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UNIVERISDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA ENGENHARIA AMBIENTAL

LIA PAULA POLONI BATISTA

PRODUÇÃO DE METANO EM AnSBBR TERMOFÍLICO TRATANDO EFLUENTE


DA PRODUÇÃO TERMOFÍLICA DE HIDROGÊNIO A PARTIR DE SORO

São Carlos
2022
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LIA PAULA POLONI BATISTA

PRODUÇÃO DE METANO EM AnSBBR TERMOFÍLICO TRATANDO EFLUENTE


DA PRODUÇÃO TERMOFÍLICA DE HIDROGÊNIO A PARTIR DE SORO

Dissertação apresentada à Escola de Engenharia de São


Carlos da Universidade de São Paulo, como parte dos
requisitos para obtenção do título de Mestre em Ciências da
Engenharia Ambiental

Orientador: Prof. Dr. José Alberto Domingues Rodrigues

VERSÃO CORRIGIDA

São Carlos
2022
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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, à minha família, principalmente minha mãe, Marinês e meus avós,
Paola e Pasquale, os quais sempre fizeram de tudo para me proporcionar condições de estudo,
me apoiaram e buscaram me dar todo tipo de apoio que precisasse.
Ao meu namorado, Marcelo, que sempre me motiva, me apoia em todas as minhas
decisões, me ajuda a crescer como pessoa e profissional, e acredita mais em mim do que eu em
mim mesma.
Ao meu orientador, professor Dr. José Alberto, pela orientação, ajuda na parte
experimental, nas discussões dos resultados, ajustes no trabalho, dicas e, principalmente, por
todo apoio e confiança ao longo desses anos (desde a graduação). Grande parte da minha
formação profissional e pessoal, agradeço a ele.
À professora Dra. Giovanna Lovato por toda ajuda com a parte experimental, ajustes no
trabalho, elaboração de artigos, conversas diárias sobre a vida e coisas aleatórias e, acima de
tudo, por toda confiança e apoio desde a época da graduação. Uma pessoa muito competente e
carinhosa, sou muito grata por ter trabalhado com ela.
Às professoras Dras. Roberta e Suzana, por todo apoio e confiança ao longo desses anos
(desde a graduação), ajuda na parte experimental, ajustes no trabalho e pelas conversas diárias.
Sempre me aconselhavam e me ajudavam em momentos de angústia.
À Isabela Mehi Gaspari Augusto por todo auxílio na parte experimental, ajustes no
trabalho, por toda conversa diária sobre o projeto e coisas da vida, apoio e pela amizade que se
formou ao longo desses anos.
À Ana Paula, pela ajuda na parte experimental, ajuste no trabalho e por toda companhia
e conversas.
À CAPES, pela bolsa concedida.
À Escola de Engenharia Mauá do Instituto Mauá de Tecnologia EEM/IMT que
disponibilizou o espaço e apoio necessário para realização deste projeto.
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RESUMO

BATISTA, L.P.P. Produção de metano em AnSBBR termofílico tratando efluente da


produção termofílica de hidrogênio a partir de soro. 2022. Dissertação (Mestrado em
Ciências da Engenharia Ambiental) – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de
São Paulo, São Carlos, 2022.

A divisão dos processos de digestão anaeróbia em dois reatores pode ser biologicamente
vantajosa, pois os dois principais grupos de microrganismos, acidogênicos metanogênicos,
apresentam características diferentes. Nesse contexto, esse trabalho estudou a produção de
metano em reator anaeróbio operado em batelada e batelada alimentada sequenciais com
biomassa imobilizada (AnSBBR) e agitação mecânica tratando efluente proveniente de um
processo de produção de hidrogênio utilizando soro. Além disso, foi estudada a comparação do
processo de digestão anaeróbia realizado em dois estágios e em estágio único, considerando
aspectos fundamentais e tecnológicos: influência da estratégia de alimentação (batelada e
batelada alimentada), tempo de ciclo (4, 6 e 8 h), carga orgânica volumétrica aplicada (3,0 a
15,0 gDQO.L-1.d-1), e temperatura (55, 50, 45 e 35 °C). Os melhores resultados ocorreram na
operação em batelada alimentada, com tempo de ciclo de 6 h, carga orgânica de
15,0 gDQO.L- 1.d-1 e temperatura de 55 °C, alcançando eficiência de remoção de 96 %,
produtividade de metano de 142,9 molCH4.m-3.d-1 e rendimento de metano produzido por
matéria orgânica consumida de 10,3 molCH4.kgDQO-1, verificando-se que a combinação de
temperatura, concentrações de ácidos e hidrogênio, favoreceram os aspectos estequiométricos,
cinéticos e termodinâmicos. A energia produzida pelo tratamento de soro de uma indústria de
laticínios foi estimada no estudo de aspectos tecnológicos, sendo proposto um sistema de 3
reatores operando em paralelo (40,9 m3) que produz hidrogênio continuamente, seguido por
outros 3 reatores (3,96 m³), também em paralelo, para produzir metano a partir do efluente dos
reatores acidogênicos, cujo rendimento energético total seria de 5,14 MJ.kgDQOremovidos −1,
suprindo 12,3 % da demanda energética requerida pela indústria de laticínios. O custo desse
sistema foi calculado em R$ 2.630.839,00 e apresentaria uma economia mensal (utilizando o
hidrogênio e o metano em substituição ao GLP) de R$ 55.616,00. Para um sistema em estágio
único, foi proposto um sistema de 4 reatores operando em paralelo (20,0 m3) para produzir
metano, cujo rendimento energético seria de 9,89 MJ.kgDQO removidos −1, suprindo 23,5 % a
demanda energética requerida pela indústria de laticínios. O custo desse sistema foi calculado
em R$ 1.396.288,00 e apresentaria uma economia mensal (utilizando o metano em substituição
10

ao GLP) de R$ 106.670,00. Dessa forma, o sistema de estágio único foi considerado como a
melhor escolha para tratamento de soro e recuperação de energia, ressaltando que tal resultado
vale para as condições admitidas nesse estudo.

Palavras chaves: AnSBBR. Metano. Dois estágios. Estágio único. Termofílico. Tratamento.
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ABSTRACT

BATISTA, L.P.P. Methane production in thermophilic AnSBBR treating effluent from


thermophilic hydrogen production from whey. 2022. Dissertação (Mestrado) – Escola de
Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2022.

The division of anaerobic digestion processes in two reactors can be biologically advantageous,
since the two main groups of microorganisms, acidogenic and methanogenic, have different
characteristics. In this context, this work studied the production of methane in an anaerobic
reactor operated in sequential batch and fed batch with immobilized biomass (AnSBBR) and
mechanical agitation treating effluent from a hydrogen production process using whey. In
addition, the comparison of the anaerobic digestion process carried out in two stages and in a
single stage was studied, considering fundamental and technological aspects: influence of the
feeding strategy (batch and fed batch), cycle time (4, 6 and 8 h), applied volumetric organic
load (3.0 to 15.0 gCOD.L-1.d-1), and temperature (55, 50, 45 and 35 °C). The best results
occurred in the fed-batch operation, with a cycle time of 6 h, an organic load of
15.0 gCOD.L- 1.d-1 and a temperature of 55 °C, reaching a removal efficiency of 96 %,
productivity of methane of 142.9 molCH4.m-3.d-1 and yield of methane produced by consumed
organic matter of 10.3 molCH4.kgCOD-1, verifying that the combination of temperature,
concentrations of acids and hydrogen, favored the stoichiometric, kinetic and thermodynamic
aspects. The energy produced by the whey treatment of a dairy industry was estimated in the
study of technological aspects, being proposed a system of 3 reactors operating in parallel
(40.9 m3) that produces hydrogen continuously, followed by another 3 reactors (3.96 m3) , also
in parallel, to produce methane from the effluent of the acidogenic reactors, whose total energy
yield would be 5.14 MJ.kgCOD removed −1, supplying 12.3% of the energy demand required
by the dairy industry. The cost of this system was calculated at R$ 2,630,839.00 and would
present a monthly savings (using hydrogen and methane instead of LPG) of R$ 55,616.00. For
a single-stage system, a system of 4 reactors operating in parallel (20.0 m3) was proposed to
produce methane, whose energy yield would be 9.89 MJ.kgCOD removed −1, supplying 23.5 %
of the energy demand. required by the dairy industry. The cost of this system was calculated at
U$$ 249,337.00 and would present a monthly savings (using methane instead of LPG) of
U$$ 19,048.00. Thus, the single-stage system was considered the best choice for serum
treatment and energy recovery, emphasizing that this result is valid for the conditions admitted
in this study.
12

Keywords: AnSBBR. Methane. Two stages. single stage. thermophilic. Treatment.


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LISTA DE FUGURAS

Figura 1 – Esquema do AnSBBR (a) e detalhe dos impelidores tipo turbina com 6 pás planas
(b). ............................................................................................................................................ 54
Figura 2– Fotografia do inóculo usado na imobilização. ......................................................... 55
Figura 3 – Espumas de poliuretano sem (esquerda) e com (direita) biomassa......................... 56
Figura 4 – Fluxograma para calcular energia livre de Gibbs nas condições de operação do reator
(ΔG). ......................................................................................................................................... 68
Figura 5 – Fluxograma da estimativa do volume do reator metanogênico em escala industrial.
.................................................................................................................................................. 71
Figura 6 – Fluxograma da metodologia utilizada para análise financeira. ............................... 77
Figura 7 – Concentração de matéria orgânica da Condição 1. ................................................. 86
Figura 8 – Eficiência de remoção de matéria orgânica da Condição 1. ................................... 86
Figura 9 – Concentração de carboidratos da Condição 1 ......................................................... 87
Figura 10 – Eficiência de remoção de carboidrato da Condição 1 ........................................... 87
Figura 11 – Volume de biogás e de metano produzido no final do ciclo da Condição 1 ......... 87
Figura 12 – Concentração dos componentes do biogás (metano e dióxido de carbono) ao final
do ciclo da Condição 1. ............................................................................................................ 88
Figura 13 – Perfil de concentração de matéria orgânica da Condição 1 .................................. 89
Figura 14 – Perfil de concentração de carboidrato da Condição 1 ........................................... 89
Figura 15 – Perfil da variação de pH da Condição 1 ................................................................ 90
Figura 16 – Perfil de concentração de ácidos voláteis totais da Condição 1 ............................ 90
Figura 17 – Perfil da variação de alcalinidade a bicarbonato da Condição 1 ........................... 90
Figura 18 – Perfil de concentração de ácidos voláteis totais da Condição 1. ........................... 91
Figura 19 – Perfil dos volumes acumulados de biogás produzidos ao longo do ciclo da Condição
1. ............................................................................................................................................... 92
Figura 20 – Perfil da concentração de metano e dióxido de carbono ao longo do ciclo da
Condição 1. ............................................................................................................................... 92
Figura 21 – Perfil da fração molar de metano e dióxido de carbono ao longo do ciclo da
Condição 1. ............................................................................................................................... 93
Figura 22 – Concentração de matéria orgânica da Condição 2. ............................................... 95
Figura 23 – Eficiência de remoção de matéria orgânica da Condição 2. ................................. 96
Figura 24 – Concentração de carboidratos da Condição 2. ...................................................... 96
Figura 25 – Eficiência de remoção de carboidratos da Condição 2. ........................................ 96
14

Figura 26 – Volume de biogás e de metano produzido no final do ciclo da Condição 2. ....... 97


Figura 27 – Concentração dos componentes do biogás (metano e dióxido de carbono) ao final
do ciclo da Condição 2. ............................................................................................................ 97
Figura 28 – Perfil de concentração de matéria orgânica da Condição 2. ................................. 98
Figura 29 – Perfil de concentração de carboidratos da Condição 2. ........................................ 98
Figura 30 – Perfil da variação de pH da Condição 2. .............................................................. 99
Figura 31 – Perfil de concentração de ácidos voláteis totais da Condição 2. .......................... 99
Figura 32 – Perfil da variação de alcalinidade a bicarbonato da Condição 2. ......................... 99
Figura 33 – Perfil de concentração de ácidos voláteis totais da Condição 2. ........................ 100
Figura 34 – Perfil dos volumes acumulados de biogás produzidos ao longo do ciclo da Condição
2. ............................................................................................................................................. 101
Figura 35 – Perfil da concentração de metano e dióxido de carbono ao longo do ciclo da
Condição 2. ............................................................................................................................ 101
Figura 36 – Perfil da fração molar de metano e dióxido de carbono ao longo do ciclo da
Condição 2. ............................................................................................................................ 101
Figura 37 – Monitoramento das concentrações de DQO das Condições 1 e 2. ..................... 102
Figura 38 – Monitoramento das eficiências de remoção de DQO das Condições 1 e 2. ....... 103
Figura 39 – Monitoramento das concentrações de carboidratos das Condições 1 e 2. .......... 103
Figura 40 – Monitoramento das eficiências de remoção de carboidratos das Condições 1 e 2.
................................................................................................................................................ 104
Figura 41 – Monitoramento da alcalinidade a bicarbonato das Condições 1 e 2. .................. 105
Figura 42 – Monitoramento dos ácidos voláteis totais das Condições 1 e 2. ........................ 105
Figura 43 – Ácidos intermediários no efluente da Condição 2. ............................................. 106
Figura 44 – Produção diária de biogás das Condições 1 e 2 .................................................. 107
Figura 45 – Concentrações de metano e de dióxido de carbono das Condições 1 e 2. .......... 108
Figura 46 – Concentração de matéria orgânica da Condição 3.............................................. 112
Figura 47 – Eficiência de remoção de matéria orgânica da Condição 3. ............................... 112
Figura 48 – Concentração de carboidratos da Condição 3..................................................... 112
Figura 49 – Eficiência de remoção de carboidratos da Condição 3. ...................................... 113
Figura 50 – Volume de biogás e de metano produzido no final do ciclo da Condição 3. ..... 113
Figura 51 – Concentração dos componentes do biogás (metano e dióxido de carbono) ao final
do ciclo da Condição 3. .......................................................................................................... 113
Figura 52 – Perfil de concentração de matéria orgânica da Condição 3. ............................... 114
Figura 53 – Perfil de concentração de carboidratos da Condição 3. ...................................... 114
15

Figura 54 – Perfil da variação de pH da Condição 3. ............................................................ 115


Figura 55 – Perfil de concentração de ácidos voláteis totais da Condição 3. ......................... 115
Figura 56 – Perfil da variação de alcalinidade a bicarbonato da Condição 3. ........................ 116
Figura 57 – Perfil de concentração de ácidos voláteis totais da Condição 3. ......................... 116
Figura 58 – Perfil dos volumes acumulados de biogás produzidos ao longo do ciclo da Condição
3. ............................................................................................................................................. 117
Figura 59 – Perfil da concentração de metano e dióxido de carbono ao longo do ciclo da
Condição 3. ............................................................................................................................. 118
Figura 60 – Perfil da fração molar de metano e dióxido de carbono ao longo do ciclo da
Condição 3. ............................................................................................................................. 118
Figura 61 – Concentração de matéria orgânica da Condição 4. ............................................. 121
Figura 62 – Eficiência de remoção de matéria orgânica da Condição 4. ............................... 121
Figura 63 – Concentração de carboidratos da Condição 4. .................................................... 121
Figura 64 – Eficiência de remoção de carboidratos da Condição 4. ...................................... 122
Figura 65 – Volume de biogás e de metano produzido no final do ciclo da Condição 4. ...... 122
Figura 66 – Concentração dos componentes do biogás (metano e dióxido de carbono) ao final
do ciclo da Condição 4. .......................................................................................................... 122
Figura 67 – Perfil de concentração de matéria orgânica da Condição 4. ............................... 123
Figura 68 – Perfil de concentração de carboidratos da Condição 4. ...................................... 123
Figura 69 – Perfil da variação de pH da Condição 4. ............................................................. 124
Figura 70 – Perfil de concentração de ácidos voláteis totais da Condição 4. ......................... 124
Figura 71 – Perfil da variação de alcalinidade a bicarbonato da Condição 4. ........................ 125
Figura 72 – Perfil de concentração de ácidos voláteis totais da Condição 4. ......................... 125
Figura 73 – Perfil dos volumes acumulados de biogás produzidos ao longo do ciclo da Condição
4. ............................................................................................................................................. 126
Figura 74 – Perfil da concentração de metano e dióxido de carbono ao longo do ciclo da
Condição 4. ............................................................................................................................. 127
Figura 75 – Perfil da fração molar de metano e dióxido de carbono ao longo do ciclo da
Condição 4. ............................................................................................................................. 127
Figura 76 – Monitoramento das concentrações de DQO das Condições 2, 3 e 4. ................. 128
Figura 77 – Monitoramento das eficiências de remoção de DQO das Condições 2, 3 e 4. ... 128
Figura 78 – Monitoramento das concentrações de carboidratos das Condições 2, 3 e 4. ...... 129
Figura 79 – Monitoramento das eficiências de remoção de carboidratos das Condições 2, 3 e 4.
................................................................................................................................................ 129
16

Figura 80 – Monitoramento da alcalinidade a bicarbonato das Condições 2, 3 e 4. .............. 130


Figura 81 – Monitoramento dos ácidos voláteis das Condições 2, 3 e 4. .............................. 131
Figura 82 – Concentrações dos ácidos intermediários nos efluentes das Condições 2, 3 e 4. 132
Figura 83 – Composições dos ácidos intermediários nos efluentes das Condições 2, 3 e 4. . 132
Figura 84 – Produção diária de biogás das Condições 2, 3 e 4. ............................................. 133
Figura 85 – Concentrações de metano e de dióxido de carbono das Condições 2, 3 e 4. ...... 134
Figura 86 – Concentração de matéria orgânica da Condição 5.............................................. 138
Figura 87 – Eficiência de remoção de matéria orgânica da Condição 5. ............................... 138
Figura 88 – Concentração de carboidratos da Condição 5..................................................... 138
Figura 89 – Eficiência de remoção de carboidratos da Condição 5 ....................................... 139
Figura 90 – Volume de biogás e de metano produzido no final do ciclo da Condição 5. ..... 139
Figura 91 – Concentração dos componentes do biogás (metano e dióxido de carbono) ao final
do ciclo da Condição 5. .......................................................................................................... 139
Figura 92 – Perfil de concentração de matéria orgânica da Condição 5. ............................... 140
Figura 93 – Perfil de concentração de carboidratos da Condição 5. ...................................... 140
Figura 94 – Perfil da variação de pH da Condição 5. ............................................................ 141
Figura 95 – Perfil de concentração de ácidos voláteis totais da Condição 5. ........................ 141
Figura 96 – Perfil da variação de alcalinidade a bicarbonato da Condição 5. ....................... 142
Figura 97 – Perfil de concentração de ácidos voláteis totais da Condição 5. ........................ 142
Figura 98 – Perfil dos volumes acumulados de biogás produzidos ao longo do ciclo da Condição
5. ............................................................................................................................................. 143
Figura 99 – Perfil da concentração de metano e dióxido de carbono ao longo do ciclo da
Condição 5. ............................................................................................................................ 144
Figura 100 – Perfil da fração molar de metano e dióxido de carbono ao longo do ciclo da
Condição 5. ............................................................................................................................ 144
Figura 101 – Concentração de matéria orgânica da Condição 6 ............................................ 147
Figura 102 – Eficiência de remoção de matéria orgânica da Condição 6. ............................. 147
Figura 103 – Concentração de carboidratos da Condição 6................................................... 147
Figura 104 – Eficiência de remoção de carboidrato da Condição 6. ..................................... 148
Figura 105 – Volume de biogás e de metano produzido no final do ciclo da Condição 6. ... 148
Figura 106 – Concentração dos componentes do biogás (metano e dióxido de carbono) ao final
do ciclo da Condição 6. .......................................................................................................... 148
Figura 107 – Perfil de concentração de matéria orgânica da Condição 6. ............................. 149
Figura 108 - Perfil de concentração de carboidrato da Condição 6. ...................................... 149
17

Figura 109 – Perfil da variação de pH da Condição 6. ........................................................... 150


Figura 110 – Perfil de concentração de ácidos voláteis totais da Condição 6. ....................... 150
Figura 111 – Perfil da variação de alcalinidade a bicarbonato da Condição 6. ...................... 151
Figura 112 – Perfil de concentração de ácidos voláteis totais da Condição 6 ........................ 151
Figura 113 – Perfil dos volumes acumulados de biogás produzidos ao longo do ciclo da
Condição 6. ............................................................................................................................. 152
Figura 114 – Perfil da concentração de metano e dióxido de carbono ao longo do ciclo da
Condição 6. ............................................................................................................................. 153
Figura 115 – Perfil da fração molar de metano e dióxido de carbono ao longo do ciclo da
Condição 6. ............................................................................................................................. 153
Figura 116 – Monitoramento das concentrações de DQO das Condições 3, 5 e 6. ............... 154
Figura 117 – Monitoramento das eficiências de remoção de carboidratos das Condições 3, 5 e
6 .............................................................................................................................................. 154
Figura 118 – Monitoramento da alcalinidade a bicarbonato das Condições 3, 5 e 6. ............ 155
Figura 119 – Monitoramento dos ácidos voláteis das Condições 3, 5 e 6. ............................. 156
Figura 120 – Concentrações dos ácidos intermediários nos efluentes das Condições 3, 5 e 6.
................................................................................................................................................ 157
Figura 121 – Composições dos ácidos intermediários nos efluentes das Condições 3, 5 e 6. 157
Figura 122 – Produção diária de biogás das Condições 3, 5 e 6 ............................................ 158
Figura 123 – Concentrações de metano e de dióxido de carbono das Condições 3, 5 e 6. .... 159
Figura 124 – Concentração de matéria orgânica da Condição 7. ........................................... 163
Figura 125 – Eficiência de remoção de matéria orgânica da Condição 7. ............................. 163
Figura 126 – Concentração de carboidratos da Condição 7. .................................................. 164
Figura 127 – Eficiência de remoção de carboidratos da Condição 7. .................................... 164
Figura 128 – Volume de biogás e de metano produzido no final do ciclo da Condição 7. .... 164
Figura 129 – Concentração dos componentes do biogás (metano e dióxido de carbono) ao final
do ciclo da Condição 7. .......................................................................................................... 165
Figura 130 – Perfil de concentração de matéria orgânica da Condição 7. ............................. 165
Figura 131 – Perfil de concentração de carboidrato da Condição 7. ...................................... 166
Figura 132 – Perfil da variação de pH da Condição 7 ............................................................ 166
Figura 133 – Perfil da variação de ácidos voláteis da Condição 7. ........................................ 167
Figura 134 – Perfil da variação de alcalinidade a bicarbonato da Condição 7. ...................... 167
Figura 135 – Perfil de concentração de ácidos voláteis totais da Condição 7. ....................... 168
18

Figura 136 – Perfil dos volumes acumulados de biogás produzidos ao longo do ciclo da
Condição 7. ............................................................................................................................ 169
Figura 137 – Perfil da concentração de metano e dióxido de carbono ao longo do ciclo da
Condição 7. ............................................................................................................................ 169
Figura 138 – Perfil da fração molar de metano e dióxido de carbono ao longo do ciclo da
Condição 7. ............................................................................................................................ 169
Figura 139 – Concentração de matéria orgânica da Condição 8. ........................................... 172
Figura 140 – Concentração de matéria orgânica da Condição 8. ........................................... 172
Figura 141 – Concentração de carboidrato da Condição 8. ................................................... 173
Figura 142 – Eficiência de remoção de carboidrato da Condição 8. ..................................... 173
Figura 143 – Volume de biogás e de metano produzido no final do ciclo da Condição 8. ... 173
Figura 144 – Concentração dos componentes do biogás (metano e dióxido de carbono) ao final
do ciclo da Condição 8. .......................................................................................................... 174
Figura 145 – Perfil de concentração de matéria orgânica da Condição 8. ............................. 174
Figura 146 – Perfil de concentração de carboidrato da Condição 8. ..................................... 175
Figura 147 – Perfil da variação de pH da Condição 8. .......................................................... 175
Figura 148 – Perfil da variação de ácidos voláteis totais da Condição 8. .............................. 176
Figura 149 – Perfil da variação de alcalinidade a bicarbonato da Condição 8. ..................... 176
Figura 150 – Perfil de concentração de ácidos voláteis totais da Condição 8. ...................... 177
Figura 151 – Perfil dos volumes acumulados de biogás produzidos ao longo do ciclo da
Condição 8. ............................................................................................................................ 178
Figura 152 – Perfil da concentração de metano e dióxido de carbono ao longo do ciclo da
Condição 8. ............................................................................................................................ 178
Figura 153 – Perfil da concentração de metano e dióxido de carbono ao longo do ciclo da
Condição 8. ............................................................................................................................ 178
Figura 154 – Monitoramento das concentrações de DQO das Condições 6, 7 e 8. ............... 179
Figura 155 – Monitoramento das eficiências de remoção de DQO das Condições 6, 7 e 8. . 180
Figura 156 – Monitoramento das concentrações de carboidratos das Condições 6, 7 e 8. .... 180
Figura 157 – Monitoramento das eficiências de remoção de carboidratos das Condições 6, 7 e
8. ............................................................................................................................................. 181
Figura 158 – Monitoramento da alcalinidade a bicarbonato das Condições 6, 7 e 8 ............. 182
Figura 159 – Monitoramento dos ácidos voláteis das Condições 6, 7 e 8. ............................ 182
Figura 160 – Concentrações dos ácidos intermediários nos efluentes das Condições 6, 7 e 8.
................................................................................................................................................ 184
19

Figura 161 – Composições dos ácidos intermediários nos efluentes das Condições 6, 7 e 8. 184
Figura 162 – Produção diária de biogás das Condições 6, 7 e 8. ........................................... 185
Figura 163 – Concentrações de metano e de dióxido de carbono das Condições 6, 7 e 8. .... 186
Figura 164 – Concentração de matéria orgânica da Condição 9. ........................................... 190
Figura 165 – Eficiência de remoção de matéria orgânica da Condição 9. ............................. 190
Figura 166 – Concentração de carboidratos da Condição 9. .................................................. 190
Figura 167 – Eficiência de remoção de carboidratos da Condição 9. .................................... 191
Figura 168 – Volume de biogás e de metano produzido no final do ciclo da Condição 9. .... 191
Figura 169 – Concentração dos componentes do biogás (metano e dióxido de carbono) ao final
do ciclo da Condição 9. .......................................................................................................... 191
Figura 170 – Perfil de concentração de matéria orgânica da Condição 9. ............................. 192
Figura 171 – Perfil de concentração de carboidratos da Condição 9. .................................... 192
Figura 172 – Perfil da variação de pH da Condição 9. ........................................................... 193
Figura 173 – Perfil da variação de ácidos voláteis totais da Condição 9 ............................... 193
Figura 174 – Perfil da variação de alcalinidade a bicarbonato da Condição 9. ...................... 194
Figura 175 – Perfil de concentração de ácidos voláteis totais da Condição 9. ....................... 194
Figura 176 – Perfil dos volumes acumulados de biogás produzidos ao longo do ciclo da
Condição 9. ............................................................................................................................. 195
Figura 177 – Perfil da concentração de metano e dióxido de carbono ao longo do ciclo da
Condição 9. ............................................................................................................................. 196
Figura 178 – Perfil da concentração de metano e dióxido de carbono ao longo do ciclo da
Condição 9. ............................................................................................................................. 196
Figura 179 – Monitoramento das concentrações de DQO das Condições 6 e 9. ................... 197
Figura 180 – Monitoramento das eficiências de remoção de DQO das Condições 6 e 9. ..... 197
Figura 181 – Monitoramento das concentrações de carboidratos das Condições 6 e 9. ........ 198
Figura 182 – Monitoramento das eficiências de remoção de carboidratos das Condições 6 e 9.
................................................................................................................................................ 198
Figura 183 – Monitoramento da alcalinidade a bicarbonato das Condições 6 e 9. ................ 199
Figura 184 – Monitoramento dos ácidos voláteis das Condições 6 e 9. ................................. 199
Figura 185 – Concentrações dos ácidos intermediários nos efluentes das Condições 6 e 9. . 200
Figura 186 – Composições dos ácidos intermediários nos efluentes das Condições 6 e 9. ... 201
Figura 187 – Produção diária de biogás das Condições 6 e 9. ............................................... 202
Figura 188 – Concentrações de metano e de dióxido de carbono das Condições 6 e 9. ........ 202
20

Figura 189 – Perfis de concentração de substrato no afluente (○), ácido acético (●), ácido
propiônico ( ), ácido butírico ( ), ácido láctico ( ) e metano ( ) (valores experimentais:
marcadores e modelo cinético: linhas) para as Condições 1, 2, 3, 4 e 5. ............................... 207
Figura 190 – Perfis de concentração de substrato no afluente (○), ácido acético (●), ácido
propiônico ( ), ácido butírico ( ), ácido láctico ( ) e metano ( ) (valores experimentais:
marcadores e modelo cinético: linhas) para as Condições 6, 7, 8 e 9. ................................... 208
Figura 191– Valores de ΔG para cada uma das reações, ao longo do perfil da Condição 6. 211
Figura 192 – Fluxograma do sistema completo de dois estágios. .......................................... 216
Figura 193 – Fluxograma de comparação entre os sistemas de dois estágios e de estágio único.
................................................................................................................................................ 218
21

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Comparação entre os trabalhos Albuquerque et al. (2019) e Sousa et al. (2019). .. 46
Tabela 2 – Resumo dos procedimentos analíticos e frequência do monitoramento. ................ 57
Tabela 3 – Energias livres e entalpias padrões de formação dos compostos. .......................... 67
Tabela 4 – Concentrações dos compostos. ............................................................................... 67
Tabela 5 – Fator de Lang (continua). ....................................................................................... 78
Tabela 6 – Condições experimentais. ....................................................................................... 81
Tabela 7 – Valores médios das variáveis monitoradas na Condição 1 (continua). .................. 85
Tabela 8 – Valores médios das variáveis monitoradas na Condição 1 (conclusão). ................ 86
Tabela 9 – Valores médios das variáveis monitoradas na Condição 2 (continua). .................. 94
Tabela 10 – Variação de pH no afluente e no efluente das Condições 1 e 2. ......................... 104
Tabela 11 – Sólidos das Condições 1 e 2. .............................................................................. 107
Tabela 12 – Indicadores de desempenho das Condições 1 e 2. .............................................. 109
Tabela 13 – Valores médios das variáveis monitoradas na Condição 3 (continua). .............. 110
Tabela 14 – Valores médios das variáveis monitoradas na Condição 4 (continua). .............. 119
Tabela 15 – Variação de pH no afluente e no efluente das Condições 2, 3 e 4. ..................... 130
Tabela 16 – Sólidos das Condições 2, 3 e 4. .......................................................................... 133
Tabela 17 – Indicadores de desempenho das Condições 2, 3 e 4. .......................................... 135
Tabela 18 – Valores médios das variáveis monitoradas na Condição 5 (continua). .............. 136
Tabela 19 – Valores médios das variáveis monitoradas na Condição 6 (continua). .............. 145
Tabela 20 – Variação de pH no afluente e no efluente das Condições 3, 5 e 6. ..................... 155
Tabela 21– Sólidos das Condições 3, 5 e 6. ........................................................................... 158
Tabela 22 – Indicadores de desempenho das Condições 3, 5 e 6 (continua) ......................... 160
Tabela 23 – Valores médios das variáveis monitoradas na Condição7 (continua) ................ 161
Tabela 24 – Valores médios das variáveis monitoradas na Condição 8 (continua) ............... 171
Tabela 25 – Variação de pH no afluente e no efluente das Condições 6, 7 e 8. ..................... 181
Tabela 26 – Sólidos das Condições 6, 7 e 8. .......................................................................... 185
Tabela 27– Indicadores de desempenho das Condições 6, 7 e 8 (continua). ......................... 186
Tabela 28 – Valores médios das variáveis monitoradas na Condição 9 (continua) ............... 188
Tabela 29 – Variação de pH no afluente e no efluente das Condições 6 e 9. ......................... 199
Tabela 30 – Sólidos das Condições 6 e 9. .............................................................................. 201
Tabela 31 – Indicadores de desempenho das Condições 6 e 9. .............................................. 204
22

Tabela 32 – Parâmetros cinéticos ajustados ao modelo de primeira ordem em todas as


condições. ............................................................................................................................... 206
Tabela 33 – Valores das concentrações dos compostos ao longo do perfil. .......................... 210
Tabela 34 – Valores de ΔG°, ΔH°, ΔS°, ΔGT°, para cada reação bioquímica. ..................... 211
Tabela 35 – Valores de ΔG para cada uma das reações ao longo do perfil da Condição 6. .. 212
Tabela 36 – Parâmetros dos reatores (acidogênico e metanogênico de dois estágios e
metanogênico de estágio único) em escala laboratorial para estimativas dos sistemas em escala
industrial e produção de energia. ........................................................................................... 214
Tabela 37 – Dados da indústria de laticínios de pequeno porte. ............................................ 214
Tabela 38 – Resultados obtidos da ampliação de escala do reator metanogênico do sistema de
dois estágios. .......................................................................................................................... 217
Tabela 39 – Parâmetros de comparação entre o sistema de dois estágios e o sistema de estágio
único (continua). .................................................................................................................... 218
Tabela 40 – Custos dos equipamentos dos projetos de dois estágios e estágio único. .......... 223
Tabela 41 – Custos de operação do projeto de estágio único e de dois estágios. .................. 223
Tabela 42 – Valores de economia com GLP e de retorno de capital para os projetos de dois
estágios e estágio único. ......................................................................................................... 224
23

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AB Alcalinidade a bicarbonato
AI Alcalinidade intermediária
AnSBBR Reator anaeróbio operado em bateada sequencial com biomassa imobilizada em
suporte inerte
AP Alcalinidade parcial
ASBR Reator anaeróbio operado em bateada sequencial
AT Alcalinidade total
AVT Ácidos voláteis totais
CSAFL Concentração de afluente
CST Concentração de matéria orgânica total
CFT Concentração de matéria orgânica para amostras filtradas
CCT Concentração de carboidratos total no afluente
CCF Concentração de carboidratos filtrada no efluente
COVAST Carga orgânica volumétrica aplicada na forma de matéria orgânica
COVACT Carga orgânica volumétrica aplicada na forma de carboidratos
COVASF Carga orgânica volumétrica aplicada na forma de matéria orgânica para amostras
filtradas
COVACF Carga orgânica volumétrica aplicada na forma de carboidratos para amostras filtradas
CX Relação de biomassa por volume de meio líquido
CX' Relação de quantidade de biomassa por quantidade de suporte inerte
DBO Demanda bioquímica de oxigênio
DQO Demanda química de oxigênio
EtOH Concentração de etanol
HAc Concentração de ácido acético
HBut Concentração de ácido butírico
HPr Concentração de ácido propiônico
HLa Concentração de ácido lático
MSVT Massa de sólidos voláteis totais no interior do reator
nCH4 Número de mols de metano
pH Potencial hidrogenotrófico
PrM Produtividade molar
PrME Produtividade molar específica
24

PrV Produtividade volumétrica


RMCA Rendimento de metano produzido e matéria orgânica aplicada
RMCR Rendimento de metano produzido e matéria orgânica removida
S/X Relação entre substrato e biomassa
SST Sólidos suspensos totais
SSV Sólidos suspensos voláteis
ST Sólidos totais
SVT Sólidos voláteis totais
tC Tempo de ciclo
TDH Tempo de detenção hidráulica
tF Tempo de alimentação
UASB Reator anaeróbio de fluxo ascendente e manta de lodo
VA Volume de alimentação
VG Volume de biogás
VCH4 Volume de metano
VR Volume reacional ou de meio líquido
VRES Volume residual
XCH4 Porcentagem de metano no biogás
εCF Eficiência de remoção de carboidratos amostras filtradas
εCT Eficiência de remoção de carboidratos totais
εST Eficiência de remoção de DQO
εSF Eficiência de remoção de matéria orgânica na forma de DQO em amostras filtradas
T temperatura
25

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 29
2. HIPÓTESES E OBJETIVOS ........................................................................................... 32
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................................................................... 34
3.1 Aspectos gerais do soro ............................................................................................. 34

3.2 Fundamentos da digestão anaeróbia ............................................................................... 35

3.2.1 Aplicabilidade do processo de digestão anaeróbia .................................................. 35

3.2.2 Microbiologia da digestão anaeróbia ....................................................................... 36

3.3 Variáveis do processo de digestão anaeróbia ................................................................. 39

3.3.1 Influência da carga orgânica .................................................................................... 39

3.3.2 Influência do tempo de ciclo ................................................................................... 39

3.3.3 Influência da proporção carbono e nitrogênio ......................................................... 39

3.3.4 Influência do Ph e ácidos voláteis ........................................................................... 40

3.3.5 Influência da temperatura ........................................................................................ 41

3.4 Reatores utilizados no processo de digestão anaeróbia .................................................. 41

3.4.1 Contínuos ................................................................................................................. 41

3.4.2 Descontínuos ........................................................................................................... 42

3.5 Sistemas anaeróbios termofílicos ................................................................................... 44

3.6 Sistemas anaeróbios realizados em 2 estágios ................................................................ 48

3.7 Considerações finais ....................................................................................................... 52

4. MATERIAIS E MÉTODOS............................................................................................. 54
4.1 AnSBBR com biomassa e agitação mecânica ........................................................... 54

4.2 Inóculo, suporte e imobilização da biomassa ................................................................. 55

4.3 Água residuária ............................................................................................................... 56

4.4 Análises físico – químicas .............................................................................................. 56

4.5 Análise estequiometria e cinética ................................................................................... 61

4.6 Análise termodinâmica ................................................................................................... 65


26

4.7 Indicadores de desempenho ........................................................................................... 69

4.8 Estimativa de ampliação de escala ................................................................................. 71

4.9 Estimativa de produção de energia ................................................................................ 75

4.10 Análise financeira simplificada .................................................................................... 76

4.11 Procedimento experimental da operação do reator ...................................................... 80

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................................... 83


5.1 Influência da estratégia de alimentação (batelada e batelada alimentada) ................ 84

5.1.1 Condição 1 (5000 mgDQO.L-1; 8 h; Batelada; 55 °C)....................................... 84

5.1.2 Condição 2 (5000 mgDQO.L-1; 8 h; Batelada Alimentada; 55 °C) ................... 93

5.1.3 Análise da estratégia de alimentação ............................................................... 102

5.2 Influência do tempo de ciclo (4, 6 e 8 h) ................................................................. 109

5.2.1 Condição 3 (3850 mgDQO.L-1; 6 h; Batelada Alimentada; 55 °C) ................. 109

5.2.3 Análise da influência do tempo de ciclo (Condições 2, 3 e 4) .............................. 127

5.3 Influência da carga orgânica volumétrica (7,0; 10,0; 15,0 Gdqo.L-1.d-1) ................ 135

5.3.1 Condição 5 (5500 mgDQO.L-1; 6 h; Batelada Alimentada; 55 °C) ................. 135

5.3.2 Condição 6 (8250 mgDQO.L-1; 6 h; Batelada Alimentada; 55 °C) ................. 144

5.3.3 Análise da influência da carga orgânica volumétrica aplicada (Condições 3, 5 e


6).....................................................................................................................................153

5.4 Influência da temperatura (55, 50 e 45 °C) ............................................................. 160

5.4.1 Condição 7 (8250 mgDQO.L-1; 6 h; Batelada Alimentada; 50 °C) ................. 160

5.4.2 Condição 8 (8250 mgDQO.L-1; 6 h; Batelada Alimentada; 45 °C) ................. 170

5.4.3 Análise da influência da temperatura (Condições 6, 7 e 8) ............................. 179

5.5 Influência do sistema mesofílico (55, 50 e 45 °C) .................................................. 187

5.5.1 Condição 9 (8250 mgDQO.L-1; 6 h; Batelada Alimentada; 35 °C) ................. 187

5.5.2 Análise da influência do sistema mesofílico (Condições 6 e 9) ...................... 196

5.6 Análise estequiométrica e cinética .......................................................................... 204

5.7 Análise termodinâmica ............................................................................................ 209

5.8 Estimativa do sistema em escala industrial e produção de energia ......................... 213


27

5.8.1 Produção de energia do sistema de dois estágios ............................................. 215

5.8.2 Análise comparativa da produção de energia entre o sistema de 1 e 2 estágios


..........................................................................................................................217

5.9 Análise financeira simplificada................................................................................ 221

6. CONCLUSÕES .............................................................................................................. 224


REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 227
APÊNDICE – Compilação dos resultados encontrados em todas as condições .................... 244
28
29

1. INTRODUÇÃO

Atualmente, as fontes de energia fósseis correspondem a 80 % da demanda global de


energia. No entanto, a degradação ambiental e as preocupações com a saúde pública, devido a
emissões de poluentes atmosféricos, são os principais problemas associados aos combustíveis
fósseis. Todos esses combustíveis (gás natural, petróleo e carvão) emitem quantidades
significativas de gases de efeito estufa, como óxidos de nitrogênio, óxidos de enxofre e gás
carbônico, que são os principais responsáveis pelas mudanças climáticas e pelo aquecimento
global (QYYUM et al., 2019; QYYUM et al., 2020).
Várias fontes de energia renováveis e sustentáveis foram aprimoradas para produzir
bioenergia, com a contribuição atual de cerca de 10 % do consumo global de energia. Foi
previsto que a parcela de fontes de bioenergia aumentará de 10 a 50 % até 2050. Entre todas as
fontes de energia renováveis e sustentáveis, o biogás ganhou muita atenção por ser produzido
por vários materiais biodegradáveis, como fração orgânica de resíduos sólidos urbanos, estrume
de animal, produtos agrícolas, estações de tratamento de esgoto e diferentes materiais orgânicos
(ricos em carboidratos, proteínas e gorduras). Assim o biogás tem um grande potencial para
servir como fonte de energia para substituir os combustíveis fósseis, superando a dependência
deles (ABDESHAHIAN et al., 2016; HAGOS et al., 2017; IGLIPNSKI et al., 2015;
RODRIGUES et al., 2017; KUMAR et al., 2018; QYYUM et al., 2020).
A digestão anaeróbia é um processo bioquímico utilizado para o tratamento de resíduos
orgânicos e produção de biogás, que pode ser usado como combustível para aquecimento e
geração de eletricidade e calor. Esse processo envolve a decomposição anaeróbia de materiais
orgânicos complexos em uma variedade de componentes orgânicos menores que, por sua vez,
são degradados para produzir o biogás. Além disso, o processo é definido por etapas múltiplas,
que são realizadas pela ação combinada de um consórcio de microrganismos com atividades
metabólicas distintas. A digestão anaeróbia pode produzir dois tipos distintos de produtos:
biogás e aditivo para o solo. Em vista disso, as vantagens desse processo são: produção baixa
de lodo, produção de fertilizantes orgânicos, baixo consumo de energia e produção de biogás
(MATA-ALVAREZ et al., 2000; EL-MASHAD et al., 2010; WEILAND, 2010; SCHNÜRER,
2016; FOLEY et al., 2017; MOUSTAKAS et al., 2020).
O processo de digestão anaeróbia em dois estágios, combinando à produção de hidrogênio
e metano, tem se destacado nos últimos anos por possuir vantagens como: maior rendimento de
biogás, maior remoção orgânica e menor tempo de detenção hidráulica, em comparação com o
processo de um estágio. O sistema de dois estágios pode ser dividido em duas fases, que
30

acontecem em reatores diferentes: acidogênese e metanogênese. Este sistema satisfaz as


diferentes velocidades de crescimento e pH ótimos para os microrganismos acidogênicos e
metanogênicos, pois esses necessitam de condições ambientais e operacionais distintas. Além
disso, minimiza a ocorrência de inibições dos microrganismos pela acidificação do reator, como
ocorre em sistema de um estágio. Em virtude dessas vantagens, a digestão anaeróbia em dois
estágios tem se tornado um procedimento cada vez mais utilizado para a disposição de resíduos
orgânicos (LIU et al., 2006; DE LA RUBIA et al., 2009; ZAHEDI et al., 2013; CHENG et al.,
2016; SRISOWMEYA et al., 2020).
É importante mencionar que o processo de digestão anaeróbia operado em temperaturas
altas (sistema termofílico) tende a aumentar a velocidade de degradação de matéria orgânica,
melhorando a produção de metano e o rendimento de metano gerado por substrato consumido,
apresentando, dessa forma, uma digestibilidade aprimorada (PRAMANIK et al., 2019;
STREITWIESER, 2017).
O soro de queijo, soro de leite ou soro, é o principal subproduto das indústrias de laticínios
e representa entre 85 e 90 % do volume total de leite processado. Esse efluente é caracterizado
por apresentar 72 % de carboidratos, 12 % de proteínas, 6,0 % de minerais, 3,0 % de umidade
e 1,5 % de gordura. Em algumas áreas, o soro é usado para produzir ricota / queijo cottage,
gerando um efluente secundário do soro de diferentes características. Algumas alternativas
visam explorar o conteúdo nutricional do soro, recuperando proteínas e lactose. No entanto,
Lovato (2016) afirmam que, em escala global, apenas 50 % de todo o soro que é produzido é
utilizado em indústrias e, em média, 873 mL de soro é gerado por cada litro de leite. Por
apresentar uma elevada carga orgânica, aproximadamente 80 gDQO.L-1, o soro tem um forte
potencial de poluição, fazendo com que haja um excesso do consumo de oxigênio quando
diretamente disposto em corpos d’água. Dessa maneira, a digestão anaeróbia é um dos métodos
preferidos para o tratamento da parcela desse componente que não é absorvida pelo mercado,
por ser economicamente atrativo, produzir biogás e gerar menor quantidade de lodo.
(FERNANDÉZ et al., 2015; AKHLAGHI et al., 2017; ALBUQUERQUE et al., 2019).
Nesse contexto, o objetivo do presente trabalho foi a aplicação de um AnSBBR com
agitação mecânica no tratamento do efluente proveniente de um processo de produção de
hidrogênio utilizando soro de leite, visando a produção de metano com adequação ambiental.
O processo foi avaliado em função da eficiência de remoção da matéria orgânica, da
estabilidade e dos índices de desempenho relativos à produção de metano. Para isso foram
avaliadas a influência da estratégia de alimentação, do tempo de ciclo, da carga orgânica
volumétrica aplicada e da temperatura. Além disso, foi realizada a estimativa da geração de
31

energia a partir do metano produzido dos sistemas de dois estágios e de estágio único, bem
como suas viabilidades econômicas com objetivo de analisar se o sistema de dois estágios é
vantajoso em referência ao sistema de estágio único.
32

2. HIPÓTESES E OBJETIVOS

A condução desse projeto está elencada em uma hipótese central, na qual se afirma que é
possível a produção de metano em AnSBBR com agitação mecânica, em condição termofílica
(55 °C), a partir do tratamento de efluente proveniente de AnSBBR termofílico aplicado à
produção de hidrogênio pela digestão de soro. Além disso, o processo de digestão anaeróbia de
dois estágios (um primeiro estágio com reator acidogênico termofílico tratando soro – projeto
Lovato et al. (2021) – e um segundo estágio com reator metanogênico termofílico alimentado
com o efluente do reator acidogênico – presente trabalho), se comparado ao de estágio
(SIQUEIRA et al., 2018) apresenta melhor desempenho em relação a produtividade de metano
e a recuperação de energia.
Nesse contexto, tem-se como objetivo principal estudar a produção de metano em reator
anaeróbio, em condição termofílica (55 °C), operado em batelada e/ou batelada alimentada
sequenciais, com biomassa imobilizada (AnSBBR) e agitação mecânica, a partir do tratamento
de efluente proveniente de AnSBBR termofílico aplicado à produção de hidrogênio pela
digestão de soro. Além disso, tem-se a comparação entre o (1) processo de digestão anaeróbia
realizado em um único estágio: reator metanogênico termofílico tratando soro (SIQUEIRA et
al., 2018); e o (2) processo de digestão anaeróbia realizado em dois estágios: um primeiro
estágio com reator acidogênico termofílico tratando soro (LOVATO et al., 2021) e um segundo
estágio com reator metanogênico termofílico alimentado com o efluente do reator acidogênico
(trabalho referente a esse projeto).

SUB – HIPÓTESES

Baseando-se na introdução apresentada no capítulo anterior e, principalmente, no


referencial teórico obtido por meio da pesquisa bibliográfica contemplada no próximo capítulo,
foram elencadas 4 sub-hipóteses de trabalho, relacionando-se, a cada uma, um objetivo
específico da pesquisa:

Sub-Hipótese 1: A estratégia de alimentação, batelada alimentada, permite uma maior


produtividade de metano por amortecer elevadas concentrações de compostos tóxicos e
inibidores. Tempos de ciclo maiores permite o crescimento estável dos microrganismos. O
aumento da carga orgânica volumétrica permite o aumento da produção de biogás e de metano.
Além disso, condição termofílica (55 °C), promove uma digestibilidade aprimorada e
33

consequentemente, maior produção de biogás e de metano. Desse modo, a condição que


apresentará melhores resultados em termos de estabilidade, conversão de substrato, e
rendimento entre produtividade de metano e substrato consumido é a condição que operará o
AnSBBR em batelada alimentada, maior tempo de ciclo, maior carga orgânica volumétrica e
maior temperatura.
Objetivo específico 1: Estudo da influência de variáveis operacionais do reator AnSBBR
metanogênico (sobre a estabilidade, a conversão de substrato, e o rendimento entre
produtividade de metano e substrato consumido) como: estratégia de alimentação (batelada /
batelada alimentada) tempo de ciclo (4, 6 e 8 h), carga orgânica volumétrica aplicada (7, 10 e
15 gDQO.L-1.d-1) e temperatura (termofílica: 45, 50 e 55 °C; e mesofílica: 35°C)

Sub-Hipótese 2: É possível conhecer aspectos fundamentais do processo de digestão


anaeróbia em AnSBBR metanogênico tratando efluente proveniente de AnSBBR termofílico
aplicado à produção de hidrogênio pela digestão de soro, entre eles: estequiometria, modelo
cinético e análise termodinâmica.
Objetivo específico 2: Desenvolver aspectos fundamentais do processo, como
estequiometria, modelo cinético e análise termodinâmica.

Sub-Hipótese 3: A recuperação e a utilização do biogás rico em hidrogênio


(proveniente do AnSBBR acidogênico – Lovato et al., (2021)) e do biogás rico em metano
(proveniente do reator AnSBBR metanogênico – presente trabalho) potencializam a
recuperação de energia e, consequentemente, se utilizado na indústria, proporcionará uma
redução de custos.
Objetivo específico 3: Estimar a geração de energia a partir do metano produzido para
um cenário aproximado de escala plena e analisar os aspectos econômicos da opção tecnológica
proposta neste projeto.

Sub-Hipótese 4: Há uma viabilidade econômica positiva com a implementação do


sistema de digestão anaeróbia realizado em dois estágios em escala industrial.
Objetivo específico 4: Verificar se a implementação do sistema de digestão anaeróbia
realizado em dois estágios em escala industrial é viável do ponto de vista econômico.
34

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

A seguinte revisão bibliográfica destaca a relevância da aplicação do processo de digestão


anaeróbia em dois estágios e operado em condição termofílica. Além disso, relaciona o
desenvolvimento de reatores anaeróbios operados em batelada e batelada alimentada
sequenciais contendo biomassa imobilizada com os avanços realizados no uso deste tipo de
reator para a produção de biogás.

3.1 Aspectos gerais do soro

As fábricas de queijos são uma das maiores fontes de poluição ambiental, pois mais de
40 milhões de toneladas de soro de queijo são geradas anualmente. É estimado uma produção
específica de soro de 0,8 – 0,9 litro por litro de leite processado ou 9 kg por kg de queijo
produzido (SISO, 1996; PRAZERES et al., 2012; CARVALHO et al., 2013 ).
Esse efluente é produzido a 50 – 60 ℃ e é caracterizado por apresentar 72 % de
carboidratos, 12 % de proteínas, 6,0 % de minerais, 3,0 % de umidade e 1,5 % de gordura. Além
disso, o soro apresenta alta carga orgânica (até 80 gDQO.L-1 ), alta biodegradabilidade e baixo
teor de alcalinidade (< 2500 mgCaCO3.L-1) (ALBUQUERQUE et al., 2019; LOVATO et al.,
2017).
Em todos os casos, é necessário o tratamento desse resíduo, segundo rígidos requisitos
legais, antes de ser descartado no meio ambiente. O tratamento ineficiente do soro de queijo
pode causar impermeabilização e eutrofização do solo nas águas receptoras, especialmente em
lagos e rios de movimento lento. Consequentemente, a eutrofização pode provocar mais
problemas relacionados à qualidade da água, como perda de biodiversidade e possíveis efeitos
tóxicos das toxinas de algas em humanos e animais, aumentando assim, os custos de purificação
de água (PRAZERES et al., 2012; CARVALHO et al., 2013).
Todavia, a indústria de laticínios investigou, nas últimas décadas, alternativas para
explorar os componentes do soro. Opções simples praticadas no passado, como aplicação na
terra ou uso direto como alimento para animais de fazenda, foram restringidas devido a
preocupações sobre os impactos ambientais associados e os possíveis efeitos negativos sobre
as condições nutricionais e de saúde dos animais. Em algumas áreas, o soro é usado para
produzir ricota ou queijo cottage, gerando um efluente secundário de diferentes
características. Alternativas visam explorar o conteúdo nutricional do soro, recuperando
proteínas e lactose. Os principais resultados incluem lactose, minerais, soro de leite em pó,
35

proteína de soro de leite concentrado e isolado de proteína de soro de leite que podem ser
reutilizados de várias formas como ingredientes de alimentos ou bebidas. No entanto, a
utilização de proteínas em alimentos é frequentemente limitada devido à deterioração de suas
propriedades funcionais por fatores físicos como pH durante a fabricação, armazenamento e
utilização. Mudanças nas estruturas das proteínas podem reduzir ou alterar suas atividades
biológicas, alterando suas propriedades nutricionais. Lovato (2016) afirmam que, em escala
global, apenas 50 % de todo o soro que é produzido é utilizado em indústrias (AKHLAGI et
al., 2017; BABA et al., 2021).
Atualmente, diferentes técnicas para o tratamento biológico de águas residuais de queijo
estão recebendo mais atenção. O processo de digestão anaeróbia do soro é a proposta de um
processo sustentável que tem capacidade de explorar a alta carga orgânica da indústria de
laticínio para gerar bioenergia (TREU et al., 2019).

