Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
São Paulo
2016
1
ANA LUÍZA MONTEIRO MENDES MARTINS
São Paulo
2016
2
M386a Martins, Ana Luiza Monteiro Mendes.
56 f. ; 30 cm.
CDD 153.9
3
4
Agradecimentos
À minha mãe, que desde que sou pequena foi minha fonte de inspiração para que
eu continuasse estudando até alcançar a mesma titulação e nunca me deixou
desistir.
Ao meu pai, que me deu forças para seguir em frente, que sempre acreditou em
mim e faz com que eu acredite também.
Aos meus gatos, que sempre foram a minha maior alegria e estiveram ao meu lado
e no meu colo durante todo o processo de graduação, especialização e escrita da
dissertação.
Aos meus amigos, que mesmo não sendo dessa área demonstraram interesse em
saber o que eu estava fazendo e entenderam os momentos em que tive que me
ausentar.
À Casa do Prematuro, por ter me recebido tão bem e ter aceitado fazer parte desta
pesquisa.
Aos prematuros, que me deram seu tempo e permitiram que eu aprendesse tanto
com eles.
5
Resumo
6
Abstract
The advancement of medicine and neonatal intensive care have allowed for a higher
survival of preterm newborns in recent times. However, it is necessary to understand the
repercussions of prematurity on the development of cognition of this population and any
difficulties that may occur during their life. Previous studies have indicated that the
difficulties encountered referred to impairments in cognitive functioning that have been
associated with prematurity and low birth weight. Scientific interest turns to the analysis
of possible outcomes of preterm birth in adolescents in relation to general development,
especially in the precise assessment of cognitive abilities that may interfere in the
individual's quality of life. The main objective of this study was to evaluate the
cognition of preterm infants, below 37 weeks' gestation and weighing less than or equal
to 1,500 g, establishing the profile of Verbal Comprehension Indexes (ICV), Perceptual
Organization Index (IOP), Operational Memory Index (IMO) and Processing Speed
Index (IVP), which together result in the Total IQ, and make the comparison from the
normative profile; The secondary objectives are to evaluate the executive functions (FE)
in this population; To track the presence of symptoms of Autism Spectrum Disorder
(ASD); Correlate the results with possible intercurrences reported in the charts of the
subjects included. Eleven adolescents were evaluated, three males and eight females,
aged 13 to 15 years who were born with less than 37 weeks of gestation and birth
weight less than or equal to 1,500 grams and who are followed up in the
Multidisciplinary Program Of the Ambulatory of Preterm, from Federal University of
São Paulo (UNIFESP). The instruments used were the WISC-IV and Wisconsin Test
(WCST), the ABC autism screening scale, and the collection of demographic and
clinical data of included adolescents. The WCST results point to a performance deficit,
which seems to be related to prematurity. The WISC-IV results suggested greater
difficulty in the subtests Digits, Arithmatics and Information, as well as lower averages
in all indexes evaluated. The group of adolescents whose mothers had less than 9 years
of schooling presented worse performance in IOP, IVP and QIT. Adolescents classified
as Small for Gestational Age (PIG) present lower and / or worse scores in all WISC-IV
indexes than those classified as Adequate for Gestational Age (AIG), with a statistically
significant difference between groups for IOP. Adolescents born weighing between 500
grams and 700 grams and with a lower GI had worse overall results. Only one
adolescent tested TEA.
7
SUMÁRIO
1. Introdução .........................................................................................................10
2. Referencial teórico.............................................................................................11
3. Objetivos.............................................................................................................21
4. Método............. ..................................................................................................22
4.1. Amostra........................................................................................................22
4.2. Instrumentos................................................................................................22
4.2.1. Prontuário.........................................................................................22
(WISC-IV) .......................................................................................22
4.3. Procedimentos.............................................................................................25
5. Resultados...........................................................................................................28
8. Referencial Bibliográfico..................................................................................43
Anexos.......................................................................................................................49
responsáveis....................................................................................................................57
9
1. Introdução
10
2. Referencial teórico
12
2.2 Prematuridade e Transtorno do Espectro do Autismo
O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é uma condição complexa do
desenvolvimento neurológico que se apresenta em vários graus de gravidade
(Hadjkacem et al, 2016). Segundo a 5a edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de
Transtornos Mentais (DSM-5), os critérios específicos para diagnóstico de TEA na
infância incluem déficit de habilidades e comunicação sociais associados a
comportamentos, atividades ou interesses restritos, assim como repetitivos (APA,
2013).
