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Divisão Haptophyta

A divisão compreende cerca de 80 gêneros e 300


espécies.

As formas monadais possuem dois flagelos e um


apêndice particular: o haptonema.

Organismos celulares monadais podem passar por


uma fase não-flagelada; essa fase pode ser
unicelular isolada ou colonial.

Características gerais
São essencialmente planctônicos e
marinhos.
As células contêm um ou dois plastídeos;
os tilacóides estão dispostos em grupos
de três.
Jordan et al. (1995) assinalam a presença
de um “vacúolo autofágico” , que serviria
para eliminar constituintes celulares
supérfluos.
Apêndice em forma de flagelo fino, mais ou
menos longo, localizado entre os dois
flagelos. Pode ser muito curto, ser mais de
dez vezes mais longo que o corpo celular,
estar reduzido a alguns microtúbulos na
célula ou, muito raramente, estar ausente.
A função do haptonema seria detectar
obstáculos, capturar, agregar e transportar
as presas.

Haptonema
A maioria das Haptophyta é fototrófica. No
entanto, a mixotrofia (osmotrofia ou
fagotrofia) é bastante comum,
especialmente no gênero
Chrysochromulina. Não se sabe ao certo se
essa mixotrofia é governada pela
intensidade luminosa ou pela abundância
de presas (bactérias, por exemplo). Ao
menos uma espécie, Balaniger balticus, é
exclusivamente heterótrofa.

Tipo de nutrição
As células das Prymnesiophyceae são
cobertas por escamas orgânicas,
acrescidas, às vezes, de escamas
calcificadas.
A superfície celular das Pavlovophyceae é
destituída de tais escamas.

Superfície celular
As Haptophyta estão bem representadas no
estado fóssil, devido à boa preservação dos
cocolitos. Alguns fósseis de Coccolithales
estão presentes desde o Carbonífero (há
cerca de 300 milhões de anos), mas
tornaram-se muito abundantes e
diversificados no Jurássico (há cerca de 180
milhões de anos).

As Coccolithales fósseis são importantes


indicadoras micropaleontológicas.

Fósseis
As Haptophyta são cultivadas em
quantidade para a aquacultura: de um
lado, para a alimentação das primeiras
fases larvais de crustáceos e peixes e, de
outro, para o cultivo de rotíferos e
camarões destinados, eles próprios, a
servirem de alimento nos cultivos.

Importância ecológica, utilidades e


efeitos prejudiciais
O gênero Phaeocystis é conhecido por
blooms oceânicos consideráveis
produzidos no final da primavera ou início
do verão.

Essas florações podem ocasionar uma


mortalidade animal importante, em
consequência de uma anoxia local,
provocada pela sedimentação de colônias
gelatinosas e por sua degradação
bacteriana.
Também podem obstruir redes de pesca
ou canalizações de água do mar, pela
escuma que se forma da acumulação e
degradação das colônias gelatinosas. Isso
pode ser um fator preocupante para as
centrais termonucleares localizadas em
zonas costeiras.

A grande quantidade de mucilagem


também é prejudicial à nutrição de
bivalves e ao turismo, quando a escuma
nauseante se acumula nas praias.
Além disso, Phaeocystis tem a capacidade de
acumular manganês e zinco em sua
mucilagem; durante as proliferações algais,
as quantidades acumuladas são tais que
influenciam na reciclagem e transferência do
manganês, mas as possíveis consequências
ecológicas desse fenômeno ainda não foram
estudadas.

Phaeocystis não é uma alga tóxica, sendo


consumida na cadeia trófica, em particular
pelo krill, do qual se alimentam aves e
mamíferos marinhos da Antártida.
 Phaeocystis produz ácido acrílico, composto que
possui atividade bacteriostática, que será
transmitido na cadeia trófica. O ácido acrílico
concentra-se, assim, naqueles animais, o que
explicaria a pobreza de sua flora intestinal.

 Espécies de Prymnesium e Chrysochromulina


produzem toxinas que podem provocar uma
mortalidade maciça de peixes ou outros
organismos marinhos. Essas toxinas são mal
conhecidas; galactolipídeos poderiam estar
relacionados com essa toxicidade. Os efeitos
observados in vitro são a lise de hepatócitos de
rato e o bloqueio de neurotransmissores no nível
das sinapses.
As florações de Haptophyta têm uma
grande importância no ciclo do enxofre
nos oceanos e em certos fenômenos
climáticos;

A observação de culturas de algas


planctônicas permitiu evidenciar que as
Dinophyta e as Haptophyta eram fontes
importantes de dimetil sulfeto (DMS).

As Haptophyta e o ciclo do
enxofre
 Na atmosfera, o DMS é oxidado em dimetil
sulfóxido, dióxido de enxofre, ácido
metanosulfônico, sulfato, ácido sulfúrico, entre
outros. Daí resultam as chuvas ácidas.

 Com o auxílio de marcadores isotópicos, foi


possível mostrar que os blooms de Haptophyta,
no mar do Norte ou na parte nordeste do oceano
Atlântico, eram responsáveis por chuvas ácidas
de origem biológica, no oeste da Escócia, Irlanda
e Escandinávia, durante a primavera e o verão.
As emissões de enxofre provocadas pelo
homem são avaliadas em 69 a 103
toneladas por ano e as emissões
oceânicas naturais, em 12 a 58 toneladas
por ano.

No entanto, estima-se que é o enxofre de


origem oceânica que influencia o ciclo
global dos sulfatos, visto que o enxofre de
origem antrópica se deposita próximo das
fontes de emissões.
Parece que os produtos de oxidação do
DMS favorecem a nucleação de nuvens
com alto poder de reflexão da luz
incidente, o que aumenta o albedo de sua
cobertura.
Estima-se que um aumento de 30% dos
aerosóis com poder de induzir o fenômeno
de nucleação das nuvens reduziria a
temperatura do globo em 1,3oC.
Dessa forma, é possível que as
Haptophyta exerçam certo papel na
regulação do clima do globo.
As Coccolithales exercem também um
papel importante no ciclo do carbono
oceânico. Possuem o corpo recoberto por
escamas calcificadas, denominadas
cocolitos.

Os cocolitos são produzidos nas vesículas


de Golgi, que os transportam à superfície
celular.

As Haptophyta e o ciclo do
carbono
Os depósitos de carbonato de cálcio
resultantes da sedimentação das
Coccolithales são o constituinte principal da
cré, formada no final do Cretáceo (63-95
milhões de anos), período durante o qual se
imagina que esses organismos tenham
atingido sua máxima abundância e
diversidade.
As falésias do noroeste da frança ou do sul
da Inglaterra permitem mostrar a
importância da biomassa que podem
produzir suas florações e as quantidades de
carbono envolvidas na sua formação.
The Needles,
parte de uma
extensa
formação de
cré no Sul da
Inglaterra

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