3.2 Fundamentos da digestão anaeróbia

3.2.1 Aplicabilidade do processo de digestão anaeróbia

Pesquisadores estão procurando alternativas que possam substituir ou reduzir a


dependência das fontes de energia não renováveis e uma das possíveis alternativas disponíveis
é a produção de biocombustíveis a partir de matérias-primas sustentáveis, como resíduos
agrícolas, resíduos da indústria de alimentos e resíduos sólidos urbanos. A produção de
biocombustíveis a partir de fontes sustentáveis também ajudam na proteção ambiental com base
na utilização de resíduos e na redução de emissões tóxicas de aplicações subsequentes (JOSHI;
GOGATE, 2019).
A digestão anaeróbia é um método pelo qual os resíduos biodegradáveis orgânicos, como
resíduos de plantas agrícolas, resíduos de alimentos, lodo de esgoto, resíduos de gado, resíduos
de culturas secundárias e outros, são convertidos em uma fonte de energia valiosa, enquanto
diminuem seus volumes. Existem vários benefícios relacionados ao processo de digestão
anaeróbia, entre eles destacam-se a redução da emissão de gás efeito estufa, produção de
fertilizantes orgânicos (se as qualidades estiverem no nível padrão adequado), geração de
combustível renovável de alta qualidade, baixa produção de lodo e baixo consumo de energia
(MATA-ALVAREZ et al., 2000; ARIUNBAATAR, 2014; MOUSTAKAS et al., 2020;
WAINAINA et al., 2020).
36

Além disso, o processo de digestão anaeróbia apresenta balanço energético mais


favorável do que processos aeróbios convencionais, necessita de menor de investimento de
capital em comparação com outras energias renováveis, como: hidrelétrica, solar e eólica, além
de demandar menos energia do que outros métodos, como gaseificação ou pirólise, devido à
sua baixa temperatura de operação. Os processos oxidativos avançados é uma tecnologia
eficiente para o tratamento de águas residuárias orgânicas, que consiste em degradar
completamente os poluentes orgânicos. No entanto, não são considerados tratamentos viáveis
de serem utilizados isoladamente, devido às grandes quantidades de produtos químicos e
energia necessária para obter um desempenho adequado. Portanto, essas tecnologias não são
recomendadas para serem usadas como um processo principal de tratamento, mas sim como
uma opção de pré ou pós-tratamento. Ademais, os processos anaeróbios produzem biogás com
potencial combustível, o que traz mais próximo o conceito de economia circular (FORESTI;
1994; RAO et al. 2010; MERAYO et al., 2013; GUNES et al., 2019; PARSAEE et al. 2019;
CHIAPPERO et al., 2020; AZIZ et al., 2021; MA et al., 2021).
O biogás produzido pela digestão anaeróbia é composto por metano e gás carbônico e é
comercializado em diversas aplicações, como combustível de transporte ou na produção de
energia. Em relação ao âmbito industrial, as aplicações mais utilizadas são geração de energia
elétrica e vapor, usando uma unidade combinada, na qual pode oferecer simultaneamente,
eletricidade e energia de calor para atender às necessidades térmicas. As conversões elétricas e
térmicas são, aproximadamente de 40 e 50 %, respectivamente (PÖSCHL et al., 2010; NUHAA,
2019).

3.2.2 Microbiologia da digestão anaeróbia

A digestão anaeróbia representa um sistema ecológico onde diversos grupos de


microrganismos trabalham de forma mútua para conversão de matéria orgânica em metano, gás
carbônico, água, gás sulfídrico e amônia, além de novas células bacterianas.
Esse processo pode ser dividido em 4 etapas principais com seus respectivos
microrganismos: (1) Hidrólise, que é a primeira etapa do processo, consiste na quebra de
compostos orgânicos complexos como carboidratos, proteínas e lipídios em compostos mais
simples como açúcares, aminoácidos e peptídeos. Essa etapa é realizada pela ação de
exoenzimas secretadas pelas bactérias fermentativas hidrolíticas. Vale ressaltar que a hidrólise
é um estágio comparativamente lento e, portanto, pode limitar a velocidade do processo; (2)
Acidogênese, em que os produtos provenientes da etapa de hidrólise, como açúcares,
37

aminoácidos e ácidos graxos, são metabolizados no interior das células das bactérias
fermentativas acidogênicas, sendo convertidos em moléculas simples com um pequeno peso
molecular, como ácidos graxos voláteis (propiônico, butírico, ácido acético), álcoois, ácido
lático, diferentes tipos de gases (gás carbônico e hidrogênio), além de novas células; (3)
Acetogênese, em que os produtos gerados na fase acidogênese são oxidados, pelas bactérias
acetogênicas, em substratos apropriados para a etapa de metanogênese. Os produtos formados
são hidrogênio, acetato e dióxido de carbono. Vale ressaltar que, desses produtos, apenas o
acetato e o hidrogênio podem ser utilizados como substrato pelas arqueias metanogênicas; e (4)
Metanogênese, que é a última etapa do processo de digestão anaeróbia e consiste na formação
de metano e gás carbônico realizadas pelas arqueias metanogênicas, podendo ser divididas em
dois grupos de microrganismos – metanogênicos acetoclásticos, que consomem o ácido acético
para produção de metano, e metanogênicos hidrogenotróficos, que consomem hidrogênio para
produção de metano. Muitos autores relatam a colaboração de 70 e 30 % na produção de metano
entre as arqueas metanogênicas acetoclásticas e hidrogenotróficas, respectivamente.
(CABEZAS et al., 2015; CHERNICHARO, 2016; DEUBLEIN; STEINHAUSER, 2011;
LEUNG; WANG, 2016; PRAMANIK et al., 2019; ZHANG et al., 2015).
A comunidade microbiana envolvida na digestão anaeróbia pode ser, amplamente,
classificados em acidógenos e metanógenos. O equilíbrio central no crescimento e metabolismo
desses grupos principais de organismos na digestão anaeróbia é o fator decisivo da estabilidade
do processo. Como as condições operacionais e ambientais desses grupos se diferem bastante,
o conceito de digestão anaeróbia em dois estágios pode ser aplicado, nos quais os processos de
acidogênese e metanogênese operam separadamente, o que pode aumentar a estabilidade de
todo o processo, controlando a acidificação na fase de produção de hidrogênio (acidogênese) e,
portanto, impedindo a inibição das arqueias metanogênicas durante o estágio de produção de
metano (metanogênese). Ademais, o processo de digestão anaeróbia de dois estágios para
produção de hidrogênio e metano é considerada superior em relação a produção de biogás, em
comparação à digestão anaeróbia de um estágio (ROY et al., 2016; DE GIOANNIS et al., 2017;
FU et al., 2017; KANCHANASUTA; NGHIEM et al., 2017; SILLAPARASSAMEE, 2017
CHATTERJEE; MAZUMDER, 2019; SI et al., 2020; SRISOWMEYA et al., 2020).
Em bactérias anaeróbias obrigatórias, Clostridium sp. Foi amplamente estudado para a
produção de hidrogênio. De fato, estudos microbiológicos da produção anaeróbia de hidrogênio
a partir de substratos ricos em carboidratos mostram que os microrganismos predominantes
pertencem aos gêneros Clostridium ou estão intimamente relacionados a eles. Como alternativa,
o hidrogênio pode ser produzido por uma ampla variedade de bactérias facultativas, como
38

Bacillus e Thermoanaerobacterium, e particularmente aquelas pertencentes à família


Enterobacteriaceae (por exemplo, Escherichia coli e Enterobacter aerogenes) que não são
inibidas em ambientes com pH alto, embora os rendimentos sejam elevados, são muito menores
em comparação aos obtidos com Clostridium. Essas bactérias, quando submetidas em condição
ambiental adversa, formam endósporos. Essa formação ocorre, principalmente, para as espécies
Bacillus e Clostridium em resposta a sinais ambientais como: variações bruscas de temperatura,
escassez de alimento e presença de tóxicos. Os endósporos permitem que a célula fique
adormecida e preserve seu material genético, sendo este um importante meio de reprodução.
Eles se desenvolvem no interior da célula procariótica, em determinadas posições e tamanhos
(BLACK, 1999; WANG et al., 2007; GIOVANNINI et al., 2016; RUBIA et al., 2020).
Em relação as arquéias metanogênicas, elas são as principais representantes do filo
Euryarchaeota, compreendendo quatro classes: Methanobacteria, Methanococci, Methanopyri
e Methanomicrobia com suas respectivas ordens: Methanobacteriales, Methanococcales,
Methanopyrales, Methanomicrobiales e Methanosarcinales, sendo as duas últimas
pertencentes à classe Methanomicrobia. Essas são as espécies de arquéias mais conhecidas e
estudadas. Estão amplamente distribuídas em ambientes anóxicos naturais, como sedimentos
aquáticos profundos, pântanos, trato digestivo de ruminantes, animais endotérmicos e alguns
insetos, digestores anaeróbios de tratamento de resíduos e de efluentes e aterros sanitários.
Conforme o tipo de substrato para produção de metano, as arquéias metanogênicas podem ser
classificadas, em dois grandes grupos: metanogênicas hidrogenotróficas, que utilizam o gás
carbônico e o hidrogênio; metanogênicas acetoclásticas, que utilizam acetato. Dentre as cinco
ordens, somente a Methanosarcinales inclui os únicos dois gêneros conhecidos de arquéias
acetoclásticas: Methanosaeta e Methanosarcina. O primeiro, único da família
Methanosaetaceae, é constituído por espécies que formam filamentos longos e finos,
importantes na formação da trama microbiana presente nos grânulos de reatores anaeróbios.
Possui uma alta afinidade pelo acetato, mas uma velocidade de crescimento específico
relativamente baixa. Os membros do gênero Methanosarcina formam cocos que se agregam e
apresentam uma velocidade de crescimento específica maior se comparada ao da Methanosaeta,
entretanto, apresenta uma baixa afinidade pelo acetato (JETTEN et al., 1992; WHITMAN et
al., 1992; VAZOLLER et al., 1999).
39

3.3 Variáveis do processo de digestão anaeróbia

3.3.1 Influência da carga orgânica

A disponibilidade do substrato para a biomassa deve ser analisada por meio da carga
orgânica volumétrica aplicada, que é um parâmetro operacional significativo podendo afetar o
rendimento de metano. Dessa forma, quanto maior a carga orgânica, maior a disponibilidade de
substrato para a comunidade acidogênica, que por sua vez, aumenta a produção de ácidos e,
consequentemente, aumenta a disponibilidade de acetato e a produtividade de metano no reator.
Contudo, caso a operação seja realizada em valores superiores aos adequados de carga orgânica,
substratos inibitórios, como os ácidos graxos, podem ser acumulados e, assim, a produção de
metano pode ser reduzida. Isso ocorre porque as arqueias metanogênicas não conseguem
sobreviver em uma condição ácida no sistema de digestão anaeróbia. Além disso, baixas cargas
orgânicas podem representar baixa relação entre alimento e microrganismo, o que resulta em
baixa atividade biológica, prejudicando a produção de metano (BEZERRA et al., 2009;
KOTHARI et al., 2014; KUNZ; AMARAL; STEINMETZ, 2019).

3.3.2 Influência do tempo de ciclo

Para reatores anaeróbios operados em batelada ou batelada sequencial, o conceito de


tempo de reação é chamado de tempo de ciclo, correspondendo ao tempo de residência do
efluente no reator, desde a carga até a descarga. A velocidade metabólica de microrganismos
anaeróbios pode ser significativamente afetada pelo tempo de ciclo. Um tempo longo mantém
o crescimento e estável dos microrganismos no biorreator, no entanto, envolve altos custos
operacionais e de investimento. Tempos mais curtos podem não promover a degradação ideal
do substrato, prejudicando a etapa de metanogênese do processo de digestão anaeróbia
(ALBANEZ et al., 2015; ARRIAGADA, 2019; LIU et al., 2020; PRAMANIK et al., 2019).

3.3.3 Influência da proporção carbono e nitrogênio

A relação carbono e nitrogênio dos substratos é um fator crucial na produção de


biogás, porque os microrganismos anaeróbios exigem um equilíbrio adequado de nutrientes
para o seu crescimento e para a manutenção de um ambiente estável (ZHANG et al., 2014).
40

Caso o valor da relação for alto, o nitrogênio pode ser rapidamente consumido para síntese
de material celular pelos microrganismos metanogênicos, de modo que ao atingirem seus
requerimentos nutricionais possam não reagir com o carbono restante, afetando assim a
eficiência do sistema e geração de biogás. Por outro lado, se o valor da relação for muito baixo
podem resultar em acúmulo de ácidos graxos voláteis e/ou em alta amônia liberada
no biorreator, ambos são inibidores no processo de digestão anaeróbia (CHANDRA;
TAKEUCHI; HASEGAWA, 2012; JAIN et al., 2015).
Geralmente, uma relação carbono e nitrogênio de 20 a 30 é considerada ideal para o
crescimento bacteriano anaeróbico em um sistema de digestão anaeróbia (HASSAN et al.,
2017; JAIN et al., 2015; XU et al., 2018).

3.3.4 Influência do pH e ácidos voláteis

O pH é o parâmetro mais significativo que afeta o desempenho e a estabilidade de um


digestor anaeróbio, uma vez que os microrganismos são sensíveis ao pH. Isso ocorre porque
cada grupo de microrganismos precisa de uma faixa de pH ótima diferente para o seu
crescimento, sendo o pH necessário para microrganismos acidogênicos menor que 5,0 e para
os microrganismos metanogênicos em uma faixa de pH entre 6,8 e 7,2. A diminuição do pH
abaixo de 6,6 implica na inibição do crescimento dos microrganismos metanogênicos. No
entanto, Leung e Wang (2016) , Rao e Singh (2004) informaram que, para maximizar
o rendimento de metano, o pH deve variar tipicamente entre 6,5 a 8,2. Além disso, Yadvika et
al. (2004) verificaram que a produção de metano foi considerada 75 % mais eficiente com um
pH maior que 5 (GERARDI, 2003; YADVIKA et al., 2004; AMARAL; KUNZ; STEINMETZ,
2019; PRAMANIK et al., 2019
A alcalinidade é tida como uma medida da capacidade do meio de neutralizar ácidos,
garantindo assim a capacidade tampão ao meio. Desse modo, é ideal que, caso o foco seja a
produção de metano, a alcalinidade do meio seja suficiente para manter o pH dentro da faixa
ótima para esta função. Na faixa usual de operação de sistemas anaeróbios, o bicarbonato é a
forma dominante contribuinte para alcalinidade total, de modo que os sais formados por ácidos
orgânicos também contribuem, porém os sais não ficam disponíveis para a neutralização dos
ácidos orgânicos (FORESTI, 1994; SPEECE, 1996).
Os ácidos graxos voláteis são ácidos graxos de cadeia curta (ácido acético, ácido
propiônico, ácido butírico e ácido valérico), que são os principais produtos intermediários
produzidos pelo processo de digestão anaeróbia. Xu et al. (2014) e Shi et al. (2018) relataram
41

que a produção de metano foi completamente inibida quando as concentrações de ácidos graxos
voláteis caíram na faixa de 5800 a 6900 mg.L-1. Em contrapartida, a acumulação de ácido
graxos voláteis afeta o desempenho da digestão anaeróbia. Portanto, esses ácidos são os
compostos metabólicos intermediários mais importantes e sua variação pode ser usada para
indicar o desempenho do processo (LAY et al., 1997; HUANG et al., 2019; PRAMANIK et al.,
2019; YUAN et al., 2019).

3.3.5 Influência da temperatura

A produção de metano é altamente influenciada pela temperatura, o que afeta o


desempenho de um reator anaeróbio. O processo de digestão anaeróbia pode ser realizado em
três faixas de temperatura: psicrofílica (4 – 15 ˚C), mesofílica (20 – 40 ˚C) e termofílica (45 –
70 ˚C). As melhores eficiências são devido à preferência de parte da diversa comunidade
microbiana a essas faixas, o que faz com que apresentem maior atividade (FORESTI, 1994). A
temperatura afeta a sobrevivência e crescimento dos microrganismos, bem como suas reações
metabólicas. Segundo Speece (1996), além do controle de reações metabólicas, a temperatura
afeta os microrganismos também pelo equilíbrio iônico, solubilidade de substratos e
disponibilidade de nutrientes no meio (ANGELIDAKI; SANDERS, 2004; CHERNICHARO,
2007; GUO et al., 2014)

3.4 Reatores utilizados no processo de digestão anaeróbia

A fim de contextualizar os sistemas de tratamentos convencionais de águas residuárias, o


presente trabalho irá mencionar, apresentando vantagens e limitações, os reatores contínuos
mais empregados no tratamento de águas residuárias. Para contornar essas limitações, com
objetivo de melhorar o sistema de tratamento de águas residuais existente e propor novos
projetos de reatores mais eficientes, mais estáveis e com menores custos de manutenção e
operação, novas configurações estão sendo estudadas. Entre essas novas configurações estão os
reatores anaeróbicos em batelada ou batelada sequencial, que é o foco desse tópico (NOVAES
et al., 2010ª).

3.4.1 Contínuos
42

O reator anaeróbio de fluxo ascendente de alta eficiência (UASB) é de longe o sistema


anaeróbico de alta taxa mais utilizado para tratamento de águas residuais domésticas
e industriais devido à sua alta concentração de biomassa, construção e manutenção fácil, alta
flexibilidade e capacidade de suportar a flutuação de pH e temperatura e baixo custo
operacional. Esse último de deve por conta da turbulência natural causada pelo aumento das
bolhas de gás que flutuam no lodo proporciona contato com as águas residuais e a
biomassa. Desse modo, a mistura mecânica ou recirculação de líquidos não é necessária,
reduzindo a demanda de energia e seu custo associado. Além disso, esse reator possui
capacidade de tratar águas residuárias de alta carga orgânica em um baixo tempo de retenção
hidráulica e alta eficiência de remoção de DQO (CHEN et al., 2014; CHONG et al., 2012;
ENITAN et al., 2018)
Todavia, para manter um tempo de retenção hidráulica necessário para a biodigestão sem
recirculação de líquidos, é necessária uma velocidade mais baixa do líquido dentro do reator.
Sendo assim, isso pode levar o acúmulo de gradiente de concentração na fase líquida,
diminuindo a velocidade de reação nos grânulos de biomassa (AHAMMAD;
SREEKRISHNAN, 2016).
Outro reator muito utilizado é reator de tanque completamente agitado (CSTR), que pode
ser operado de forma contínua ou instantânea e a distribuição do substrato é uniforme em todo
o tanque. Além disso, apresenta simplicidade na configuração, funcionamento fácil e
manutenção adequada da temperatura e do pH. No entanto, esse reator apresenta muitas
limitações como: flutuação no pH, baixa qualidade do efluente e baixa produção de biogás.
Além disso, baixo tempo de retenção hidráulica pode resultar na lavagem da biomassa (DAI et
al., 2020; KAFLE; KIM, 2011; SARATALE et al., 2019).

3.4.2 Descontínuos

Esses reatores anaeróbicos em batelada e batelada sequencial apresentam algumas


vantagens sobre os sistemas contínuos e mostram grande potencial de utilização em escala
industrial. Entre as vantagens desatacam-se: alto grau de flexibilidade do processo em termos
de tempo e sequência do ciclo, capacidade de incorporar fases aeróbias e anóxicas em um único
reator (se desejado), não são necessários clarificadores separados, eliminação de curtos-
circuitos, controle operacional mais fácil e seguros e maior controle na qualidade do efluente
(ALBANEZ, 2015; KENNEDY; LENTZ, 2000; NOVAES et al., 2010a).
43

Um ciclo típico do reator anaeróbio operado em batelada e em batelada alimentada


compreende quatro etapas: (i) alimentação que pode ter o tempo de enchimento variável; (ii)
tratamento por meio de biotransformações dos constituintes da água residuária por
microrganismos; (iii) sedimentação quando a biomassa se encontrar na forma granulada
(ASBR), pois quando a biomassa se encontra na forma imobilizada em suporte inerte
(AnSBBR) esta etapa não é necessária; e (iv) descarga, com retirada do liquido tratado e
clarificado (DAGUE et al, 1992; FERNARDES et al, 1993; ZAIAT et al, 2001).
O propósito de se utilizar um maior tempo de alimentação, no caso da batelada
alimentada, é que essa consegue amortecer altas cargas orgânicas afluentes e elevadas
concentrações de compostos tóxicos e inibidores. Deste modo, a alimentação gradativa permite
aos microrganismos do meio atuarem sobre os compostos tóxicos e inibidores, que sejam
biodegradáveis, enquanto ainda em concentrações não inibidora. Além disso, permite que haja
um amortecimento da geração de ácidos, evitando um possível acúmulo dos mesmos, conforme
demonstrado no estudo de Rodrigues, Ratusznei e Zaiat (2003). Bagley e Bodkorb (1999)
sugeriram que a operação em batelada alimentada permitiria ao reator manter a qualidade do
efluente em maiores cargas afluentes, além de atingir estabilidade em um menor tempo
(BAGLEY; BRODKORB, 1999)
Os reatores descontínuos usando biomassa granulada (ASBR) e imobilizada (AnSBBR)
foram aplicados ao tratamento de vários tipos de águas residuárias como: esgotos sanitários,
indústria alimentícia (soro), indústria química (produtos de higiene pessoal, indústria
automobilística, indústria metalúrgica, resíduos da produção de biodiesel, resíduos contento
nitrogênio amoniacal, resíduos contendo sulfato), lixiviados de aterros, e resíduos de
suinocultura (ALBANEZ et al., 2009; ARCHILHA et al., 2010; BEZERRA et al., 2007, 2009,
2011; CANTO et al., 2008; CARVALHINHA et al., 2010; COSTABILE et al., 2011;
DAMASCENO et al., 2005, 2008; LOVATO et al., 2012; MOCKAITIS et al., 2010; NOVAES
et al., 2010ª, 2010b; OLIVEIRA et al., 2008, 2009; RODRIGUES et al., 2011; SELMA et al.,
2010; SILVA et al., 2013; ZIMMER et al., 2008).
A mistura natural em sistemas descontínuos é feita pelo reciclo do gás gerado, no entanto,
é muito suave e não leva a grandes mudanças na carga orgânica removida. A mistura com a
recirculação da fase líquida ou o uso de agitadores com impelidores resulta na melhora da
transferência de massa dentro do reator (ZAIAT et al., 2001; RAMOS et al., 2003;
RODRIGUES et al., 2004; NOVAES et al., 2010b).
A agitação em reatores de batelada é importante para: fornecer boas condições de mistura
(homogeneização, melhor contato entre biomassa e meio líquido), melhorar a transferência de
44

massa e melhorar a solubilização da matéria orgânica particulada, o que pode aumentar as taxas
gerais de conversão e consumo de substrato. No entanto, agitação excessiva pode causar ruptura
dos grânulos, resultando em uma separação sólida ruim. Desse modo, é importante a existência
de uma taxa ótima de agitação (PINHO et al., 2005; KASAT et al., 2008).
O tipo impulsor é fundamental nos estudos que envolvem a otimização do processo de
agitação. O impulsor deve permitir certas rotas do líquido dentro do recipiente, de modo a
otimizar os custos de energia. Vários estudos sobre o efeito da taxa de agitação e do tipo
impulsor no desempenho de reatores anaeróbicos em batelada já foram realizados em escala
laboratorial (RODRIGUES et al., 2003; PINHO et al., 2005; OCHIENG e ONYANGO, 2008;
MICHELAN et al., 2009).
A principal diferença entre os dois reatores descontínuos mencionados é a imobilização
da biomassa: o ASBR apresenta biomassa granulada e o AnSBBR, biomassa imobilizada em
suporte inerte. O AnSBBR surgiu como uma alternativa ao ASBR, pois este último apresenta
um período de operação muito grande devido ao tempo que a biomassa demora para ficar
granulada. Além disso, a imobilização da biomassa em suporte inerte apresenta vantagens
como: maior atividade dos microrganismos, maior remoção de DQO em curtos tempos de
retenção hidráulica, melhor resistência a choques de carga orgânica e tóxica, melhor a retenção
de sólidos, não requer nem a formação de grânulos e nem a etapa de sedimentação, permitindo
assim, um menor tempo de ciclo e melhorando a superfície de contato entre a biomassa e o
meio (PANT; RATUSZNEI et al., 2000; ADHOLEYA, 2007).
Todavia, Sarti et al. (2006) observaram semelhança no desempenho dos dois reatores
(ASBR e AnSBBR) no tratamento de esgoto sanitário em relação à remoção de matéria
orgânica, havendo produção de biogás no ASBR anterior ao AnSBBR. Dessa forma, é
necessário analisar cada processo para escolher o tipo de reator.

3.5 Sistemas anaeróbios termofílicos

Como citado anteriormente, o processo de digestão anaeróbia pode ser realizado em


condições psicrofílica (4 – 15 ˚C), mesofílica (20 – 40 ˚C) e termofílica (45 – 70 ˚C). O sistema
que opera em condições termofílicas oferece vários benefícios em relação ao que opera em
condições mesofílicas, como o maior crescimento de bactérias metanogênicas, menor tempo de
detenção hidráulica, alta produção de biogás, maior velocidade de degradação dos substratos,
altas taxas de carga orgânica e menor conteúdo de patógenos e vírus. Desse modo, o sistema
termofílico foi proposto como uma solução possível para melhorar a eficiência geral do
45

processo (CHERNICHARO, 2007; DOBRE et al., 2014; GUO et al., 2014; ZHANG et al.,
2015; SHI et al., 2018).
Todavia, esse sistema exige energia para manter a temperatura elevada, podendo acarretar
custos elevados e, além disso, o sistema termofílico é relatado como menos estável às mudanças
ambientais em relação ao processo mesofílico, porque o sistema termofílico é mais propenso a
perturbações e inibições (GUO et al., 2014; JANG et al., 2016; YU et al., 2002).
Siqueira et al. (2018) realizaram o tratamento de soro de queijo, em um AnSBBR, em
condições termofílicas. Estudou-se a influência da carga orgânica pelo aumento da COVA (6,20
a 31,68 gDQO.L-1.d-1). A condição com COVA de 24,68 gDQO.L-1.d-1 apresentou os melhores
resultados, atingindo eficiência de remoção orgânica na forma de DQO de 85,7 % e na forma
de carboidratos de 99,6 %. Nessa condição, o rendimento entre metano gerado e matéria
orgânica consumida foi de 13,13 mmolCH4.gDQO-1, a produtividade molar de metano foi
324,0 molCH4.m-3.d-1 e o biogás produzido apresentava 73,68 % de CH4. As condições com
COVA mais altas levam a perda de eficiência e instabilidade do reator. A mudança de estratégia
de alimentação de batelada para batelada alimentada não melhorou a eficiência, a estabilidade
e a produção de metano no reator.
Zucoloto et al. (2018) estudaram a produção de metano foi avaliada em condições de
monodigestão e codigestão termofílicas (55 °C) em reator anaeróbio operado em batelada e
batelada alimentada sequenciais com biomassa imobilizada (AnSBBR) e agitação mecânica
(2,8 L, 50 rpm). Na monodigestão o AnSBBR foi operado em batelada (B) com afluente a base
de glicerina com carga orgânica volumétrica aplicada (COVA) de 2,3 a 6,5 gDQO.L-1.d-1 e
tempo de ciclo (tC) de 8 h. Na codigestão (86 % glicerina e 14 % melaço) a operação foi em
batelada (B – tC = 8 h) e em batelada alimentada (BA – tC 8 h) com COVA de 2,4 a
7,7 gDQO.L- 1.d-1 , e tempo de alimentação (tA) de 4 h. Os melhores resultados foram obtidos
na codigestão com 7,7 gDQO.L-1.d-1, na qual obteve-se 84,4 molCH4.m-3.d-1 e
18,9 mmolCH4·gDQO-1.
Albuquerque et al. (2019) investigaram a aplicação de um reator anaeróbio termofílico
(55 °C) com biomassa imobilizada, agitado mecanicamente e operado em batelada sequencial
e batelada alimentada (AnSBBR) para adequação ambiental e produção de metano pela co-
digestão de soro de queijo e vinhaça de cana-de-açúcar. Os ensaios foram realizados em quatro
etapas. Na primeira etapa, a composição de 75 % de soro e 25 % de vinhaça (com base na DQO)
foi determinada como a mais adequada para o processo anaeróbico. Na segunda etapa, a carga
orgânica volumétrica aplicada (COVA) foi aumentada e na terceira etapa, a estratégia de
alimentação foi modificada, obtendo melhores resultados com uma COVA de
46

25 gDQO.m−3.d−1, em que a eficiência de remoção de matéria orgânica foi de 72 %, a


produtividade molar foi de 278 molCH4.m−3.d -1 e o rendimento de metano foi de
15,3 mmolCH4.gDQO-1. Na quarta etapa, a temperatura foi modificada para 50 °C e 45 °C,
obtendo piores resultados.
Sousa et al. (2019) investigaram a produção de metano em um AnSBBR pela codigestão
de vinhaça de cana de açúcar e o soro de queijo, com composição de 75 % vinhaça e 25 % soro
(massa/volume). A avaliação foi baseada na influência da estratégia de alimentação, interação
entre tempo de ciclo e concentração de influentes, carga orgânica volumétrica aplicada (COVA)
e temperatura sobre a estabilidade e desempenho do sistema. O sistema mostrou flexibilidade
em relação à estratégia de alimentação, mas a redução do tempo de ciclo e concentração de
influentes, na mesma COVA, resultou em menor produtividade de metano. Com o aumento da
carga orgânica, até o valor de 15,27 gDQO.L -1‧dia -1 favoreceu o processo, aumentando o
rendimento e a produtividade de metano. A redução de temperatura de 30 para 25 °C resultou
em pior desempenho, embora o aumento para 35 °C tenha fornecido resultados semelhantes a
30 °C. Os melhores resultados foram alcançados com COVA de 15,27 gDQO.L -1‧dia -1, tempo
de ciclo de 8 h, operação em batelada alimentado e temperatura de 30 °C. O sistema alcançou
eficiência de remoção de DQO solúvel em 89 %, produtividade de metano em
208,5 molCH4.m- 3.dia -1 e rendimento de 15,76 mmolCH4.gDQO-1.
Comparando condições dos trabalhos de Albuquerque et al. (2019) e Souza et al. (2019),
apresentados na tabela 1, percebe-se que, para concentrações de afluente próximas, o sistema
termofílico apresentou maior produtividade de metano.

Tabela 1 – Comparação entre os trabalhos Albuquerque et al. (2019) e Sousa et al. (2019).
Albuquerque et al. (2019) Souza et al. (2019)
Estratégia de alimentação BA BA
Composição (Soro/Vinhaça) 25 % : 75 % 25 % : 75 %
CAFL (gDQO.L-1) 15 15,2
Temperatura (ºC) 55 30
PrM (molCH4.m-3.d-1) 215 208
BA = Batelada alimentada; CAFL = Concentração de afluente; PrM = Produtividade de metano
Fonte: Autora 2021.

Ribas et al. (2009) verificaram que a condição mesofílica de um AnSBBR tratando


vinhaça obteve melhores resultados em relação a termofílica. O reator mesofílico apresentou
47

eficiência de 79 % na remoção de DQO quando aplicada carga máxima de 36 gDQO.L-1.d-1,


sendo que o termofílico alcançou 46 % de eficiência de remoção com carga máxima de
5,7 gDQO.L-1.d-1.
Shi et al. (2018) estudaram os efeitos de dois parâmetros principais, isto é, características
da temperatura e do substrato na estabilidade do processo, foram estudados usando dois reatores
anaeróbicos em escala de laboratório em condições termofílicas e mesofílicas. Ambos os
reatores foram alimentados com desperdício de alimentos e palha de trigo. Os valores de cargas
orgânicas foram mantidos em um nível constante de 3 kgVS.m-3.d-1. Cinco diferentes razões de
substrato (desperdício de alimentos: palha de trigo) foram utilizadas em diferentes fases
operacionais. Os efeitos sinergéticos da codigestão melhoraram a estabilidade e o desempenho
dos reatores. Quando o resíduo de desperdício de alimentos foi digerido em monodigestão,
ambos os reatores ficaram instáveis. O reator mesofílico não apresentou resultados positivos
devido ao acúmulo volátil de ácidos graxos. O reator termofílico apresentou melhor
desempenho comparado ao mesofílico. A taxa de produção de biogás do reator termofílico foi
4,9 – 14,8 % maior que a do reator mesofílico ao longo do experimento.
Sobre o tratamento de as águas residuais de amido de mandioca, a literatura mostrou que
um reator UASB metanogênico mesofílico com carga orgânica de 5 gDQO.L-1.d-1 apresentou
uma produtividade de metano de 0,115 LCH4.L-1.d-1, enquanto um UASB metanogênico
termofílico de com carga orgânica de 10,29 gDQO.L-1.d -1 apresentou uma produtividade de
metano de 0,259 LCH4.L-1.d-1 (CHAVADEJ, 2016; INTANOO; CHAIMIONGKOL, 2016;
YESHANEW et al., 2016).
Banks et al. (2008) operaram reatores, em batelada, termofílicos e mesofílicos tratando
resíduo de alimentos doméstico. Eles descobriram que o processo de digestão anaeróbia em
condições termofílicas exibia melhor eficiência de remoção de sólidos voláteis e rendimento de
biogás em comparação com condições mesofílicas. Eles também descobriram que a
concentração de ácidos graxos voláteis do reator termofílico (45000 mg.L-1) era maior que a do
reator mesofílico (28000 mg.L-1).
Li et al. (2017) também compararam o processo de digestão anaeróbia em condições
termofílica e mesofílica tratando resíduo de alimentos e a mistura de lodo ativado. Eles
descobriram que o sistema termofílica (407 ml.gvs-1 adicionado), produziu o melhor CH4 de
produção em comparação com o sistema de mesófilos (350 ml.gvs-1 adicionado). Isso
provavelmente ocorreu devido à alta taxa de transformação de proteína em amônio no reator
termofílico.
48

Yang et al. (2008) utilizaram um biorreator semi-contínuo de leito fixo (500 mL), com
espuma de poliuretano reticular, no tratamento de glicerol em condições anaeróbias mesofílicas
(35 °C) e termofílicas (55 °C). A carga orgânica volumétrica aplicada variou de 0,25 a
1,00 kgDQO.L-1.d-1. Em condições mesofílicas, houve diminuição da eficiência de remoção de
matéria orgânica com o aumento da carga orgânica volumétrica. Porém, em condições
termofílicas, o maior valor de eficiência de remoção (86,7 %) foi obtido para na condição com
0,7 kgDQO.L-1.d-1 obtendo-se 0,450 mmolCH4.kgDQO-1.
Silvestre et al. (2015) verificaram o efeito da adição de glicerina bruta na digestão
anaeróbia do lodo de esgoto em reator contínuo (25 rpm) em condições termofílicas (55 oC,
5,5 L de 2,2 a 3,6 kgDQO.m-3.d-1) e mesofílicas (35 oC e 5,0 L e 2,2 a 3,6 kgDQO.m-3.d-1), com
tempo de detenção hidráulico de 20 dias. A adição de glicerina na faixa de temperatura
termofílica mostrou um impacto negativo na estabilidade e no desempenho do processo, mesmo
em baixas doses. Os valores extremos de pH da glicerina, juntamente com a liberação rápida
de ácidos voláteis, diminuem a alcalinidade e o pH. Outras percentagens de glicerina não
mostraram qualquer melhoria adicional.

3.6 Sistemas anaeróbios realizados em 2 estágios

Como visto anteriormente, a digestão anaeróbia é um dos processos mais convencionais


para geração de biogás. Esse processo é composto por várias etapas biológicas e possui metano
e gás carbônico como produtos. Contudo, o processo de digestão anaeróbia realizado em um
único estágio (apenas um reator metanogênico) pode causar acúmulo de ácidos graxos voláteis,
diminuindo, assim, o pH e consequentemente causaria um baixo rendimento de biogás e baixa
estabilidade do sistema.
Isso ocorre uma vez que os dois principais grupos de microrganismos da digestão
anaeróbia, acidógenos e metanógenos, são mantidos juntos em um equilíbrio delicado, pois
possuem características muito diferentes em termos de necessidades nutricionais, fisiologia,
cinética de crescimento e sensibilidade ao ambiente. Para superar essa limitação, o sistema de
digestão anaeróbia de dois estágios pode ser empregado, em que os processos de acidogênese
e metanogênese operam separadamente, o que pode aumentar a estabilidade de todo o processo,
controlando a acidificação na fase de produção de hidrogênio (acidogênese) e, portanto,
impedindo a inibição das arqueias metanogênicas durante o estágio de produção de metano
(metanogênese) e, consequentemente, melhorando a remoção orgânica e produção de biogás.
Tais circunstâncias surgem da disponibilidade imediata de acetato para metanógenos, seja
49

diretamente pela fração de ácido acético da acidogênese ou indiretamente pela conversão


imediata dos ácidos propiônico e butírico em acetato pelas bactérias acetogênicas.
Vale ressaltar que o hidrogênio produzido no reator acidogênico pode ser utilizado na
produção de energia devido ao alto valor calorífico, apesar de a maior parte do potencial
energético derive de uma conversão mais eficiente da matéria orgânica em metano. Além disso,
o hidrogênio é considerado um combustível limpo devido à formação de apenas água como
produto de combustão. Dessa maneira, o principal mérito do processo de digestão anaeróbia de
dois estágios é a produção não simultânea de hidrogênio e metano, aumentando assim a
recuperação total de energia (DE GIOANNIS et al., 2017; FU et al., 2017; FUESS et al., 2017;
KANCHANASUTA; LOVATO et al., 2020; NGHIEM et al., 2017; ROY et al., 2016;
SILLAPARASSAMEE, 2017; SRISOWMEYA et al., 2020).
É importante ressaltar que na fase acidogênese, na qual ocorre a produção de hidrogênio,
é necessário o controle do pH, que deve apresentar valor ótimo na faixa de 4,5 a 6,5. Valores
de pH fora dessa faixa ótima promovem condições desfavoráveis afetando negativamente as
bactérias produtoras de hidrogênio (FERNÁNDEZ, 2015; AKHLAGHI, 2017).
Ruggero et al. (2017) realizaram o tratamento de efluente de um reator AnSBBR, aplicado
à produção de hidrogênio pela co-digestão de glicerina e soro, em um AnSBBR. A influência
da carga orgânica volumétrica aplicada (COVA) foi avaliada pela variação da concentração
afluente (3000 e 4500 mgDQO.L-1) e do tempo de ciclo (4, 6 e 8 h). A eficiência de remoção
de matéria orgânica foi superior a 96 %. O aumento da COVA resultou tanto em um aumento
de produtividade quanto de rendimento de metano. A estratégia de alimentação em batelada
alimentada resultou em maiores valores de produtividade e rendimento de metano. A maior
produtividade obtida foi de 206 molCH4.m-3.d-1 na operação em batelada alimentada com a
maior COVA (11,8 gDQO.L-1.d-1).
Volpini et al. (2018) realizaram o tratamento de efluente de um reator AnSBBR, aplicado
à produção de hidrogênio pela digestão de vinhaça, em um AnSBBR. A influência da COVA
foi avaliada pela variação da concentração afluente (1000, 2000 e 3000 e 4500 mgDQO.L-1) e
do tempo de enchimento de 10 min nas operações em batelada, ou de 4,0 h (50 % do tempo
total do ciclo) nas operações em batelada alimentada. O aumento da carga orgânica aplicada
volumétrica, de 1,90 para 8,78 gDQO.L-1.d-1, na operação do reator em batelada, resultou em
diminuição de eficiência de remoção de 87 % para 74 %. O aumento da carga orgânica aplicada
volumétrica, de 3,80 para 8,30 gDQO.L-1.d-1, na operação do reator em batelada alimentada,
resultou em diminuição de eficiência de remoção de 85 % para 71 %. Houve aumento da
produtividade e da produção molar diária de metano com o aumento da COVA, para ambas as
50

operações, batelada e batelada alimentada. O maior valor de produtividade


133,1 molCH4.m- 3.d-1 foi obtido na operação em batelada alimentada com maior COVA
(8,30 gDQO.L-1.d-1).
Lullio et al. (2014) utilizaram um AnSBBR para a produção de metano a partir do
tratamento de efluente proveniente do processo de produção de hidrogênio a partir de água
residuária a base de sacarose (AR-EPHS) e de glicose (AR-EPHG) em AnSBBR, no intuito de
comparar o desempenho do processo de obtenção de metano em duas etapas em relação à etapa
única, pela operação com água residuária a base de sacarose (AR-S). O sistema foi operado a
30 ºC. Para o tratamento de AR-EPHS as concentrações foram de 1000, 2000, 3000 e
4000 mgDQO.L-1, e os tempos de ciclo de 6 e 8 h. A COVA foi de 2,15; 4,74; 5,44 e
8,22 gDQO.L-1.d -1. Para o tratamento de AR-EPHG, a concentração foi de 4000 mgDQO.L-1
e o tempo de ciclo de 4 h (7,21 gDQO.L-1.d-1). Para o tratamento da AR-S a concentração foi
de 4000 mgDQO.L-1.d -1
e os tempos de ciclo de 8 h (7,04 gDQO.L-1.d-1) e 12 h
(4,76 gDQO.L- 1.d- 1). A condição de 8,22 gDQO.L-1.d-1 (AR-EPHS) foi a que apresentou
melhor desempenho: carga orgânica removida volumétrica de 7,56 gDQO.L-1.d -1, 85 % de CH4
no biogás produzido, produtividade molar volumétrica de 0,128 molCH4.m-3.d-1.
Mari et al. (2020) estudaram o potencial energético proveniente do tratamento das águas
residuárias do amido de mandioca pelo tratamento anaeróbio de dois estágios composto por
reatores anaeróbios AnSBBR. O comportamento do AnSBBR metanogênico em relação à
remoção de matéria orgânica e produção de biometano foi investigado. O AnSBBR acidogênico
foi operado com carga orgânica de 14 gCarb.L-1.d -1, concentração afluente de 5 gCarb.L-1 e
tempo de ciclo de 4 h. O AnSBBR metanogênico foi submetido ao aumento da carga orgânica
(3,7-12 gDQO.L-1.d-1), fornecida de acordo com a concentração de afluentes (2,8; 4,0 e
6,0 gDQO.L-1) e o tempo de ciclo (6; 8 e 12 h). Para a condição avaliada, o reator acidogênico
apresentou produtividade de 0,7 LH2.L-1.d-1 e rendimento de 1,1 molH2.kgCarb-1. O reator
metanogênico apresentou produção estável de metano (% CH4 > 78) durante os 260 dias de
operação. A melhor condições obteve uma carga orgânica de 12 gDQO.L-1.d-1, tempo de ciclo
de 6 h, produtividade e o rendimento de metano foram de 2,71 LCH4.L-1.d-1 e o rendimento foi
de 0,263 LCH4.gDQO-1, respectivamente. A taxa estimada de produção de energia no sistema
de dois estágios foi de 105,2 kJ.L-1.d-1.
Fu et al. (2017) estudaram, utilizando frascos de batelada, a produção hidrogênio e
metano a partir do tratamento da vinhaça através da digestão anaeróbia em dois estágios. Além
disso, a digestão anaeróbia de vinhaça em um estágio também foi realizada para comparar com
a digestão anaeróbia em dois estágios. Durante a digestão anaeróbia em dois estágios, o
51

rendimento de hidrogênio e metano foi de 14,8 e 274 ml.gvs de substrato, respectivamente. O


rendimento de metano da digestão anaeróbia em dois estágios foi 10,8 % maior que o do estágio
único. Além disso, a eficiência de remoção de sólidos voláteis e a recuperação de energia da
digestão anaeróbia em dois estágios foram 10,4 % e 12,9 % superiores às do estágio único,
respectivamente.
Fuess et al. (2017) avaliaram o aumento da carga tratando vinhaça em um sistema
combinado a 55 ºC. O sistema composto por um UASB operando a fase acidogênica e um
ASTBR (reator anaeróbio de leito estruturado) na fase metanogênica foi submetido a cargas de
15 a 30 gDQO.L-1, tal que os melhores resultados foram obtidos para a carga de 25 gDQO.L-1
com eficiência de remoção de matéria orgânica de 80,7 %, produtividade de metano de
4505 mLCH4.L-1.d-1 e rendimento de metano por matéria removida de 301 mLCH4.gDQO-1.
Vargas et al. (2016) realizaram um estudo comparativo sobre a recuperação de energia do
processo de digestão anaeróbia de um e dois estágios dos hidrolisados de bagaço de tequilana
Agave. Primeiramente, o bagaço foi hidrolisado com ácido ou enzimaticamente e, em seguida,
ambos os hidrolisados foram digeridos em diferentes concentrações (20 –100 %v/v) em reatores
descontínuos. Os resultados mostraram que a digestão anaeróbia em dois estágios superou o
processo em um estágio. Durante a fase de acidogênese do processo de duas etapas, foram
alcançados altos rendimentos de hidrogênio com o hidrolisado enzimático a uma concentração
de 40 % (3,4 mol H2.mol hexose-1); enquanto durante a fase metanogênica, o maior rendimento
de metano foi obtido na concentração de 20 % para ambos os hidrolisados
(0,24 LCH4.gDQO- 1). Na análise geral de recuperação de energia foi demonstrada que o
processo de dois estágios superou 3,3 vezes o processo de estágio único. Este foi o primeiro
estudo que revela tal aprimoramento para a digestão anaeróbia de hidrolisados lignocelulósicos.
Nicolau et al. (2015) realizaram medições em tempo real da produção e composição de
gases foram usadas para examinar os benefícios da digestão anaeróbia em dois estágios em
relação a um único estágio, usando grama peletizada como matéria-prima. Experimentos
controlados de digestão paralela foram realizados para comparar diretamente um sistema de
digestão em dois estágios que produz hidrogênio e metano, com um sistema de estágio único
produzindo apenas metano. Os resultados indicaram que, além de produzir energia adicional na
forma de hidrogênio, a digestão em dois estágios também resultou em aumentos significativos
na produção de metano, no rendimento geral de energia e na estabilidade do digestor (como
indicado pela alcalinidade do bicarbonato e remoção volátil de ácidos graxos). O processo de
digestão anaeróbia de dois estágios resultou em um aumento no rendimento de energia de
10,36 MJ.VSkg−1 para 11,74 MJ.VSkg-1, um aumento de 13,4 %. O uso de um sistema de dois
52

estágios também permitiu um tempo de retenção hidráulica muito menor de 12 dias, mantendo
a estabilidade do processo.
Schievano et al. (2014) estudaram a otimização em escala laboratorial dos processos de
geração de hidrogênio e metano permitiu e comparam o potencial máximo de recuperação de
energia do processo de digestão anaeróbia de dois estágios e um estágio. Rendimentos de
hidrogênio relativamente altos foram obtidos testando quatro substratos orgânicos diferentes
(Recuperação de energia de 1–1,6 MJ.kgVS adicionado-1). A geração de metano resultou em
uma recuperação de energia na faixa de 9 a 19 MJ.kgVS adicionado-1. A recuperação de energia
geral resultou em um aumento significativo (8 % a 43 %) para os dois estágios na grande
maioria das condições experimentais e nunca significativamente menor.
Gioannis et al. (2017) operaram reatores de tanque agitado em batelada para digestão
anaeróbia de um e dois estágios do desperdício de alimentos, visando a recuperação de metano
e hidrogênio e metano, respectivamente. Os resultados sugerem que um processo de duas etapas
em que o primeiro reator é operado adequadamente, a fim de obter uma produção líquida
significativa de hidrogênio, pode exibir um rendimento de recuperação de energia 20 %
comparativamente maior.
Fernández et al. (2015) avaliaram o processo de digestão anaeróbia de um e dois estágios
(H2 e CH4) utilizando reatores em batelada. No processo de dois estágios, primeiro reator foi
operado com temperatura de 35 °C e o segundo, com temperatura de 55 °C. O processo de um
estágio apresentou desempenho estável com uma produção específica de metano de 314,5 ±
6,6 LCH4.kg-1 de alimentação de DQO, em um tempo de retenção hidráulica de 8,3 dias. O
processo de dois estágios apresentou instabilidades em um tempo de retenção hidráulica de 12,5
dias, com acúmulo de ácido sendo observado na fase metanogênese. Esse comportamento foi
indicativo de inibição do processo por altas concentrações de íons de sódio e potássio como
consequência do controle do pH durante a fase de produção de H2. No entanto, apesar dessa
ocorrência, essa condição atingiu o maior valor de produção específica de metano de 340,4
± 40 LCH4.kg-1 de alimentação de DQO.

3.7 Considerações finais

A produção de metano através do processo de digestão anaeróbia tem se mostrado uma


alternativa muito conveniente por proporcionar um combustível renovável de alta qualidade e
ao mesmo tempo o tratamento de resíduos orgânicos.
53

Os reatores anaeróbios operados em batelada sequencial vêm sendo estudados por grupo
de pesquisa da Escola de Engenharia Mauá do Instituto Mauá de Tecnologia (EEM/IMT), de
modo que os projetos têm enfoque no estudo da otimização do biorreator convencional e de
novas propostas de configurações para que a aplicação do sistema em escala plena se torne
viável.
Considerando que a literatura do presente trabalho já demonstrou adequação do AnSBBR
quanto ao processo de digestão anaeróbia de em sistemas de dois estágios e termofílicos, este
trabalho destina-se ao estudo do efeito de alguns aspectos operacionais sobre a estabilidade e
eficiência da digestão termofílica do efluente proveniente de um AnSBBR aplicado à produção
de hidrogênio pela digestão termofílica de soro, com enfoque na produção do metano. Os
aspectos analisados são os de estratégia de alimentação, tempo de ciclo, carga orgânica
volumétrica aplicada e temperatura. Além da verificação qual sistema (1 ou 2 estágios)
apresenta melhor desempenho.
É importante ressaltar que não foi encontrado na literatura trabalho referente ao processo
de digestão anaeróbia de soro em sistemas de 2 estágios, ambos termofílicos, utilizando reatores
operados de modo batelada alimentada. Encontrou-se, somente, trabalho referente ao processo
digestão anaeróbia de soro em sistemas de 2 estágios (sendo primeiro estágio mesofílico e o
segundo, termofílico) utilizando reatores operados de modo batelada.
54

4. MATERIAIS E MÉTODOS

Nesta seção são apresentados biorreator, inóculo e imobilização, água residuária, análises
físico-químicas e exames microbiológicos, fundamentos teóricos (indicadores de desempenho,
análise cinética, análise estequiométrica, análise termodinâmica, estimativa de ampliação de
escala, estimativa de produção de energia e análise econômica simplificada), e procedimento
experimental realizado no desenvolvimento desse trabalho para atingir os objetivos propostos.

4.1 AnSBBR com biomassa e agitação mecânica

A Figura 1 mostra o esquema do sistema utilizado para a produção de metano a partir do


tratamento do efluente da produção termofílica de hidrogênio. O biorreator com agitação
mecânica (modelo Bioflo III, fabricado pela New Brunswick Scientific Co.), era formado por
um frasco de vidro de 20 cm de diâmetro e altura, com capacidade total de 6,0 L e útil de 5,6 L.
O material suporte era confinado em cesto de aço Inox-316 perfurado de 18,0 cm de altura,
7,0 cm de diâmetro interno e 17,5 cm de diâmetro externo. A parte inferior do cilindro interno
era coberta por uma tela de aço Inox de malha fina (1 mm) de modo a reter o meio de suporte
imobilizado. A agitação foi fixada em 200 rpm e implementada por motor acoplado aos 2
impelidores tipo turbina de 6,0 cm de diâmetro constituído por seis lâminas planas (padrão
Rushton) e instalados a 8,0 e 16,0 cm do fundo do tanque (MICHELAN et al., 2009).

Figura 1 – Esquema do AnSBBR (a) e detalhe dos impelidores tipo turbina com 6 pás planas (b).

