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Podemos considerar as algas, como sendo um grupo com grande diversidade de organismos,
quase ao nível de dizer que existem “algas” de todos os gostos e feitios.
Durante os anos tentou-se arranjar várias definições para caracterizar algas no geral e o resultado
disso foi quase um falhanço completo como se ilustra abaixo:
- Nem sempre, pois existem algas não aquáticas e mesmo algas não fotossintéticas. Se
formos a ver, os ácidos gordos produzidos vêm quase exclusivamente de algas não fotossintéticas.
- Nem sempre, temos algas castanhas multicelulares, com meristemas e até tecidos
vasculares.
As únicas definições que estão “tecnicamente” corretas são as que o zigoto das algas não forma
embriões, e que as suas estruturas reprodutoras não possuem células estéreis, mas realmente estas
duas características não chegam para cimentar uma boa definição de algas.
E isto percebe exatamente porque há uma diversidade gigante de organismos que podem ser
chamados de algas…
Diversidade de algas
Dentro das algas, temos uma divisão lógica pela ordem de grandeza do seu tamanho, isto é,
dividimos algas em macroalgas e microalgas.
Macroalgas
Estas espécies contém organismos eucariotas fotossintéticos multicelulares com origens diferentes,
pelo que se dividem em dois grupos muito distintos:
Dentro deste grupo, podemos fazer diretamente uma distinção pelos pigmentos característicos
das algas:
Macroalgas verdes:
Macroalgas vermelhas:
As estratégias empregues pelos organismos dos dois grupos são semelhantes. Ambos recorrem à
síntese de celulose e a proteção adicional por meios de uma parede e matriz, contudo os
mecanismos de síntese e deposição são diferentes. Isto traz ao de cima que os compostos
produzidos também sejam diferentes entre si.
Microalgas
Existem cerca de 22 300 spp conhecidas (cerca de 50% da biodiversidade estimada) dividida entre
os filos e grupos descritos acima
SAR – Chromista que compreende sobretudo o filo das Ochrophyta entre outros como
Bacilariophyta (água doce e marinhas), Cryptophyta, Haptophyta e a classe Dynophyceae
Realmente as algas são importantes para o ser humano, têm um valor ecológico e ambiental
intrínseco, entre outros papéis igualmente importantes na produção industrial por exemplo.
Ecológico e ambiental
As algas são produtores primário, pois captam energia solar para realizar a transformação do
carbono inorgânico presente em carbono orgânico para acumular energia. No fundo passar
energia solar a energia química que a alga possa usar.
Devido a esta razão, estes organismos são importantes na fixação de nutrientes (C, N, S, Si, etc) e
como elemento chave das teias tróficas aquáticas.
Para além disto, temos o papel das algas na interação oceano-atmosfera, pois as algas ajudam
no controlo do clima e pela sua interação na acidificação dos oceanos (CaCO3 e CO2), São
calcificadores autênticos que removem o pool de HCO3 prejudicial ao oceano no geral.
História do Uso das Algas
Para além do Chile, e como não podia deixar de ser, também temos o caso do consumo de algas
no Japão (Feck yeah :3)
O início do consumo de algas no arquipélago terá começado há cerca de 6000 anos pelos
Aborígenes. Numa data mais recente, em 701, as algas eram tão importantes, que o shogunato
aceitava o pagamento de impostos através de “algas valiosas” como Saccharina, Undaria,
Porphyra e Gelidium
Desde essa época, o consumo de algas tornou-se comum para a população japonesa, com a
transição da apanha de algas para o cultivo das mesmas – primórdio da “maricultura”. Este era
rudimentar, com a colocação de bamboo em rios como substrato para as algas crescerem.
Exatamente pela razão de estas algas serem uma benesse para a corte feudal e se os ricos
querem, os ricos têm.
Claro que…
Isto não acontecia apenas no Japão. Foi uma prática que enraizou na cultura Asiática no geral
até aos dias de hoje até.
