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Os produtos de origem vegetal são vários e têm diversas finalidades. Podem ser produtos com
destino alimentar (óleos alimentares, alimentos sólidos, bebidas, rações de animais) ou com
destinos técnicos (madeira, cortiça, papel e outras fibras, corantes, fragrâncias, agroquímicos ou
fármacos).
Biotecnologia Vegetal
Na biotecnologia, queremos aproveitar esse potencial para nosso benefício. Por exemplo existem
espécies selvagens de plantas que produzem compostos ainda não conhecidos. E esses
compostos se forem estudados, podem trazer ao de cima propriedades anticancerígenas ou
outras propriedades de interesse ao homem. Queremos então aproveitar os recursos vegetais
recorrendo à tecnologia.
Como?
Genomas
A era dos genomas veio revolucionar a área da biotecnologia. Muitos organismos já foram
sequenciadas mas a maioria ainda não se sabe a função. Só nas angiospérmicas temos mais de
80 genomas sequenciados. No entanto, estes variam bastante no seu tamanho, e isto pela
identificação de elementos extra como transposões, duplicação génica etc.
O desafio é encontrar genes que determinam as características que permitem melhorar as culturas
Caracterização funcional de genes
Com a sequenciação dos genomas aparecem outras tecnologias que vêm criar
info determinante para modelar vias regulatórias e assim surge a Biologia de
Sistemas.
Temos a transcritómica, com sequencia de RNA para termos acesso aos transcritos do genoma.
Em certos estudos, estas ómicas são usadas e ainda se vai mais longe,
usando a fenómica (monitorizar o fenótipo). E isto traz ao de cima o
epigenoma, pouco conhecido mas de extrema importância, pois
muitas vezes as características das plantas vêm de mecanismos como a metilação e não do gene
sozinho. (Ainda temos hormonoma e Ionoma).
Fisiolómica – Nem sempre o genótipo que observamos corresponde com o genótipo esperado,
tendo que ser novamente estudado para determinar o genótipo correto
Agrobiotecnologia – Cada vez mais nesta área se usa o conhecimento de outras áreas como a
nanotecnologia com o desenvolvimento de nanofertilizantes e nanofungicidas, tornando o
processo mais controlado tendo impacto na saúde humana e ambiente. Agricultura digital, com
recurso a sensores para determinar condições da planta.
New breeding techniques – Edição génica, com recurso a CRISPR-Cas9 e com a sua contribuição
avançar celeremente o melhoramento vegetal.
Biologia Sintética – Gerar novas sequências de DNA e/ou organismos ou redesenhar os sistemas
biológicos naturais. Um bom exemplo é a transferência de vias biossintéticas inteiras de uma planta
para outra, expandindo a diversidade de compostos.
A agricultura tecnológica é capaz de ser a resposta que precisamos para lidar com a procura de
alimento que o futuro trará com o aumento da população e das alterações climáticas. Com elas
podemos ter mais comida (melhor rendimento e características de qualidade), melhor comida
(menor uso de pesticidas e frutos mais nutritivos), melhor saúde (produção mais barata e fácil de
biofarmacêuticos, e proteção ambiental e sustentabilidade.
Pequeno exemplo:
Obviamente hoje em dia temos várias espécies geneticamente modificadas que nem são
transgénicas e que podem ser colocadas no mercado mais facilmente e ser mais aceites
socialmente.
Melhoramento Vegetal
2 – Induzir Variabilidade
O conjunto da EGP com o melhoramento vegetal tem também o nome de engenharia genética
de cultivares. Os objetivos desta estratégia são encontrar e incorporar:
de nematodes.
solo pobre
Características de Qualidade
- Rendimento - Melhorar a assimilação de N, biossíntese de amido e
assimilação de O2
- Nutrientes (Nutracêuticos)
O melhoramento de plantas tem como objetivo manipular a heritabilidade nas plantas, para nosso
benefício. Esta ciência baseia-se na habilidade de identificar nas plantas características de
importância económica e reforçar as características com o recurso ao conhecimento científico
disponível. A variabilidade que procuramos é devido à parte genética e não à parte ambiental
Plant Breeding
Melhoramento e Heritabilidade
Para melhor perceber o que podemos fazer com biotecnologia vegetal é importante introduzir
definições para dois conceitos muito importantes:
Isto diz diretamente, que os genótipos não interagem todos da mesma forma com o ambiente. O
desafio que existe atualmente é identificar/selecionar plantas que têm genótipos com fenótipos
de interesse, em vez de fenótipos resultantes dos efeitos ambientais. A regra é características com
maior heritabilidade podem ser modificados mais facilmente por seleção e breeding do que
características com baixa heritabilidade.
Domesticação
A domesticação de plantas e animais tem vindo a ser realizada desde há 10 000 anos atrás. Nessa
altura e durante todo o processo de domesticação, os seres humanos apenas selecionavam o
que era para eles necessário para sobreviver.
Este processo no fundo, é o processo pelo qual plantas selvagens são evoluídas/selecionadas
artificialmente para as chamadas cultivares ou crops.
Existem atualmente cerca de 230 culturas domesticadas provenientes de uma grande diversidade
de situações ecológicas e de necessidades humanas.
A domesticação implica a transição de uma espécie do estado selvagem para uma cultivar,
envolvendo alterações ao nível do genótipo e fenotípicas. Durante o processo, apenas as
características que interessavam ao homem foram selecionadas pelo que capacidades de
resiliência foram sendo perdidas, Por esta razão a maioria das culturas não sobrevive in wildo.
Síndrome da Domesticação
- Um aumento do esforço reprodutivo e com isso um aumento dos frutos e sementes (em boas
condições, sementes maiores geram plantas maiores e rendimentos maiores)
- Menor número de sementes e frutos por planta (porque o esforço foi direcionado).
