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Sebenta Algologia Aplicada (Zoom and Microalgae)

Aula 2 – História do uso das algas


O que são algas?

Podemos considerar as algas, como sendo um grupo com grande diversidade de organismos,
quase ao nível de dizer que existem “algas” de todos os gostos e feitios.

Durante os anos tentou-se arranjar várias definições para caracterizar algas no geral e o resultado
disso foi quase um falhanço completo como se ilustra abaixo:

- “Seres fotossintéticos oxigénicos na sua maioria aquáticos”

- Nem sempre, pois existem algas não aquáticas e mesmo algas não fotossintéticas. Se
formos a ver, os ácidos gordos produzidos vêm quase exclusivamente de algas não fotossintéticas.

- “Sem órgãos ou tecidos diferenciados”

- Nem sempre, temos algas castanhas multicelulares, com meristemas e até tecidos
vasculares.

As únicas definições que estão “tecnicamente” corretas são as que o zigoto das algas não forma
embriões, e que as suas estruturas reprodutoras não possuem células estéreis, mas realmente estas
duas características não chegam para cimentar uma boa definição de algas.

E isto percebe exatamente porque há uma diversidade gigante de organismos que podem ser
chamados de algas…

Diversidade de algas

Dentro das algas, temos uma divisão lógica pela ordem de grandeza do seu tamanho, isto é,
dividimos algas em macroalgas e microalgas.

Macroalgas

Existem cerca de 11 850 spp conhecidas (cerca de 50% da biodiversidade estimada)

Estas espécies contém organismos eucariotas fotossintéticos multicelulares com origens diferentes,
pelo que se dividem em dois grupos muito distintos:

Archaeplastida – Todos os organismos com plastos de membrana dupla (similar a plantas)

Dentro deste grupo, podemos fazer diretamente uma distinção pelos pigmentos característicos
das algas:

Macroalgas verdes:

Filo Charophyta – 753 spp de algas verdes fotossintéticas oxigénicas


dulçaquícolas com a classe representativa a ser a Charophyceae

Filo Chlorophyta – 1509 spp de algas verdes fotossintéticas oxigenicas marinhas


com a classe representativa a ser a Ulvophyceae

Macroalgas vermelhas:

Filo Rodophyta – 6753 spp de algas vermelhas fotossintéticos oxigenicas


marinhas com a classe representativa a ser a Florideophyceae
SAR (Stramenopila Alveoloados Rhizaria) – Chromista – Todos os organismos com plastos com 3 a
4 membranas resultante da endossimbiose de uma alga fotossintética presumidamente vermelha

Macroalgas castanhas e amarelas

Filo Ocrophyta – 2050 spp de algas castanhas marinhas (classe Pharophyceae)


e 582 spp de algas amarelas maioria dulçaquícolas (classe Xanthophyceae)

As estratégias empregues pelos organismos dos dois grupos são semelhantes. Ambos recorrem à
síntese de celulose e a proteção adicional por meios de uma parede e matriz, contudo os
mecanismos de síntese e deposição são diferentes. Isto traz ao de cima que os compostos
produzidos também sejam diferentes entre si.

Microalgas

O que se observa quando falamos de microalgas, é um boom no número de espécies conhecidas.


Para além disso, a nível taxonómico os grupos mantém-se sem grandes distinções face aos acima
descritos. No entanto:

Existem cerca de 22 300 spp conhecidas (cerca de 50% da biodiversidade estimada) dividida entre
os filos e grupos descritos acima

Archaeplastida que se divide entre Chlorophyta ( 3747 spp) e Rodophyta (25spp)

SAR – Chromista que compreende sobretudo o filo das Ochrophyta entre outros como
Bacilariophyta (água doce e marinhas), Cryptophyta, Haptophyta e a classe Dynophyceae

Temos que perceber, que as algas existem em tudo


quanto é sítio e nas mais variadas morfologias. Por
ancestralidade, há a origem da fotossíntese primária e
a partir daí o processo espalhou-se pela árvore da vida
de modos completamente distintos.

Mas porquê tanto interesse em algas?

Realmente as algas são importantes para o ser humano, têm um valor ecológico e ambiental
intrínseco, entre outros papéis igualmente importantes na produção industrial por exemplo.

Ecológico e ambiental

As algas são produtores primário, pois captam energia solar para realizar a transformação do
carbono inorgânico presente em carbono orgânico para acumular energia. No fundo passar
energia solar a energia química que a alga possa usar.

Devido a esta razão, estes organismos são importantes na fixação de nutrientes (C, N, S, Si, etc) e
como elemento chave das teias tróficas aquáticas.

Para além disto, temos o papel das algas na interação oceano-atmosfera, pois as algas ajudam
no controlo do clima e pela sua interação na acidificação dos oceanos (CaCO3 e CO2), São
calcificadores autênticos que removem o pool de HCO3 prejudicial ao oceano no geral.
História do Uso das Algas

Part One – Alimentação “Let there be food”

O registo mais antigo do uso de algas na alimentação refere-se ao seu uso


na região de Monte Verde no Chile, há cerca de 14 220 anos atrás. Isto foi
descoberto com base em estudos moleculares de hominídeos.

Várias espécies de algas foram detetadas, mas dentro destas


algumas até são consumidas ainda atualmente. Falo claro do caso
do Cochayuyo, uma alga do filo Ocrophyta. Esta contuna a ser
explorada e usada na alimentação tradicional devido ao seu cariz
artesanal.

Para além do Chile, e como não podia deixar de ser, também temos o caso do consumo de algas
no Japão (Feck yeah :3)

O início do consumo de algas no arquipélago terá começado há cerca de 6000 anos pelos
Aborígenes. Numa data mais recente, em 701, as algas eram tão importantes, que o shogunato
aceitava o pagamento de impostos através de “algas valiosas” como Saccharina, Undaria,
Porphyra e Gelidium

Desde essa época, o consumo de algas tornou-se comum para a população japonesa, com a
transição da apanha de algas para o cultivo das mesmas – primórdio da “maricultura”. Este era
rudimentar, com a colocação de bamboo em rios como substrato para as algas crescerem.

Isto trouxe mais procura e mais oferta

Exatamente pela razão de estas algas serem uma benesse para a corte feudal e se os ricos
querem, os ricos têm.

Claro que…

Isto não acontecia apenas no Japão. Foi uma prática que enraizou na cultura Asiática no geral
até aos dias de hoje até.

Nas ilhas circundantes, as algas também são usadas na alimentação, com a variante de serem
comidas frescas em vez de secas como é o caso no Japão

Noutra perspetiva e fora da alimentação direta…

Temos o caso das gomas e gelatinas alimentares, como por exemplo o agar agar no Japão em
tempos feudais, considerada uma iguaria entre a população nobre.

O caso do “Kanten” é a versão mais recente deste processo de obtenção.


Entre os japoneses o agar agar sempre foi considerado quase como uma
sobremesa ao passo que no Ocidente era mero meio de cultura.

Devido ao clima pós-guerra e sendo o Japão o único exportador de agar


para a produção de meio de cultura para a produção de antibiótico
aquilo foi um descalabro autêntico.
Para além deste foco nesta alga, outro tipo de algas são usados na alimentação como é o caso
das seguintes algas:

O que se procura com o consumo destas algas atualmente, reside no facto destas serem fontes
alternativas de nutrientes e como alimentos benéficos para a saúde (são inúmeros devido aos
compostos bioativos que as algas possuem).

Part Two – Agricultura “Let there be vegetable poop”

As algas também tiveram e continuam a ter um papel importante na


agricutlura. No fundo, os povos são os mesmos, toma Bretanha (ocidental alga
be garbish, oriental alga be gold, de forma resumida é isto xD).

As algas serviam no fundo como adubo para os campos agrícolas, não


só na Bretanha, mas mesmo em Portugal. As algas acabavam por ser
muito usadas nos campos de batata devido a esta ser um staple food da
altura.

Regressando, em Portugal ainda tínhamos o


equivalente como sendo a apanha do Sargaço.

