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Algas Kelps, artigo de Roberto Naime

 Artigo
by Redação -2

Laminariales. Foto: Matt Edwards | SDSU Coastal and Marine Institute SDSU
College of Sciences

[EcoDebate] Laminariales é uma ordem de grandes algas, também


denominadas por “kelp”. Apesar da sua aparência de grandes plantas
marinhas, não pertencem ao reino das plantas e algas verdes. São
conhecidos perto de 30 gêneros.
Estas algas crescem em bosques submarinos chamados de bosques de
algas, em águas superficiais e claras, ricas em nutrientes e temperaturas
abaixo de 20 °C. Estes bosques oferecem proteção a algumas criaturas
marinhas, e alimentos para outras.

Durante o século XIX, a palavra “kelp” utilizava-se para referir tanto às


algas como às cinzas obtidas da sua combustão, ricas em carbonato de
sódio.

A alga “kelp” é uma das plantas mais úteis que a natureza tem para
oferecer. É um recurso autossustentável e rapidamente renovável, como
alimento e fertilizante e tem um conteúdo mineral elevado.
Tem muito pouco em comum com as plantas terrestres, não se
reproduzindo por meio de sementes ou flores. Cada célula da alga “kelp”
é capaz de se reproduzir muito rapidamente. Ela pode crescer até 90
metros de altura e, debaixo de água, as florestas de algas “kelp” podem
ser encontradas nas águas pouco profundas da maioria dos oceanos do
mundo.

Esta alga não é somente rica em metais pesados, mas também em oligo-
elementos, inclusive o ouro, a prata, o ferro, o vanádio, o titânio, assim
como o silício, o zinco e o boro.

No corpo humano, estes minerais pesados estão presentes em


quantidades ínfimas. Embora a ciência moderna ainda não entenda
completamente a funcionalidade que estes oligo-elementos
desempenhem nos organismos, é uma boa prática fornecer ao nosso
corpo os mesmos nutrientes que compõem o seu ambiente interno, se
quisermos um funcionamento saudável.

Desde a lei dos mínimos de Liebig se sabe a importância das


quantidades mínimas de oligo-elementos nos organismos.

Justus von Liebig nasceu em Darmstadt, na Alemanha, em 12 de maio


de 1803 e faleceu em Munique, no mesmo país, em 18 de abril de 1873.
Foi notável químico e inventor alemão.

Seu legado foi um dos maiores do século XIX. Seus experimentos


possibilitaram a criação de fertilizantes químicos, sabão, explosivos e
alimentos desidratados. Sua contribuição para a humanidade foi
extraordinária.

Liebig refutou a teoria até então aceita, segundo a qual as plantas


absorveriam as substâncias orgânicas resultantes da decomposição de
corpos de animais no terreno.

Em vez disso, as plantas se nutriam de alimentos inorgânicos, como o


dióxido de carbono da atmosfera e os compostos amoniacais, sendo o
terreno tanto mais fértil quanto maior a quantidade de sais e outros
elementos fossem ali encontrados. Essa descoberta redunda em
importante contribuição para a agricultura.

Deste modo, von Liebig chegou à famosa fórmula NPK (Nitrogênio,


Fósforo e Potássio), iniciando a era dos fertilizantes químicos.

Um dos mais conhecidos destes minerais é usado em terapias, a iodina,


habitualmente utilizada para evitar o desenvolvimento do bócio da
glândula tireoide.
A iodina presente na alga “kelp”, apresenta-se numa forma que pode ser
imediatamente usada pela glândula da tireoide, sem que o corpo tenha
que processá-la.

Os ervanários prescrevem a alga “kelp” como um tônico glandular


genérico e para condições vagas e persistentes que pareçam requerer
um ou mais desses oligo-elementos, geralmente não disponíveis na
nossa dieta ocidental moderna.

Podemos também nos beneficiar das vitaminas da alga “kelp”. A vitamina


B 12 está presente em quantidades comparáveis às encontradas no
fígado animal, tornando a alga “kelp” particularmente importante para os
vegetarianos.

Outras vitaminas incluem a vitamina C, em quantidades comparáveis


com as das laranjas e as vitaminas E e K e se comprova uma vez mais,
que a vitamina D existe na forma vegetal.

A alga “kelp” granulada pode ser encontrada em lojas de alimentos e,


uma pequena porção, polvilhada pela refeição, é uma boa forma de
incluir as algas nos pratos ocidentais.

A alga “kelp” possui também um alto teor de açúcar e a sua capacidade


de crescimento num ritmo acelerado, até de meio metro por dia, é uma
fonte viável de álcool para combustível.

Adicionada à ração para ovelhas, cavalos e gado de leite e carne, a alga


“kelp” melhora a condição geral, a fertilidade e a resistência às doenças,
assim como aumenta a produção de leite.

A prática de suplementação da dieta da criação de gado com


lambedouros de sal pode muito bem tornar-se obsoleta, com a inclusão
da alga “kelp” na sua alimentação, considerando que os oligo-elementos
nela existentes são muito mais concentrados dos que os encontrados no
sal marinho não refinado.

Para os horticultores a alga “kelp” é uma das melhores fontes de adubo.


Espalhado e enterrado nos solos ou embebido em água fresca e usado
como fertilizante liquido, este adubo não só repõe minerais e oligo-
elementos, mas também estimula o crescimento dos microrganismos,
essenciais para solos saudáveis.

Nas culturas da Europa setentrional tradicionalmente colhe-se a alga


“kelp” em meados do verão e seu uso abrange variadas formas como
combustível, forro para as casas, lume para defumar peixe e toucinho e
em forma de cinzas para cobrir o queijo em maturação. Foi também
utilizada nos princípios de 1800 na fabricação de vidro e sabão e para
fazer papel.

Como vegetal, a alga “kelp” é inigualável, requerendo como único


processamento a secagem. Ela é o único alimento verdadeiramente
orgânico que nos resta no mundo moderno. A alga “kelp” tem certa
resistência celular para tudo o que não é natural e, depois de seca,
nunca está contaminada.

É preciso alterar hábitos e incrementar o uso de tão notável iguaria e tão


necessário e multifacetado vegetal.

Referência

https://pt.wikipedia.org/wiki/Justus_von_Liebig
https://pt.wikipedia.org/wiki/Laminariales
https://www.epochtimes.com.br/alga-kelp-plantas-mais-uteis-
mundo/#.Vi97aSuVW1s

Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia


Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em
Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.
Sugestão de leitura: Celebração da vida [EBook Kindle], por Roberto Naime,
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