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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO ACADÊMICO DO AGRESTE


NÚCLEO DE TECNOLOGIA
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

RACHEL BARROS PIRES

EFICIÊNCIA DE BIODIGESTOR NO TRATAMENTO DE RESÍDUOS


ALIMENTARES

Caruaru, 2019.
RACHEL BARROS PIRES

EFICIÊNCIA DE BIODIGESTOR NO TRATAMENTO DE RESÍDUOS


ALIMENTARES

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado à Coordenação do Curso de
Engenharia Civil do Centro Acadêmico
de Agreste da Universidade Federal de
Pernambuco – UFPE, em cumprimento às
exigências para obtenção do grau de
Bacharel em Engenharia Civil, sob a
orientação da Professora Doutora Simone
Machado Santos.

Área de Concentração: Engenharia


Civil / Saneamento Ambiental.

Orientadora: Profª. Drª. Simone Machado Santos

Caruaru
2019
Catalogação na fonte:
Bibliotecária – Simone Xavier - CRB/4 - 1242

P667e Pires, Rachel Barros.


Eficiência de biodigestor no tratamento de resíduos alimentares. / Rachel
Barros Pires. – 2019.
45 f.; il.: 30 cm.

Orientadora: Simone Machado Santos.


Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso) – Universidade Federal de
Pernambuco, CAA, Engenharia Civil, 2019.
Inclui Referências.

1. Resíduos sólidos. 2. Digestão anaeróbia. 3. Biodigestores. 4.


Reaproveitamento (sobras, refugos, etc.). I Santos, Simone Machado
(Orientadora). II. Título.

CDD 520 (23. ed.) UFPE (CAA 2019-480)


RACHEL BARROS PIRES

EFICIÊNCIA DE BIODIGESTOR NO TRATAMENTO DE RESÍDUOS


ALIMENTARES

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado à Coordenação do Curso de
Engenharia Civil do Centro Acadêmico
de Agreste da Universidade Federal de
Pernambuco – UFPE, em cumprimento às
exigências para obtenção do grau de
Bacharel em Engenharia Civil, sob a
orientação da Professora Doutora Simone
Machado Santos.
Área de Concentração: Engenharia Civil/
Saneamento Ambiental.

Aprovado em 10 de julho de 2019, Caruaru, PE

Aprovado por:

___________________________________________________________________________
Professora Doutora Simone Machado Santos – Orientadora

___________________________________________________________________________
Professora Doutora Elizabeth Amaral Pastich Gonçalves

___________________________________________________________________________
Professora Doutora Marileide Lira de Araújo Tavares

___________________________________________________________________________
Professor Doutor Elder Alpes de Vasconcelos – Coordenador da Disciplina
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por ter me dado saúde, força e coragem para chegar ao fim deste trabalho.
À minha família, especialmente a minha mãe, por ter me dado condições de chegar até aqui e
ter me ensinado que se pode ir além.
À UFPE/CAA por ser o suporte para a realização de um sonho.
À minha orientadora, Professora Simone Machado pela paciência e pelo apoio, pois sem ela
nada disso seria alcançável.
Às Professoras Elizabeth Pastich e Marileide Tavares, por aceitarem dividir comigo este
momento.
Ao LEA, por te concedido a infraestrutura, auxílio e companheirismo.
Aos meus amigos por compartilharem a alegria de viver.
Saneamento é básico.
(Denise Vazquez, 2013 – Pensamento Verde).
RESUMO

Na última década no Brasil, foram estabelecidas políticas que visam melhorar o tratamento e
destino de resíduos sólidos, dentro deste viés se destaca os resíduos sólidos orgânicos, que têm
alto potencial para reaproveitamento energético. Nesse sentido, o presente trabalho teve como
objetivo acompanhar o desempenho do tratamento de resíduos sólidos alimentares provenientes
da cantina do Centro Acadêmico do Agreste em um biodigestor com volume de 500 L, instalado
no campus. O biodigestor foi operado por 444 dias, com COVs de 0,10; 0,16 e 0,26 kg DQO
m3 d-1 e médias de remoção de 69,81; 85,91e 79,97% de DQO e 61,87; 81,84 e 79,37% de SV
para as fases 1, 2 e 3 respectivamente. De forma geral, o tratamento de resíduos sólidos
alimentares em biodigestor se mostrou viável e eficaz, tanto para a geração de biogás quanto
para a remoção de matéria orgânica, sendo o tratamento anaeróbio indicado para este tipo de
resíduo, porém, o efluente do biodigestor não atendeu aos parâmetros de lançamento, sendo
necessário pós-tratamento antes do seu descarte no meio ambiente.

Palavras-Chave: resíduos sólidos; digestão anaeróbia; reaproveitamento energético.


ABSTRACT

In the last decade in Brazil, policies have been established that aim to improve the treatment
and destination of solid waste, within this bias stands out organic solid waste, which has a high
potential for energy reuse. In this sense, the present work had the objective of monitoring the
performance of the treatment of solid food residues from the Agreste Academic Center canteen
in a biodigester with a volume of 500 L, installed on campus. The biodigester was operated for
444 days, with VOCs of 0.10; 0.16 and 0.26 kg COD m3 d-1 and removal means of 69.81;
85.91 and 79.97% of COD and 61.87; 81.84 and 79.37% VS for phases 1, 2 and 3 respectively.
In general, the treatment of solid food waste in biodigester proved to be viable and efficient,
both for the generation of biogas and for the removal of organic matter, and the anaerobic
treatment is indicated for this type of residue, but the effluent of the biodigester does not meet
the release parameters, being necessary post-treatment before its disposal in the environment.

Keywords: solid waste; anaerobic digestion; energy reutilization.


LISTAS DE ABREVIATURAS

ACP Average CH4 Production - Produção Média de CH4


AGV Ácido Graxo Volátil
AI Alcalinidade Intermediária
AIS Agroindustrial Anaerobic Granular Sludge
- Lodo Granular Anaeróbio Agroindustrial
AME Atividade Metanogênica Específica
AP Alcalinidade Parcial
AT Alcalinidade Total
BSh Hot Semi-arid - Semiárido Quente
COV Carga Orgânica Volumétrica
d dia
DA Digestão Anaeróbia
DQO Demanda Química do Oxigênio
DQQc Demanda Química Orgânica Consumida
ETE Estação de Tratamento de Efluente
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
pH Potencial Hidrogeniônico
PNRS Política Nacional dos Resíduos Sólidos
r Reator
RAC Reator Anaeróbio Compartimentado
RS Resíduos Sólidos
RSU Resíduos Sólidos Urbanos
SSV Sólidos Suspensos Voláteis
SV Sólido Volátil
SVc Sólido Volátil Consumido
TBP Total Biogás Production – Produção Total do Biogás
TDH Tempo de Detenção Hidráulica
UASB Upflow Anaerobic Sludge Reator –
Reator de lodo anaeróbio de fluxo ascendente
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Estágios da Digestão Anaeróbia 16


Figura 2 – Construção de digestor de biogás em Hunan província da China
para uso familiar 18
Figura 3 – Uso da tecnologia para produção de biogás em grande escala
com resíduos agrícolas na China 19
Figura 4 – Esquema em 3D ilustrativo do projeto do biodigestor 24
Figura 5 – Foto do biodigestor em operação 24
Figura 6 – Lodo utilizado como inóculo no processo de partida 25
Figura 7 – Resíduos alimentares coletados 27
Figura 8 – Tratamento dos resíduos alimentares 27
Figura 9 – Medidor de Gases 28
Figura 10 – Alcalinidade do Efluente 34
Figura 11 – Concentração de AGVs no Efluente e Temperatura do Ar 36
Figura 12 – Potencial Redox e pH do Efluente 38
Figura 13 – Relações Entre as Alcalinidades do Efluente 39
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Formulação de Esgoto Sintético 26