[Notação: 1 – Reator modelo com volume total de 6 L (a = 29,5 cm; b = 18,0 cm; c =18,0 cm); 2 – Cesto
inox de retenção e material suporte da biomassa (b = 18,0 cm; d = 7,0 cm); 3 – Bomba de alimentação;
55

4 – Bomba de descarga; 5 – Sistema de agitação; 6 – Sistema de controle de temperatura (banho


termostático)].
Fonte: Autora 2021.

Uma unidade de controle foi utilizada para automatizar as operações de carga, descarga
e agitação. A alimentação e descarga foram realizadas por bombas tipo diafragma marca
Prominent®, modelos Beta/4 (para batelada alimentada com capacidade máxima de 2,1 L.h-1),
Beta/5 (para batelada com capacidade máxima de 32 L.h-1) e Concept (para descarga com
capacidade de até 23 L.h-1). Um sistema de automação composto por temporizadores da marca
Logica® e modelo Grasslin foi responsável pelo acionamento e desligamento das bombas e do
agitador, com objetivo de programar as etapas da operação em batelada sequencial:
alimentação, reação e descarga. A temperatura de 55 ºC foi controlada pela circulação de água
na dupla parede externa do reator e regulada por um banho ultratermostatizado.

4.2 Inóculo, suporte e imobilização da biomassa

O inóculo termofílico foi proveniente de reator anaeróbio de manta de lodo e escoamento


ascendente (UASB), tratando água residuária de Usina de Açúcar e Álcool, cujas concentrações
de sólidos totais (ST) e voláteis totais (SVT) são de 62 e 51 g.L-1, respectivamente (Figura 2).
O suporte de imobilização da biomassa foi de espuma de poliuretano na forma de cubos
de 0,5 cm de lado, com densidade aparente de 23 kg.m-³ e porosidade próxima a 95 %.
O lodo anaeróbio foi imobilizado nas partículas de espuma de poliuretano, conforme
metodologia proposta por Zaiat et al., (1994). A espuma de poliuretano foi colocada em contato
com o lodo por um período de 2 horas. Decorrido este período, as matrizes com as células
aderidas foram colocadas em meio (o mesmo utilizado no experimento) para lavagem dos
sólidos fracamente aderidos. O meio foi drenado, finalizando o preparo do inóculo (Figura 3).

Figura 2– Fotografia do inóculo usado na imobilização.

Fonte: Autora, 2020.


56

Figura 3 – Espumas de poliuretano sem (esquerda) e com (direita) biomassa.

Fonte: Autora, 2020.

4.3 Água residuária

A água residuária, que foi alimentada ao AnSBBR para a produção de metano, foi
proveniente de um AnSBBR termofílico, que visa a produção de hidrogênio tratando soro.
Desta forma, essa água residuária foi constituída, provavelmente, pelos principais compostos
intermediários do metabolismo anaeróbio (ácidos voláteis – áceitco, propriônico, butírico e
láctico – e etanol). Devido ao afluente ter sido inicialmente acidificado (pH em torno de 4,0),
foi feita uma suplementação da alcalinidade pela adição de hidróxido de sódio (NaOH) e
bicarbonato de sódio (NaHCO3). Incialmente, foi utilizada uma proporção de 1:1
(DQO/NaHCO3) com posterior modificação conforme requerido pelo processo para garantir
que o pH permanecesse na faixa ideal para reatores mesofílicos. O intuito foi utilizar a menor
quantidade necessária de bicarbonato para manter a estabilidade do sistema, uma vez que a
adição de alcalinizantes contribui para o aumento de custos operacionais. No entanto, é
importante ressaltar que não foi o objetivo do trabalho otimizar a quantidade de bicabornato.

4.4 Análises físico – químicas

O monitoramento do reator foi efetuado medindo-se, em amostras do afluente e do


efluente, a matéria orgânica nas formas não filtrada (CST) e filtrada (CSF) como demanda
química de oxigênio (DQO) e de carboidratos totais (DUBOIS et al., 1956), alcalinidade parcial
(AP), alcalinidade intermediária (AI), alcalinidade total (AT), alcalinidade à bicarbonato (AB
– RIPLEY et al., 1986), ácidos voláteis totais (AVT), sólidos totais (ST), sólidos totais voláteis
(STV), sólidos suspensos totais (SST) e sólidos suspensos voláteis (SSV), além da medida do
pH e do volume de meio alimentado/descarregado. Tais análises foram realizadas de acordo
com o Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater (1995). Esses
parâmetros foram monitorados conforme detalhado na Tabela 2.
57

Tabela 2 – Resumo dos procedimentos analíticos e frequência do monitoramento.

Parâmetro Amostra Frequência de Método


monitoramento
DQO Afluente e efluente Diariamente Standard Methods
Carboidratos totais Afluente e efluente Diariamente (1995)
Dubois et al., (1956)
pH Afluente e efluente Diariamente Standard Methods
(1995)
Alcalinidade e ácidos Afluente e efluente Diariamente Ripley et al., (1986)
voláteis totais
Sólidos totais e totais Afluente e efluente 2 vezes por Standard Methods
voláteis semana (1995)
Sólidos suspensos totais Afluente e efluente 2 vezes por Standard Methods
e suspensos voláteis semana (1995)
Ácidos voláteis Saída de gás 1 vez por Cromatografia gasosa
intermediários condição
Alcoóis Saída de gás 1 vez por Cromatografia gasosa
condição
Volume de biogás Saída de gás Diariamente Medidor de gás Ritter

Biogás Saída de gás Diariamente Cromatografia gasosa

Fonte: Autora, 2020.

Os compostos intermediários do metabolismo anaeróbio (etanol, ácidos acético,


propiônico e butírico) foram analisados por cromatografia em fase gasosa, pelo método “head-
space”, utilizando um cromatógrafo Agilent Technologies® modelo 7890 GC System, equipado
com detector de ionização de chama e coluna HP-Innowax com 30 m × 0,25 mm × 0,25 μm de
espessura do filme. O gás de arraste utilizado foi o hidrogênio com vazão de 1,56 mL.min-1
(velocidade linear constante de 41,8 cm.s-1), a temperatura do injetor foi de 250 ºC, a razão de
“split” de 10 (“head-space”) e o volume de injeção de 400 mL, utilizando-se injetor
automático. A temperatura do forno foi programada da seguinte forma: de 35 ºC à 38 ºC em 2
ºC.min-1, de 38 ºC à 75 ºC em 10 ºC.min-1, 72 de 75 ºC à 120 ºC em 35 ºC.min-1, em 120 ºC por
1 min, 34 de 120 ºC à 170 ºC em 10 ºC.min-1 e em 170 ºC por 2 min (“head-space”). A
temperatura do detector foi de 280 ºC (“head-space”) com fluxo de hidrogênio (combustível)
de 30 mL.min-1, de ar sintético (comburente) de 300 mL.min-1 e vazão de “make up” de
nitrogênio de 30 mL.min-1. Foi utilizado nessa análise o método por “head-space”.
A composição do biogás formado pelo metabolismo anaeróbio (hidrogênio, metano e
dióxido de carbono) foi analisada por cromatografia em fase gasosa utilizando-se um
cromatógrafo Agilent Technologies® modelo 7890 GC System equipado com detector de
58

condutividade térmica e coluna GS-Carbonplot com 30 m × 0,53 mm × 3,0 μm de espessura do


filme. O gás de arraste utilizado foi o argônio com vazão de 3,67 mL.min-1, a temperatura do
injetor foi de 185 ºC, a razão de “split” de 10 e o volume de injeção de 200 mL. A temperatura
do forno foi programada da seguinte forma: em 40 ºC por 5 min, de 40 ºC à 60 ºC em 5 ºC.min- 1,
de 60 ºC à 95 ºC em 25 ºC.min-1, de 95 ºC à 200 ºC em 5 ºC.min-1. A temperatura do detector
foi de 150 ºC, com vazão de “make up” de argônio de 8,33 mL.min-1. O volume produzido foi
aferido por meio de medidor de gás Rittter modelo MilligasCounter.
A produção total do biogás durante o ciclo (VG) foi analisada por medidor de gás Ritter
modelo MilligasCounter, sendo que tais medições foram realizadas na forma de perfis ao longo
do ciclo em medida acumulada de volume. A medição foi feita a cada 30 minutos.
Os ensaios realizados apresentavam dois períodos distintos em termos de modo de
operação: batelada alimentada e batelada. No período em que o sistema foi operado em
batelada, o volume de biogás produzido foi quantificado diretamente pelo medidor de gás
Ritter, pois durante a quantificação do biogás não ocorre à entrada de afluente e saída de
efluente. No entanto, tal procedimento não pôde ser realizado da mesma maneira para o período
em que o sistema foi operado em batelada alimentada, pois nesse período a produção de biogás
ocorria simultaneamente com a alimentação de afluente ao reator. Desta forma, o medidor de
gás quantificava tanto o volume referente à produção do biogás quanto o volume de afluente
alimentado ao reator durante o ciclo. Para que fosse obtido apenas o volume da produção do
biogás, após o término do ciclo, foi feita medição do volume alimentado durante o mesmo ciclo
para que esta medida pudesse ser subtraída do valor obtido pelo medidor de gás.
Como a vazão de alimentação era constante e ocorreu desde o início até a metade do
período do ciclo, os volumes acumulados em cada medida foram obtidos pela Equação (1) para
o período em batelada alimentada, e pela Equação (2) para o período em batelada. Nas referidas
equações VGi-BA é o volume acumulado de biogás obtido em uma determinada medida no
período em batelada alimentada, VM-i é o volume obtido pelo medidor de biogás, Ni é o número
da medida do perfil do biogás, Nt-BA é o número total de medidas do perfil durante a batelada
alimentada, VA é o volume de afluente alimentado durante o ciclo, e VGi-B é o volume
acumulado de biogás obtido em uma determinada medida no período em batelada.

Ni
VGi −BA = VM −i − VA (1)
N t −BA

VGi −B = VM−i − VA (2)


59

Após a correção do volume obtido pelo medidor de biogás em relação ao volume


alimentado, foi necessária a conversão desse volume para as CNTP, uma vez que o volume
depende das condições de operação existentes quando é realizada a medida. A conversão foi
feita de acordo com a lei geral dos gases através da Equação (3), sendo VN o volume nas CNTP,
Vi o volume de biogás a ser convertido (ou seja, VGi-BA ou VGi-B), Pa a pressão atmosférica no
local das medidas, PV a pressão parcial de vapor d´água, PL a pressão da coluna líquida acima
da câmara de medida (2 mbar), PN a pressão normal (1013,25 mbar), TN a temperatura normal
(273,15 K) e Ta a temperatura no local da medida.

(Pa − PV + PL ) TN
VN = Vi (3)
PN Ta

A quantificação da biomassa presente no biorreator foi feita a cada condição


experimental. O procedimento constou, inicialmente, de desmontar o biorreator e retirar todo
suporte inerte (SI) presente no reator, juntamente com a biomassa aderida e/ou retida. O meio
líquido contido nessa denominada “mistura total suporte inerte + biomassa” foi drenado
naturalmente, e a medida da massa total foi realizada (MT-SI+B). Após homogeneização da
“mistura total suporte inerte + biomassa”, foi retirada uma amostra denominada “mistura
amostra suporte inerte + biomassa” (MA-SI+B), na qual foi medida a massa e feita uma lavagem
com água destilada no intuito de separar o suporte inerte da biomassa.
O suporte inerte separado foi levado à estufa (103 °C) por 24 h para secagem, e posterior
resfriamento em dessecador para medida da massa (MA-SI). A biomassa separada foi
quantificada (MA-B) na forma de sólidos voláteis totais da amostra (estufa a 103 °C por 24 h e
posterior mufla 550 °C por 2 h). Dessa forma, foi possível quantificar a biomassa presente no
biorreator de três formas:
(S) quantidade total de biomassa presente no biorreator (MSVT), foi obtida pela relação
dos sólidos voláteis totais da amostra (MA-B) e as massas da “mistura total suporte
inerte + biomassa” (MT-SI+B) e da “mistura amostra suporte inerte + biomassa” (MA-
SI+B), conforme Equação (4)

M A −B . M T −SI+ B
M SVT = (4)
M A −SI+ B
60

(ii) relação entre a quantidade total da biomassa e a quantidade total de suporte inerte
presente no biorreator (CX’), foi obtida pela relação entre os sólidos voláteis totais (MA-B) e a
massa de suporte da amostra (MA-SI), conforme Equação (5)

MA−B
C'X = (5)
M A −SI

(iii) relação entre a quantidade total de biomassa e o volume de meio líquido contido no
reator (CX), foi obtida pela relação entre os sólidos voláteis totais (MSVT) e o volume de meio
líquido contido no biorreator (VR), conforme Equação (6)

MSVT
CX = (6)
VR

Essas três formas de quantificar a biomassa aderida e/ou retida no biorreator possuem
importâncias distintas e complementares. A primeira maneira (item i) informa sobre a
quantidade total de biomassa que ficou aderida e/ou retida no biorreator ao longo da condição
experimental, sendo um indicativo da eficiência da configuração do biorreator em reter a
biomassa, a qual considera o modo de mistura (agitação ou recirculação da fase líquida), o tipo
e concentração da água residuária utilizada (qualidade e quantidade de substrato) e o modo de
operação (batelada, batelada alimentada ou contínuo).
Portanto, essa variável permite calcular as variáveis de projeto denominadas de
“específicas” (cargas orgânicas aplicadas e removidas), ou seja, aquelas que não dependem do
volume (denominadas de volumétricas) de meio, mas da biomassa presente no sistema. No
entanto, por ser uma grandeza extensiva, ou seja, depender do “tamanho do sistema”, existe a
necessidade do cálculo efetuado pelas duas maneiras seguintes. Assim, tem-se a segunda
maneira (item ii) que relaciona a variável extensiva anterior com a massa de suporte inerte,
sendo esta uma grandeza intensiva, ou seja, não depende do “tamanho do sistema”.
A aplicação desta variável contribui para a estimativa da massa de suporte inerte
necessária para um projeto de biorreator em diferente escala. De forma análoga, a terceira
maneira (item iii), que relaciona a variável extensiva (item i) com o volume de meio líquido
presente no sistema, é também uma grandeza intensiva. A aplicação desta variável pode
contribuir para a interpretação e/ou comparação de resultados obtidos em diferentes
61

biorreatores, pois está relacionada com a concentração de substrato (relação entre massa de
substrato e volume de meio líquido) que é a característica importante para relacionar as reações
do metabolismo celular com o crescimento dos microrganismos (formação daqueles que melhor
se adaptaram às condições ambientais impostas), o aproveitamento de nutrientes (substrato
alimentado ao biorreator), a formação/consumo de intermediários (ácidos e solventes) e a
liberação do produto final (metano).
Ao final de cada condição operacional foram retiradas do reator amostras de biomassa
para exame microbiológico. As amostras de biomassa foram examinadas em lâminas de vidro
cobertas com filme de Ágar a 2 %, por microscopia óptica comum e de contraste de fase por
fluorescência, utilizando microscópio Olympus® modelo BX41, com sistema de câmera digital
Optronics e aquisição de imagens feita pelo software Image Pro-Plus® versão 4.5.0. Os exames
microbiológicos são úteis para avaliação de possíveis mudanças na morfologia microbiana em
função das condições do estudo.

4.5 Análise estequiometria e cinética

A análise estequiométrica da rota metabólica foi realizada com objetivo de verificar o


quanto de metano é formado pela rota acetoclástica e pela rora hidrogenotrófica, além de
auxiliar no equacionamento das reações bioquímicas envolvidas no processo.
Primeiramente, foi verificada a proporção estequiométrica do substrato, no caso a lactose,
sendo convertido em ácidos acéticos, propiônico, butírico, lático, além do etanol e hidrogênio.
Dessa forma, foi possível encontrar uma reação global para cada ácido e para o etanol, cujas
reações são apresentadas na sequência (Equações 7 a 19).

Ácido acético (HAc)

1 𝐶12 𝐻22 𝑂11 + 5 H2 O → 4 HAc + 8 H2 + 4 CO2 (7)

Ácido propiônico (HPr)

1 C12H22O11 + 4 H2 → 4 HPr + 3 H2O (8)


1 HPr + 2 H2O → 1 Hac + 1CO2 + 3 H2 (x4) (9)

(10)
(11)
(12)
62

Ácido butírico (HBu)

(13)
(x2) (14)

(15)
(16)

(17)

Ácido láctico (HLa):

(x3) (18)
(x4) (19)
(x8) (20)

(21)
(22)
(23)

(24)

Etanol (HEtOH):

(25)

(x4) (26)

(27)
(28)
(29)

A partir das equações acima, é possível perceber que todas as reações globais formadas
para cada ácido mais para o etanol chegam na mesma reação global com a mesma proporção
estequiométrica.

1 Soro + 5 H2 O → 4 nac + 8 H2 + 4 CO2 (30)


63

Em seguida, a partir das rotas metanogênicas (Equações 31 e 32), é possível demonstrar


o quanto de metano é formado pelo consumo de ácido acético e pelo consumo de hidrogênio.

4𝐻𝐴𝑐 → 4𝐶𝐻4 + 4𝐶𝑂2 (31)


8𝐻2 + 2𝐶𝑂2 → 2𝐶𝐻4 + 4𝐻2 𝑂 (32)

O cálculo das velocidades das reações para a metanogênese foi realizado a partir da
modelagem desenvolvida por Lovato et al. (2018) que utilizou como base os modelos cinéticos
de degradação de matéria orgânica propostas por Rodrigues et al. (2004) e por Bagley e
Brodkorb (1999). No modelo cinético adotado, desenvolvido para reatores anaeróbios operados
em batelada sequencial, o processo de degradação da matéria orgânica é simplificado em 11
etapas (Equações de 33 a 43).
Nas primeiras 5 etapas paralelas (hidrólise e acidogênese) o substrato (S) soro é
convertido em ácido acético (HAc), ácido propiônico (HPr), ácido butírico (HBu), etanol
(EtOH) e ácido láctico (HLa), essas reações ocorrem paralelamente. Nas 4 etapas seguintes
(acetogênese), os ácidos secundários (ácido láctico (HLa), ácido propiônico (HPr) e ácido
butírico (HBu)) e etanol são consumidos formando ácido acético. Finalmente, nas 2 etapas
independentes (metanogênese), tem-se as rotas acetoclásticas e hidrogenotróficas de produção
de metano. Todas as etapas são consideradas de primeira ordem. Vale destacar que as reações
de hidrólise e acidogênese ocorrem, principalmente, no reator acidogênico termofílico (efluente
deste reator foi usado como afluente no presente trabalho).
As Equações (44) a (51) apresentam as equações de velocidade de reação para o consumo
de substrato (rS), formação e consumo de ácido acético (rHAc), ácido propiônico (rHPr), ácido
butírico (rHBu), etanol (rEtOH), ácido láctico (rHLa), hidrogênio (rH) e formação de metano (rM),
respectivamente. O parâmetro cinético “k” é relacionado com a velocidade de reação, indicando
uma relação com o tempo que é necessário para a concentração (S, Hac, HPr, Hbu, EtOH, Hla,
H e M) atingir um valor residual de acordo com a hipótese do modelo cinético. Os índices “1,
2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10 e 11” estão relacionados com as reações. Os índices “S, HAc, HPr, HBu,
EtOH, HLa, H e M” estão relacionados com os valores experimentais usados para calcular esses
parâmetros.
Nas Equações (52) a (59) tem-se o balanço de massa do reator no modo batelada (F = 0)
e batelada alimentada (F ≠ 0) com o modelo cinético. Essas equações são utilizadas para
determinar os parâmetros cinéticos do modelo. Os índices “A” estão relacionados com as
64

concentrações dos compostos no afluente. Por se tratar de equações diferenciais, foi utilizado o
método de integração de Euler implementado em planilha Excel®, com a determinação dos
parâmetros cinéticos por meio da ferramenta Solver®, utilizando como critério de otimização
a minimização da somatória dos erros entre valores experimentais e calculados pelo modelo
cinético ao quadrado.

Equações da estequiometria das reações bioquímicas da rota metabólica admitidas na análise


cinética:

Hidrólise e Acidogênese
k1
C12H22O11 + 5 H2O → 4 CH3COOH + 4 CO2 + 8 H2 (33)
k2
C12H22O11 + 4 H2 → 4 CH3CH2COOH + 3 H2O (34)
k3
C12H22O11 + 1 H2O → 2 CH3CH2CH2COOH + 4 CO2 + 4 H2 (35)
k4
C12H22O11 + 1 H2O → 4 CH3CH(OH)COOH (36)
k5
C12H22O11 + 1 H2O → 4 CH3CH2OH + 4 CO2 (37)
Acetogênese
k6
CH3CH2COOH + 2 H2O → CH3COOH + CO2 + 3 H2 (38)
k7
CH3CH2CH2COOH + 2 H2O → 2 CH3COOH + 2 H2 (39)
k8
3 CH3CH(OH)COOH → 2 CH3CH2COOH + CH3COOH + H2O + CO2 (40)
k9
CH3CH2OH + 1 H2O → CH3COOH + 2 H2 (41)
Metanogênese
k10
CH3COOH → CH4 + CO2 (42)
k11
4 H2 + CO2 → CH4 + 2 H2O (43)

Equações da cinética das reações:

rS = – (k1S + k2S + k3S + k4S + k5S) · CS = – k’1S · CS (44)


rHac = k1HAc · CS + k6HAc · CHPr + k7HAc · CHBu + k8HAc · CHLa + k9HAc · CEtOH – k10HAc · CHAc (45)
rHPr = k2HPr · CS + k8HPr · CHLa – k6HPr · CHPr (46)
65

rHBu = k3HBu · CS – k7HBu · CHBu 47)


rHLa = k4HLa · CS – k8HLa · CHLa (48)
rEtOH = k5EtOH · CS – k9EtOH · CEtOH (49)
rH = k1H · CS – k2H · CS + k3H · CS + k6H · CHPr + k7H · CHBu + k9H · CEtOH – k11H · CH (50)
rM = k10M · CHAc + k11M · CH (51)

Equações de balanço de massa do reator (batelada F = 0 e batelada alimentada F ≠ 0):

Dv
=F (52)
dt
dCs F
= V ∙ (CSA − CS ) + rS (53)
dt
dCHac F
= V ∙ (CHacA − CHac ) + rHac (54)
dt
dCHPr F
= V ∙ (CHPrA − CHPr ) + rHPr (55)
dt
dCHbu F
= V ∙ (CHbuA − CHbu ) + rHbu (56)
dt
dCHla F
= V ∙ (CHlaA − CHla ) + rHla (57)
dt
dCEtOH F
= V ∙ (CEtOHA − CEtOH ) + rEtOH (58)
dt
dCM F
= − V ∙ (CM ) + rM (59)
dt

4.6 Análise termodinâmica

Para calcular energia livre de Gibbs nas condições de operação do reator (ΔG) foi
utilizado o fluxograma da Figura 4, que utilizou como base o procedimento feito por Dolfing,
(2015) e Lovato et al. (2021). Foi calculado o ΔG para as concentrações ao longo do perfil
referente a melhor condição do reator (Condição 6) com objetivo de analisar a variação do ΔG
ao longo do ciclo.
As reações bioquímicas, de consumo de lactose e ácidos e produção de metano (equações
60 a 70) foram elaboradas a partir dos estudos de Lovato et al. (2021), Pipyn e Verstraete (1981)
e Conrad e Wetter (1990). As energias livre padrão de Gibbs (ΔG°) das reações bioquímicas
foram calculadas a partir das energias livre de formação de Gibbs (G°f) dos reagentes e dos
produtos a temperatura (Tref) de 298,15 K (25 °C) e pH = 0. As entalpias de reação padrão
(ΔH°) foram calculadas a partir das entalpias padrão de formação (ΔH°f) dos reagentes e dos
produtos. A Tabela 3 apresenta os valores de G°f, H°f dos compostos segundo Alberty (1998) e
66

Hackmann et al., 2013. O termo “η” da equação de ΔG° e de ΔH° é relativo aos coeficientes
estequiométricos de cada composto para cada reação bioquímica. O metano (CH4) foi
considerado gás, a água (H2O) foi considerada como líquido e todos os outros compostos foram
considerados dissolvidos. Desse modo, usando o ΔG° e o ΔH°, foi possível calcular a variação
de entropia padrão de cada reação (ΔS°).
A energia livre de Gibbs (ΔG) foi calculada corrigindo, primeiramente, a temperatura (T)
do ΔG° de acordo com a equação de Gibbs – Helmholtz resultando em ΔGT° (T = 328,15 K).
É importante ressaltar que a capacidade térmica das reações e, consequentemente, o ΔH° foram
considerados independentes da temperatura dentro da faixa de 0 a 100 °C (CONRAD;
WETTER, 1990). Em seguida, o pH e as concentrações reais dos compostos no sistema (os
valores da melhor condição operacional do reator – Condição 6) foram corrigidos pela equação
de Nernst, na qual R é a constante de gás ideal (8,3145 J.K-1.mol-1) e Q é o quociente da reação.
A Tabela 4 mostra como as concentrações de cada composto para cálculo do Q foram
realizadas. A concentração do íon bicarbonato foi igual a concentração de alcalinidade total do
sistema referente a melhor condição do reator (Standard Methods for the Examination of Water
and Wastewater – 1995). A concentração de lactose foi obtida pelo perfil de carboidrato. As
concentrações de acetato, proprionato, butirato, lactato e etanol foram obtidas pelo perfil de
ácidos intermediários. A concentração do íon 𝐻 + foi calculada pelo pH do efluente. A
concentração de metano foi calculada pela Lei de Henry, uma vez que se considerou o metano
na fase gasosa, usando a pressão parcial desse gás e a constante de Henry para o metano
referente a temperatura de 55 °C (8,90.10-4 M.atm-1). A concentração de hidrogênio foi igual a
concentração estimada pelo modelo cinético pois se considerou o hidrogênio na fase aquosa.
Ressalta-se que os cálculos das concentrações são relativos a melhor condição operacional do
reator.
67

Tabela 3 – Energias livres e entalpias padrões de formação dos compostos.

Composto Fórmula química G°f (kJ.mol-1) H°f (kJ.mol-1)


Lactose (aq) C12 H22 O11 -1567,33 -2233,08
Água (l) H2 O -237,19 -285,83
Hidrogênio (aq) H2 17,60 -4,20
Bicabornato (aq) HCO3 − -586,77 -691,99
Próton (aq) H+ 0,00 0,00
Acetato (aq) CH3 COO− -369,32 -486,01
Proprionato (aq) CH3 CH2 COO− -363,09 -513,08

Butirato (aq) CH3 CH2 CH2 COO -354,18 -538,19
Etanol (aq) CH3 CH2 OH -181,64 -288,30
Lactato (aq) CH3 CH(OH)COO− -516,72 -686,64
Metano (g) CH4 -50,72 -74,81
Fonte: Autora, 2021.

Tabela 4 – Concentrações dos compostos.

Concentrações
[C12 H22 O11 ] = [Carboidrato] [CH3 CH2 OH] = [𝐸𝑡𝑂𝐻 ]
[CH3 COO− ] = [Hac] [HCO3 − ] = [AT]
[CH3 CH2 COO− ] = [HPr] [H + ] = 10−Ph
[CH3 CH2 CH2 COO− ] = [Hbu] [H2 ] = [H2 ]modelo cinético
[CH3 CH(OH)COO− ] = [Hla] [CH4 ] = HCH4 ∙ PCH4
Fonte: Autora, 2021.
68

Figura 4 – Fluxograma para calcular energia livre de Gibbs nas condições de operação do reator (ΔG).

Definir reações bioquímicas


(Equações 60 a 70)

Gf° Calcular para cada reação: Calcular para cada reação: Hf°
a 298,15 K ∆G° = (∑ Gf°.η)produtos – (∑ Gf°.η)reagentes ∆H° = (∑ Hf°.η)produtos – (∑ Hf°.η)reagentes a 298,15 K e
e pH = 0 pH = 0

Calcular ∆S° para cada reação:


Tref = 298,15 K
∆G° = ∆H° - Tref∙∆S°

T = 328,15 K Corrigir temperatura do ∆G° pela equação de


Gibbs–Helmholtz:
∆GT° = ∆G°∙(T/Tref) + ∆H°∙(Tref -T)/Tref

Corrigir pH e concentrações reais


pH e as concentrações
dos compostos no sistema pela
dos compostos
equação de Nernst:
(Condição 6)
∆G = ∆GT° + R.T.ln Q

Fonte: Autora, 2021.

Equações da estequiometria das reações bioquímicas em sua forma dissociada da rota


metabólica admitida na análise termodinâmica:

Hidrólise e Acidogênese
+
C12 H22 O11 (aq) + 9 H2 O(l) → 4 CH3 COO− −
(aq) + 4 HCO3 (aq) + 8 H(aq) + 8 H2 (aq) (60)
+
C12 H22 O11 (aq) + 4 H2 (aq) → 4 CH3 CH2 COO−
(aq) + 3 H2 O(l) + 4 H(aq) (61)
+
C12 H22 O11 (aq) + 5 H2 O(l) → 2 CH3 CH2 CH2 COO− −
(aq) + 4 HCO3 (aq) + 6 H(aq) + 4 H2 (aq) (62)

+
C12 H22 O11 (aq) + H2 O(l) → 4 CH3 CH(OH)COO−
(aq) + 4 H(aq) (63)
+
C12 H22 O11 (aq) + 5 H2 O(l) → 4 CH3 CH2 OH(aq) + 4 HCO−
3 (aq) + 4 H(aq) (64)

Acetogênese
CH3 CH2 COO− − − +
(aq) + 3 H2 O(l) → CH3 COO(aq) + HCO3 (aq) + H(aq) + 3 H2 (aq) (65)

CH3 CH2 CH2 COO− − +


(aq) + 2 H2 O(l) → 2 CH3 COO(aq) + H(aq) + 2 H2 (aq) (66)

3 CH3 CH(OH)COO− − − − +
(aq) → 2 CH3 CH2 COO(aq) + CH3 COO(aq) + HCO3 (aq) + H(aq) (67)

CH3 CH2 OH(aq) + H2 O(l) → CH3 COO− +


(aq) + H(aq) + 2 H2 (aq) (68)
69

Metanogênese
CH3 COO− −
(aq) + H2 O(l) → CH4 (g) + HCO3 (aq) (69)
+
4 H2 (aq) + HCO−
3 (aq) + H(aq) → CH4 (g) + 3 H2 O(l) (70)

4.7 Indicadores de desempenho

A eficiência de remoção de matéria orgânica total (ɛST) no sistema foi calculada pela
Equação (71), na qual CSAFL é a concentração de matéria orgânica total no afluente e CST é a
concentração de matéria orgânica total no efluente. A eficiência de remoção de matéria orgânica
filtrada (εSF) foi calculada pela Equação (72), na qual CSF é a concentração de matéria orgânica
filtrada no efluente.

CSAFL − CST
ST (%) = 100 (71)
CSAFL
CSAFL − CSF
SF (%) = 100 (72)
CSAFL

A carga orgânica aplicada volumétrica aplicada (COVA), definida como sendo a


quantidade de matéria orgânica aplicada ao reator por unidade de tempo e por volume de meio
do reator (gDQO.L-1.d-1), foi calculada pela Equação (73), na qual VA é o volume de água
residuária alimentada no ciclo, N é o número de ciclos por dia, CSAFL é a concentração de
matéria orgânica no afluente e VR é o volume de água residuária no reator. A carga orgânica
aplicada específica (COAE), definida como sendo a quantidade de matéria orgânica aplicada
ao reator por unidade de tempo e por massa de sólidos totais voláteis no reator
(gDQO.gSVT- 1.d- 1), foi calculada pela Equação (74), na qual MSVT é a massa de sólidos
voláteis totais no interior do reator.

COVA =
(VA  N )  CSAFL
(73)
VR

(VA  N )  CSAFL
COAE = (74)
M SVT
70

A carga orgânica removida volumétrica (CORVSF) para amostras filtradas, definida como
sendo a quantidade de matéria orgânica removida pelo reator por unidade de tempo e por
volume de meio do reator (gDQO.L-1.d-1), foi calculada pela Equação (75). A carga orgânica
removida específica (CORESF) para amostras filtradas, definida como sendo a quantidade de
matéria orgânica removida pelo reator por unidade de tempo e por massa de sólidos totais
voláteis no reator (gDQO.gSVT-1.d-1), foi calculada pela Equação (76).

(VA  N )  (C SAFL − C SF )
CORVSF = (75)
VR
(VA  N )  (C SAFL − C SF )
CORE SF = (76)
M SVT

A produtividade molar volumétrica (PrM), definida pela quantidade de metano (CH4)


produzida por unidade de tempo e por volume de meio líquido no reator (molCH4.m-3.d-1), foi
calculada pela Equação (77), na qual n CH 4 é a quantidade molar de metano produzido por dia.

A produtividade molar específica (PrME), definida pela quantidade de metano (CH4) produzida
por unidade de tempo e por massa de sólidos voláteis totais no interior do reator
(molCH4.kgSVT-1.d-1), foi calculada pela Equação (78).

n CH 4
Pr M = (77)
VR
n CH 4
Pr ME = (78)
M SVT

O rendimento entre metano (molar) produzido e a matéria orgânica (massa) aplicada na


forma de DQO (RMCA) é definido pela quantidade de metano (CH4) produzida (em mol) pela
quantidade de matéria orgânica aplicada (molCH4.kgDQO-1), foi calculado pela Equação (79).
O rendimento entre metano produzido (molar) e matéria orgânica (massa) removida (RMCR),
definido pela quantidade de metano produzida pela quantidade de matéria orgânica removida
(molCH4.kgDQO-1), foi calculado pela Equação (80).

n CH 4
RMCA = (79)
N  VA  C AFL
71

n CH 4
RMCR = (80)
N.VA .(C CAFL − C CF )

4.8 Estimativa de ampliação de escala

Para estimar as quantidades de bioenergia (metano) e de água tratada obtidas em escala


industrial foi realizado em estudo de caso a partir de informações de uma indústria de laticínios
de pequeno porte, localizada no estado de Goiás. Foram considerados os parâmetros dos
AnSBBRs (acidogênico e metanogênico) operados em escala laboratorial referentes as
condições na qual os reatores apresentaram melhores valores de desempenho.
A Figura 5 apresenta um fluxograma que indica as etapas para estimativa do volume do
reator metanogênico de duas etapas em escala industrial. Essa metodologia foi proposta por
Albanez et al., (2016) e Volpini et al., (2018).

Figura 5 – Fluxograma da estimativa do volume do reator metanogênico em escala industrial.

Etapa I – Determinação do volume de Etapa II – Primeira estimativa de Etapa IV – Segunda estimativa de


água residuária a ser tratada por ciclo ampliação de escala do reator ampliação de escala do reator
e por dia para o reator metanogênico metanogênico metanogênico

(VA)metanogênico (VR)IND 4 (VA)IND 5


(VRES)IND 5
(VT)IND 5
(VR)IND 5
(VA.N)metanogênico (FC)IND 4
(VB+S)IND 5

(VA)IND 4 Etapa V – Estimativa final de


(VRES)IND 4 ampliação de escala do reator
(VT)IND 4 metanogênico
(VB+S)IND 4

(VA)IND 6
Etapa III – Determinação do volume
de efluente do reator acidogênico e do
volume de diluição fornecido ao
reator metanogênico (FC)IND 6

Balanço de massa (VA)IND 6


(VAE)IND 4 (VRES)IND 6
(VD)IND 4 (VT)IND 6
(VB+S)IND 6

Fonte: Adaptado de Albanez et al. (2016) e Volpini et al. (2018).


72

O afluente do reator metanogênico é o efluente do reator acidogênico, mas suas


concentrações são diferentes. Portanto, é necessário ajustar a concentração usando o volume de
diluição.

Etapa I – Determinação do volume de água residuária a ser tratada por ciclo e por dia
no reator metanogênico.
O volume de água residuária (efluente do reator acidogênico) tratada por ciclo no reator
metanogênico ((VA)metanogênico) foi calculado pela Equação (81), na qual (VA)IND 3 é o
volume alimentado do reator acidogênico, em escala industrial. O volume de água residuária
tratada por dia ((VA‧N)metanogênico) foi calculado pela Equação (82), na qual N é o número
de ciclo por dia do reator metanogênico (parâmetro laboratorial referente a condição na qual o
reator apresentou melhor desempenho).

(𝑉𝐴 )𝑚𝑒𝑡𝑎𝑛𝑜𝑔ê𝑛𝑖𝑐𝑜 = (𝑉𝐴 )𝐼𝑁𝐷 3 (81)


(𝑉𝐴 ∙ 𝑁)𝑚𝑒𝑡𝑎𝑛𝑜𝑔ê𝑛𝑖𝑐𝑜 = (𝑉𝐴 )𝑚𝑒𝑡𝑎𝑛𝑜𝑔ê𝑛𝑖𝑐𝑜 ∙ 𝑁 (82)

Etapa II – Primeira estimativa de ampliação de escala do reator metanogênico


Primeiramente, o volume total de meio líquido do reator metanogênico estimado em
escala industrial ((VR)IND 4 foi calculado pela Equação (83). É importante ressaltar que os
parâmetros utilizados (concentração de afluente – CAFL metanogênico; concentração de efluente –
CEFL metanogênico; e carga orgânica volumétrica removida – COVR metanogênico) são os mesmos
referentes a condições na qual o reator metanogênico apresentou melhor desempenho em escala
laboratorial.

(𝑉𝐴 ∙𝑁)𝑚𝑒𝑡𝑎𝑛𝑜𝑔ê𝑛𝑖𝑐𝑜 ∙(𝐶𝐴𝐹𝐿 𝑚𝑒𝑡𝑎𝑛𝑜𝑔ê𝑛𝑖𝑐𝑜 −𝐶𝐸𝐹𝐿 𝑚𝑒𝑡𝑎𝑛𝑜𝑔ê𝑛𝑖𝑐𝑜 )


(𝑉𝑅 )𝐼𝑁𝐷 4 = (83)
𝐶𝑂𝑉𝑅𝑚𝑒𝑡𝑎𝑛𝑜𝑔ê𝑛𝑖𝑐𝑜

Para determinar a estimativa do volume alimentado por ciclo ((VA)IND 4), do volume
residual ((VR)IND 4), do volume total ((VT)IND 4) e do volume de biomassa e de suporte ((VB+S)IND
4), foi utilizado um fator de conversão ((FC)IND 4 – Equação 84) entre o volume total estimado
de meio líquido ((VR)IND 4) e o volume total de meio líquido do reator metanogênico em escala
laboratorial (VR).
73

(𝑉𝑅 )𝐼𝑁𝐷 4
(𝐹𝐶)𝐼𝑁𝐷 4 = (84)
(𝑉𝑅 )

Em seguida, foram calculados os outros volumes do reator metanogênico em escala


industrial (Equações 85 a 88), em que (VA)metanogênico, (VRES)metanogênico,
(VT)metanogênico e (VB+S)metanogênico são volumes referente a escala laboratorial na
condições na qual o reator metanogênico apresentou melhor desempenho.

(𝑉𝐴 )𝐼𝑁𝐷 4 = (𝑉𝐴 )𝑚𝑒𝑡𝑎𝑛𝑜𝑔ê𝑛𝑖𝑐𝑜 ∙ (𝐹𝐶)𝐼𝑁𝐷 4 (85)


(𝑉𝑅𝐸𝑆 )𝐼𝑁𝐷 4 = (𝑉𝑅𝐸𝑆 )𝑚𝑒𝑡𝑎𝑛𝑜𝑔ê𝑛𝑖𝑐𝑜 ∙ (𝐹𝐶)𝐼𝑁𝐷 4 (86)
(𝑉𝑇 )𝐼𝑁𝐷 4 = (𝑉𝑇 )𝑚𝑒𝑡𝑎𝑛𝑜𝑔ê𝑛𝑖𝑐𝑜 ∙ (𝐹𝐶)𝐼𝑁𝐷 4 (87)
(𝑉𝐵+𝑆 )𝐼𝑁𝐷 4 = (𝑉𝐵+𝑆 )𝑚𝑒𝑡𝑎𝑛𝑜𝑔ê𝑛𝑖𝑐𝑜 ∙ (𝐹𝐶)𝐼𝑁𝐷 4 (88)

Etapa III – Determinação do volume de efluente do reator acidogênico e do volume de


diluição fornecido ao reator metanogênico.
Nessa Etapa ocorreu a determinação do volume de efluente do reator acidogênico
((VAE)IND 4) e do volume de diluição alimentado ((VD)IND 4) no reator metanogênico estimado
em escala industrial na Etapa II. Isso é necessário pois na Etapa II foi considerado que o
efluente do reator acidogênico foi diluído antes de ser alimentado no reator metanogênico. Para
calcular esses volumes, foi utilizado um balanço de massa (Equações 89 e 90).
É importante observar que a concentração do volume de diluição foi considerada a mesma
que a concentração do efluente do reator metanogênico em escala laboratorial (CEFL metanogênico)
referente a condição na qual o reator apresentou melhor desempenho. Na equação 64, CAFL
metanogênico e CEFL acidogênico são as concentrações do afluente do reator metanogênico em escala
laboratorial e do efluente do reator acidogênico em escala laboratorial, respectivamente. Ambas
as concentrações são referentes as condições nas quais os reatores apresentaram melhores
desempenhos.

(𝑉𝐴 )𝐼𝑁𝐷 4 = (𝑉𝐴𝐸 )𝐼𝑁𝐷 4 + (𝑉𝐷 )𝐼𝑁𝐷 4 (89)


(𝑉𝐴 )𝐼𝑁𝐷 4 ∙ 𝐶𝐴𝐹𝐿 𝑚𝑒𝑡𝑎𝑛𝑜𝑔ê𝑛𝑖𝑐𝑜 = (𝑉𝐴𝐸 )𝐼𝑁𝐷 4 ∙ 𝐶𝐸𝐹𝐿 𝑎𝑐𝑖𝑑𝑜𝑔ê𝑛𝑖𝑐𝑜 + (𝑉𝐷 )𝐼𝑁𝐷 4 ∙ 𝐶𝐸𝐹𝐿 𝑚𝑒𝑡𝑎𝑛𝑜𝑔ê𝑛𝑖𝑐𝑜 (90)
74

Etapa IV- Segunda estimativa de ampliação de escala do reator metanogênico


Essa etapa considera que a diluição é realizada dentro do reator metanogênico. Dessa
forma, o volume residual desta etapa ((VRES)IND 5) foi calculado pelo volume residual definido
na Etapa II ((VRES)IND 4) mais o volume de diluição determinado na Etapa III ((VD)IND 4)
(Equação 91). O volume alimentado do reator metanogênico desta Etapa ((VA)IND 5) se tornou
apenas o volume do efluente do reator acidogênico (determinado na Etapa III), como mostrado
na Equação 92. As Equações 93 a 96, apresentam como foram calculados os volumes: total do
reator ((VT)IND 5), total de meio líquido ((VR)IND 5) e de biomassa mais suporte ((VB+S)IND 5),
respectivamente.

(𝑉𝑅𝐸𝑆 )𝐼𝑁𝐷 5 = (𝑉𝑅𝐸𝑆 )𝐼𝑁𝐷 4 + (𝑉𝐷 )𝐼𝑁𝐷 4 (91)


(𝑉𝐴 )𝐼𝑁𝐷 5 = (𝑉𝐴𝐸 )𝐼𝑁𝐷 4 (92)
(𝑉𝑇 )𝐼𝑁𝐷 5 = (𝑉𝑇 )𝐼𝑁𝐷 4 (93)
(𝑉𝑅 )𝐼𝑁𝐷 5 = (𝑉𝑅𝐸𝑆 )𝐼𝑁𝐷 5 + (𝑉𝐹 )𝐼𝑁𝐷 5 (94)
(𝑉𝐵+𝑆 )𝐼𝑁𝐷 5 = (𝑉𝐵+𝑆 )𝐼𝑁𝐷 4 (95)

Etapa V – Estimativa final de ampliação de escala do reator metanogênico


Por conta dos ajustes nas etapas anteriores, o volume alimentado por ciclo ((VA)IND 5) é
menor em comparação ao volume de efluente produzido do reator acidogênico
((VA)metanogênico), calculado na Etapa I. Portanto, uma etapa final para estimativa de volume
foi necessária.
Um novo fator de conversão ((FC)IND 6), entre o volume alimentado no reator industrial
desta Etapa V ((VA)IND 6) e o volume alimentado no reator industrial da Etapa IV ((VA)IND 5),
foi estabelecido como mostrado nas Equações 96 e 97, respectivamente.

(𝑉𝐴 )𝐼𝑁𝐷 6 = (𝑉𝐴 )𝑚𝑒𝑡𝑎𝑛𝑜𝑔ê𝑛𝑖𝑐𝑜 (96)


(𝑉 )
(𝐹𝐶)𝐼𝑁𝐷 6 = (𝑉 𝐴) 𝐼𝑁𝐷 6 (97)
𝐴 𝐼𝑁𝐷 5

Em seguida, foram calculados os demais volumes do reator metanogênico em escala


industrial (Equações 98 a 101): Residual ((VRES)IND 6), total do reator ((VT)IND 6), total de meio
líquido ((VR)IND 6) e de biomassa mais suporte ((VB+S)IND 6).
75

(𝑉𝑅𝐸𝑆 )𝐼𝑁𝐷 6 = (𝑉𝑅𝐸𝑆 )𝐼𝑁𝐷 5 ∙ (𝐹𝐶)𝐼𝑁𝐷 6 (98)


(𝑉𝑇 )𝐼𝑁𝐷 6 = (𝑉𝑇 )𝐼𝑁𝐷 5 ∙ (𝐹𝐶)𝐼𝑁𝐷 6 (99)
(𝑉𝑅 )𝐼𝑁𝐷 6 = (𝑉𝑅 )𝐼𝑁𝐷 5 ∙ (𝐹𝐶)𝐼𝑁𝐷 6 (100)
(𝑉𝐵+𝑆 )𝐼𝑁𝐷 6 = (𝑉𝐵+𝑆 )𝐼𝑁𝐷 5 ∙ (𝐹𝐶)𝐼𝑁𝐷 6 (101)

4.9 Estimativa de produção de energia

O método utilizado para estimativa da produção de energia foi baseado no trabalho de


Albanez et al. (2016).
Com intuito de estimar a energia produzida pelo reator em escala industrial, a produção
de biogás (metano) e a energia potencial liberada pela combustão de metano foram usadas como
parâmetro de projeto. Essa estimativa calculou a energia gerada (energia produzida pela geração
de metano – EM) através da produção molar diária de metano (ProdM) e da entalpia de
combustão do metano (ΔHC-M) (Equações 102 e 103). Foi considerado a entalpia de combustão
do metano de 803 kJ.mol-1 (PERRY, 1950).
A produção diária de metano (ProdM) foi calculada com base: no volume total de meio
líquido (parâmetro obtido na estimativa do volume do reator metanogênico – (VR)IND 6), no
rendimento molar de metano por carga orgânica removida e na carga orgânica volumétrica
removida (parâmetros obtidos no reator metanogênico em escala laboratorial referente a
condição na qual o reator apresentou melhor desempenho – RMCR metanogênico e COVR
metanogênico, respectivamente).

𝑃𝑟𝑜𝑑𝑀 = 𝐶𝑂𝑉𝑅𝑚𝑒𝑡𝑎𝑛𝑜𝑔ê𝑛𝑖𝑐𝑜 ∙ (𝑉𝑅 )𝐼𝑁𝐷 6 ∙ 𝑅𝑀𝐶𝑅𝑚𝑒𝑡𝑎𝑛𝑜𝑔ê𝑛𝑖𝑐𝑜 (102)


1𝑑
𝐸𝑀 = 𝑃𝑟𝑜𝑑𝑀 ∙ ∆𝐻𝐶−𝑀 ∙ (24∙3600𝑠) (103)

Para realizar uma análise comparativa da produção de energia entre um sistema de um


estágio (um reator tratando soro para produção de metano) e de dois estágios (um primeiro
reator tratando soro para produção de hidrogênio e um segundo reator tratando o efluente do
primeiro para produção de metano), foram calculados os rendimentos de energia por carga
orgânica removida para sistemas de dois estágios e de um estágio completos (ɤA+M e ɤEU –
respectivamente – Equações 105 e 106). Estes parâmetros são intensivos, que permitem que a
análise proposta seja uma função da matéria orgânica removida na forma de DQO. Foi
considerado a entalpia de combustão do hidrogênio (ΔHC-H) de 242 kJ.mol-1 (PERRY, 1950).
76

A produção diária de hidrogênio (ProdH) foi calculada com base: no volume total de meio
líquido (parâmetro do reator acidogênico em escala industrial – (VR)IND 3), no rendimento molar
de hidrogênio por carga orgânica removida e na carga orgânica volumétrica removida
(parâmetros do reator acidogênico em escala laboratorial referente a condição na qual o reator
apresentou melhor desempenho – RMCR acidogênico e COVR acidogênico, respectivamente).

𝑃𝑟𝑜𝑑𝐻 = 𝐶𝑂𝑉𝑅𝑎𝑐𝑖𝑑𝑜𝑔ê𝑛𝑖𝑐𝑜 ∙ (𝑉𝑅 )𝐼𝑁𝐷 3 ∙ 𝑅𝑀𝐶𝑅𝑎𝑐𝑖𝑑𝑜𝑔ê𝑛𝑖𝑐𝑜 (104)

𝑀𝑃𝑟𝐻 ∙∆𝐻𝐶−𝐻 ∙(𝑉𝑅 )𝐼𝑁𝐷 3 +𝑀𝑃𝑟𝑀 ∙∆𝐻𝐶−𝑀 ∙(𝑉𝑅 )𝐼𝑁𝐷 6


𝛾𝐴+𝑀 = 𝐶𝑂𝑉𝑅 (105)
𝑎𝑐𝑖𝑑𝑜𝑔ê𝑛𝑖𝑐𝑜 ∙(𝑉𝑅 )𝐼𝑁𝐷 3 +𝐶𝑂𝑉𝑅𝑚𝑒𝑡𝑎𝑛𝑜𝑔ê𝑛𝑖𝑐𝑜 ∙(𝑉𝑅 )𝐼𝑁𝐷 6

𝑀𝑃𝑟𝑀 ∙∆𝐻𝐶−𝑀 ∙(𝑉𝑅 )𝐼𝑁𝐷 6


𝛾𝐸𝑈 = 𝐶𝑂𝑉𝑅 (106)
𝑚𝑒𝑡𝑎𝑛𝑜𝑔ê𝑛𝑖𝑐𝑜 ∙(𝑉𝑅 )𝐼𝑁𝐷 6

Na Equação 106, ProdM e COVR metanogênico são referentes a produção diária de


metano e a carga orgânica volumétrica removida, respectivamente. Sendo que, ambos os
parâmetros são do reator metanogênico relativo ao sistema de um estágio (SIQUEIRA et al.,
2018) em escala laboratorial.
A energia produzida pela geração de hidrogênio (EH) foi calculada através da produção
molar diária de metano (ProdH) e da entalpia de combustão do metano (ΔHC-H – Equações 107).

1𝑑
𝐸𝐻 = 𝑃𝑟𝑜𝑑𝐻 ∙ ∆𝐻𝐶−𝐻 ∙ (24∙3600 𝑠) (107)

4.10 Análise financeira simplificada

Com a finalidade de avaliar economicamente os sistemas de digestão anaeróbia realizados


em estágio único e em dois estágios pelo tratamento termofílico de soro de leite para produção
de metano, foram calculadas as estimativas do capital total investido de cada projeto e seus
respectivos potenciais retornos de capital considerando a economia ao empregar o metano ao
invés do gás liquefeito de petróleo (GLP – gás utilizado como combustível pela indústria de
laticínios analisada) em caldeiras para produção de vapor (Figura 6).
77

Figura 6 – Fluxograma da metodologia utilizada para análise financeira.

Estimativa do volume
Cálculo do volume de Cálculo do custo de
do reator industrial
bombas e tanques reatores, bombas e
(LOVATO et al., tanques
(FUESS et al., 2017)
2020)

Cálculo do custo Cálculo do custo


Cálculo da soma dos direto da planta (CDP) indireto da planta
custos (Ec) (Fator Global de (CIND) (Fator Global
Lang) de Lang)

Cálculo do capital Cálculo do retorno de


fixo (CF) capital

Fonte: Autora, 2021.