Nas ilhas circundantes, as algas também são usadas na alimentação, com a variante de serem
comidas frescas em vez de secas como é o caso no Japão
Temos o caso das gomas e gelatinas alimentares, como por exemplo o agar agar no Japão em
tempos feudais, considerada uma iguaria entre a população nobre.
O que se procura com o consumo destas algas atualmente, reside no facto destas serem fontes
alternativas de nutrientes e como alimentos benéficos para a saúde (são inúmeros devido aos
compostos bioativos que as algas possuem).
Part Three – Indústria Química “Let there be soap… and GUNS booom eheheheh"
Outro tipo de uso para esta “potash” era o da produção de acetona para
fazer pólvora para as armas da WWI (Alemanha e afins). Os Aliados acabaram
a usar “giant kelp” própria nos seus territórios para produzir pólvora também
(20 mil toneladas).
Part Four – Gomas industriais (Hidrocolóides) “Let there jelly”
Para além do uso das algas descritos nas restantes partes, este
é capaz de ser uma das partes mais importantes. Os chamados
Hidrocolóides são no fundo os próprios constituintes das algas
que são úteis como gelificantes e produtos similares.
Com o fim da WWI o consumo de pólvora desceu para níveis em que a empresa não se conseguia
sustentar, e com isso, surgiu a ideia de processar outro componente dos tais giant kelps. Esse
produto era então um ficocoloide, o alginatos e com isso uma nova empresa a Kelco
O alginatos era principalmente usado para cosméticos, têxtil, farmacêutica. Muito usados para
fazer compressas até!
Agar
A indústria do Agar estabeleceu-se em San Diego, com a empresa American Agar, sendo esta a
primeira a produzir agar agar a partir de algas locais do género Gelidium e outras algas agarófitas
e o que acontece é que isto era quase um raio de monopólio. MAS WWII!
O mercado das algas ainda é algo valioso, principalmente devido aos seus derivados, com valores
totais entre os 10 a 16 mil milhões de dólares.
A produção…
História do Nori ou o modo de obter uma estátua e ser colocada no panteão xintoísta
Com esta aula vamos perceber o porquê da popularidade do Nori e do conhecimento quasi
eterno desta na cultura japonesa.
No Japão as algas são uma componente fundamental da dieta típica. No caso do nori, 34% do
mercado é puramente para o consumo doméstico, com 49% comercialmente e 17% como
prendas e omiai.
A nível de produção, este chega a atingir as 340 000 toneladas com valores monetários a chegar
aos 600 milhões.
Por exemplo, um pacote de nori custa cerca de 3 euros e contém 10 folhas, cerca de 3g. Por
exemplo wakame pelos mesmos 3 euros levas 100g.
Espécies de nori
Todas as espécies de nori (cerca de 20spp) pertencem ao género Porphyra do filo das Rodophyta,
ou seja das algas vermelhas, sendo as mais famosas as susabi-nori (P. yezoensis) abundantes na
costa aberta e a asakusa-nori (P. tenera) nos estuários e baías interiores.
O que vemos aqui é uma tentativa de manter a produção de nori rentável e a um nível elevado
mas ainda sem saber como a domesticar.
E com isto surge a Dra. Mary Drew Baker, algologista que decifrou o ciclo complicado que era o
da Porphyra. O artigo foi publicado em 1949 e baseava-se no estudo do ciclo de vida da alga
vermelha.
O que se descobriu foi que o ciclo divide-se em fases para além das fases já complexas das algas
vermelhas. Isto foi possível pelo estudo de uma outra alga, a conchocelis que escava calcário
onde se fixa. Assim sendo, o ciclo passa pela fase foliar (Porphyra) e a fase de filamentos ou
endocítica (Conchocelis).
Transferencia de tecnologia
Portanto como dito, com esta descoberta do ciclo de vida, os japoneses puderam passar de mera
apanha e maximização da área colonizada para cultivo autêntico.
Estes tipo de cultivo nos anos 60 era feito com o auxílio de varas, que consistia em espetar paus de
bamboo e entre estes eram estendidas redes onde seriam colocados os propágulos de Porphyra.