No fundo as zonas costeiras portuguesas são no fundo à base de areia, com


pouca capacidade agrícola e os “antigos” faziam campos de masseira,
onde escavavam e colocavam algas e assim aumentavam o conteúdo
orgânico.

Part Three – Indústria Química “Let there be soap… and GUNS booom eheheheh"

Os aspetos alimentares e agrícolas são realmente mais comuns, mas as algas


também acabaram por ser usadas em grande parte na indústria química
antigamente (acabou por ser substituída pela petroquímica).

O fabrico artesanal de Kelp, baseava-se na apanha e queima das algas


(Laminarias e afins), acabando carbonizadas. Destes resíduos obtinha-se uma
cinza alcalina (rica em potássio) com grande importância para fazer vidro e
para fazer sabão, indústria com importância na Europa Central.

Outro tipo de uso para esta “potash” era o da produção de acetona para
fazer pólvora para as armas da WWI (Alemanha e afins). Os Aliados acabaram
a usar “giant kelp” própria nos seus territórios para produzir pólvora também
(20 mil toneladas).
Part Four – Gomas industriais (Hidrocolóides) “Let there jelly”

Para além do uso das algas descritos nas restantes partes, este
é capaz de ser uma das partes mais importantes. Os chamados
Hidrocolóides são no fundo os próprios constituintes das algas
que são úteis como gelificantes e produtos similares.

São no fundo polissacáridos com propriedades coloidais. No


caso das algas, e neste caso chamam-se Ficocolóides
(explicados mais à frente), o que difere é terem uma carga
global negativa (C com muito resíduos S).

As grandes aplicações estão na alimentação, nutraceutica,


microbiologia, farmacêutica e um pequeno papel nas indústrias têxteis e metalúrgicas

Regressamos à antiga Hercules da Polvora…

Com o fim da WWI o consumo de pólvora desceu para níveis em que a empresa não se conseguia
sustentar, e com isso, surgiu a ideia de processar outro componente dos tais giant kelps. Esse
produto era então um ficocoloide, o alginatos e com isso uma nova empresa a Kelco

O alginatos era principalmente usado para cosméticos, têxtil, farmacêutica. Muito usados para
fazer compressas até!

E dos alginatos passamos ao próximo ficocoloide

Agar

A indústria do Agar estabeleceu-se em San Diego, com a empresa American Agar, sendo esta a
primeira a produzir agar agar a partir de algas locais do género Gelidium e outras algas agarófitas
e o que acontece é que isto era quase um raio de monopólio. MAS WWII!

Portanto se os japoneses querem só para eles


fuck them e a Murica faz a própria indústria para
conseguir meios para a produção de
antibióticos.

Com isto C.K Tseng que ficou impedido de


regressar à China durante a WWII acabou por
ajudar ao desenvolvimento dos métodos de
extração de Agar Agar. Acabou por ser o pai da
Indústria de Algas Chinesa.

As algas aqui ao lado são apanhadas aqui na costazita portuguesa,


para verem como somos bons copycats xD.

Em Portugal, a apanha de Gelidium apesar de residual atualmente


teve os seus altos. Chegámos a ser o quinto maior produtor de agar
agar no mundo e de Gelidium seco e foi declinando até hoje.

O que aconteceu foi uma quebra enorme do fornecimento de


algas no mercado e uma baixa gigantesca na produção e
preços a atingir máximos, o que lixou completamente muitos labs.

A produção global teve um shift com Marrocos a levar o number


one spot da lista de apanha de algas agarófitas. Crise social tudo
na shit e pronto tudo na merda xD
Maxwell Doty – Este manel é que foi quase o pai para a industria dos carragenanos por dar
informações sobre o cultivo de algas produtoras deste Ficocolóides.

O valor das algas

O mercado das algas ainda é algo valioso, principalmente devido aos seus derivados, com valores
totais entre os 10 a 16 mil milhões de dólares.

O que se apresenta aqui são os derivados que dão luz


aos valores monetários gigantescos.

A produção…

A colheita em 1995 passava por 52% das algas


produzidas e em 2012 as algas de colheita
representavam cerca de 4% do global e o que
se vê é a monopolização dos principais centros
de cultivo.

Ao nível da aquacultura temos uma lógica


semelhante

O que se vê é uma maior produção na Ásia

Tivemos um aumento em cerca de 10 mil


toneladas.

História do Nori ou o modo de obter uma estátua e ser colocada no panteão xintoísta

Com esta aula vamos perceber o porquê da popularidade do Nori e do conhecimento quasi
eterno desta na cultura japonesa.

No Japão as algas são uma componente fundamental da dieta típica. No caso do nori, 34% do
mercado é puramente para o consumo doméstico, com 49% comercialmente e 17% como
prendas e omiai.

A nível de produção, este chega a atingir as 340 000 toneladas com valores monetários a chegar
aos 600 milhões.

Por exemplo, um pacote de nori custa cerca de 3 euros e contém 10 folhas, cerca de 3g. Por
exemplo wakame pelos mesmos 3 euros levas 100g.
Espécies de nori

Todas as espécies de nori (cerca de 20spp) pertencem ao género Porphyra do filo das Rodophyta,
ou seja das algas vermelhas, sendo as mais famosas as susabi-nori (P. yezoensis) abundantes na
costa aberta e a asakusa-nori (P. tenera) nos estuários e baías interiores.

São lâminas, uma única camada de células agregadas pela matriz


extracelular.

Gestão das algas por sodahibi

A nori não era domesticada mas sim gerida no seu lado


selvagem.

Os agricultores perceberam que se aumentassem a área de


colonização natural da Porphyra, podiam estender e
aumentar a quantidade apanhada da alga e isto é a
definição de sodahibi.

Espetar bamboo nas zonas baixas era um dos modos de


aumentar a tal área de colonização.

O que vemos aqui é uma tentativa de manter a produção de nori rentável e a um nível elevado
mas ainda sem saber como a domesticar.

E com isto surge a Dra. Mary Drew Baker, algologista que decifrou o ciclo complicado que era o
da Porphyra. O artigo foi publicado em 1949 e baseava-se no estudo do ciclo de vida da alga
vermelha.

O que se descobriu foi que o ciclo divide-se em fases para além das fases já complexas das algas
vermelhas. Isto foi possível pelo estudo de uma outra alga, a conchocelis que escava calcário
onde se fixa. Assim sendo, o ciclo passa pela fase foliar (Porphyra) e a fase de filamentos ou
endocítica (Conchocelis).

Cortes transversais dos talos

A lâmina de Porphyra é formada por células agregadas pela


tal matriz extracelular de polissacáridos.

Esta matriz é extremamente abundante como se percebe. Na


zona superior da imagem temos cels vegetativas e em baixos
células com profusão (tricogínio) e alguns gametas em c e d.
Por singamia temos a formação do zigósporo. E aqui está o passo chave. O zigósporo vai germinar
e fazer filamentos de conchocelis e a determinada altura estes filamentos originam células
pigmentadas, os conchosporos.

Transferencia de tecnologia

Again depois da descoberta disto, os japoneses conseguiram desenvolver brutalmente a industria


e os chineses fizeram o mesmo com a ajuda de C.K Tseng

Portanto como dito, com esta descoberta do ciclo de vida, os japoneses puderam passar de mera
apanha e maximização da área colonizada para cultivo autêntico.

Cultivo moderno de Nori

As lâminas ou folhas de nori produzem


carpósporos que vão originar os fragmentos de
conchocelis. Estes apenas conseguem crescer em
conhas (fonte de calcário). Portanto as folhas são
colocadas num tanque em condições de
temperatura e FP controlado juntamente com
conchas para cultivo da fase de conchocelis.

No fim do ciclo, no Verão, os conchosporos


desenvolvem-se em redes aperfeiçoadas. Estas
podem ser mergulhadas em tanques
para causar a aderência e passa-se
para o alto mar onde se desenvolvem
novas lâminas foliares.