O cálculo do capital investido (CI) relacionou as variáveis mais relevantes do projeto para
a avaliação econômica. Este foi baseado no método de Yamamoto, Takeshita e Kaminski
(2012). O capital total investido é a soma do capital fixo (CF) e o capital de giro (CG). O capital
fixo corresponde ao investimento requerido para implementar o sistema de tratamento e o
capital de giro refere-se ao custo para manter a unidade em operação.
Inicialmente, para o cálculo do CF foram obtidos alguns parâmetros dos equipamentos
mais custosos, sendo estes os biorreatores, as bombas e os tanques de armazenamento. Os
valores de volume da bomba (VBomba) e do tanque (VTanque) foram determinados a partir das
Equações (108 e 109).
𝑉
𝑉𝐵𝑜𝑚𝑏𝑎 = ( 𝑉𝐵𝑜𝑚𝑏𝑎,𝐴𝑅𝑇 ) ∙ (𝑉𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 )𝐼𝑁𝐷 (108)
𝑟𝑒𝑎𝑡𝑜𝑟,𝐴𝑅𝑇

𝑉𝑇𝑎𝑛𝑞𝑢𝑒,𝐴𝑅𝑇
𝑉𝑇𝑎𝑛𝑞𝑢𝑒 = ( 𝑉 ) ∙ (𝑉𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 )𝐼𝑁𝐷 (109)
𝑟𝑒𝑎𝑡𝑜𝑟,𝐴𝑅𝑇

O trabalho de Fuess et al. (2017) foi utilizado para estimar os volumes dos tanques e
bombas usados em escala industrial, por meio da proporção entre o volume do reator calculado
nos projetos de estágio único e de dois estágios (VTotal)IND e o exposto no artigo (VReator,ART –
FUESS et al., 2017). Além disso foram utilizados os volumes da bomba (VBomba,ART) e do tanque
(VTanque,ART) também encontrados no trabalho de referência.
78

Os custos dos equipamentos foram obtidos através das Equações (110, 111 e 112).
Utilizaram-se os volumes determinados anteriormente ((VTotal)IND, VBomba e VTanque); os
parâmetros de valor de mercado em reais dos biorreatores (VMReator), das bombas (VMBombas) e
dos tanques (VMTanques); e o número de biorreatores (NReatores), bombas (NBombas) e tanques
(NTanques).

𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑑𝑜𝑠 𝑟𝑒𝑎𝑡𝑜𝑟𝑒𝑠 = (𝑉𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 )𝐼𝑁𝐷 ∙ 𝑉𝑀𝑅𝑒𝑎𝑡𝑜𝑟 ∙ 𝑁𝑅𝑒𝑎𝑡𝑜𝑟𝑒𝑠 (110)

𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑑𝑎𝑠 𝑏𝑜𝑚𝑏𝑎𝑠 = 𝑉𝐵𝑜𝑚𝑏𝑎 ∙ 𝑉𝑀𝐵𝑜𝑚𝑏𝑎 ∙ 𝑁𝐵𝑜𝑚𝑏𝑎𝑠 (111)

𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑑𝑜𝑠 𝑡𝑎𝑛𝑞𝑢𝑒𝑠 = 𝑉𝑇𝑎𝑛𝑞𝑢𝑒 ∙ 𝑉𝑀𝑇𝑎𝑛𝑞𝑢𝑒 ∙ 𝑁𝑇𝑎𝑛𝑞𝑢𝑒𝑠 (112)

A partir disso, calculou-se o custo total com equipamentos (EC), somando os custos
apresentados anteriormente (Equação 113).

𝐸𝑐 = 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑑𝑜𝑠 𝑟𝑒𝑎𝑡𝑜𝑟𝑒𝑠 + 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜𝑠 𝑑𝑎𝑠 𝑏𝑜𝑚𝑏𝑎𝑠 + 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜𝑠 𝑑𝑜𝑠 𝑡𝑎𝑛𝑞𝑢𝑒𝑠 (113)

Para que fosse feita uma estimativa real do capital total investido do projeto, utilizou-se
o Método do Fator Global de Lang (FL). Esta metodologia foi desenvolvida por Lang (1948) e
sistematizado por Peters, Timmerhaus e West (2003) e resulta em fatores multiplicativos FL,
que multiplicados pelo custo total dos equipamentos de grande porte resulta no capital total
investido. No método não são considerados os tanques de armazenamento, carga inicial de
catalisador, royalties e o investimento para partida da unidade. Ademais, o método apresenta
erros de aproximadamente 35 %, sendo que a precisão aumenta à medida que os equipamentos
são melhores detalhados (YAMAMOTO, TAKESHITA e KAMINSKI, 2012). Após identificar
os principais equipamentos utilizados no projeto, seus custos e a soma dos custos (EC), foi
necessário 78pplied78on-los pelo percentual do fator de Lang exposto na Tabela 5.

Tabela 5 – Fator de Lang (continua).

Custo Direto da Planta (CDT) R$


Custo dos Equipamentos Ec
Instalação 47 %. Ec
Instrumentação e Controle 36 %. Ec
(Considera Instalação)
Tubulação e Válvulas 68 %. Ec
(Considera Instalação)
Eletricidade 11 %. Ec
(Considera Instalação)
79

Tabela 5 – Fator de Lang (conclusão)


Custo Indireto da Planta (CIND) R$
Engenharia 33 %. Ec
Fonte: Autora, 2021.

Desta forma, o capital fixo foi obtido pela Equação (114) seguindo a metodologia do fator
de Lang. Por fim, o capital investido foi calculado pela Equação (115).

𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝐹𝑖𝑥𝑜 = 𝐶𝐷𝑇 + 𝐶𝐼𝑁𝐷 (114)

𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝐼𝑛𝑣𝑒𝑠𝑡𝑖𝑑𝑜 = 𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝐹𝑖𝑥𝑜 (𝐶𝐹) + 𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙𝑑𝑒 𝐺𝑖𝑟𝑜 (𝐶𝐺) (115)

É importante ressaltar que os valores de mercado dos biorreatores com agitação mecânica
e camisa térmica foram determinados com base no valor de venda praticado por empresa
especializada. Os valores de mercado das bombas foram determinados de acordo com Fuess et
al., (2017).
Ademais, vale mencionar que para essa análise foi considerado que o capital de giro, as
taxas e as contingências estão distribuídos com os custos de toda a unidade industrial
(YAMAMOTO et al., 2012).
O retorno de capital foi calculado pela Equação 117, na qual EGLP é referende a economia
com a substituição do GLP (Equação 116) pelo biogás produzido e CMO é referente ao custo de
manutenção e operação.

(𝐸𝐻 +𝐸𝑀 )∙𝑃∙2,592∙106


𝐸𝑐𝑜𝑛𝑜𝑚𝑖𝑎 𝑀𝑒𝑛𝑠𝑎𝑙 = (116)
𝐵𝑉𝐶

𝑅𝑒𝑡𝑜𝑟𝑛𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 = 𝐸𝐺𝐿𝑃 − 𝐶𝑀𝑂 (117)

Vale ressaltar que a depreciação e as despesas administrativas não foram consideradas.


Além disso, não foi realizada uma análise tributária (EPE, 2021).
Para calcular a economia com a substituição do GLP pelo biogás produzido (EGLP), foram
considerados: valor do poder calorífico inferior de GLP (BVC) de 2,57.107 kJ.m-3 e preço do
GLP (P) no valor de R$ 1171.m-3 (EPE, 2021).
80

4.11 Procedimento experimental da operação do reator

O reator foi preparado colocando em seu interior a biomassa imobilizada em suporte


inerte. A operação foi realizada da seguinte maneira: no ciclo de partida foi alimentado 3,0 L
de meio em 20 min. Após o término da alimentação, iniciou-se a agitação de 200 rpm, que foi
mantida até o final do ciclo. Após este período, agitação foi interrompida e foram descarregados
1,0 L de meio em 10 min, sendo que 2,0 L de volume residual foram mantidos no sistema. Logo
após essa descarga, um novo ciclo teve início, com a alimentação de 1,0 L de meio com vazão
constante, mas em tempos de enchimento diferentes em função da condição experimental, além
da agitação de 200 rpm. Ao término do ciclo, a agitação foi interrompida e, em seguida, iniciou-
se a descarga em 10 min e, assim, o ciclo foi repetido, caracterizando bateladas ou bateladas
alimentadas sequenciais.
Uma vez atingida a estabilidade, ou seja, as variáveis monitoradas apresentaram valores
próximos (desvio máximo de 10 %), foram obtidos os perfis ao longo do ciclo das variáveis
monitoradas: concentrações de matéria orgânica na forma filtrada, de ácidos voláteis totais e
alcalinidade à bicarbonato, de metabólitos intermediários (ácidos voláteis e álcoois), de biogás
(composição e produção), além do pH. Desse modo, foi possível obter uma melhor
compreensão das rotas metabólicas ao longo de um ciclo. As amostras retiradas para obtenção
dos perfis foram colhidas em intervalos de tempo, ao longo do ciclo, de 30 a 60 min. O volume
total retirado nas amostragens foi de no máximo 300 mL, ou seja, menos que 10 % do volume
de meio reacional do sistema.
Ao final de cada condição operacional foram retiradas do reator amostras de biomassa para
exame microbiológico. Os resultados experimentais obtidos no monitoramento do sistema e nos
perfis ao longo de um ciclo, em cada condição operacional, foram analisados considerando-se
a influência das variáveis estudadas sobre a estabilidade e o desempenho do processo.
O AnSBBR foi operado conforme apresentado na Tabela 6, sendo o afluente proveniente
do processo de produção de hidrogênio a partir de soro.
Nas condições 1 e 2, o AnSBBR foi operado em batelada (B – tempo de alimentação de
10 min) e batelada alimentada (BA – tempo de alimentação corresponde a 50 % do tempo de
ciclo), respectivamente, para estudar a influência da estratégia de alimentação. A operação que
apresentou o melhor resultado foi mantida para as próximas condições. Nas condições 3 e 4 foi
estudado a influência do tempo de ciclo, mantendo-se o valor da carga orgânica volumétrica
aplicada (COVA).
81

Nas condições 5 e 6, foi estudado o aumento da carga orgânica volumétrica aplicada


(COVA), em função do aumento da concentração de afluente (CSAFL). O tempo de ciclo e a
estratégia de alimentação foram mantidos conforme o melhor resultado obtido nas condições
anteriores. A carga orgânica volumétrica aplicada (COVA) foi aumentada de 7,0 até
15 gDQO.L- 1.d-1. Nas condições 7 e 8, foi estudo a influência da temperatura, dentro da faixa
termofílica, mantendo-se constantes a carga orgânica volumétrica aplicada (COVA) e o tempo
de ciclo, que apresentaram melhores resultados.
Por fim, na condição 9, com objetivo de comparar a faixa de temperatura termofílica e
mesofílica, a temperatura foi modificada para valor inferior de 35 °C, mantendo-se a estratégia
de alimentação, a carga orgânica volumétrica aplicada e o tempo de ciclo com os melhores
resultados nas etapas de operação anteriores.

Tabela 6 – Condições experimentais.

CSAFL tC tF COVA T
Condições Operação
(mgDQO.L-1) (h) (h) (gDQO.L-1.d-1) (°C)
A B 1000-5000 8,0 4,0 3,0-7,0 30-55
1 B 5000 8,0 10 (min) 55
7,0
2 BA 5000 8,0 4,0 55
3 3740 6,0 3,0 55
BA 7,0
4 2493 4,0 2,0 55
5 5500 6,0 3,0 10,0 55
BA
6 8250 6,0 3,0 15,0 55
7 8250 6,0 3,0 15,0 50
BA
8 8250 6,0 3,0 15,0 45
A BA 1000-8250 6,0 3,0 3,0-15,0 30-35
9 BA 8250 6,0 3,0 15,0 35
B = Batelada; BA = Batelada alimentada; A = adaptação.
Fonte: Autora, 2020.

Na condição de operação em batelada, o tempo de alimentação (tF) foi de 10 min e na


operação em batelada alimentada, de 50 % do tempo de ciclo (tC), ou seja, em 50 % do tempo
total de ciclo o sistema funcionou em batelada alimentada (alimentação e reação) e nos 50 %
restantes em batelada (reação sem alimentação).
É importante destacar que a condição de adaptação da biomassa (A) foi realizada
aumentando gradualmente a concentração de afluente (1000, 2000, 3000, 4000 e
5000 mgDQO.L-1); sendo responsável pela variação da carga orgânica volumétrica aplicada e
a temperatura também será gradualmente aumentada (30, 35, 40, 45, 50 e 55 °C). Antes da
condição 9, que caracteriza a mudança da faixa termofílica para a mesofílica, foram realizadas:
mudança do inóculo (UASB, tratando água residuária de abatedouro de aves) e adaptação da
82

biomassa. A concentração de afluente foi aumentada gradualmente (1000, 2000, 3000, 4000,
5000, 6000, 7000 e 8250 mgDQO.L-1). O uso desse inóculo se justifica pelo fato do lodo já
apresentar um consórcio microbiano diverso e adaptado para o tratamento de águas residuárias,
em condições anaeróbias, com altas cargas de matéria orgânica (DQO, sólidos suspensos, óleos
e graxas), nitrogênio e fósforo, características essas de efluentes de abatedouro de aves (DEL
NERY et al., 2008).
83

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nesta seção serão apresentados os resultados referentes aos dados de monitoramento da


estabilidade e do desempenho do reator em todas as condições, além da discussão. A
interpretação referente aos aspectos de adequação ambiental e recuperação de energia foram
incluídas entre os resultados de cada condição de acordo com os objetivos propostos.
Anterior ao início das condições, o reator foi submetido ao um período de adaptação do
inóculo no qual houve um aumento gradual da temperatura e da carga orgânica volumétrica
aplicada por meio do aumento da concentração de afluente. A água residuária alimentada foi
proveniente do efluente de AnSBBR aplicado à produção de hidrogênio pela digestão de soro,
em condição termofílica, sendo assim, necessária a suplementação de bicarbonato de sódio a
uma relação de 1 gNaHCO3.gDQO-1.
Primeiramente, foi necessário realizar uma condição de adaptação da biomassa. A
concentração de afluente foi aumentada gradativamente durante 20 dias (1,0 à 5,0 gDQO.L-1),
a fim de variar a carga orgânica volumétrica aplicada de 3,0 à 7,0 gDQO.L-1.d-1 e assim,
posteriormente, foi iniciada a Condição 1. Em relação a temperatura, essa foi aumentada,
gradativamente, de 30 °C até 55 °C. A adaptação da biomassa às condições impostas foi
confirmada pelos resultados iniciais apresentados na primeira condição. Além disso, foi
necessária outra adaptação antes da condição 9, que caracteriza a mudança da faixa termofílica
para a mesofílica. A concentração de afluente foi aumentada gradativamente durante 30 dias
(1,0 à 8,25 gDQO.L-1), a fim de variar a carga orgânica volumétrica aplicada de 3,0 à
15,0 gDQO.L-1.d-1 e assim, posteriormente, foi iniciada a Condição 9. Em relação a
temperatura, essa foi aumentada, gradativamente, de 30 °C até 35 °C. Deste modo,
desconsiderando os períodos de adaptação da biomassa e considerando as 9 condições, cada
condição teve uma duração média de 18 dias.
É importante ressaltar que a diferença entre os parâmetros afluente, apresentados nas
tabelas dos resumos das condições, e os valores desses parâmetros nos pontos iniciais dos perfis
deve-se à diluição do substrato alimentado no volume residual do reator, uma vez que o reator
utilizado operou com volume residual de 1,2 L e 1 L de volume alimentado/descarregado. O
volume residual foi utilizado para base de cálculo dos parâmetros relacionados ao volume de
água residuária do reator. A atribuição do valor inicial de volume residual para base de cálculo
foi feita a fim de evitar interferências desse aspecto nas análises mencionas nos objetivos.
84

5.1 Influência da estratégia de alimentação (batelada e batelada alimentada)

5.1.1 Condição 1 (5000 mgDQO.L-1; 8 h; Batelada; 55 °C)

Na Condição 1, o AnSBBR foi operado em bateladas sequenciais, a 55 °C, tratando água


residuária proveniente do efluente de AnSBBR aplicado à produção de hidrogênio pela digestão
de soro, em condição termofílica por 16 dias (48 ciclos). O tempo do ciclo (tC) foi de 8 h e o
tempo de alimentação (tF) foi de 10 min. A concentração do afluente foi de 5000 mgDQO.L-1.
O valor nominal da carga orgânica volumétrica aplicada (COVA) foi de
7,0 gDQO.L- 1.d- 1, a COVA efetiva foi de 7,13 gDQO.L-1.d-1, sendo dessa removidos
6,66 gDQO.L-1.d-1. A eficiência de remoção de matéria orgânica em termos de amostras não
filtradas e filtradas foi de 91 ± 2 % e de 93 ± 2 %, respectivamente, e de 98 % e de 98 %, no
mesmo requisito para carboidratos.
O pH afluente foi de 8,34 ± 0,20 diminuindo durante o processo para 7,73 ± 0,10 no
efluente, se mantendo na adequado para a produção de metano. Em relação à alcalinidade a
bicarbonato, houve um aumento de 1502 ± 308 para 2794 ± 87 mgCaCO3.L-1. A concentração
de ácidos voláteis totais apresentou uma redução de 1473 ± 432 para 155 ± 42 mgHAc.L-1.
Dessa maneira, é possível verificar que houve geração de alcalinidade no sistema e consumo
de ácidos voláteis.
A composição média de metano do biogás foi de 71,9 %, com produtividade molar de
metano de 57,06 molCH4.m-3.d-1 e rendimento de metano por matéria orgânica removida de
8,57 molCH4.DQO-1. A produção de biogás e de metano no final do ciclo apresentou valor
médio de 1350 ± 218 mL e 971 ± 167 mL, respectivamente. A concentração média de metano
e de dióxido de carbono no biogás foi de 20,4 ± 1,23 mmol.L-1 e 8,0 ± 1,09 mmol.L-1,
respectivamente, indicando assim, que os ciclos atingiram as mesmas condições no que diz
respeito às características qualitativas da fermentação anaeróbia.
Os valores médios das variáveis monitoradas no afluente e efluente são apresentados na
Tabela 7. As Figuras 7 e 8 apresentam, respectivamente, a variação da concentração (CS) e da
eficiência de remoção de matéria orgânica (εS) em termos de DQO para o afluente e para o
efluente (para amostras não filtradas e filtradas) ao longo do período de operação do AnSBBR.
As Figuras 9 e 10 apresentam a variação da concentração (CC) e da eficiência de remoção de
carboidratos (εC) para o afluente e para o efluente (para amostras não filtradas e filtradas) ao
longo do período de operação do AnSBBR. A produção de biogás e de metano no final do ciclo
85

é apresentada na Figura 11 e a distribuição dos gases no biogás no final do ciclo é apresentada


pela Figura 12.

Tabela 7 – Valores médios das variáveis monitoradas na Condição 1 (continua).

Parâmetro Afluente Efluente

CST (mgDQO.L-1) 5023 ± 221 ( 0 )


436 ± 109 ( 0 )

CSF (mgDQO.L-1) ───── 330 ± 94 ( 0 )

εST (%) ───── 91 ± 2 ( 0 )

εSF (%) ───── 93 ± 2 ( 0 )

CCT (mgCarboidrato.L-1) 1563 ± 627 ( 13 )


36 ± 7 ( 12 )

CCF (mgCarboidrato.L-1) ───── 25 ± 4 ( 12 )

εCT (%) ───── 98 ± 0 ( 12 )

εCF (%) ───── 98 ± 0 ( 12 )

( 13 ) ( 12 )
Ph (u) 8,34 ± 0,20 7,7 ± 0,1
AVT (mgHAc.L-1) 1473 ± 432 ( 13 )
155 ± 42 ( 12 )

AT (mgCaCO3.L-1) 2548 ± 174 ( 13 )


2904 ± 82 ( 12 )

AP (mgCaCO3.L-1) 1650 ± 147 ( 13 )


2344 ± 83 ( 12 )

AI (mgCaCO3.L-1) 898 ± 133 ( 13 )


561 ± 78 ( 12 )

AB (mgCaCO3.L-1) 1502 ± 308 ( 13 )


2794 ± 87 ( 12 )

ST (mg.L-1) 6400 ± 392 ( 5 )


3831 ± 211 ( 4 )

SVT (mg.L-1) 3311 ± 449 ( 5 )


829 ± 115 ( 4 )

SST (mg.L-1) 418 ± 96 ( 5 )


93 ± 40 ( 4 )

SSV (mg.L-1) 316 ± 130 ( 5 )


65 ± 34 ( 4 )

MSVT (g) ───── 0,0


Cx (g.L-1) ───── 0,0
Cx’ (g.gsuporte-1) ───── 0,000
VG (mL.ciclo-1) ───── 1350 ± 218 ( 10 )

Vch4 (mL.ciclo-1) ───── 971 ± 167 ( 10 )

COVAST (gDQO.L-1.d-1) 7,1 ─────


COVRSF (gDQO.L-1.d-1) ───── 6,7
COVACT -1
(gCarboidrato.L .d ) -1
2,2 ─────
COVRCF -1
(gCarboidrato.L .d ) -1
───── 2,2
COEAST (gDQO.gSVT-1.d-1) 0,5 ─────
COERSF (gDQO.gSVT .d ) -1 -1
───── 0,4
COEACT (gCarboidrato.gSVT-1.d-1) 0,14 ─────
COERCF (gCarboidrato.gSVT-1.d-1) ───── 0,14
86

Tabela 8 – Valores médios das variáveis monitoradas na Condição 1 (conclusão).

Parâmetro Afluente Efluente


nCH4 (mmolCH4.d-1) ───── 0,1
PrM (molCH4.m-3.d-1) ───── 57,1
PrME (molCH4.kgSVT .d ) -1 -1
───── 3,7
RMCAS,M (molCH4.kgDQO-1) 8,0 ─────
YA (molCH4.molSubstrato-1) 8,8 ─────
RMCRS,M (molCH4.kgDQO ) -1
───── 8,6
YR (molCH4.molSubstrato-1) ───── 9,0
VA (L) 1,08 ± 0,05 ( 7 )
─────
VR (L) 2,28 ─────
Fonte: Autora, 2020.
Nota: Os valores entre parênteses referem-se ao número de amostras analisadas.

Figura 7 – Concentração de matéria orgânica da Condição 1.

6000

5000
CS (mgDQO.L-1)

4000

3000 Afluente
Filtrado
2000 Não filtrado
1000

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Tempo (d)
Fonte: Autora, 2020.

Figura 8 – Eficiência de remoção de matéria orgânica da Condição 1.

100
80
60
S (%)

40
Filtrado
20 Não filtrado
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Tempo (d)
Fonte: Autora, 2020.
87

Figura 9 – Concentração de carboidratos da Condição 1

2500

CC (mgCarboidrato.L-1)
2000

1500
Filtrado
1000 Não filtrado
Afluente
500

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Tempo (d)
Fonte: Autora, 2020.

Figura 10 – Eficiência de remoção de carboidrato da Condição 1

100

80

60
C (%)

40
Filtrado
20
Não filtrado
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Tempo (d)
Fonte: Autora, 2020.

Figura 11 – Volume de biogás e de metano produzido no final do ciclo da Condição 1

3000
Metano
VG e V CH4 (mL)

2500
Biogás
2000
1500
1000
500
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Tempo (d)
Fonte: Autora, 2020.
88

Figura 12 – Concentração dos componentes do biogás (metano e dióxido de carbono) ao final do ciclo
da Condição 1.

25

20
CG (mmol.L-1)

Metano
15
Dióxido de carbono
10

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Tempo (d)
Fonte: Autora, 2020.

Depois de atingida a estabilidade operacional do sistema, confirmada através da obtenção


de valores aproximadamente constantes para as variáveis monitoradas (desvio máximo de
10 %), avaliou-se o comportamento do reator durante um ciclo de operação. Foram obtidos os
perfis de concentração de matéria orgânica, carboidratos, ácidos voláteis totais, metabólitos
intermediários, alcalinidade total, pH e biogás, conforme apresentado a seguir.
As Figuras 13 e 14 apresentam, respectivamente, os perfis de matéria orgânica e
carboidratos. Percebe-se na primeira hora de ciclo, há um consumo quase total dos carboidratos
(96 %), contudo, a redução de DQO apesar de ser alta (64 %), não acompanha a redução de
carboidratos, o que ocorre devido à formação de ácidos durante o processo, os quais também
contribuem para a medida de DQO. É importante ressaltar que por se tratar de uma batelada, os
maiores valores de concentração de DQO e carboidratos foram identificados no início do ciclo,
2078,5 mgDQO.L-1 e 62,0 mgCarboidratos.L-1, sendo posteriormente reduzidos para
205,4 mgDQO.L-1 e 19,0 mgCarboidratos.L-1 ao final do ciclo, respectivamente.
89

Figura 13 – Perfil de concentração de matéria orgânica da Condição 1

2500

CSF (mgDQO.L-1)
2000
1500
1000
500
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8
Tempo (h)
Fonte: Autora, 2020.

Figura 14 – Perfil de concentração de carboidrato da Condição 1

70
CCF (mgCarboidrato.L-1)

60
50
40
30
20
10
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8
Tempo (h)
Fonte: Autora, 2020.

As Figuras 15, 16 e 17 apresentam, respectivamente, os valores de pH, concentração de


ácidos voláteis e alcalinidade a bicarbonato obtidos ao longo do ciclo de operação. Percebe-se
que até meia hora a partir do início do ciclo é registrado os maiores valores de concentração de
ácidos no sistema, consequentemente, neste mesmo intervalo, registra-se os menores valores de
pH. Isso ocorre por causa do acúmulo dos ácidos voláteis relativo ao efluente do reator
acidogênico. Registra-se, também, um baixo nível de alcalinidade a bicarbonato, o que ocorre
devido à maior demanda de bicarbonato para neutralização desses ácidos. A seguir estes ácidos
são consumidos na etapa de metanogênese, havendo, como consequência, um aumento nos
valores de alcalinidade a bicarbonato e de pH até o término do ciclo de operação. No perfil o
pH variou de 7,78 a 7,58; a alcalinidade a bicarbonato, de 2923 a 2171 mgCaCO3.L-1; e os
ácidos, de 996 a 104 mgHAc.L-1, considerando valores máximos e mínimos.
90

Figura 15 – Perfil da variação de pH da Condição 1

14
12
10
8
pH

6
4
2
0
0 1 2 3 4 5 6
Tempo (h)
Fonte: Autora, 2020.

Figura 16 – Perfil de concentração de ácidos voláteis totais da Condição 1

1000
AVT (mgHAc.L-1)

800
600
400
200
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8
Tempo (h)
Fonte: Autora, 2020.

Figura 17 – Perfil da variação de alcalinidade a bicarbonato da Condição 1

3000
AB (mgCaCO3.L-1)

2500
2000
1500
1000
500
0
0 1 2 3 4 5 6
Tempo (h)
Fonte: Autora, 2020.

Observando os compostos intermediários apresentados na Figura 18, nota-se, na primeira


hora de ciclo, uma grande concentração de ácido acético devido ao efluente do reator
91

acidogênico. Há, também, concentração de outros ácidos orgânicos (propiônico e butírico) ao


longo do ciclo devido ao efluente do reator acidogênico e a etapa de acetogênese. Os picos de
concentrações dos ácidos acético, propiônico e butírico são de 545, 84 e 201 mg.L-1,
respectivamente. Todos os ácidos foram inteiramente consumidos. Destaca-se que não foram
encontradas concentrações de ácido valérico e de etanol.

Figura 18 – Perfil de concentração de ácidos voláteis totais da Condição 1.

600
Ácido Acético
500
Concentração (mg.L-1)

Ácido Propiônico
Ácido Butírico
400
Ácido Valérico
300 Etanol

200
100
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8
Tempo (h)
Fonte: Autora, 2020.

As Figuras 19, 20 e 21 apresentam, respectivamente, o perfil dos volumes médios


acumulados de biogás (VG), o perfil das concentrações médias (CG) de metano e de dióxido de
carbono e o perfil das frações molares (YG) de metano e dióxido de carbono ao longo do ciclo.
Analisando-se os resultados apresentados, nota-se que a produção volumétrica média
acumulada de biogás ocorreu principalmente na primeira metade do ciclo, atingindo um valor
médio de 1350 mL. Vale ressaltar que os desvios padrões observados no volume de biogás são
referentes aos valores coletados ao longo do ensaio, uma vez que o volume foi sempre coletado
em forma de perfil. As concentrações, no final do ciclo, foram de 19,79 mmol.L-1 de metano e
de 7,40 mmol.L-1 de dióxido de carbono. Observa-se que, ao final do ciclo, a composição do
biogás gerado era de 73 % de metano e 27 % de gás carbônico. A produção de metano pelo
sistema indica que as condições impostas foram favoráveis à conversão da matéria orgânica por
vias anaeróbias.
92

Figura 19 – Perfil dos volumes acumulados de biogás produzidos ao longo do ciclo da Condição 1.

Fonte: Autora, 2020.

Figura 20 – Perfil da concentração de metano e dióxido de carbono ao longo do ciclo da Condição 1.

25
20
CG (mMol.L-1)

15 Metano
10 Dióxido de carbono

5
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8
Tempo (h)
Fonte: Autora, 2020.
93

Figura 21 – Perfil da fração molar de metano e dióxido de carbono ao longo do ciclo da Condição 1.

100
80
60
YG (%)
Metano
40 Dióxido de carbono

20
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8
Tempo (h)
Fonte: Autora, 2020.

5.1.2 Condição 2 (5000 mgDQO.L-1; 8 h; Batelada Alimentada; 55 °C)

Na Condição 2, o AnSBBR foi operado em bateladas alimentas sequenciais, a 55 °C,


tratando água residuária proveniente do efluente de AnSBBR aplicado à produção de
hidrogênio pela digestão de soro, em condição termofílica por 18 dias (54 ciclos). O tempo do
ciclo (tC) foi de 8 h e o tempo de alimentação (tF) foi de 4 h, ou seja, 50 % do tempo do ciclo.
A concentração do afluente foi de 5000 mgDQO.L-1.
O valor nominal da carga orgânica volumétrica aplicada (COVA) foi de
7,0 gDQO.L- 1.d- 1, a COVA efetiva foi de 6,96 gDQO.L-1.d-1, sendo dessa removidos
6,44 gDQO.L-1.d-1. A eficiência de remoção de matéria orgânica em termos de amostras não
filtradas e filtradas foi de 91 ± 4 % e de 93 ± 4 %, respectivamente, e de 98 ± 1 % e de 99 ±
1 %, no mesmo requisito para carboidratos.
O pH afluente foi de 8,39 ± 0,33 diminuindo durante o processo para 7,78 ± 0,10, no
efluente, se mantendo na adequado para a produção de metano. Em relação à alcalinidade a
bicarbonato, houve um aumento de 1695 ± 209 para 2908 ± 199 mgCaCO3.L-1. A concentração
de ácidos voláteis totais apresentou uma redução de 1301 ± 217 para 113 ± 217 mgHAc.L-1.
Dessa maneira, é possível verificar que houve geração de alcalinidade no sistema e consumo
de ácidos voláteis.
A composição média de metano do biogás foi de 74 %, com produtividade molar de
metano de 60,28 molCH4.m-3.d-1 e rendimento de metano por matéria orgânica removida de
9,35 molCH4.DQO-1. A produção de biogás e de metano no final do ciclo apresentou valor
médio de 1381 ± 545 mL e 1019 ± 364 mL, respectivamente. A concentração de média de
metano e de dióxido de carbono no biogás foi de 19,84 ± 1,03 mmol.L-1 e 6,99
94

± 3,31 mmol.L- 1 , respectivamente, indicando assim, que os ciclos atingiram as mesmas


condições no que diz respeito às características qualitativas da fermentação anaeróbia.
Os valores médios das variáveis monitoradas no afluente e efluente são apresentados na
Tabela 9. As Figuras 22 e 23 apresentam, respectivamente, a variação da concentração (CS) e
da eficiência de remoção de matéria orgânica (εS) em termos de DQO para o afluente e para o
efluente (para amostras não filtradas e filtradas) ao longo do período de operação do AnSBBR.
As Figuras 24 e 25 apresentam a variação da concentração (CC) e da eficiência de remoção de
carboidratos (εC) para o afluente e para o efluente (para amostras não filtradas e filtradas) ao
longo do período de operação do AnSBBR. A produção de biogás e de metano no final do ciclo
é apresentada na Figura 26 e a distribuição dos gases no biogás no final do ciclo é apresentada
pela Figura 27.

Tabela 9 – Valores médios das variáveis monitoradas na Condição 2 (continua).

Parâmetro Afluente Efluente

CST (mgDQO.L-1) 4940 ± 245 ( 14 )


468 ± 197 ( 14 )

CSF (mgDQO.L-1) ───── 369 ± 187 ( 12 )

εST (%) ───── 91 ± 4 ( 12 )

εSF (%) ───── 93 ± 4 ( 12 )

CCT (mgCarboidrato.L-1) 1873 ± 419 ( 14 )


38 ± 16 ( 13 )

CCF (mgCarboidrato.L-1) ───── 25 ± 13 ( 13 )

εCT (%) ───── 98 ± 1 ( 13 )

εCF (%) ───── 99 ± 1 ( 13 )

( 14 ) ( 13 )
pH (u) 8,39 ± 0,33 7,8 ± 0,1
AVT (mgHAc.L-1) 1301 ± 217 ( 14 )
113 ± 36 ( 13 )

AT (mgCaCO3.L-1) 2619 ± 1346 ( 14 )


2988 ± 202 ( 13 )

AP (mgCaCO3.L-1) 1739 ± 167 ( 14 )


2428 ± 199 ( 13 )

AI (mgCaCO3.L-1) 880 ± 151 ( 14 )


561 ± 145 ( 13 )

AB (mgCaCO3.L-1) 1695 ± 209 ( 14 )


2908 ± 199 ( 13 )

ST (mg.L-1) 6367 ± 274 ( 5 )


3809 ± 141 ( 5 )

SVT (mg.L-1) 3266 ± 227 ( 5 )


813 ± 181 ( 4 )

SST (mg.L-1) 510 ± 101 ( 5 )


119 ± 21 ( 4 )

SSV (mg.L-1) 379 ± 94 ( 5 )


85 ± 25 ( 4 )

MSVT (g) ───── 0,0


Cx (g.L-1) ───── 0,0
95

Tabela 9 – Valores médios das variáveis monitoradas na Condição 2 (conclusão)

Parâmetro Afluente Efluente

Cx’ (g.gsuporte-1) ───── 0,000


VG (mL.ciclo-1) ───── 1381 ± 545 ( 11 )

Vch4 (mL.ciclo-1) ───── 1019 ± 364 ( 11 )

COVAST (gDQO.L-1.d-1) 7,0 ─────


COVRSF (gDQO.L .d ) -1 -1
───── 6,4
COVACT (gCarboidrato.L .d ) -1 -1
1,9 ─────
COVRCF (gCarboidrato.L-1.d-1) ───── 1,9
COEAST (gDQO.gSVTt .d ) -1 -1
0,4 ─────
COERSF (gDQO.gSVT-1.d-1) ───── 0,4
COEACT (gCarboidrato.gSVT-1.d-1) 0,16 ─────
COERCF (gCarboidrato.gSVT .d ) -1 -1
───── 0,16
nCH4 (mmolCH4.d-1) ───── 0,1
PrM (molCH4.m .d ) -3 -1
───── 60,28
PrME (molCH4.kgSVT .d ) -1 -1
───── 3,6
RMCAS,M (molCH4.kgDQO-1) 8,7 ─────
YA (molCH4.molSubstrato ) -1
7,8 ─────
RMCRS,M (molCH4.kgDQO-1) ───── 9,4
YR (molCH4.molSubstrato-1) ───── 7,9
VA (L) 1,06 ± 0,02 ( 14 )
─────
VR (L) 2,26 ─────
Fonte: Autora, 2020.

Figura 22 – Concentração de matéria orgânica da Condição 2.

6000
5000
CS (mgDQO.L-1)

4000
3000 Filtrado
Não filtrado
2000 Afluente
1000
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
Tempo (d)
Fonte: Autora, 2020.
96

Figura 23 – Eficiência de remoção de matéria orgânica da Condição 2.

100

80

60
S (%)

40
Filtrado
20 Não filtrado
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
Tempo (d)
Fonte: Autora, 2020.

Figura 24 – Concentração de carboidratos da Condição 2.

3000
CC (mgCarboidrato.L-1)

2500

2000

1500

1000 Filtrado
Não filtrado
500 Afluente
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
Tempo (d)
Fonte: Autora, 2020.

Figura 25 – Eficiência de remoção de carboidratos da Condição 2.

100

80

60
C (%)

40
Filtrado
20
Não filtrado
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
Tempo (d)
Fonte: Autora, 2020.
97

Figura 26 – Volume de biogás e de metano produzido no final do ciclo da Condição 2.

3000
2500
2000
VG (mL)
1500
1000
Metano
500
Biogás
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Tempo (d)
Fonte: Autora, 2020.

Figura 27 – Concentração dos componentes do biogás (metano e dióxido de carbono) ao final do ciclo
da Condição 2.

25
20
CG (mmol.L-1)

15 Metano
10 Dióxido de carbono

5
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Tempo (d)
Fonte: Autora, 2020.

Depois de atingida a estabilidade operacional do sistema, confirmada através da obtenção


de valores aproximadamente constantes para as variáveis monitoradas (desvio máximo de
10 %), avaliou-se o comportamento do reator durante um ciclo de operação. Foram obtidos os
perfis de concentração de matéria orgânica, carboidrato, ácidos voláteis totais, metabólitos
intermediários, alcalinidade total, pH e biogás, conforme apresentado a seguir.
As Figuras 28 e 29 apresentam, respectivamente, os perfis das concentrações de matéria
orgânica e de carboidratos. Percebe-se, que há aumento da concentração de matéria orgânica
até o ponto de 4 horas de ciclo, correspondente ao tempo em que o reator é alimentado, sendo
posteriormente apenas reduzido. A DQO apresentou valor máximo de 641,6 mgDQO.L-1 no
ponto de 2 horas, e mínimo de 192,3 mgDQO.L-1 ao final do ciclo. Em relação ao perfil de
carboidratos, o pico foi de 30,6 mgCarboidrato.L-1 no ponto de 1 horas de ciclo, sendo reduzido
a 19,3 mgCarboidrato.L-1 ao final do ciclo.
98

Figura 28 – Perfil de concentração de matéria orgânica da Condição 2.

1000

CSF (mgDQO.L-1)
800
600
400
200
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8
Tempo (h)
Fonte: Autora, 2020.

Figura 29 – Perfil de concentração de carboidratos da Condição 2.

70
CCF (mgCarboidrato.L-1)

60
50
40
30
20
10
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8
Tempo (h)
Fonte: Autora, 2020.

As Figuras 30, 31 e 32 apresentam, respectivamente, os valores de pH, concentração de


ácidos voláteis e alcalinidade a bicarbonato obtidos ao longo do ciclo de operação. O pH durante
o ciclo não apresentou variação significativa sendo de 7,63 e 7,68, considerando valores
mínimos e máximos. Percebe-se que as primeiras 4 horas do ciclo, que correspondente ao tempo
em que o reator é alimentado, é registrado os maiores valores de concentração de ácidos no
sistema, consequentemente, neste mesmo intervalo, registra-se os menores valores de
alcalinidade a bicarbonato, o que ocorre devido à maior demanda de bicarbonato para
neutralização desses ácidos. A seguir, estes ácidos são consumidos, havendo, como
consequência, um aumento nos valores de alcalinidade a bicarbonato e um leve aumento no
valor de pH até o término do ciclo de operação. No perfil a alcalinidade a bicarbonato variou
de 2766 a 2343 mgCaCO3.L-1; e os ácidos de 448 a 102 mgHAc.L-1, considerando valores
máximos e mínimos.
99

Figura 30 – Perfil da variação de pH da Condição 2.

14
12
10
8
pH 6
4
2
0
0 1 2 3 4 5 6
Tempo (h)
Fonte: Autora, 2020.

Figura 31 – Perfil de concentração de ácidos voláteis totais da Condição 2.


1000
AVT (mgHAc.L-1)

800
600
400
200
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8
Tempo (h)
Fonte: Autora, 2020.

Figura 32 – Perfil da variação de alcalinidade a bicarbonato da Condição 2.

3000
AB (mgCaCO3.L-1)

2500
2000
1500
1000
500
0
0 1 2 3 4 5 6
Tempo (h)
Fonte: Autora, 2020.

Observando os compostos intermediários apresentados na Figura 33, nota-se que a


concentração de ácido acético aumenta nas primeiras 4 horas de ciclo, que corresponde ao
100

tempo em que o reator é alimentado, devido ao afluente apresentar uma elevada concentração
de ácido acético. Há também, nesse mesmo intervalo, o aumento de outros ácidos orgânicos
(propiônico e butírico) ao longo do ciclo em razão do efluente do reator acidogênico e da etapa
de acetogênese, contudo não na mesma proporção do ácido acético. Os picos de concentrações
dos ácidos acético, propiônico e butírico são de 297, 49 e 62 mg.L-1, com concentrações finais
de 122, 25 e 37 mg.L-1, respectivamente. Destaca-se que não foram encontradas concentrações
de ácido valérico e de etanol.

Figura 33 – Perfil de concentração de ácidos voláteis totais da Condição 2.

300
250
Concentração (mg.L-1)

Ácido Acético
200
Ácido Propiônico
150 Ácido Butírico
Ácido Valérico
100 Etanol
50
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8
Tempo (h)
Fonte: Autora, 2020.

As Figuras 34, 35 e 36 apresentam, respectivamente, o perfil dos volumes médios


acumulados de biogás (VG), o perfil das concentrações médias (CG) de metano e de dióxido de
carbono e o perfil das frações molares (YG) de metano e dióxido de carbono ao longo do ciclo.
Analisando-se os resultados apresentados, observa-se que a produção volumétrica média
acumulada de biogás ocorreu principalmente na primeira metade do ciclo, atingindo um valor
médio de 1381 mL. Vale ressaltar que os desvios padrões observados no volume de biogás são
referentes aos valores coletados ao longo do ensaio, uma vez que o volume foi sempre coletado
em forma de perfil. As concentrações, no final do ciclo, foram de 20,30 mmol.L-1 de metano e
de 6,92 mmol.L-1 de dióxido de carbono. Observa-se que, ao final do ciclo, a composição do
biogás gerado era de 75 % de metano e 25 % de gás carbônico. A produção de metano pelo
sistema indica que as condições impostas foram favoráveis à conversão da matéria orgânica por
vias anaeróbias.
101

Figura 34 – Perfil dos volumes acumulados de biogás produzidos ao longo do ciclo da Condição 2.

3000

2500

VG (mL) 2000

1500

1000

500

0
0 1 2 3 4
Tempo (h)
Fonte: Autora, 2020.

Figura 35 – Perfil da concentração de metano e dióxido de carbono ao longo do ciclo da Condição 2.

25
20
CG (mMol.L-1)

15 Metano
10 Dióxido de carbono

5
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8
Tempo (h)
Fonte: Autora, 2020.

Figura 36 – Perfil da fração molar de metano e dióxido de carbono ao longo do ciclo da Condição 2.

100
80
60
YG (%)

Metano
40 Dióxido de carbono
20
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8
Tempo (h)
Fonte: Autora, 2020.
102

5.1.3 Análise da estratégia de alimentação

As duas condições (1 e 2) foram operadas com a mesma carga orgânica volumétrica


aplicada de 7,0 gDQO.L-1.d-1, a mesma concentração de afluente em termos de DQO de
5000 mgDQO.L-1, o mesmo tempo de ciclo de 8 horas e a mesma temperatura de 55 °C,
alternando-se, somente, o tempo de alimentação (10 min para Condição 1 e de 4 horas para
Condição 2), e, portanto, a estratégia de alimentação (batelada para Condição 1 e batelada
alimentada para Condição 2). As Figuras 37 e 38 apresentam, respectivamente, os valores de
concentração e de eficiência de remoção de matéria orgânica no afluente e no efluente, para
amostras filtradas e não filtradas, ao longo duas condições.
A Condição 1 apresentou eficiência de remoção de 93,4 %, considerando amostras
filtradas e a Condição 2 apresentou eficiência levemente menor de 0,7 %, alcançando valor de
92,5 %. A eficiência de remoção de DQO demonstrou estabilidade ao longo das duas condições.
Assim, o sistema poderá ser operado em batelada ou em batelada alimentada sem prejuízos em
termos de eficiência de remoção de matéria orgânica, o que mostra a flexibilidade operacional
desse sistema.

Figura 37 – Monitoramento das concentrações de DQO das Condições 1 e 2.

Fonte: Autora, 2020.


103

Figura 38 – Monitoramento das eficiências de remoção de DQO das Condições 1 e 2.

Fonte: Autora, 2020.

Em relação aos carboidratos, as Figuras 39 e 40 apresentam, respectivamente, os valores


de concentração e de eficiência de remoção de carboidratos no afluente e no efluente, para
amostras filtradas e não filtradas, ao longo duas condições. Ambas as condições apresentaram
valores médios de eficiência de remoção muito próximos, considerando amostras filtradas
(98,4 % na Condição 1 e 98,6 % na Condição 2). Assim, o sistema poderá ser operado em
batelada ou em batelada alimentada sem prejuízos em termos de eficiência de remoção de
carboidratos.

Figura 39 – Monitoramento das concentrações de carboidratos das Condições 1 e 2.

Fonte: Autora, 2020.


104

Figura 40 – Monitoramento das eficiências de remoção de carboidratos das Condições 1 e 2.

Fonte: Autora, 2020.

Pela Tabela 10, percebe-se que tanto para Condição 1, quanto para Condição 2, não houve
uma variação significativa de pH, em relação ao afluente e o efluente. Observa-se, na Figura
41, que os valores de alcalinidade a bicarbonato do efluente foram sempre superiores aos
valores do afluente, indicando que houve geração de alcalinidade no sistema para as condições
impostas ao AnSBBR. Com relação à concentração de ácidos voláteis totais, percebe-se, pela
Figura 42, que a concentração sempre foi inferior no efluente em relação aos valores no
afluente, em função do consumo dos mesmos na etapa de metanogênese, mostrando dessa
forma que a alteração da estratégia de alimentação proporcionou estabilidade ao sistema.

Tabela 10 – Variação de pH no afluente e no efluente das Condições 1 e 2.

COVA tC pH
Condição
(gDQO.L-1.d-1) (h) Afluente Efluente
1 7,14 8 8,34 ± 0,2 7,7 ± 0,1
2 6,96 8 8,39 ± 0,3 7,8 ± 0,1
Fonte: Autora, 2020.
105

Figura 41 – Monitoramento da alcalinidade a bicarbonato das Condições 1 e 2.

Fonte: Autora, 2020.

Figura 42 – Monitoramento dos ácidos voláteis totais das Condições 1 e 2.

Fonte: Autora, 2020.

Nota-se, pela Figura 43, que o aumento do tempo de alimentação da Condição 2, resultou
no aumento os ácidos intermediários do efluente, em comparação a Condição 1, que não
apresentou concentração de nenhum ácido intermediário no efluente.
O efluente da Condição 2 apresentou maior concentração e composição de ácido acético,
em comparação aos demais ácidos intermediários (propiônico e butírico), atingindo valores de,
respectivamente, 122,1 mg.L-1 e 72,8 %.
Isso significa que houve maior produção de ácidos voláteis na Condição 2, justificando o
fato da Condição 2 apresentar maior concentração de ácido intermediários no efluente. Além
106

disso, é possível afirmar que houve maior produção de ácido acético, provinda da etapa de
acetogênese e do efluente do reator acidogênico. Isso se justifica pelo fato da Condição 2
apresentar maior concentração de ácido acético no efluente.
É possível afirmar que, na Condição 2, em relação a Condição 1, houve maior produção
de ácido acético, que por sua vez, uma parcela, foi consumida para a produção de metano, na
etapa de metanogênese, justificando o fato da Condição 2 apresentar maior produção de metano,
como será mostrado a diante. Logo, o sistema não está em desequilíbrio. A parcela excedente
de ácido acético, que saiu no efluente, não foi suficiente para acidificar o ambiente e
comprometer o sistema. Hill, Cobb e Bolte (1987), propuseram concentrações de ácido acético
acima de 800 mg.L-1 como indicativos de falha no processo. Xu et al. (2014) e Shi et
al. (2018) relataram que a produção de metano foi inibida completamente quando as
concentrações de ácidos graxos voláteis ficara na faixa de 5800 a 6900 mg.L-1. Stallamn et al.
(2012) mencionou que a inibição metanogênica pode ocorrer quando a concentração de acetado
excede 3000 mg.L-1. Esse excesso de ácido acético explica a eficiência de remoção de matéria
orgânica levemente menor, em relação a eficiência de remoção da Condição 1, uma vez que o
ácido acético contribui para a medida da DQO.

Figura 43 – Ácidos intermediários no efluente da Condição 2.

140
Concentração (mg‧L-1)

120 HAc
100 HPr
80 HBut
60
40
20
0
Condição 2

80
HAc
Composição (%)

60
HPr
40 HBut

20

0
Condição 2
Fonte: Autora, 2020.
107

A Tabela 11 apresenta as médias das análises de sólidos das duas condições, observa-se
que a quantidade média efluente de sólidos suspensos voláteis do reator foi menor que a afluente
indicando, portanto, que não houve condições agravantes para a biomassa, tal que resultasse no
desprendimento e carreamento da mesma. Deste modo a alteração da estratégia não demonstrou
instabilidade por este parâmetro.

Tabela 11 – Sólidos das Condições 1 e 2.

Parâmetro Condição 1 Condição 2


(mg.L-1) Afluente Efluente Afluente Efluente
ST 6400 3831 6367 3809
SVT 3311 829 3266 813
SST 418 93 510 119
SSV 316 65 379 85
Fonte: Autora, 2020.

Verifica-se, através da Figura 44, que a mudança de estratégia de alimentação de batelada


(Condição 1) para batelada alimentada (Condição 2) provocou um aumento de 2,2 % no volume
médio de biogás (1350 mL.dia-1 na Condição 1 e 1381 mL.dia-1 na Condição 2) e 5,0 % no
volume médio de metano (971 mL.dia-1 na Condição 1 e 1019 mL.dia-1 na Condição 2).

Figura 44 – Produção diária de biogás das Condições 1 e 2

Fonte: Autora, 2020.

Observou-se o mesmo comportamento para a fração molar de metano do biogás. Ou seja,


a Condição 2 obteve um aumento de 3,0 % nesse parâmetro (71,9 % na Condição 1 e 74 % na
Condição 2). Contudo, pela Figura 45, verifica-se que a concentração de metano foi 2,8 %
maior na Condição 1, em relação a Condição 2 (20,42 mmol.L-1‧dia-1 na Condição 1 e
108

19,84 mmol.L-1.dia-1 na Condição 2). O mesmo ocorre com a concentração de dióxido de


carbono. Ou seja, a Condição 1 apresentou uma concentração de dióxido de carbono 12, 8 %
maior (8,01 mmol.L-1.dia-1 na Condição 1 e 6,99 mmol.L-1.dia-1 na Condição 2).

Figura 45 – Concentrações de metano e de dióxido de carbono das Condições 1 e 2.

Fonte: Autora, 2020.

Pela Tabela 12, percebe-se que, de modo geral, nas condições operadas, a estratégia de
alimentação apresentou influência sobre os parâmetros analisados.
Comparando as duas condições, a Condição 2 (batelada alimentada), apresentou maior
de produtividade molar volumétrica de metano (PrM), alcançando o valor de
60,28 molCH4.m- 3.d-1, maior rendimento entre metano produzido e matéria orgânica aplicada
(RMCA) e matéria orgânica removida (RMCR), alcançando os valores de, respectivamente, 8,7
e 9,4 molCH4.kgDQO-1. Dessa forma, os resultados indicam que a alimentação gradual de
substrato possuiu um efeito positivo no metabolismo microbiano para estimular a produção de
metano. Além disso, outra explicação é que a operação batelada alimentada amortece os efeitos
negativos que podem ocorrer na operação batelada, como o acúmulo de ácidos voláteis.
A estratégia de alimentação adotada para o restante das condições foi a operação em
batelada alimentada. A escolha da operação foi fundamentada em função dos índices de
desempenho referentes à produtividade molar e rendimento de metano, uma vez que, as duas
operações apresentaram estabilidade do sistema e eficiência de remoção de matéria orgânica
próximas. Além disso, levando em conta que o presente trabalho tem, também, como objetivo
o aumento de escala do processo e esse tende a se aproximar da operação de uma batelada
alimentada, foi apropriado operar as condições subsequentes em batelada alimentada.
109

Tabela 12 – Indicadores de desempenho das Condições 1 e 2.

Parâmetro Condição 1 Condição 2


-1 -1
COVAST (gDQO.L .d ) 7,1 7,0
CST AFLU (mgDQO.L-1) 5023 ± 221 (13)
4940 ± 245 (14)

εST (%) 91 ± 2 (12)


91 ± 4 (14)

CCT AFLU (mgCarboidrato.L-1) 1563 ± 627 (13)


1873 ± 419 (14)

εCT (%) 98 ± 0 (12)


98 ± 1 (13)
(13) (14)
pH AFLU ____ 8,34 ± 0,2 8,39 ± 0,33
(12) (14)
pH EFLU ____ 7,7 ± 0,1 7,8 ± 0,1
-1 (13) (14)
AVT AFLU (mgHAc.L ) 1471 ± 432 1301 ± 217
AVT EFLU (mgHAc.L-1) 155 ± 42 (12)
113 ± 36 (13)
-1 (13) (14)
AB AFLU (mgCaCO3.L ) 1502 ± 308 1695 ± 209
AB EFLU (mgCaCO3.L-1) 2794 ± 87 (12)
2908 ± 199 (13)
-1 (10) (11)
VG (mL.ciclo ) 1350 ± 218 1381 ± 545
VCH4 (mL.ciclo-1) 971 ± 127 (10)
1019 ± 364 (11)

YCH4 (%) 71,9 74,0


PrM (molCH4.m-3.d-1) 57,1 60,28
-1 -1
PrME (molCH4.kgSVT .d ) 3,7 3,6
RMCAS,M (molCH4.kgDQO-1) 8,0 8,7
RMCRS,M (molCH4.kgDQO-1) 8,6 9,4
Fonte: Autora, 2020.

