Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
São Paulo
2022
Amanda Shinzato
São Paulo
2022
Shinzato, Amanda
Diagnóstico de deficiência intelectual
sindrômica por sequenciamento de nova geração em
famílias consanguíneas / Amanda Shinzato; orientadora
Carla Rosenberg; coorientadora Ana Cristina V.
Krepischi -- São Paulo, 2022.
58 p.
Comissão Julgadora:
________________________ _______________________
Prof(a). Dr(a). Prof(a). Dr(a).
______________________
Prof(a). Dr.(a).
Orientador(a)
Dedico esse trabalho a minha mãe
Vera, meu padrasto Paulo, minha
irmã Carina e meu esposo Rafael,
pois me permitem sonhar através
do apoio que sempre me oferecem
diante os desafios, me
transmitindo segurança e
fortalecendo minha confiança no
Deus que sempre nos dá a vitória.
Agradecimentos
1. Introdução .............................................................................................. 7
1.1 Genética da deficiência intelectual ..................................................................... 10
2. Justificativa .......................................................................................... 19
3. Objetivo ............................................................................................... 20
4. Material e Métodos .............................................................................. 21
4.1. Casuística ............................................................................................................ 21
4.2. Métodos............................................................................................................... 22
4.2.1. Sequenciamento de exoma completo .......................................................... 22
4.2.2. Análise do exoma e chamada de variantes .................................................. 22
4.2.3. Sequenciamento Sanger............................................................................... 23
5. Resultados ........................................................................................... 25
6. Resultados e Discussão ........................................................................ 27
Paciente 1....................................................................................................................... 27
Paciente 2....................................................................................................................... 33
Paciente 3....................................................................................................................... 37
Paciente 4....................................................................................................................... 40
Paciente 5....................................................................................................................... 42
7. Discussão e Conclusões ....................................................................... 47
8. Resumo................................................................................................ 51
9. Abstract ............................................................................................... 52
10. Referências Bibliográficas ................................................................ 53
7
1. Introdução
dos 18 anos de idade (Vissers et al., 2016). A função intelectual é definida como
(AGD); embora esse atraso possa ser transitório, estima-se que dois terços das
(Purugganan, 2018).
ser medidas por diferentes testes psicológicos. Estes testes possuem pontuação
média de 100 para a população geral e indivíduos com QI com pontuação inferior
a 70 (dois desvios padrão abaixo da média) são considerados com DI. O grau de
acordo com o valor do QI, sendo leve (50 a 70), moderado (35 a 50), grave (20 a
os fatores causais que levam à DI são de natureza heterogênea (Ilyas et al., 2020),
al. 2018).
10
Achados laboratoriais em conjunto com dados clínicos sugerem que alteração nas
et al., 2018).
em 1959 por Jérôme Lejeune (Lejeune et al., 1959). O nome da síndrome foi dado
Eastwood Asylum for Idiots in Redhill onde era médico responsável (Ellis, 2013).
11
X (Lubs, 1968). Em 1991 foi identificado o gene FMR1, responsável pela Síndrome
famílias (Martin et al., 2018). Estes números tendem a crescer com o avanço do
conhecimento, uma vez que cerca de 70% dos genes humanos codificadores de
conhecidos quanto para genes ainda desconhecidos para doenças que afetam o
galactosemia (Lee et al., 2021). No entanto, ainda se sabe muito pouco sobre as
não-sindrômica.
alterações que acarretam a DIAR é dificultada pelo fato que nas sociedades
ocidentais, onde a maior parte desses estudos são realizados, as famílias são
vezes, a hipótese de DI ter causa genética nem chega a ser considerada, tornando
Ropers, 2010).
14
mais próximos variam entre 20% a 50% das uniões (Bittles, 2008).
Homozigos
e
Heterozigose
composta em trans
Heterozigose
composta em cis
com taxas altas de consanguinidade observou incidência dez vezes maior, devido
altos níveis de autozigose (Hu et al., 2018) e também indicaram genes candidatos
para DIAR, que são genes com variantes provavelmente causais descritos em
países), revelou que 51% dos casos apresentavam DI grave a profunda, 45% de
total de famílias identificadas com variantes causais foram 109 (71,7% das
& Kuchay, 2019). Porém, nenhum desses grandes estudos envolvendo mais de
2018).
PubMed, foi elaborada uma base de dados que compila genes reconhecidamente
novo) e 103 (17%) ligados ao X (Kochinke et al., 2016). Este banco de dados
indivíduos com DI sejam agrupados com base no gene ou via metabólica para
2. Justificativa
investigado aqui.