Tabela 2 – Classificação dos resíduos alimentares
27
Tabela 3 – Dados sobre a composição do substrato e operação do
biodigestor 28
Tabela 4 – Parâmetros e frequência de análises 29
Tabela 5 – Alcalinidade e pH do Afluente 32
Tabela 6 – Concentração de Sólidos e DQO do Afluente 32
Tabela 7 – Composição do Biogás - Fase 2 33
Tabela 8 – Produção de Metano 33
Tabela 9 – Cronograma da Mudança de Fases e da Suplementação a
Bicarbonato de Sódio 35
Tabela 10 – Médias de Remoção de DQO e SV (%) 39
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 13

2 OBJETIVOS .................................................................................................. 14

2.1 Objetivo Geral.................................................................................................. 14

2.2 Objetivos Específicos....................................................................................... 14

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................ 15

3.1 Digestão Anaeróbia .......................................................................................... 15

3.2 Processos da Digestão Anaeróbia ………….….……...……........................... 15

3.3 Aproveitamento Energético ............................................................................. 17

3.4 Inóculo ............................................................................................................. 19

3.5 Carga Orgânica ................................................................................................ 19

3.6 Temperatura ..................................................................................................... 20

3.7 Ph ..................................................................................................................... 20

3.8 Alcalinidade ..................................................................................................... 21

3.9 AGVs e Nitrogênio .......................................................................................... 22

3.10 Composição e produção de biogás ................................................................... 22

3.11 Tempo de retenção hidráulica .......................................................................... 23

4 METODOLOGIA ………………………………………............................ 24

4.1 Configurações do biodigestor .......................................................................... 24

4.2 Partida e operação do biodigestor ................................................................... 25

4.3 Alimentação do biodigestor ............................................................................ 26

4.4 Qualidade e produção de biogás ...................................................................... 28

4.5 Monitoramento do biodigestor ........................................................................ 29

4.6 Eficiência do processo ..................................................................................... 29


5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................ 31

5.1 Caracterização do afluente .............................................................................. 31

5.2 Produção e composição do biogás ................................................................... 32

5.3 Caracterização do efluente .............................................................................. 33

5.4 Eficiência do processo de digestão .................................................................. 38

5.5 Estabilidade do processo de digestão .............................................................. 39

6 CONCLUSÃO ............................................................................................... 40

REFERÊNCIAS ............................................................................................ 41
13

1 INTRODUÇÃO

A busca por tratamento de resíduos sólidos tem se mostrado uma importante


preocupação com os impactos causados por eles no meio ambiente em tempo atuais, já que o
estilo de vida moderno combinado com o aumento da população tende a gerar cada vez mais
resíduos (KHALID et al., 2011). Diante disso se destaca a fração orgânica dos resíduos sólidos
urbanos, aproximadamente 50% dos resíduos sólidos gerados no Brasil (IBGE, 2010), que é
fonte de poluição, como chorume, gases e contaminante de corpos hídricos (OLIVEIRA et al.,
2018).

A digestão anaeróbia (DA) é uma tecnologia já conhecida e empregada há muito tempo


pelo homem e amplamente utilizada pelo mundo (GOMES; AQUINO; COLTURATO, 2012),
no entanto tem seu potencial pouco explorado no Brasil. Segundo o IBGE (2010), foram
coletadas 183.481,50 t/dia de resíduos sólidos domiciliares e/ou públicos no Brasil em 2008,
porém o aterro sanitário, aterro controlado e vazadouro a céu aberto foram responsável por
receber mais de 90% do total destes resíduos, o que demonstra que o emprego do tratamento
eficiente e econômico de resíduos sólidos ainda é um desafio.

No Brasil, foi instituída a Política Nacional dos Resíduos Sólidos (Brasil, 2010), que
buscou estabelecer instrumentos para avanço do país nos principais problemas ambientais
enfrentados quanto ao manejo dos resíduos sólidos. A política prevê, além de outros fatores, a
destinação adequada dos resíduos, incluindo a eliminação dos lixões, o que consequentemente
aumentaria a disposição em aterros sanitários, porém, estes já não são considerados
ambientalmente adequados em alguns países, a União Europeia e a Índia por exemplo,
estabeleceram restrições quanto a disposição de resíduos em aterros sanitários (GOMES;
AQUINO; COLTURATO, 2012).

Em 2017, 59,1% dos resíduos sólidos urbanos foram encaminhados para aterros
sanitários, enquanto que lixões, aterros controlados entre outras disposições inadequadas,
recebem um índice próximo a 40% dos resíduos, que é fonte de poluição ambiental e gera
impactos negativos a população (ABRELPE, 2017).

Diante do exposto no presente trabalho foi acompanhado o desempenho do tratamento


de resíduos sólidos alimentares provenientes da cantina do Centro Acadêmico do Agreste em
um biodigestor com volume de 500 L, instalado no campus.
14

2 OBJETIVOS

2.1. Objetivo Geral

Avaliar o tratamento de resíduos sólidos orgânicos em biodigestor.

2.2. Objetivos específicos

• Acompanhar a estabilidade da DA através de parâmetros como a alcalinidade e suas


relações, o pH, os AGVs e o potencial redox do efluente;
• Avaliar a eficiência de remoção de matéria orgânica, em termos DQO e SV;
• Avaliar a produção e composição do biogás gerado.
15

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1. Digestão anaeróbia

A digestão anaeróbia (DA), também conhecida como biometanização, é um processo


natural de decomposição bioquímica de matéria orgânica na ausência de oxigênio por vários
tipos de microrganismos anaeróbios e caracteriza-se pela formação de subprodutos importantes:
um efluente com alto teor de nutrientes, que pode ser utilizado como fertilizante e o biogás,
uma importante fonte de energia, que pode ser um substituto para a energia convencional
(ADEKUNLE; OKOLIE, 2015).

Os tratamentos de matéria orgânica por meio da DA têm uma eficiência média acima
de 60%, além de consumo de nutrientes, geração de gás metano que pode ser utilizado como
fonte de energia limpa e a possibilidade de aproveitamento do efluente como adubo (KHALID
et al., 2011). O clima tropical, e as altas taxas de incidência de radiação solar, favorecem o
Brasil para o emprego de tecnologias anaeróbias, já que produções maiores de biogás foram
observadas a partir de 35ºC (LIN et al, 2016).

A DA, apesar de ser eficiente, tem seu equilíbrio perturbado por vários fatores, entre
eles: grandes variações de temperatura, altas cargas orgânicas, baixa disponibilidade de
nutrientes, perturbação no pH e alcalinidade do meio, entre outros. O processo de partida de um
tratamento de resíduos orgânicos pode apresentar baixa eficiência devido ao tempo de
adaptação dos microorganismos, o que requer um maior cuidado técnico nesta fase. A escolha
do inóculo influencia tanto a rapidez que se dará o desempenho do processo anaeróbio, tanto a
máxima remoção de matéria orgânica em todo o processo (KHALID et al., 2011). Outro fator
limitante do processo, é a concentração de sólidos voláteis e sua capacidade de mineralização
da matéria orgânica em função do tempo de retenção hidráulica (AMARAL et al,2014).

3.2. Processos da digestão anaeróbia

Hidrólise – Esta é a primeira fase, e nela materiais orgânicos insolúveis e compostos de


massa molecular mais elevada, são convertidos por meio de enzimas em materiais orgânicos
solúveis simples adequados para o uso, como fonte de energia e carbono celular. Esta primeira
fase tem fundamental importância pois as moléculas orgânicas grandes não podem ser
absorvidas diretamente e usadas como substrato pelas células microbianas, então esta fase é a
responsável por aumentar a biodisponibilidade (ADEKUNLE; OKOLIE, 2015 e STRAZZERA
et al., 2018).
16

Acidogênese - Os produtos solúveis provenientes da fase hidrolítica são metabolizados


por bactérias anaeróbias facultativas e obrigatórias, fermentativas, e degradados ainda mais em
ácidos orgânicos de cadeia curta. Em geral, durante essa fase, açúcares simples, ácidos graxos
e aminoácidos são convertidos em ácidos orgânicos e álcoois (ADEKUNLE; OKOLIE, 2015 e
STRAZZERA et al., 2018).