Com frequência a literatura tem apontado dentre as causas ambientais, diversos
fatores podem contribuir para que o indivíduo venha a desenvolver um quadro de TEA,
como a prematuridade e muito baixo peso dos recém-nascidos aspectos de extrema
relevância (Grabrucker, 2013, Tordjman et al., 2014, Zaqueu et al, 2015).
Em estudo transversal comparativo realizado na Tunísia, Hadjkacem et al (2016)
avaliaram 101 crianças, sendo 50 com TEA diagnosticadas de acordo com os critérios
do DSM-5 e 51 irmãos não afetados, a fim de identificar fatores de risco pré-natal,
perinatal e pós-natal em crianças com TEA ao compará-las com irmãos sem o
transtorno. Foi utilizada a Escala de Avaliação do Autismo na Infância (CARS) para
avaliar a gravidade do TEA. Os fatores perinatais mais frequentes encontrados no
grupo com TEA foram sofrimento fetal agudo (26%), prematuridade e dificuldades no
parto observadas em 18%, em cada caso (Hadjkacem et al, 2016).
Zaqueu et al (2015) fizeram um estudo com o objetivo de buscar associações
entre sinais precoces do TEA, falhas na atenção compartilhada e atrasos de
desenvolvimento, no qual participaram 92 crianças (16-24 meses) de cinco creches de
Barueri-SP. Desta população, cinco crianças apresentaram sinais precoces dos TEA e
todas falharam nas provas de atenção compartilhada. Nas crianças que apresentaram
sinais indicativos de TEA, os déficits mais comuns foram relacionados à atenção
compartilhada, área que deve ser privilegiada em avaliações precoces.
A partir dos dados colhidos, associações entre sinais precoces de TEA
(utilizando o Instrumento M-CHAT) com prematuridade e falta de acompanhamento
pré-natal ficaram em evidência. As associações estatisticamente significantes foram
verificadas entre o atraso de desenvolvimento neuropsicomotor e sinais precoces de
TEA, com as variáveis prematuridade e falta de acompanhamento pré-natal, alertam
13
para a existência de grupos mais vulneráveis, assim como para a necessidade de
vigilância e monitoramento do desenvolvimento dessas crianças (Zaqueu et al, 2015).
Em um estudo longitudinal de Pinto-Martin et al (2011) no qual 862 bebês
nascidos prematuros e com peso entre 500 gramas e 2 quilos, e entre os anos de 1984 e
1987, foram acompanhados ao longo de 21 anos, concluiu-se que 5% dessas crianças
receberam o diagnóstico de TEA, em comparação com 1% da população geral. O
estudo revelou que bebês que nascem prematuros têm cinco vezes mais chances de ter
TEA em comparação com crianças nascidas à termo (Pinto-Martin et al, 2011).
14
2.3 Inteligência, Funções Executivas e Prematuridade
As diferenças individuais tornaram-se motivo de interesse científico a partir do
século XIX, sendo estudadas por Francis Galton e Charles Darwin, porém, apenas a
partir do século XX que Alfred Binet (1857-1911) passou a estudar as “faculdades
mentais” e criou sua primeira escala (Rabelo e De Rose, 2015).
No início do século XX, Edward Spearman, em seus estudos sobre a
inteligência descobriu que ao aplicar dois testes mentais em uma amostra de sujeitos, o
coeficiente de correlação entre eles era quase sempre positivo, o que o fez supor que
esses testes não mensuravam elementos totalmente independentes. Ele também
introduziu a técnica de análise fatorial, através da qual identificou a existência de um
fator comumente usado para resolver problemas. Desta forma, concebeu a ideia de que
que diferentes habilidades intelectuais têm um único fator comum que as gera: o fator g
(Torres, 2012).
Na segunda metade do século XX, iniciada por Cattel, a concepção de
inteligência evoluiu para um modelo integrado hierárquico chamado de Teoria Gf-Gc
(inteligência fluida e cristalizada). Esse foi um dos maiores avanços para se
compreender melhor as habilidades envolvidas na inteligência (WISC-IV, 2013). A
inteligência fluida (Gf) é definida como a representação de raciocínio e a habilidade de
resolução de problemas novos, enquanto a inteligência cristalizada (Gc) é definida como
as habilidades cognitivas de aplicar definições, métodos e procedimentos de solução de
problemas, aprendidos previamente para lidar com situações-problema, influenciadas
pela cultura, escolarização e desenvolvimento da linguagem (Laros, Jesus e Karino,
2013).