Como as algas habitam a zona mais próxima interface solo-água acabam por ficar muito tempo
expostas ao ar; e assim sendo tenta-se mimetizar isso com estas redes. A vantagem do sistema é
conseguimos colonizar outros ambientes de modo a não estarmos em modo de défice
fotossintético.
Com esta nova descoberta houve um shift completo no modo de produção de nori, com um
aumento considerável da maricultura.
Cultivo de Nori step by step
Tipos de cultura:
Fixa
Flutuante
Trata-se do cultivo
por barras não fixas, mas
sim flutuantes, em que as
redes são subidas ou
descidas consoante o
melhor
Com este avanço tecnológico e cultural, claro que surge o avanço taxonómico
Do lado do processamento da alga surge a “one man machine”. O processo tradicional seria
apanhar as algas lavar em água doce e fragmentar em pedaços que são depois batidos para
formar uma folha e secos em esteiras de bamboo ao sol. A máquina faz isto tudo recorrendo
apenas a uma pessoa a controlar tudo.
Surge o armazenamento a frio, onde caixas de madeiras com redes de conchosporos fixados são
refrigerados. Não causa problemas pela resistência inata da alga.
Saltei a parte das macroalgas, acho que não é assim tão importante…
Ficocolóides
São polímeros hidrofílicos de peso molecular elevado. Esta afinidade com a água é concedida
pela grande presença de numerosos grupos hidroxilo e por serem polieletrónicos (grupos OH
facilmente substituídos por iões)
Estes têm várias origens, podendo ter origens microbianas, vegetal, animal ou mesmo sintética:
Microrganismos – Xantano
Também para o flavor release (pois ao estabilizar as moléculas, retira a volatilidade do composto)
e como fibra com baixas calorias (os de origem
vegetais).
Alguns Hidrocolóides…
Temos a Gelatina como falámos, a goma de Guar (usada para tikka massala e na indústria de
extração de gás natural), a Pectina ou mesmo o Amido, Xantano e Gelano (géis dependentes da
temperatura). A maioria dos Hidrocolóides são de origem vegetal
Ficocolóides
Só existem três:
O que vemos na figura é a estrutura típica de uma alga, com uma zona medular interior (cels
separadas pela parede e matriz extracelular) e uma zona mais exterior, pigmentada e semelhante
a uma cutícula (mucilagem e outros componentes). As paredes celulares são realmente muito
espessas e por isso quase toda a fotossíntese é feita na zona superficial da alga, com os plastos
das cels interiores a desempenharem outros tipos de funções.
Tal como dito acima, as cels medulares estão separadas pela parede celular e pela matriz
extracelular. Visto esta ser essencialmente polissacárida, percebe-se que os Ficocolóides estejam
maioritariamente presentes nesta zona.
As algas produtoras de agar chamam-se algas agarófitas e neste tipo de classificação apenas se
incluem as algas do género Gelidium, Gracilaria e Pterocladia, sendo que apenas as Gelidium são
usados para o fabrico de agar bacteriológico. São apanhadas ou cultivadas maioritariamente no
continente Europeu, no Japão e nos EUA.
Alginatos
Os alginatos consistem em polímeros lineares não ramificados entre 10 a 600 KDa com duas
componentes alternadas:
Ambas as componentes são epímeros uma da outra, diferindo apenas na posição do C5 e por isso
há enzimas que fazem a conversão do M para G após a polimerização.
Estes carragenanos são da família dos galactanos sulfatados lineares, consistindo em unidade
alternantes de:
Os carragenanos na forma polimerizada são constituídos por dissacáridos repetitivos com estas
unidades como componentes
Há ainda uma relação que determina que quanto menor o nº de sulfatos no carragenanos maior
a dureza do gel que ele irá criar.
A definição do que é o ágar, tem tido algumas perturbações ao longo do tempo. Nos anos 60
dizia-se que o agar era uma mistura de Agarose (neutra) e de agaropectinas (com carga elétrica).