- Germinação mais rápida e uniforme (pq a dormência foi perdida) e com isso um período de
maturação mais uniforme.
- O mais grave, foi a perda de estruturas defensivas e perda de resistências pois o Homem não
selecionou essas características (o alvo da edição génica atual)
Isto demonstra que muitas das características selecionadas são benéficas para nós, mas muito
prejudiciais para uma planta que queira vincar no ambiente selvagem. Criou-se um mutualismo
com o ser humano e as culturas que domesticou.
No entanto, o paradigma mudou. Hoje em dia tenta-se
encontrar o meio-termo, com muitos dos interesses agronómicos
a passar pelo aumento da resistência a estímulos ambientais
(bióticos ou abióticos). O tal meio-termo é conseguido pelo
melhoramento para aumentar a diversidade.
Tomate
Por esta razão temos várias espécies que são cultivadas em apenas
algumas zonas do globo, com características que nos podem interessar
em colocar na cultivar principal de tomate (S. lycopersicum). E visto que
apenas 10% do genoma de tomate cultivado corresponde a cruzamentos
interespecíficos, ainda existem muitas alternativas a explorar.
A sequenciação de várias espécies de tomate cultivadas em zonas isoladas demonstrou que uma
porção do genoma (4000 genes) estava ausente do genoma de referência (tomate da Heinz).
Isto mostra que houve uma perda dramática de genes envolvidos na resistência a doenças
durante a domesticação, o que demonstra que as plantas de tomate selvagem contém
variabilidade genética que foi perdida durante o processo de domesticação
Pangenoma – O pangenoma define o conjunto de genomas de uma espécie e das suas acessões
cultivadas
Superpangenoma – No caso deste, não só temos os dados de uma espécie, mas sim o conjunto
de pangenomas de espécies e suas acessões cultivadas dentro de um dado género.
Um superpangenoma contém duas
componentes:
Exemplo Brassica
Centros de domesticação
Heritabilidade
A heritabilidade é um conceito estatístico, que descreve quanto da variação existente num dado
trato pode ser atribuída a variação genética. Uma estimação da
heritabilidade de um trato é específica para uma população num dado
ambiente e pode mudar com o tempo.
Quando falamos de heritabilidade queremos que seja
bastante elevada e o objetivo é que seja o mais
próximo de 1 possível (max level). Infelizmente a
maioria das espécies cultivadas tem um nível baixo de
heritabilidade ou seja as características provém da
interação com o ambiente e não da variedade
genética.
Qualidade Pode ser melhorada face a características organolépticas, químicas (teor em ferro),
mecânicas (qualidade das fibras) e biológicas (valor alimentar ou conteúdo em vitaminas).
Aula 4
Enxertia
Melhoramento por mutação – Com o uso de químicos ou raios X para induzir mutações random
Salvamento de embriões – originar híbridos de cruzamentos que iria resultar em aborto de embriões
Mutagénese
Di-haploidização
O embrião tem todas as células iguais e temos divisões coordenadas. Como o genoma é todo
igual, este método é muito usado para obtermos linhas duplas haploides. Estas são muito úteis no
breeding de plantas (fazer backcrosses) e no mapeamento de QTLs. Outros exemplos são os de
uva de mesa (“seedless”)
Variação somaclonal
Melhoramento clássico
Hibridação clássica – Fazer cruzamentos entre plantas para tentar obter uma
característica de interesse. Usando o processo de emasculação (passagem
do pólen para um ovário em desenvolvimento na fase de sépalas abertas e
pétalas fechadas), para obter um híbrido.
Qualquer uma das opções ou conjunto de opções pode funcionar, dependerá da planta. Se for
bem-sucedido teremos um melhoramento com sucesso.
A epigenética refere as mudanças heriditáveis que ocorrem na expressão génica que não são
mediadas pela modificação da sequência de DNA. Começa-se a debruçar mais sobre este
campo pois descobriu-se que os genes que controlam os tratos agronómicos mão conseguem
explicar toda a diversidade fenotípica observada nas plantas e na proporção significativa de
heritabilidade,
As marcas de cromatina e mecanismos de regulação epigenéticos são essenciais para o controlo
do desenvolvimento das plantas e na formação da plasticidade fenotípica (resposta a stress
ambiental).
Estas marcas de cromatina são a metilação e as PTM que ocorrem ao nível das histonas que
determinam a conformação da cromatina e por sua vez a sua atividade. O DNA genómico de
plantas pode ser metilado nas citosinas por
DNA metiltransferases. No que trata a PTMs,
estas podem incluir acetilação, fosforilação,
metilação e ubiquitinação.
Neste esquema vemos as duas vias de melhoramento por epigenética. Ou exploramos a natural
(métodos da esquerda), ou tentamos aumentar a diversidade genética (direita)
Uma boa maneira de analisar o epigenoma, é estudar o genoma à medida que colocamos
plantas em condições de stress. Por exemplo o tomate
colorless:
O paradigma anterior era recolher genes de interesse das variedades selvagens e introduzir na
nossa variedade domesticada. Hoje
em dia olhamos para o processo
completamente no reverso.
Um marcador molecular é uma localização física num cromossoma (por exemplo, um local de
corte para enzimas de restrição, um microssatélite, um polimorfismo) ou uma isoenzima, que
demonstre polimorfismos entre indivíduos, populações ou taxa cuja hereditariedade pode ser
monitorizada.
São herdados de maneira Mendeliana e podem ser usados para identificar indivíduos ou espécies.
Serem herdados de maneira mendeliana significa que seguem as regras de Mendel no sentido em
que os genes podem ter duas versões (dominante ou recessiva).
Toda a ideia de usar marcadores moleculares assenta na existência de polimorfismos que ocorrem
naturalmente. Os bp (base pairs) são mais frequentes em grandes rearranjos. A nível do DNA as
diferenças variam de espécie em espécie (humanos 1 a 2 por cada 1000; milho 40 por cada 1000).