A Teoria de Cattel-Horn-Carroll – CHC – das Habilidades Cognitivas foi uma
integração feita por McGrew e Flanagan das teorias Gf-Gc e dos Três Estratos, e
consiste na concepção de que:
19
É necessária a análise de possíveis resultados do nascimento prematuro nos
adolescentes em relação ao desenvolvimento geral, sobretudo na avaliação precisa das
habilidades cognitivas que possam interferir na qualidade de vida do indivíduo. A
hipótese desse estudo é que bebês nascidos prematuros com muito baixo peso podem
apresentar desempenho abaixo da média em testes de inteligência e funções executivas,
quando adolescentes.
20
3. Objetivos
3.1 Objetivo geral:
Fazer a avaliação da cognição de adolescentes nascidos pré-termo, abaixo de 37
semanas de gestação e com peso menor ou igual a 1.500g.
21
4. Método
4.1 Amostra:
Foram avaliados 11 adolescentes, sendo três do sexo masculino e oito do sexo
feminino, com idade entre 13 e 15 anos. A amostra incluiu os indivíduos que nasceram
com menos de 37 semanas de gestação, com peso de nascimento menor ou igual a 1.500
gramas e que seguiam em acompanhamento no Programa Multidisciplinar do
Ambulatório de Prematuros, da Unifesp. Foi necessária a assinatura do termo de
consentimento livre e esclarecido pelos responsáveis e o termo de consentimento livre e
esclarecido pelos adolescentes para realizar a avaliação. Os adolescentes que
apresentaram síndromes genéticas ou malformações, e/ou perda auditiva condutiva e/ou
neurossensorial, e/ou ausência de linguagem foram excluídos da amostra.
4.2 Instrumentos:
4.2.1 Prontuário
Dados demográficos, clínicos e socioeconômicos (ABEP, 2011) das mães e dos
adolescentes, anos de escolaridade, idade cronológica, peso ao nascer, idade
gestacional, além da idade materna, foram coletados do prontuário médico e
complementados com informações maternas no momento da inclusão no estudo.
24
"errada") durante a realização da tarefa (Heaton, Chelune, Talley, Kay, & Curtiss, 2004;
Silva-Filho, 2013).
Na pesquisa, foi utilizada a Versão Eletrônica Brasileira do Teste Wisconsin de
Classificação de Cartas (E-WCST/BR), desenvolvida pelo Laboratório de Avaliação
Psicológica da Universidade Federal do Amazonas (LAP/FAPSI/UFAM), sob a
responsabilidade do Professor Doutor José Humberto da Silva Filho, com a finalidade
de validação desta versão cujo objetivo é automatizar todas as etapas possíveis do teste,
uma vez que sua aplicação e apuração dos escores têm se mostrado muito trabalhosa aos
pesquisadores. Os estudos de validade obtidos com esta plataforma serão
oportunamente submetidos ao SATEPSI/CFP para sua certificação, logo, neste estudo
foi utilizado o manual traduzido e adaptado pela psicóloga Jurema Alcides Cunha e
colaboradores, em 2005.
4.3 Procedimentos
Visando cumprir todos os preceitos éticos e legais das pesquisas que envolvem
seres humanos, segundo determinações da Declaração de Helsinque e da Resolução nº
466, de 12 de dezembro de 2012, do Conselho Nacional de Saúde, o projeto foi
25
aprovado pelos Comitês de Ética em Pesquisa (CEP) das Universidade Presbiteriana
Mackenzie e Universidade Federal de São Paulo.
Inicialmente foi feito o contato com a equipe do Programa Multidisciplinar da
Casa do Prematuro da UNIFESP para explicar sobre o projeto e convidar a instituição
para participar. Após a permissão da instituição, a mesma enviou uma Carta de
Autorização (Anexo I). O projeto de pesquisa foi submetido à Plataforma Brasil, sob o
Número do Parecer: 1.753.967. Além disso, foi requerida permissão de acesso aos
dados dos prontuários dos pacientes ao gestor da Casa do Prematuro onde se realizou o
estudo. Após a aprovação do Comitê de Ética da Universidade Presbiteriana Mackenzie
(Anexo II) e do Comitê de Ética da UNIFESP (Anexo III), iniciou-se o período de
captação da amostra, que durou cerca de dois meses, por meio da avaliação dos
prontuários dos anos de 2001 a 2004, disponibilizados no Programa Multidisciplinar da
Casa do Prematuro da Unifesp. Após a seleção de 26 pessoas, foi feito o contato
telefônico inicial, convidando os indivíduos a participarem da pesquisa e explicando
que se tratava de uma avaliação da cognição, tendo um encontro com duração média de
três horas. Pausas durante a aplicação foram realizadas, de acordo com cada sujeito de
pesquisa, de modo a evitar que o cansaço intervisse no resultado da avaliação.