Acetogênese - Os produtos gerados na fase acidogênica são consumidos na terceira fase


através da oxidação anaeróbia. De todos os produtos metabolizados pelas bactérias
acidogênicas, apenas o hidrogênio e o acetato podem ser utilizados diretamente pelas bactérias
metanogênicas. AGVs com cadeia de carbono maiores que uma unidade são oxidados em
acetato e hidrogênio. AGVs simples, e álcoois são oxidados a acetato, hidrogênio e dióxido de
carbono. Em suma, os produtos da acidogênese são transformados pelas bactérias acetogênicas
em hidrogênio, dióxido de carbono e acetato. Nessa fase, é importante o equilíbrio de
organismos acetogênicos que colaboram com os metanogênicos, pois ele irá influenciar na
pressão parcial do hidrogênio presente no sistema. Durante a formação dos ácidos acético e
propiônico, é formada uma grande quantidade de hidrogênio, fazendo com que o valor do pH
do meio se acidifique (ADEKUNLE; OKOLIE, 2015 e STRAZZERA et al., 2018).

Metanogênese - A fase final do processo anaeróbio, é a mais sensível a mudanças no


meio, e depende do equilíbrio das fases anteriores. Sob condições anaeróbias estritas, as
bactérias metanogênicas produzem metano e dióxido de carbono a partir de produtos
intermediários das fases anteriores (ADEKUNLE; OKOLIE, 2015 e STRAZZERA et al.,
2018).

A Figura 1, resume o processo bioquímico, mostrando o substrato em cada fase.

Figura 1 – Estágios da Digestão Anaeróbia

ÁCIDOS
CARBOIDRATOS AÇÚCARES CARBÔNICOS
HIDROGÊNIO, METANO E
E ÁLCOOL
DIÓXIDO DE DIÓXIDO DE
LIPÍDIOS AGVs CARBONO E CARBONO
ÁCIDO CÉTICO
HIDROGÊNIO,
PROTEÍNAS AMINOÁCIDOS DIÓXIDO DE
CARBONO E
AMÔNIA

HIDRÓLISE ACIDOGÊNESE ACETOGÊNESE METANOGÊNESE

(Fonte: adaptado de ADEKUNLE; OKOLIE, 2015 e STRAZZERA et al., 2018)


17

3.3. Aproveitamento energético

Um dos produtos do tratamento de resíduos sólidos, é a geração de energia, que embora


necessite ser melhor avaliada, já é uma realidade em diversas partes do mundo. Apesar de ainda
não se projetar como uma matriz energética, o aproveitamento de resíduos para geração de
energia pode ser uma solução para suprimento local, além de redução dos impactos ambientais
causados pelos resíduos, há o benefício sanitário para a população, já que estes resíduos seriam
melhor gerenciados, quando destinados a tratamento (SOARES; MIYAMARU; MARTINS,
2017).

Em experimento com alto teor de sólidos, foram realizadas misturas de bagaço de


tomate ou de uva, adubo e composto de resíduos verdes maduros com um teor total de sólidos
de 28%. Resíduos de tomate apresentaram um rendimento de metano de 201,61mL/g, à
temperatura mesofílica, também foi obtido um rendimento de metano de aproximadamente
132mL/g de bagaço seco em condições termofílica e mesofílica com até 5% de nível de carga
de matéria-prima (ACHMON et al., 2019).

Diversos materiais podem ser empregados em usinas de biogás, além de diferentes


inóculos e substratos podem ser empregados para aproveitamento energético. (CHEN et al.,
2012).
Na digestão anaeróbia de resíduos alimentares de um restaurante para obtenção de
metano, utilizou-se um digestor anaeróbio protótipo de mistura completa com um volume de
500 L, com 15% de sólidos totais, operado a temperatura de 29,4º C e agitação sistema. Foram
obtidas redução de 90% e 82% para sólidos voláteis e DQO, respectivamente. A produção de
metano foi de 0,51 L.g-1 DOQc, e 0,44L.g-1 SVc e a produção volumétrica foi de 0,32 L.L-1 rd-
1
, representando 59% da composição do biogás (KUCZMAN et al., 2018).
Vários são os métodos que podem ser empregados na DA para a obtenção de biogás.
Latha et al. (2019), avaliaram um novo método de recirculação de biogás, em forma de ‘O’ e
compararam com um convencional através do desempenho de produção de biogás. A
freqüência de recirculação de biogás de 15 min / h produziu biogás máximo (0,28-0,86 L/gSVr).
Os valores de 0,25-0,92 L/gSVr foram encontrados para uma circulação intermitente de biogás
de 2000 mL/min. Este rendimento melhorado foi atribuído ao efeito sinérgico da acidificação
do CO2 e alta produção de AGV na alta taxa de carregamento de 6 gSV/Ld, o que levou a
diversas melhorias do ambiente para a DA, como a redução do pH, controle de NH3,
enriquecimento do metano in situ.
18

Onde há produção de resíduos alimentos seja de forma direta como no campo, ou de


forma secundária como restaurantes, cantinas e fast-food em que há excedentes de produção,
há potencial para aproveitamento energético dos resíduos alimentares, a China por exemplo,
implantou políticas para aproveitar estes resíduos (HUIRU et al., 2019).
O aproveitamento de biogás pode ser empregado tanto em pequena-média escala, onde
há uma concentração razoável de resíduos orgânicos e a planta de digestão pode ser implantada
no próprio local de geração de resíduos, tanto em grande escala, onde há coleta e concentração
de resíduos em grandes proporções, chegando a várias toneladas/dia, ambos os padrões são
empregados na China, em que o biogás tem se tornado uma estratégia energética. Até o final de
2010, foram construídos 38,51 milhões de digestores em escala residencial e 27.436 plantas de
biogás de escala grande e média para agricultura (CHEN et al., 2012).
Em estudo a fim de tratar os resíduos alimentares de cantina do campus da Universidade
Huazhong de Ciência e Tecnologia (Wuhan, China), que tinha mais de 61.700 estudantes e
cerca de 3300 t/ano de resíduos eram produzidas, uma usina de biogás, composta por reatores
de dois estágios com volume resultante de 1260 m³, foi projetada e simulada usando software.
Os resultados da simulação apresentaram a taxa total de produção de biogás de 2013 m³/d, e
74% de eficiência de remoção de sólidos. Além disso os resíduos coletados poderiam ser
transformados em 1136 MWh de eletricidade usando uma usina de biogás com um motor de
combustão interna (HUIRU et al., 2019).
As Figuras 2 e 3 são exemplos de aplicação da digestão anaeróbia de resíduos agrícolas
na China, de pequena-média e grande escala, respectivamente.

Figura 2 – Construção de digestor de biogás em Hunan província da China para uso


familiar.

Fonte: Penguins (2013)


19

Figura 3 – Uso da tecnologia para produção de biogás em grande escala com resíduos
agrícolas na China.

Fonte: Ahiabor (2018).

3.4. Inóculo

A DA de alguns substratos pode se mostrar dificultosa e lenta quando não há o uso de


inóculos podendo causar a falha do processo (não desenvolvimento da etapa metanogênica). Os
inóculos geralmente apresentam biomassa mais estáveis e quando associados ao processo de
digestão podem acrescentar características mais favoráveis, como o aumento de alcalinidade
por exemplo (OLIVEIRA et al.,2018).

Cancelier et al. (2015), em um estudo para produção de biogás em biodigestores em


escala laboratorial, utilizando dejetos suínos em fase de determinação, verificaram que com o
aumento da concentração de biomassa e o aumento da temperatura, o volume de biogás
produzido se encontra em nível máximo na região delimitada pelo intervalo de 395 a 595g.L-1
de concentração inicial de biomassa e temperaturas de 33,5 a 44ºC.