Nos anos 90 dizia-se que eram Agarcoloides ou seja, uma mistura de ágares (gelificantes) e
agaróides (não gelificantes)
Apesar destas perturbações temporais na definição, o importante é que o ágar tem uma
componente gelificante a Agarose e uma outra componente viscosa, a agaropectinas (capaz de
criar soluções coloidais viscosas).
Agarose -> Polímero linear de peso molecular de 120 000 KDa composta por dissacáridos (1→3)-β-
D-galactopiranose e 3,6-anidro-a-L-galactopiranose
Diferem dos carragenanos pela configuração da galactose em L em vez de D e pela quase total
ausência de grupos sulfato
Para além disto tudo, o grande aumento da concentração, pode levar à origem de géis mistos
(g) ou em fases separadas (h), com entropia mais favorável.
O que vemos acima é que o efeito funcional que os Hidrocolóides e os Ficocolóides têm na água
advém da sua própria conformação dependente da sua concentração na solução. Isto mostra
que a estrutura do Hidrocolóide define a sua propriedade funcional em soluções aquosas e por
sua vez, o seu valor comercial.
Infelizmente…
Existem muitas lacunas no conhecimento da estrutura exata e efetiva dos ficocolóides. Isto devido
a um desconhecimento das vias biossintéticas celulares e da estrutura química detalhada (trust
me complexa para crl os bioquímicos dão em doidos).
O conhecimento destas é imperativo para determinar a estrutura exata do ficocoloide que
determina a sua propriedade funcional e o seu futuro valor comercial.
Como agora sabemos que a estrutura dos ficocolóides é variável e essa variação é que dá auge
às estruturas que têm propriedades funcionais, para além de termos de saber a conformação base
do ficocoloide, temos também de saber qual é exatamente a conformação que determina a
função.
Engenharia de Biopolimeros
Dito isto, se atualmente questionássemos as pessoas que trabalham nestas áreas sobre o que é
necessário investigar, provavelmente diriam que é necessário fazer mais estudos ao nível da
dinâmica de paredes celulares, pois as paredes são a matéria-prima para inúmeros produtos que
a civilização usa (Alimentação, Roupa – as fibras, a construção – madeira).
Ou então descrição completa das vias de biossíntese de Hidrocolóides nas algas. Isto não está
tão bem estudado ao nível das algas pela falta de genomas completos de algas com que fazer
comparações (temos um genoma de uma alga para Nori mas é algo recente).
O problema está no foco dos esforços de sequenciação. Todas as algas sequenciadas até hoje,
com algumas exceções, têm tido o seu genoma sequenciado por questões de filogenética e não
de determinação de vias biossintéticas Por exemplo, não há agarófitas sequenciadas, e o
mercado do ágar é de extrema importância e dimensão.
Podemos ter ainda mais investigação a nível tecnológico, para modificar os polissacáridos em
algo melhor, ou cultivar mais espécies (aumentar a diversidade de fontes). E ainda precisamos de
melhor caracterização de técnicas de distribuição de polissacáridos e o seu funcionamento.
As aplicações dos ficocolóides
O caso dos cupcakes. Se formos a supermercados vemos nas prateleiras estes cupcakes.
No caso do fabrico de um novo Hidrocolóide, o produtor tem de mostrar que o processo de fabrico
é diferente dos existentes e que o produto tem as mesmas características que o atual existente
com a adição do “novo” Hidrocolóide.
O caso do gelado. Neste caso este gelado tem 9 hidrocolóides dos quais 2
são ficocolóides. São 9 por uma questão de necessidade para o produto.
Há vários caminhos para chegar à mesma qualidade, este é meramente
um deles.
Mais uma vez temos goma de celulose, temos goma de guar, gel de
celulose, goma de alfarroba, carragenanos, ágar, pectinas, goma de Xantano e o hidroxipropil
metilcelulose.