Nível de polimorfismo
No fundo, um maior poder de resolução é necessário quando as amostras são muito próximas uma
da outra. Por exemplo escolher zonas de mutação em loci de micro e minissatélites são estimadas
a ocorrer em maior frequência por meiose.
As plantas ao contrário dos humanos por exemplo, passam por obstáculos únicos na integridade
genética a longo termo. Elas não possuem linhas germinativas reservadas, pois os gâmetas
aparecem a partir de células meristemáticas que já sofreram um grande número de divisões
Outro exemplo é o das uvas da variedade Tinta Riscadinha, que por mutações e
introgressões acabou por adotar uma pigmentação e padrão riscado na sua uva.
Para podermos considerar marcadores moleculares como sendo robustos, é preciso que estes
preencham determinadas características:
Preferência pela Codominância – Pois ambos os alelos serem expressos em heterozigóticos e ajudar
a perceber a diferença entre homozigóticos e heterozigóticos.
Os microssatélites são repetições no DNA, que ocorrem geralmente en zonas não codificantes do
genoma. Em organismos eucariotas, podemos encontrar entre 1000 a 10 000 loci de SSRs no
genoma.
Para além disso, os seus níveis de mutação são muito altos com valores até 1x10-7/locus/geração.
Estas repetições como dito anteriormente, variam de indivíduo para indivíduo. Uma boa maneira
de verificar a sua existência é recorrendo a uma eletroforese em gel (muito usado em casos de
violação, visto que existem SSRs no cromossoma Y dos homens):
Exemplo
Os SSR são muito usados, por serem herdados de forma codominante, serem abundantes no
genoma, terem alta taxa de mutação, alta taxa de reprodutibilidade e por serem facilmente
verificados quanto à variação na dimensão usando pares de primers para PCR.
Como podemos desenvolver primers para SSR?
Há várias estratégias que podem ser empregues. Uma delas recorre a bibliotecas de cDNA. Estas
foram a base para o início da transcritómica, e é por causa delas que temos acessos a bases de
dados com múltiplas sequências.
Nestas bibliotecas, cada transcrito estava caracterizado por um cDNA clonado em vários vetores.
Amplificando ficávamos com um microarray de cDNA. Como podemos ter SSR codificantes,
surgem os gSSR ou EST (amostras de mRNA purificado) – SSR.
Qunado temos as sequências nas bases de dados, basta fazer a identificação e desenhar primers
para detetar o polimorfismo.
Quando não temos, podemos recorrer a next-generation sequencing para gerar short reads de
sequências genómicas e fazemos de novo a deteção do polimorfismo.
Hoje em dia…
Identificando SSRs…
Como já vimos, existem variantes alélicas em loci de SSR. Estas podem ser verificadas recorrendo
a:
- Por sequenciação, pela síntese de primers com marcadores fluorescentes para SSRs e
genotipagem por eletroforese capllar em sequenciador convencional
Os SSRs continuam a ser uma opção preferencial como marcadores moleculares. No caso da
análise genómica da videira, têm sido úteis para identificar novas fontes de genes para
melhoramento ou domesticação de novo (exemplo da Vitis vinífera silvestris).
Geralmente os SSRs são considerados seletivamente neutrais e por isso presume-se que tenham
um efeito neutral. O comentário é perigoso exatamente porque ainda não sabemos o suficiente
sobre o funcionamento dos SSRs no genoma!!!!!!!
Single nucleotide polymorphisms (SNPs)
SNPs e Haplótipos
Como o nome indica, os SNPs são polimorfismos que apenas variam num único nucleótido.
Costumam estar intimamente relacionados com haplotipos.
Face aos SSR, os SNP são vantajosos na medida que são altamente
reprodutíveis (diferenciamos alelos pela sequenciação e não por
tamanho).
São ainda bialélicos, pelo que podemos ter dois tipos de nucleótidos no mesmo alelo.
A realidade é que podemos usar tanto SNPs como SSR e o uso conjunto pode complementar o
conhecimento da diversidade.
A maioria dos marcadores moleculares são usados para identificação de germoplasma (então
em videira é mais que usado xD). Mas para além disso podem servir outros propósitos:
Os QTLs são um método estatístico que liga dois tipos de informação. A informação fenotípica
(quantificar características como resistência e tamanho da semente) e a informação genotípica
(quantificada usando marcadores moleculares). São identificados por análise bioinformática
integrando os dados genotípicos e fenotípicos.
Isto deve-se sobretudo à expressão variável de vários genes para a expressão de uma única
característica
Características qualitativas devido ao seu padrão restrito são pouco influenciadas pelo ambiente
e por isso possuem alta heritabilidade. Contudo características quantitativas podem ser muito
influenciadas pelo ambiente e por isso têm baixa heritabilidade (os breeders estão interessados
em melhorar estas)
Assim sendo, os QTL são zonas do cromossoma baseadas nas posições dos marcadores
moleculares em mapas de linkage,
Exemplo
Aula 6 – Uma História da Biotecnologia Vegetal Moderna – Cultura in vitro até à EGP
Cultura in vitro de plantas
Na cultura in vitro, existem duas características inerentes às plantas que estão na base da
possibilidade de empregar este método. São eles a Totipotência e a Diferenciação.
Totipotência – Uma célula pode originar qualquer outra célula por diferenciação. Isto significa que
células de qualquer tecido da planta, desde que tenham um
fornecimento de meio de cultura apropriado e nas
condições de esterilidade necessárias, podem originar a um
novo organismo.
Estes dois conceitos, são a base e os pilares da possibilidade de fazer propagação clonal de
plantas e usá-las na produção de metabolitos ou de podermos fazer edição génica estável.