3.5. Carga orgânica

Amaral et al. (2014), realizaram seu estudo com biodigestor anaeróbio de fibra de vidro
de 10m³, alimentado com dejetos suínos em três etapas, utilizando como parâmetro sólidos
voláteis a concentrações de 0,5; 1,0 e 1,5 kgSV m-3d-1, apresentado eficiência de remoção de
sólidos voláteis de 61,38%, 55,18% e 43,18%, respectivamente. Também foi verificado que a
máxima capacidade de geração de biogás, foi seis vezes maior quando a COV foi aumentada
-3 -1
de 0.436 para 1.853 kgVS m d com diminuição do TRH de 17,86 para 5,32 dias.
20

Oliveira et al. (2018), no tratamento de resíduos sólidos de um restaurante universitário,


utilizaram como inóculo um lodo granular anaeróbio agroindustrial (do inglês: AIS) obtido de
um UASB, utilizado para tratamento de vinhaça bruta. Na determinação do máximo potencial
de produção de metano, a DQO foi alta tanto para o lodo (43.353 mg.L-1) quanto para os
resíduos sólidos (108.937 mg.L-1) e os sólidos voláteis totais foram de 93,56% e 63,09%, para
os resíduos sólidos e o lodo respectivamente.

3.6. Temperatura

A temperatura é um fator importante para o desempenho da DA, pois, o processo é


sensível a mudanças bruscas de temperatura e faixas específicas de temperaturas são requeridas.
Processos anaeróbios realizadas ao ar livre são suscetíveis a temperatura ambiente, o que
dificulta ao operador controlar o processo. Entender a faixa de temperatura adequada ao
processo é importante para que medidas de controle sejam tomadas, quando estas não gerarem
conflitos de interesse, como por exemplo o encarecimento do processo (LIN et al., 2016).

Soares, Miyamaru e Martins (2017), indicam duas faixas de temperatura em que a


produção do metano aumenta significadamente: mesofílica — entre 25 e 40ºC — e termofílica
— entre 50 e 65ºC.

Zhang, Loh e Zhang (2018), indicaram temperatura adequada para tratamento


anaeróbio entre 35-65ºC.

Em experimento, onde os microrganismos foram submetidos a um gradiente de


temperatura de 25ºC a 55ºC, a atividade microbiana variou ao longo do gradiente, indicando
diferentes atividades metabólicas. A produção diária de CH4 aumentou com a temperatura de
25ºC para 50 ° C e diminuiu com a redução para 55 ° C (LIN et al., 2016).

3.7. pH

A fase acidogênica do processo de biodigestão tem uma tendência de redução do pH, o


que gera uma condição desfavorável as bactérias metanogênicas, produtoras de biogás
(OLIVEIRA et al., 2018).

Oliveira et al. (2018) observaram que na configuração sem agente tamponante na


combinação de substrato com inóculo, o pH final foi de 5,38 o que demonstra que ocorreu
acidificação do meio, podendo ser uma indicação de inibição da metanogênese, através do
desenvolvimento das etapas anteriores a esta no processo de digestão - a etapa hidrolítica e a
21

etapa acetogênica - que exibem taxas de crescimento maiores, resultando em uma menor
produção de metano e maior produção de carbono e dióxido de carbono. Na configuração em
que se usou tampão, foi observado que o pH final aumentou.

Wang et al. (2014), na digestão de resíduos alimentares, utilizando dois inóculos


separadamente, lodo aeróbio ativado (inóculo AE) e lodo anaeróbio ativado (inóculo AN),
observaram que a produção de DQO solúvel foi mais alta para pH 4,0 e pH descontrolado, o
que sugere que condições ácidas promoveram a hidrólise dos resíduos de alimentos. Além disso
o pH de cada garrafa em que não havia interferência na taxa de pH, diminuiu rapidamente para
4,0 em 2 dias e ainda estava abaixo de 3,0, após 10 dias.

3.8. Alcalinidade

A alcalinidade do meio na DA, é um parâmetro indicativo de estabilização, pois redução


em seu valor, indica acidificação do meio e desbalanceamento dos microrganismos, o que gera
um efluente de má qualidade e biogás pobre em metano (OLIVEIRA et al.,2018).
O acúmulo de AGVs no meio e a perda de alcalinidade, pode ser um processo de difícil
e lenta reversão, o que requer cuidados especiais com a carga orgânica lançada no período que
apresenta alcalinidade baixa, onde geralmente é empregada a suplementação para ajudar a
reestabelecer o equilíbrio dos microrganismos (I.A. et al., 2016).
Oliveira et al. (2018) observaram que a adição de inóculo, contribuiu para o aumento da
alcalinidade a bicarbonato, levando a valores acima do que foi recomendado na literatura
consultada, sendo encontrado pH inicial de 6,29 para os resíduos sólidos, 7,49 para lodo
agroindustrial (inóculo), 7,16 na combinação de ambos e 7,14 na combinação adicionada da
solução tampão. Já os valores para a alcalinidade a bicarbonato em mg CaCO3 L-1 iniciais,
foram de 120 para o substrato; 56,676 para o inóculo, 34,945 para a combinação de ambos e
180,981 para a combinação adicionada de tampão.

Oliveira et al (2018) também obtiveram que a alcalinidade a bicarbonato das


configurações inóculo isolado e a combinação de inóculo com substrato adicionado de
bicarbonato de sódio, aumentou substancialmente ao final do experimento, o que pode ser
associado as porcentagens iniciais e finais de nitrogênio, em que a digestão do nitrogênio
orgânico pode ter produzido amônia e reagido com o bicarbonato, formando o tampão e
aumentado a alcalinidade. Já para a configuração inóculo com substrato, houve diminuição da
alcalinidade.
22

3.9. AGVs

Wang et al. (2014) observaram que o lodo anaeróbio ativado favoreceu a hidrólise dos
resíduos em relação ao lodo aeróbio ativado em todas as faixas de pH investigado. O rendimento
ótimo de AGVs para o inóculo AN, foi de 0,918g/g de remoção de SSV, após 20 dias de
fermentação.

Nesse mesmo experimento, a análise da composição de AGV mostrou que o ácido


butirato foi o ácido prevalente a pH 6,0, seguido por ácido acetato e ácido propiônico, uma
maior concentração de AGVs foi alcançada neste pH, com diferentes tempos de fermentação.
Na fermentação a pH 4,0 e pH não controlado, a concentração de AGVs aumentou com o tempo,
porém, ela era mais baixa comparada a outras condições de pH, o que confirma que a
acidogênese poderia ser inibida com pH inferior a 4,0 (WANG et al., 2014).

A hidrólise e acidificação libera amônia em grandes quantidades, proveniente da


digestão de resíduos alimentares, o que permite que o hidrogênio amoniacal seja usado para
avaliar o grau de degradação de proteína, assim como foi obtido em experimento em que as
concentrações de NH4+-N aumentaram linearmente com o tempo de fermentação a pH 5,0 e
6,0 após 4 dias, independentemente de ter sido usado inóculo aeróbio ou anaeróbio. No entanto,
resultados com concentrações de NH4+-N baixos e estáveis foram obtidos para pH 4,0 e pH
sem controle, uma possível razão para isso foi a toxicidade de condições ácidas, o que diminuiu
a atividade enzimas microbianas hidrolítica tais como protease e peptidase (WANG et al.,
2014).

3.10. Composição e produção de biogás

Os principais componentes do biogás são o metano, o dióxido de carbono, alguns gases


inertes e compostos sulfurosos. A composição do biogás é diretamente ligada as composições
do substrato e inóculo, já sua produção é influenciada por diversos fatores como concentração
inicial da biomassa, concentração do substrato ao longo de todo o tratamento, tempo de retenção
hidráulica entre outros. Avaliar a quantidade e qualidade do biogás é importante para
verificação do sucesso do tratamento e sua viabilidade (SOARES; MIYAMARU; MARTINS,
2017).