Maus rótulos significam maus produtos e uma baixa de compra. É preciso ter em conta
conformações, as misturas e assim, mas o marketing e a informação entregue ao consumidor é
que ultimamente decide se o produto rende ou não rende.
Mercados Mercados Mercados… E lá se foram as ações da AlgaTech
O food grade vale X e o bacteriológico vale 100 ou 1000 de X. É um valor acrescentado brutal.
Gracilaria e Gelidium no fundo, os géneros são mínimos como já tínhamos visto. O único ágar de
grau bacteriológico tem que vir de Gelidium, o que complica o processo visto que este apenas
pode ser apanhado. Ainda não se sabe domesticar eficientemente esta alga à escala industrial.
Pode-se fazer ágar com pureza suficiente a partir de uma única espécie de Gracilaria, a Gracilaria
dura, que é cultivada mas tem a desvantagem de ter muito sulfato e originar géis com pouca
força, o que não interessa de todo. Dá para fazer uma purificação mas perde-se muito ágar no
processo,
Ou então outro tipo de fins mais aceites e fixos como por exemplo o caso
das vacinas em filme. Os produtos são introduzidos no filme de hidrocoloides,
visto que estes retém as moléculas durante mais tempo e conseguem aderir
a outras superfícies
Claramente os carragenanos
continuam a ser os que existem
em maior quantidade,
seguindo os alginatos e os
ágares.
Águas Naturais
Lagoas Artificiais
Este tipo de sistema aberto no fundo baseia-se no uso de tanques em forma de pista de
corrida/atletismo (daí o nome raceway). Normalmente, a altura da coluna de água é baixa e
possui um sistema de agitação incorporado para não
ocorrer a sedimentação e para que haja
movimentação da cultura. Isto para que exista
disponível para toda a coluna de água.
Tanques
E como não podia deixar de ser, claro que um simples tanque pode ser usado para
a produção de microalgas. A diferença aqui é que em vez de sistemas de agitação
baseados em pás, temos agitação por convecção através de bolhas de ar
- Meio de cultura seletivo (spp. Extremófilas) caso da Spirulina e da Dunaliella com pH e salinidade
respetivamente. Também as taxas de crescimento elevadas, caso da Chlorella. Claro que na
escolha dos locais tem que se ter em conta que o terreno e a fonte de água têm que ser baratas
e as condições ambientais quase no ótimo o ano inteiro
Desvantagens dos Sistemas Abertos
E a ter muito em conta… A produção comercial em larga escala de algas em sistemas abertos
continua extremamente limitada a apenas algumas espécies.
A questão da limitação das trocas, é uma vantagem e um problema em si. É necessário algum
meio de fazer a remoção do O2 que se acumula pela ação da fotossíntese, porque este limita o
processo fotossintético, visto que a RuBisCO começa a ter atividade oxigénica na presença deste
o que causa fotorrespiração e diminuição da eficiência fotossintética.
Tipologias de PBRs
Desenho:
Operação:
Materiais:
Condições de esterilidade:
Não me estou a focar muito nesta tabela porque a que vem no fim da aula é mais explícita
Mangas plásticas
Caso OMEGA
A nível de perda de água e de perda de CO2, estas são altíssimas no Raceway e mínimas nos PBR,
exatamente pela capacidade deste de limitar a interação dos gases com a atmosfera.
No entanto, o PBR não ganha tudo. A nível de qualidade nota-se claramente que o Raceway
ganha por permitir um maior espaçamento entre as microalgas do que o PBR. Mas claro, perde
ao nível da variedade de algas que pode cultivar, sendo que no PBR são quase todas e no
Raceway a limitação é altíssima. Na mesma ordem de ideias trocar de variedade é
complicadíssimo em Raceway face a PBR.
O uso primitivo de microalgas por exemplo, apesar de pensarmos que possa ser recente, de facto
não o é. Eram do mesmo modo usadas para alimentação e eram apanhadas nos
lagos alcalinos da América Central e Africa. Principalmente Arthrospira, há mais de
700 anos
Em África, o consumo mantém-se até hoje, com a recolha de biomassa de Arthrospira a ser
realizada pelos Kanembu no lago Chade e outros, que infelizmente tem vindo a ter um caudal
cada vez mais reduzido.
