
 Regime de operação sem restrições.
72

5.4 ANÁLISE DA PRODUÇÃO DE LODO RESIDUAL

Utilizando a Equação 9, com os dados abaixo fornecidos também pela Soma


Urbanismo, tem-se a produção de lodo pela Equação 14.

0,1 KgSST/KgDQOapl
236,39 KgDQOapl/d

(14)

Assumindo a densidade do lodo sendo (dado fornecido pela Soma


Urbanismo), através da Equação 10, tem-se que os volumes de lodo produzido Seco
e Liquido são dados conforme as Equações 15 e 16.

(15)

(16)

Ou seja, a ETE Jacuí tem capacidade de produzir 17,21 m³ de lodo líquido por mês,
que quando desidratado, pode chegar ao volume de 4,30 m³.

Como apresentado no tópico 2.8, o lodo biofertilizante pode aumentar a


produtividade do solo devido a suas grandes concentrações de nutrientes. Vê-se
então, a oportunidade de utilizar esse subproduto como um fertilizante nas
atividades de jardinagens do condomínio. Sem gerar custos adicionais, e ainda
melhorando a produtividade do plantio.
73

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O desenvolvimento do presente trabalho teve como principal objetivo verificar se o


biogás gerado pela Estação de Tratamento de Esgoto Jacuí, na cidade de São
Mateus no Espírito Santo, possuía potencial energético suficiente para suprir a
demanda energética da estação. Para isso, foi necessário realizar análises
quantitativas e qualitativas do gás, para calcular a energia que poderia ser gerada. A
coleta de dados foi realizada pela empresa gestora da ETE, a Soma Urbanismo,
fazendo-se necessário realizar uma análise comparativa da taxa de geração de gás
encontrada para a ETE Jacuí, com taxas apresentadas em estudos correlatos, para
indicar se os dados coletados eram condizentes.

A análise comparativa mostrou que os dados fornecidos pela Soma Urbanismo eram
admissíveis. A caracterização quantitativa do biogás, verificou uma vazão de 40,1 m³
de biogás por dia, onde 75% da composição deste gás, era formado por metano. Foi
possível então, calcular o potencial energético do biogás gerado pela ETE em
análise, onde foi encontrado um potencial de 89,79 kWh/dia. Valor este, que é
incapaz de suprir a demanda energética da estação de 535,87 kWh/dia.

Contudo, manter a estação lançando um gás na atmosfera que contém grande


concentração de metano, irá gerar mau odor e também contribuirá negativamente
com o aumento do efeito estufa. E simplesmente queimar esse gás, seria um
desperdício, visto que, o potencial energético mesmo não suprindo a demanda da
estação, ainda é significante. Dessa forma, diferentes cenários foram apresentados,
buscando alternativas para aproveitamento energético desse gás.

Dentre as alternativas apresentadas, nenhuma conseguiria suprir a demanda


energética da estação, devido principalmente a baixa vazão de biogás gerado.
Mesmo com o armazenamento do gás, a vazão ainda era insuficiente para que as
tecnologias apresentassem boa performance. Diante das análises de viabilidade
econômica, potencial energético, emissão de gases poluentes, e regime de
operação, percebe-se que a ETE Jacuí não oferece condições para realizar geração
de energia elétrica a partir do uso do biogás. Sendo assim, as alternativas viáveis
para ETE Jacuí, seriam para o uso do biogás na secagem e higienização do volume
74

de cerca de 17 m³ de lodo líquido por mês, e para o aquecimento do volume de água


suficiente para mil banhos por dia.

Observou-se que o Cenário 4 é de baixo custo de implementação, e com esforços


mínimos de operação. O que tornaria viável o aproveitamento desse potencial
energético, e ainda aumentaria a qualidade do biofertilizante que poderia auxiliar nas
atividades de jardinagem do condomínio.