Um pouco de background do novo cultivo de Nori

Estes tipo de cultivo nos anos 60 era feito com o auxílio de varas, que consistia em espetar paus de
bamboo e entre estes eram estendidas redes onde seriam colocados os propágulos de Porphyra.

Como as algas habitam a zona mais próxima interface solo-água acabam por ficar muito tempo
expostas ao ar; e assim sendo tenta-se mimetizar isso com estas redes. A vantagem do sistema é
conseguimos colonizar outros ambientes de modo a não estarmos em modo de défice
fotossintético.

Fora da maré – Stress hídrico controlado; Na maré alta – Produção de biomassa

Com esta nova descoberta houve um shift completo no modo de produção de nori, com um
aumento considerável da maricultura.
Cultivo de Nori step by step

Tudo começa com a seleção das lâminas de qualidade


superior, ou seja, as maiores com maior cor, podendo usar-
se índices para isto.

A partir destas tenta-se obter carpósporos -> propagar


vegetativamente – ou então seguir para cultura em massa
da fase Conchocelis.

Inocular as conchas com esta fase Conchocelis para


termos crescimento vegetativo

Tipos de cultura:

Fixa

Na cultura fixa, a altura é escolhida para tentar


arranjar o melhor regime de desidratação e claro fixa
em paus de bamboo no solo.

Flutuante

Trata-se do cultivo
por barras não fixas, mas
sim flutuantes, em que as
redes são subidas ou
descidas consoante o
melhor

Com este avanço tecnológico e cultural, claro que surge o avanço taxonómico

Falo claramente da inclusão da Porphyra no grupo das bangiáceas modernas (2011):

Algas filamentosas e algas foliáceas


Um pequeno resumo infográfico do ciclo de vida da Porphyra

Os avanços tecnológicos que levaram ao aumento em disparo da indústria


do Nori.

Começa com o cultivo em redes, totalmente mecânico e com mão de obra.


Saltamos para o cultivo flutuante que já permite uma otimização das
condições de crescimento da alga. E passamos para a colheita
automatizada

Do lado do processamento da alga surge a “one man machine”. O processo tradicional seria
apanhar as algas lavar em água doce e fragmentar em pedaços que são depois batidos para
formar uma folha e secos em esteiras de bamboo ao sol. A máquina faz isto tudo recorrendo
apenas a uma pessoa a controlar tudo.

Um outro avanço desta vez a nível do armazenamento…

Surge o armazenamento a frio, onde caixas de madeiras com redes de conchosporos fixados são
refrigerados. Não causa problemas pela resistência inata da alga.

Saltei a parte das macroalgas, acho que não é assim tão importante…
Ficocolóides

Normalmente falamos de Hidrocolóides, porque realmente temos


que ver que Ficocolóides são um subgrupo dos Hidrocolóides, que
são específicos das algas.

São substâncias não cristalinas, logo amorfas, líquidas ou viscosas


(daí a antiga designação de gomas industriais).

São polímeros hidrofílicos de peso molecular elevado. Esta afinidade com a água é concedida
pela grande presença de numerosos grupos hidroxilo e por serem polieletrónicos (grupos OH
facilmente substituídos por iões)

Estes têm várias origens, podendo ter origens microbianas, vegetal, animal ou mesmo sintética:

Microrganismos – Xantano

Vegetal – Goma-arábica, extraída da alfarrobeira, também inclui os Ficocolóides claro

Animal – Gelatina, extraída de restos de ossos e animais

Sintético – Poliacrilamida, derivado da indústria petroquímica

Propriedades dos Hidrocolóides

Funcionam como espessantes, agentes de gelificação, estabilizam misturas e soluções, são


emulsificantes e também funcionam como revestimentos.

Também para o flavor release (pois ao estabilizar as moléculas, retira a volatilidade do composto)
e como fibra com baixas calorias (os de origem
vegetais).

Propriedades funcionais dos Hidrocolóides

Uma das propriedades dos Hidrocolóides é típica


dos fluidos. Falo da viscosidade que é a tendência
para resistir ao fluxo.

Mesmo a água tem alguma resistência ao fluxo ou


seja alguma viscosidade.

Outra propriedade dos Hidrocolóides é típica dos


sólidos. Falo da elasticidade que é a tendência
de retomar a forma após ocorrer a deformação

Os Hidrocolóides têm a propriedade conjunta de viscoelasticidade -> exibem viscosidade bem


como elasticidade ao deformar

Alguns Hidrocolóides…
Temos a Gelatina como falámos, a goma de Guar (usada para tikka massala e na indústria de
extração de gás natural), a Pectina ou mesmo o Amido, Xantano e Gelano (géis dependentes da
temperatura). A maioria dos Hidrocolóides são de origem vegetal

Ficocolóides

Só existem três:

Ágares; Alginatos e Carragenanos (Descobertos apenas no século XX)

Todos os ficocoloides acabam por ser


polissacáridos contidos naturalmente na matriz
extracelular de várias algas, exatamente porque
a própria parede celular das algas continua a ser
celulósica. A nível dos polissacáridos, podemos ter
galactanos ou não ter galactanos, e estes podem
estar mais ou menos sulfatados.

O que vemos na figura é a estrutura típica de uma alga, com uma zona medular interior (cels
separadas pela parede e matriz extracelular) e uma zona mais exterior, pigmentada e semelhante
a uma cutícula (mucilagem e outros componentes). As paredes celulares são realmente muito
espessas e por isso quase toda a fotossíntese é feita na zona superficial da alga, com os plastos
das cels interiores a desempenharem outros tipos de funções.

Tal como dito acima, as cels medulares estão separadas pela parede celular e pela matriz
extracelular. Visto esta ser essencialmente polissacárida, percebe-se que os Ficocolóides estejam
maioritariamente presentes nesta zona.

As características associadas aos Ficocolóides

Os Ficocolóides na indústria, podem estar naturalmente presentes nos produtos ou são


adicionados. De entre as várias características que conferem, as mais importantes são:

- Formação de soluções viscosas ou espessas  Conferir firmeza

- Agregação de moléculas de água

- A estabilização de emulsões, no sentido de promover características de adesão, suspensão,


floculação e ainda estabilização de espums (útil para biorreatores).

- Prevenir a (re)cristralização de cristais de gelo e modificar propriedades organoléticas


Fontes mundiais de Ficocolóides

As algas para produção de Ficocolóides, tornam-se


especiais para o mercado e para além da sua
caracterização taxonómica, começam a albergar
uma nomenclatura comercial que define o tipo de
Ficocolóides que se podem extrair dessa alga.

Desse modo, sejam algas verdes, castanhas ou


vermelhas todas são agrupadas consoante o
ficocoloide que produzem.

As algas produtoras de alginatos chamam-se algas


alginófitas e podem ser colhidas ou cultivadas em
diversas zonas do globo como Canadá, Perú, Chile
no continente americano e na Estónia no continente europeu.

As algas produtoras de agar chamam-se algas agarófitas e neste tipo de classificação apenas se
incluem as algas do género Gelidium, Gracilaria e Pterocladia, sendo que apenas as Gelidium são
usados para o fabrico de agar bacteriológico. São apanhadas ou cultivadas maioritariamente no
continente Europeu, no Japão e nos EUA.

As algas produtoras de carragenanos chamam-se algas carragenófitas e a apanha ou cultivo


destas está restrita aos países que rodeiam o oceano Indico e a zona da Indonésia e EUA.

Os Ficocolóides e a sua Estrutura Química

Alginatos

Os alginatos são maioritariamente extraído de algas


castanhas e dentro destas o grupo mais representado
nesta extração é o das Laminaria. São muito usados
para aumentar a viscosidade, formar géis
termoestáveis e na formação de filmes ou películas.

O polímero mais puro chama-se ácido algínico e é o


representado na figura ao lado

Os alginatos consistem em polímeros lineares não ramificados entre 10 a 600 KDa com duas
componentes alternadas:

Componente M -> Ácido-β(1→4)-D-manurónico

Componente G -> Ácido-a(1→4)-L-gulurónico

Ambas as componentes são epímeros uma da outra, diferindo apenas na posição do C5 e por isso
há enzimas que fazem a conversão do M para G após a polimerização.