5.2 Influência do tempo de ciclo (4, 6 e 8 h)

5.2.1 Condição 3 (3850 mgDQO.L-1; 6 h; Batelada Alimentada; 55 °C)

Na Condição 3, o AnSBBR foi operado em bateladas alimentas sequenciais, a 55 °C,


tratando água residuária proveniente do efluente de AnSBBR aplicado à produção de
hidrogênio pela digestão de soro, em condição termofílica por 18 dias (72 ciclos). O tempo do
ciclo (tC) foi de 6 h e o tempo de alimentação (tF) foi de 3 h, ou seja, 50 % do tempo do ciclo.
A concentração do afluente foi de 3850 mgDQO.L-1.
O valor nominal da carga orgânica volumétrica aplicada (COVA) foi de
7,0 gDQO.L- 1.d- 1, a COVA efetiva foi de 7,19 gDQO.L-1.d-1, sendo dessa removidos
6,67 gDQO.L-1.d-1. A eficiência de remoção de matéria orgânica em termos de amostras não
filtradas e filtradas foi de 90 ± 9 % e de 93 ± 8 %, respectivamente, e de 98 ± 1 % e de 99 ±
1 %, no mesmo requisito para carboidratos.
O pH afluente foi de 8,37 ± 0,45 diminuindo durante o processo para 7,78 ± 0,10, no
efluente, se mantendo na adequado para a produção de metano. Em relação à alcalinidade a
bicarbonato, houve um aumento de 1682 ± 139 para 2329 ± 357 mgCaCO3.L-1. A concentração
de ácidos voláteis totais apresentou uma redução de 966 ± 193 para 146 ± 155 mgHAc.L-1.
110

Dessa maneira, é possível verificar que houve geração de alcalinidade no sistema e consumo
de ácidos voláteis.
A composição média de metano do biogás foi de 74,1 %, com produtividade molar de
metano de 75,77 molCH4.m-3.d-1 e rendimento de metano por matéria orgânica removida de
11,35 molCH4.DQO-1. A produção de biogás e de metano no final do ciclo apresentou valor
médio de 1351 ± 227 mL e 1001 ± 150 mL, respectivamente. A concentração de média de
metano e de dióxido de carbono no biogás foi de 19,34 ± 0,54 mmol.L-1 e 6,75 ± 0,44 mmol.L- 1,
respectivamente, indicando assim, que os ciclos atingiram as mesmas condições no que diz
respeito às características qualitativas da fermentação anaeróbia.
Os valores médios das variáveis monitoradas no afluente e efluente são apresentados na
Tabela 13. As Figuras 46 e 47 apresentam, respectivamente, a variação da concentração (CS) e
da eficiência de remoção de matéria orgânica (εS) em termos de DQO para o afluente e para o
efluente (para amostras não filtradas e filtradas) ao longo do período de operação do AnSBBR.
As Figuras 48 e 49 apresentam a variação da concentração (CC) e da eficiência de remoção de
carboidratos (εC) para o afluente e para o efluente (para amostras não filtradas e filtradas) ao
longo do período de operação do AnSBBR. A produção de biogás e de metano no final do ciclo
é apresentada na Figura 50 e a distribuição dos gases no biogás no final do ciclo é apresentada
pela Figura 51.

Tabela 13 – Valores médios das variáveis monitoradas na Condição 3 (continua).

Parâmetro Afluente Efluente

CST (mgDQO.L-1) 3662 ± 142 ( 15 )


357 ± 312 ( 15 )

CSF (mgDQO.L-1) ───── 265 ± 277 ( 14 )

εST (%) ───── 90 ± 9 ( 14 )

εSF (%) ───── 93 ± 8 ( 14 )

CCT (mgCarboidrato.L-1) 1554 ± 707 ( 15 )


33 ± 12 ( 14 )

CCF (mgCarboidrato.L-1) ───── 20 ± 8 ( 14 )

εCT (%) ───── 98 ± 1 ( 14 )

εCF (%) ───── 99 ± 1 ( 14 )

( 12 ) ( 11 )
pH (u) 8,37 ± 0,45 7,8 ± 0,1
AVT (mgHAc.L-1) 966 ± 193 ( 12 )
146 ± 155 ( 11 )

AT (mgCaCO3.L-1) 2368 ± 185 ( 12 )


2433 ± 364 ( 11 )

AP (mgCaCO3.L-1) 1613 ± 108 ( 12 )


1927 ± 359 ( 11 )

AI (mgCaCO3.L-1) 755 ± 119 ( 12 )


506 ± 96 ( 11 )
111

Tabela 13 – Valores médios das variáveis monitoradas na Condição 3 (conclusão).

Parâmetro Afluente Efluente


AB (mgCaCO3.L-1) 1682 ± 139 ( 12 )
2329 ± 357 ( 11 )

ST (mg.L-1) 5787 ± 367 ( 4 )


3535 ± 387 ( 4 )

SVT (mg.L-1) 3019 ± 412 ( 4 )


917 ± 237 ( 4 )

SST (mg.L-1) 409 ± 102 ( 4 )


132 ± 88 ( 4 )

SSV (mg.L-1) 311 ± 122 ( 4 )


102 ± 70 ( 4 )

MSVT (g) ───── 0,0


Cx (g.L-1) ───── 0,0
Cx’ (g.gsuporte-1) ───── 0,000
VG (mL.ciclo ) -1
───── 1351 ± 227 (
12 )

Vch4 (mL.ciclo-1) ───── 1001 ± 150 ( 12 )

COVAST (gDQO.L-1.d-1) 7,2 ─────


COVRSF (gDQO.L .d )-1 -1
───── 6,7
COVACT (gCarboidrato.L-1.d-1) 2,2 ─────
COVRCF (gCarboidrato.L .d ) -1 -1
───── 2,2
COEAST (gDQO.gSVT .d ) -1 -1
0,3 ─────
COERSF (gDQO.gSVT-1.d-1) ───── 0,2
COEACT (gCarboidrato.gSVT .d ) -1 -1
0,11 ─────
COERCF (gCarboidrato.gSVT-1.d-1) ───── 0,11
nCH4 (mmolCH4.d-1) ───── 0,2
PrM (molCH4.m .d )-3 -1
───── 75,77
PrME (molCH4.kgSVT-1.d-1) ───── 2,8
RMCAS,M (molCH4.kgDQO ) -1
10,5 ─────
YA (molCH4.molSubstrato ) -1
8,5 ─────
RMCRS,M (molCH4.kgDQO-1) ───── 11,4
YR (molCH4.molSubstrato ) -1
───── 8,6
VA (L) 1,16 ± 0,04 ( 14 )
─────
VR (L) 2,36 ─────
Fonte: Autora, 2020.
Nota: Os valores entre parênteses referem-se ao número de amostras analisadas
112

Figura 46 – Concentração de matéria orgânica da Condição 3.


6000
CS (mgDQO.L-1) 5000
4000
3000 Filtrado
Não filtrado
2000 Afluente
1000
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
Tempo (d)
Fonte: Autora, 2020.

Figura 47 – Eficiência de remoção de matéria orgânica da Condição 3.

100

80

60
S (%)

40
Filtrado
20 Não filtrado
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
Tempo (d)
Fonte: Autora, 2020.

Figura 48 – Concentração de carboidratos da Condição 3.

3500
CC (mgCarboidrato.L-1)

3000
2500
2000
1500
Filtrado
1000
Não filtrado
500 Afluente
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
Tempo (d)
Fonte: Autora, 2020.
113

Figura 49 – Eficiência de remoção de carboidratos da Condição 3.

100

80

60
C (%)

40
Filtrado
20
Não filtrado
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
Tempo (d)
Fonte: Autora, 2020.

Figura 50 – Volume de biogás e de metano produzido no final do ciclo da Condição 3.

3000
2500
VG e VCH4 (mL)

2000
1500
1000
500 Metano
Biogás
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Tempo (d)
Fonte: Autora, 2020.

Figura 51 – Concentração dos componentes do biogás (metano e dióxido de carbono) ao final do ciclo
da Condição 3.

25
20
CG (mmol.L-1)

15 Metano
10 Dióxido de carbono

5
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Tempo (d)
Fonte: Autora, 2020.
114

Depois de atingida a estabilidade operacional do sistema, confirmada através da obtenção


de valores aproximadamente constantes para as variáveis monitoradas (desvio máximo de
10 %), avaliou-se o comportamento do reator durante um ciclo de operação. Foram obtidos os
perfis de concentração de matéria orgânica, carboidrato, ácidos voláteis totais, metabólitos
intermediários, alcalinidade total, pH e biogás, conforme apresentado a seguir.
As Figuras 52 e 53 apresentam, respectivamente, os perfis das concentrações de matéria
orgânica e de carboidratos. Percebe-se que, há aumento da concentração de matéria orgânica
até o ponto de 1,5 hora de ciclo e se mantém alto até o ponto de 3 horas, correspondente ao
tempo em que o reator é alimentado, sendo posteriormente apenas reduzido. A DQO apresentou
valor máximo de 601,1 mgDQO.L-1 no ponto de 1,5 hora, e mínimo de 179,5 mgDQO.L-1 ao
final do ciclo. Em relação ao perfil de carboidratos, o pico foi de 31,0 mgCarboidrato.L -1 no
ponto de 2 horas de ciclo, sendo reduzido a 16,8 mgCarboidrato.L-1 ao final do ciclo.

Figura 52 – Perfil de concentração de matéria orgânica da Condição 3.

800
CSF (mgDQO.L-1)

600

400

200

0
0 1 2 3 4 5 6
Tempo (h)
Fonte: Autora, 2020.

Figura 53 – Perfil de concentração de carboidratos da Condição 3.

35
CCF (mgCarboidrato.L-1)

30
25
20
15
10
5
0
0 1 2 3 4 5 6
Tempo (h)
Fonte: Autora, 2020.
115

As Figuras 54, 55 e 56 apresentam, respectivamente, os valores de pH, concentração de


ácidos voláteis e alcalinidade a bicarbonato obtidos ao longo do ciclo de operação. O pH durante
o ciclo não apresentou variação significativas sendo de 7,65 e 7,90, considerando valores
mínimos e máximos. Percebe-se que as primeiras 3 horas do ciclo, que correspondente ao tempo
em que o reator é alimentado, é registrado os maiores valores de concentração de ácidos no
sistema, consequentemente, neste mesmo intervalo, registra-se os menores valores de
alcalinidade a bicarbonato, o que ocorre devido à maior demanda de bicarbonato para
neutralização desses ácidos. A seguir estes ácidos são consumidos, havendo, como
consequência, um aumento nos valores de alcalinidade a bicarbonato e um leve aumento no
valor de pH até o término do ciclo de operação. No perfil a alcalinidade a bicarbonato variou
de 2221 a 2611 mgCaCO3.L-1; e os ácidos de 324 a 62 mgHAc.L-1, considerando valores
máximos e mínimos.

Figura 54 – Perfil da variação de pH da Condição 3.

14
12
10
8
pH

6
4
2
0
0 1 2 3 4 5 6
Tempo (h)
Fonte: Autora, 2020.

Figura 55 – Perfil de concentração de ácidos voláteis totais da Condição 3.

1000
AVT (mgHAc.L-1)

800
600
400
200
0
0 1 2 3 4 5 6
Tempo (h)
Fonte: Autora, 2020.
116

Figura 56 – Perfil da variação de alcalinidade a bicarbonato da Condição 3.

3000

AB (mgCaCO3.L-1)
2500
2000
1500
1000
500
0
0 1 2 3 4 5 6
Tempo (h)
Fonte: Autora, 2020.

Observando os compostos intermediários apresentados na Figura 57, nota-se que a


concentração de ácido acético aumenta nas primeiras 3 horas de ciclo, que corresponde ao
tempo em que o reator é alimentado, devido ao afluente apresentar uma elevada concentração
de ácido acético. Há também, nesse mesmo intervalo, o aumento de outros ácidos orgânicos
(propiônico e butírico) ao longo do ciclo em razão do efluente do reator acidogênico e da etapa
de acetogênese, contudo não na mesma proporção do ácido acético. Os picos de concentrações
dos ácidos acético, propiônico e butírico são de 347,4, 54,1 e 35,8 mg.L-1, com concentrações
finais de 185,2, 28,2 e 17,1 mg.L-1, respectivamente. Destaca-se que não foram encontradas
concentrações de ácido valérico e de etanol.

Figura 57 – Perfil de concentração de ácidos voláteis totais da Condição 3.

350
300
Concentração (mg.L-1)

250
Ácido Acético
200 Ácido Propiônico
150 Ácido Butírico
100 Etanol

50
0
0 1 2 3 4 5 6
Tempo (h)
Fonte: Autora, 2020.
117

As Figuras 58, 59 e 60 apresentam, respectivamente, o perfil dos volumes médios


acumulados de biogás (VG), o perfil das concentrações médias (CG) de metano e de dióxido de
carbono e o perfil das frações molares (YG) de metano e dióxido de carbono ao longo do ciclo.
Analisando-se os resultados apresentados, observa-se que a produção volumétrica média
acumulada de biogás ocorreu principalmente na primeira metade do ciclo, atingindo um valor
médio de 1351 mL. Vale ressaltar que os desvios padrões observados no volume de biogás são
referentes aos valores coletados ao longo do ensaio, uma vez que o volume foi sempre coletado
em forma de perfil. As concentrações, no final do ciclo, foram de 19,47 mmol.L-1 de metano e
de 6,58 mmol.L-1 de dióxido de carbono. Observa-se que, ao final do ciclo, a composição do
biogás gerado era de 75 % de metano e 25 % de gás carbônico. A produção de metano pelo
sistema indica que as condições impostas foram favoráveis à conversão da matéria orgânica por
vias anaeróbias.

Figura 58 – Perfil dos volumes acumulados de biogás produzidos ao longo do ciclo da Condição 3.

3000

2500

2000
VG (mL)

1500

1000

500

0
0 1 2 3 4 5 6
Tempo (h)
Fonte: Autora, 2020.
118

Figura 59 – Perfil da concentração de metano e dióxido de carbono ao longo do ciclo da Condição 3.

25
CG (mMol.L-1) 20
15
Metano
10 Dióxido de carbono

5
0
0 1 2 3 4 5 6
Tempo (h)
Fonte: Autora, 2020.

Figura 60 – Perfil da fração molar de metano e dióxido de carbono ao longo do ciclo da Condição 3.

100
80
60
YG (%)

Metano
40 Dióxido de carbono

20
0
0 1 2 3 4 5 6
Tempo (h)
Fonte: Autora, 2020.

5.2.2 Condição 4 (2567 mgDQO.L-1; 4 h; Batelada Alimentada; 55 °C)

Na Condição 4, o AnSBBR foi operado em bateladas alimentas sequenciais, a 55 °C,


tratando água residuária proveniente do efluente de AnSBBR aplicado à produção de
hidrogênio pela digestão de soro, em condição termofílica por 17 dias (102 ciclos). O tempo do
ciclo (tC) foi de 4 h e o tempo de alimentação (tF) foi de 2 h, ou seja, 50 % do tempo do ciclo.
A concentração do afluente foi de 2567 mgDQO.L-1.
O valor nominal da carga orgânica volumétrica aplicada (COVA) foi de
7,0 gDQO.L- 1.d – 1, a COVA efetiva foi de 7,28 gDQO.L-1.d-1, sendo dessa removidos
6,59 gDQO.L-1.d-1. A eficiência de remoção de matéria orgânica em termos de amostras não
filtradas e filtradas foi de 88 ± 10 % e de 90 ± 8 %, respectivamente, e de 97 ± 1 % e de 98 ±
1 %, no mesmo requisito para carboidratos.
119

O pH afluente foi de 8,37 ± 0,40 diminuindo durante o processo para 7,82 ± 0,10, no
efluente, se mantendo na adequado para a produção de metano. Em relação à alcalinidade a
bicarbonato, houve um aumento de 1835 ± 212 para 2321 ± 150 mgCaCO3.L-1. A concentração
de ácidos voláteis totais apresentou uma redução de 733 ± 93 para 113 ± 103 mgHAc.L-1. Dessa
maneira, verifica-se que houve geração de alcalinidade no sistema e consumo de ácidos
voláteis.
A composição média de metano do biogás foi de 70,7 %, com produtividade molar de
metano de 65,11 molCH4.m-3.d-1 e rendimento de metano por matéria orgânica removida de
9,88 molCH4.DQO-1. A produção de biogás e de metano no final do ciclo apresentou valor
médio de 796 ± 149 mL e 563 ± 101 mL, respectivamente. A concentração de média de metano
e de dióxido de carbono no biogás foi de 13,60 ± 1,71 mmol.L-1 e 5,57 ± 0,58 mmol.L-1,
respectivamente, indicando assim, que os ciclos atingiram as mesmas condições no que diz
respeito às características qualitativas da fermentação anaeróbia.
Os valores médios das variáveis monitoradas no afluente e efluente são apresentados na
Tabela 14. As Figuras 61 e 62 apresentam, respectivamente, a variação da concentração (CS) e
da eficiência de remoção de matéria orgânica (εS) em termos de DQO para o afluente e para o
efluente (para amostras não filtradas e filtradas) ao longo do período de operação do AnSBBR.
As Figuras 63 e 64 apresentam a variação da concentração (CC) e da eficiência de remoção de
carboidratos (εC) para o afluente e para o efluente (para amostras não filtradas e filtradas) ao
longo do período de operação do AnSBBR. A produção de biogás e de metano no final do ciclo
é apresentada na Figura 65 e a distribuição dos gases no biogás no final do ciclo é apresentada
pela Figura 66.

Tabela 14 – Valores médios das variáveis monitoradas na Condição 4 (continua).

Parâmetro Afluente Efluente

CST (mgDQO.L-1) 2523 ± 98 ( 12 )


313 ± 241 ( 12 )

CSF (mgDQO.L-1) ───── 241 ± 211 ( 11 )

εST (%) ───── 88 ± 10 ( 11 )

εSF (%) ───── 90 ± 8 ( 11 )

CCT (mgCarboidrato.L-1) 808 ± 290 ( 12 )


27 ± 9 ( 11 )

CCF (mgCarboidrato.L-1) ───── 16 ± 6 ( 11 )

εCT (%) ───── 97 ± 1 ( 11 )

εCF (%) ───── 98 ± 1 ( 11 )


120

Tabela 14 – Valores médios das variáveis monitoradas na Condição 4 (conclusão)


Parâmetro Afluente Efluente
( 11 ) ( 10 )
pH (u) 8,37 ± 0,40 7,8 ± 0,1
AVT (mgHAc.L-1) 733 ± 96 ( 11 )
113 ± 103 ( 10 )

AT (mgCaCO3.L-1) 2355 ± 227 ( 11 )


2401 ± 96 ( 10 )

AP (mgCaCO3.L-1) 1655 ± 178 ( 11 )


1866 ± 147 ( 10 )

AI (mgCaCO3.L-1) 700 ± 97 ( 11 )
534 ± 85 ( 10 )

AB (mgCaCO3.L-1) 1835 ± 212 ( 11 )


2321 ± 150 ( 10 )

ST (mg.L-1) 4653 ± 200 ( 4 )


3464 ± 141 ( 4 )

SVT (mg.L-1) 2122 ± 212 ( 4 )


987 ± 152 ( 4 )

SST (mg.L-1) 275 ± 47 ( 4 )


115 ± 51 ( 4 )

SSV (mg.L-1) 275 ± 85 ( 4 )


101 ± 51 ( 4 )

MSVT (g) ───── 57,3


Cx (g.L-1) ───── 24,8
Cx’ (g.gsuporte-1) ───── 0,618
VG (mL.ciclo-1) ───── 796 ± 149 ( 4 )

Vch4 (mL.ciclo-1) ───── 563 ± 101 ( 10 )

COVAST (gDQO.L-1.d-1) 7,3 ─────


COVRSF (gDQO.L-1.d-1) ───── 6,6
COVACT (gCarboidrato.L .d ) -1 -1
1,1 ─────
COVRCF (gCarboidrato.L .d ) -1 -1
───── 1,1
COEAST (gDQO.gsvt-1.d-1) 0,3 ─────
COERSF -1
(gDQO.gsvt .d ) -1
───── 0,3
COEACT (gCarboidrato.gSVT-1.d-1) 0,06 ─────
COERCF (gCarboidrato.gSVT-1.d-1) ───── 0,06
nCH4 (mmolCH4.d ) -1
───── 0,2
PrM (molCH4.m-3.d-1) ───── 65,11
PrME (molCH4.kgSVT .d ) -1 -1
───── 2,6
RMCAS,M (molCH4.kgDQO ) -1
8,9 ─────
YA (molCH4.molSubstrato-1) 9,6 ─────
RMCRS,M (molCH4.kgDQO ) -1
───── 9,9
YR (molCH4.molSubstrato-1) ───── 9,8
VA (L) 1,11 ± 0,05 ( 11 )
─────
VR (L) 2,31 ─────
Fonte: Autora, 2020.
121

Figura 61 – Concentração de matéria orgânica da Condição 4.

6000
5000
Filtrado
CS (mgDQO.L-1) Não filtrado
4000
Afluente
3000
2000
1000
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
Tempo (d)
Fonte: Autora, 2020.

Figura 62 – Eficiência de remoção de matéria orgânica da Condição 4.

100

80

60
S (%)

40
Filtrado
20 Não filtrado
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
Tempo (d)
Fonte: Autora, 2020.

Figura 63 – Concentração de carboidratos da Condição 4.

3000
CC (mgCarboidrato.L-1)

2500
Filtrado
2000 Não filtrado
Afluente
1500

1000

500

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
Tempo (d)
Fonte: Autora, 2020.
122

Figura 64 – Eficiência de remoção de carboidratos da Condição 4.

100

80

60
C (%)

40
Filtrado
20
Não filtrado
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
Tempo (d)
Fonte: Autora, 2020.

Figura 65 – Volume de biogás e de metano produzido no final do ciclo da Condição 4.

3000
2500
VG e VCH4 (mL)

2000
Metano
1500 Biogás
1000
500
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Tempo (d)
Fonte: Autora, 2020.

Figura 66 – Concentração dos componentes do biogás (metano e dióxido de carbono) ao final do ciclo
da Condição 4.

25
20 Metano
CG (mmol.L-1)

Dióxido de carbono
15
10
5
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Tempo (d)
Fonte: Autora, 2020.
123

Depois de atingida a estabilidade operacional do sistema, confirmada através da obtenção


de valores aproximadamente constantes para as variáveis monitoradas (desvio máximo de
10 %), avaliou-se o comportamento do reator durante um ciclo de operação. Foram obtidos os
perfis de concentração de matéria orgânica, ácidos voláteis totais, metabólitos intermediários,
alcalinidade total, pH e biogás, conforme apresentado a seguir.
As Figuras 67 e 68 apresentam, respectivamente, os perfis das concentrações de matéria
orgânica e de carboidratos. Percebe-se que, há aumento da concentração de matéria orgânica
até o ponto de 2 horas de ciclo, correspondente ao tempo em que o reator é alimentado, sendo
posteriormente apenas reduzido. A DQO apresentou valor máximo de 490,4 mgDQO.L-1 no
ponto de 1,5 hora, e mínimo de 143,8 mgDQO.L-1 ao final do ciclo. Em relação ao perfil de
carboidratos, o pico foi de 13,8 mgCarboidrato.L-1 no ponto de 2 horas de ciclo, sendo reduzido
a 11,5 mgCarboidrato.L-1 ao final do ciclo.

Figura 67 – Perfil de concentração de matéria orgânica da Condição 4.

800
CSF (mgDQO.L-1)

600

400

200

0
0 1 2 3 4
Tempo (h)
Fonte: Autora, 2020.

Figura 68 – Perfil de concentração de carboidratos da Condição 4.

35
CCF (mgCarboidrato.L-1)

30
25
20
15
10
5
0
0 1 2 3 4
Tempo (h)
Fonte: Autora, 2020.
124

As Figuras 69, 70 e 71 apresentam, respectivamente, os valores de pH, concentração de


ácidos voláteis e alcalinidade a bicarbonato obtidos ao longo do ciclo de operação. O pH durante
o ciclo não apresentou uma variação significativa sendo de 7,68 e 7,90, considerando valores
mínimos e máximos. Percebe-se que as primeiras 2 horas do ciclo, que correspondente ao tempo
em que o reator é alimentado, é registrado os maiores valores de concentração de ácidos no
sistema, consequentemente, neste mesmo intervalo, registra-se os menores valores de
alcalinidade a bicarbonato, o que ocorre devido à maior demanda de bicarbonato para
neutralização desses ácidos. A seguir estes ácidos são consumidos, havendo, como
consequência, um aumento nos valores de alcalinidade a bicarbonato e um leve aumento no
valor de pH até o término do ciclo de operação. No perfil a alcalinidade a bicarbonato variou
de 2523 a 2257 mgCaCO3.L-1; e os ácidos de 299 a 63 mgHAc.L-1, considerando valores
máximos e mínimos.

Figura 69 – Perfil da variação de pH da Condição 4.

14
12
10
8
pH

6
4
2
0
0 1 2 3 4
Tempo (h)
Fonte: Autora, 2020.

Figura 70 – Perfil de concentração de ácidos voláteis totais da Condição 4.

1000
AVT (mgHAc.L-1)

800
600
400
200
0
0 1 2 3 4
Tempo (h)
Fonte: Autora, 2020.
125

Figura 71 – Perfil da variação de alcalinidade a bicarbonato da Condição 4.

3000

AB (mgCaCO3.L-1)
2500
2000
1500
1000
500
0
0 1 2 3 4
Tempo (h)
Fonte: Autora, 2020.

Observando os compostos intermediários apresentados na Figura 72, nota-se que a


concentração de ácido acético aumenta nas primeiras 2 horas de ciclo, que corresponde ao
tempo em que o reator é alimentado, devido ao afluente apresentar uma elevada concentração
de ácido acético. Há também, nesse mesmo intervalo, o aumento de outros ácidos orgânicos
(propiônico e butírico) ao longo do ciclo em razão do efluente do reator acidogênico e da etapa
de acetogênese, contudo não na mesma proporção do ácido acético. Os picos de concentrações
dos ácidos acético, propiônico e butírico são de 140,5, 46,5 e 29,8 mg.L-1, com concentrações
finais de 95,5, 23,7 e 10,1 mg.L-1, respectivamente. Destaca-se que não foram encontradas
concentrações de ácido valérico e de etanol.

Figura 72 – Perfil de concentração de ácidos voláteis totais da Condição 4.

250
Ácido Acético
Ácido Propiônico
Concentração (mg.L-1)

200
Ácido Butírico
Etanol
150

100

50

0
0 1 2 3 4
Tempo (h)
Fonte: Autora, 2020.
126

As Figuras 73, 74 e 75 apresentam, respectivamente, o perfil dos volumes médios


acumulados de biogás (VG), o perfil das concentrações médias (CG) de metano e de dióxido de
carbono e o perfil das frações molares (YG) de metano e dióxido de carbono ao longo do ciclo.
Analisando-se os resultados apresentados, observa-se que a produção volumétrica média
acumulada de biogás ocorreu principalmente na primeira metade do ciclo, atingindo um valor
médio de 796 mL. Vale ressaltar que os desvios padrões observados no volume de biogás são
referentes aos valores coletados ao longo do ensaio, uma vez que o volume foi sempre coletado
em forma de perfil. As concentrações, no final do ciclo, foram de 12,11 mmol.L-1 de metano e
de 5,94 mmol.L-1 de dióxido de carbono. Observa-se que, ao final do ciclo, a composição do
biogás gerado era de 67 % de metano e 33 % de gás carbônico. A produção de metano pelo
sistema indica que as condições impostas foram favoráveis à conversão da matéria orgânica por
vias anaeróbias.

Figura 73 – Perfil dos volumes acumulados de biogás produzidos ao longo do ciclo da Condição 4.

3000

2500

2000
VG (mL)

1500

1000

500

0
0 1 2 3 4
Tempo (h)
Fonte: Autora, 2020.
127

Figura 74 – Perfil da concentração de metano e dióxido de carbono ao longo do ciclo da Condição 4.

25
20 Metano
Dióxido de carbono
CG (mMol.L-1) 15
10
5
0
0 1 2 3 4
Tempo (h)
Fonte: Autora, 2020.

Figura 75 – Perfil da fração molar de metano e dióxido de carbono ao longo do ciclo da Condição 4.

100
80
60
YG (%)

40
20 Metano
Dióxido de carbono
0
0 1 2 3 4
Tempo (h)
Fonte: Autora, 2020.

5.2.3 Análise da influência do tempo de ciclo (Condições 2, 3 e 4)

As três condições (2, 3 e 4) foram operadas com a mesma carga orgânica volumétrica
aplicada de 7,0 gDQO.L-1.d-1, a mesma temperatura de 55 °C e a mesma estratégia de
alimentação (batelada alimentada), visto que essa operação apresentou um melhor desempenho
referentes à produtividade molar e rendimento de metano, além de apresentar estabilidade do
sistema e alta eficiência de remoção de matéria orgânica. Desse modo, alterou-se, somente, o
tempo de ciclo (8 h para Condição 2, 6 h para Condição 3 e 4 h para Condição 4), e,
consequentemente, o tempo de alimentação do reator (4 h para Condição 2, 3 h para Condição
3 e 2 h para Condição 4). Para manter o mesmo valor de carga orgânica volumétrica aplicada e
alterar o tempo de ciclo, foi necessário modificar a concentração de afluente em termos de DQO
das três condições (5000 mgDQO.L-1 para Condição 2, 3740 mgDQO.L-1 para Condição 3 e
128

2493 mgDQO.L-1 para Condição 4). As Figuras 76 e 77 apresentam, respectivamente, os


valores de concentração e de eficiência de remoção de matéria orgânica no afluente e no
efluente, para amostras filtradas e não filtradas, ao longo três condições.
As Condições 2, 3 e 4 apresentaram eficiência de remoção de 92,5 %, 92,8 % e 90,5 %,
respectivamente, considerando amostras filtradas. Percebe-se que a as Condições 2 e 3
apresentaram eficiência de remoção muito próximas e a Condição 4 apresentou a menor
eficiência de remoção. Todas as condições demostraram estabilidade. Assim, o sistema poderá
ser operado com tempo de ciclo de 8 h ou de 6 h sem prejuízos em termos de eficiência de
remoção de matéria orgânica, o que mostra a flexibilidade operacional desse sistema.

Figura 76 – Monitoramento das concentrações de DQO das Condições 2, 3 e 4.

2 3

Fonte: Autora, 2020.

Figura 77 – Monitoramento das eficiências de remoção de DQO das Condições 2, 3 e 4.

Fonte: Autora, 2020.


129

Em relação aos carboidratos, as Figuras 78 e 79 apresentam, respectivamente, os valores


de concentração e de eficiência de remoção de carboidratos no afluente e no efluente, para
amostras filtradas e não filtradas, ao longo três condições. Todas as condições apresentaram
valores médios de eficiência de remoção muito próximos, considerando amostras filtradas
(98,6 % na Condição 2, 98,7 % na Condição 3 e 98,0 % na Condição 4). Assim, o sistema
poderá ser operado com tempo de ciclo de 8 h, 6 h ou 4 h sem prejuízos em termos de eficiência
de remoção de carboidratos.

Figura 78 – Monitoramento das concentrações de carboidratos das Condições 2, 3 e 4.

Fonte: Autora, 2020.

Figura 79 – Monitoramento das eficiências de remoção de carboidratos das Condições 2, 3 e 4.

Fonte: Autora, 2020.


130

Pela Tabela 15, possível notar que não há variações significativas de pH nas condições,
em relação ao afluente e o efluente. Observa-se, na Figura 80, que os valores de alcalinidade a
bicarbonato do efluente foram sempre superiores aos valores do afluente, indicando que houve
geração de alcalinidade no sistema para as condições impostas ao AnSBBR. Com relação à
concentração de ácidos voláteis totais, percebe-se, pela Figura 81, que a concentração sempre
foi inferior no efluente em relação aos valores no afluente, em função do consumo dos mesmos
na etapa de metanogênese, mostrando dessa forma que a alteração do tempo de ciclo não
ocasionou instabilidade ao sistema.

Tabela 15 – Variação de Ph no afluente e no efluente das Condições 2, 3 e 4.

COVA tC pH
Condição
(gDQO.L-1.d-1) (h) Afluente Efluente
2 6,96 8 8,39 ± 0,33 7,8 ± 0,1
3 7,19 6 8,32 ± 0,46 7,8 ± 0,1
4 7,28 4 8,37 ± 0,40 7,8 ± 0,1
Fonte: Autora, 2020.

Figura 80 – Monitoramento da alcalinidade a bicarbonato das Condições 2, 3 e 4.

Fonte: Autora, 2020.


131

Figura 81 – Monitoramento dos ácidos voláteis das Condições 2, 3 e 4.

Fonte: Autora, 2020.

Analisando os ácidos voláteis intermediários das Condições 2, 3 e 4, nota-se que há um


predomínio do ácido acético (como é esperado devido à rota metabólica da metanogênese).
Comparando as três condições, a Condição 3 apresentou aumento na concentração dos ácidos
intermediários (Figura 82) e na composição de ácido acético no efluente (Figura 83).
Além disso, a Condição 3 apresentou maior concentração e composição de ácido acético
no efluente, em comparação aos demais ácidos intermediários (propiônico e butírico), atingindo
valores de, respectivamente, 185,2 mg.L-1 e 84,3 %. Isso significa que houve maior produção
de ácidos voláteis na Condição 3, justificando o fato da Condição 3 apresentar maior
concentração de ácidos intermediários no efluente. Além disso, é possível afirmar que houve
maior produção de ácido acético na Condição 3, provinda da etapa de acetogênese e do efluente
do reator acidogênico.
É possível afirmar que, na Condição 3, em relação as Condições 2 e 4, houve maior
produção de ácido acético, que por sua vez, uma parcela, foi consumida para a produção de
metano, na etapa de metanogênese, justificando o fato da Condição 3 apresentar maior produção
de metano, como será mostrado a diante. Logo, o sistema não está em desequilíbrio. A parcela
excedente de ácido acético, que saiu no efluente, não foi suficiente para acidificar o ambiente e
comprometer o sistema. Hill, Cobb e Bolte (1987), propuseram concentrações de ácido acético
acima de 800 mg.L-1 como indicativos de falha no processo. Xu et al. (2014) e Shi et
al. (2018) relataram que a produção de metano foi inibida completamente quando as
concentrações de ácidos graxos voláteis ficara na faixa de 5800 a 6900 mg.L-1. Stallamn et al.
132

(2012) mencionou que a inibição metanogênica pode ocorrer quando a concentração de acetado
excede 3000 mg.L-1.

Figura 82 – Concentrações dos ácidos intermediários nos efluentes das Condições 2, 3 e 4.

Fonte: Autora, 2020.

Figura 83 – Composições dos ácidos intermediários nos efluentes das Condições 2, 3 e 4.

Fonte: Autora, 2020.

A Tabela 16 apresenta as médias das análises de sólidos das três condições, observa-se
que a quantidade média efluente de sólidos suspensos voláteis do reator foi menor que a afluente
indicando, portanto, que não houve condições agravantes para a biomassa, tal que resultasse no
desprendimento e carreamento da mesma. Deste modo a alteração do tempo de ciclo não
demonstrou instabilidade por este parâmetro.
133

Tabela 16 – Sólidos das Condições 2, 3 e 4.

Parâmetro Condição 2 Condição 3 Condição 4


(mg.L-1) Afluente Efluente Afluente Efluente Afluente Efluente
ST 6367 6367 5787 3535 4653 3464
SVT 3266 3266 3019 917 2122 987
SST 510 510 409 132 275 115
SSV 379 379 311 102 275 101
Fonte: Autora, 2020.

Verifica-se, através da Figura 84, que a alteração do tempo de ciclo de 8 h (Condição 2)


para 6 h (Condição 3) provocou uma leve diminuição de 2,1 % no volume médio de biogás
(1381 mL.dia-1 na Condição 2 e 1351 mL.dia-1 na Condição 3) e de 1,8 % no volume médio de
metano (1019 mL.dia-1 na Condição 2 e 1001 mL.dia-1 na Condição 3). Comparando as três
condições, a Condição 4, que operou com menor tempo de ciclo (4 h), apresentou o menor
volume médio de biogás (796 mL.dia-1) e de metano (563 mL.dia-1).

Figura 84 – Produção diária de biogás das Condições 2, 3 e 4.

2000
2 3 4
1500
VG (mL)

1000

500 Metano
Biogás
0
0 10 20 30 40 50 60
Tempo (d)
Fonte: Autora, 2020.

Verificou-se, através da Figura 85, que a alteração do tempo de ciclo de 8 h (Condição 2)


para 6 h (Condição 3) provocou uma leve diminuição de 2,5 % na concentração média de
metano (19,84 mmol.L-1 para Condição 2 e 19,34 mmol.L-1 para Condição 3). A Condição 4,
que operou com tempo de ciclo de 4 h, resultou na menor concentração média de metano de
13,6 mmol.L-1, comparando as três condições. O mesmo comportamento foi observado com a
concentração média de dióxido de carbono. Ou seja, a Condição 3 apresentou uma leve
diminuição, em relação a Condição 2, de 3,4 % (6,99 mmol.L-1 para Condição 2 e
134

6,75 mmol.L- 1 para Condição 3) e a Condição 4 apresentou a menor concentração de dióxido


de carbono (5,57 mmol.L-1). Em relação a fração molar média de metano do biogás, a Condição
2 e a Condição 3 apresentam a mesma porcentagem de 74 % e a Condição 4 apresentou a menor
porcentagem de 71 %.

Figura 85 – Concentrações de metano e de dióxido de carbono das Condições 2, 3 e 4.

Fonte: Autora, 2020.

Pela Tabela 17, percebe-se que, de modo geral, nas condições operadas, a estratégia do
tempo de ciclo apresentou influência sobre os parâmetros analisados.
Comparando as três condições, a Condição 3 (tempo de ciclo de 6 h), apresentou maior
valor de produtividade molar volumétrica de metano (PrM) alcançando o valor de
75,77 molCH4.m-3.d-1, maior valor de rendimento entre metano produzido e matéria orgânica
aplicada (RMCA) e matéria orgânica removida (RMCR) alcançando o valor de,
respectivamente, 10,5 e 11,4 molCH4.kgDQO-1. A condição 2, comparando as três condições,
apresentou menor valor de produtividade molar volumétrica de metano alcançando o valor de
60,28 molCH4.m-3.d-1, menor valor de rendimento entre metano produzido e matéria orgânica
aplicada e matéria orgânica removida alcançando o valor de, respectivamente, 8,7 e
9,4 molCH4.kgDQO-1. A Condição 4, comparando as três condições, apresentou valores
intermediários de produtividade molar volumétrica de metano (65,11 molCH4.m-3.d-1), de
rendimento entre metano produzido e matéria orgânica aplicada (8,9 molCH4.kgDQO-1) e
matéria orgânica removida (9,9 molCH4.kgDQO-1). Dessa forma, os resultados indicam que um
tempo de ciclo intermediário de 6 h possuiu um efeito positivo no metabolismo microbiano
para estimular a produção de metano. Uma possível explicação é que o tempo de ciclo de 8 h
implicou na escassez de substrato e tempo de ciclo de 4 h não promoveu a degradação completa
do substrato, prejudicando a etapa de metanogênese do processo de digestão anaeróbia.
135

O tempo de ciclo adotado para o restante das condições foi de 6 h. A escolha foi
fundamentada em função dos índices de desempenho referentes à produtividade molar e
rendimento de metano, uma vez que, as três operações apresentaram estabilidade do sistema e
a eficiência de remoção de matéria orgânica próximas, com exceção da Condição 4, que
apresentou menor eficiência de remoção.

Tabela 17 – Indicadores de desempenho das Condições 2, 3 e 4.

Parâmetro Condição 2 Condição 3 Condição 4

COVAST (gDQO.L-1.d-1) 7,0 7,2 7,3


CST AFLU (mgDQO.L-1) 4940 ± 245 (14)
3662 ± 142 (15)
2523 ± 98 (12)

εST (%) 91 ± 4 (14)


90 ± 9 (14)
88 ± 10 (11)

CCT AFLU (mgCarboidrato.L-1) 1873 ± 419 (14)


1554 ± 707 (15)
808 ± 290 (12)

εCT (%) 98 ± 1 (13)


98 ± 1 (14)
97 ± 1 (11)
(14) (15) (12)
pH AFLU ____ 8,39 ± 0,33 8,29 ± 0,44 8,39 ± 0,38
(14) (14) (11)
pH EFLU ____ 7,8 ± 0,1 7,8 ± 0,1 7,8 ± 0,1
AVT AFLU (mgHAc.L-1) 1301 ± 217 (14)
965 ± 187 (15)
723 ± 97 (12)

AVT EFLU (mgHAc.L-1) 136 ± 89 (14)


139 ± 139 (14)
120 ± 101 (11)

AB AFLU (mgCaCO3.L-1) 1695 ± 209 (14)


1969 ± 801 (15)
1874 ± 244 (12)

AB EFLU (mgCaCO3.L-1) 3005 ± 1303 (14)


2514 ± 1005 (14)
2314 ± 144 (11)

VG (mL.ciclo-1) 1381 ± 545 (14)


1351 ± 227 (14)
796 ± 140 (10)

VCH4 (mL.ciclo-1) 1019 ± 364 (14)


1001 ± 150 (14)
563 ± 101 (10)

YCH4 (%) 74,0 74,1 70,7


PrM (molCH4.m-3.d-1) 60,28 75,77 65,11
PrME (molCH4.kgSVT-1.d1) 3,6 2,81 2,63
RMCAS,M (molCH4.kgDQO-1) 8,7 10,5 8,9
RMCRS,M (molCH4.kgDQO-1) 9,4 11,4 9,8
Fonte: Autora, 2020.

5.3 Influência da carga orgânica volumétrica (7,0; 10,0; 15,0 Gdqo.L-1.d-1)

5.3.1 Condição 5 (5500 mgDQO.L-1; 6 h; Batelada Alimentada; 55 °C)

Na Condição 5, o AnSBBR foi operado em bateladas alimentas sequenciais, a 55 °C,


tratando água residuária proveniente do efluente de AnSBBR aplicado à produção de
hidrogênio pela digestão de soro, em condição termofílica por 17 dias (68 ciclos). O tempo do
ciclo (tC) foi de 6 h e o tempo de alimentação (tF) foi de 3 h, ou seja, 50 % do tempo do ciclo.
A concentração do afluente foi de 5500 mgDQO.L-1.
O valor nominal da carga orgânica volumétrica aplicada (COVA) foi de
10,0 gDQO.L- 1.d- 1, a COVA efetiva foi de 10,38 gDQO.L-1.d-1, sendo dessa removidos
136

9,77 gDQO.L-1.d-1. A eficiência de remoção de matéria orgânica em termos de amostras não


filtradas e filtradas foi de 92 ± 5 % e de 94 ± 4 %, respectivamente, e de 98 ± 0 % e de 99 ±
0 %, no mesmo requisito para carboidratos.
O pH afluente foi de 8,48 ± 0,46 diminuindo durante o processo para 8,0 ± 0,10 no
efluente, se mantendo na adequado para a produção de metano. Em relação à alcalinidade a
bicarbonato, houve um aumento de 1596 ± 215 para 2992 ± 246 mgCaCO3.L-1. A concentração
de ácidos voláteis totais apresentou uma redução de 1660 ± 343 para 151 ± 121 mgHAc.L-1.
Dessa maneira, é possível verificar que houve geração de alcalinidade no sistema e consumo
de ácidos voláteis.
A composição de metano do biogás foi de 77 %, com produtividade molar de metano de
123,83 molCH4.m-3.d-1 e rendimento de metano por matéria orgânica removida de
12,7 molCH4.DQO-1. A produção de biogás e de metano no final do ciclo apresentou valor
médio de 2071 ± 128 mL e 1588 ± 87 mL, respectivamente. A concentração de média de metano
e de dióxido de carbono no biogás foi de 21,74 ± 1,90 mmol.L-1 e 6,56 ± 0,66 mmol.L-1,
respectivamente, indicando assim, que os ciclos atingiram as mesmas condições no que diz
respeito às características qualitativas da fermentação anaeróbia.
Os valores médios das variáveis monitoradas no afluente e efluente são apresentados na
Tabela 18. As Figuras 86 e 87 apresentam, respectivamente, a variação da concentração (CS) e
da eficiência de remoção de matéria orgânica (εS) em termos de DQO para o afluente e para o
efluente (para amostras não filtradas e filtradas) ao longo do período de operação do AnSBBR.
As Figuras 88 e 89 apresentam a variação da concentração (CC) e da eficiência de remoção de
carboidratos (εC) para o afluente e para o efluente (para amostras não filtradas e filtradas) ao
longo do período de operação do AnSBBR. A produção de biogás e de metano no final do ciclo
é apresentada na Figura 80 e a distribuição dos gases no biogás no final do ciclo é apresentada
pela Figura 91.

Tabela 18 – Valores médios das variáveis monitoradas na Condição 5 (continua).

Parâmetro Afluente Efluente

CST (mgDQO.L-1) 5454 ± 128 ( 14 )


445 ± 249 ( 14 )

CSF (mgDQO.L-1) ───── 319 ± 238 ( 12 )

εST (%) ───── 92 ± 5 ( 12 )

εSF (%) ───── 94 ± 4 ( 12 )

CCT (mgCarboidrato.L-1) 1617 ± 904 ( 14 )


36 ± 8 ( 12 )
137

Tabela 18 – Valores médios das variáveis monitoradas na Condição 5 (conclusão).


Parâmetro Afluente Efluente
CCF (mgCarboidrato.L-1) ───── 22 ± 6 ( 12 )

εCT (%) ───── 98 ± 0 ( 12 )

εCF (%) ───── 99 ± 0 ( 12 )

( 13 ) ( 12 )
pH (u) 8,48 ± 0,46 8,0 ± 0,1
AVT (mgHAc.L-1) 1660 ± 343 ( 13 )
151 ± 121 ( 12 )

AT (mgCaCO3.L-1) 2775 ± 233 ( 13 )


3099 ± 229 ( 12 )

AP (mgCaCO3.L-1) 1840 ± 173 ( 13 )


2657 ± 237 ( 12 )

AI (mgCaCO3.L-1) 935 ± 182 ( 13 )


442 ± 186 ( 12 )

AB (mgCaCO3.L-1) 1596 ± 215 ( 13 )


2992 ± 246 ( 12 )

ST (mg.L-1) 7055 ± 524 ( 6 )


4413 ± 236 ( 6 )

SVT (mg.L-1) 3679 ± 435 ( 6 )


1121 ± 168 ( 6 )

SST (mg.L-1) 578 ± 154 ( 6 )


168 ± 22 ( 6 )

SSV (mg.L-1) 451 ± 97 ( 6 )


123 ± 22 ( 6 )

MSVT (g) ───── 57,8


Cx (g.L-1) ───── 25,2
Cx’ (g.gsuporte-1) ───── 0,703
VG (mL.ciclo-1) ───── 2071 ± 128 (
9 )

Vch4 (mL.ciclo-1) ───── 1588 ± 87 ( 10 )

COVAST (gDQO.L-1.d-1) 10,4 ─────


COVRSF (gDQO.L-1.d-1) ───── 9,8
COVACT -1
(gCarboidrato.L .d ) -1
2,2 ─────
COVRCF (gCarboidrato.L-1.d-1) ───── 2,2
COEAST (gDQO.gSVT .d ) -1 -1
0,4 ─────
COERSF (gDQO.gSVT .d ) -1 -1
───── 0,4
COEACT (gCarboidrato.gSVT-1.d-1) 0,12 ─────
COERCF (gCarboidrato.gSVT .d ) -1 -1
───── 0,12
nCH4 (mmolCH4.d-1) ───── 0,3
PrM (molCH4.m-3.d-1) ───── 123,83
PrME (molCH4.kgSVT .d ) -1 -1
───── 4,9
RMCAS,M (molCH4.kgDQO-1) 11,9 ─────
YA (molCH4.molSubstrato ) -1
13,8 ─────
RMCRS,M (molCH4.kgDQO ) -1
───── 12,7
YR (molCH4.molSubstrato-1) ───── 14,0
VA (L) 1,09 ± 0,05 ( 13 )
─────
VR (L) 2,29 ─────
Fonte: Autora, 2020. Nota: Os valores entre parênteses referem-se ao número de amostras analisadas
138

Figura 86 – Concentração de matéria orgânica da Condição 5.

6000
5000
Filtrado
CS (mgDQO.L-1)

4000 Não filtrado


Afluente
3000
2000
1000
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
Tempo (d)
Fonte: Autora, 2020.

Figura 87 – Eficiência de remoção de matéria orgânica da Condição 5.

100

80

60
S (%)

40
Filtrado
20 Não filtrado
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
Tempo (d)
Fonte: Autora, 2020.

Figura 88 – Concentração de carboidratos da Condição 5.

3500
CC (mgCarboidrato.L-1)

3000
2500
2000
1500 Filtrado
1000 Não filtrado
Afluente
500
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
Tempo (d)
Fonte: Autora, 2020.
139

Figura 89 – Eficiência de remoção de carboidratos da Condição 5

100

80

60
C (%)

40
Filtrado
20
Não filtrado
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
Tempo (d)
Fonte: Autora, 2020.

Figura 90 – Volume de biogás e de metano produzido no final do ciclo da Condição 5.

3000
2500
VG e VCH4 (mL)

2000
1500
1000
500 Metano

0 Biogás
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Tempo (d)
Fonte: Autora, 2020.

Figura 91 – Concentração dos componentes do biogás (metano e dióxido de carbono) ao final do ciclo
da Condição 5.

25
20
CG (mmol.L-1)

15 Metano
10 Dióxido de carbono

5
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Tempo (d)
Fonte: Autora, 2020.
140

Depois de atingida a estabilidade operacional do sistema, confirmada através da obtenção


de valores aproximadamente constantes para as variáveis monitoradas (desvio máximo de
10 %), avaliou-se o comportamento do reator durante um ciclo de operação. Foram obtidos os
perfis de concentração de matéria orgânica, carboidrato, ácidos voláteis totais, metabólitos
intermediários, alcalinidade total, pH e biogás, conforme apresentado a seguir.
As Figuras 92 e 93 apresentam, respectivamente, os perfis das concentrações de matéria
orgânica e de carboidratos. Percebe-se que, há aumento da concentração de matéria orgânica
até o ponto de 3 horas de ciclo, correspondente ao tempo em que o reator é alimentado, sendo
posteriormente apenas reduzido. A DQO apresentou valor máximo de 633,2 mgDQO.L-1 no
ponto de 3 horas, e mínimo de 195,0 mgDQO.L-1 ao final do ciclo. Em relação ao perfil de
carboidratos, o pico foi de 27,2 mgCarboidrato.L-1 no ponto de 1,5 hora de ciclo, sendo reduzido
a 21,6 mgCarboidrato.L-1 ao final do ciclo.

Figura 92 – Perfil de concentração de matéria orgânica da Condição 5.

800
CSF (mgDQO.L-1)

600

400

200

0
0 1 2 3 4 5 6
Tempo (h)
Fonte: Autora, 2020.

Figura 93 – Perfil de concentração de carboidratos da Condição 5.

35
CCF (mgCarboidrato.L-1)

30
25
20
15
10
5
0
0 1 2 3 4 5 6
Tempo (h)
Fonte: Autora, 2020.
141

As Figuras 94, 95 e 96 apresentam, respectivamente, os valores de pH, concentração de


ácidos voláteis e alcalinidade a bicarbonato obtidos ao longo do ciclo de operação. O pH durante
o ciclo não apresentou variação significativa sendo de 7,75 e 7,94, considerando valores
mínimos e máximos. Percebe-se que as primeiras 3 horas do ciclo, que correspondente ao tempo
em que o reator é alimentado, é registrado os maiores valores de concentração de ácidos no
sistema, consequentemente, neste mesmo intervalo, registra-se os menores valores de
alcalinidade a bicarbonato, o que ocorre devido à maior demanda de bicarbonato para
neutralização desses ácidos. A seguir estes ácidos são consumidos, havendo, como
consequência, um aumento nos valores de alcalinidade a bicarbonato e um leve aumento no
valor de pH até o término do ciclo de operação. No perfil a alcalinidade a bicarbonato variou
de 3362 a 2946 mgCaCO3.L-1; e os ácidos de 466 a 119 mgHAc.L-1, considerando valores
máximos e mínimos.

Figura 94 – Perfil da variação de pH da Condição 5.

14
12
10
8
pH

6
4
2
0
0 1 2 3 4 5 6
Tempo (h)
Fonte: Autora, 2020.