A aplicação foi realizada em uma sala do Ambulatório de Prematuros da
Unifesp. Todos os responsáveis pelos participantes dessa pesquisa assinaram o Termo
de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) – Anexo IV - enquanto todos os
adolescentes assinaram o Termo de Assentimento Livre e Esclarecido (TALE) – Anexo
V. Na sala de aplicação estava apenas a pesquisadora e o sujeito, e foi aplicado em
primeiro lugar o teste WCST. Posteriormente foi aplicado o WISC-IV.
O ABC foi aplicado em um dos responsáveis pelo adolescente em lugar
reservado e com a presença da pesquisadora, que fez as perguntas, tirou as dúvidas
quando necessário, e anotou as respostas.
Após o término da aplicação, os testes foram devidamente corrigidos e os
resultados foram dispostos em uma planilha para análise dos dados.
Por conta de aspectos éticos, houve devolutiva para os participantes do estudo de
forma a apresentar os achados da avaliação cognitiva, em data marcada junto com a
pesquisadora.
27
5. Resultados
A coleta de dados foi realizada ao longo dos meses de Novembro de 2016 e Janeiro
de 2017. Dentre os adolescentes que foram acompanhados pelo Programa
Multidisciplinar do Ambulatório de Prematuros, apenas 26 deles obedeceram aos
critérios de inclusão. Desses, foram incluídos 11 (42,3%) adolescentes que aceitaram
participar da pesquisa. Não foi possível estabelecer contato telefônico com 12
adolescentes, pelo fato dos números de telefones disponíveis nos prontuários não
existirem mais, representando 46,2% do total da amostra e 3 (11,5%) responsáveis não
aceitaram participar da pesquisa, por motivos diversos. A perda da amostra representou
57,7%, o que foi um fator limitante para a pesquisa. A média de idade dos adolescentes
na inclusão no estudo foi de 14,15 anos, com a mediana de 13,9 (variação: 13,1 a 15,2).
28
A idade materna no estudo foi 47,0 ± 6,2, a escolaridade foi em mediana de cinco
anos (variação: 0 – 13), sete mães (63,6%) apresentavam escolaridade inferior a nove
anos, quatro (36,4%) pertenciam à classe socioeconômica B e sete (63,6%) à classe C.
No 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 Média
Idade
13,1 13,2 13,5 13,6 13,9 14,7 14,9 14,8 15,0 15,2 13,9 14,15
(anos)
Sexo F M F M F F F F F M F -
IG (s) 27,7 29,9 27,3 30,0 29,4 30,9 31,0 29,6 30,0 27,6 29,0 29,2
PN (g) 650 560 735 1300 970 1460 1365 1260 620 1150 1200 1028
DBP Sim Não Sim Não Não Não Não Não Não Não Sim -
HPIV Não Não Sim Sim Não Não Não Não Sim Não Não -
Legenda: IG (s): idade gestacional em semanas; PN (g): peso ao nascer em gramas; DBP:
displasia broncopulmonar, caracterizado por dependência de oxigênio com 36 semanas de
idade corrigida; HPIV: hemorragia peri-intraventricular.
29
sendo que neste último, seis sujeitos obtiveram escores iguais ou inferiores a 7, o que
foi mais representativo em relação ao tamanho da amostra. Os subtestes de Procurar
Símbolos (PS) e Compreensão (CO) tiveram como média 10, tendo apenas quatro (PS)
e três (CO) pessoas abaixo da média do perfil normativo. Os outros subtestes tiveram
variações entre 8,1 em Cubos e 9,4 em Códigos (Tabela 2), mas em geral, os sujeitos 1 e
2 obtiveram piores resultados em todo o teste.