Uma particularidade interessante destas componentes são as suas propriedades quando


agregadas em polímeros. Os blocos MM conferem flexibilidade, mas os blocos MG conferem muito
mais flexibilidade que os MM. Contudo se tivermos blocos GG. Estes conferem propriedades
semelhantes à força de um gel.

Carragenanos – Galactanos Sulfatados

Os carragenanos são extraídos de algas vermelhas


(Rodophyta), maioritariamente de algas do género
Gigartina, Kappaphycus, Eucheuma, Chondrus e
Betaphycus. São muito usados na indústria alimentar,
juntamente com lacticínios, por serem agentes
gelificantes ou que conferem grande viscosidade.

Estes carragenanos são da família dos galactanos sulfatados lineares, consistindo em unidade
alternantes de:

Unidade G -> 3→β-D-galactose

Unidade D -> 4→α-D-galactose

Unidade DA -> 3,6 anidro-a-D-galactose (as mais importantes comercialmente, variadas


propriedades funcionais)

Os carragenanos na forma polimerizada são constituídos por dissacáridos repetitivos com estas
unidades como componentes

Por exemplo a carrabiose, contém estes


dissacáridos repetidos:

Podemos ter apenas sulfatos nestes dissacáridos,


como podemos ter kapa-carragenano, como
podemos ter os dois e temos sulfato
iotacarragenano.

Os carragenanos diferem no nº e posição dos substituintes sulfato no resíduos de a e β galactanos.

Há ainda uma relação que determina que quanto menor o nº de sulfatos no carragenanos maior
a dureza do gel que ele irá criar.

Ágar-ágar – Galactanos quasi não sulfatados

O ágar é extraído de algas vermelhas (Rodophyta),


maioritariamente de algas dos géneros Gelidium,
Gracilaria e Pterocladiella. São muito usados na
indústria laboratorial e farmacêutica como
componente solidificante dos meios de cultura e na
indústria alimentar por formar “gelatina” à temperatura ambiente.

A definição do que é o ágar, tem tido algumas perturbações ao longo do tempo. Nos anos 60
dizia-se que o agar era uma mistura de Agarose (neutra) e de agaropectinas (com carga elétrica).
Nos anos 90 dizia-se que eram Agarcoloides ou seja, uma mistura de ágares (gelificantes) e
agaróides (não gelificantes)

Apesar destas perturbações temporais na definição, o importante é que o ágar tem uma
componente gelificante a Agarose e uma outra componente viscosa, a agaropectinas (capaz de
criar soluções coloidais viscosas).
Agarose -> Polímero linear de peso molecular de 120 000 KDa composta por dissacáridos (1→3)-β-
D-galactopiranose e 3,6-anidro-a-L-galactopiranose

Diferem dos carragenanos pela configuração da galactose em L em vez de D e pela quase total
ausência de grupos sulfato

Agaropectina -> mistura heterogénea de


moléculas de menor dimensão, criando
estruturas similares entre si mas sulfatadas
e algo ramificadas, com grupos metilo e
piruvato.

Funcionamento dos Hidrocolóides e Ficocolóides

As moléculas são representadas na figura pelas


linhas vermelhas e linhas verdes. Vemos desde já
que todas adotam movimentos brownianos.

As misturas de Hidrocolóides a baixa


concentração influenciam maiores volumes de
água no seu raio de revolução (a).

Se aumentamos a concentração, podemos ter


outros cenários também aqui ilustrados. Em b,
podem tomar conformações globulares
(entropia) e mantém a liberdade rotacional. Em
c, o aumento da concentração pode levar a
uma separação de fases (d) devido às
influências que os Hidrocolóides estão a ter na
estrutura da água.

Apesar disto, é mais comum manterem as suas


estruturas lineares (e a h). Podem originar fases
separadas (e), o mais comum, ou originar fases
mistas (f), o mais raro.

Para além disto tudo, o grande aumento da concentração, pode levar à origem de géis mistos
(g) ou em fases separadas (h), com entropia mais favorável.

As estruturas são equivalentes às aplicações…

O que vemos acima é que o efeito funcional que os Hidrocolóides e os Ficocolóides têm na água
advém da sua própria conformação dependente da sua concentração na solução. Isto mostra
que a estrutura do Hidrocolóide define a sua propriedade funcional em soluções aquosas e por
sua vez, o seu valor comercial.

Infelizmente…

Existem muitas lacunas no conhecimento da estrutura exata e efetiva dos ficocolóides. Isto devido
a um desconhecimento das vias biossintéticas celulares e da estrutura química detalhada (trust
me complexa para crl os bioquímicos dão em doidos).
O conhecimento destas é imperativo para determinar a estrutura exata do ficocoloide que
determina a sua propriedade funcional e o seu futuro valor comercial.

Conformação equivalente à função

Como agora sabemos que a estrutura dos ficocolóides é variável e essa variação é que dá auge
às estruturas que têm propriedades funcionais, para além de termos de saber a conformação base
do ficocoloide, temos também de saber qual é exatamente a conformação que determina a
função.

Uma ferramenta que ajuda no conhecimento da estrutura dos


polissacáridos, é o triângulo de Haug. Este modelo diz que os
polissacáridos têm três extremos de conformação, esferas, random
coils e bastonetes rígidos. A maioria dos polissacáridos, adotam
conformações nas zonas entre random coil e bastonetes rígidos.

Engenharia de Biopolimeros

Tal como dissemos, a estrutura (mais especificamente a conformação) determina a propriedade


funcional e o consequente valor comercial do ficocoloide. Mas temos que ver o que está
associado ao aparecimento desta estrutura na célula.

É aqui que entra a cadeia de valor da engenharia de biopolimeros 

Temos de ver que temos de ter genes que produzam o


composto, que estão ligados a uma via biossintética
celular e com fatores que determinam a estrutura
primária e a consequente estrutura final/conformação
que tem propriedades funcionais.

Estas propriedades por sua vez têm dois lados, funções


biológicas realizadas ao nível da célula do organismo
e as funções tecnológicas para os produtos que
consumimos diariamente (e não apenas os
alimentícios).

I&D Goals and Problems

Dito isto, se atualmente questionássemos as pessoas que trabalham nestas áreas sobre o que é
necessário investigar, provavelmente diriam que é necessário fazer mais estudos ao nível da
dinâmica de paredes celulares, pois as paredes são a matéria-prima para inúmeros produtos que
a civilização usa (Alimentação, Roupa – as fibras, a construção – madeira).

Ou então descrição completa das vias de biossíntese de Hidrocolóides nas algas. Isto não está
tão bem estudado ao nível das algas pela falta de genomas completos de algas com que fazer
comparações (temos um genoma de uma alga para Nori mas é algo recente).

O problema está no foco dos esforços de sequenciação. Todas as algas sequenciadas até hoje,
com algumas exceções, têm tido o seu genoma sequenciado por questões de filogenética e não
de determinação de vias biossintéticas Por exemplo, não há agarófitas sequenciadas, e o
mercado do ágar é de extrema importância e dimensão.

Podemos ter ainda mais investigação a nível tecnológico, para modificar os polissacáridos em
algo melhor, ou cultivar mais espécies (aumentar a diversidade de fontes). E ainda precisamos de
melhor caracterização de técnicas de distribuição de polissacáridos e o seu funcionamento.
As aplicações dos ficocolóides

O caso dos cupcakes. Se formos a supermercados vemos nas prateleiras estes cupcakes.

, Totalmente industriais e artificiais, como se quer né ;)

Se formos ver a legenda, temos os vários ingredientes e


entre estes encontramos os Hidrocolóides.

Têm goma de celulose, ágar (E406), gelatina,


carragenanos (E407), Xantano, goma de guar e amido
de milho.