Na apanha apenas participam mulheres e a secagem é feita em dihé. Este não passa de uma
cova com areia limpa batida onde se colocam as algas e estas secam. O que fica é cortado e
vendido como caldo por exemplo. As mulheres fazem a venda e guardam o dinheiro. O mercado
está avaliado em 100 000 dólares,
O caso das diatomáceas é um engraçado. A biomassa fossilizada destas, origina o diatomito. Este
é usado no fabrico de dinamite e foi descoberto como componente por Alfred Nobel (that one
yes).
Chlorella
Redescoberta na década de 60. O início da produção comercial em larga escala no final dos
anos 70 (devido a pressões francesas).
Claramente aconteceu com o desenvolvimento pioneiro no lago Texcoco pela Sosa Texcoco Co.
Ao mesmo tempo, a Dainippon Ink & Chemicals Inc começaram a desenvolver unidade de
produção para Spirulina na Tailândia e depois na Califórnia (Earthrise).
A DIC é uma empresa que ainda existe e explora estas algas nos dois locais e ainda na China.
Atualmente produzem-se cerca de 3000 ton de peso seco de alga e o mercado continua a ser o
das rações e da “health food”.
Dunaliella -> Carotenóides e β-caroteno -> Suplementos alimentares e rações e “health food”
E depois temos a 5 espécies muito cultivadas nas nurseries para alimentar os peixes e crustáceos,
Odontella, Isochrysis, Phaedactylum e Lyngbya usadas pelos ácidos gordos e outros lípidos. Usados
também para nutrição, combustível entre outros.
A maior parte da aplicação das microalgas está na biomassa, Colorantes, antioxidantes, entre
outros. Os próprios mercados estão em crescimento à exceção da ficocianina e ficoeritrina,
Dentros dos antioxidantes temos os ARA e DHA que têm rápido crescimento.
O forescast do mercado dos produtos de algas está para uma estimativa para 5,17 mil milhões de
dólares para 2023 com um crescimento anual acima dos 5%.
O que influencia isto é o aumento do conhecimento dos produtos destes mercados e o aumento
dos mercados vegans e vegetarianos, O problema está na sua maioria no clima pq a maioria das
algas são produzidas em sistema aberto.
Em 1983 John Litchfield publica um artigo que diz que este conceito de SCP passa por células
desidratadas de microrganismos (algas, bactérias, leveduras, etc) cultivados de forma
extremamente barata (uso de efluentes industriais) em fermentadores à exceção das algas com
a ideia de fornecer proteinas ao food and feed
No ano 2000 o conceito foi revisto e falam agora de fabrico de biomassa celular de
microrganismos com base em restos industriais e agrícolas abundantemente disponíveis, usando
processos de fermentação.
Estas algas quando comparadas com outras fontes mais tradicionais de produção heterotrófica
tinham vantagens,
A nível do peso seco têm proteínas, lípidos e outros componentes em maiores quantidades que as
restantes. Algo bom é que têm baixo número de ácidos nucleicos (ou seja menos ácido úrico) e
têm fibra, claro.
Para além disso e tentando explicar que nem tudo é bom, é preciso entender que a taxa de
crescimento é baixa face aos outros organismos e o risco de contaminação é maior. O lado
positivo é não ser necessário passar por tratamentos de destoxificação
Além do conceito das SCP temos o conceito das SCO, com a produção de lípidos por cels
microrganismos, mais especificamente os ácidos gordos,
De entre estes os preponderantes são os PUFA de cadeia longa (LC) e isto em alternativa ao uso
de plantas.