Levando em consideração que a média dos Índices avaliados no WISC-IV é 100,
percebe-se que as médias dos índices (Tabela 2) IVP, que está diretamente ligado ao
fator de agilidade mental e o processamento grafomotor, e ICV, que afere as habilidades
verbais por meio do raciocínio, da compreensão e da conceituação, foram os que mais
se aproximaram da média do teste e tiveram menor discrepância de resultados nos
adolescentes. Ao observar o resultado de cada sujeito, separadamente, pode-se verificar
que a maioria dos adolescentes obtiveram esses escores dentro ou mesmo um pouco
acima da média, sendo apenas os sujeitos 1 e 2 os que tiveram pior desempenho em
todos os índices. A média com seus devidos desvios-padrão dos escores foram: ICV
(96,2 ± 11,6), IOP (91,6 ± 15,1), IMO (88,7 ± 13,7), IVP (98,7 ± 13,2), QIT (92,0 ±
17,7).
30
Tabela 2: Valores de escores de todos os subtestes do WISC-IV, ICV, IOP, IMO, IVP e QIT
dos adolescentes incluídos no estudo.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 Média
N°
6 12 11 5 12 9 10 12 8 8 7 9,1
SM
8 4 10 4 14 12 9 11 9 6 12 9
VC
7 10 10 7 11 9 10 13 9 7 12 10
CO
5 3 11 7 10 8 5 8 6 4 13 7,2
IN
8 7 11 7 8 8 8 11 10 5 10 8,4
RP
5 2 8 9 12 9 8 10 6 8 12 8,1
CB
5 4 10 9 10 10 9 8 9 8 8 8,1
CN
4 4 9 11 12 10 8 14 12 12 10 9,6
RM
7 3 8 11 11 9 10 11 7 8 13 8,9
CF
4 3 10 7 9 11 8 6 4 9 9 7,3
DG
5 4 11 8 9 9 13 9 11 11 8 8,9
SNL
4 1 8 7 10 10 10 10 5 8 10 7,5
AR
6 6 8 10 12 10 10 14 10 9 9 9,4
CD
7 7 10 13 12 12 10 14 7 7 12 10
OS
82 93 103 78 113 99 99 111 95 82 103 96,2
ICV
67 59 94 98 108 98 90 104 94 96 100 91,3
IOP
68 62 103 85 94 100 103 85 85 100 91 88,7
IMO
80 80 95 108 111 105 100 123 92 89 103 98,7
IVP
67 67 98 89 110 101 96 108 89 88 99 92,0
QIT
Legenda: IG (s): SM: Semelhanças; VC: Vocabulário; CO: Compreensão; IN: Informação; RP:
Raciocínio com Palavras; CB: Cubos; CN: Conceitos Figurativos; RM: Raciocínio Matricial;
CF: Completar Figuras; DG: Dígitos; SNL: Sequência de Números e Letras; AR: Aritmética;
CD: Código; OS: Procurar Símbolos; ICV: Índice de Compreensão Verbal; IMO: Índice de
Memória Operacional; IVP: Índice de Velocidade de Processamento; QIT: índice de QI total.
(n=5) (n=6)
32
Figura1 – média (IC 95%) dos escores do WISC-IV segundo peso ao nascer (p
valor para todas as variáveis >0,05).
33
Foi feita a comparação entre as variáveis de escolaridade materna maior ou igual a
nove anos e escolaridade materna menor que nove anos, quando contrapostas com os
resultados obtidos pelos adolescentes e foi observado que quando adolescentes filhos de
mães que tiveram menos de 9 anos de estudo apresentaram escores significantemente
menores de IOP, IVP, e QIT (Tabela 5). Tal resultado sugere uma associação entre
escolaridade materna e desempenho do filho em testes de cognição.
35
Tabela 6 - Resultados descritivos nos indicadores avaliados do WCST
Adolescentes
1. Número de Ensaios
128 128 128 128 128 107 128 128 128 79 128 121.63 15.48
Administrativos
2. Número Total de
75 8 18 66 21 87 25 14 37 94 73 47.09 32.15
Erros (Percentil)
3. Respostas
Perseverativas 14 <1 1 13 4 12 3 1 5 27 8 8.09 7.96
(Percentil)
4. Percentual de
Respostas
21 <1 2 21 6 12 5 1 7 19 12 9.72 7.78
Perseverativas
(Percentil)
5. Erros Perseverativos
7 <1 <1 9 1 10 2 <1 2 21 4 5.36 6.18
(Percentil)
6. Percentual de Erros
Perseverativos 13 <1 1 16 3 14 4 1 5 23 7 8 7.40
(Percentil)
7. Erros Não
Perseverativos 50 12 14 30 9 81 9 9 19 94 68 35.90 31.90
(Percentil)
8. Percentual de Erros
Não- Perseverativos 55 10 14 30 9 81 8 8 19 91 73 36.18 32.49
(Percenti)
9. Número de
Categorias Completadas >16 >16 >16 >16 >16 >16 >16 >16 >16 >16 >16 >16 -
(Percentil)
ABC P
Escolaridade materna 24,0 ± 20,9 0,344
<9anos
Legenda: ABC: questionário de rastreio de TEA; PIG – pequeno para a idade gestacional;
AIG – adequado para a idade gestacional; IG – idade gestacional.