Morgan (1901) completa um ponto importante ao dizer que células totipotentes são capazes de
regenerar um organismo inteiro,
Quando os tecidos vegetais era sujeitos a feridas, formavam-se estruturas (calli) que
permitiam a reparação das zonas afetadas. Atualmente sabemos que a divisão celular
é ativada pelas auxinas e citocininas
1892 – Klercker -> Obtenção dos primeiros protoplastos por isolamento mecânico
(plasmólise + corte da parede celular)
1902 – Haberlandt -> Tentou verificar a teórica celular usando células isoladas e meios com
nutrientes (Knops + sacarose)
Infelizmente não foi muito bem-sucedido pois não conseguiu perceber que a
desdiferenciação celular para uma fase meristemáticas implica a presença de reguladores de
crescimento.
1928 – Frits Went – Descoberta de regulador de crescimento (não sabiam que eram auxinas)
1931 – White; Gautheret -> White faz a manutenção por tempo indefinido
de raízes de tomateiro in vitro em cultura líquida (sais, sacarose e extrato
de levedura);
1943 – Braun e White -> Demonstram que a infeção de plantas por Agrobacterium tumefaciens
induz uma transformação “cancerosa”, originando a doença da galha (Crown Gall)
1946 – Ball e a cultura de gomos caulinares
1948 – Skoog -> Observação que a adição de adenina aumenta a proliferação celular e
diferenciação de meristemas adventícios.
A forma indireta consiste na passagem pelo passo de indução de calli tanto na organogénese
como na embriogénese somática,
Os embriões somáticos podem ser diferenciados das gemas adventícias por serem bipolares com
primórdios radiculares e foliares sem conexão vascular ao tecido parental.
1950 – Morel -> 1ª Obtenção de culturas de tecidos de monocots, com uso de leite de coco
(contém auxinas e citocininas tal como outros reguladores de crescimento).
1952 – Morel e Martin -> Conseguiram produzir plantas sem vírus através de cultura de gomos
caulinares de plantas infetadas através da sua excisão. Pensa-
se que isto ocorra devido à dificuldade de vírus se
propagarem em celulas meristemáticas
Em 1955 identificou esse componente como sendo uma citocinina e teorizou que
fatores tipo citocinina estavam presentes nas plantas como reguladores de
crescimento natural. Isto foi verificado posteriormente em 1963 com o isolamento da
zeatina.
1964 – Guha e Maheswari -> Produção de embriões haploides a partir de culturas de grãos pólen
de Datura
Androgénese funciona com cultura de anteras, cultura de micrósporos e/ou cultura de grãos de
pólen. A melhor é a dos micrósporos porque não há interferência de outras estruturas ou barreiras
dos órgãos.
1965 – Teoria celular verificada -> Teoria celular a partir de diferenciação de plantas de tabaco a
partir de uma única célula isolada em microcultura.
1972 – Berg -> Descoberta das rnzimas de restrição e em 1973 descobre-se a tecnologia do DNA
recombinante.
1978 – Genentech Inc. -> Uso da engenharia genética para produzi insulina
humana a partir de E. coli.
1980 – Patentes
A primeira patente sobre um organismo vivo recém criado foi sobre uma bactéria para digerir
petróleo em derrames, Inicialmente a patente foi rejeitada mas depois o tribunal aceitou desde
que o organismo seja criado por engenharia genética. Em 2013 decidiu-se que as sequências de
DNA que ocorrem naturalmente não podem ser patenteadas.
Exemplo -> Em videiras, investigadores em 2008 determinaram os efeitos que a cultura in vitro
estava a ter nas suas culturas de videiras (embriões somáticos a partir de cultura de anteras por
exemplo) e observaram a existência de variação somaclonal que resultou na alteração de
padrões de metilação do DNA.
1982 – Krens et al. -> Realizaram a transformação de protoplastos e no mesmo ano Zimmerman fez
a eletrofusão de protoplastos (modificação genética em que há fusão de núcleos das duas
espécies)
1983 – Kerry Mulis Nobel Prize -> Concebe a ideia de PCR, um método químico para amplificar o
DNA
Flores e Filfner -> Produção de “hairy roots” para produção em larga escala de
metabolitos secundários. São a manifestação de infeção causada por
Agrobacterium rhizogenes Não precisa de hormonas vegetais mas limitante para
alguns compostos
1986 – Crossway et al. -> Transformação de protoplastos por microinjeção direta de DNA
Marco dos primeiros ensaios de campo com plantas transgénicas
De 2001 a 2012
Temos o consórcio que faz o esboço inicial do genoma humano, a estatística que refere que 64%
da soja e 34% do milho nos EUA são transgénicos e de 2006 a 2012 surgiu a época da
sequenciação, 2007 com a sequenciação do genoma da videira e 2012 com a sequenciação do
genoma do tomate.
Antes de procedermos à explicação detalhada da cultura in vitro e toda a sua importância vou
fazer um pequeno aparte que é importante apesar de não ser muito usado como método
atualmente. Falo claro da cultura de protoplastos.
Os protoplastos são células desprovidas de parede celular. São usados em engenharia genética
e também podem ser usados para a chamada hibridação somática – o processo de isolar e fundir
protoplastos, fazer cultura de células híbridas e regenerar por processos in vitro.
Isolamento
Este é um ponto crítico. Para além disto, é preciso ter em conta as percentagens da solução. Este
é o componente diferencial e que tem de ser otimizado mediante o explante usado!
Fusão
Regeneração
Podemos fazer a produção de linhas homozigóticas de uma única espécie que não seja
propagável por micropropagação vegetal.
Para além disto há a questão de que pode não haver viabilidade dos produtos de fusão, a falta
de sucesso entre plantas regeneradas, produção de híbridos desfavoráveis e a falta de método
eficiente de seleção dos híbridos sem confirmação de expressão de tratos importantes nos híbridos
somáticos.