Só neste produto temos 7 Hidrocolóides, dos quais 2 são


ficocolóides. Precisam de vários porque cada um tem
o seu próprio efeito e alguns têm efeitos sinergísticos com outro componente do cupcake. A
maioria destes compostos têm um “número E” atribuído. São códigos de aditivos alimentares
reconhecidos pelas entidades de segurança competentes.

No caso do fabrico de um novo Hidrocolóide, o produtor tem de mostrar que o processo de fabrico
é diferente dos existentes e que o produto tem as mesmas características que o atual existente
com a adição do “novo” Hidrocolóide.

O caso do gelado. Neste caso este gelado tem 9 hidrocolóides dos quais 2
são ficocolóides. São 9 por uma questão de necessidade para o produto.
Há vários caminhos para chegar à mesma qualidade, este é meramente
um deles.

Mais uma vez temos goma de celulose, temos goma de guar, gel de
celulose, goma de alfarroba, carragenanos, ágar, pectinas, goma de Xantano e o hidroxipropil
metilcelulose.

O problema de existirem várias listagens para estes compostos…

Um problema derivado da existência de muitas listagens para os aditivos


alimentares, é que apesar de certos números serem específicos, muitas vezes os
produtores dão bypass a isto e metem nomes, E depois é uma confusão de
narizes

Por exemplo neste néctar, em inglês contém celulose microcristalina (E460) e é


em pó que funciona como emulsionante, mas quando fizeram a tradução para
um rótulo espanhol e francês disseram que era um estabilizante natural desta vez
sendo um E466 que define uma carboximetilcelulose (CMC em vez de MCC) que
é um emulsionante e um laxativo.

Maus rótulos significam maus produtos e uma baixa de compra. É preciso ter em conta
conformações, as misturas e assim, mas o marketing e a informação entregue ao consumidor é
que ultimamente decide se o produto rende ou não rende.
Mercados Mercados Mercados… E lá se foram as ações da AlgaTech

Mercado dos alginatos

O que observamos nestes dados, é uma dominância clara


do mercado de alginatos por parte de países asiáticos,
Pacifico e em menor número a Europa com produção de
36 000 toneladas anualmente

No fundo estes mercados têm algas próprias e começaram


a partir dessas mesmas algas. O importante aqui é saber
que o uso de alginatos tem sido maior na área da
alimentação e produtos farmacêuticos (33%) e 67% para
alginatos técnicos, ou seja a indústria têxtil e metalúrgica
(barras de solda).

Mercado dos carragenanos

O mercado dos carragenanos tem também uma


dominância clara por parte de países asiáticos
(47%) e pela Europa (32%). A nível de produção
conta-se com produções a rondar as 42 000
toneladas por ano.

A maior parte dos carragenanos é usado nos


produtos lácteos, para carne e ovídios, géis
aquosos e pastas de dentes.

Essencialmente alimentação e Higiene.

Mercado dos ágares

O mercado os ágares tem capacidade de


produção de 77 000 toneladas por ano. No
entanto a quantidade de toneladas
produzidas é cerca de 7000 toneladas…

O mercado é muito reduzido e dentro deste,


90% dos ágares produzidos vão para a
alimentação e os restantes 10% vão para
aplicações bacteriológicas (meios de
cultura).

O food grade vale X e o bacteriológico vale 100 ou 1000 de X. É um valor acrescentado brutal.

Gracilaria e Gelidium no fundo, os géneros são mínimos como já tínhamos visto. O único ágar de
grau bacteriológico tem que vir de Gelidium, o que complica o processo visto que este apenas
pode ser apanhado. Ainda não se sabe domesticar eficientemente esta alga à escala industrial.

Pode-se fazer ágar com pureza suficiente a partir de uma única espécie de Gracilaria, a Gracilaria
dura, que é cultivada mas tem a desvantagem de ter muito sulfato e originar géis com pouca
força, o que não interessa de todo. Dá para fazer uma purificação mas perde-se muito ágar no
processo,

Novas aplicações e mercados

O mercado vive muito das inovações e de novos produtos. Um caso é o da


pastilha Eclipse que logo no primeiro ano faturou 250M. Os filmes eram
claramente à base de alginatos.

Ou então outro tipo de fins mais aceites e fixos como por exemplo o caso
das vacinas em filme. Os produtos são introduzidos no filme de hidrocoloides,
visto que estes retém as moléculas durante mais tempo e conseguem aderir
a outras superfícies

Mercado dos Ficocolóides

Claramente os carragenanos
continuam a ser os que existem
em maior quantidade,
seguindo os alginatos e os
ágares.

A produção rondava cerca de


86 000 toneladas por ano

Tudo tem a ver com saturações


de mercado, oferta e procura.
O dinamismo deste mercado é grande.

Biotecnologia de Microalgas – Cultivo de microalgas


Tecnologias e espécies comerciais usadas no cultivo de
microalgas

Do mesmo modo que para o cultivo de outros microrganismos


como leveduras por exemplo, há sistemas específicos usados para
se poder manter um certo nível de controlo. Esses sistemas
industriais chamam-se os biorreatores.

Definindo bioreator, este é um equipamento onde se desenvolvem


processo biológicos extremamente controlados e monitorizados de modo
a obter um dado produto final.

Conseguimos controlar quase todas os fatores externos como pH,


temperatura, pressão, aporte de nutrientes e remoção de desperdícios.
Por permitir este elevado grau de controlo, automação e reprodutibilidade
em bioprocessos específicos, foi possível fazer a transferência do
equipamento para a escala industrial

Os biorreatores são usados para a fermentação industrial, tratamento de


efluentes, processamento de alimentos produção de produtos
farmacêuticos e ainda proteínas recombinantes (anticorpos, fatores de
crescimento, vacinas e antibióticos). No caso da Algologia Aplicada os
biorreatores utlizados são os Fotobiorreatores ou PBRs. São biorreatores
usados e preparados para produção de organismos fotossintéticos
Sistemas de Cultivo de Microalgas

Dois tipos – Sistemas abertos e Sistemas Fechados (PBRs)

A nível básico de classificação, os sistemas de cultivo dividem-se em sistemas abertos e sistemas


fechados.

Nos sistemas abertos qualquer coisa pode


ser um um “sistema de cultivo”, desde que
tenha tanques de plástico, vidro, entre
outros metais e bombas ou outros meios
para direcionar o fluxo e turbulência

Nos sistemas fechados, que inclui os


realmente chamados PBRs, temos os mais
típicos de manga plástica, ou PBRs tubulares
e laminares. Neste caso as variáveis técnicas são a remoção de O2 e input de CO2, o tipo e
duração da iluminação, temperatura e esterilização (manter a unialgal).

Tipos de Sistemas Abertos de Cultivo de Microalgas

Águas Naturais

Um local possível como sistema de cultiva aberto, são as


lagoas naturais que ocorrem a altitude, e que devido ao seu
isolamento da bacia hidrográfica, se tornam ambientes
restritivos ao crescimento de organismos. Quero dizer que
apenas alguns organismos conseguem crescer nessas
condições.

É o exemplo da Spirulina (nome comercial), ou seja,


cianobactérias do género Arthrospira que possuem taxas de
crescimento altas fazendo grandes blooms. Condições
ótimas de crescimento incluem as tais bacias de altitude
alcalinas

Lagoas Artificiais

As lagoas artificiais são um exemplo de aproveitamento de locais


considerados abandonados e sem salvação. Um bom exemplo
são as salinas abandonadas. Isto traz ao de cima a possibilidade
de crescer organismos que crescem em altos níveis de salinidade
como é o caso de algas do género Dunaliella. As lagoas podem
chegar a ter 250ha com profundidades de meio metro. Neste
caso o objetivo é a síntese de carotenoides.
Raceways

Este tipo de sistema aberto no fundo baseia-se no uso de tanques em forma de pista de
corrida/atletismo (daí o nome raceway). Normalmente, a altura da coluna de água é baixa e
possui um sistema de agitação incorporado para não
ocorrer a sedimentação e para que haja
movimentação da cultura. Isto para que exista
disponível para toda a coluna de água.