Os escores do ABC foram comparados entre adolescentes que nasceram com peso
abaixo e acima ou igual a 1000g. Apesar do tamanho da amostra ser pequeno, esse
37
resultado sugere que o peso ao nascimento pode ter maiores escores no ABC, mas esse
dado não é significativo, uma vez que pontuações menores que 47 apresentam sujeitos
dentro da normalidade, isto é, sem ter traços sugestivos de TEA.
Os valores do ABC parecem maiores nas crianças de mães com escolaridade
<9anos, mas não teve diferença estatística. Além disso, os adolescentes PIG obtiveram
pontuação maior no índice ABC, porém sem diferença estatística. Quanto aos valores
do ABC quando comparados com as variáveis de IG houve uma tendência de maior
pontuação entre os adolescentes que nasceram com IG<30 semanas, mas esse número
não foi estatisticamente significativo.
A Tabela 8 apresenta o escore de cada adolescente avaliado.
Tabela 8: Valores de escores do ABC dos adolescentes incluídos no estudo
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 Média
N°
9 63 39 27 12 26 9 8 15 6 7 -
ABC
Legenda: ABC: questionário de rastreio de TEA.
38
6. Discussão geral dos resultados
39
aritmético e leitura nesta população (Anderson e Doyle, 2003; Espírito Santo, Portuguez
e Nunes, 2009).
O IOP, que mede a criação de conceitos não verbais, percepção visual,
organização, coordenação visual e motora, nível de abstração e habilidade intelectual,
foi o índice em que apresentou maior discrepância de resultados entre os adolescentes
avaliados. O IMO analisa a atenção, a concentração e a memória operacional, e foi o
segundo índice com maior discrepância entre os resultados dos avaliados. Os
adolescentes que tiveram piores resultados nos índices de IOP, assim como em todo os
itens avaliados pelo WISC-IV, foram os que nasceram com peso entre 500 gramas e 700
gramas e com menor idade gestacional, indicando que talvez o peso de nascimento
possa ter relação com o baixo desempenho em tarefas que envolvam a Organização
Perceptual.
40
Corroborando os resultados encontrados nos estudos de Pinto-Martin et al
(2011) que mostraram que bebês nascidos prematuros e com peso entre 500 gramas e 2
quilos tem cinco vezes mais chances de ter TEA em comparação com crianças nascidas
à termo, o Adolescente II, que nasceu com IG de 29,9 semanas e com peso de 560
gramas, segundo o ABC, tem moderada probabilidade para TEA, porém, não se pode
afirmar que o fator prematuridade ou o fator baixo peso foram de fato relacionado com
esse caso. Neste estudo, apenas este adolescente obteve um escore que mostra tal
probabilidade e para que se tenha um resultado preciso, seria necessário ampliar o
tamanho da amostra a fim de rastrear de forma mais efetiva o TEA nesta população.
Os resultados descritivos nos indicadores avaliados do WCST apontam um
déficit no desempenho, que parece estar relacionado à prematuridade. Os adolescentes
que tiveram peso ao nascimento menor que 1000 gramas, tenderam a ter um pior
desempenho geral no teste, demonstrando que a flexibilidade cognitiva encontrou-se
mais prejudicada, frente ao perfil normativo de adolescentes com a mesma idade. Esses
aspectos foram evidenciados nos estudos realizados por Anderson e Doyle, 2003;
Campos et al, 2011; García-Bermúdez, Cruz-Quintana, Sosa, Mañas, Pérez-García,
2012; Montserrat Megías et al, 2015, que encontraram alterações nas FE em pessoas
nascidas prematuras e com baixo peso.
41
7. Conclusão
42
8. Referencial bibliográfico
ALMEIDA AC, JESUS ACP, LIMA PFT, ARAÚJO MFM, ARAÚJO TM. Fatores de
risco maternos para prematuridade em uma maternidade pública de Imperatriz-MA. Rev
Gaúcha Enferm., Porto Alegre (RS) 2012 jun;33(2):86-94
APGAR V. A proposal for a new method of evaluation of the newborn infant. Curr Res
Anesth Analg 1953;32:260-7.