Aula 8 – Propagação in vitro de plantas e Embriogénese Somática
A propagação in vitro de plantas consiste na multiplicação
clonal a partir de células ou órgãos cultivados assepticamente
em meio definido e específico, contido em recipientes de
cultura mantidos em condições controladas de luz e
temperatura
Objetivos
Vantagens
Acabamos por ter uma taxa de fecundidade altíssima, pela produção de milhares de propágulos.
Exemplo
No caso de preservação do germoplasma Vitis leva o primeiro lugar no que trata ao uso da
micropropagação. Em 2015, investigadores tentaram usar esta técnica de micropropagação para
verificar a resposta de 5 videiras selvagens da Geórgia. Escolheram esta zona pois é onde está o
centro de domesticação da Videira.
Ou então a preservação de plantas do género Castanea, que são importantes para madeira e
para a produção de castanhas para venda comercial. Em 2017, investigadores propuseram usar
micropropagação para proceder á conservação a curto, médio e longo termo, sendo esta última
por meios de criopreservação.
Ou ainda para tentar obter variantes resistentes a doenças através da variação somaclonal que
irá aparecer eventualmente devido à necessidade de usar cultura in vitro para micropropagação
Contudo, a tecnologia pode ser algo cara, principalmente para espécies lenhosas que são
recalcitrantes. Outra questão é a da assepsia necessária (clones são menos resistentes) e a própria
aclimatação das plantas é um passo determinante e muitas vezes limitante,
Ainda se acrescenta a questão da variação somaclonal, que não é só coisas boas. Temos de ter
em conta que podemos ter variações que causam inviabilidade ou redução do fitness.
Propagação in vitro -> 3 Vias
Com um meio de cultura otimizado (meio MS), temos o desenvolvimento de gomos axilares que
se desenvolvem e formam rebentos. Os rebentos obtidos são posteriormente passado para um
novo meio onde vão enraizar (meio MS com IBA) em condições de assepsia (assegurada pela
desinfeção dos segmentos nodais com álcool e/ou lixivia). Alternativamente podemos enraizar
diretamente em substrato orgânico (com as devidas precauções).
Exemplo
Otimização de protocolos
Neste método, tal como em todos, temos que começar pela desinfeção. Cada nodo que
escolhemos terá gomos axilares e neles terá os meristemas. Os fragmentos são esterilizados
recorrendo a lavagem rápida em etanol a 70%.
Depois disto o explante terá que passar por todo o processo de multiplicação in vitro que explicarei
mais à frente (crescimento, enraizamento e aclimatação – mais importante)
Pode ser necessário fazer uma desinfeção mais cuidada se estivermos a lidar com vírus e nesse
caso este método é o predileto para nos livrarmos deles. Como se pensa que os vírus têm
dificuldade em se estabelecer em zonas com muitas auxinas, replicações constantes e falta de
vascularização, podemos aplicar crioterapia aos meristemas excisados, desde que sejam apicais.
Podemos posteriormente fazer a verificação com ELISA que usa anticorpos para detetar a
presença de proteínas virais.
Exemplo
Outra cultivar que passa muito pelo uso de cultura de meristemas é a de Fragaria
chiloensis ou o morango chileno
Organogénese in vitro
O processo de organogénese in vitro não é comum, mas acontece para algumas espécies. É um
método de regeneração rápido e pode ser usado nos protocolos de transformação genética.
Começamos por fazer indução in vitro de entrenós de plantas propagadas (lúpulo têm 1mm). Essa
indução é feita com segmentos de 1cm dos entrenós e colocamos em meio indutor
(auxinas e citocininas; 0,05mg/mL IAA e 2mg/mL BAP), e fazemos algumas feridas
para promover a morfogénese.
Junto aos feixes vasculares temos as células cambiais e as células do córtex, Ao fim
de cinco dias (figura) em meio de cultura vemos divisões a ocorrer nas células
cambiais. Estas divisões são acompanhadas de acumulação de amido (cuz sugar
no meio de cultura).
Para podermos responder a estas questões, podemos recorrer a transcritómica do mRNA e usar
GC-MS para ver quais são os constituintes metabólicos da nova resposta metabólica. Infelizmente
no caso do lúpulo isto foi feito antes da existência destas técnicas e por isso, recorreram a
microarrays de DNA (2008).
O que se percebeu foi que tínhamos alterações a nível da fotossíntese com grande metabolização
de sacarose e grande ativação da glicose e síntese de metabolitos secundários. As cinco grandes
vias determinantes são então defesa e resposta ao stress; metabolismo de hidratos de carbono,
metabolismo secundário e sinalização hormonal
Os metabolitos secundários
começam logo ao fim de 24h, mas
acabamos por ter uma grande
quantidade na fase nodular.
Regeneração de plantas por organogénese e o papel na cultura in vitro
O processo de organogénese também pode ser usado como método de propagação in vitro, por
capacitar a propagação e regeneração massiva de plantas e por poder ser usado como método
eficiente de regenerar plantas transgénicas, por exemplo podemos transformar os próprios nódulos
com Agrobacterium. O lado mais negativo é possibilitar a formação de quimeras
Após a lavagem, são cortados pedaços de 1cm e estes são inoculados em meio nutritivo (MS)
com nutrientes e os fatores de crescimento necessários (Aux/Cyt < 1 ou seja mais citocinina)
As culturas são então transferidas para sala de cultura onde terão condições ótimas de luz e
temperatura (Leds amarelos e brancos e sala a 25ºC) com um fotoperíodo especifico. Durante
esta fase temos duas vias:
Direta vs indireta
A indireta é a que temos falado até agora que passa pelo passo de
formação de calli.