Figura 95 – Perfil de concentração de ácidos voláteis totais da Condição 5.

1000
AVT (mgHAc.L-1)

800
600
400
200
0
0 1 2 3 4 5 6
Tempo (h)
Fonte: Autora, 2020.
142

Figura 96 – Perfil da variação de alcalinidade a bicarbonato da Condição 5.

3500
AB (mgCaCO3.L-1) 3000
2500
2000
1500
1000
500
0
0 1 2 3 4 5 6
Tempo (h)
Fonte: Autora, 2020.

Observando os compostos intermediários apresentados na Figura 97, nota-se que a


concentração de ácido acético aumenta nas primeiras 3 horas de ciclo, que corresponde ao
tempo em que o reator é alimentado, devido ao afluente apresentar uma elevada concentração
de ácido acético. Há também, nesse mesmo intervalo, o aumento de outros ácidos orgânicos
(propiônico e butírico) ao longo do ciclo em razão do efluente do reator acidogênico e da etapa
de acetogênese, contudo não na mesma proporção do ácido acético. Os picos de concentrações
dos ácidos acético, propiônico e butírico são de 362,7, 72,9 e 52,2 mg.L-1, com concentrações
finais de 210,3, 36,7 e 23,9 mg.L-1, respectivamente. Destaca-se que não foram encontradas
concentrações de ácido valérico e de etanol.

Figura 97 – Perfil de concentração de ácidos voláteis totais da Condição 5.

600
Ácido Acético
500 Ácido Propiônico
Concentração (mg.L-1)

Ácido Butírico
400 Etanol

300
200
100
0
0 1 2 3 4 5 6
Tempo (h)
Fonte: Autora, 2020.
143

As Figuras 98, 99 e 100 apresentam, respectivamente, o perfil dos volumes médios


acumulados de biogás (VG), o perfil das concentrações médias (CG) de metano e de dióxido de
carbono e o perfil das frações molares (YG) de metano e dióxido de carbono ao longo do ciclo.
Analisando-se os resultados apresentados, observa-se que a produção volumétrica média
acumulada de biogás ocorreu principalmente na primeira metade do ciclo, atingindo um valor
médio de 1956 mL. Vale ressaltar que os desvios padrões observados no volume de biogás são
referentes aos valores coletados ao longo do ensaio, uma vez que o volume foi sempre coletado
em forma de perfil. As concentrações, no final do ciclo, foram de 23,67 mmol.L-1 de metano e
de 6,19 mmol.L-1 de dióxido de carbono. Observa-se que, ao final do ciclo, a composição do
biogás gerado era de 79 % de metano e 21 % de gás carbônico. A produção de metano pelo
sistema indica que as condições impostas foram favoráveis à conversão da matéria orgânica por
vias anaeróbias.

Figura 98 – Perfil dos volumes acumulados de biogás produzidos ao longo do ciclo da Condição 5.

3000

2500

2000
VG (mL)

1500

1000

500

0
0 1 2 3 4 5 6
Tempo (h)
Fonte: Autora, 2020.
144

Figura 99 – Perfil da concentração de metano e dióxido de carbono ao longo do ciclo da Condição 5.

25
CG (mMol.L-1) 20
15 Metano
10 Dióxido de carbono

5
0
0 1 2 3 4 5 6
Tempo (h)
Fonte: Autora, 2020.

Figura 100 – Perfil da fração molar de metano e dióxido de carbono ao longo do ciclo da Condição 5.

100
80
60
YG (%)

Metano
40 Dióxido de carbono

20
0
0 1 2 3 4 5 6
Tempo (h)
Fonte: Autora, 2020.

5.3.2 Condição 6 (8250 mgDQO.L-1; 6 h; Batelada Alimentada; 55 °C)

Na Condição 6, o AnSBBR foi operado em bateladas alimentas sequenciais, a 55 °C,


tratando água residuária proveniente do efluente de AnSBBR aplicado à produção de
hidrogênio pela digestão de soro, em condição termofílica por 18 dias (68 ciclos). O tempo do
ciclo (tC) foi de 6 h e o tempo de alimentação (tF) foi de 3 h, ou seja, 50 % do tempo do ciclo.
A concentração do afluente foi de 8250 mgDQO.L-1.
O valor nominal da carga orgânica volumétrica aplicada (COVA) foi de
15,0 gDQO.L- 1.d- 1, a COVA efetiva foi de 14,55 gDQO.L-1.d-1, sendo dessa removidos
13,90 gDQO.L-1.d-1. A eficiência de remoção de matéria orgânica em termos de amostras não
filtradas e filtradas foi de 93 ± 1 % e de 96 ± 1 %, respectivamente, e de 98 ± 0 % e de 99 ±
0 %, no mesmo requisito para carboidratos.
145

O pH afluente foi de 8,70 ± 0,62 diminuindo durante o processo para 7,8 ± 0,2 no efluente,
se mantendo na adequado para a produção de metano. Em relação à alcalinidade a bicarbonato,
houve um aumento de 485 ± 276 para 1988 ± 278 mgCaCO3.L-1. A concentração de ácidos
voláteis totais apresentou uma redução de 1441 ± 394 para 89 ± 31 mgHAc.L-1. Dessa maneira,
é possível verificar que houve geração de alcalinidade no sistema e consumo de ácidos voláteis.
A composição de metano do biogás foi de 73 %, com produtividade molar de metano de
142,90 molCH4.m-3.d-1 e rendimento de metano por matéria orgânica removida de
10,3 molCH4.DQO-1. A produção de biogás e de metano no final do ciclo apresentou valor
médio de 2420 ± 419 Ml e 1742 ± 220 mL, respectivamente. A concentração de média de
metano e de dióxido de carbono no biogás foi de 21,45 ± 2,15 mmol.L-1 e 8,05 ± 1,29 mmol.L- 1,
respectivamente, indicando assim, que os ciclos atingiram as mesmas condições no que diz
respeito às características qualitativas da fermentação anaeróbia.
Os valores médios das variáveis monitoradas no afluente e efluente são apresentados na
Tabela 19. As Figuras 101 e 102 apresentam, respectivamente, a variação da concentração (CS)
e da eficiência de remoção de matéria orgânica (εS) em termos de DQO para o afluente e para
o efluente (para amostras não filtradas e filtradas) ao longo do período de operação do AnSBBR.
As Figuras 103 e 104 apresentam a variação da concentração (CC) e da eficiência de remoção
de carboidratos (εC) para o afluente e para o efluente (para amostras não filtradas e filtradas) ao
longo do período de operação do AnSBBR. A produção de biogás e de metano no final do ciclo
é apresentada na Figura 105 e a distribuição dos gases no biogás no final do ciclo é apresentada
pela Figura 106.

Tabela 19 – Valores médios das variáveis monitoradas na Condição 6 (continua).

Parâmetro Afluente Efluente

CST (mgDQO.L-1) 8114 ± 179 ( 14 )


571 ± 68 ( 14 )

CSF (mgDQO.L-1) ───── 363 ± 48 ( 13 )

εST (%) ───── 93 ± 1 ( 13 )

εSF (%) ───── 96 ± 1 ( 13 )

CCT (mgCarboidrato.L-1) 2518 ± 1145 ( 14 )


55 ± 7 ( 13 )

CCF (mgCarboidrato.L-1) ───── 31 ± 7 ( 13 )

εCT (%) ───── 98 ± 0 ( 13 )

εCF (%) ───── 99 ± 0 ( 13 )

( 14 ) ( 13 )
pH (u) 8,70 ± 0,62 7,8 ± 0,2
AVT (mgHAc.L-1) 1441 ± 394 ( 14 )
89 ± 31 ( 13 )
146

Tabela 19 – Valores médios das variáveis monitoradas na Condição 6 (conclusão).

Parâmetro Afluente Efluente


AT (mgCaCO3.L-1) 1508 ± 578 ( 14 )
2052 ± 291 ( 13 )

AP (mgCaCO3.L-1) 709 ± 100 ( 14 )


1599 ± 233 ( 13 )

AI (mgCaCO3.L-1) 799 ± 232 ( 14 )


453 ± 93 ( 13 )

AB (mgCaCO3.L-1) 485 ± 276 ( 14 )


1988 ± 278 ( 13 )

ST (mg.L-1) 6661 ± 550 ( 4 )


2593 ± 256 ( 4 )

SVT (mg.L-1) 4322 ± 835 ( 4 )


666 ± 109 ( 4 )

SST (mg.L-1) 302 ± 55 ( 4 )


125 ± 22 ( 4 )

SSV (mg.L-1) 239 ± 49 ( 4 )


124 ± 18 ( 4 )

MSVT (g) ───── 48,7


Cx (g.L-1) ───── 22,4
Cx’ (g.gsuporte-1) ───── 0,604
VG (mL.ciclo-1) ───── 2420 ± 419 ( 12 )

Vch4 (mL.ciclo-1) ───── 1742 ± 220 ( 12 )

COVAST (gDQO.L-1.d-1) 14,6 ─────


COVRSF (gDQO.L-1.d-1) ───── 13,9
COVACT -1
(gCarboidrato.L .d ) -1
3,2 ─────
COVRCF (gCarboidrato.L-1.d-1) ───── 3,2
COEAST (gDQO.gSVT .d ) -1 -1
0,7 ─────
COERSF (gDQO.gSVT .d ) -1 -1
───── 0,6
COEACT (gCarboidrato.gSVT-1.d-1) 0,20 ─────
COERCF (gCarboidrato.gSVT-1.d-1) ───── 0,20
nCH4 (mmolCH4.d ) -1
───── 0,3
PrM (molCH4.m-3.d-1) ───── 142,90
PrME (molCH4.kgSVT .d ) -1 -1
───── 6,4
RMCAS,M (molCH4.kgDQO ) -1
9,8 ─────
YA (molCH4.molSubstrato-1) 10,8 ─────
RMCRS,M (molCH4.kgDQO ) -1
───── 10,3
YR (molCH4.molSubstrato-1) ───── 11,0
VA (L) 0,98 ± 0,09 ( 13 )
─────
VR (L) 2,18 ─────
Fonte: Autora, 2021.
Nota: Os valores entre parênteses referem-se ao número de amostras analisadas.
147

Figura 101 – Concentração de matéria orgânica da Condição 6

10000

8000
CS (mgDQO‧L-1)
6000 Filtrado
Não filtrado
Afluente
4000

2000

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
Tempo (d)
Fonte: Autora, 2021.

Figura 102 – Eficiência de remoção de matéria orgânica da Condição 6.

100

80

60
S (%)

40
Filtrado
20 Não filtrado
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
Tempo (d)
Fonte: Autora, 2021

Figura 103 – Concentração de carboidratos da Condição 6.

5000
CC (mgCarboidrato.L-1)

4000
Filtrado
3000 Não filtrado
Afluente
2000

1000

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
Tempo (d)
Fonte: Autora, 2021.
148

Figura 104 – Eficiência de remoção de carboidrato da Condição 6.

100

80

60
C (%)

40
Filtrado
20
Não filtrado
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
Tempo (d)
Fonte: Autora, 2021.

Figura 105 – Volume de biogás e de metano produzido no final do ciclo da Condição 6.

3500
3000
VG e VCH4 (mL)

2500
2000
1500
1000
Metano
500
Biogás
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Tempo (d)
Fonte: Autora, 2021.

Figura 106 – Concentração dos componentes do biogás (metano e dióxido de carbono) ao final do
ciclo da Condição 6.

25
20
CG (mmol.L-1)

15 Metano
10 Dióxido de carbono

5
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Tempo (d)
Fonte: Autora, 2021.
149

Depois de atingida a estabilidade operacional do sistema, confirmada através da obtenção


de valores aproximadamente constantes para as variáveis monitoradas (desvio máximo de
10 %), avaliou-se o comportamento do reator durante um ciclo de operação. Foram obtidos os
perfis de concentração de matéria orgânica, carboidratos, ácidos voláteis totais, metabólitos
intermediários, alcalinidade total, pH e biogás, conforme apresentado a seguir.
As Figuras 107 e 108 apresentam, respectivamente, os perfis das concentrações de
matéria orgânica e de carboidratos. Percebe-se que, há aumento da concentração de matéria
orgânica até o ponto de 3 horas de ciclo, que corresponde ao tempo em que o reator é
alimentado, sendo posteriormente apenas reduzido. A DQO apresentou valor máximo de
1111,0 mgDQO.L-1 no ponto de 2 horas, e mínimo de 453,0 mgDQO.L-1 ao final do ciclo. Em
relação ao perfil de carboidratos, o pico foi de 28,0 mgCarboidrato.L-1 no ponto de 2 horas de
ciclo, sendo reduzido a 22,0 mgCarboidrato.L-1 ao final do ciclo.

Figura 107 – Perfil de concentração de matéria orgânica da Condição 6.

1200
1000
CSF (mgDQO.L-1)

800
600
400
200
0
0 1 2 3 4 5 6
Tempo (h)
Fonte: Autora, 2021.

Figura 108 – Perfil de concentração de carboidrato da Condição 6.

35
CCF (mgCarboidrato.L-1)

30
25
20
15
10
5
0
0 1 2 3 4 5 6
Tempo (h)
Fonte: Autora, 2021.
150

As Figuras 109, 110 e 111 apresentam, respectivamente, os valores de pH, concentração


de ácidos voláteis e alcalinidade a bicarbonato obtidos ao longo do ciclo de operação. O pH
durante o ciclo não apresentou variação significativa sendo de 7,80 e 8,36, considerando valores
mínimos e máximos. Percebe-se que as primeiras 3 horas do ciclo, que correspondente ao tempo
em que o reator é alimentado, é registrado os maiores valores de concentração de ácidos no
sistema, consequentemente, neste mesmo intervalo, registra-se os menores valores de
alcalinidade a bicarbonato, o que ocorre devido à maior demanda de bicarbonato para
neutralização desses ácidos. A seguir estes ácidos são consumidos, havendo, como
consequência, um aumento nos valores de alcalinidade a bicarbonato e um leve aumento no
valor de pH até o término do ciclo de operação. No perfil a alcalinidade a bicarbonato variou
de 2519 a 1969 mgCaCO3.L-1; e os ácidos de 669 a 238 mgHAc.L-1, considerando valores
máximos e mínimos.

Figura 109 – Perfil da variação de pH da Condição 6.

14
12
10
8
pH

6
4
2
0
0 1 2 3 4 5 6
Tempo (h)
Fonte: Autora, 2021.

Figura 110 – Perfil de concentração de ácidos voláteis totais da Condição 6.

1000
AVT (mgHAc.L-1)

800
600
400
200
0
0 1 2 3 4 5 6
Tempo (h)
Fonte: Autora, 2021.
151

Figura 111 – Perfil da variação de alcalinidade a bicarbonato da Condição 6.

3000

AB (mgCaCO3.L-1)
2500
2000
1500
1000
500
0
0 1 2 3 4 5 6
Tempo (h)
Fonte: Autora, 2021.

Observando os compostos intermediários apresentados na Figura 112, nota-se que a


concentração de ácido acético aumenta nas primeiras 3 horas de ciclo, que corresponde ao
tempo em que o reator é alimentado, devido ao afluente apresentar uma elevada concentração
de ácido acético. Há também, nesse mesmo intervalo, o aumento de outros ácidos orgânicos
(propiônico e butírico) ao longo do ciclo em razão do efluente do reator acidogênico e da etapa
de acetogênese, contudo não na mesma proporção do ácido acético. Os picos de concentrações
dos ácidos acético, propiônico e butírico são de 631,4, 79,2 e 96,8 mg.L-1, com concentrações
finais de 295,8, 40,5 e 59,4 mg.L-1, respectivamente. Destaca-se que não foram encontradas
concentrações de ácido valérico e de etanol.

Figura 112 – Perfil de concentração de ácidos voláteis totais da Condição 6

1000
Ácido Acético
Ácido Propiônico
Concentração (mg.L-1)

800 Ácido Butírico


Etanol
600

400

200

0
0 1 2 3 4 5 6
Tempo (h)
Fonte: Autora, 2021.
152

As Figuras 113, 114 e 115 apresentam, respectivamente, o perfil dos volumes médios
acumulados de biogás (VG), o perfil das concentrações médias (CG) de metano e de dióxido de
carbono e o perfil das frações molares (YG) de metano e dióxido de carbono ao longo do ciclo.
Analisando-se os resultados apresentados, observa-se que a produção volumétrica média
acumulada de biogás ocorreu principalmente na primeira metade do ciclo, atingindo um valor
médio de 2420 mL. Vale ressaltar que os desvios padrões observados no volume de biogás são
referentes aos valores coletados ao longo do ensaio, uma vez que o volume foi sempre coletado
em forma de perfil. As concentrações, no final do ciclo, foram de 23,50 mmol.L-1 de metano e
de 7,05 mmol.L-1 de dióxido de carbono. Observa-se que, ao final do ciclo, a composição do
biogás gerado era de 77 % de metano e 23 % de gás carbônico. A produção de metano pelo
sistema indica que as condições impostas foram favoráveis à conversão da matéria orgânica por
vias anaeróbias.

Figura 113 – Perfil dos volumes acumulados de biogás produzidos ao longo do ciclo da Condição 6.

3500
3000
2500
2000
VG (mL)

1500
1000
500
0
0 1 2 3 4 5 6
Tempo (h)
Fonte: Autora, 2021.
153

Figura 114 – Perfil da concentração de metano e dióxido de carbono ao longo do ciclo da Condição 6.

25
20

CG (mMol.L-1)
15 Metano
10 Dióxido de carbono

5
0
0 1 2 3 4 5 6
Tempo (h)
Fonte: Autora, 2021.

Figura 115 – Perfil da fração molar de metano e dióxido de carbono ao longo do ciclo da Condição 6.

100
80
60
YG (%)

Metano
40 Dióxido de carbono

20
0
0 1 2 3 4 5 6
Tempo (h)
Fonte: Autora, 2021.

5.3.3 Análise da influência da carga orgânica volumétrica aplicada (Condições 3, 5 e 6)

As três condições (3, 5 e 6) foram operadas com a mesma estratégia de alimentação de


batelada alimentada, o mesmo tempo de ciclo de 6 h e a mesma temperatura de 55 °C. Desse
modo, alterou-se a carga orgânica volumétrica aplicada (7,0, 10 e 15 gDQO.L-1.d-1 para
Condição 3, 5 e 6 , respectivamente) e, consequentemente, a concentração de afluente (3740,
5500 e 8250 mgDQO.L-1 para Condição 3, 5 e 6, respectivamente). As Figuras 116 e 117
apresentam, respectivamente, os valores de concentração e de eficiência de remoção de matéria
orgânica no afluente e no efluente, para amostras filtradas e não filtradas, ao longo das três
condições.
As Condições 3, 5 e 6 apresentaram eficiência de remoção de 92,8 %, 94,1 %, e 95,5 %
respectivamente, considerando amostras filtradas. Percebe-se que as três condições
154

apresentaram eficiência de remoção de matéria orgânica elevadas. Assim, o aumento de carga


não resultou na diminuição desse parâmetro, o que mostra a flexibilidade operacional desse
sistema.

Figura 116 – Monitoramento das concentrações de DQO das Condições 3, 5 e 6.

10000

8000
CS (mgDQO‧L-1)

Filtrado
6000 Não filtrado
Afluente
4000

2000

0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55
Tempo (d)
Fonte: Autora, 2021.

Figura 117 – Monitoramento das eficiências de remoção de carboidratos das Condições 3, 5 e 6

100

80

60
S (%)

40
Filtrado
20
Não filtrado
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55
Tempo (d)
Fonte: Autora, 2021.

Pela Tabela 20, percebe-se que, nas três condições não houve variação significativa de
pH, em relação ao afluente e o efluente. Observa-se, na Figura 118, que os valores de
alcalinidade a bicarbonato do efluente foram sempre superiores aos valores do afluente,
indicando que houve geração de alcalinidade no sistema para as condições impostas ao
AnSBBR. Com relação à concentração de ácidos voláteis totais, percebe-se, pela Figura 119,
que a concentração sempre foi inferior no efluente em relação aos valores no afluente, em
155

função do consumo dos mesmos na etapa de metanogênese, mostrando dessa forma que o
aumento da carga orgânica proporcionou estabilidade ao sistema.

Tabela 20 – Variação de pH no afluente e no efluente das Condições 3, 5 e 6.

COVA tC pH
Condição
(gDQO.L-1.d-1) (h) Afluente Efluente
3 7,19 6 8,37 ± 0,45 7,8 ± 0,1
5 10,38 6 8,48 ± 0,45 8,0 ± 0,1
6 14,55 6 8,70 ± 0,62 7,8 ± 0,2
Fonte: Autora, 2021.

Figura 118 – Monitoramento da alcalinidade a bicarbonato das Condições 3, 5 e 6.

6000

5000
AB (mgCaCO3.L-1)

3 5 6
4000

3000

2000

1000 AB - Afluente
AB - Efluente
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55
Tempo (d)
Fonte: Autora, 2021.
156

Figura 119 – Monitoramento dos ácidos voláteis das Condições 3, 5 e 6.

2500

2000
AVT (mgHAc.L-1)

AVT - Afluente
1500 AVT - Efluente

1000

500

0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55
Tempo (d)

Fonte: Autora, 2021.

Analisando os ácidos voláteis intermediários das Condições 3, 5 e 6, nota-se que que há


um predomínio do ácido acético (como é esperado devido à rota metabólica da metanogênese).
Comparando-se as três condições, percebe-se que a Condição 6 apresentou aumento na
concentração dos ácidos intermediários no efluente (Figura 120) e uma leve diminuição na
composição de ácido acético no efluente.
A Condição 6 apresentou maior concentração e composição de ácido acético no efluente
(Figura 121), em comparação aos dos demais ácidos intermediários (propiônico e butírico),
atingindo valores de, respectivamente, 295,8 mg.L-1 e 80 %.
Isso significa que houve maior produção de ácidos voláteis na Condição 6, justificando o
fato da Condição 6 apresentar maior concentração de ácidos intermediários no efluente. Além
disso, é possível afirmar que houve maior produção de ácido acético na Condição 6, provinda
da etapa de acetogênese e do efluente do reator acidogênico. Isso se justifica pelo fato da
Condição 6 apresentar maior concentração de ácido acético no efluente.
É possível afirmar que, na Condição 6, em relação as Condições 3 e 5, houve maior
produção de ácido acético, que por sua vez, uma parcela, foi consumida para a produção de
metano, na etapa de metanogênese, justificando o fato da Condição 6 apresentar maior produção
de metano, como será mostrado a diante. Logo, o sistema não está em desequilíbrio. A parcela
excedente de ácido acético, que saiu no efluente, não foi suficiente para acidificar o ambiente e
comprometer o sistema. Hill, Cobb e Bolte (1987), propuseram concentrações de ácido acético
acima de 800 mg.L-1 como indicativos de falha no processo. Xu et al. (2014) e Shi et
157

al. (2018) relataram que a produção de metano foi inibida completamente quando as
concentrações de ácidos graxos voláteis ficara na faixa de 5800 a 6900 mg.L-1. Stallamn et al.
(2012) mencionou que a inibição metanogênica pode ocorrer quando a concentração de acetado
excede 3000 mg.L-1.

Figura 120 – Concentrações dos ácidos intermediários nos efluentes das Condições 3, 5 e 6.

350

300
HAc HPr HBu
Concentração (mg‧L-1)

250

200

150

100

50

0
C3 C5 C6
Fonte: Autora, 2021.

Figura 121 – Composições dos ácidos intermediários nos efluentes das Condições 3, 5 e 6.

100
90 HAc HPr HBu
80
Composição (%)

70
60
50
40
30
20
10
0
C3 C5 C6
Fonte: Autora, 2021.

A Tabela 21 apresenta as médias das análises de sólidos das três condições, observa-se
que a quantidade média efluente de sólidos suspensos voláteis do reator foi menor que a afluente
indicando, portanto, que não houve condições agravantes para a biomassa, tal que resultasse no
desprendimento e carreamento da mesma. Deste modo, o aumento da carga não demonstrou
instabilidade por este parâmetro.
158

Tabela 21– Sólidos das Condições 3, 5 e 6.

Parâmetro Condição 3 Condição 5 Condição 6


(mg.L-1) Afluente Efluente Afluente Efluente Afluente Efluente
ST 5787 3535 7055 4413 6661 2593
SVT 3019 917 3679 1121 4322 666
SST 409 132 578 168 302 125
SSV 311 102 451 123 239 124
Fonte: Autora, 2021.

Verifica-se, através da Figura 122, que o aumento da carga orgânica, e


consequentemente do substrato, provocou um acréscimo no volume médio de biogás (1351,
1956 e 2420 mL.dia-1 na Condição 3, 5 e 6, respectivamente) e no volume médio de metano
(1001, 1502 e 1742 mL.dia-1 na Condição 3, 5 e 6, respectivamente).

Figura 122 – Produção diária de biogás das Condições 3, 5 e 6

3500
3 5 6
3000
2500
2000
VG (mL)

1500
1000
500 Metano
Biogás
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55
Tempo (d)
Fonte: Autora, 2021.

Além disso, verificou-se também, através da Figura 123, que o aumento da carga orgânica
resultou aumento na concentração média de metano (19,34, 21,77 e 21,45 mmol.L-1 para as
Condições 3, 5 e 6 ). Percebe-se que, em relação a Condição 5 e 6, a concentração média de
metano foi muito próxima, tendo uma diferença de 1,4 %. Em relação a concentração média de
dióxido de carbono, observou-se o mesmo comportamento (6,75, 6,50 e 8,05 mmol.L- 1 para as
Condições 3, 5 e 6). Percebe-se que, em relação a Condição 3 e 5, a concentração média de
metano foi próxima, tendo uma diferença de 3,6 %. Sobre a fração molar média de metano do
biogás, as três condições obtiveram valores altos (acima de 70 %) e próximos (74 %, 77 % e
73 % para Condições 3, 5 e 6).
159

Figura 123 – Concentrações de metano e de dióxido de carbono das Condições 3, 5 e 6.

25
20

CG (mmol‧L-1)
15
Metano
10 Dióxido de carbono
5
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55
Tempo (d)
Fonte: Autora, 2021.

Pela Tabela 22, percebe-se que, de modo geral, nas condições operadas, o aumento da
carga orgânica volumétrica aplicada apresentou influência sobre os parâmetros analisados.
Comparando as três condições, a Condição 6 (COVA = 15 gDQO.L-1.d-1), apresentou
maior valor de produtividade molar volumétrica de metano (PrM) alcançando o valor de
142,90 molCH4.m-3.d-1, maior eficiência de remoção de matéria orgânica alcançando valor de
96 % e valores apreciáveis de rendimento entre metano produzido e matéria orgânica aplicada
(RMCA) e matéria orgânica removida (RMCR) alcançando o valor de, respectivamente, 11,0 e
10,3 molCH4.kgDQO-1. Dessa forma, é possível notar, que o aumento da carga tende a
aumentar a produção de biogás, e de metano no caso, uma vez que há o aumento do substrato.
Para as condições subsequentes, foi mantida a carga orgânica volumétrica aplicada de 15,0
gDQO.L-1.d-1.
É importante ressaltar que para alcançar a maior COVA foi aumentando gradativamente
a concentração de afluente e consequentemente a COVA ao longo das condições anteriores,
fazendo com que houvesse, provavelmente, uma adaptação implícita dos microrganismos,
resultando em um enriquecimento do consórcio de microrganismo presente no reator. Não é
possível afirmar que iniciando com a COVA de 15 gDQO.L- 1.d-1, ou seja, sem esse aumento
gradual ao longo das condições anteriores, o resultado seria o mesmo.
160

Tabela 22 – Indicadores de desempenho das Condições 3, 5 e 6 (continua)

Parâmetro Condição 3 Condição 5 Condição 6

COVAST (gDQO.L-1.d-1) 7,2 10,3 14,55


CST AFLU (mgDQO.L-1) 3662 ± 142 (15)
5454 ± 128 (14)
8114 ± 179 (14)

εST (%) 90 ± 9 (14)


92 ± 5 (12)
96 ± 1 (13)

(mgCarboidrato.L-1) (15) (14) (13)


CCT AFLU 1554 ± 707 1617 ± 904 2518 ± 1145
εCT (%) 98 ± 1 (14)
98 ± 0 (12)
99 ± 0 (13)

(15) (13) (14)


pHAFLU ____ 8,29 ± 0,44 8,48 ± 0,46 8,70 ± 0,62
(14) (12) (13)
pH EFLU ____ 7,8 ± 0,1 8,0 ± 0,1 7,8 ± 0,2
AVT AFLU (mgHAc.L-1) 965 ± 187 (15)
1660 ± 343 (13)
1441 ± 394 (14)

AVT EFLU (mgHAc.L-1) 139 ± 139 (14)


151 ± 121 (12)
89 ± 31 (13)

AB AFLU (mgCaCO3.L-1) 1969 ± 801 (15)


1596 ± 215 (13)
485 ± 276 (14)

AB EFLU (mgCaCO3.L-1) 2514 ± 1005 (14)


2992 ± 246 (12)
1988 ± 278 (13)

VG (mL.ciclo-1) 1351 ± 227 (14)


2071 ± 128 (9)
2420 ± 419 (12)

VCH4 (mL.ciclo-1) 1001 ± 150 (14)


1588 ± 87 (9)
1742 ± 220 (12)

YCH4 (%) 74,1 77 73


PrM (molCH4.m-3.d-1) 75,77 123,83 142,90
PrME (molCH4.kgSVT-1.d1) 2,81 4,90 6,39
RMCAS,M (molCH4.kgDQO-1) 10,5 11,9 11,0
RMCRS,M (molCH4.kgDQO-1) 11,4 12,7 10,3
Fonte: Autora, 2021.
Nota: Os valores entre parênteses referem-se ao número de amostras analisadas.

5.4 Influência da temperatura (55, 50 e 45 °C)

5.4.1 Condição 7 (8250 mgDQO.L-1; 6 h; Batelada Alimentada; 50 °C)

Na Condição 7, o AnSBBR foi operado em bateladas alimentas sequenciais, a 50 °C,


tratando água residuária proveniente do efluente de AnSBBR aplicado à produção de
hidrogênio pela digestão de soro, em condição termofílica por 17 dias (68 ciclos). O tempo do
ciclo (tC) foi de 6 h e o tempo de alimentação (tF) foi de 3 h, ou seja, 50 % do tempo do ciclo.
A concentração do afluente foi de 8250 mgDQO.L-1.
O valor nominal da carga orgânica volumétrica aplicada (COVA) foi de
15,0 gDQO.L- 1.d- 1, a COVA efetiva foi de 14,70 gDQO.L-1.d-1, sendo dessa removidos
161

12,90 gDQO.L-1.d-1. A eficiência de remoção de matéria orgânica em termos de amostras não


filtradas e filtradas foi de 85 ± 5 % e de 88 ± 6 %, respectivamente, e de 98 ± 1 % e de 99 ±
1 %, no mesmo requisito para carboidratos.
O pH afluente foi de 10,04 ± 3,11 diminuindo durante o processo para 7,8 ± 0,2 no
efluente, se mantendo na adequado para a produção de metano. Em relação à alcalinidade a
bicarbonato, houve um aumento de 540 ± 286 para 1743 ± 253 mgCaCO3.L-1. A concentração
de ácidos voláteis totais apresentou uma redução de 1412 ± 183 para 502 ± 312 mgHAc.L-1.
Dessa maneira, é possível verificar que houve geração de alcalinidade no sistema e consumo
de ácidos voláteis.
A composição de metano do biogás foi de 68 %, com produtividade molar de metano de
109,98 molCH4.m-3.d-1 e rendimento de metano por matéria orgânica removida de
8,53 molCH4.DQO-1. A produção de biogás e de metano no final do ciclo apresentou valor
médio de 2018 ± 213 mL e 1361 ± 143 mL, respectivamente. A concentração de média de
metano e de dióxido de carbono no biogás foi de 20,18 ± 1,28 mmol.L-1 e 9,69 ± 0,98 mmol.L- 1,
respectivamente, indicando assim, que os ciclos atingiram as mesmas condições no que diz
respeito às características qualitativas da fermentação anaeróbia.
Os valores médios das variáveis monitoradas no afluente e efluente são apresentados na
Tabela 23. As Figuras 124 e 125 apresentam, respectivamente, a variação da concentração (CS)
e da eficiência de remoção de matéria orgânica (εS) em termos de DQO para o afluente e para
o efluente (para amostras não filtradas e filtradas) ao longo do período de operação do AnSBBR.
As Figuras 126 e 127 apresentam a variação da concentração (CC) e da eficiência de remoção
de carboidratos (εC) para o afluente e para o efluente (para amostras não filtradas e filtradas) ao
longo do período de operação do AnSBBR. A produção de biogás e de metano no final do ciclo
é apresentada na Figura 128 e a distribuição dos gases no biogás no final do ciclo é apresentada
pela Figura 129.

Tabela 23 – Valores médios das variáveis monitoradas na Condição7 (continua)

Parâmetro Afluente Efluente

CST (mgDQO.L-1) 8048 ± 159 ( 13 )


1216 ± 423 ( 13 )

CSF (mgDQO.L-1) ───── 986 ± 440 ( 12 )

εST (%) ───── 85 ± 5 ( 12 )

εSF (%) ───── 88 ± 6 ( 12 )

CCT (mgCarboidrato.L-1) 3258 ± 867 ( 13 )


77 ± 31 ( 12 )
162

Tabela 23 – Valores médios das variáveis monitoradas na Condição7 (conclusão)

Parâmetro Afluente Efluente


CCF (mgCarboidrato.L-1) ───── 37 ± 14 ( 12 )

εCT (%) ───── 98 ± 1 ( 12 )

εCF (%) ───── 99 ± 1 ( 12 )

( 13 ) ( 12 )
pH (u) 10,04 ± 3,11 7,8 ± 0,2
AVT (mgHAc.L-1) 1412 ± 183 ( 13 )
502 ± 312 ( 12 )

AT (mgCaCO3.L-1) 1542 ± 586 ( 13 )


2099 ± 124 ( 12 )

AP (mgCaCO3.L-1) 861 ± 221 ( 13 )


1539 ± 170 ( 12 )

AI (mgCaCO3.L-1) 681 ± 123 ( 13 )


560 ± 114 ( 12 )

AB (mgCaCO3.L-1) 540 ± 286 ( 13 )


1743 ± 253 ( 12 )

ST (mg.L-1) 6775 ± 711 ( 4 )


3315 ± 405 ( 4 )

SVT (mg.L-1) 4349 ± 489 ( 4 )


959 ± 312 ( 4 )

SST (mg.L-1) 484 ± 140 ( 4 )


183 ± 69 ( 4 )

SSV (mg.L-1) 405 ± 103 ( 4 )


129 ± 28 ( 4 )

MSVT (g) ───── 57,0


Cx (g.L-1) ───── 25,8
Cx’ (g.gsuporte-1) ───── 0,270
VG (mL.ciclo-1) ───── 2018 ± 213 ( 11 )

Vch4 (mL.ciclo-1) ───── 1361 ± 143 ( 11 )

COVAST (gDQO.L-1.d-1) 14,7 ─────


COVRSF (gDQO.L-1.d-1) ───── 12,9
-1 -1
COVACT (gCarboidrato.L .d ) 4,2 ─────
-1 -1
COVRCF (gCarboidrato.L .d ) ───── 4,2
COEAST (gDQO.gSVT-1.d-1) 0,6 ─────
-1 -1
COERSF (gDQO.gSVT .d ) ───── 0,5
COEACT (gCarboidrato.gSVT-1.d-1) 0,23 ─────
COERCF (gCarboidrato.gSVT-1.d-1) ───── 0,23
-1
nCH4 (mmolCH4.d ) ───── 0,2
PrM (molCH4.m-3.d-1) ───── 109,98
-1 -1
PrME (molCH4.kgSVT .d ) ───── 4,3
-1
RMCAS,M (molCH4.kgDQO ) 7,5 ─────
YA (molCH4.molSubstrato-1) 6,3 ─────
-1
RMCRS,M (molCH4.kgDQO ) ───── 8,5
YR (molCH4.molSubstrato-1) ───── 6,4
( 12 )
VA (L) 1,01 ± 0,10 ─────
VR (L) 2,21 ─────
163

Fonte: Autora, 2021.


Nota: Os valores entre parênteses referem-se ao número de amostras analisadas.

Figura 124 – Concentração de matéria orgânica da Condição 7.

10000

8000
CS (mgDQO.L-1)

6000 Filtrado
Não filtrado
Afluente
4000

2000

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
Tempo (d)
Fonte: Autora, 2021.

Figura 125 – Eficiência de remoção de matéria orgânica da Condição 7.

100

80

60
S (%)

40
Filtrado
20 Não filtrado
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
Tempo (d)
Fonte: Autora, 2021.
164

Figura 126 – Concentração de carboidratos da Condição 7.

5000
CC (mgCarboidrato.L-1)
4000

3000

2000 Filtrado
Não filtrado
1000 Afluente

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
Tempo (d)
Fonte: Autora, 2021.
Figura 127 – Eficiência de remoção de carboidratos da Condição 7.

100

80

60
C (%)

40
Filtrado
20
Não filtrado
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
Tempo (d)
Fonte: Autora, 2021.

Figura 128 – Volume de biogás e de metano produzido no final do ciclo da Condição 7.

3000
2500
VG e VCH4(mL)

2000
1500
1000
500 Metano
Biogás
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Tempo (d)
Fonte: Autora, 2021.
165

Figura 129 – Concentração dos componentes do biogás (metano e dióxido de carbono) ao final do
ciclo da Condição 7.

25
20
CG (mmol.L-1) 15
10
Metano
5
Dióxido de carbono
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Tempo (d)
Fonte: Autora, 2021.

Depois de atingida a estabilidade operacional do sistema, confirmada através da obtenção


de valores aproximadamente constantes para as variáveis monitoradas (desvio máximo de
10 %), avaliou-se o comportamento do reator durante um ciclo de operação. Foram obtidos os
perfis de concentração de matéria orgânica, carboidratos, ácidos voláteis totais, metabólitos
intermediários, alcalinidade total, pH e biogás, conforme apresentado a seguir.
As Figuras 130 e 131 apresentam, respectivamente, os perfis das concentrações de
matéria orgânica e de carboidratos. Percebe-se que, há aumento da concentração de matéria
orgânica até o ponto de 3 horas de ciclo, que corresponde ao tempo em que o reator é
alimentado, sendo posteriormente apenas reduzido. A DQO apresentou valor máximo de
1983,0 mgDQO.L-1 no ponto de 3 horas, e mínimo de 783,0 mgDQO.L-1 ao final do ciclo. Em
relação ao perfil de carboidratos, o pico foi de 44,0 mgCarboidrato.L-1 no ponto de 1,5 horas de
ciclo, sendo reduzido a 24,0 mgCarboidrato.L-1 ao final do ciclo.

Figura 130 – Perfil de concentração de matéria orgânica da Condição 7.

3000
2500
(mgDQO.L-1)

2000
1500
1000
CSF

500
0
0 1 2 3 4 5 6
Tempo (h)
Fonte: Autora, 2021.
166

Figura 131 – Perfil de concentração de carboidrato da Condição 7.

50

CCF (mgCarboidrato.L-1)
40
30
20
10
0
0 1 2 3 4 5 6
Tempo (h)
Fonte: Autora, 2021.

As Figuras 132, 133 e 134 apresentam, respectivamente, os valores de pH, concentração


de ácidos voláteis e alcalinidade a bicarbonato obtidos ao longo do ciclo de operação. O pH
durante o ciclo não apresentou variação significativa sendo de 7,48 e 7,80, considerando valores
mínimos e máximos. Percebe-se que as primeiras 3 horas do ciclo, que correspondente ao tempo
em que o reator é alimentado, é registrado os maiores valores de concentração de ácidos no
sistema, consequentemente, neste mesmo intervalo, registra-se os menores valores de
alcalinidade a bicarbonato, o que ocorre devido à maior demanda de bicarbonato para
neutralização desses ácidos. A seguir estes ácidos são consumidos, havendo, como
consequência, um aumento nos valores de alcalinidade a bicarbonato e um leve aumento no
valor de pH até o término do ciclo de operação. No perfil a alcalinidade a bicarbonato variou
de 2140 a 1312 mgCaCO3.L-1; e os ácidos de 1013 a 232 mgHAc.L-1, considerando valores
máximos e mínimos.

Figura 132 – Perfil da variação de pH da Condição 7

14
12
10
8
pH

6
4
2
0
0 1 2 3 4 5 6
Tempo (h)
Fonte: Autora, 2021.
167

Figura 133 – Perfil da variação de ácidos voláteis da Condição 7.

1500

AVT (mgHAc.L-1) 1000

500

0
0 1 2 3 4 5 6
Tempo (h)
Fonte: Autora, 2021.

Figura 134 – Perfil da variação de alcalinidade a bicarbonato da Condição 7.

3000
AB (mgCaCO3.L-1)

2500
2000
1500
1000
500
0
0 1 2 3 4 5 6
Tempo (h)
Fonte: Autora, 2021.

Observando os compostos intermediários apresentados na Figura 135, nota-se que a


concentração de ácido acético aumenta nas primeiras 3 horas de ciclo, que corresponde ao
tempo em que o reator é alimentado, devido ao afluente apresentar uma elevada concentração
de ácido acético. Há também, nesse mesmo intervalo, o aumento de outros ácidos orgânicos
(propiônico e butírico) ao longo do ciclo em razão do efluente do reator acidogênico e da etapa
de acetogênese, contudo não na mesma proporção do ácido acético. Os picos de concentrações
dos ácidos acético, propiônico e butírico são de 550,4, 300,1 e 168,7 mg.L-1, com concentrações
finais de 240,2, 141,9 e 48,5 mg.L-1, respectivamente. Destaca-se que não foram encontradas
concentrações de ácido valérico e de etanol.
168

Figura 135 – Perfil de concentração de ácidos voláteis totais da Condição 7.

1000
Ácido Acético Ácido Propiônico

Concentração (mg.L-1)
800 Ácido Butírico Ácido Valérico
Etanol
600

400

200

0
0 1 2 3 4 5 6
Tempo (h)
Fonte: Autora, 2021.

As Figuras 136, 137 e 138 apresentam, respectivamente, o perfil dos volumes médios
acumulados de biogás (VG), o perfil das concentrações médias (CG) de metano e de dióxido de
carbono e o perfil das frações molares (YG) de metano e dióxido de carbono ao longo do ciclo.
Analisando-se os resultados apresentados, observa-se que a produção volumétrica média
acumulada de biogás ocorreu principalmente na primeira metade do ciclo, atingindo um valor
médio de 2018 mL. Vale ressaltar que os desvios padrões observados no volume de biogás são
referentes aos valores coletados ao longo do ensaio, uma vez que o volume foi sempre coletado
em forma de perfil. As concentrações, no final do ciclo, foram de 20,18 mmol.L-1 de metano e
de 9,68 mmol.L-1 de dióxido de carbono. Observa-se que, ao final do ciclo, a composição do
biogás gerado era de 68 % de metano e 32 % de gás carbônico. A produção de metano pelo
sistema indica que as condições impostas foram favoráveis à conversão da matéria orgânica por
vias anaeróbias.
169

Figura 136 – Perfil dos volumes acumulados de biogás produzidos ao longo do ciclo da Condição 7.

3000

2500

VG (mL) 2000

1500

1000

500

0
0 1 2 3 4 5 6
Tempo (h)
Fonte: Autora, 2021.

Figura 137 – Perfil da concentração de metano e dióxido de carbono ao longo do ciclo da Condição 7.

25
20
CG (mMol.L-1)

15
10
5 Metano
Dióxido de carbono
0
0 1 2 3 4 5 6
Tempo (h)
Fonte: Autora, 2021.

Figura 138 – Perfil da fração molar de metano e dióxido de carbono ao longo do ciclo da Condição 7.

100
80
60
YG (%)

40
20 Metano
Dióxido de carbono
0
0 1 2 3 4 5 6
Tempo (h)
Fonte: Autora, 2021.
170

5.4.2 Condição 8 (8250 mgDQO.L-1; 6 h; Batelada Alimentada; 45 °C)

Na Condição 8, o AnSBBR foi operado em bateladas alimentas sequenciais, a 45 °C,


tratando água residuária proveniente do efluente de AnSBBR aplicado à produção de
hidrogênio pela digestão de soro, em condição termofílica por 17 dias (68 ciclos). O tempo do
ciclo (tC) foi de 6 h e o tempo de alimentação (tF) foi de 3 h, ou seja, 50 % do tempo do ciclo.
A concentração do afluente foi de 8250 mgDQO.L-1.
O valor nominal da carga orgânica volumétrica aplicada (COVA) foi de
15,0 gDQO.L- 1.d- 1, a COVA efetiva foi de 15,09 gDQO.L-1.d-1, sendo dessa removidos
13,17 gDQO.L-1.d-1. A eficiência de remoção de matéria orgânica em termos de amostras não
filtradas e filtradas foi de 84 ± 3 % e de 87 ± 2 %, respectivamente, e de 98 ± 1 % e de 99 ±
1 %, no mesmo requisito para carboidratos.
O pH afluente foi de 9,48 ± 0,41 diminuindo durante o processo para 7,8 ± 0,1 no efluente,
se mantendo na adequado para a produção de metano. Em relação à alcalinidade a bicarbonato,
houve um aumento de 463 ± 145 para 2457 ± 725 mgCaCO3.L-1. A concentração de ácidos
voláteis totais apresentou uma redução de 1686 ± 250 para 429 ± 318 mgHac.L-1. Dessa
maneira, é possível verificar que houve geração de alcalinidade no sistema e consumo de ácidos
voláteis.
A composição de metano do biogás foi de 72 %, com produtividade molar de metano de
102,46 molCH4.m-3.d-1 e rendimento de metano por matéria orgânica removida de
7,78 molCH4.DQO-1. A produção de biogás e de metano no final do ciclo apresentou valor
médio de 1773 ± 409 mL e 1278 ± 304 Ml, respectivamente. A concentração de média de
metano e de dióxido de carbono no biogás foi de 20,43 ± 1,58 mmol.L-1 e 7,89 ± 1,00 mmol.L- 1,
respectivamente, indicando assim, que os ciclos atingiram as mesmas condições no que diz
respeito às características qualitativas da fermentação anaeróbia.
Os valores médios das variáveis monitoradas no afluente e efluente são apresentados na
Tabela 24. As Figuras 139 e 140 apresentam, respectivamente, a variação da concentração (CS)
e da eficiência de remoção de matéria orgânica (εS) em termos de DQO para o afluente e para
o efluente (para amostras não filtradas e filtradas) ao longo do período de operação do AnSBBR.
As Figuras 141 e 142 apresentam a variação da concentração (CC) e da eficiência de remoção
de carboidratos (εC) para o afluente e para o efluente (para amostras não filtradas e filtradas) ao
longo do período de operação do AnSBBR, A produção de biogás e de metano no final do ciclo
171

é apresentada na Figura 143 e a distribuição dos gases no biogás no final do ciclo é apresentada
pela Figura 144.

Tabela 24 – Valores médios das variáveis monitoradas na Condição 8 (continua)

Parâmetro Afluente Efluente

CST (mgDQO.L-1) 8185 ± 345 ( 13 )


1269 ± 204 ( 13 )

CSF (mgDQO.L-1) ───── 1044 ± 199 ( 12 )

εST (%) ───── 84 ± 3 ( 12 )

εSF (%) ───── 87 ± 2 ( 12 )

CCT (mgCarboidrato.L-1) 2343 ± 608 ( 13 )


51 ± 11 ( 12 )

CCF (mgCarboidrato.L-1) ───── 27 ± 8 ( 12 )

εCT (%) ───── 98 ± 1 ( 12 )

εCF (%) ───── 99 ± 1 ( 12 )

( 13 ) ( 12 )
pH (u) 9,48 ± 0,41 7,8 ± 0,1
AVT (mgHAc.L-1) 1686 ± 250 ( 13 )
429 ± 318 ( 12 )

AT (mgCaCO3.L-1) 1660 ± 596 ( 13 )


2761 ± 904 ( 12 )

AP (mgCaCO3.L-1) 841 ± 110 ( 13 )


1987 ± 577 ( 12 )

AI (mgCaCO3.L-1) 820 ± 93 ( 13 )
775 ± 336 ( 12 )

AB (mgCaCO3.L-1) 463 ± 145 ( 13 )


2457 ± 725 ( 12 )

ST (mg.L-1) 6690 ± 148 ( 6 )


3522 ± 274 ( 6 )

SVT (mg.L-1) 4059 ± 151 ( 6 )


902 ± 134 ( 6 )

SST (mg.L-1) 377 ± 131 ( 6 )


167 ± 20 ( 6 )

SSV (mg.L-1) 322 ± 65 ( 6 )


140 ± 19 ( 6 )

MSVT (g) ───── 76,4


Cx (g.L-1) ───── 34,3
Cx’ (g.gsuporte-1) ───── 0,663
-1 ( 12 )
VG (mL.ciclo ) ───── 1773 ± 409
Vch4 (mLciclo-1) ───── 1278 ± 304 ( 12 )

COVAST (gDQO.L-1.d-1) 15,1 ─────


COVRSF (gDQOL-1.d-1) ───── 13,2
COVACT (gCarboidrato.L-1.d-1) 3,1 ─────
-1 -1
COVRCF (gCarboidrato.L .d ) ───── 3,0
COEAST (gDQO.gsvt-1.d-1) 0,4 ─────
-1 -1
COERSF (gDQO.gsvt .d ) ───── 0,4
-1 -1
COEACT (gCarboidrato.gsvt .d ) 0,13 ─────
COERCF (gCarboidrato.gsvt-1.d-1) ───── 0,12
172

Tabela 25 – Valores médios das variáveis monitoradas na Condição 8 (continua)

Parâmetro Afluente Efluente


nCH4 (mmolCH4.d-1) ───── 0,2
PrM (molCH4.m-3.d-1) ───── 102,46
-1 -1
PrME (molCH4.kgSVT .d ) ───── 3,0
RMCAS,M (molCH4.kgDQO-1) 6,8 ─────
-1
YA (molCH4.molSubstrato ) 8,1 ─────
-1
RMCRS,M (molCH4.kgDQO ) ───── 7,8
YR (molCH4.molSubstrato-1) ───── 8,2
( 13 )
VA (L) 1,03 ± 0,05 ─────
VR (L) 2,23 ─────
Fonte: Autora, 2021.

Figura 139 – Concentração de matéria orgânica da Condição 8.

10000

8000
CS (mgDQO.L-1)

6000 Filtrado
Não filtrado
4000 Afluente

2000

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Tempo (d)
Fonte: Autora, 2021.

Figura 140 – Concentração de matéria orgânica da Condição 8.

100

80

60
S (%)

40
Filtrado
20 Não filtrado
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Tempo (d)
Fonte: Autora, 2021.
173

Figura 141 – Concentração de carboidrato da Condição 8.

6000
Filtrado
CC (mg Carboidrato.L-1) Não filtrado
4000 Afluente

2000

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Tempo (d)
Fonte: Autora, 2021.

Figura 142 – Eficiência de remoção de carboidrato da Condição 8.

100

80

60
C (%)

40
Filtrado
20
Não filtrado
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Tempo (d)
Fonte: Autora, 2021.

Figura 143 – Volume de biogás e de metano produzido no final do ciclo da Condição 8.

3000
2500
VG e VCH4 (mL)

2000
1500
1000
Metano
500
Biogás
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Tempo (d)
Fonte: Autora, 2021.
174

Figura 144 – Concentração dos componentes do biogás (metano e dióxido de carbono) ao final do
ciclo da Condição 8.

25
20
CG (mmol.L-1)

15 Metano
Dióxido de carbono
10
5
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Tempo (d)
Fonte: Autora, 2021.

Depois de atingida a estabilidade operacional do sistema, confirmada através da


obtenção de valores aproximadamente constantes para as variáveis monitoradas (desvio
máximo de 10 %), avaliou-se o comportamento do reator durante um ciclo de operação. Foram
obtidos os perfis de concentração de matéria orgânica, carboidratos, ácidos voláteis totais,
metabólitos intermediários, alcalinidade total, pH e biogás, conforme apresentado a seguir.
As Figuras 145 e 146 apresentam, respectivamente, os perfis das concentrações de matéria
orgânica e de carboidratos. Percebe-se que, há aumento da concentração de matéria orgânica
até o ponto de 3 horas de ciclo, que corresponde ao tempo em que o reator é alimentado, sendo
posteriormente apenas reduzido. A DQO apresentou valor máximo de 2584,0 mgDQO.L-1 no
ponto de 3 horas, e mínimo de 1090,0 mgDQO.L-1 ao final do ciclo. Em relação ao perfil de
carboidratos, o pico foi de 68,0 mgCarboidrato.L-1 no ponto de 1,5 horas de ciclo, sendo
reduzido a 24,0 mgCarboidrato.L-1 ao final do ciclo.

Figura 145 – Perfil de concentração de matéria orgânica da Condição 8.

3000
2500
CSF (mgDQO.L-1)

2000
1500
1000
500
0
0 1 2 3 4 5 6
Tempo (h)
Fonte: Autora, 2021.
175

Figura 146 – Perfil de concentração de carboidrato da Condição 8.