Para tratamento de efluentes suínos, a composição deste, causou variações da


concentração de H2S no biogás. Foi observado o aumento da produção de biogás com o aumento
23

da carga orgânica, sendo registrados valores de 0,14; 0,85 e 0,86 Nm3 kgSVadic., para o biogás
e porcentagem de metano de 73,7; 75,0 e 77,9%, nas fases 1, 2 e 3 respectivamente (AMARAL
et al., 2014).

Oliveira et al (2018), registraram que, o lodo agroindustrial apresentou maior tempo de


estabilização (46 dias) e produção de metano intermediária, já a combinação de resíduos sólidos
+ lodo, apresentou o menor tempo de estabilização (21 dias) e menor produção de volume de
metano, e a combinação resíduos sólidos + lodo + bicarbonato de sódio apresentou estabilização
com 26 dias e maior produção cumulativa de metano, que corresponde a mais de seis vezes a
produção de sólidos + lodo.

Bouallagui et al. (2009) encontraram para tratamento de resíduos de frutas e vegetais


utilizando como co-substrato águas resíduais, uma taxa de produção de biogás de 2,53 L/d e
rendimento de metano de 611 L/kg VS.

3.11. Tempo de retenção hidráulica

Para a remoção de matéria orgânica satisfatória (acima de 60%), na digestão de efluentes


suínos, foi requerido um TRH acima de 7,5 dias. Foi encontrado um efluente de menor
qualidade, quando o TRH foi diminuído para aumento da produção de biogás, pois a capacidade
de mineralização foi diminuída (AMARAL et al., 2014).

Zhang, Loh e Zhang (2018), indicaram o TRH de 15-30 dias, para tratamento anaeróbio,
com maior eficiência.
24

4 METODOLOGIA

4.1. Configurações do biodigestor

O biodigestor utilizado nesta pesquisa, foi confeccionado em fibra de vidro, tem


capacidade para 500 L e recipiente para armazenamento de biogás. A alimentação do
biodigestor era diária. Na manipulação do biodigestor era possível coletar efluente e biogás, e
realizar descarga de efluente quando necessário.

Figura 4 - Esquema em 3D ilustrativo do projeto do biodigestor

Armazenador
de gás

Biodigestor
Tubo de
alimentação

Amostradores de
lodo (3 alturas)
Tubo de
inspeção Extravasor

(Fonte: SANTOS, 2008, p. 14, adaptado)

Figura 5 - Foto do biodigestor em operação

(Fonte: a autora, 2016)


25

4.2. Partida e operação do biodigestor

O processo da digestão anaeróbia do presente trabalho se deu na cidade de Caruaru-PE.


Foi observado que em períodos de temperaturas mais amenas, a temperatura influenciava no
processo da digestão, desfavorecendo a geração de metano. Caruaru, de acordo com a
classificação de Koppen, é classificada como clima BSH, sua temperatura média é de 21,7ºC e
tem pluviosidade média anual de 551 mm (CLIMATE-DATA.ORG, 2019).

Para partida do processo anaeróbio foi utilizado 160 L do lodo de ETE de cervejaria,
conforme a Figura 6, proveniente de um UASB, em operação há 1 ano e meio antes da partida,
na estação de tratamento de efluentes de uma cervejaria, localizada em Itapissuma (PE). Para a
escolha do inóculo, foi realizada uma pesquisa prévia, com os inóculos: rúmen bovino (AME
de 0,0279 gDQOCH4/gSSV*d), lodo do biodigestor da operação anterior do biodigestor (AME
de 0,0617 gDQOCH4/gSSV*d) e o lodo de ETE de cervejaria (AME de 0,1041
gDQOCH4/gSSV*d), sendo este o mais adequado à operação por ter apresentado o melhor
resultado de AME (PIRES; SANTOS, 2015). O lodo de cervejaria foi armazenado em
bombonas de plástico e mantido sob refrigeração até a montagem do teste.

Figura 6 – Lodo utilizado como inóculo no processo de partida

(Fonte: A autora, 2015)

Para complemento dos 160 L também foi utilizado esgoto sintético, formulado
conforme a Tabela 1, preparado em laboratório até ser atingido o volume útil do biodigestor
(485 L). Após a inoculação, para uma melhor adaptação do lodo foram esperados 5 dias para
início da alimentação.
26

Tabela 1 - Formulação de Esgoto Sintético

Volume de Efluente Por L-1


Óleo de Soja 0,051 ml
Detergente 0,114 g
NaHCO3 0,200 g
Extrato de Carne 0,208 g
Amido 0,0114 g
Sacarose 0,035 g
Celulose 0,034 g
Solução de Sais 5,000 ml
Solução de Sais Quantidade por litro
NaCl 0,2500 g
MgCl2.6H2O 0,0070 g
CaCl2.2H2O 0,0045 g
KH2PO4 0,0264 g
(SOUSA; FORESTI, 1996; TORRES, 1992)

4.3. Alimentação do biodigestor

Em experimento anterior, onde foi realizada a operação do biodigestor em 2014, foi


verificado que altas taxas de carga orgânica, dificultavam o processo de digestão anaeróbia,
levando-a a falência. Devido a isso, foi escolhido que o biodigestor fosse alimentado apenas
com legumes e verduras crus, esperando-se que carga orgânica fosse menor, o que de fato foi
verificado ao longo do experimento.

Os resíduos sólidos utilizados na pesquisa foram obtidos na cantina instalada na


Universidade Federal de Pernambuco – Centro Acadêmico do Agreste (UFPE – CAA). A
cantina fornecia alimentação nos três turnos, 5 dias por semana, durante todo o período letivo.
A composição dos resíduos está descrita na Tabela 2, de acordo com sua classificação. Após a
coleta, os resíduos eram armazenas em temperatura inferior a 5ºC, até o uso. Para alimentação
do biodigestor, os resíduos eram triturados e diluídos em água e efluente até se obter o volume
de 20 L, conforme está representado nas Figuras 7 e 8.
27

Figura 7 - Resíduos alimentares coletados

(Fonte: a autora, 2016)

Figura 8 - Tratamento dos resíduos alimentares

(Fonte: a autora, 2016)

Tabela 2 - Classificação dos resíduos alimentares


Identificação Quantidade (%)
Tubérculos 11,31 ± 16,00
Bulbos 4,38 ± 2,71
Raízes Tuberosas 62,14 ± 14,12
Folhas 16,97 ± 2,86
Hortaliças-Fruto 12,28 ± 11,43
Frutas 7,51 ± 0,91
Não Identificáveis 0,80 ± 0,29
28

Como já foi dito, para partida do processo de digestão, a COV inicial foi baixa, para que
fosse evitada a falha do processo principalmente na fase inicial em que o meio está se adaptando
ao substrato. Os parâmetros de alimentação do biodigestor são mostrados na Tabela 3.

Tabela 3 - Dados sobre a composição do substrato e operação do biodigestor.

FASE 1 2 3

Massa de resíduos (g) 200 500 1000


Volume de água para diluição (L) 20 20 20
Tempo de detenção hidráulica (dia) 21 21 21
DQO (mg L-1) 2100 ± 200 3400 ± 200 5400 ± 300
COV média (kg DQO m3 d-1) 0,10 0,16 0,26

As mudanças de COV ocorreram quando se obtinha uma relação entre alcalinidade


parcial e total aproximadamente constante e a remoção de matéria orgânica era satisfatória. A
Fase 1 durou 169 dias (do 1º ao 169º dia), a Fase 2 durou 140 dias (do 169º dia ao 309º) e a
Fase 3 durou 135 dias (do 309º ao 444º dia).