Fase 0 -> Seleção das plantas dadoras – temos de ter em conta a fitossanidade da planta (a
saúde), a fase do ciclo de vida (juvenil ou se esta em fase reprodutora ou vegetativa) e o
consequente estado fisiológico da planta
Nesta fase temos de ter em conta o explante que vamos escolher e a sua esterilização (diferentes
tecidos têm diferentes competências e o mesmo para celulas). Também o manuseamento que
fazemos (criação de ferimentos) e claro o mais importante a suplementação com fitoreguladores
Temos de ter em conta o meio de cultura (nutrientes e açucares – suplementação com oses cada
vez mais simples) e ainda de novo a suplementação com fitoreguladores
A questão dos fitoreguladores é importante, pois são estes que limitam o processo porque a sua
concentração no meio de cultura tem de ser restritivamente específico, ao ter de ter em conta o
conteúdo endógeno presente no explante e da própria sinalização e sensibilidade deste
Dois tipos:
O caso mais exemplificativo disto é a regeneração in vitro do tomate das aulas práticas onde
vemos a alteração sucessiva da composição do meio de cultura
4ª Fase -> Aclimatação (A fase mais crítica do processo inteiro de multiplicação in vitro)
O ponto nº1 da aclimatação é a limpeza de raízes para remover o meio de cultura. Este meio é
nutritivo e se não for removido é um epicentro de infeções fúngicas. Todo o cuidado tem de ser
empregue no manuseamento das nossas plantas para garantir a máxima sobrevivência. O
substrato inicial também tem de ser bem escolhido, pois tem de ser macio para permitir a
facilidade de enraizamento.
A nível da questão da humidade e da luz, as plantas são gradualmente passadas para estufas
para aclimatarem e poderem ser transplantadas para o campo.
O processo pode ser acelerado, se fizermos a diminuição das taxas de respiração recorrendo a
ABA, que vai induzir o fecho estomático para que haja retenção de água. Graças a este efeito
chamamos a compostos como o ABA, antitranspirantes.
Outra coisa que temos de ter em conta é a necessidade de aumentar a fotossíntese das plantas
que está severamente atrofiada de todo o processo heterotrófico durante a cultura in vitro. Isto
pode ser feito recorrendo a altas concentrações de CO2.
Estruturas de Aclimatação
Exemplos
Este tipo de métodos de regeneração de plantas são muito usados para propagar
plantas. E várias empresas foram construídas e são casos de sucesso exatamente
porque empregam de modo otimizado estas técnicas para a produção dos seus
produtos de interesse.
A nível comercial fazem propagação de cultivares de fruta como a banana, citrinos, videira,
papaia. Fazem ainda de cultivares vegetativas e de plantação como a batata, tomate, couve-
flor, cardamomo, baunilha, café, gengibre you name it!
O papel celular na alteração para vias de organogénese ou embriogénese somática tem sido
relacionado com mecanismos de controlo rígido de defesa e mecanismos antioxidativos
Desenvolvimento e embriogénese
Depois temos o restante desenvolvimento até chegar à fase globular e à fase de coração onde
temos já a diferenciação das zonas que darão origem aos órgãos da planta ( a interface ou
hipófise dará origem ao RAM)
Exemplo
Kalanchoe daigremontiana
Algo que nos mostra logo a diferença entre embriões somáticos e embriões zigóticos é não termos
a diferenciação do endosperma e do tecido suspensor.
Ambas as vias resultam no embrião somático mas em intervalos de tempo diferentes e na mesma
cultura podemos ter os dois casos a ocorrer. No caso dos embriões somáticos da 1ª via, estes são
conhecidos por fazer divisão assíncrona resultando na presença de diferentes estágios
embrionários em cultura.
No que trata aos processos de propagação in vitro usados, o da embriogénese somática é sem
dúvida o que tem mais vantagens pela questão de não poder existir a formação de quimeras
genéticas
A ES é importante no caso da propagação de plantas lenhosas que têm um ciclo de vida longo e
que são geralmente difíceis de propagar por métodos convencionais
Para além disso, como método de regeneração pode ter várias vantagens face à organogénese,
como a fiabilidade da origem de uma única célula (sem quimeras) e a possibilidade de
automação da produção de larga escala de embriões em biorreatores e plantação em campo
por uso de sementes sintéticas (explicado à frente).
Isto porque podemos usar o processo como processo de regeneração de plantas transformadas
(cuz no quimeras again) e pelo bypass da fase de enraizamento que é obrigatória na
organogénese.
Exemplo:
Temos de ver que diferentes tecidos têm diferentes competências. Um entrenó da raiz terá menos
competência que um do meristema apical (competência difere cuz balanço hormonal difere)
- Tecidos retirados de diferentes órgãos sofrem nas mesmas condições diferentes processos
morogénicos (again o balanço hormonal que tem de ser adaptado). Explantes que não
conseguimos causar a competência são competentes, nós é que não sabemos o meio correto
para induzir isso.
Para além disso a capacidade de resposta ainda varia de célula para célula dentro do tecido. A
posição também é determinante. Por exemplo na organogénese colocar cotilédones (zona
petiolar) na posição abaxial deu melhores resultados
Na maioria das plantas os fitoreguladores (Fr) têm um papel chave no controlo do tipo de resposta
na cultura in vitro. Tanto a organogénese como a ES são processos morfogénicos pelos Fr
regulados.
É preciso ter muita atenção na suplementação exógena pois tem de ser complementada com os
níveis internos de Fr do explante. Para além disso é preciso ter em conta a sequência de
suplementação. A ES trabalha muito à base de auxinas e a organogénese com o rácio Aux/Cyt
Ácido Abscísico (ABA) -> O ABA está envolvido em processos de resposta ao stress,
desenvolvimento de sementes entre outros. Envolvido no fecho estomático,
abscisão e regulação de resistência. São a escolha predileta como antitranspirantes
na aclimatação.