100

CCF (mgCarboidrato.L-1)
80
60
40
20
0
0 1 2 3 4 5 6
Tempo (h)
Fonte: Autora, 2021.

As Figuras 147, 148 e 149 apresentam, respectivamente, os valores de pH, concentração


de ácidos voláteis e alcalinidade a bicarbonato obtidos ao longo do ciclo de operação. O pH
durante o ciclo não apresentou variação significativa sendo de 7,59 e 7,13, considerando valores
mínimos e máximos. Percebe-se que as primeiras 3 horas do ciclo, que correspondente ao tempo
em que o reator é alimentado, é registrado os maiores valores de concentração de ácidos no
sistema, consequentemente, neste mesmo intervalo, registra-se os menores valores de
alcalinidade a bicarbonato, o que ocorre devido à maior demanda de bicarbonato para
neutralização desses ácidos. A seguir estes ácidos são consumidos, havendo, como
consequência, um aumento nos valores de alcalinidade a bicarbonato e um leve aumento no
valor de pH até o término do ciclo de operação. No perfil a alcalinidade a bicarbonato variou
de 2158 a 1315 mgCaCO3.L-1; e os ácidos de 1195 a 537 mgHAc.L-1, considerando valores
máximos e mínimos.

Figura 147 – Perfil da variação de pH da Condição 8.

14
12
10
8
pH

6
4
2
0
0 1 2 3 4 5 6
Tempo (h)
Fonte: Autora, 2021.
176

Figura 148 – Perfil da variação de ácidos voláteis totais da Condição 8.

1500
AVT (mgHAc.L-1)
1000

500

0
0 1 2 3 4 5 6
Tempo (h)
Fonte: Autor, 2021.

Figura 149 – Perfil da variação de alcalinidade a bicarbonato da Condição 8.

3000
AB (mgCaCO3.L-1)

2500
2000
1500
1000
500
0
0 1 2 3 4 5 6
Tempo (h)
Fonte: Autora, 2021.

Observando os compostos intermediários apresentados na Figura 150, nota-se que a


concentração de ácido acético aumenta nas primeiras 3 horas de ciclo, que corresponde ao
tempo em que o reator é alimentado, devido ao afluente apresentar uma elevada concentração
de ácido acético. Há também, nesse mesmo intervalo, o aumento de outros ácidos orgânicos
(propiônico e butírico) ao longo do ciclo em razão do efluente do reator acidogênico e da etapa
de acetogênese, contudo não na mesma proporção do ácido acético. Os picos de concentrações
dos ácidos acético, propiônico e butírico são de 571,1, 372,2 e 257,1 mg.L-1, com concentrações
finais de 357,2, 181,1 e 84,3 mg.L-1, respectivamente. Destaca-se que não foram encontradas
concentrações de ácido valérico e de etanol.
177

Figura 150 – Perfil de concentração de ácidos voláteis totais da Condição 8.

1000
Ácido Acético Ácido Propiônico
Ácido Butírico Ácido Valérico

Concentração (mg.L-1)
800 Etanol

600

400

200

0
0 1 2 3 4 5 6
Tempo (h)
Fonte: Autora, 2021.

As Figuras 151, 152 e 153 apresentam, respectivamente, o perfil dos volumes médios
acumulados de biogás (VG), o perfil das concentrações médias (CG) de metano e de dióxido de
carbono e o perfil das frações molares (YG) de metano e dióxido de carbono ao longo do ciclo.
Analisando-se os resultados apresentados, observa-se que a produção volumétrica média
acumulada de biogás ocorreu principalmente na primeira metade do ciclo, atingindo um valor
médio de 2018 mL. Vale ressaltar que os desvios padrões observados no volume de biogás são
referentes aos valores coletados ao longo do ensaio, uma vez que o volume foi sempre coletado
em forma de perfil. As concentrações, no final do ciclo, foram de 20,18 mmol.L-1 de metano e
de 9,68 mmol.L-1 de dióxido de carbono. Observa-se que, ao final do ciclo, a composição do
biogás gerado era de 68 % de metano e 32 % de gás carbônico. A produção de metano pelo
sistema indica que as condições impostas foram favoráveis à conversão da matéria orgânica por
vias anaeróbias.
178

Figura 151 – Perfil dos volumes acumulados de biogás produzidos ao longo do ciclo da Condição 8.

3000

2500

2000
VG (mL)

1500

1000

500

0
0 1 2 3 4 5 6
Tempo (h)
Fonte: Autora, 2021.

Figura 152 – Perfil da concentração de metano e dióxido de carbono ao longo do ciclo da Condição 8.

25
Metano
20 Dióxido de carbono
CG (mMol.L-1)

15
10
5
0
0 1 2 3 4 5 6
Tempo (h)
Fonte: Autora, 2021.

Figura 153 – Perfil da concentração de metano e dióxido de carbono ao longo do ciclo da Condição 8.

100
80
60
YG (%)

Metano
Dióxido de carbono
40
20
0
0 1 2 3 4 5 6
Tempo (h)
Fonte: Autora, 2021.
179

5.4.3 Análise da influência da temperatura (Condições 6, 7 e 8)

As três condições (6, 7 e 8) foram operadas com a mesma estratégia de alimentação de


batelada alimentada, o mesmo tempo de ciclo de 6 h e a mesma carga orgânica volumétrica
aplicada. Desse modo, alterou-se a temperatura (55 °C para Condição 6, 50 °C para Condição
7 e 45 °C para Condição 8). As Figuras 154 e 155 apresentam, respectivamente, os valores de
concentração e de eficiência de remoção de matéria orgânica no afluente e no efluente, para
amostras filtradas e não filtradas, ao longo das três condições.
As Condições 6, 7 e 8 apresentaram eficiência de remoção de 95,5 %, 87,7 %, e 87,2 %
respectivamente, considerando amostras filtradas. Comparando as três condições, percebe-se
que a Condição 6, que operou o AnSBBR com 55 °C, apresentou maior eficiência de remoção
enquanto a Condição 8, que operou o AnSBBR com 45 °C, apresentou menor eficiência de
remoção. Mostrando dessa forma, que a diminuição da temperatura resultou em menor
eficiência de remoção. As Condições 7 e 8 apresentaram eficiência de remoção muito próximas
com uma diferença de 0,5 %.

Figura 154 – Monitoramento das concentrações de DQO das Condições 6, 7 e 8.

10000

8000
CS (mgDQO‧L-1)

6000
Filtrado
4000 Não filtrado
Afluente
2000

0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Tempo (d)
Fonte: Autora, 2021.
180

Figura 155 – Monitoramento das eficiências de remoção de DQO das Condições 6, 7 e 8.

100

80

60
S (%)

6 7 8
40
Filtrado
20
Não filtrado
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Tempo (d)
Fonte: Autora, 2021.

Em relação aos carboidratos, as Figuras 156 e 157 apresentam, respectivamente, os


valores de concentração e de eficiência de remoção de carboidratos no afluente e no efluente,
para amostras filtradas e não filtradas, ao longo das três condições. As três condições
apresentaram os mesmos valores médios de eficiência de remoção, considerando amostras
filtradas, atingindo o valor de 99,0 %. Assim, a diminuição da temperatura não resultou no
decaimento do parâmetro, o que mostra a flexibilidade operacional desse sistema.

Figura 156 – Monitoramento das concentrações de carboidratos das Condições 6, 7 e 8.

5000
CC (mgCarboidrato‧L-1)

4000

3000

2000

1000 Filtrado
Não filtrado
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Tempo (d)
Fonte: Autora, 2021.
181

Figura 157 – Monitoramento das eficiências de remoção de carboidratos das Condições 6, 7 e 8.

100

80

C (%) 60 6 7 8
40
Filtrado
20
Não filtrado
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Tempo (d)
Fonte: Autora, 2021.

Pela Tabela 25, percebe-se que, nas três condições, o pH variou levemente, em relação
ao afluente. No entanto, não houve variação significativa de pH, em relação ao efluente.
Mostrando dessa forma, que mesmo com a variação no afluente, o pH sempre saiu com o
mesmo valor. Observa-se, na Figura 158, que os valores de alcalinidade a bicarbonato do
efluente foram sempre superiores aos valores do afluente, indicando que houve geração de
alcalinidade no sistema para as condições impostas ao AnSBBR. Com relação à concentração
de ácidos voláteis totais, percebe-se, pela Figura 159, que a concentração sempre foi inferior no
efluente em relação aos valores no afluente, em função do consumo dos mesmos na etapa de
metanogênese, mostrando dessa forma que a diminuição da temperatura proporcionou
estabilidade ao sistema.

Tabela 26 – Variação de pH no afluente e no efluente das Condições 6, 7 e 8.

COVA tC pH
Condição
(gDQO.L-1.d-1) (h) Afluente Efluente
6 14,55 6 8,70 ± 0,62 7,8 ± 0,2
7 14,70 6 10,04 ± 3,11 7,8 ± 0,2
8 14,55 6 9,48 ± 0,41 7,8 ± 0,1
Fonte: Autora, 2021.
182

Figura 158 – Monitoramento da alcalinidade a bicarbonato das Condições 6, 7 e 8

5000

AB (mgCaCO3.L-1) 4000
AB - Afluente
3000 AB - Efluente

2000

1000

0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Tempo (d)

Fonte: Autora, 2021.

Figura 159 – Monitoramento dos ácidos voláteis das Condições 6, 7 e 8.

5000
AVT (mgHAc.L-1)

4000
AVT - Afluente
3000 AVT - Efluente

2000

1000

0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Tempo (d)

Fonte: Autora, 2021.

Analisando os ácidos voláteis intermediários das Condições 6, 7 e 8, nota-se que que há


um predomínio do ácido acético. Isso é esperado devido à rota metabólica da metanogênese.
Comparando-se as três condições, percebe-se que a Condição 6 apresentou menor
concentração dos ácidos intermediários no efluente (396, 431 e 627 mg.L-1, para as Condições
6, 7 e 8 , respectivamente – Figura 159). Isso pode ser explicado, pois, devido a diminuição da
temperatura nas Condições 7 e 8, os ácidos intermediários não foram totalmente consumidos
na etapa da metanogênese e assim, saíram no efluente.
A Condição 6 apresentou concentração intermediária de ácido acético no efluente
(295,8 mg.L-1 – Figura 159), em comparação as Condições 7 e 8, e maior composição de ácido
acético (80 %), em relação aos demais ácidos intermediários (propiônico, butírico).
183

Isso significa que houve uma grande produção de ácido acético na Condição 6 provinda
da etapa de acetogênese e do efluente do reator acidogênico, no entanto, uma parcela é
consumida na etapa de metanogênese para a produção de metano, logo, o sistema não está em
desequilíbrio. A parcela que corresponde a produção excedente de ácido acético, não foi
suficiente para acidificar o ambiente e comprometer o sistema. Hill, Cobb e Bolte (1987),
propuseram concentrações de ácido acético acima de 800 mg.L-1 como indicativos de falha no
processo. Xu et al. (2014) e Shi et al. (2018) relataram que a produção de metano foi inibida
completamente quando as concentrações de ácidos graxos voláteis ficara na faixa de 5800 a
6900 mg.L-1. Stallamn et al. (2012) mencionou que a inibição metanogênica pode ocorrer
quando a concentração de acetado excede 3000 mg.L-1.
A Condição 7 (operação com 50 °C) apresentou menor concentração de ácido acético no
efluente (240,2 mg.L-1 – Figura 160). No entanto, não é possível afirmar que esse ácido acético
foi consumido na etapa da metanogênese, pois a produtividade de metano, em relação a
Condição 6, é menor, como será mostrado adiante. Além disso, nem todos os ácidos
intermediários (propiônico, butírico e láctico) foram totalmente convertidos em ácido acético,
caso contrário, sairia mais ácido acético no efluente, como ocorreu com a Condição 6 (80 % e
62 % para Condições 6 e 7, respectivamente – Figura 161).
A Condição 8 (operação com 45 °C) apresentou maior concentração de ácido acético no
efluente (357,2 mg.L-1 – Figura 160). Isso ocorre, pois, o ácido acético não foi totalmente
consumido na etapa de metanogênese, uma vez que a produtividade de metano, em relação a
Condição 6, é menor, como será mostrado adiante. Além disso, nem todos os ácidos
intermediários (propiônico, butírico e láctico) foram totalmente convertidos em ácido acético,
caso contrário, sairia mais ácido acético no efluente, como ocorreu com a Condição 6 (80 % e
63 % para Condições 6 e 8, respectivamente – Figura 161).
184

Figura 160 – Concentrações dos ácidos intermediários nos efluentes das Condições 6, 7 e 8.

400
350 HAc HPr HBu

Concentração (mg‧L-1) 300


250
200
150
100
50
0
C6 C7 C8
Fonte: Autora, 2021.

Figura 161 – Composições dos ácidos intermediários nos efluentes das Condições 6, 7 e 8.

100
HAc HPr HBu
Composição (%)

80

60

40

20

0
C6 C7 C8
Fonte: Autora, 2021.

A Tabela 26 apresenta as médias das análises de sólidos das três condições, observa-se
que a quantidade média efluente de sólidos suspensos voláteis do reator foi menor que a afluente
indicando, portanto, que não houve condições agravantes para a biomassa, tal que resultasse no
desprendimento e carreamento da mesma. Deste modo, a diminuição da temperatura não
demonstrou instabilidade por este parâmetro.
185

Tabela 27 – Sólidos das Condições 6, 7 e 8.

Parâmetro Condição 6 Condição 7 Condição 8


(mg.L-1) Afluente Efluente Afluente Efluente Afluente Efluente
ST 6661 2593 6775 3315 6690 3522
SVT 4322 666 4349 959 4059 902
SST 302 125 484 183 377 167
SSV 239 124 405 129 322 140
Fonte: Autora, 2021.

Verifica-se, através da Figura 162, que a diminuição da temperatura, provocou uma


redução no volume médio de biogás (2420, 2018 e 1773 mL.dia-1 na Condição 6, 7 e 8,
respectivamente) e no volume médio de metano (1742, 1361 e 1278 mL.dia-1 na Condição 6, 7
e 8, respectivamente).

Figura 162 – Produção diária de biogás das Condições 6, 7 e 8.

3500
6 7 8
3000
2500
VG (mL)

2000
1500
1000
Metano
500 Biogás
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Tempo (d)
Fonte: Autora, 2021.

Além disso, verificou-se também, através da Figura 163, que a diminuição da


temperatura resultou na redução na concentração média de metano (21,45, 20,18 e
20,43 mmol.L-1 para as Condições 6, 7 e 8). Percebe-se que, em relação a Condição 7 e 8, a
concentração média de metano foi muito próxima, tendo uma diferença de 1,2 %. Em relação a
concentração média de dióxido de carbono, observou-se que a Condição 6, em relação as
Condições 7 e 8, apresentou uma concentração intermediária (8,05, 9,68 e 7,89 mmol.L-1 para
as Condições 6, 7 e 8). Sobre a fração molar média de metano do biogás, a Condição 6
apresentou maior fração (73 %, 68 % e 72 % para Condições 6, 7 e 8).
186

Figura 163 – Concentrações de metano e de dióxido de carbono das Condições 6, 7 e 8.

25
20
CG (mmol‧L-1) 15
10
5
Metano Dióxido de carbono
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Tempo (d)
Fonte: Autora, 2021.

Pela Tabela 27, percebe-se que, de modo geral, nas condições operadas, a diminuição
da temperatura apresentou influência sobre os parâmetros analisados.
Comparando as três condições, a Condição 6 (temperatura de 55 °C), apresentou maior
valor de produtividade molar volumétrica de metano (PrM) alcançando o valor de
142,90 molCH4.m-3.d-1, maior eficiência de remoção de matéria orgânica alcançando valor de
96 % e maior valor de rendimento entre metano produzido e matéria orgânica aplicada (RMCA)
e matéria orgânica removida (RMCR) alcançando o valor de, respectivamente, 11,0 e
10,3 molCH4.kgDQO-1. Dessa forma, é possível notar, que a temperatura de 55 °C é a
temperatura ótima da faixa termofílica. Para a condição subsequente, foi mantida a temperatura
de 55 °C.

Tabela 28– Indicadores de desempenho das Condições 6, 7 e 8 (continua).

Parâmetro Condição 6 Condição 7 Condição 8

COVAST (gDQO.L-1.d-1) 14,55 14,70 15,09


CST AFLU (mgDQO.L-1) 8114 ± 179 (14)
8048 ± 159 (13)
8185 ± 345 (13)

εST (%) 96 ± 1 (13)


88 ± 6 (12)
87 ± 2 (12)

(mgCarboidrato.L-1) (13) (13) (13)


CCT AFLU 2518 ± 1145 3258 ± 867 2343 ± 608
εCT (%) 99 ± 0 (13)
99 ± 1 (12)
99 ± 1 (12)

(14) 10,04 ± 3,11 (13) (13)


pH AFLU ____ 8,70 ± 0,62 9,48 ± 0,41
(13) (12) (12)
pH EFLU ____ 7,8 ± 0,2 7,8 ± 0,2 7,8 ± 0,1
AVT AFLU (mgHAc.L-1) 1441 ± 394 (14)
1412 ± 183 (13)
1686 ± 250 (13)

AVT EFLU (mgHAc.L-1) 89 ± 31 (13)


502 ± 112 (12)
364 ± 165 (12)

AB AFLU (mgCaCO3.L-1) 485 ± 276 (14)


540 ± 286 (13)
463 ± 145 (13)
187

Tabela 27 – Indicadores de desempenho das Condições 6, 7 e 8 (conclusão)


Parâmetro Condição 6 Condição 7 Condição 8

AB EFLU (mgCaCO3.L-1) 1988 ± 278 (13)


1743 ± 253 (12)
2503 ± 882 (12)

VG (mL.ciclo-1) 2420 ± 419 (12)


2018 ± 213 (11)
1773 ± 409 (12)

VCH4 (mL.ciclo-1) 1742 ± 220 (12)


1361 ± 143 (11)
1278 ± 304 (12)

YCH4 (%) 73 68 72
PrM (molCH4.m-3.d-1) 142,90 109,98 102,46
PrME (molCH4.kgSVT-1.d1) 6,39 4,26 2,99
RMCAS,M (molCH4.kgDQO-1) 11,0 6,4 8,2
RMCRS,M (molCH4.kgDQO-1) 10,3 8,53 7,78
Fonte: Autora, 2021.

5.5 Influência do sistema mesofílico (55, 50 e 45 °C)

5.5.1 Condição 9 (8250 mgDQO.L-1; 6 h; Batelada Alimentada; 35 °C)

Na Condição 9, o AnSBBR foi operado em bateladas alimentas sequenciais, a 35 °C,


tratando água residuária proveniente do efluente de AnSBBR aplicado à produção de
hidrogênio pela digestão de soro, em condição termofílica por 17 dias (68 ciclos). O tempo do
ciclo (tC) foi de 6 h e o tempo de alimentação (tF) foi de 3 h, ou seja, 50 % do tempo do ciclo.
A concentração do afluente foi de 8250 mgDQO.L-1.
O valor nominal da carga orgânica volumétrica aplicada (COVA) foi de
15,0 gDQO.L- 1.d- 1, a COVA efetiva foi de 15,74 gDQO.L-1.d-1, sendo dessa removidos
12,96 gDQO.L-1.d-1. A eficiência de remoção de matéria orgânica em termos de amostras não
filtradas e filtradas foi de 82 ± 4 % e de 88 ± 3 %, respectivamente, e de 97 ± 1 % e de 99 ±
0 %, no mesmo requisito para carboidratos.
O pH afluente foi de 8,98 ± 0,31 diminuindo durante o processo para 7,7 ± 0,1 no efluente,
se mantendo na adequado para a produção de metano. Em relação à alcalinidade a bicarbonato,
houve um aumento de 3231 ± 1212 para 4250 ± 989 mgCaCO3.L-1. A concentração de ácidos
voláteis totais apresentou uma redução de 990 ± 170 para 568 ± 51 mgHAc.L-1. Dessa maneira,
é possível verificar que houve geração de alcalinidade no sistema e consumo de ácidos voláteis.
Vale mencionar que na metade dessa condição, houve uma redução de 50 % na quantidade de
bicarbonato.
188

A composição de metano do biogás foi de 67 %, com produtividade molar de metano de


98,38 molCH4.m-3.d-1 e rendimento de metano por matéria orgânica removida de 7,59
molCH4.DQO-1. A produção de biogás e de metano no final do ciclo apresentou valor médio de
1817 ± 521 mL e 1209 ± 337 mL, respectivamente. A concentração de média de metano e de
dióxido de carbono no biogás foi de 19,21 ± 1,06 mmol.L-1 e 9,58 ± 1,16 mmol.L-1,
respectivamente, indicando assim, que os ciclos atingiram as mesmas condições no que diz
respeito às características qualitativas da fermentação anaeróbia.
Os valores médios das variáveis monitoradas no afluente e efluente são apresentados na
Tabela 28. As Figuras 164 e 165 apresentam, respectivamente, a variação da concentração (CS)
e da eficiência de remoção de matéria orgânica (εS) em termos de DQO para o afluente e para
o efluente (para amostras não filtradas e filtradas) ao longo do período de operação do AnSBBR.
As Figuras 166 e 167 apresentam a variação da concentração (CC) e da eficiência de remoção
de carboidratos (εC) para o afluente e para o efluente (para amostras não filtradas e filtradas) ao
longo do período de operação do AnSBBR. A produção de biogás e de metano no final do ciclo
é apresentada na Figura 168 e a distribuição dos gases no biogás no final do ciclo é apresentada
pela Figura 169.

Tabela 29 – Valores médios das variáveis monitoradas na Condição 9 (continua)

Parâmetro Afluente Efluente

CST (mgDQO.L-1) 8134 ± 277 ( 13 )


1445 ± 366 ( 13 )

CSF (mgDQO.L-1) ───── 983 ± 232 ( 13 )

εST (%) ───── 82 ± 4 ( 13 )

εSF (%) ───── 88 ± 3 ( 13 )

CCT (mgCarboidrato.L-1) 4220 ± 492 ( 13 )


133 ± 46 ( 13 )

CCF (mgCarboidrato.L-1) ───── 31 ± 11 ( 13 )

εCT (%) ───── 97 ± 1 ( 13 )

εCF (%) ───── 99 ± 0 ( 13 )

( 13 ) ( 13 )
pH (u) 8,98 ± 0,31 7,7 ± 0,1
AVT (mgHAc.L-1) 990 ± 170 ( 13 )
568 ± 51 ( 13 )

AT (mgCaCO3.L-1) 3934 ± 1803 ( 13 )


4653 ± 1010 ( 13 )

AP (mgCaCO3.L-1) 2831 ± 963 ( 13 )


3358 ± 749 ( 13 )

AI (mgCaCO3.L-1) 1103 ± 293 ( 13 )


1295 ± 280 ( 13 )

AB (mgCaCO3.L-1) 3231 ± 1212 ( 13 )


4250 ± 989 ( 13 )

ST (mg.L-1) 9830 ± 1635 ( 4 )


5967 ± 909 ( 5 )
189

Tabela 28 – Valores médios das variáveis monitoradas na Condição 9 (conclusão)

Parâmetro Afluente Efluente

SVT (mg.L-1) 4719 ± 353 ( 4 )


1106 ± 125 ( 5 )

SST (mg.L-1) 371 ± 40 ( 4 )


300 ± 31 ( 5 )

SSV (mg.L-1) 258 ± 38 ( 4 )


40250 ± 89426 ( 5 )

MSVT (g) ───── 50,2


Cx (g.L-1) ───── 22,9
Cx’ (g.gsuporte-1) ───── 1,072
-1 ( 12 )
VG (mL.ciclo ) ───── 1817 ± 521
Vch4 (mL.ciclo-1) ───── 1209 ± 337 ( 12 )

COVAST (gDQO.L-1.d-1) 14,7 ─────


COVRSF (gDQO.L-1.d-1) ───── 13,0
COVACT (gCarboidrato.L-1.d-1) 5,4 ─────
-1 -1
COVRCF (gCarboidrato.L .d ) ───── 5,4
COEAST (gDQO.gSVT-1.d-1) 0,6 ─────
-1 -1
COERSF (gDQO.gSVT .d ) ───── 0,6
-1 -1
COEACT (gCarboidrato.gSVT .d ) 0,33 ─────
COERCF (gCarboidrato.gSVT-1.d-1) ───── 0,33
-1
nCH4 (mmolCH4.d ) ───── 0,2
PrM (molCH4.m-3.d-1) ───── 98,38
PrME (molCH4.kgSVT-1.d-1) ───── 4,3
-1
RMCAS,M (molCH4.kgDQO ) 6,7 ─────
YA (molCH4.molSubstrato-1) 4,4 ─────
-1
RMCRS,M (molCH4.kgDQO ) ───── 7,6
-1
YR (molCH4.molSubstrato ) ───── 4,4
( 13 )
VA (L) 0,99 ± 0,05 ─────
VR (L) 2,19 ─────
Fonte: Autora, 2021.
190

Figura 164 – Concentração de matéria orgânica da Condição 9.

10000

8000
CS (mgDQO.L-1)

6000 Filtrado
Não filtrado
Afluente
4000

2000

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
Tempo (d)
Fonte: Autora, 2021.

Figura 165 – Eficiência de remoção de matéria orgânica da Condição 9.

100

80

60
S (%)

40
Filtrado
20 Não filtrado
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
Tempo (d)
Fonte: Autora, 2021.

Figura 166 – Concentração de carboidratos da Condição 9.

6000
CC (mgCarboidrato.L-1)

4000

Filtrado
2000 Não filtrado
Afluente

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
Tempo (d)
Fonte: Autora, 2021.
191

Figura 167 – Eficiência de remoção de carboidratos da Condição 9.

100

80

60
C (%)

40
Filtrado
20
Não filtrado
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
Tempo (d)
Fonte: Autora, 2021.

Figura 168 – Volume de biogás e de metano produzido no final do ciclo da Condição 9.

3000
2500
VG e VCH4 (mL)

2000
1500
1000
Metano
500
Biogás
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Tempo (d)
Fonte: Autora, 2021.

Figura 169 – Concentração dos componentes do biogás (metano e dióxido de carbono) ao final do
ciclo da Condição 9.

25
20
CG (mmol.L-1)

15
10
5 Metano
Dióxido de carbono
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Tempo (d)
Fonte: Autora, 2021.
192

Depois de atingida a estabilidade operacional do sistema, confirmada através da obtenção


de valores aproximadamente constantes para as variáveis monitoradas (desvio máximo de
10 %), avaliou-se o comportamento do reator durante um ciclo de operação. Foram obtidos os
perfis de concentração de matéria orgânica, carboidratos, ácidos voláteis totais, metabólitos
intermediários, alcalinidade total, pH e biogás, conforme apresentado a seguir.
As Figuras 170 e 171 apresentam, respectivamente, os perfis das concentrações de
matéria orgânica e de carboidratos. Percebe-se que, há aumento da concentração de matéria
orgânica até o ponto de 2 horas de ciclo, que corresponde ao tempo em que o reator é
alimentado, sendo posteriormente apenas reduzido. A DQO apresentou valor máximo de
2786,0 mgDQO.L-1 no ponto de 2 horas, e mínimo de 1072,0 mgDQO.L-1 ao final do ciclo. Em
relação ao perfil de carboidratos, o pico foi de 45,0 mgCarboidrato.L-1 no ponto de 1,5 horas de
ciclo, sendo reduzido a 25,0 mgCarboidrato.L-1 ao final do ciclo.

Figura 170 – Perfil de concentração de matéria orgânica da Condição 9.

3000
2500
CSF (mgDQO.L-1)

2000
1500
1000
500
0
0 1 2 3 4 5 6
Tempo (h)
Fonte: Autora, 2021.

Figura 171 – Perfil de concentração de carboidratos da Condição 9.

100
CCF (mgCarboidrato.L-1)

80
60
40
20
0
0 1 2 3 4 5 6
Tempo (h)
Fonte: Autora, 2021.
193

As Figuras 172, 173 e 174 apresentam, respectivamente, os valores de pH concentração


de ácidos voláteis e alcalinidade a bicarbonato obtidos ao longo do ciclo de operação. O pH
durante o ciclo não apresentou variação significativa sendo de 7,64 e 7,37, considerando valores
mínimos e máximos. Percebe-se que as primeiras 3 horas do ciclo, que correspondente ao tempo
em que o reator é alimentado, é registrado os maiores valores de concentração de ácidos no
sistema, consequentemente, neste mesmo intervalo, registra-se os menores valores de
alcalinidade a bicarbonato, o que ocorre devido à maior demanda de bicarbonato para
neutralização desses ácidos. A seguir estes ácidos são consumidos, havendo, como
consequência, um aumento nos valores de alcalinidade a bicarbonato e um leve aumento no
valor de pH até o término do ciclo de operação. No perfil a alcalinidade a bicarbonato variou
de 3737 a 2722 mgCaCO3.L-1; e os ácidos de 1511 a 557 mgHAc.L-1, considerando valores
máximos e mínimos.

Figura 172 – Perfil da variação de pH da Condição 9.

14
12
10
8
pH

6
4
2
0
0 1 2 3 4 5 6
Tempo (h)
Fonte: Autora, 2021.

Figura 173 – Perfil da variação de ácidos voláteis totais da Condição 9

2000
AVT (mgHAc.L-1)

1500

1000

500

0
0 1 2 3 4 5 6
Tempo (h)
Fonte: Autora, 2021.
194

Figura 174 – Perfil da variação de alcalinidade a bicarbonato da Condição 9.

4000

AB (mgCaCO3.L-1) 3000

2000

1000

0
0 1 2 3 4 5 6
Tempo (h)
Fonte: Autora, 2021.

Observando os compostos intermediários apresentados na Figura 175, nota-se que a


concentração de ácido acético aumenta nas primeiras 3 horas de ciclo, que corresponde ao
tempo em que o reator é alimentado, devido ao afluente apresentar uma elevada concentração
de ácido acético. Há também, nesse mesmo intervalo, o aumento de outros ácidos orgânicos
(propiônico e butírico) ao longo do ciclo em razão do efluente do reator acidogênico e da etapa
de acetogênese, contudo não na mesma proporção do ácido acético. Os picos de concentrações
dos ácidos acético, propiônico e butírico são de 817,8, 586,2 e 72,9 mg.L-1, com concentrações
finais de 572,1, 381,4 e 32,6 mg.L-1, respectivamente. Destaca-se que não foram encontradas
concentrações de ácido valérico e de etanol.

Figura 175 – Perfil de concentração de ácidos voláteis totais da Condição 9.

1000
Concentração (mg.L-1)

800

600

400 Ácido Acético


Ácido Propiônico
200 Ácido Butírico
Etanol

0
0 1 2 3 4 5 6
Tempo (h)
Fonte: Autora, 2021.
195

As Figuras 176, 177 e 178 apresentam, respectivamente, o perfil dos volumes médios
acumulados de biogás (VG), o perfil das concentrações médias (CG) de metano e de dióxido de
carbono e o perfil das frações molares (YG) de metano e dióxido de carbono ao longo do ciclo.
Analisando-se os resultados apresentados, observa-se que a produção volumétrica média
acumulada de biogás ocorreu principalmente na primeira metade do ciclo, atingindo um valor
médio de 1817 mL. Vale ressaltar que os desvios padrões observados no volume de biogás são
referentes aos valores coletados ao longo do ensaio, uma vez que o volume foi sempre coletado
em forma de perfil. As concentrações, no final do ciclo, foram de 19,07 mmol.L-1 de metano e
de 8,85 mmol.L-1 de dióxido de carbono. Observa-se que, ao final do ciclo, a composição do
biogás gerado era de 68 % de metano e 32 % de gás carbônico. A produção de metano pelo
sistema indica que as condições impostas foram favoráveis à conversão da matéria orgânica por
vias anaeróbias.

Figura 176 – Perfil dos volumes acumulados de biogás produzidos ao longo do ciclo da Condição 9.

3000

2500

2000
VG (mL)

1500

1000

500

0
0 1 2 3 4 5 6
Tempo (h)
Fonte: Autora, 2021.
196

Figura 177 – Perfil da concentração de metano e dióxido de carbono ao longo do ciclo da Condição 9.

25
Metano
20 Dióxido de carbono
CG (mMol.L-1)
15
10
5
0
0 1 2 3 4 5 6
Tempo (h)
Fonte: Autora, 2021.

Figura 178 – Perfil da concentração de metano e dióxido de carbono ao longo do ciclo da Condição 9.

100
80
60
YG (%)

Metano
Dióxido de carbono
40
20
0
0 1 2 3 4 5 6
Tempo (h)
Fonte: Autora, 2021.

5.5.2 Análise da influência do sistema mesofílico (Condições 6 e 9)

As duas condições (6 e 9) foram operadas com a mesma estratégia de alimentação de


batelada alimentada, o mesmo tempo de ciclo de 6 h, a mesma carga orgânica volumétrica
aplicada. Desse modo, alterou-se a temperatura (55 °C para Condição 6, que caracteriza o
sistema termofílico e 35 °C para a Condição 8, que caracteriza o sistema mesofílico). As Figuras
179 e 180 apresentam, respectivamente, os valores de concentração e de eficiência de remoção
de matéria orgânica no afluente e no efluente, para amostras filtradas e não filtradas, ao longo
das duas condições.
As Condições 6 e 9 apresentaram eficiência de remoção de 95,5 % e 87,9 %
respectivamente, considerando amostras filtradas. Comparando as duas condições, percebe-se
que a Condição 6, que operou em condições termofílicas, apresentou maior eficiência de
197

remoção enquanto a Condição 9, que operou em condições mesofílicas . Mostrando dessa


forma, que o sistema mesofílico resultou em menor eficiência de remoção.

Figura 179 – Monitoramento das concentrações de DQO das Condições 6 e 9.

10000

8000
CS (mgDQO‧L-1)

6000

4000 Filtrado
Não filtrado
2000 Afluente

0
0 5 10 15 20 25 30
Tempo (d)
Fonte: Autora, 2021.

Figura 180 – Monitoramento das eficiências de remoção de DQO das Condições 6 e 9.

100

80

60 6 9
S (%)

40
Filtrado
20
Não filtrado
0
0 5 10 15 20 25 30
Tempo (d)
Fonte:Autora, 2021.

Em relação aos carboidratos, as Figuras 181 e 182 apresentam, respectivamente, os


valores de concentração e de eficiência de remoção de carboidratos no afluente e no efluente,
para amostras filtradas e não filtradas, ao longo das três condições. As duas condições
apresentaram os mesmos valores médios de eficiência de remoção, considerando amostras
filtradas, atingindo o valor de 99,0 %. Assim, o sistema mesofílico não resultou no decaimento
do parâmetro, o que mostra a flexibilidade operacional desse sistema.
198

Figura 181 – Monitoramento das concentrações de carboidratos das Condições 6 e 9.

6000
CC (mgCarboidrato‧L-1) 6 9
5000

4000

3000

2000
Filtrado
1000 Não filtrado
Afluente
0
0 5 10 15 20 25 30
Tempo (d)
Fonte: Autora, 2021.

Figura 182 – Monitoramento das eficiências de remoção de carboidratos das Condições 6 e 9.

100

80

60 6 9
C (%)

40
Filtrado
20
Não filtrado
0
0 5 10 15 20 25 30
Tempo (d)
Fonte: Autora, 2021.

Pela Tabela 29, percebe-se que, nas duas condições, o pH variou levemente, em relação
ao afluente. No entanto, não houve variação significativa de pH, em relação ao efluente.
Mostrando dessa forma, que mesmo com a variação no afluente, o pH sempre saiu com o
mesmo valor. Observa-se, na Figura 183, que os valores de alcalinidade a bicarbonato do
efluente foram sempre superiores aos valores do afluente, indicando que houve geração de
alcalinidade no sistema para as condições impostas ao AnSBBR. Com relação à concentração
de ácidos voláteis totais, percebe-se, pela Figura 184, que a concentração sempre foi inferior no
efluente em relação aos valores no afluente, em função do consumo dos mesmos na etapa de
metanogênese, mostrando dessa forma que a diminuição da temperatura proporcionou
estabilidade ao sistema.
199

Tabela 30 – Variação de Ph no afluente e no efluente das Condições 6 e 9.

COVA tC pH
Condição -1 -1
(gDQO.L .d ) (h) Afluente Efluente
6 14,55 6 8,70 ± 0,62 7,8 ± 0,2
9 14,74 6 8,98 ± 0,31 7,7 ± 0,1
Fonte: Autora, 2021.

Figura 183 – Monitoramento da alcalinidade a bicarbonato das Condições 6 e 9.

6000
6 9
5000
AB (mgCaCO3.L-1)

4000 AB - Afluente
3000 AB - Efluente
2000
1000
0
0 5 10 15 20 25 30
Tempo (d)

Fonte: Autora, 2021.

Figura 184 – Monitoramento dos ácidos voláteis das Condições 6 e 9.

2500
6 9
AB (mgCaCO3.L-1)

2000

1500

1000
AVT - Afluente
500
AVT - Efluente
0
0 5 10 15 20 25 30
Tempo (d)

Fonte: Autora, 2021.

Analisando os ácidos voláteis intermediários das Condições 6 e 8, nota-se que que há um


predomínio do ácido acético. Isso é esperado devido à rota metabólica da metanogênese.
Comparando-se as duas condições, percebe-se que a Condição 6 apresentou menor
concentração dos ácidos intermediários no efluente (396 e 986 mg.L-1, para as Condições 6 e
200

9, respectivamente – Figura 185). Isso ocorre, pois, na Condição 9, os ácidos intermediários


não foram totalmente consumidos na etapa da metanogênese e assim, saíram no efluente.
A Condição 6 (operação em condição termofílica) apresentou maior composição de ácido
acético (80 %), em relação aos demais ácidos intermediários (propiônico, butírico). Isso
significa que houve uma grande produção de ácido acético provinda da etapa de acetogênese e
do efluente do reator acidogênico na Condição 6, no entanto, é consumida na etapa de
metanogênese para a produção de metano, logo, o sistema não está em desequilíbrio. A parcela
que corresponde a produção excedente de ácido acético, na Condição 6, não foi suficiente para
acidificar o ambiente e comprometer o sistema. Hill, Cobb e Bolte (1987), propuseram
concentrações de ácido acético acima de 800 mg.L-1 como indicativos de falha no processo. Xu
et al. (2014) e Shi et al. (2018) relataram que a produção de metano foi inibida completamente
quando as concentrações de ácidos graxos voláteis ficara na faixa de 5800 a 6900 mg.L-1.
Stallamn et al. (2012) mencionou que a inibição metanogênica pode ocorrer quando a
concentração de acetado excede 3000 mg.L-1.
A Condição 9 (operação em condição mesofílica) apresentou maior concentração de ácido
acético no efluente (572,1 mg.L-1 – Figura 185). É possível afirmar que esse ácido acético não
foi convertido em metano, na etapa da metanogênese, pois a produtividade de metano, em
relação a Condição 6, é menor, como será mostrado adiante. Além disso, nem todos os ácidos
intermediários (propiônico, butírico e láctico) foram totalmente convertidos em ácido acético,
caso contrário, não sairia tanto ácido propiônico no efluente.

Figura 185 – Concentrações dos ácidos intermediários nos efluentes das Condições 6 e 9.

250
HAc HPr HBu
200
Concentração (mg‧L-1)

150

100

50

0
C3 C5
Fonte: Autora, 2021.
201

Figura 186 – Composições dos ácidos intermediários nos efluentes das Condições 6 e 9.

100
90 HAc HPr HBu
80
70

Composição (%)
60
50
40
30
20
10
0
C3 C5
Fonte: Autora, 2021.

A Tabela 30 apresenta as médias das análises de sólidos das duas condições, observa-se
que a quantidade média efluente de sólidos suspensos voláteis do reator foi menor que a afluente
indicando, portanto, que não houve condições agravantes para a biomassa, tal que resultasse no
desprendimento e carreamento da mesma. Deste modo, o sistema mesofílico não demonstrou
instabilidade por este parâmetro.

Tabela 31 – Sólidos das Condições 6 e 9.

Parâmetro Condição 6 Condição 9


(mg.L-1) Afluente Efluente Afluente Efluente
ST 6661 2593 9830 5867
SVT 4322 666 4719 1106
SST 302 125 371 300
SSV 239 124 258 250
Fonte: Autora, 2021.

Verifica-se, através da Figura 187, que o sistema mesofílico, resultou uma redução no
volume médio de biogás (2420 e 1817 mL.dia-1 na Condição 6 e 9, respectivamente) e no
volume médio de metano (1742 e 1209 mL.dia-1 na Condição 6 e 9, respectivamente).
202

Figura 187 – Produção diária de biogás das Condições 6 e 9.

3500
6 9
3000
VG (mL) 2500
2000
1500
1000
Biogás
500
Metano
0
0 5 10 15 20 25 30
Tempo (d)
Fonte: Autora, 2021.

Além disso, verificou-se também, através da Figura 188, que o sistema mesofílico
resultou na redução na concentração média de metano (21,45 e 19,21 mmol.L-1 para as
Condições 6 e 9) . Em relação a concentração média de dióxido de carbono, observou-se o
comportamento contrário, ou seja, o sistema termofílico (Condição 6), em relação ao sistema
mesofílico (Condição 9), apresentou menor concentração de dióxido de carbono (8,05 e
9,58 mmol.L-1 para as Condições 6 e 9). Sobre a fração molar média de metano do biogás, o
sistema termofílico (Condição 6) apresentou maior fração (73 % e 67 % para Condições 6 e 9).

Figura 188 – Concentrações de metano e de dióxido de carbono das Condições 6 e 9.

25
20
CG (mmol‧L-1)

15
6 9
10
5 Metano
Dióxido de carbono
0
0 5 10 15 20 25 30
Tempo (d)
Fonte: Autora, 2021.

Pela Tabela 31, percebe-se que, de modo geral, nas condições operadas, o sistema
mesofílico apresentou influência sobre os parâmetros analisados.
Comparando as duas condições, a Condição 6 (sistema termofílico – 55 °C), apresentou
maior valor de produtividade molar volumétrica de metano (PrM) alcançando o valor de
142,90 molCH4.m-3.d-1, maior eficiência de remoção de matéria orgânica alcançando valor de
203

96 % e maior valor de rendimento entre metano produzido e matéria orgânica aplicada (RMCA)
e matéria orgânica removida (RMCR) alcançando o valor de, respectivamente, 11,0 e
10,3 molCH4.kgDQO-1. Dessa forma, é possível notar, que o sistema termofílico apresentou
melhor produção de metano e o rendimento de metano gerado por substrato consumido,
apresentando, dessa forma, uma digestibilidade aprimorada.
É possível explicar esse resultado pois, o aumento da temperatura seleciona e reorganiza
a comunidade microbiana, favorecendo uma comunidade altamente específica em condições
termofílicas e o enriquecimento de certos microrganismos funcionais em temperaturas
específicas pode ser uma das maneiras pelas quais a temperatura afeta o processo de produção
de metano. Se as atividades celulares da comunidade microbiana termofílica forem adaptadas
às condições operacionais, as funções específicas serão fortalecidas, melhorando a conversão
do substrato em metano, como ocorreu nessa análise (LIN et al., 2016; RAMOS et al., 2021).
Além disso, é possível perceber que o sistema termofílico apresenta uma sensibilidade
maior à variação de temperatura do reator, em relação ao sistema mesofílico. Isso pode ser
confirmado pois, analisando os resultados de produtividade de metano dentro da faixa
termofílica (102,46; 142,90 e 109,98 molCH4.m-3.d-1 para temperaturas de 45, 50 e 55 °C,
respectivamente), é possível perceber que a mudança de temperatura de 55 para 50 °C resultou
em uma diferença de 23 % na produtividade de metano e a mudança de 55 para 45 °C resultou
em uma diferença de 28 %. No entanto, se analisar a produtividade de metano na temperatura
de 45 °C (102,46 molCH4.m-3.d-1) e na temperatura de 35 °C (98,38 molCH4.m-3.d-1), é possível
averiguar que a produtividade de metano apresenta uma diferença de 4 %, ou seja, o aumento
de 15 °C na temperatura não houve diferença significativa na produtividade, mostrando que o
sistema mesofílico seja menos sensível à variação da temperatura.
204

Tabela 32 – Indicadores de desempenho das Condições 6 e 9.

Parâmetro Condição 6 Condição 9


COVAST (gDQO.L-1.d-1) 14,55 14,74
CST AFLU (mgDQO.L-1) 8114 ± 179 (14)
8135 ± 277 (13)

εST (%) 96 ± 1 (13)


88 ± 3 (13)

(mgCarboidrato.L-1) (13) (13)


CCT AFLU 2518 ± 1145 4220 ± 492
εCT (%) 99 ± 0 (13)
99 ± 0 (13)

(14) (13)
pH AFLU ____ 8,70 ± 0,62 8,98 ± 0,31
(13) (13)
pH EFLU ____ 7,8 ± 0,2 7,7 ± 0,1
AVT AFLU (mgHAc.L-1) 1441 ± 394 (14)
990 ± 170 (13)

AVT EFLU (mgHAc.L-1) 89 ± 31 (13)


568 ± 51 (13)

AB AFLU (mgCaCO3.L-1) 485 ± 276 (14)


3231 ± 1212 (13)

AB EFLU (mgCaCO3.L-1) 1988 ± 278 (13)


4250 ± 989 (13)

VG (mL.ciclo-1) 2420 ± 419 (12)


1817 ± 521 (12)

VCH4 (mL.ciclo-1) 1742 ± 220 (12)


1209 ± 337 (12)

YCH4 (%) 73 67
PrM (molCH4.m-3.d-1) 142,90 98,38
PrME (molCH4.kgSVT-1.d1) 6,39 4,30
RMCAS,M (molCH4.kgDQO-1) 11,0 4,4
RMCRS,M (molCH4.kgDQO-1) 10,3 7,6
Fonte: Autora, 2021.

5.6 Análise estequiométrica e cinética

A análise estequiométrica apresentada no item 4.5 indica que todas as reações globais de
formação de ácidos e etanol possuem a mesma proporção estequiométrica. Dessa forma, a partir
das reações globais obtidas, foi possível determinar o quanto de metano (teórico) é formado
pelo consumo de ácido acético (rota acetoclástica) e pelo consumo de hidrogênio (rota
hidrogenotrófica).
Considerando uma base de cálculo de 100 mols de substrato (lactose), tem-se um total de
400 mols formados de metano pela via acetoclástica e 200 mols de metano formados pela via
hidrogenotrófica, totalizando, portanto, 600 mols de metano formados. Assim, para determinar
a fração de metano formado por ambas as rotas, basta dividir o número de mols de metano
formado em cada via pelo número de mols de metano total formado, como mostrado a seguir.
205

𝑚𝑜𝑙 𝐶𝐻4 𝑝𝑟𝑜𝑣𝑖𝑛𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑜 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 𝑑𝑒 𝐻𝐴𝑐


= 66,7 %
𝑚𝑜𝑙 𝐶𝐻4 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙
𝑚𝑜𝑙 𝐶𝐻4 𝑝𝑟𝑜𝑣𝑖𝑛𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑜 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 𝑑𝑒 𝐻2
= 33,3 %
𝑚𝑜𝑙 𝐶𝐻4 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙

É possível perceber que 66,7 % do metano produzido são provenientes do consumo de


ácido acético, enquanto 33,3 % são provenientes do consumo de hidrogênio.
A Tabela 32 apresenta os valores dos parâmetros cinéticos relacionados ao consumo de
substrato (k’1S), à formação (k1HAC, k6HAC, k7HAC, k8HAC e k9HAC) e ao consumo (k10HAC) de ácido
acético; à formação (k2HPr e k6HPr) e ao consumo (k7HPr) de ácido propiônico; à formação (k3Hbu)
e ao consumo (k5Hbu) de ácido butírico; à formação (k5Hla) e ao consumo (k6Hla) de ácido láctico;
à formação (k4EtOH) e ao consumo (k9EtOH) de etanol; à formação (k’1H, k7H, k8H e k9H) e ao
consumo (k11H) de hidrogênio e à formação do metano (k10M, k11M).
As Figuras 189 e 190 apresentam os valores obtidos experimentalmente e os valores
obtidos pelo ajuste do modelo cinético de primeira ordem (linhas), ambos ao longo do ciclo,
para as variáveis monitoradas e que estão relacionadas com o entendimento do metabolismo
metanogênico.
Pelos parâmetros cinéticos ajustados, apresentados na Tabela 32, é possível averiguar que
a velocidade de produção de metano é maior pela via hidrogenotrófica, com exceção das
Condições 1 e 7, na qual a velocidade de produção de metano é maior pela rota acetoclástica,
pois os parâmetros cinéticos k10M, associados à produção de metano pelo consumo de
hidrogênio (Equação 43), apresentam valores maiores, em relação aos parâmetros k11M,
associados à produção de metano pelo consumo de ácido acético (Equação 42).
Analisando as Figuras 191 e 192, é possível notar que o modelo foi eficiente em predizer
os valores experimentais em relação à concentração de substrato, ácido acético, ácido
propiônico, ácido butírico, ácido láctico, e metano, validando a interpretação do comportamento
dos parâmetros cinéticos nas diferentes condições experimentais implementadas.
Dessa forma, embora haja o favorecimento cinético da rota hidrogenotrófica, ocorre o
favorecimento estequiométrico da rota acetoclástica, de tal forma que é possível verificar a
conformidade com a literatura (SAHM, 1984; SPEECE, 1985; PARAWIRA, 2004;
CHERNICHARO, 2007; ČATER; FANEDL; LOGAR, 2013), indicando que
aproximadamente 70 % do metano é proveniente da rota acetoclástica e 30 % é proveniente
rota hidrogenotrófica.
206

Tabela 33 – Parâmetros cinéticos ajustados ao modelo de primeira ordem em todas as condições.

Condições
Parâmetros 1 2 3 4 5 6 7 8 9
k’1S (h-1) 6,45 5,25 5,42 2,87 8,00 9,11 8,27 3,89 9,25
k1HAC (h-1) 0,00 27,12 45,66 0,00 3,15 4,51 67,54 2,21 8,56
k6HAC (h-1) 0,00 5,57 1,00 0,10 0,86 8,85 0,00 0,00 0,00
k7HAC (h-1) 0,00 0,30 3,23 0,44 3,90 0,00 2,51 0,00 0,00
k8Hac (h-1) 21,04 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,01
k9Hac (h-1) 0,01 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,14
k10Hac (h-1) 2,70 2,32 1,37 0,27 0,23 0,49 3,42 0,17 0,14
k2HPr (h-1) 66,24 16,49 0,00 0,00 0,00 0,00 4,27 7,64 12,58
k6HPr (h-1) 0,03 3,83 0,00 0,00 0,16 0,00 0,00 0,00 0,00
k7HPr (h-1) 9,19 10,87 1,39 4,66 1,99 2,24 0,15 0,30 0,18
k3Hbu (h-1) 0,00 0,00 0,00 0,00 14,75 0,07 0,00 0,00 0,42
k8Hbu (h-1) 2,31 0,69 4,80 5,18 5,86 2,25 0,85 0,36 1,93
k5Hla (h-1) 123,06 5,56 0,00 14,80 0,58 1,75 17,72 7,79 50,25
k6Hla (h-1) 6,41 0,35 0,76 1,69 0,00 0,42 1,00 0,40 3,26
k4EtOH (h-1) 0,00 0,01 0,01 0,02 0,01 0,00 0,99 0,99 0,48
k9EtOH (h-1) 1,66 2,39 1,42 3,20 0,00 0,00 0,01 0,47 2,40
k’1H (h-1) 0,00 0,06 0,31 0,59 0,00 0,00 0,00 0,64 11,60
k7H (h-1) 0,00 0,00 1,31 16,07 7,89 15,90 0,02 0,77 0,00
k8H (h-1) 0,00 1,04 11,26 13,22 0,00 0,00 0,00 0,00 0,77
k9H (h-1) 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
k11H (h-1) 27,02 3,15 4,67 5,71 2,54 2,77 2,18 0,36 11,23
k10M (h-1) 3,06 0,00 0,00 0,01 0,03 0,15 1,46 0,45 0,36
k11M (h-1) 0,00 23,11 24,62 17,92 27,00 14,20 0,00 0,51 10,11
Fonte: Autora, 2021.
207

Figura 189 – Perfis de concentração de substrato no afluente (○), ácido acético (●), ácido propiônico
( ), ácido butírico ( ), ácido láctico ( ) e metano ( ) (valores experimentais: marcadores e modelo
cinético: linhas) para as Condições 1, 2, 3, 4 e 5.

Condição 1 (5000 mgDQO.L-1; 8 h; Batelada; 55 °C)

Condição 2 (5000 mgDQO.L-1; 8 h; Batelada Alimentada; 55 °C)

Condição 3 (3611 mgDQO.L-1; 6 h; Batelada Alimentada; 55 °C)

Condição 4 (2500 mgDQO.L-1; 4 h; Batelada Alimentada; 55 °C)

Condição 5 (5500 mgDQO.L-1; 6 h; Batelada Alimentada; 55 °C)

Fonte: Autora, 2021.