O defletor que vemos nos extremos da pista serve para


otimizar as propriedades hidrodinâmicas do tanque. Os
sistemas de agitação, são muitas vezes construídos com
a ideia de “moinhos de vento” em mente, em que pás
movimentam a água.

Um exemplo do uso destes sistemas, é o da Cyanotech


que produz Arthrospira e Haematococcus para a
produção de ficocianina e astaxantina,
respetivamente

Outro caso pertence à Earthrise que se foca na produção


de Arthrospira para produção do pigmento ficocianina e
para consumo da própria alga. Esta companhia usa
raceways ligeiramente diferentes.

Estes raceways são ao contrário dos restantes


retangulares em vez de adotarem o formato pista que os
restantes e mais comuns adotam.

Devido a isso, os acessórios para manter as propriedades


hidrodinâmicas críticas para a otimização da produção
de algas estão presentes em ambas as pontas e
chamam-se Corner Devices

Um último exemplo também de interesse é o da


antiga empresa Nature Beta Technologies em
Israel que também usava raceways a céu aberto
para a produção de Dunaliella para obter
carotenos.
Lagoas Circulares

Neste caso até temos ainda menos profundidade que nos


restantes sistemas até agora. Este sistema baseia-se sobretudo
em pequenos tanques com movimentação por pás gigantes
em superfícies com 5cm de fundo no máximo. Um bom
exemplo é a TCMC Chlorella que produz a alga desse mesmo
género para nutraceutica

Tanques

E como não podia deixar de ser, claro que um simples tanque pode ser usado para
a produção de microalgas. A diferença aqui é que em vez de sistemas de agitação
baseados em pás, temos agitação por convecção através de bolhas de ar

Um cultivo comum é o da alga Nannochloropsis para alimento na aquacultura.

Sistemas de cultivo comercial nos anos 90 e nos anos 00s

Se formos a ver, nos anos 90 a produção à


larga escala de microalgas ainda estava
confinada a apenas 5 espécies principais:

Dunaliella, Chlorella, Arthrospira e


Haematococcus pluvialis

Principalmente pq os protocolos estão


otimizados para estas algas e por serem as
que crescem com melhores taxas nas
condições que damos.

O sistema de cultivo ainda é algo variado,


com o uso de tanques, lagos abertos, lagoas circulares, raceways, sistemas em cascata, sacos,
fermentadores (heterotrofia para produção de biomassa) e sistemas em dois estágios (mixotrofia),
inicial em hetrotrofia e final em autotrofia.

Nos anos 2000 a mudança não foi grande no fundo. As


mesmas 5 de espécies de algas é que eram as
representativas do mercado e eram cultivadas por várias
empresas com os seus fins respetivos.

Arthrospira e Chlorella para alimentação pela biomassa


seca.

As mesmas 5 algas para a produção de pigmentos úteis


para a cosmética.

Vantagens dos Sistemas Abertos

A competitividade entre empresas é mantida devido:

- Meio de cultura seletivo (spp. Extremófilas) caso da Spirulina e da Dunaliella com pH e salinidade
respetivamente. Também as taxas de crescimento elevadas, caso da Chlorella. Claro que na
escolha dos locais tem que se ter em conta que o terreno e a fonte de água têm que ser baratas
e as condições ambientais quase no ótimo o ano inteiro
Desvantagens dos Sistemas Abertos

Há uma baixa eficiência fotossintética – devido à profundidade e do ensombramento, uma baixa


eficiência do uso do CO2 pelas algas. E pior de tudo, não podemos controlar nem otimizar as
condições ambientais e controlar micro e macro contaminantes.

E a ter muito em conta… A produção comercial em larga escala de algas em sistemas abertos
continua extremamente limitada a apenas algumas espécies.

Sistemas Fechados – Os Fotobiorreatores ou PBRs

Passando agora aos sistemas fechados, ou como dizemos


logo, os Fotobiorreatores ou PBRs. Estes são biorreatores
para o cultivo de organismos autotróficos

O meio de cultura é encerrado em tubos ou recipientes,


são transparentes para permitir a passagem da radiação
luminosa e impedem /limitam as trocas diretas de gases
com a atmosfera. Para além disso impedem/limitam a
presença de organismos contaminantes.

A questão da limitação das trocas, é uma vantagem e um problema em si. É necessário algum
meio de fazer a remoção do O2 que se acumula pela ação da fotossíntese, porque este limita o
processo fotossintético, visto que a RuBisCO começa a ter atividade oxigénica na presença deste
o que causa fotorrespiração e diminuição da eficiência fotossintética.

A nível dos organismos contaminantes, apenas em biorreatores é que conseguimos livrarmo-nos


deles.

Tipologias de PBRs

Desenho:

- Tubulares ou em plate (planos), que podem estar horizontais/verticais/inclinados

- Helicoidais cilindricos ou cónicos; Lineares ou sinusoidais e ainda em serpentina

Operação:

- Se o agimento é feito por misturação de ar ou por bomba hidraulica

- Unifásicos (Biomassa) ou Bifásicos (Desenvolvimento de Metabolitos)

Materiais:

- Plásticos ou de Vidro; Rígidos ou Flexíveis

Condições de esterilidade:

- Axénicos (ausentes de qualquer contaminante apenas contém o inóculo) – Impossível em PBRs


comerciais

- Unialgais (Certeza que o inóculo apenas contém um tipo de alga)


Tabela Informativa sobre a perfomance dos sistemas de cultivo nas várias fases PBRs Vs Open Air

Não me estou a focar muito nesta tabela porque a que vem no fim da aula é mais explícita

Tipos de Sistemas Fechados – Scalling Up

Balões de Vidro (Ballonieee)

Levam cerca de 3L e são o sistema característico do início do Step-up.


Amostra de um tubo passa para um tubo ainda maior com meio rico e
depois vêm os balões.

Mangas plásticas

Estas mangas podem chegar às centenas de litros e têm sistema de arejamento


até bastante engraçados como é o caso do CRIP Sul, que usa pipetas que
ficam fixas pela pressão exercida pelo meio de cultura no interior

Neste caso as algas são desenvolvidas como alimento para


a indústria principal que é de piscicultura.

Caso OMEGA

Semelhante às mangas plásticas, mas com a


vantagem de ser colocado em alto mar e
permitir a difusão dos fases devido à
característica osmótica do saco usado
Reatores tubulares – Scalling the fuck up

Os típicos reatores tubulares de uma unidade piloto.


Este aguenta cerca de 1000L de volume. Como se
vê têm uma estrutura tubular, são de vidro ou
material semelhante transparente

Reatores Planos ou “flat-plate”

E aqui temos os tais reatores em flat-plate que distribuem as


algas pelo plano. Nem todas as zonas estão preenchidas
existindo algum tipo de separação.

Este por acaso pertence à Necton, que se dedica


fundamentalmente ao fornecimento de algas como feed
para a aquacultura.

Sistemas Abertos VS Sistemas Fechados

Esta tabela faz uma comparação entre os


PBRs de sistema fechado e os sistemas de
cultivo Raceway, os mais usados nos sistemas
abertos.

A nível do risco de contaminação não há


dúvida que o risco é muito maior num
raceway que está exposto do que a um PBR
que limita qualquer interação com o exterior.

Para além disso há a questão do espaço, um


raceway ocupa um espaço muito maior face a um PBR, mesmo que ambos tenham o mesmo
volume.

A nível de perda de água e de perda de CO2, estas são altíssimas no Raceway e mínimas nos PBR,
exatamente pela capacidade deste de limitar a interação dos gases com a atmosfera.

No entanto, o PBR não ganha tudo. A nível de qualidade nota-se claramente que o Raceway
ganha por permitir um maior espaçamento entre as microalgas do que o PBR. Mas claro, perde
ao nível da variedade de algas que pode cultivar, sendo que no PBR são quase todas e no
Raceway a limitação é altíssima. Na mesma ordem de ideias trocar de variedade é
complicadíssimo em Raceway face a PBR.