Por outro lado, o Cenário 5 oferece a possibilidade de economia mensal de cerca de


R$ 4.645,20 para o condomínio, proporcionando uma vazão de um volume de água
suficiente para atender demandas mesmo nos picos de consumo, e a uma
temperatura considerada como confortável.

Mesmo sem a geração de energia elétrica necessária para tornar a estação


autossuficiente, todas as pesquisas deixaram bem claro que o tratamento de esgoto
é de grande importância. A ETE não tem como principal objetivo gerar biogás,
energia elétrica ou lodo biofertilizante, e sim tratar o esgoto gerado pela população,
convertendo-o em um efluente com condições de retornar a natureza. E como
exposto anteriormente, um país onde apenas 28,5% (IBGE, 2008) dos municípios
realizam tratamento de esgoto, deve rever suas políticas de saneamento, e investir
em pesquisas e tecnologias relacionadas ao tratamento de resíduos. Se cada
condomínio residencial brasileiro, fosse ciente do potencial energético dos resíduos
gerados pelos seus habitantes, e do potencial destrutivo que os mesmos tem
quando destinados incorretamente, muitos procurariam usar de ETE’s ou
biodigestores, buscando reduzir custos na energia comprada das concessionárias,
ou até mesmo uma contribuição socioambiental.

Percebe-se então o importante trabalho que a Soma Urbanismo vem realizando para
o meio ambiente e para a sociedade. Além de tratarem o esgoto gerado no
condomínio do qual fazem a gestão, os mesmos têm a preocupação de destinar
corretamente os produtos desse tratamento, e buscam alternativas para que os
mesmos não sejam desperdiçados.
75

Observado que o estudo apresentado foi impactado demasiadamente pela vazão de


biogás gerado, recomenda-se para futuros trabalhos uma coleta de dados mais
apurada na ETE. A medição de vazão e o monitoramento contínuo da geração de
biogás seriam de grande importância para entender o motivo do qual o potencial
energético do mesmo é relativamente baixo. Além disso, análises periódicas da
concentração de metano poderiam apontar o melhor método de purificação do gás,
possibilitando que o mesmo aumente seu potencial energético, e quem sabe consiga
suprir a demanda energética da estação.

Caso algum trabalho foque na secagem do lodo biofertilizante, seria importante


comparar a eficiência na remoção de parasitas com o uso do calor da queima do
biogás, e quando somente exposto ao sol.

Além disso, seria interessante agregar ao trabalho a verificação da possibilidade de


cogeração de energia do sistema, caso o mesmo apresente uma operação com boa
performance. Podendo também relacionar a redução da emissão de metano a partir
da queima do biogás com a obtenção de créditos de carbono no mercado.
76

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Compartimentado Sequencial no Tratamento de Esgoto Sanitário. In: CONGRESSO
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Paraná, Cascavel, 2012.
82

ANEXO A – Especificações de equipamentos simulados nos cenários

A.1 – Motor Gerador 25 kW (Cenário 1)


83

ANEXO A – Especificações de equipamentos simulados nos cenários

A.2 – Microturbina 30 kW (Cenário 2)


84

ANEXO A – Especificações de equipamentos simulados nos cenários

A.3 – Motor Gerador 3,6 kW (Cenário 3)


85
86

ANEXO A – Especificações de equipamentos simulados nos cenários

A.4 – Estufa Plástica tipo Túnel (Cenário 4)


87

ANEXO A – Especificações de equipamentos simulados nos cenários

A.5 – Bomba centrífuga (Cenário 5)


88

ANEXO A – Especificações de equipamentos simulados nos cenários

A.6 – Reservatório Térmico (Cenário 5)


89

ANEXO A – Especificações de equipamentos simulados nos cenários

A.7 – Trocador de Calor (Cenário 5)


90

ANEXO B – Imagens da ETE Jacuí

B.1 – Foto mostrando na sequência: Caixa de gordura; Estação elevatória;


Reatores UASB, Biofiltros BAS, Decantadores Secundários (DS), em série.

B.2 – Leito de secagem do Lodo Residual.

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