20
3. Objetivo
DIAR.
21
4. Material e Métodos
4.1. Casuística
80921117.5.0000.5464.
4.2. Métodos
de pais consanguíneos foram sequenciadas com o uso dos kits SureSelect Clinical
(Illumina).
OMIM e ClinVar
paciente e seus pais, a partir das sequências dos pares de primers descritos na
Tabela 2.
24
5. Resultados
Tabela 3.
dois dos cinco pacientes. O sequenciamento Sanger foi realizado em material dos
da variante.
26
Tabela 3: Descrição de variantes clinicamente relevantes relacionadas a DI detectadas nos pacientes deste estudo, bem como suas
características, condições clínicas associadas e classificação.
6. Resultados e Discussão
Paciente 1
Figura 3: Heredograma do Paciente 1 identificado pela seta (indivíduo 4.II), filho de primos em
primeiro grau. DM2 = Diabetes Mellitus tipo 2; IAM = Infarto Agudo do Miocárdio; Intox.
Medicamentos = Intoxicação por medicamentos.
com base nos critérios PM2 da ACMG. A imagem abaixo (figura 4) representa a
28
colesterol (Harel et al., 2016). Há duas condições às quais esse gene está
dominante e recessiva.
fenótipo mais severo, CNVs de deleção em ATAD3A causando efeito nulo (sem
2016).
30
classificada como VUS com base nos critérios da ACMG: PM1, PM2 e BP4. A
e DI, entre outros sinais, com variantes em DYNC1H1 como candidatas para o
eram todas de novo; metade foi classificada como VUS e a outra metade como
31
mais de uma família. Mais da metade das variantes era de novo; a maioria das
demais não teve a herança avaliada e uma minoria de casos eram familiais
seus sinais clínicos o atraso cognitivo, deformidades nos pés, fraqueza muscular
de novo no gene.
gnomAD.
novo, essa variante não foi considerada como variante causal, permanecendo
como VUS.
33
Paciente
Mãe
Pai
Paciente 2
identificada como indivíduo IV-10 (seta); seus pais são primos de 3º grau com
Figura 7: Heredograma da Paciente 2 identificada pela seta (indivíduo 6.X), filha de primos em
terceiro grau. N = Normal; Cal. Renal = Cálculo renal; Dç. Chagas = Doença de Chagas; Sd. Turner
= Síndrome de Turner; Espont = espontâneo; Dif. escolar = Dificuldade escolar.
variante é classificada como patogênica com base nos critérios PVS1, PS3, PM2
e PP3 da ACMG.
o início da tradução nas mitocôndrias (Seo et al., 2020). Esse gene está
acidose lática, com idades de início entre 3 meses e 5 anos; foi demonstrada
grande redução da proteína MTFMT nos tecidos, por análise de Western blot.
Essa variante também foi descrita por Neeve e colaboradores (2013) em paciente
2016).
Paciente 3
Figura 9: Heredograma da família do Paciente 3 identificado pela seta (indivíduo 5.I), filho de
primos em primeiro grau. Ca útero = Câncer no útero; N = Normal; RN = Recém-nascido.
Figura 10: Imagem no arquivo BAM do sequenciamento de parte do gene DOCK7 do Paciente 3,
mostrando a duplicação de um nucleotídeo adenina (A) em todos os reads (homozigose) (linha
laranja), parte da sequência de sete adeninas.
2019).
marcada pelo círculo preto, sendo que o alelo selvagem tem apenas seis, como
pode ser detectado no alelo selvagem de seus pais (figura 11). Assim, a variante
casal.
40
Paciente 4
mista. A paciente tem cariótipo normal. Os pais da paciente, identificada como IV-
Figura 12: Heredograma da família da paciente 4, identificada pela seta (indivíduo IV-11), filha de
primos em primeiro grau.