A nível da reprodutibilidade, controlo e estandardização, o PBR ganha claramente, mesmo que


seja em condições específicas. Do mesmo modo, o tempo de produção e a concentração de
biomassa estão em favor do PBR com 2 a 4 semanas e 2 a 8g/L face a 0,2 do Raceway
Produtividade e custos de produção

Aula 2 - Do tubo de ensaio à produção industrial

História da Biotecnologia de Microalgas

A biotecnologia de algas só pode começar


com os primeiros registos de apanha,
cultivo/gestão e processamento. Os passos
necessários para isto,

Podemos reparar que no caso das


microalgas, a maioria foi cultivada durante o
século XX e processada também durante o
século XX e início do século XXI

O uso primitivo de microalgas por exemplo, apesar de pensarmos que possa ser recente, de facto
não o é. Eram do mesmo modo usadas para alimentação e eram apanhadas nos
lagos alcalinos da América Central e Africa. Principalmente Arthrospira, há mais de
700 anos

Um bom exemplo é o dos Aztecas que recolhiam biomassa de Arthrospira do lago


Texococo

Em África, o consumo mantém-se até hoje, com a recolha de biomassa de Arthrospira a ser
realizada pelos Kanembu no lago Chade e outros, que infelizmente tem vindo a ter um caudal
cada vez mais reduzido.

Na apanha apenas participam mulheres e a secagem é feita em dihé. Este não passa de uma
cova com areia limpa batida onde se colocam as algas e estas secam. O que fica é cortado e
vendido como caldo por exemplo. As mulheres fazem a venda e guardam o dinheiro. O mercado
está avaliado em 100 000 dólares,

Uso mais recente – Kaboom boom

O caso das diatomáceas é um engraçado. A biomassa fossilizada destas, origina o diatomito. Este
é usado no fabrico de dinamite e foi descoberto como componente por Alfred Nobel (that one
yes).
Chlorella

A sua produção comercial começou em 1961 pela Nihon Chlorella Inc


(Instituto de Investigação de Microalgas do Japão). O mercado
principal é da “health-food” e num curto espaço de tempo saltaram
de 200 ton ao ano para quase 2000 ton ao ano entre 1990 e 2000.

Spirulina… Arthrospira I mean, Raio da Filogenética

Redescoberta na década de 60. O início da produção comercial em larga escala no final dos
anos 70 (devido a pressões francesas).

Claramente aconteceu com o desenvolvimento pioneiro no lago Texcoco pela Sosa Texcoco Co.

Ao mesmo tempo, a Dainippon Ink & Chemicals Inc começaram a desenvolver unidade de
produção para Spirulina na Tailândia e depois na Califórnia (Earthrise).

A DIC é uma empresa que ainda existe e explora estas algas nos dois locais e ainda na China.

Atualmente produzem-se cerca de 3000 ton de peso seco de alga e o mercado continua a ser o
das rações e da “health food”.

Como podemos ver a tonelada anual de microalgas até é elevada.

Espécies relevantes para a biotecnologia de algas

Arthrospira -> Ficocianina e Biomassa -> “Health Food”, cosméticos

Chlorella -> Biomassa -> Suplementos alimentares e rações e “health food”

Dunaliella -> Carotenóides e β-caroteno -> Suplementos alimentares e rações e “health food”

Haematococcus pluvialis (alga verde)-> Carotenóides e astaxantina Produtos farmacêuticos e


“health food”

Porphyridium -> Polissácaridos em matriz abundante -> Produtos farmacêuticos, cosméticos e


nutrição

E depois temos a 5 espécies muito cultivadas nas nurseries para alimentar os peixes e crustáceos,
Odontella, Isochrysis, Phaedactylum e Lyngbya usadas pelos ácidos gordos e outros lípidos. Usados
também para nutrição, combustível entre outros.

A maior parte da aplicação das microalgas está na biomassa, Colorantes, antioxidantes, entre
outros. Os próprios mercados estão em crescimento à exceção da ficocianina e ficoeritrina,

Dentros dos antioxidantes temos os ARA e DHA que têm rápido crescimento.

O forescast do mercado dos produtos de algas está para uma estimativa para 5,17 mil milhões de
dólares para 2023 com um crescimento anual acima dos 5%.

O que influencia isto é o aumento do conhecimento dos produtos destes mercados e o aumento
dos mercados vegans e vegetarianos, O problema está na sua maioria no clima pq a maioria das
algas são produzidas em sistema aberto.

Conceito de “Single Cell Proteins”


Começou-se a pensar no desenvolvimento de proteínas para o food and feed a partir de
microrganismos na década de 60 no MIT.

Em 1983 John Litchfield publica um artigo que diz que este conceito de SCP passa por células
desidratadas de microrganismos (algas, bactérias, leveduras, etc) cultivados de forma
extremamente barata (uso de efluentes industriais) em fermentadores à exceção das algas com
a ideia de fornecer proteinas ao food and feed

No ano 2000 o conceito foi revisto e falam agora de fabrico de biomassa celular de
microrganismos com base em restos industriais e agrícolas abundantemente disponíveis, usando
processos de fermentação.

Este foi um marco importante da biotecnologia da algas e os autores já introduzem as microalgas


como componentes essenciais das SCP.

São exemplos as espécies de Chlorella, Diatomáceas, Dunaliella e Arthrospira

Estas algas quando comparadas com outras fontes mais tradicionais de produção heterotrófica
tinham vantagens,

A nível do peso seco têm proteínas, lípidos e outros componentes em maiores quantidades que as
restantes. Algo bom é que têm baixo número de ácidos nucleicos (ou seja menos ácido úrico) e
têm fibra, claro.

Para além disso e tentando explicar que nem tudo é bom, é preciso entender que a taxa de
crescimento é baixa face aos outros organismos e o risco de contaminação é maior. O lado
positivo é não ser necessário passar por tratamentos de destoxificação

O valor biológico da proteína

Não chega sabermos a proteína. É importante


determinar o seu valor biológico, o seu coeficiente de
digestibilidade, o uso e rácio de eficiência da mesma.

São métricas que medem a qualidade alimentar da


proteína. Principalmente usamos caseína e albumina
do ovo.

Se as proteínas tiverem a mesma qualidade


apresentarão valores semelhantes aos que usamos
atualmente então são boas fontes. Como podemos ver muitas das proteinas de algas secas
podem ser usadas para a alimentação.
Conceito de Single Cell Oils (SCO)

Além do conceito das SCP temos o conceito das SCO, com a produção de lípidos por cels
microrganismos, mais especificamente os ácidos gordos,

De entre estes os preponderantes são os PUFA de cadeia longa (LC) e isto em alternativa ao uso
de plantas.

Surgiu nos anos 80 e inicialmente eram extraídos de plantas pq os animais não os sintetizam e
obtêm através da alimentação. Caso do GLA (18:3 ómega 6)

Depois passaram a fungos no caso do óleo de Javanus e nessa altura já em fermentadores (220m3)
com produções de quase 8 ton ao ano

Mais tarde em 1990 descobriu-se o Boraga oficionalis e começou-se a fazer a extração a partir
deste.

Na década 80-90, houve um aumento do interesse nestes compostos nutritivos que estão presentes
no leite materno (LC)PUFA e que são importantes para o normal desenvolvimento do feto
(exemplo ao nível neurológico e da retina).

Infelizmente o leite materno não está sempre disponível e por vezes nos leites de substituição que
são leites de vaca os compostos não estavam presentes (DHA – ácido docosahexaenóico e o ARA
– ácido araquidónico)

Pequeno aparte para PUFAs

São moléculas de cadeias longas de hidrocarbonetos,


com 18 ou mais de 18C com um grupo carboxilo
terminal (COOH). Estes ainda contém ligações duplas.
Esterificados nas células formam lípidos

A classificação química dos PUFA pode ser feita por dois sentidos mas sempre com base na
posição da 1ª ligação dupla da molécula,

A que vamos usar começa a contagem a partir


do grupo metilo (CH3) terminal. Usamos os
símbolos ω ou n seguidos da localização da 1ª
ligação dupla, Ter ω-3, ω-6, ω-9 significa que as
ligações são feitas no terceiro, sexto e nono
átomo de carbono a partir do grupo metilo,
respetivamente.