43
BERG, E. A.. A simple objective technique for measuring flexibility in thinking. The
journal of general pshychology, v. 39, p. 15-22. 1948.
44
emocionales en niños prematuros de muy bajo peso al nacer. Revista Argentina de
Ciencias del Comportamiento, 4, 3-10.
HEATON, R. K., CHELUNE, G. J., TALLEY, J. L., KAY, G. G., & CURTISS, G.
(2004). Teste Wisconsin de classificação de cartas. São Paulo: Casa do Psicólogo
LAROS, Jacob Arie; JESUS, Girlene Ribeiro de; KARINO, Camila Akemi. Validação
brasileira do teste não-verbal de inteligência SON-R 2½-7[a]. Aval. psicol., Itatiba , v.
12, n. 2, p. 233-242, ago. 2013 . Disponível em
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-
04712013000200014&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 26 nov. 2016.
45
LURIA, A. R. (1981). Fundamentos de Neuropsicologia. São Paulo: Livros Técnicos e
Científicos.
RABELO, Laura Z.; De Rose, Julio C. É possível fazer uma análise comportamental da
inteligência? Revista Brasileira De Análise Do Comportamento. 2015, Vol. 11, N o
.1, 80-92
46
SANTOS, Nilma Lázara de Almeida Cruz et al . Gravidez na adolescência: análise de
fatores de risco para baixo peso, prematuridade e cesariana. Ciênc. saúde coletiva, Rio
de Janeiro , v. 19, n. 3, p. 719-726, Mar. 2014 . Available from
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
81232014000300719&lng=en&nrm=iso>. access on 26 Nov. 2016.
http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232014193.18352013.
SILVA-FILHO, José Humberto da; PASIAN, Sonia Regina; BARBOZA, Larissa Leite.
Potencial informativo e desafios técnicos do Teste Wisconsin de classificação de
cartas. Rev. SPAGESP, Ribeirão Preto , v. 14, n. 2, p. 102-113, 2013 . Disponível
em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-
29702013000200008&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 27 nov. 2016.
TORDJMAN, S., SOMOGYI, E., COULON, N., KERMARREC, S., COHEN, D.,
BRONSARD, G., & XAVIER, J. (2014). Gene × Environment Interactions in Autism
Spectrum Disorders: Role of Epigenetic Mechanisms. Frontiers in Psychiatry, 5(53),
1-17.
TORRES, Natalia Herranz. La medida de la inteligencia: Primeros acercamientos,
desarrollo y procedimientos actuales. Revista de Investigación y Divulgación en
Psicología y Logopedia Tenerife, Espanha (2012) 2 (1): 21-25 · ISSN 2174-7571
47
WEISGLAS-KUPERUS N, HILLE ETM, DUIVENVOORDEN HJ, FINKEN MJJ,
WIT JM, VAN BUUREN S, et al. Intelligence of very preterm or very low birthweight
infants in young adulthood. Arch Dis Child Fetal Neonatal. 2009; 94:F196-F200.
48
ANEXO I: CARTA DE AUTORIZAÇÃO
49
ANEXO II: PARECER CONSUBSTANCIADO UPM
50
51
52
ANEXO III: PARECER CONSUBSTANCIADO UNIFESP
53
54
55
56
57
ANEXO IV:
Gostaríamos de convidar seu (sua) filho (a) a participar do projeto de pesquisa “Perfil
neuropsicológico de uma população de adolescentes nascidos prematuros com
muito baixo peso”. Essa pesquisa tem por objetivo avaliar o perfil neuropsicológico de
adolescentes nascidos prematuros e com muito baixo peso. Para isso, precisamos que
seu (sua) filho (a) faça alguns testes de inteligência. Também serão coletados dados de
história do prontuário de seu (sua) filho (a) antes e depois do nascimento. Esse estudo
será realizado no Ambulatório de Prematuro da Universidade Federal de São Paulo. Os
testes serão aplicados pela Pesquisadora Responsável e apresentam riscos mínimos aos
participantes.
Caso você tenha alguma consideração ou dúvida sobre os aspectos éticos da pesquisa,
poderá entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade
Presbiteriana Mackenzie - Rua da Consolação, 896 - Ed. João Calvino - térreo. Desde
já agradecemos a sua colaboração.