Figura 13: Imagem no arquivo BAM do sequenciamento de parte do gene DNAH3 da Paciente 4,
mostrando o nucleotídeo timina (T) em 56% dos reads (heterozigose) (coluna azul) na posição que
seria uma guanina (G).
gênica segundo o gnomAD utilizando o valor Pli (pLI = 0), embora a razão
Paciente 5
Figura 15: Heredograma do Paciente 5 identificado pela seta (indivíduo IV-8), filho de primos em
primeiro grau. Dç degenerativa = Doença degenerativa; Probl. Respiratório = Problema
respiratório.
como VUS segundo os critérios PP2 e PP3 da ACMG. A imagem abaixo (figura
espermatogênese, porém sua função precisa permanece obscura (Li et al., 2021;
provavelmente patogênica (Li et al., 2021). Outro estudo relata dois casos com
7. Discussão e Conclusões
Alazami et al., 2015; Harripaul R et al., 2017; Reuter et al., 2017; Riazuddin et al.,
Neste projeto, o exoma dos cinco pacientes com DI, filhos de casais
nas condições OMIM causadas por variantes nesses genes não foram observadas
tem ainda condição OMIM descrita, porém é considerado um gene candidato para
diversos genes possui condição OMIM recentemente descrita cursando com DI,
variante gênica foi herdada da mãe, que não apresenta o fenótipo. Todas as
48
clinicamente normais.
25% para futura prole de seus genitores, considerando o quadro clínico associado
doenças monogênicas entre 40% e 60% dos casos (Field et al., 2021). Recentes
2021; Taşkıran et al., 2021). Nossos resultados demonstram uma taxa de 2/5, ou
molecular para a DI, embora o número seja muito pequeno para ter significado
estatístico.
repeats - STRs) (Malik et al., 2021), mecanismos epigenéticos (Tseng et al., 2021),
famílias consanguíneas. Outros estudos que corroboram esse achado são Monies
conhecida na família.
8. Resumo
idiopática (DIAR). Pesquisas voltadas para este tipo de variação hereditária através de
9. Abstract
disability and most severe forms of that condition are usually due to chromosomal
Research focused on this type of hereditary variation through linkage studies with
related to DI is constantly rising and so far 2,841 primary and candidate genes have been
identified, however, it is estimated that there are around 3,000 genes for ARID.
the genetic cause of intellectual disability make it possible to identify carriers in the family,
estimate the risk of recurrence and eventually offer prenatal diagnosis. In addition to the
benefit for the families studied with the identification of known pathogenic variants in
patients, this project identified new variants in genes already described and eventually, a
Alazami AM, Patel N, Shamseldin HE, Anazi S, Al-Dosari MS, Alzahrani F (2015) -
10(2):148–61.
182(9):2049-2057.
Becker LL, Dafsari HS, Schallner J, Abdin D, Seifert M, Petit F, Smol T, Bok L, Rodan L,
Bennett RL, Malleda NR, Byers PH, Steiner RD, Barr KM (2020) - Genetic counseling
382:1316–1317.
21(22):8515.
Clark DW, Okada Y, Moore K, Mason D, Pirastu N, Gandin I, et al. (2019) - Associations
10(1):4957.
Ellis H (2013) - John Langdon Down: Down’s syndrome. J Perioper Pract. 23(12):296-7.
Erzurumluoglu AM, Shihab HA, Rodriguez S, Gaunt TR, Day INM (2016) - Importance of
Field MJ, Kumar R, Hackett A, Kayumi S, Shoubridge CA, Ewans LJ, Ivancevic AM,
Cowley MJ, Dinger ME, Palmer EE, Christie L, Shaw M, Roscioli T, Gecz J,Corbett
Jhangiani SN, Rosenfeld JA, Cho MT, Fox S, Withers M, Brooks SM, Chiang T,
JD, McLaughlin HM, Eng CM, Walkiewicz M, Xia F, Pippucci T, Magini P, Seri M,
Zeviani M, Hirano M, Hunter JV, Srour M, Zanigni S, Lewis RA, Muzny DA, Lotze
TE, Boerwinkle E, Gibbs RA, Hickey SE, Graham BH, Yang Y, Buhas D, Martin
DM, Potocki L, Graziano C, Bellen HJ, Lupski JR (2016) - Recurrent De Novo and
Genetics 99(4):831–845.
Harripaul R, Vasli N, Mikhailov A, Rafiq MA, Mittal K, Windpassinger C, Sheikh TI, Noor
patients with idiopathic developmental delay in the Netherlands. Eur J Med Genet.
52(4):161-9.
24(7):1027-1039.
Iwase S, Bérubé NG, Zhou Z, Kasri NN, Battaglioli E, Scandaglia M, Barco A (2017).
37(45):10773–10782.
30(3):323-327.
LM, Cornejo‐Sanchez DM, Llaci L, Lupski JR, Posey JE, Leal SM, SchrauwenI
with intellectual disability (ID) in the founder population of Finland. Hum Genet.
140(7):1011-1029.
95(1):151-159.
Leblond CS, Le TL, Malesys S, Cliquet F, Tabet AC, Delorme R, Rolland T, Bourgeron T
113:103623.