Na designação incluímos ainda o nº de C + o


número de ligações dupla (ω-3, 20:5)

Estes PUFA se não estivessem presentes nas membranas levariam a uma maior rigidez da
membrana o que podia trazer consequências à dinâmica celular.

Biossíntese de ω-3 em humanos

Como não possuímos as enzimas necessárias à produção dos PUFA básicos para continar o
metabolismo, precisamos de fontes de ω-3 (ácido a-linolénico) e de ω-6 (ácido linoleico), que são
depois transformados usando dessaturases e enlongases para criar EPA e DHA.
LC-PUFAs presentes em microalgas

Dentro das
microalgas, estão
presentes os ácidos
gama linolénico, o
ácido araquidónico,
o eicosapentainoico
(EPA) e o
docosahexanoico (DHA). As suas aplicações vão desde o uso em fórmulas para bebés a
suplementos nutricionais e aquacultura (estados juvenis dos peixes). Pode ser por via das algas
mencionadas. No caso da aquacultura é muito usado o Nannochloropsis e Phaeodactylum.

Mais recentemente aparecem os organismos Crypthecodinium e Schizochytrium, ricos em DHA,


adotados pela indústria biotecnológica,

No entanto, estas são algas são algas heterotróficas de um grupo afastado das algas castanhas
com características mistas de fungos marinhos etc, Por isso são fáceis de cultivar em fermentador
e daí serem a espécie alvo. Uma empresa de sucesso é a MarTek.

A Martek desenvolveu o produto fortemente e chegou a estar


presente em mais de 90% dos leites de fórmula nos EUA,

A empresa Nutrinova na Europa ao mesmo tempo começou a


desenvolver também uma fonte de DHA com base numa alga do
género Ulkenia, também heterotrófica (heteroconte traustoquitrídeo
osmoheterotrófico) como as faladas anteriormente,

E o engraçado é que foi vendida como uma fonte vegetariana de ómega-3 muito concentrado,
Era vendido para o mercado vegan e vegetariano para substituir os óleos de peixe (óleo de fígado
de bacalhau e alabote).

Foi comprada pela Lonza que fez o mesmo tipo de marketing


que a Nutrinova. O mercado europeu valia cerca de 160
milhões e estimava-se um aumento até 8% ao ano e portanto
havia muita competição aqui.

Não apenas para alimentação humana, mas também para a


alimentação em aquacultura.
Aula 3 – Otimização de processos e organismos (Ao fim de três meses Biotech de algas a sério…)

Estamos no fim do milénio com 50 de investigação devemos estar desapontados com a


biotecnologia de microalgas, ainda na sua infância,

Problemas neste mercado há sempre e por culpa dos próprios cientistas e industriais que trabalham
nisto.

Apesar das perspetivas promissoras dos anos 80, a biotecnologia de algas ainda estava confinada
à elaboração de produtos caros com mercados reduzidos e atualmente não é diferente, salvo
algumas exceções como o mercado de biomassa e de biocombustíveis.

O que se esperava?

Fornecer água, CO2, luz e depois teríamos biocombustível, nutrição,


biomassa para aquacultura, a proteinas recombinantes, a
Hidrogénio, a nutracêuticos. Muitas destas não foram concretizadas.

Falta também alguma inovação e marketing, falta de criação de novos produtos


e de novos mercados. Como por exemplo, enriquecer mais e diferentes produtos
com microalgas (alimentação e pet foods). Ou ampliar os mercados já existentes e
claro mais valorização ambiental (limpeza das rias ou da captação de gás).

A versão moderna da valorização ambiental da


produção de microalgas e o conceito da
economia sustentável e circular.

Efluentes e CO2 e gases entram e saem podutos


de interesse comercial.
As áreas de insuficiência ou bottlenecks da biotecnologia de microalgas

Os bottlenecks são no fundo problemas que impedem que o passo inicial origine o passo final.
Definem-se 3 áreas de insuficiência:

1. Biologia - Aumento das “performances” das spp. Comerciais

É preciso melhorar as taxas de crescimento, conteúdos (peso seco) mais elevados. No fundo,
aumentar a eficiência fisiológica dos organismos.

2. Tecnologia – Otimização dos Fotobiorreatores

A maior parte dos sistemas de produção são sistemas abertos e a passagem para sistemas bifásicos
com scale up em heterotrofia e passagem para autotrofia posteriormente.

O investimento em PBRs helicoidais ou tubulares em cerca linear, otimizar os rácios fóticos e de


superfície/volume. Aumentar a eficiência económica da produção melhorando a transmissão
luminosa (Produzir mais, mais eficiente e com menos custo).

No fundo, aumentar a produtividade fotossintética e para isso temos de nos debruçar na Curva
P/I (Fotossíntese/Irradiância)

Com o aumento da irradiância, a fotossíntese vai


aumentando rapidamente (slope Pmax), mas ao fim
do tempo isto tende a nivelar por perda de
eficiência por saturação dos PSI e PSII.

Se continuássemos teríamos uma aproximação


assintoticamente mas acabaríamos por ter mais
perda ao fim de algum tempo (representa a
fotoinibição)

Curvas teóricas P/I só se verificam quando -> a secção ótica da cultura é muito fina (Sem
ensombramento – impossível in industrio xD). Todas as cels recebem luz continuamente e os inputs
necessários não são limitantes (It’s a lie!!)

No cultivo em grande escala, há muito ensombramento devido às densidades elevadas, a luz é


intermitente e não contínua e apenas cerca de 15% da cultura, à periferia, acaba iluminada.

Para se obter produtividades máximas normalmente usam-se taxas de iluminação muito elevadas
e daí escolher zonas com climas com muita insolação. Estes 15% acabam por estar fotoinibidos
por luz a mais e os restantes 85% estão fotoinibidos por falta de luz.

Como resolver? Modelação da taxa de crescimento

Interação entre cinética fotossintética e dinâmica do fluido no bioreator

Queremos que as cels consigam passar dinamicamente pela


agitação passar entre os setores iluminados e às escuras. Neste
das escuras há recuperação dos PS e crescimento e à luz há a
fotossíntese com o ciclo de Calvin para fixar o Carbono.

Algo comum é a passagem de um bottleneck para outro e


ficamos na mesma encrenca continuamente
O que verificamos é que para o aumento da produtividade não podemos apenas focar-nos no
curso luminoso ou no grau de turbulência ou na densidade populacional. É preciso trabalhar com
a Biologia.

E fazemos isto ao melhorar as capacidades fotossintéticas dos organismos. Contudo isto pode ser
um pouco contraintuitivo. Uma das maneiras de melhorar a fotossíntese das microalgas é
precisamente melhorar a eficiência global na captação dos fotões.

E isto consegue-se ao diminuir o tamanho da


antena de clorofila (LHCs) dos fotossistemas.

Antenas muito grandes (verde escuro) e luz.


Quando atinge estes cloroplastos o que
acontece é muita perda de energia por
dissipação de calor. Todos os complexos
estão carregados mas há muita dissipação.

Se mantivermos a mesma quantidade fotões


mas diminuir o tamanho do complexo
antena, ficamos com células mais claras que
absorvem menos luz, mas a luz que passa atravessa
e chega a camadas mais profundas e por outro lado
cada cloroplasto recebe menos fotões e por isso o
centro de reação trabalha otimamente bem (faz isto
com menos ou com quantidade ótima).

Isto consegue-se por biotecnologia por alteração


dos mecanismos de regulação das antenas das
algas mediante o conhecimento dessas vias claro.

Como se vê no gráfico realmente as antenas


trocadas possuem uma maior eficiência do uso
de fotões para a fotossíntese.

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