Surgiu nos anos 80 e inicialmente eram extraídos de plantas pq os animais não os sintetizam e
obtêm através da alimentação. Caso do GLA (18:3 ómega 6)
Depois passaram a fungos no caso do óleo de Javanus e nessa altura já em fermentadores (220m3)
com produções de quase 8 ton ao ano
Mais tarde em 1990 descobriu-se o Boraga oficionalis e começou-se a fazer a extração a partir
deste.
Na década 80-90, houve um aumento do interesse nestes compostos nutritivos que estão presentes
no leite materno (LC)PUFA e que são importantes para o normal desenvolvimento do feto
(exemplo ao nível neurológico e da retina).
Infelizmente o leite materno não está sempre disponível e por vezes nos leites de substituição que
são leites de vaca os compostos não estavam presentes (DHA – ácido docosahexaenóico e o ARA
– ácido araquidónico)
A classificação química dos PUFA pode ser feita por dois sentidos mas sempre com base na
posição da 1ª ligação dupla da molécula,
Estes PUFA se não estivessem presentes nas membranas levariam a uma maior rigidez da
membrana o que podia trazer consequências à dinâmica celular.
Como não possuímos as enzimas necessárias à produção dos PUFA básicos para continar o
metabolismo, precisamos de fontes de ω-3 (ácido a-linolénico) e de ω-6 (ácido linoleico), que são
depois transformados usando dessaturases e enlongases para criar EPA e DHA.
LC-PUFAs presentes em microalgas
Dentro das
microalgas, estão
presentes os ácidos
gama linolénico, o
ácido araquidónico,
o eicosapentainoico
(EPA) e o
docosahexanoico (DHA). As suas aplicações vão desde o uso em fórmulas para bebés a
suplementos nutricionais e aquacultura (estados juvenis dos peixes). Pode ser por via das algas
mencionadas. No caso da aquacultura é muito usado o Nannochloropsis e Phaeodactylum.
No entanto, estas são algas são algas heterotróficas de um grupo afastado das algas castanhas
com características mistas de fungos marinhos etc, Por isso são fáceis de cultivar em fermentador
e daí serem a espécie alvo. Uma empresa de sucesso é a MarTek.
E o engraçado é que foi vendida como uma fonte vegetariana de ómega-3 muito concentrado,
Era vendido para o mercado vegan e vegetariano para substituir os óleos de peixe (óleo de fígado
de bacalhau e alabote).
Problemas neste mercado há sempre e por culpa dos próprios cientistas e industriais que trabalham
nisto.
Apesar das perspetivas promissoras dos anos 80, a biotecnologia de algas ainda estava confinada
à elaboração de produtos caros com mercados reduzidos e atualmente não é diferente, salvo
algumas exceções como o mercado de biomassa e de biocombustíveis.
O que se esperava?
Os bottlenecks são no fundo problemas que impedem que o passo inicial origine o passo final.
Definem-se 3 áreas de insuficiência:
É preciso melhorar as taxas de crescimento, conteúdos (peso seco) mais elevados. No fundo,
aumentar a eficiência fisiológica dos organismos.
A maior parte dos sistemas de produção são sistemas abertos e a passagem para sistemas bifásicos
com scale up em heterotrofia e passagem para autotrofia posteriormente.
No fundo, aumentar a produtividade fotossintética e para isso temos de nos debruçar na Curva
P/I (Fotossíntese/Irradiância)
Curvas teóricas P/I só se verificam quando -> a secção ótica da cultura é muito fina (Sem
ensombramento – impossível in industrio xD). Todas as cels recebem luz continuamente e os inputs
necessários não são limitantes (It’s a lie!!)
Para se obter produtividades máximas normalmente usam-se taxas de iluminação muito elevadas
e daí escolher zonas com climas com muita insolação. Estes 15% acabam por estar fotoinibidos
por luz a mais e os restantes 85% estão fotoinibidos por falta de luz.
E fazemos isto ao melhorar as capacidades fotossintéticas dos organismos. Contudo isto pode ser
um pouco contraintuitivo. Uma das maneiras de melhorar a fotossíntese das microalgas é
precisamente melhorar a eficiência global na captação dos fotões.