Li Y, Fan L, Luo R, Yang Z, Yuan M, Zhang J, Gan J (2021) - Case Report: De novo
Lubs HA, Stevenson RE, Schwartz CE (2012) - Fragile X and X-linked intellectual
Malik I, Kelley CP, Wang ET, Todd PK (2021) - Molecular mechanisms underlying
(22): 589–607.
R, Hulbert A, Johnson DS, Johnson K, Kumar D, Lynch SA, Mehta SG, Morton J,
59
Parker MJ, Splitt M, Turnpenny PD, Vasudevan PC, Wright M, Bassett A, Gerety
SS, Wright CF, FitzPatrick DR, Firth HV, Hurles ME, Barrett JC, The Deciphering
Martin JP & Bell J (1943) - A pedigree of mental defect showing sex-linkage. J Neurol
Psychiatry 6(3-4):154–157.
Maulik PK, Mascarenhas MN, Mathers CD, Dua T, Saxena S. (2011) - Prevalence of
32(2):419 –436.
Mir YR, Kuchay RAH (2019). Advances in identification of genes involved in autosomal
The landscape of genetic diseases in Saudi Arabia based on the first 1000
Parental exome analysis identifies shared carrier status for a second recessive
30(1):32-9.
Najmabadi, H. et al. (2011) - Deep sequencing reveals 50 novel genes for recessive
Nelson B. (2009) – Mental retardation and intellectual disability. Vogul and Motulsky’s
O’Donnell-Luria AH, Pais LS, Faundes V, Wood JC, Sveden A, Luria V, Jamra RA,
104(6):1210–1222.
Pena JA, Lotze T, Yang Y, Umana L, Walkiewicz M, Hunter JV, Scaglia F (2016) -
Perrault I, Hamdan FF, Rio M, Capo-Chichi JM, Boddaert N, Décarie JC, Maranda B,
Quach TT, Stratton HJ, Khanna R, Kolattukudy PE, Honnorat J, Meyer K, Duchemin AM
Rasheed M, Khan V, Harripaul R, Siddiqui M, Malik MA, Ullah Z, Zahid M, Vincent JB,
Resta R, Biesecker BB, Bennett RL, Blum S, Hahn SE, et al (2006) - A new definition of
Reuter MS, Tawamie H, Buchert R,Gebril OH, Froukh T, Thiel C, Uebe S, Ekici AB,
MAR , Ansar M, Agha Z, Heeswijk K, Rasheed F, Vorst MV, Veltman JA, Gilissen
TD, Riazuddin SA, Khan SN, Ahmed ZM, Brouwer APM, Bokhoven H, Riazuddin
22(11):1604–1614.
Richards S, Aziz N, Bale S, Bick D, Das S, Gastier-Foster J, Grody WW, Hegde M, Lyon
American College of Medical Genetics and Genomics and the Association for
Ropers HH (2010) - Genetics of Early Onset Cognitive Impairment. Annu Rev Genomics
Santos-Cortez RLP, Khan V, Khan FSS, Mughal ZN, Chakchouk I, Lee K, Rasheed M,
Hamza R, Acharya A, Ullah E, Saqib MAN, Abbe I, Ali G, Hassan MJ, Khan S,
.137(9):735–752.
Seo JH, Hwang CS, Yoo JY (2020) - MTFMT deficiency correlates with reduced
Sharawat IK, Panda PK, Dawman L (2020) - Clinical Characteristics and Genotype–
Tseng CEJ, McDougle CJ, Hooker JM, Zürcher NR (2021) - Epigenetics of Autism
Velmans C, O’Donnell-Luria AH, Argilli E, Mau-them FT, Vitobello A, Chan MCY, Fung
LH, Superti-Furga A, Chung BHY, Sherr E, Netzer C, Schaaf CP, Erger F (2021) -
107470.
Vianna EQ, Piergiorge RM, Gonçalves AP, Santos JM, Calassara V, Rosenberg C,
Krepischi ACV, Silva RTB, Santos SR, Ribeiro MG, Machado FB, Medina-Acosta
Vissers LE, Gilissen C, Veltman JA (2016) - Genetic studies in intellectual disability and
Willemsen MH, Vissers LEL, Willemsen MAAP, Bon BWM, Kroes T, Ligt J, Vries BB,
Wright CF, FitzPatrick DR, Firth HV (2018) - Paediatric genomics: diagnosing rare
Zhang X, Novera W, Zhang Y, Deng LW (2017) - MLL5 (KMT2E): structure, function, and