4.4. Qualidade e produção de biogás

A medição do volume de biogás foi realizada rotineiramente através do medidor de


gases condominial da marca LAO, modelo G 0.6., instalado no equipamento, porém, devido a
um furto da válvula de fechamento, só foi possível a medição nas fases 2 e 3. A determinação
da composição do biogás, em termos de metano (CH4) e dióxido de carbono (CO2), foi realizada
por cromatografia, apenas na fase 2, devido a problemas técnicos.

Figura 9 – Medidor de Gases

(Fonte: REIS, 2012, p. 33)


29

4.5. Monitoramento do biodigestor

Para acompanhamento do processo de digestão anaeróbia, foram realizadas as análises:


DQO, alcalinidade, pH, sólidos totais do afluente e efluente, e para este foram realizadas
também AGVs e potencial redox. As análises foram realizadas segundo a metodologia do
Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater (APHA, 2005) e em Dillalo e
Albertson (1961), conforme a Tabela 4.

Tabela 4 - Parâmetros e frequência de análises

Parâmetros Frequência Amostra Método

Afluente Efluente

Temperatura Diária X X Potenciométrico (método


2550 e 2550 B) [1]

pH Semanal X X Potenciométrico (método


4500-H+ e 4500-H+B) [1]

Potencial Semanal X Potenciométrico (método


Redox 2580 A e 2580 B) [1]

Série de Semanal X X Gravimétrico (método


sólidos 2540, 2540 B e 2540 E) [1]

Alcalinidade Semanal X X Titulométrico [2]

Ácidos Graxos Semanal X Titulométrico [2]


Voláteis

CH4 e CO2 A cada mudança Biogás Cromatografia gasosa


de COV
[1]
Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater (APHA, 2005).
[2]
Dillalo e Albertson, 1961.

4.6. Eficiência do processo


A capacidade de tratamento foi verificada por meio da determinação da DQO no
afluente e efluente do biodigestor. A capacidade de tratamento foi medida por meio da
eficiência de remoção (E) da carga orgânica, que pode ser calculada por meio da Equação 1.
30

Equação 1 - Eficiência de Remoção

𝐶𝑖 − 𝐶𝑓
𝐸 (%) = 𝑥 100
𝐶𝑖
Onde:

E – Eficiência de remoção, em %

Ci – Concentração inicial (DQO), em mg L-1

Cf – Concentração final (DQO), em mg L-1


31

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1. Caracterização do afluente

As Tabelas 5 e 6, apresentam os resultados da caracterização do afluente nas três fases


de operação do biodigestor.

Na Tabela 5, se observa que o pH se manteve próximo ao neutro na primeira fase, na


segunda o pH caiu para uma média de 5,9 ± 0,9, e a alcalinidade parcial caiu de 73,81 ± 40 na
primeira fase para 9,59 ± 10 na segunda, que combinado com o aumento de carga orgânica na
terceira fase, contribuiu para o início de falha do processo da digestão, sendo necessária a
suplementação com bicarbonato de sódio de 1g para cada grama de DQO do afluente, por 90
dias. Valores de alcalinidades baixos podem estar associados ao substrato que era composto de
basicamente frutas e verduras, para se evitar altas cargas orgânicas.

Em tratamento de águas residuárias de suinocultura em reatores UASB de dois estágios,


valores de pH entre 6,0 a 6,8 foram encontrados para o afluente, além de alcalinidade total entre
625 e 1172 mg/L de CaCO₃ e alcalinidade parcial entre 113 e 209 mg/L de CaCO₃, que são
valores acima dos obtidos no presente estudo quando desconsiderada a fase de suplementação
(URBINATI; DUDA; OLIVEIRA, 2013). Conforme a tabela 5, o substrato de resíduos sólidos
alimentares tem uma alcalinidade menor que o substrato referido, já indicando que
provavelmente haveria a necessidade de suplementação neste tipo de tratamento.

O estudo de URBINATI; DUDA; OLIVEIRA (2013) também apresentou valores de pH


mais estáveis para o processo, o que levou na maioria dos casos, a produção de alcalinidade no
processo de digestão, indicando estabilidade, e ratificando que a alcalinidade parcial é de
extrema importância para a digestão anaeróbia, já que oferece tamponamento a bicarbonato.

Os valores de desvio padrão altos da média nas Tabelas 5 e 6, podem estar associados
ao fato de que não se teve controle da composição físico-química do substrato, por ser a
operação de um sistema de média escala, resultando em altas variações de parâmetros do
afluente.
32

Tabela 5 – Alcalinidade e pH do Afluente

Alcalinidade Alcalinidade Alcalinidade


Parcial Intermediária Total pH
mg/L de CaCO₃ mg/L de CaCO₃ mg/L de CaCO₃
1ª Fase 73,81 ± 40 49,61 ± 10 116,10 ± 50 7,00 ± 0,6
2ª Fase 9,59 ± 10 53,51 ± 20 62,30 ± 20 5,9 ± 0,9
3ª Fase sem
181,73 ± 200 97,82 ± 50 279,56 ± 300 6,83 ± 1
Suplementação
3ª Fase com
1054,58 ± 100 226,70 ± 70 1281,28 ± 200 7,88 ± 0,4
Suplementação

Na Tabela 6, observa-se que houve aumento significativo da carga orgânica entre as três
fases, porém na terceira fase, quando a DQO chegou à média de 5568,78 ± 2000 mg/L de O2 o
processo apresentou início de falha, demonstrando que é necessário cuidado técnico no aumento
de carga orgânica para este tipo de substrato.

Urbinati, Duda e Oliveira (2013), encontraram valores de SST em tratamento de águas


residuárias de suinocultura que variaram de 1.417 a 13.060 mg L-1, para o afluente, sendo estes
significativamente maiores que os encontrado na presente pesquisa, já para DQOtotal foram
encontrados valores entre 3.734 e 26.707 mg L-1, também superiores, o que pode ser explicado
pela composição do substrato, já que águas residuárias de suinocultura apresentam carga
orgânica superior a resíduos alimentares de composição principalmente vegetal.

Tabela 6 – Concentração de Sólidos e DQO do Afluente

Sólidos mg/L DQO mg/L de O2


VOLÁTEIS FIXOS TOTAIS
1ª Fase 1,99 ± 2 0,98 ± 0,5 2,97 ± 2 2146,45 ± 2000
2ª Fase 2,99 ± 1 2,73 ± 3 5,72 ± 4 3350,29 ± 1000
3ª Fase 4,04 ± 1 1,39 ± 0,5 5,31 ± 1 5568,78 ± 2000

5.2. Produção e composição do biogás

A produção de biogás foi medida apenas nas fases 2 e 3, já a composição do biogás foi
medida apenas na fase 2, devido a problemas técnicos. Os resultados se encontram na Tabelas
7 e 8, porém os resultados de produção de biogás estão subestimados devido ao mau
funcionamento da válvula do medidor, o que permitia que escapasse biogás antes da medição.
33

A fração de metano no biogás se mostrou satisfatória, mesmo estando abaixo da


literatura consultada. Gikas et al. (2018) encontraram um teor final entre 58,0 e 59,9% de
metano no biogás, no tratamento de biodegradáveis de RSU.

Ortner et al. (2015), no tratamento de resíduos de abate de matadouro, na operação de


planta em grande escala, encontraram uma concentração de 66-69% de metano no biogás
quando havia concentrações relativamente baixas de AGVs na DA, porém quando houve
acúmulo significativo de AGV o que indicava instabilidade do processo, mesmo com a queda
da produção de biogás, a concentração de metano se manteve.

Em DA de resíduos alimentares co-digeridos com estrume de aves, no reator com


substrato de pré-tratamento não tratado foi encontrada uma concentração de 62,03% de metano
e 35,90% de dióxido de carbono (DEEPANRAJ; SIVASUBRAMANIAN; JAYARAJ, 2017).