208

Figura 190 – Perfis de concentração de substrato no afluente (○), ácido acético (●), ácido propiônico
( ), ácido butírico ( ), ácido láctico ( ) e metano ( ) (valores experimentais: marcadores e modelo
cinético: linhas) para as Condições 6, 7, 8 e 9.

Condição 6 (8200 mgDQO.L-1; 6 h; Batelada Alimentada; 55 °C)

Condição 7 (8250 mgDQO.L-1; 6 h; Batelada Alimentada; 50 °C)

Condição 8 (8250 mgDQO.L-1; 6 h; Batelada Alimentada; 45 °C)

Condição 9 (8250 mgDQO.L-1; 6 h; Batelada Alimentada; 35 °C)

Fonte: Autora, 2021.


209

5.7 Análise termodinâmica

A Tabela 33 apresenta os valores das concentrações dos compostos para cada ponto do
perfil e que foram utilizados para a análise termodinâmica das reações bioquímicas. É
importante lembrar de que as concentrações foram calculadas para a melhor condição do reator
(Condição 6 – 8250 mgDQO.L-1, 6h, Batelada Alimentada, 55 °C).
Valores de hidrogênio gasoso não foram detectados na análise cromatográfica,
provavelmente, pelo fato de que a reação de consumo de hidrogênio (rota hidrogenotrófica)
possui velocidade significativa maior do que as reações de produção de hidrogênio
(acidogênese e acetogênese), como apresentado no item 5.6. Portanto, foram utilizados os
valores de hidrogênio dissolvido estimados pelo modelo cinético.
A Tabela 34 apresenta os valores de ΔG°, ΔH°, ΔS°, ΔGT°, para cada reação e a Figura
191 e a Tabela 35 apresentam os valores de ΔG para cada uma das reações, ao longo do perfil
da Condição 6, as quais são termodinamicamente favoráveis (ΔG < 0), mostrando que a
formação dos produtos foi favorável ao longo do ciclo para todas as reações.
Vale ressaltar que as reações 1 (rota hidrólise/acidogênese – produção de acetato), 6, 7
e 9 (rota acetogênese – consumo de propionato, butirato e etanol, respectivamente) só se tornam
espontâneas nas condições encontradas no perfil da Condição 6 (ΔGT° > 0 e ΔG < 0). A
justificativa se deve ao valor de pH (7,8) que diminui a concentração do íon H+ e a baixa
concentração de H2, deslocando o equilíbrio para formação dos produtos (acetato e H2),
resultando em ΔG negativo. As rotas metanogênicas (reações 10 e 11), em condição padrão, já
são espontâneas (ΔG° < 0) e assim permaneceram nas condições encontradas no perfil.
A temperatura do processo favoreceu a espontaneidade da maioria das reações (ΔG <
ΔG˚T), com exceção das rotas de consumo de lactato e etanol (reações 6 e 9, respectivamente),
que possuem ΔS° negativo e, portanto, são favorecidas por temperaturas mais baixas.
Analisando os valores de ΔG°, ΔGT° e ΔG, é possível perceber que a combinação de
temperatura elevada, baixas concentrações de ácidos (que resultaram em baixa concentração de
H+ e elevado pH) e baixa concentração de H2 favoreceram a espontaneidade de todas as reações.
Tabela 34 – Valores das concentrações dos compostos ao longo do perfil.

Concentrações (mmol.L-1)
Reagente 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 3,0 4,0 6,0
Perfil
Lactose 6,43.10-5 6,72.10-5 8,76.10-5 7,60.10-5 8,18.10-5 7,30.10-5 7,60.10-5 6,43.10-5
Água 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00
Hidrogênio 0,00 3,73.10-8 7,26.10-8 1,01.10-7 1,25.10-7 1,61.10-7 1,67.10-7 1,67.10-7
Bicabornato 2,33.10-2 2,71.10-2 2,57.10-2 2,52.10-2 2,49.10-2 2,44.10-2 2,53.10-2 2,33.10-2
Próton 1,58.10-8 5,89.10-9 7,59.10-9 6,76.10-9 4,79.10-9 7,94.10-9 4,37.10-9 1,58.10-8
Acetato 4,93.10-3 5,44.10-3 6,44.10-3 7,75.10-3 9,03.10-3 1,05.10-2 7,00.10-3 4,93.10-3
Proprionato 5,47.10-4 6,51.10-4 7,71.10-4 8,81.10-4 9,96.10-4 1,07.10-3 7,98.10-4 5,47.10-4
Butirato 6,54.10-4 7,47.10-4 8,52.10-4 9,72.10-4 1,06.10-3 1,10.10-3 8,41.10-4 6,74.10-4
Etanol 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Lactato 0,00 0,00 0,00 1,69.10-4 0,00 0,00 0,00 0,00
Metano 0,00 7,14.10-8 1,82.10-7 2,88.10-7 3,82.10-7 5,35.10-7 6,58.10-7 7,06.10-7
Fonte: Autora, 2021.
Tabela 35 – Valores de ΔG°, ΔH°, ΔS°, ΔGT°, para cada reação bioquímica.

Reações Bioquímicas ΔG° ΔH° ΔS° ΔGT°


(kJ/mol) (kJ/mol) (kJ/mol.K) (kJ/mol)
C12H22O11 + 9 H2O → 4 CH3COO- + 4 HCO3- + 8 H+ + 8 H2 (1) 18,5 59,9 0,139 14,3
C12H22O11 + 4 H2 → 4 CH3CH2COO- + 3 H2O + 4 H+ (2) -667,0 -659,9 0,024 -667,7
C12H22O11 + 5 H2O → 2 CH3CH2CH2COO- + 4 HCO3- + 6 H+ + 4 H2 (3) -231,8 -198,9 0,110 -235,1
C12H22O11 + 5 H2O → 4 CH3CH2OH + 4 HCO3- + 4 H+ (4) -320,4 -258,9 0,206 -326,5
C12H22O11 + H2O → 4 CH3CH(OH)COO- + 4 H+ (5) -262,4 -227,7 0,116 -265,9
3 CH3CH(OH)COO- → 2 CH3CH2COO- + CH3COO- + HCO3- + H+ (6) -132,1 -144,2 -0,041 -130,9
CH3CH2COO- + 3 H2O → CH3COO- + HCO3- + H+ + 3 H2 (7) 171,4 180,0 0,029 170,5
CH3CH2CH2COO- + 2 H2O → 2 CH3COO- + H+ + 2 H2 (8) 125,1 129,4 0,014 124,7
CH3CH2OH + H2O → CH3COO- + H+ + 2 H2 (9) 84,7 79,7 -0,017 85,2
CH3COO- + 1 H2O → 1 CH4 + 1 HCO3- (10) -30,9 5,04 0,121 -34,6
4 H2 + HCO3- + H+ → CH4 + 3 H2O (11) -245,9 -223,5 0,075 -248,2
Fonte: Autora, 2021.

Figura 191– Valores de ΔG para cada uma das reações, ao longo do perfil da Condição 6.

Fonte: Autora, 2021.


Tabela 36 – Valores de ΔG para cada uma das reações ao longo do perfil da Condição 6.

ΔG (kJ/mol)
Reações bioquímicas 0,5 1,0 1,5 2,0 3,0 4,0 6,0
C12H22O11 + 9 H2O → 4 CH3COO- + 4 HCO3- + 8 H+ + 8 H2 (1) -843 -822 -815 -817 -798 -815 -791
C12H22O11 + 4 H2 → 4 CH3CH2COO- + 3 H2O + 4 H+ (2) -742 -745 -748 -753 -749 -759 -749
C12H22O11 + 5 H2O → 2 CH3CH2CH2COO- + 4 HCO3- + 6 H+ + 4 H2 (3) -784 -774 -771 -774 -763 -773 -754
CH3CH2COO- + 3 H2O → CH3COO- + HCO3- + H+ + 3 H2 (7) -25 -19 -17 -16 -12 -14 -10
CH3CH2CH2COO- + 2 H2O → 2 CH3COO- + H+ + 2 H2 (8) -29 -24 -22 -21 -18 -21 -19
CH3COO- + 1 H2O → 1 CH4 + 1 HCO3- (10) -75 -73 -72 -72 -72 -70 -69
4 H2 + HCO3- + H+ → CH4 + 3 H2O (11) -45 -50 -52 -53 -56 -54 -57
Fonte: Autora, 2021.
Além disso, é possível verificar que o ΔG da produção de metano é menor pela rota
acetoclástica do que pela rota hidrogenotrófica (-69 e -57 – reações 10 e 11, respectivamente).
Ou seja, o equilíbrio bioquímico associado a rota acetoclástica é mais deslocado para o lado da
produção de produto (metano), em comparação com a rota hidrogenotrófica.
Dessa forma, embora haja o favorecimento cinético da rota hidrogenotrófica, ocorre o
favorecimento estequiométrico e termodinâmico da rota acetoclástica, de tal forma que é
possível verificar a conformidade com a literatura (SAHM, 1984; SPEECE, 1985;
PARAWIRA, 2004; CHERNICHARO, 2007; ČATER; FANEDL; LOGAR, 2013), indicando
que aproximadamente 70 % do metano é proveniente da rota acetoclástica e 30 % é proveniente
rota hidrogenotrófica.

5.8 Estimativa do sistema em escala industrial e produção de energia

Essa seção teve como objetivo verificar se o sistema de dois estágios é vantajoso em
relação ao sistema de estágio único, ou seja, se o sistema de dois estágios apresenta um
rendimento energético maior. Para isso foi realizada a comparação entre: (1) processo de
digestão anaeróbia realizado em dois estágios – primeiro estágio formado pelo reator
acidogênico termofílico tratando soro (LOVATO et al., 2021) e segundo estágio formado pelo
reator metanogênico termofílico tratando o efluente do reator acidogênico (presente trabalho);
e (2) processo de digestão anaeróbia realizado em um único estágio – reator metanogênico
termofílico tratando soro (SIQUEIRA et al., 2018) com concentração semelhante a de Lovato
et al., (2021) para possibilitar a comparação.
Para o aumento de escala do presente trabalho, foi considerado que o comportamento
do reator metanogênico industrial seria o mesmo do reator metanogênico em escala laboratorial
na melhor condição (Condição 6 – BA; 6 h, 15 gDQO.L-1.d-1; 55 oC). Nesta condição, o reator
metanogênico tratou água residuária proveniente do efluente de AnSBBR aplicado à produção
de hidrogênio pela digestão de soro, o que foi mantido para o reator metanogênico industrial.
É importante ressaltar que os dados referentes ao reator acidogênico, em escala
laboratorial, foram obtidos de Lovato et al., (2021) referente a melhor condição, ou seja,
referente a condição que obteve maior produção de hidrogênio. Os valores de volume industrial,
rendimento energético e produção energética do reator acidogênico foram calculados pela
metodologia proposta por Lovato et al., (2020).
A Tabela 36 apresenta todos os parâmetros dos reatores acidogênico e metanogênico de
dois estágios e metanogênico de estágio único, em escala laboratorial, usados para as
214

estimativas dos sistemas em escala industrial e produção de energia. A Tabela 37 apresenta


dados da indústria brasileira de laticínios de pequeno porte, localizada no estado de Goiás,
utilizada para estimativas dos sistemas em escala industrial, da produção energética e da
economia gerada referente a substituição do GLP pelo biogás produzido.

Tabela 37 – Parâmetros dos reatores (acidogênico e metanogênico de dois estágios e metanogênico de


estágio único) em escala laboratorial para estimativas dos sistemas em escala industrial e produção de
energia.

Dois estágios Estágio único


Acidogênico Metanogênico Metanogênico
Concentração afluente
12,4 8,3 12,46
(gDQO.L-1)
Tempo de ciclo (h) 3 6 8
Tempo de alimentação (h) 1,5 3 4
Concentração efluente
9,5 0,3 0,532
(gDQO.L-1)
Carga orgânica volumétrica removida
7,6 14,4 15,2
(gDQO.L-1.d-1)
Produtivodade molar
149,9 142,9 186,8
(molH2.m-3.d-1 ou molCH4.m-3.d-1)
Rendimento molar por carga orgânica
removida 19,7 10,3 12,3
(molH2.kgDQO-1 ou molCH4.kgDQO-1)
Ciclos por dia 8 4 3
Volume total de meio líquido (L) 3,0 2,2 2,4
Volume alimentado por ciclo (L) 1,0 1,0 1,0
Volume residual (L) 2,0 1,2 1,4
Volume de biomass + support (L) 2,0 2,0 2,0
Volume útil (L) 5,0 4,2 4,4
LOVATO et Presente SIQUEIRA et
Referência
al., 2021 trabalho al., (2018)
Fonte: Autora, 2021.

Tabela 38 – Dados da indústria de laticínios de pequeno porte.

Dados da indústria de laticínios


Produção de soro diária (L) 9,44 × 103
Concentração de soro (gDQO.L-1) 70
Energia consumida mensalmente com GLP (kJ.mês-1) 8,27×108
Fonte: LOVATO et al., 2021 e FRIMESA, 2017.

Uma das razões para essa alta demanda de energia necessária de GLP
(8,27×108 kJ.mês- 1) é o processo UHT (Ultra – high Temperature), que consiste no
aquecimento a temperaturas acima de 130 °C por um tempo de 1 a 10 s, a fim de produzir um
215

produto “comercialmente estéril”, produto no qual as bactérias não crescem em condições


normais de armazenamento quando embalados assepticamente (DEETH; DATA, 2011).

5.8.1 Produção de energia do sistema de dois estágios

O primeiro estágio, formado pelo reator acidogênico, consistia em tratar todo o soro de
leite produzido por uma indústria de laticínios com volume total de 9,44 × 10³ L de soro por
dia com concentração de 70,0 gDQO.L-1 (LOVATO et al., 2021 – Tabela 37). Para evitar a
adição de um tanque com a finalidade de diluir a concentração de soro bruto de 70,0 gDQO.L- 1
para 12,4 gDQO.L-1 (concentração obtida do reator acidogênico em escala laboratorial), foi
adicionado um volume de diluição (volume residual) no reator acidogênico industrial, de modo
que a concentração de soro no interior do reator seguisse um perfil de concentração semelhante
ao obtido em escala laboratorial. A vazão e a concentração de saída de soro do reator
acidogênico, em escala industrial, foram de 9,44 × 10³ L.dia-1 e 9,51 gDQO.L-1,
respectivamente.
A estimativa de ampliação de escala para o reator acidogênico resultou em um AnSBBR
produtor de hidrogênio com volume total de 123 m3, que foi dividido em 3 reatores de 40,9 m3
cada operando em paralelo para adaptar a operação descontínua em um sistema de operação
contínuo. Dessa forma, um reator estaria sempre sendo alimentado, outro sendo descarregado
e o último promovendo a biotransformação, completando três etapas: alimentação, reação e
descarga.
A estimativa de produção de hidrogênio de 11,1 kmolH2.dia-1 e a produção de energia
resultou em rendimento energético e produção energética de 4,68 MJ.kgDQO-1 e 30,9 kW,
respectivamente, considerando entalpia de combustão do hidrogênio (241,8 kJ.mol-1 – PERRY;
GREEN; MALONEY, 1997).
O segundo estágio, reator metanogênico (presente trabalho – Condição 6), trataria todo
o efluente do reator acidogênico industrial. A vazão e a concentração de saída do reator, em
escala industrial, foram de 9,44 × 10³ L.dia-1 e 0,363 gDQO.L-1, respectivamente.
A estimativa de ampliação de escala resultou em um AnSBBR com volume total de
11,9 m3. Sugeriu-se uma configuração com três AnSBBRs em paralelo, cada um com volume
de 3,96 m3. Considerando o tempo de ciclo de 6 horas, foi proposta uma estratégia de 3 horas
para alimentação, 2 horas para reação e 1 hora para descarga. Deste modo, apesar dos reatores
serem descontínuos, a produção de metano passa a ser contínua, uma vez que o sistema é
216

operado sempre com um reator alimentando, um na etapa de reação e o último descarregando.


Tal configuração permitiria a produção contínua de biogás.
A estimativa de produção de metano resultou em 0,885 kmolCH4.dia-1 e o rendimento e
produção energética de 8,23 MJ.kgDQO-1 e 8,22 kW, respectivamente, considerando entalpia
de combustão do metano (802,6 kJ.mol-1 – PERRY; GREEN; MALONEY, 1997).
O sistema completo de dois estágios (sistema compostos pelos reatores acidogênicos e
metanogênicos) trataria então 7,65 gDQO.s-1, que é a entrada de soro, geraria um efluente com
3,97 × 10-2 gDQO.s-1, e teria um rendimento energético global de 5,14 MJ.kgDQO-1.
A Figura 192 apresenta o fluxograma do sistema completo de dois estágios,
representando o reator acidogênico (em azul) e o reator metanogênico (em verde), em escala
industrial. Os resultados obtidos da ampliação de escala do reator metanogênico (presente
trabalho) estão apresentados na Tabela 38.
É importante ressaltar que foi necessário colocar um misturador entre os reatores
acidogênico e metanogênico pois a concentração de matéria orgânica da saída do reator
acidogênico é elevada (9,51 gDQO.L-1) em relação à concentração de entrada do reator
metanogênico utilizada no estudo em escala laboratorial (Condição 6 – 8,25 gDQO.L-1)

Figura 192 – Fluxograma do sistema completo de dois estágios.

ɤA+M = 5,14 MJ.kgDQO-1

11,1 kmolH2.d-1 0,885 kmolCH4.d-1

VA = 1,2 VA = 2,80
SORO m3.ciclo-1 m3.ciclo-1
70 gDQO.L-1 9444 L.d-1 9444 L.d-1 9444 L.d-1 9444 L.d-1
3 V = 3,41 m3
12,4 gDQO.L-1 VRES = 72,6 m 9,51 gDQO.L-1 8,11 gDQO.L -1 RES 0,363 gDQO.L-1
661 kgDQO.d-1 V = 48,8 m3 89,8 kgDQO.d-1 89,8 kgDQO.d-1 VB+S = 5,68 m3 3,43 kgDQOd-1
B+S

VT (IND) = 123 m³ VT (IND) = 11,9 m³


ɤA = 4,68 MJ.kgDQO-1 ɤM = 8,23 MJ.kgDQO-1

Legenda: ɤA+M – Rendimento energético do sistema completo de dois estágios; ɤA – Rendimento


energético por carga orgânica removida do reator acidogênico em escala industrial; VRES –
Volume residual; VB+S – Volume de biomassa e suporte; VT (IND) – Volume total do reator em
escala industrial; ɤM – Rendimento energético por carga orgânica removida do reator
metanogênico em escala industrial; – representa a diluição da concentração de DQO realizada
dentro do reator para adequação da concentração
Fonte: Autora, 2021.
217

Tabela 39 – Resultados obtidos da ampliação de escala do reator metanogênico do sistema de dois


estágios.

VA VRES VR VB+S VT
Escala
(m3) (m3) (m3) (m3) (m3)
Industrial 2,79 3,41 6,20 5,68 11,9
Fonte: Autora, 2021.

5.8.2 Análise comparativa da produção de energia entre o sistema de 1 e 2 estágios

Esse cenário comparou: (1) Sistema de dois estágios (primeiro estágio: reator
acidogênico – Condição SIII – 12375 de LOVATO et al., 2021 e segundo estágio: reator
metanogênico – Condição 6 – presente trabalho); e (2) Sistema de estágio único (Condição VI
de SIQUEIRA et al., 2018). Foi proposto que os reatores acidogênico e metanogênico do
sistema de dois estágios operassem nas suas melhores condições experimentais (SIII – 12375 e
Condição 6, respectivamente).
O sistema de dois estágios é o mesmo descrito na seção anterior. O sistema de estágio
único para produção industrial de metano (SIQUEIRA et al., 2018) consistia em tratar todo o
soro produzido por uma indústria de laticínios (volume total de 9,44×10³ L.dia-1 e concentração
de 70,0 gDQO.L-1 – LOVATO et al., 2021). A vazão e a concentração de saída de soro do reator
foram de 9,44 × 10³ L.dia-1 e 0,532 gDQO.L-1, respectivamente.
A estimativa de ampliação de escala resultou em um AnSBBR com volume total de
80,0 m3 (ou 4 AnSBBR de 20,0 m³ cada). A estimativa de produção de metano foi de
8,09 kmolCH4.dia-1 e a produção de energia resultou em rendimento e produção energética de
9,89 MJ.kgDQO-1 e 75,1 kW, respectivamente.
O sistema de estágio único trataria então 7,65 gDQO.s-1 que é a entrada de soro, geraria
um efluente com 5,82 × 10-2 gDQO.s-1, e teria um rendimento energético global de
9,89 MJ.kgDQO-1.
A Figura 193 apresenta o fluxograma do sistema completo de dois estágios, (reator
acidogênico – em azul – e reator metanogênico – em verde) e do sistema de estágio único (em
vermelho).
218

Figura 193 – Fluxograma de comparação entre os sistemas de dois estágios e de estágio único.

ɤEU = 9,89 MJ.kgDQO-1

8,09 kmolCH4.d-1

VA = 3,2
SORO m3.ciclo-1
70 gDQO.L-1 9444 L.d-1 9444 L.d-1
12,4 gDQO.L-1 VRES = 40,1 m3 0,532 gDQO.L-1
661 kgDQO.d-1 V = 36,7 m3 5,02 kgDQO.d-1
B+S

VT (IND) = 80,0 m³
ɤM = 9,89 MJ.kgDQO-1

ɤA+M = 5,14 MJ.kgDQO-1

11,1 kmolH2.d-1 0,885 kmolCH4.d-1

VA = 1,2 VA = 2,80
SORO m3.ciclo-1 m3.ciclo-1
70 gDQO.L-1 9444 L.d-1 9444 L.d-1 9444 L.d-1 9444 L.d-1
3 V = 3,41 m3
12,4 gDQO.L -1 VRES = 72,6 m 9,51 gDQO.L -1
8,11 gDQO.L -1 RES 0,363 gDQO.L-1
-1 -1 3,43 kgDQOd -1
661 kgDQO.d -1
VB+S = 48,8 m3 89,8 kgDQO.d 89,8 kgDQO.d VB+S = 5,68 m 3

VT (IND) = 123 m³ VT (IND) = 11,9 m³


ɤA = 4,68 MJ.kgDQO-1 ɤM = 8,23 MJ.kgDQO-1

Legenda: ɤA+M, – Rendimento energético do sistema completo de dois estágios; ɤA – Rendimento


energético por carga orgânica removida do reator acidogênico em escala industrial; VRES –
Volume residual; VB+S – Volume de biomassa e suporte; VT (IND) – Volume total do reator em
escala industrial; ɤM – Rendimento energético por carga orgânica removida do reator
metanogêncico em escala industrial; ɤEU – Rendimento energético do sistema de estágio único;
– representa a diluição da concentração de DQO realizada dentro do reator para adequação da
concentração
Fonte: Autora, 2021.

A Tabela 39 apresenta os valores dos principais parâmetros de comparação entre o


sistema de dois estágios e o sistema de estágio único.

Tabela 40 – Parâmetros de comparação entre o sistema de dois estágios e o sistema de estágio único
(continua).

Estágio único Dois estágios


Metanogênico Acidogênico Metanogênico
ɤA (MJ.kgDQO-1) - 4,68 -
ɤM (MJ.kgDQO-1) 9,89 - 8,23
ɤEU (MJ.kgDQO-1) 9,89 - -
ɤA+M (MJ.kgDQO-1) - 5,14
219

Tabela 39– Parâmetros de comparação entre o sistema de dois estágios e o sistema de estágio único
(conclusão).
Estágio único Dois estágios
Metanogênico Acidogênico Metanogênico
-3 -1
PrM (MJ.m .d ) 81,2 - 59,8
PrH (MJ.m-3.d-1) - 21,8 -
-3 -1
PrM(EU) (MJ.m .d ) 81,2 - -
PrM(A+M) (MJ.m-3.d-1) - 25,2
-1
ProduçãoM (MJ.d ) 6490 - 710
ProduçãoH (MJ.d-1) - 2673 -
-1
ProduçãoM(EU) (MJ.d ) 6490 - -
ProduçãoM(EU) (kJ.mês-1) 1,95.108 - -
ProduçãoM(A+M) (MJ.d-1) - 3384
-1
ProduçãoM(A+M) (kJ.mês ) - 1,02.108
Eficiência de remoção de DQO (%) 95 96
VR (IND) (m³) 43,3 73,4 6,20
VT (IND) (m³) 80,0 123 11,9
Referências SIQUEIRA et al., LOVATO et al., Presente
2018 2021 trabalho
Legenda: ɤA – Rendimento energético por carga orgânica removida do reator acidogênico em escala
industrial; ɤM – Rendimento energético por carga orgânica removida do reator metanogêncico
em escala industrial; ɤEU – Rendimento energético do sistema de estágio único, ɤA+M –
Rendimento energético do sistema completo de dois estágios; PrM – Produtividade de metano;
PrH – Produtividade de hidrogênio; PrM(EU)– Produtividade de metano no sistema de estágio
único; PrM(A+M)S– Produtividade de metano no sistema de dois estágios; ProduçãoM – Produção
de metano; ProduçãoH – Produção de hidrogênio; ProduçãoM(EU)– Produção de metano no
sistema de estágio único; ProduçãoM(A+M)– Produção de metano no sistema de dois estágios;
VR (IND) – Volume total de meio líquido do reator; VT (IND) – Volume total do reator em escala
industrial.
Fonte: Autora, 2021.

Analisando a Figura 193 e a Tabela 39, é possível observar que o sistema de estágio
único alcançou rendimento energético (ɤEU) de 9,89 MJ.kgDQO-1 e o sistema de dois estágios
alcançou rendimento energético global (ɤA+M) de 5,14 MJ.kgDQO-1, sendo 4,68 e
8,23 MJ.kgDQO-1 no reator acidogênico (ɤA) e no reator metanogênico (ɤM), respectivamente.
É possível notar que o rendimento energético do sistema de estágio único é maior em relação
ao rendimento do sistema de dois estágios em 48 %.
Sobre a produtividade metano, é possível notar que o reator metanogênico de estágio
único apresenta um valor de produtividade maior (81,2 MJ.m-3.d-1) em comparação ao reator
metanogênico de dois estágios (59,8 MJ.m-3.d-1) em 26 %. Além disso, o sistema de estágio
único apresentou maior produtividade de metano (81,2 MJ.m-3.d-1), em relação ao sistema de
dois estágios (25,2 MJ.m-3.d-1), tendo uma diferença de 69 %.
No que se diz a respeito à produção de metano, o reator metanogênico de estágio único
apresenta um valor de produção 89 % maior (6490 MJ.d-1) em comparação ao reator
220

metanogênico de dois estágios (710 MJ.d-1). Esse mesmo comportamento foi observado quando
se comparou a produção do sistema de estágio único com a produção do sistema de dois
estágios, ou seja, o sistema de estágio único apresentou maior produção (6490 MJ.d-1), em
relação ao sistema de dois estágios (3384 MJ.d-1).
Em relação a qualidade do efluente, o sistema de dois estágios apresentou maior
remoção de matéria orgânica, alcançando valor de 96 %. Além disso, comparando o volume do
reator metanogênico do sistema estágio único (80,0 m³) com o volume do reator metanogênico
do sistema de dois estágios (11,9 m³), percebe-se que o reator metanogênico do sistema de dois
estágios é bem menor (85 %). No entanto, analisando os volumes totais dos reatores, o sistema
de dois estágios apresenta a soma dos volumes totais maior (134,9 m³) em comparação ao
sistema de estágio único (80,0 m³), o que levaria a maiores custos de instalação.
Analisando os resultados, pode-se afirmar que o sistema de dois estágios não foi
vantajoso em comparação ao sistema de estágio único, por apresentar valores menores de
rendimento energético, produtividade e produção de metano, tendo uma diferença de 48, 69 e
48 %, respectivamente. Isso pode ser explicado considerando que grande parte da matéria
orgânica é direcionada para a produção de hidrogênio na fase acidogênica do sistema de dois
estágios. Primeiramente, há uma grande parcela de matéria orgânica retida no reator
acidogênico devido ao seu alto volume de diluição. Em segundo lugar, o reator acidogênico
apresenta um volume elevado, dessa forma, a produção de biogás é maior (1,11 × 104 molH2.d- 1
para o reator acidogênico e 8,85 ×102 molCH4.d-1 para o retor metanogênico do sistema de dois
estágios; e 8,09 × 103 molCH4.d-1 para o reator metanogênico do sistema de estágio único). No
entanto, o hidrogênio apresenta um poder calorífico menor em comparação ao poder calorífico
do metano, fazendo com que o sistema de dois estágios apresente menor produção e rendimento
energético em comparação ao sistema de estágio único (LOVATO et al., 2020).
Dessa maneira, é possível afirmar que o sistema de dois estágios só apresentará melhor
rendimento energético geral se o sistema de estágio único demonstrar um desempenho ruim.
Conforme apresentado em Siqueira et al., (2018) é possível perceber que o sistema de estágio
único, na Condição VI, apresentou um bom desempenho, pois foi relatado estabilidade do
sistema e uma elevada eficiência de remoção de matéria orgânica.
Desse modo, pode-se concluir que no presente estudo o sistema de dois estágios para o
tratamento de soro não é viável em comparação ao sistema de estágio único, pois considerando
o melhor cenário do sistema de dois estágios (melhores condições experimentais dos reatores
acidogênico e metanogênico), esse apresentou valores menores de rendimento energético,
produtividade e produção de metano, não compensando o uso desse sistema.
221

A despeito dos resultados obtidos nesse estudo, pode-se encontrar estudos em literatura
nos quais o sistema de dois estágios é vantajoso em relação ao sistema de estágio único, como
por exemplo: Luo et al., 2011; Schievano et al., 2014; Junior et al., 2014; Fuess et al., 2017 e
Ramos; Silva, 2020 que relataram rendimento energético de 11 %, 43 %, 26 %, 23,4 % e 52,8 %
maior, respectivamente.
Nesse cenário de comparação, é interessante estimar quando o sistema de dois estágios
seria vantajoso em relação ao sistema de estágio único. Assim, foi realizada uma simulação no
software Excel® utilizando-se a ferramenta Atingir Meta®, considerando que os valores de
rendimentos energéticos de dois estágios e de estágio único fossem iguais, alterando o valor de
produtividade de metano do reator metanogênico de estágio único em escala laboratorial.
Dessa forma, obteve-se como resultado um valor de produtividade de metano
97,2 molCH4.m-3.d-1, cujo rendimento de metano em escala laboratorial apresentaria um valor
de 6,41 molCH4.kgDQO-1removida. Tal resultado indica que o sistema de dois estágios seria
vantajoso em relação ao sistema de estágio único, caso esse último apresentasse em escala
laboratorial valores de rendimento e produtividade de metano menores do que
6,41 molCH4.kgDQO-1removida e 97,2 molCH4.m-3.d-1, respectivamente. Esses valores são 48 %
menores em relação aos valores utilizados nesse estudo, ou seja, conforme apresentado em
Siqueira et al., (2018) todas as condições experimentais obtiveram valores acima de
6,41 molCH4.kgDQO-1removida e 97,2 molCH4.m-3.d-1 para rendimento e produtividade de
metano, tornando, dessa forma, o sistema de dois estágios desvantajoso.
Analisando a Tabela 39 e conhecendo que a indústria laticínios de pequeno porte
necessitaria de uma demanda energética de 8,27 × 108 kJ.mês-1 de GLP (Tabela 37) , pode-se
afirmar que a produção energética dos sistemas de dois estágios (1,02 × 108 kJ.mês-1) e de
estágio único (1,95 × 108kJj.mês-1) supririam 12,3 % e 23,5 % dessa demanda,
respectivamente, considerando que o metano e o hidrogênio produzidos (no caso do sistema de
dois estágios) poderiam ser queimados em caldeiras industriais (LOVATO et al., 2021).

5.9 Análise financeira simplificada

Com a finalidade de avaliar economicamente os sistemas de digestão anaeróbia


realizados em estágio único e em dois estágios pelo tratamento termofílico de soro para
produção de metano, foram calculadas as estimativas do capital total investido de cada projeto
e seus respectivos potenciais retornos de capital considerando a economia ao empregar o
222

metano ao invés do gás liquefeito de petróleo (GLP – gás utilizado como combustível pela
indústria de laticínios analisada) em caldeiras para produção de vapor.
Para os resultados da análise financeira referente aos projetos de estágio único e de dois
estágios, considerou-se o cenário de comparação apresentado nos resultados da ampliação de
escala e geração de energia (item 5.8).
Para o projeto de dois estágios, foi considerado para o primeiro estágio: (i) três reatores
acidogênicos com agitação mecânica e camisa térmica; (ii) três bombas (uma de alimentação,
uma de descarga e uma reserva, todas de uso comum dos reatores); (iii) um tanque de
armazenamento com agitação mecânica (na eventual necessidade de manutenção). Para o
segundo estágio foi considerado: (i) três reatores metanogênicos com agitação mecânica e
camisa térmica; (ii) três bombas (uma de alimentação, uma de descarga e uma reserva, todas de
uso comum dos reatores); (iii) um tanque de armazenamento com agitação mecânica (na
eventual necessidade de manutenção).
Para o projeto de estágio único, foi considerado: (i) quatro reatores metanogênicos com
agitação mecânica e camisa térmica; (ii) três bombas (uma de alimentação, uma de descarga e
uma reserva, todas de uso comum dos reatores); (iii) um tanque de armazenamento com
agitação mecânica (na eventual necessidade de manutenção).
Os resultados referentes aos valores dos parâmetros e dos custos dos equipamentos dos
projetos de dois estágios e de estágio único estão apresentados na Tabela 40. A Tabela 41
apresenta os valores de custos de operação do projeto de estágio único e de dois estágios. A
Tabela 42 apresenta os valores de faturamento e retorno de capital para os projetos de dois
estágios e estágio único, considerando a economia com GLP e os custos com operação e
manutenção.
Analisando os resultados da tabela 40, nota-se que o sistema de dois estágios apresenta
um custo total de equipamentos maior em relação ao sistema de estágio único: R$ 891.810,00
e R$ 473.318,00 para os sistemas de dois e único estágio, respectivamente. Desse modo, o custo
de implementação do sistema completo de dois estágios é maior, sendo R$ 1.396.288,00 e R$
2.630.839,00 para os sistemas de estágio único e dois estágios, respectivamente. O sistema de
dois estágios conta com três reatores acidogênicos, que por sua vez, apresentam um alto volume
(40,9 m3 cada) devido ao alto volume necessário para diluição. Além disso, é necessário um
número maior de bombas (3 bombas a mais, em relação ao sistema de estágio único) e de
tanques (4 tanques a mais, em relação ao sistema de estágio único), aumentando o custo total
do projeto.
223

Como mencionando anteriormente, grande parte da matéria orgânica é direcionada para


a produção de hidrogênio que por sua vez, apresenta menor poder calorífico fazendo com que
o sistema de dois estágios alcance menor produção energética. Dessa forma, apresenta menor
economia com GLP, sendo R$ 106.670,00 e R$ 55.616,00 para os sistemas de estágio único e
dois estágios, respectivamente e, consequentemente, menor retorno de capital de R$ 105.604,00
e R$ 55.060,00 para o sistema de estágio único e dois estágios, respectivamente.

Tabela 41 – Custos dos equipamentos dos projetos de dois estágios e estágio único.
Dois estágios Estágio único
Reator Reator
Acidogênico Metanogênico Metanogênico
(VTotal)IND (m³) 40,9 3,96 20,0
VMReator (R$.unidade-1) 163.500,00 28.500,00 87.000,00
NReatores (unidade) 3 3 4
Custo dos reatores (R$) 490.500,00 85.500,00 348.000,00
Bombas de Alimentação/Descarga
VBomba (m³) 1,7 0,2 0,8
VMBomba (R$.unidade-1) 15.150,00 15.150,00 15.150,00
NBombas (unidade) 3 3 3
Custo das bombas (R$) 78.360,00 45.450,00 38.318,00
Tanques
VTanque (m³) 40,9 3,96 20,0
-1
VMTanque (R$.unidade ) 163.500,00 28.500,00 87.000,00
NTanques (unidade) 1 1 1
Custo dos tanques (R$) 163.500,00 28.500,00 87.000,00
Custo total dos equipamentos (Ec)
Ec (R$) 891.810,00 473.318,00
Fonte: Autora, 2021.

Tabela 42 – Custos de operação do projeto de estágio único e de dois estágios.


Estágio único Dois estágios
Custo Direto da Planta (CDT) R$ R$
Custo dos Equipamentos 473.318,00 891.810,00
Instalação 222.459,00 419.151,00
Instrumentação e Controle 170.394,00 321.052,00
Tubulação e Válvulas 321.856,00 606.431,00
Eletricidade 52.065,00 98.099,00
Total (CDT) 1.240.092,00 2.336.543,00
Custo Indireto da Planta (CIND) R$ R$
Engenharia 156.195,00 294.297,00
Custo Total R$ R$
CF (R$) 1.396.288,00 2.630.839,00
CG (R$) 0,00 0,00
CI (R$) 1.396.288,00 2.630.839,00
Fonte: Autora, 2021.
224

Tabela 43 – Valores de economia com GLP e de retorno de capital para os projetos de dois estágios e
estágio único.
Estágio único Dois estágios
-1
Economia com GLP (R$.ano ) 106.670,00 55.616,00
Produção de metano (kJ.mês-1) 1,95.108 1,02.108
Custos manutenção e operação (CMO) (R$.ano-1) 1.067,00 556,00
Retorno de capital (R$.ano-1) 105.604,00 55.060,00
Fonte: Autora, 2021.

6. CONCLUSÕES

No estudo da produção de metano em AnSBBR com agitação mecânica, aplicado ao


tratamento do efluente proveniente de um processo de produção de hidrogênio utilizando soro
avaliando-se a influência da estratégia de alimentação (batelada ou batelada alimentada), do
tempo de ciclo (4, 6 e 8 h), carga orgânica volumétrica aplicada (3 a 15,0 gDQO.L-1.d-1) e da
temperatura (55, 50, 45 e 35 °C), foi possível concluir:

Em relação as variáveis operacionais (aspectos tecnológicos do estudo):


• A maior eficiência de remoção de matéria orgânica e a maior produtividade molar de
metano (142,9 molCH4.m-3.d-1) foram alcançada quando o reator operou em batelada
alimentada, tempo de ciclo de 6 h, COVA de 15,0 gDQO.L-1.d-1 e temperatura de 55°C;
• Obteve-se altas eficiências de remoção de matéria orgânica (acima de 80 %), de
carboidratos (acima de 97 %) para amostras filtradas em todas as condições
implementadas;
• Não houve acúmulo de ácidos voláteis totais em nenhuma das condições impostas ao
AnSBBR, os valores de alcalinidade a bicarbonato do efluente foram sempre superiores
aos valores do afluente, indicando que houve geração de alcalinidade no sistema em
todas as condições, e os metabólitos intermediários predominantes foram o ácido
acético e o ácido propiônico;
• A quantidade média efluente de sólidos suspensos voláteis do reator foi menor que a
afluente em todas as condições, indicando que não houve condições agravantes para a
biomassa, tal que resultasse no desprendimento e carreamento da mesma.

Em relação à estequiometria, cinética e termodinâmica (aspectos fundamentais do


estudo):
225

• A velocidade de produção de metano foi maior pela via hidrogenotrófica em relação à


rota acetoclástica para a maioria das condições experimentais;
• A combinação de alta temperatura, baixas concentrações de ácido e baixa concentração
de hidrogênio resultou no favorecimento termodinâmico da produção de metano;
• As análises estequiométrica e termodinâmica indicaram que a produção de metano
ocorre preferencialmente através da rota acetoclástica (aproximadamente 67 %).
Em relação à produção de energia e à viabilidade econômica (aspectos tecnológicos do
estudo):
• Na estimativa de ampliação de escala projetada para a melhor condição foi proposto
uma operação de três reatores AnSBBR em paralelo com volumes iguais de 3,96 m3,
obtendo uma produção de metano de 0,885 kmolCH4.d-1 e um rendimento energético
por carga orgânica removida de 8,23 MJ.kgDQO-1.
• O sistema de dois estágios não foi vantajoso em comparação ao sistema de estágio
único, por apresentar valor menor de rendimento energético (5,14 MJ.kgDQO-1 para o
sistema de dois estágios e 9,89 MJ.kgDQO-1 para o sistema de estágio único), mostrando
que o sistema de dois estágios somente apresentará melhor rendimento energético geral
se o sistema de estágio único resultar um desempenho limitado (menor que 6,41
molCH4.kgDQO removido -1);
• O custo de implementação do sistema completo de dois estágios é maior em relação ao
sistema de estágio único (R$ 1.396.288,00 e R$ 2.630.839,00 para os sistemas de
estágio único e dois estágios, respectivamente);
• O sistema de dois estágios apresentou menor produção energética e, consequentemente,
menor economia com GLP (R$ 106.670,00 e R$ 55.616,00 para os sistemas de estágio
único e dois estágios, respectivamente) e menor retorno de capital (R$ 105.604,00 e R$
55.060,00 para o sistema de estágio único e dois estágios, respectivamente).
• O sistema de estágio único é a melhor escolha para tratamento de soro e recuperação de
energia, por apresentar um custo menor de implementação.
226

7. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Considerando a literatura analisada, os resultados alcançados e as observações realizadas


durantes os experimentos deste trabalho, são propostas as seguintes sugestões para trabalhos
futuros:

• Avaliar a otimização de alcalinizante (bicarbonato de sódio), a partir da melhor


condição do presente trabalho (Condição 6), variando: o tempo de enchimento da
batelada alimentada e a relação entre volume alimentado e volume residual,
mantendo-se constante o tempo de ciclo de 6 h. Dessa forma, deixando um volume
residual maior e aumentando o tempo de enchimento do reator, possivelmente
haveria uma redução de alcalinizante uma vez que não haveria acidificação do
sistema.
• Avaliar a necessidade da adaptação implícita realizada no reator ao longo das
condições com o aumento gradual da carga orgânica até atingir um valor de 15
gDQO.L-1.d-1.
227

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244

APÊNDICE – Compilação dos resultados encontrados em todas as condições

Figura 194 – Monitoramento das concentrações de DQO das Condições 1 a 9.

10000
9000 1 2 3 4 5 6 7 8 9
8000
CS (mgDQO‧L-1)

7000
6000
5000
4000
Afluente
3000 Filtrado
2000 Não Filtrado
1000
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120
Tempo (d)

Fonte: Autora, 2021.

Figura 195 – Monitoramento das eficiências de remoção de DQO das Condições 1 a 9.

100

80

60
S (%)

1 2 3 4 5 6 7 8 9
40
Filtrado
20 Não Filtrado
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120
Tempo (d)
Fonte: Autora, 2021.

Figura 196 – Monitoramento das concentrações de carboidratos das Condições 1 a 9.

6000
1 2 3 4 5 6 7 8 9
CC (mgCarboidrato‧L-1)

5000

4000 Filtrado
Não Filtrado
3000 Afluente

2000

1000

0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120
Tempo (d)
Fonte: Autora, 2021.
245

Figura 197 – Monitoramento das eficiências de remoção de carboidratos das Condições 1 a 9.

100

80

60 1 2 3 4 5 6 7 8 9
C (%)

40
Filtrado
20 Não filtrado

0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120
Tempo (d)
Fonte: Autora, 2021.

Figura 198 – Monitoramento do pH das Condições 1 a 9.

12
10
8
pH

6 1 2 3 4 5 6 7 8 9
4
pH - Efluente
2 pH - Afluente
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120
Tempo (d)
Fonte: Autora, 2021.

Figura 199 – Monitoramento da alcalinidade a bicabornato das Condições 1 a 9.

7000
AB (mgCaCO3.L-1)

AB - Efluente
6000
AB - Afluente
5000
4000 1 2 3 4 5 6 7 8 9
3000
2000
1000
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120
Tempo (d)
Fonte: Autora, 2021.
246

Figura 200 – Monitoramento dos ácidos voláteis das Condições 1 a 9.

3000
1 2 3 4 5 6 7 8 9
AVT (mgHAc.L-1)

2000
AVT - Efluente
AVT - Afluente
1000

0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120
Tempo (d)
Fonte: Autora, 2021.

Figura 201 – Produção diária de biogás das Condições 1 a 9.

3500
1 2 3 4 5 6 7 8 9
3000
2500 Metano
Biogás
2000
VG (mL)

1500
1000
500
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
Tempo (d)
Fonte: Autora, 2021.

Tabela 44 – Valores médios de concentração e de eficiência de remoção de matéria orgânica das


Condições 1 a 9.

COVA tC CSAFL CS (mgDQO.L-1) S (%)


Condição
(gDQO.L-1.d-1) (h) (mgDQO.L-1) CST CSF ST SF
1 7,13 8 5023 ± 221 436 ± 109 330 ± 94 91 ± 2 93 ± 2
2 6,96 8 4940 ± 245 468 ± 197 369 ± 187 91 ± 4 93 ± 4
3 7,19 6 3662 ± 142 357 ± 312 265 ± 277 90 ± 9 93 ± 8
4 7,28 4 2523 ± 98 313 ± 241 241 ± 211 88 ± 10 90 ± 8
5 10,38 6 5454 ± 128 445 ± 249 319 ± 238 92 ± 5 94 ± 4
6 14,55 6 8114 ± 179 571 ± 68 363 ± 48 93 ± 1 96 ±1
7 14,70 6 8048 ± 159 1216 ± 423 986 ± 440 85 ± 5 88 ± 6
8 15,09 6 8185 ± 345 1269 ± 204 1044 ± 199 84 ± 3 87 ± 2
9 14,74 6 8134 ± 277 1445 ± 366 983 ± 232 82 ± 4 88 ± 3
Fonte: Autora, 2021.
247

Tabela 45 – Valores médios de concentração e de eficiência de remoção de carboidratos para as


Condições 1 a 9.

COVA tC CCAFL CC (mgCarboidrato.L-1) C (%)


Condição
(gDQO.L-1.d-1) (h) (mgCarboidrato.L-1) CST CSF ST SF
1 7,13 8 1563 ± 627 36 ± 7 25 ± 4 98 ± 0 98 ± 0
2 6,96 8 1873 ± 419 38 ± 16 25 ± 13 98 ± 1 99 ± 1
3 7,19 6 1554 ± 707 33 ± 12 20 ± 8 98 ± 1 99 ± 1
4 7,28 4 808 ± 290 27 ± 9 16 ± 6 97 ± 1 98 ± 1
5 10,38 6 1617 ± 904 36 ± 8 22 ± 6 98 ± 0 99 ± 0
6 14,55 6 2518 ± 1145 55 ± 7 31 ± 7 98 ± 0 99 ± 0
7 14,70 6 3258 ± 867 77 ± 31 37 ± 14 98 ± 1 99 ± 1
8 15,09 6 2343 ± 608 51 ± 11 27 ± 8 98 ± 1 99 ± 1
9 14,74 6 4220 ± 492 133 ± 46 31 ± 11 97 ± 1 99 ± 0
Fonte: Autora, 2021.

Tabela 46 – Valores médios de alcalinidade a bicarbonato, de concentração de ácidos voláteis totais e


volume de efluente para as Condições 1 a 9.

COVA tC AB (mgCaCO3.L-1) AVT (mgHAC.L-1) V


Condição
(gDQO.L-1.d-1) (h) Afluente Efluente Afluente Efluente (L)
1 7,13 8 1502 ± 308 2794 ± 87 1473 ± 432 155 ± 42 1,08  0,05
2 6,96 8 1695 ± 209 3005 ± 1303 1301 ± 217 136 ± 89 1,06  0,02
3 7,19 6 1817 ± 474 2546 ± 972 965 ± 187 139 ± 139 1,16 ± 0,04
4 7,28 4 1764 ± 412 2314 ± 144 878 ± 533 120 ± 101 1,11 ± 0,05
5 10,38 6 1609 ± 211 2962 ± 259 1646 ± 333 145 ± 118 1,09 ± 0,05
6 14,55 6 485 ± 276 1867 ± 456 1441 ± 394 260 ± 639 0,98 ± 0,09
7 14,70 6 540 ± 286 1743 ± 253 1412 ± 183 502 ± 312 1,01 ± 0,10
8 15,09 6 463 ± 145 2503 ± 882 1686 ± 250 364 ± 165 1,03 ± 0,05
9 14,74 6 3231 ± 1212 4250 ± 989 990 ± 170 568 ± 51 0,99 ± 0,05
Fonte: Autora, 2021.
248

Tabela 47 – Valores médios de concentração de sólidos totais e sólidos voláteis totais para as
Condições 1 a 9 no afluente e no efluente.

COVA tC ST (mg.L-1) SVT (mg.L-1)


Condição
(gDQO.L-1.d-1) (h) Afluente Efluente Afluente Efluente
1 7,13 8 6400  392 3831 ± 211 3311  449 829 ± 115
2 6,96 8 6367  274 3809 ± 141 3266  227 813 ± 181
3 7,19 6 5787 ± 367 3535 ± 387 3019 ± 412 917 ± 237
4 7,28 4 4653 ± 200 3464 ± 141 2122 ± 212 987 ± 152
5 10,38 6 7055 ± 524 4413 ± 236 3679 ± 435 1121 ± 168
6 14,55 6 6661 ± 550 2593 ± 256 4322 ± 835 666 ± 109
7 14,70 6 6775 ± 711 3315 ± 405 4349 ± 489 959 ± 312
8 15,09 6 6690 ± 148 3522 ± 274 4059 ± 151 902 ± 134
9 14,74 6 9830 ± 1635 5957 ± 909 4719 ± 353 1106 ± 125
Fonte: Autora, 2021.

Tabela 48 – Valores médios de concentração de sólidos em suspensão totais e sólidos em suspensão


voláteis para as Condições 1 a 9 no afluente e no efluente.

COVA tC SST (mg.L-1) SSV (mg.L-1)


Condição
(gDQO.L-1.d-1) (h) Afluente Efluente Afluente Efluente
1 7,13 8 418  96 93 ± 40 316  130 65 ± 34
2 6,96 8 510  101 119 ± 21 379  94 85 ± 25
3 7,19 6 409 ± 102 132 ± 88 311 ± 122 102 ± 70
4 4,97 4 275 ± 47 115 ± 51 275 ± 85 101 ± 51
5 10,38 6 578 ± 154 168 ± 22 451 ± 97 123 ± 22
6 14,55 6 302 ± 55 125 ± 22 239 ± 49 124 ± 18
7 14,70 6 484 ± 140 183 ± 69 405 ± 103 129 ± 28
8 15,09 6 377 ± 131 167 ± 20 322 ± 65 140 ± 19
9 14,74 6 371 ± 40 300 ± 31 258 ± 38 250 ± 28
Fonte: Autora, 2021.

Tabela 49 – Produção volumétrica média acumulada de biogás (VG) e de metano (VCH4),


concentração média (CCH4) e fração molar média de metano (YCH4) para as Condições 1 a 9.

Condições VG (mL-CNTP) VCH4 (mL-CNTP) CCH4 (mmol.L-1) YCH4 (%)


1 1350 971 20,42 72
2 1381 1019 19,84 74
3 1351 1001 19,34 74
4 796 563 13,60 71
5 1956 1502 21,77 77
6 2420 1742 21,45 73
7 2018 1361 20,18 68
8 1773 1278 20,43 72
9 1817 1209 19,21 67
Fonte: Autora, 2021.
249

Tabela 50 – Valores de carga orgânica volumétrica: aplicada e específica, carga orgânica removida:
volumétrica e específica, rendimento entre metano produzido e matéria orgânica: aplicada e removida,
produtividade: molar volumétrica e específica e a massa de sólidos de todas as condições.

Parâmetro Unidades 1 2 3 4 5 6 7 8 9

COVA (gDQO.L-1.d-1) 7,13 6,96 7,19 7,28 10,38 14,55 14,70 15,1 14,74
-1 -1
COVR (gDQO.L .d ) 6,66 6,44 6,67 6,59 9,77 13,90 12,90 13,17 12,96
COEA (gDQO.gSVT-1.d-1) 0,46 0,42 0,27 0,29 0,41 0,65 0,57 0,44 0,64
-1 -1
CORE (gDQO.gSVT .d ) 0,43 0,39 0,25 0,27 0,39 0,62 0,50 0,38 0,57
-1
RMCA (molCH4.kgDQO ) 8,00 8,66 10,5 8,94 11,29 9,82 7,48 6,79 6,67
-1
RMCR (molCH4‧.kgDQO ) 8,57 9,35 11,35 9,88 11,99 10,28 8,53 7,78 7,59
-3 -1
PrM (molCH4.m .d ) 57,06 60,28 75,77 65,11 117,1 142,90 109,9 102,5 98,38
-1 -1
PrME (molCH4.kgSVT .d ) 3,72 3,61 2,81 2,63 4,64 6,39 4,26 2,99 4,30
-1
nCH4 (molCH4.d ) 0,13 0,14 0,18 0,15 0,27 0,31 0,24 0,23 0,22
MSVT (g) 34,9 37,8 63,5 57,3 57,8 48,7 57,0 76,4 50,2
Fonte: Autora, 2021.

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