Auxinas (IAA e IBA) -> Hormonas responsáveis pelo enlogamento celular in vivo entre
outros processos. Levam à organogénese de folhas, flores, órgãos florais e raízes
adventícias. Formam o tecido vascular e fazem a manutenção da identidade dos
meristemas SAM e RAM. São o trigger para diferenciação e formação dos primórdios
das raízes
Citocininas (BAP e Zeatina) -> Hormonas responsáveis pela divisão celular. Envolvidas
na germinação e no desenvolvimento de raízes e caules, senescência e ritmo
circadiano. São o trigger para o desenvolvimento de caules in vitro.
Bons exemplos
No caso do crescimento in vitro de orquídeas, verificou-se que as diferentes
concentrações de azoto proporcionavam resultados diferentes. A concentração mais
baixa (7,5mM) induziu a formação de raízes e que a quantidade original do meio MS
impedia o processo por completo de crescimento.
Outro exemplo (2019) é o de plântulas de Brassicaceae, onde tentaram ver qual era a
melhor fonte de azoto para assimilação. E o descoberto foi que o nitrato era o mais
assimilado. Nesse caso face ao que disse anteriormente a amónia será melhor para induzir
morfogénese.
d) Efeito da tensão osmótica – Fonte de Carbono
Níveis osmóticos elevados beneficiam a produção de embriões e restrigem o seu
desenvolvimento assíncrono. -> importante para ES
Níveis baixos promovem a produção de raízes
Mais uma vez refiro que a morfogénese compreende tanto os fatores para a
organogénese como para a Embriogénese Somática
Produção de Sementes Artificiais – O uso aplicado da Embriogénese Somática
Sementes Artificiais
Os propágulos por exemplo podem ser usados como forma de transferir material vegetal
em laboratório ou para preservar germoplasma quando são dadas as condições
otimizadas de criopreservação
As sementes artificiais são assépticas, são valiosas por terem uma camada protetora que
permite uma maior taxa de sucesso em campo e são mais duráveis no transporte e
armazenamento. Para além disto são razoavelmente baratas e permitem a preservação
da uniformidade genética de plantas (cuz sem quimeras cuz ES)
Os propágulos mais usados são por isso os embriões somáticos pelo seu alto nível de
reprodução.
Método de Produção de Sementes Artificiais
E o mais importante e o que vai ser a abertura do conceito de seed priming, é que apesar
das sementes naturais terem tecidos de reserva e as artificiais não os terem, nestas
podemos incorporar misturas químicas e misturas de nutrientes para que estas tenham
uma maior performance face às naturais.
Vantagens e Desvantagens
As vantagens das sementes artificiais resumem-se ao alto volume e escala do método de
propagação, a presença do estado genético uniformizado, a entrega direta dos
explantes ao campo e o custo diminuto por plântula que permite a rápida multiplicação
de plantas a custo mínimo pela ES – ótima na multiplicação
A tecnologia oferece tremendo potencial na conservação e propagação de
germoplasma mas implica ainda muita investigação para poder ser usada à escala
comercial.
Temos claro que ter em conta o vigor (ou a qualidade das sementes) em conta claro.
Existem outros tipode priming como o bio-priming que recorre a incubação com
microrganismos do microbiota.
Terpenóides
Fenóis
Benzenóides
Stilbenos e Flavonóides
Os stilbenos e flavonoides têm recebido frnde atenção comercial pelo seu papel
na saúde humana. O resveratrol de videira por exemplo, tem atividade antioxidante
e está presente em uvas e no vinho. Durante o ataque por patogéneos, é o
composto que mais acumula (Fitoalexina).
O caso típico é o do Taxol. Este foi considerado um passo importante na cultura de celulas, pois
com a produção do composto em biorreatores de 75m3, conseguimos valores na ordem dos
500Kg por ano. Muito melhor face aos valores de 1g por cada 3 árvores.
Temos as condições ambientais controladas (sem implicações externas :3), podemos manusear o
material facilmente e com isto podemos ter um maior controlo no volume de produção e na
redução do espaço de produção,
Exemplos práticos mostram que estas vantagens são reais, com um valor muito
maior em cultura do que em cultivo da planta.
- Usando calli friável, ou seja, transferimos os calli para meio liquido com
agitação e aproveitamos a friabilidade do calli para que este se quebre.
- Usar calli não friável, ou seja, transferência para meio liquido com agitação e subculturas
sucessivas até termos a friabilidade desejada
- Usar enzimas, ou seja, adicionar celulases e pectinases até obtermos uma suspensão autêntica.
Com o aumentar da cultura in vitro podemos ter acumulação de células com variação
somaclonal que pode levar a diminuição ou inviabilidade de produção do produto de interesse.
Isto significa que não podemos estar sempre a usar a mesma cultura over and over. Assim sendo,
usamos algo semelhante ao que se usa na organogénese -> células cambiais meristemáticas
Ao fim de 5 dias começamos a observar divisões e usamos as celulas nas nossa culturas por terem
vacúolos pequenos e serem fisiologicamente e morfologicamente mais estáveis sendo facilmente
criopreservadas
Assim sendo, as células cambiais podem ser usadas para biotransformação e estes estudo podem
revelar potencial de produção de:
Exemplo
Crescimento de células em Suspensão (Cinética all over again as per usual -_-)
Após a adaptação das celulas, temos uma fase de crescimento exponencial com aumento de
biomassa e produção constante de
metabolitos primários para auxiliar o
crescimento. Quando esta termina (8 a 12
dias), entramos na fase mais importante, fase
estacionária, onde teremos a maior produção
de metabolitos secundários. O objetivo será
manter a cultura nesta fase, mas tal como
todas as culturas, eventualmente teremos a
fase de declínio com a morte celular
Têm uma taxa de crescimento elevada (divisões a cada 24-72h) e sem capacidade regenerativa
aparente. São auxotróficas para vários metabolitos comuns e são facilmente convertíveis à
independência de hormonas. O crescimento é promovido por aumento da concentração de
CO2, mas são bastante sensíveis a etileno. Se forem feitas culturas sucessivas por demasiado
tempo, as celulas começam a acumular alterações que podem levar a níveis de ploidia anormal
e mesmo aneuploidia (normalmente ao fim de 3 anos)
Na produção in vitro deste tipo de células vários fatores influenciam o resultado final, sendo que a
produção depende essencialmente de:
Assim sendo, surgem os Elicitadores, compostos libertados por patogéneos ou partes das paredes
celulares de patogéneos que podem gerar uma resposta similar à acima descrita. Todo o processo
de indução dessa resposta foi então chamado de Elicitação
O caso típico é o do uso de Elicitadores para produção de fitoalexinas. Neste caso o elicitador é
reconhecido, há síntese de enzimas por parte das celulas vegetais e a produção de fitoalexinas.