Tabela 7 – Composição do Biogás - Fase 2

Composição do Biogás - Fase 2 (%)


CH4 CO2
NITROGÊNIO
(metano) (gás carbônico)

2,305 55,205 33,11

Tabela 8 – Produção de Metano

FASE 1 FASE 2 FASE 3


(l*d-1) (l*d-1) (l*d-1)
- 4,79 5,71

5.3. Caracterização do efluente

As Figuras 10, 11 e 12 apresentam os valores das alcalinidades, AGV, pH e potencial


redox do efluente, com os quais é possível observar o início de instabilidade da digestão
anaeróbia após a implementação da terceira fase.

A alcalinidade desempenha o papel de controlar o pH, reduzindo o efeito da acidez


produzida na fase acidogênica, gerando um ambiente adequado ao desempenho das bactérias
metanogênicas (I.A. et al., 2016). No presente trabalho, devido à combinação dos parâmetros
de alcalinidades, AGV e pH do efluente, foi possível observar a acidificação do biodigestor e o
mau desempenho do processo da digestão, sendo necessário suplementar a alcalinidade com
bicarbonato de sódio (NaHCO3).
34

Em outros trabalhos, também foram observadas suplementação da alcalinidade para


estabilização da DA. Na digestão e co-digestão de esterco e resíduos alimentares, foram
encontrados valores que variavam entre 6 e 22 dias para a estabilização de pH de vários reatores,
onde foram utilizados de 1.73 ± 0.18 a 9.9 ± 0.04 g/L de NaOH (ZHONG et al., 2015).

Na Figura 10, é possível observar que a alcalinidade total chega a atingir um pico de
1400 mg/l de CaCO3 no período de arranque na fase 1, porém cai para uma média de 420 mg/l
aproximadamente, onde valores próximos são mantidos durante toda a fase 2, sugerindo que
este valor de tamponamento produzido pelo sistema era indicado como estável a digestão dos
resíduos, já que não havia acúmulo de AGVs.

Porém, após o estabelecimento da fase 3, a alcalinidade total tem um ligeiro declínio,


chegando a um valor de 357 mg/l, indicando que ela não foi suficiente para manter o pH
próximo ao neutro e tamponar o processo de digestão, efeito também observado por Chen,
Zhang e Wang (2015) na digestão anaeróbia de resíduos alimentares.

Depois do início da suplementação, a alcalinidade total atinge um pico de 1600 mg/l na


fase 3, voltando a um valor de 1073 mg/l, quando o experimento foi encerrado, após 24 dias do
fim da suplementação.

Logo após a implementação da fase 2, há queda da alcalinidade parcial, sendo possível


verificar seu aumento ao longo do tempo, quando houve adaptação da biomassa a nova taxa de
carga orgânica. Pouco tempo após a implementação da terceira fase, quando começou a haver
acúmulo de AGV, a alcalinidade parcial caiu, voltando a crescer após a suplementação a
bicarbonato.

Figura 10 - Alcalinidade do Efluente


1600
Alcalinidade (mg/l de CaCO3)

1400
1200
1000
800 Alc. Parcial
600 Alc. Intermediária
400 Alc. Total
200 Mudança de Fase
0
0 100 200 300 400 500 Início/Fim da
Suplementação
Tempo (Dias) com Bicarbonato
de Sódio
(NaHCO3)
35

A Tabela 9, mostra a cronograma da implantação de fases e início/fim da


suplementação.

Tabela 9 – Cronograma da Mudança de Fases e da Suplementação a Bicarbonato de Sódio

Implantação Implantação Início da Fim da Encerramento


da fase 2 da fase 3 Suplementação Suplementação do Experimento
Dia 169º 309º 330º 420º 444º

A Figura 11, mostra a concentração de AGV no afluente ao longo do tempo, e as


máximas e mínimas temperaturas diária.
No 325º dia de operação, 16 dias após a fase 3 ser estabelecida, a temperatura máxima
diária atingiu 25ºC, já sendo antecedida por quedas, o que provavelmente afetou a estabilidade
do sistema e combinada com o aumento da carga orgânica da terceira fase provavelmente
favoreceu o acúmulo de AGVs.
Quando a concentração de AGVs torna-se alta, o pH do meio é afetado, vindo a cair,
tornando o meio tóxico e desfavorável as metanogênicas (CHEN; ZHANG; WANG, 2015).
Altas concentrações de ácidos voláteis totais podem perturbar a digestão anaeróbia já que isto
favorece o desenvolvimento das acetogênicas, porém inibem as bactérias produtoras de metano,
levando a falência do processo (PEREIRA; CAMPOS; MOTTERAN, 2013).
Acidez total abaixo de 100 mg/l, foi indicada para ótimo desempenho de um sistema
anaeróbio, onde a digestão se mostrou com desempenho satisfatório (PEREIRA; CAMPOS;
MOTTERAN, 2013). Pereira et al. (2009), afirmam que sistemas de tratamento biológicos com
ácidos voláteis acima de 150 mg/l, indicam instabilidade do processo.
Mesmo a suplementação sendo iniciada quando a concentração de AGVs era 272,4
mg/l, o aumento persistiu, atingindo um pico de 816 mg/l a 410 dias de operação, sendo
necessária ainda a suplementação mesmo o pH do efluente já estando próximo ao neutro. A
partir de então, a concentração de AGVs entrou em declínio, e ao fim da operação do
biodigestor, seu valor estava em 48 mg/l, aproximadamente.

O início do inverno no hemisfério Sul, começou no 396º dia de operação (20 de junho
de 2016), porém, como pode ser observado na Figura 10, já eram registradas temperaturas
máximas abaixo dos 30ºC, como já foi citado anteriormente, temperaturas mais baixas podem
ter afetado o bom desempenho do sistema.

Zhong et al. (2015), encontraram uma produção de biogás mais favorável entre 35ºC e
50ºC, evidenciando que manter a temperatura mesófila e termofílica é benéfica a digestão
36

anaeróbia, o que foi confirmado na sua literatura consultada, que indicava temperaturas entre
50º e 55ºC, o que estabilizou o pH e melhorou o desempenho da digestão.

Ortner et al. (2015), relataram variação de temperatura (cerca de 5 ± a 10º C) associada


ao mau desempenho da DA, principalmente no inverno, por falta de isolamento. A temperatura
estabelecida para a melhora do desempenho foi de 38ºC (±1ºC no máximo).

Girardi Neto, Silva e Pinheiro (2017), observaram que a elevação da temperatura


favoreceu o processo da digestão anaeróbia, enquanto que as baixas temperaturas do inverno e
o pH reduzido, diminuíram a atividade dos micro-organismos e inibiram a produção do biogás
e a conversão da matéria orgânica em gás metano. A exposição do biorreator a variação de
temperaturas constantes influenciou negativamente a digestão, porém, a comparação de
conversão de DQO a metano de 50% com a literatura, pode-se dizer que o sistema de tratamento
funcionou, contudo, indicou que havia necessidade de melhorias das condições do meio.

Abubakar e Ismail (2012) operaram um biorreator de laboratório a 53ºC, com eficácia


na produção de biogás a partir de dejetos bovinos. Urbinati, Duda e Oliveira (2013)
identificaram que uma maior amplitude na temperatura pode ter prejudicado um melhor
desempenho da DA, o que demonstra que grandes oscilações têm efeito negativo para o
processo.
Figura 11 - Concentração de AGVs no Efluente e Temperatura do Ar

1200 35

1000 30
AGVs (mg/l de HAc)

25
Temperatura ºC

800
AGVs
20
600 T Mín (ºC)
15 T Máx (ºC)
400
10
Mudança de Fase
200 5
Início/Fim da
0 0 Suplementação a
0 100 200 300 400 500 Bicarbonato de
Tempo (Dias) Sódio (NaHCO3)

(Fonte dos dados de temperatura: INMET, 2019, adaptado)

A Figura 12, mostra o pH e potencial redox do efluente ao logo do tempo. O potencial


ficou negativo a partir do 36º com valor de -300. Durante a fase 2, seu valor oscilava próximo
a -200, vindo a cair novamente após o início da suplementação.
37

Na fase 1 o pH se manteve próximo ao neutro mas ao final dela iniciou uma queda e
atingiu um valor de 6,12 após a implementação da fase 2, mas voltou a crescer logo em seguida.
Com o estabelecimento da fase 3, seu valor atingiu 5,93, quando se iniciou a suplementação.