Declaro que li e entendi os objetivos deste estudo, e que as dúvidas que tive foram
esclarecidas pelo Pesquisador Responsável. Estou ciente que a participação é voluntária,
e que, a qualquer momento tenho o direito de obter outros esclarecimentos sobre a
pesquisa e de retirar a permissão para participar da mesma, sem qualquer penalidade ou
prejuízo.
58
Nome do Responsável pelo Sujeito de
Pesquisa:_________________________________________________________
___________________________________ ________________________________
Psicóloga Ana Luíza Monteiro Mendes Martins Prof. Dr. José Salomão Schwartzman
Pesquisadora Responsável Orientador
E-mail para contato: ana_martins3@yahoo.com.br
59
ANEXO V:
Você está sendo convidado (a) como voluntário (a) a participar da pesquisa “Perfil
neuropsicológico de uma população de adolescentes nascidos prematuros com
muito baixo peso”. Essa pesquisa tem por objetivo avaliar o perfil neuropsicológico de
adolescentes nascidos prematuros e com muito baixo peso. Para isso, precisamos que
você faça alguns testes de inteligência. Também serão coletados dados de sua história
do seu prontuário médico antes e depois do seu nascimento. Esse estudo será realizado
no Ambulatório de Prematuro da Universidade Federal de São Paulo pela pesquisadora
Ana Luíza Monteiro Mendes Martins
Para esta pesquisa adotaremos o(s) seguinte(s) procedimento(s): serão aplicados dois
testes diferentes. Primeiro, o Wisconsin, por ter um tempo de duração menor, e em
seguida, o WISC-IV, realizando um intervalo de cinco minutos para o seu descanso,
caso seja necessário.
Para participar desta pesquisa, o responsável por você deverá autorizar e assinar um
termo de consentimento. Você não terá nenhum custo, nem receberá qualquer vantagem
financeira. Apesar disso, caso sejam identificados e comprovados danos provenientes
desta pesquisa, você tem assegurado o direito à indenização. Você será esclarecido (a)
em qualquer aspecto que desejar e estará livre para participar ou recusar-se. O
responsável por você poderá retirar o consentimento ou interromper a sua participação a
qualquer momento. A sua participação é voluntária e a recusa em participar não
acarretará qualquer penalidade ou modificação na forma em que é atendido (a) pelo
pesquisador que irá tratar a sua identidade com padrões profissionais de sigilo. Você
não será identificado em nenhuma publicação. Os riscos envolvidos na pesquisa são
mínimos.
Os resultados estarão à sua disposição quando finalizada. Seu nome ou o material que
indique sua participação não será liberado sem a permissão do responsável por você. Os
dados e instrumentos utilizados na pesquisa ficarão arquivados com o pesquisador
responsável por um período de 5 anos, e após esse tempo serão destruídos. Este termo
de consentimento encontra-se impresso em duas vias originais: sendo que uma será
arquivada pelo pesquisador responsável, e a outra será fornecida a você. Os
pesquisadores tratarão a sua identidade com padrões profissionais de sigilo, atendendo a
legislação brasileira (Resolução Nº 466/12 do Conselho Nacional de Saúde), utilizando
as informações somente para os fins acadêmicos e científicos.
60
Eu, __________________________________________________, portador (a) do
documento de Identidade ____________________ (se já tiver documento), fui
informado (a) dos objetivos da presente pesquisa, de maneira clara e detalhada e
esclareci minhas dúvidas. Sei que a qualquer momento poderei solicitar novas
informações, e o meu responsável poderá modificar a decisão de participar se assim o
desejar. Tendo o consentimento do meu responsável já assinado, declaro que concordo
em participar dessa pesquisa. Recebi o termo de assentimento e me foi dada a
oportunidade de ler e esclarecer as minhas dúvidas.
_____________________________________
_____________________________________
Pesquisadora Responsável
Em caso de dúvidas com respeito aos aspectos éticos desta pesquisa, você poderá
consultar o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Presbiteriana Mackenzie
- Rua da Consolação, 896 - Ed. João Calvino – térreo.
E-mail: ana_martins3@yahoo.com.br
61
ANEXO VI
Declaro que li e entendi os objetivos deste estudo, e que as dúvidas que tive foram
esclarecidas pela Pesquisadora Responsável. Estou ciente que a participação da
Instituição e dos Sujeitos de Pesquisa é voluntária, e que, a qualquer momento ambos
têm o direito de obter outros esclarecimentos sobre a pesquisa e de retirar-se da mesma,
sem qualquer penalidade ou prejuízo.
62
___________________________________ _____________________________
63