- Abióticos Físico - UV, stress osmótico, salinidade, seca e calor; Quimicos – Metais pesados
toxinas e hormonas
Uso eficiente de elicitadores “Os elicitadores apenas estão presentes em certas fases do processo
e não durante o processo inteiro”
Nesta tabela temos alguns exemplos de culturas de celulas em suspensão, do seu elicitador e do
produto.
Exemplos
Graças a estes avanços, hoje em dia temos a produção de compostos em larga escala incluindo
ácido rosmarínico (42L de meio, em duas fases e produção de 100g/14dias), como xiconina e
outros compostos.
Bioreator
Mas claro, não podemos simplesmente pensar no melhor sem falar no que as dificuldades causam
verdadeiramente ao processo inteiro:
- Como foi dito anteriormente os sistemas de agitação são um problema e mesmo as condições
de esterilização podem afetar negativamente o processo
- Para além disto temos a questão da atmosfera gasosa, suprimento de O2, trocas de CO2, pH,
minerais, hidratos de carbono, reguladores de crescimento, o meio líquido e a densidade celular.
Devido a esta enormidade de fatores que podem influenciar a cultura de celulas vegetais em
suspensão, apenas alguns tipos de biorreatores podem funcionar. Alguns casos até foram de
sucesso mediante a alteração ao nível do sistema de arejamento e do fornecimento de nutrientes.
E são estes casos de sucesso que levam a que a cultura de celulas vegetais em suspensão continue
a ser largamente usada para a produção de metabolitos secundários com interesse comercial
Alguns exemplos de biorreatores e suas vantagens globais
Podemos obter um grande número de plantas num espaço limitado. Estamos a estimular o
contacto com os nutrientes através dos reatores e fornecemos condições ótimas de arejamento
para otimizar o processo. Temos a perda de dominância apical por isso temos mais plantas.
Outra coisa que facilita o aumento do nº de plantas é o fornecimento de O2 direto que aumenta
a biomassa final.
O lado complicado deste método é que temos meio líquido e por isso podemos ter excesso de
água que leva a uma aclimatação mais complexa (uso de antitranspirantes). Também torna as
plantas mais propensas a serem infetadas. E ainda o problema das espécies recalcitrantes que
para propagar em reator é quase impossível
Mas fique claro que geralmente as plataformas de microprogaçao industrial funcionam bem!
Imobilização de Células
Desvantagens -> A biomassa tem de ser cultivada em suspensão, a excreção para o exterior é
imperativa e podemos ter problemas na integridade dos produtos excretados e na dificuldade
adicional de difundir oxigénio e nutrientes na matriz sólida.
Método das “Hairy Roots”
Mas claro, têm desvantagens. Podem ter crescimentos exagerados e tremendos, compactando
bastante e causando problemas na distribuição do oxigénio pela cultura. E normalmente está
limitada à produção de produtos que tenham origem em raízes de plantas
Exemplo da soja
Noutro estudo (2007) também com soja, quiseram fazer este tipo de
transformação mas com GUS e para fazer o estudo fundamental das raízes
da planta, o que comprova uma possibilidade adicional de aplicação para
este método.
O objetivo é usar plantas para produzir vários compostos, como por exemplo produzir anticorpos
mesmo ou compostos para a alimentação. Podemos dizer que se trata da produção de proteínas
recombinantes em plantas à larga escala em plantas
Isto implica usar as plantas como sendo o sistema de expressão de proteínas recombinantes. E
como sistemas de expressão as plantas têm inúmeras vantagens face a outros sistemas:
Têm benefícios económicos, por serem mais económicas que sistemas de biorreatores e
fermentadores. O impacto da contaminação com patogéneos é reduzido face a se acontecesse
noutros sistemas. Comparativamente têm altos rendimentos, ao nível da escala industrial.
Têm ainda a vantagem ao nível biológico, pois existem menos diferenças a nível de PTMs entre
animais e plantas, pela purificação poder ser eliminada se o tecido usado for comestível e
podemos armazenar proteínas recombinantes em organitos mais estáveis como os cloroplastos
Assim sendo, um dos fatores importantes é a escolha da cultivar a usar como sistema de expressão.
Variáveis importantes incluem:
Exemplo
Produção de vacina com plantas transgénicas para a COVID-19 pela empresa Medicago.
O próprio mercado de proteínas recombinantes está a aumentar e em 2022 pensa-se que atinja
os 2,8 mil milhões de dólares.
Um dos grandes desafios atuais para além de todas as questões comerciais acima descritas passa
pelo conceito de plantas imunizadas. No caso da produção de farmacêuticos, os glicanos
específicos de plantas podem causar problemas. Portanto um dos progresso com mais interesse é
o de humanizar as plantas nos padroes de glicosilação humana.