Pereira, Campos e Motteran (2013), observou que o pH caiu devido ao acúmulo de


AGVs, ficando entre 6,97 e 7,8, em uma das etapas do tratamento. Anitha et al. (2015)
observaram queda de pH nos reatores devido a fração orgânica mais biodegradável ter sido
hidrolisada e convertida em AGVs, sendo utilizada uma solução de 2MNaOH, pra controle de
pH, porém os valores de pH começaram a aumentar quando os AGVs foram consumidos na
metanogênese.

No tratamento de resíduos de chá, co-digerido com esterco bovino, o pH diminui no


início do tratamento para a mistura de substrato e inóculo, voltando a subir quando os AGVs
foram consumidos pelas metanogênicas. Para a proporção 60:40 e 70:30 de inóculo:substrato,
foram atingidos picos de pH de 6,58 e 6,02 respectivamente, porém foram valores abaixo do
reator que contém apenas o esterco (KHAYUM; ANBARASU; MURUGAN, 2018).
O pH indicado como ótimo para a digestão anaeróbia de efluente de óleo de palma com
restos de alimentos, foi entre 6 e 7 (I.A. et al., 2016). Uma faixa de pH entre 6,5 e 8 é indicada
por Zhong et al. (2015), para a DA, o que favorece os organismos metanogênicos. Girardi Neto,
Silva e Pinheiro (2017), no tratamento de resíduos sólidos orgânicos de restaurante em
biorreator, identificaram que o inóculo foi importante para contrabalancear o pH ácido do
substrato (em torno de 4,5). Na primeira fase o pH de saída do sistema foi entre 7 e 8, já na
segunda e terceira os valores foram compreendidos entre 5 e 6.

Abubakar e Ismail (2012), encontraram pH entre 6,65 e 7,81 durante a operação do


biorreator em todo o tratamento, o que indica capacidade de tamponamento dos dejetos bovinos
utilizados como inóculo, sendo a faixa de pH de operação, indicada como adequada ao
tratamento.
38

Figura 12 - Potencial Redox e pH do Efluente

300 9
8
200
7
100
Potencial Redox

6
0 5

pH
Potencial
-100 4
pH
3
-200
2 Mudança de Fase
-300
1
Início/Fim da
-400 0 Suplementação a
0 100 200
Tempo (Dias)300 400 500 Bicarbonato de
Sódio (NaHCO3)
5.4. Eficiência do processo de digestão

A tabela 10 indica as médias de remoção de matéria orgânica em termos de DQO e SV


no tratamento, onde tiveram uma eficiência média de remoção acima de 60%, que é um valor
satisfatório, porém poderia ter sido maior com o melhoramento de condições da digestão.

Em DA de resíduos alimentares co-digeridos com estrume de aves, o reator com


substrato de pré-tratamento não tratado, apresentou uma eficiência de remoção de SV de
58,83% e 50,19% de remoção de DQO, esta sendo afetada pelo conteúdo sólido no substrato
(DEEPANRAJ; SIVASUBRAMANIAN; JAYARAJ, 2017).

No tratamento de resíduos sólidos orgânicos, foi relatado o valor de 70% de remoção de


DQO na primeira etapa, onde o inóculo se encontrava presente, porém na segunda e terceira,
os valores se reduziram, fato associado possivelmente remoção do inóculo já na segunda etapa
e a uma leve acidez do meio (GIRARDI NETO; SILVA; PINHEIRO, 2017).

A digestão anaeróbia de dejeto bovino para produção de biogás, com resultados


satisfatórios, obteve remoção de 47% e 48,5% de SV e DQO respectivamente (ABUBAKAR;
ISMAIL, 2012).

Urbinati, Duda e Oliveira (2013), encontraram uma eficiência de remoção de DQOtotal


entre 66,3 e 88,2% para o primeiro estágio e entre 85,5 e 95,5% para o segundo estágio.

Oliveira et al (2018), obtiveram remoção de 6,7%, 18,1% e 27,9% de sólidos voláteis,


para as configurações de lodo agroindustrial (AIS) (inóculo), inóculo + resíduos sólidos
(substrato) e inóculo + substrato + tampão, respectivamente.
39

Tabela 10 – Médias de Remoção de DQO e SV (%)

FASE 1 FASE 2 FASE 3


DQO 69,81 ± 24 85,91 ± 11 79,97 ± 19
SV 61,87 ± 22 81,81 ± 18 79,36 ± 13

5.5. Estabilidade do processo de digestão

A estabilidade do processo da digestão anaeróbia é determinada pela combinação de


vários parâmetros, entre eles estão as razões entre as alcalinidades intermediaria e total e
intermediaria e parcial, a Figura 13 mostra essas relações para o presente trabalho.

De acordo com Ripley et al. (1986) para a razão AI/AP no tratamento de esgoto
doméstico, valores acima de 0,3 indicam instabilidade da digestão, porém outros valores foram
encontrados na literatura. Pereira, Campos e Motteran (2013), encontrou para AI/AP, 1,96 para
tanques de hidrolisação e acidificação, 1,56 para reatores que operam em primeiro estágio
(RAC) e 1,44 para reatores que operam em segundo estágio (UASB), no tratamento de efluente
de suinocultura.
No presente trabalho, na fase de arranque, as relações AI/AP e AI/AT atingiram picos
de 1,41 e 0,58, e caíram para uma média de 0,24 e 0,27, respectivamente, onde se mantiveram
com valores próximos durante a fase 2, sendo estes os valores indicados como estável para este
processo, já que todos os demais parâmetros se mostravam favoráveis a produção contínua de
metano, se mantidos. Porém, após a implementação da terceira fase, estas relações atingiram
0,75 e 0,39, para AI/AP e AI/AT, respectivamente, quando foi iniciada a suplementação a
bicarbonato de sódio, e logo após, atingiram valores máximos na terceira fase de 0,83 para
AI/AP e 0,41 para AI/AT. Este desequilíbrio provavelmente foi causado pelo acúmulo de
AGVs, fato também observado por Pereira, Campos e Motteran (2013).

Figura 13 - Relações Entre as Alcalinidades do Efluente


40

6 CONCLUSÃO

Com a combinação de parâmetros para determinação de estabilidade e eficiência da


digestão anaeróbia de resíduos sólidos alimentares foi possível estabelecer valores quando a
operação de mostrou satisfatória para este experimento.

Para a remoção de matéria orgânica tanto em termos de DQO tanto em SV valores acima
de 60% puderam ser indicados como satisfatórios. A DA se mostrou estável quando o pH se
encontrava entre 6,5 e 8, a concentração de AGVs estava abaixo de 120 mg/l e as alcalinidades
parcial e intermediária estavam acima de 200 e 150 mg/l de CaCO3, respectivamente. Já para
o potencial redox quando os valores estavam abaixo de -200 a digestão se mostrou estável, para
temperatura do ar foram identificados valores acima de 30ºC. As relações entre as alcalinidades
indicadas como adequadas ao bom desempenho da DA foram 0,27 e 0,24 para AI/AT e AI/AP,
respectivamente.

Porém, analisar parâmetros e valores isolados podem levar a erro de operação, sendo a
melhor forma de avaliar o desempenho a combinação de vários deles.

No tratamento foi observado que este tipo de substrato é rapidamente degradado para
AGVs, sendo necessário atenção redobrada no aumento de carga orgânica e em temperaturas
mais baixas, o efluente não atendeu aos parâmetros de lançamento. Porém, sendo tomados os
devidos cuidados, o tratamento se mostra viável.
41

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