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Ambiente
Estágio de Docência Capes 2014
Rodofíceas marinhas e as
mudanças climáticas
Figura 1: Esquema sobre como ocorre o aquecimento da atmosfera da terra com o aumento das
concentrações de gases do efeito estuda (INPE, 2014).
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Figura 2: Equilíbrio do carbono na água do mar. (Adaptado de Dickson et al. (2007)).
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As macroalgas marinhas vermelhas – Divisão Rhodophyta
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Figura 4: Rodofíceas marinhas bentônicas que apresentam talo calcificado. A e B- Lithothamnion glaciale
Kjellman, C – Jania adhaerens J.V. Lamouroux, D- Tricleocarpa cilíndrica (J.Ellis & Solander)
Huisman & Borowitzka, E- Dichotomaria marginata (J.Ellis & Solander) Lamarck. (Fonte: Guiry, M.D.
& Guiry, G.M. 2014).
Importância econômica
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Algas vermelhas como biofiltro
Um ponto importante sobre as algas vermelhas é que elas têm a capacidade de
biofiltrar o ambiente. Ou seja, removem os nutrientes disponíveis na água do mar e
utilizam no seu metabolismo. No caso do N e do P, eles são utilizados na síntese de
pigmento e proteínas, ou seja, essas algas são bioacumuladoras desses compostos. Essa
biofiltragem pode ajudar em processos de biorremediação de áreas impactadas.
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2) A luz que reflete varia dependendo do ângulo do sol na água e também da
“rugosidade” da água.
3) A energia solar penetra nos oceanos e é alterada a qualidade e quantidade, de
acordo com a absorção e reflexão. A atenuação da luz por vários processos e
partículas resulta em diferenças das propriedades óticas da água.
4) A irradiância diminui de acordo com o aumento da profundidade, até atingir o
zero. Assim, ocorre o ponto de compensação, onde a fotossíntese se iguala a
respiração. As macroalgas podem crescer até grandes profundidades, como o
estudo de Littler et al. (1985), nas Bahamas, onde relatou-se o crescimento de
algas até 268 metros de profundidade.
Dessa forma, a luz é utilizada no processo de fotossíntese das algas vermelhas, o
qual consiste na conversão de energia luminosa em energia química.
A fotossíntese ocorre da seguinte forma (Figura 6): O complexo antena capta a
energia luminosa e a canaliza para o centro de reação, onde ocorre a conversão da
energia luminosa em energia química. Quando a energia luminosa atinge a clorofila a
do centro de reação, os elétrons são elevados a altos níveis de energia iniciando uma
cadeia transportadora de elétrons, oxidando a clorofila a.
A energia luminosa incide no PS-II, sendo absorvida pelo complexo antena por
moléculas P680 e carreado por cadeia transportadora de elétrons até o centro de reação,
por meio da fotólise da água que libera O2, e gera um fluxo de prótons na membrana do
tilacóide.
O transporte de elétrons do PS-II para o PS-I ocorre por meio de proteínas. O
elétron em maior nível energético do PS-II liga-se a feofitina (primeira molécula
aceptora), que pela cadeia é carreada para a plastoquinona (Qa e Qb) e pelo complexo
citocromo b6/f. Este transporte gera um gradiente eletroquímico que sintetiza uma
molécula de ATP, sendo conhecido como acoplamento quimiosmótico (Raven et al.
2005).
Assim, a partir desse processo descrito, a P700 do PS-I é fotoexcitada nos
pigmentos antena, onde o elétron energizado será transportado para o centro de reação
por molécula aceptora (clorofila especial), passando por uma filoquinona, proteínas
ferro-enxofre, ferredoxina e flavoproteína, até o NADP+ que resulta na formação de
NADPH e oxidação da P700 (Raven et al. 2005).
O PS-II (absorve o comprimento de onda em 680 nanômetros sendo conhecido
como P680) oxida a água produzindo elétrons, prótons e oxigênio, sendo que os elétrons
são utilizados na redução do NADP + a NADPH pelo processo de fotofosforilação
acíclica. Os elétrons impulsionados pela clorofila a do PS-II sofrem outro impulso do
PS-I (absorve o P700), ocorrendo a fotofosforilação cíclica, onde ocorre a síntese de ATP
a partir de ADP. Desta forma o NADPH e ATP são os produtos finais das reações
luminosas que serão usados para fixação do carbono no ciclo de Calvin no estroma dos
cloroplastos (Looban & Harrison 2000).
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Figura 6: Esquema do processo de conversão da energia luminosa em energia química no processo de
reações luminosas da fotossíntese nas algas vermelhas (Adaptado de Raven et al. 2005).
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Figura 7: Ciclo de Calvin onde ocorre a fixação de CO2 durante a fotossíntese das macroalgas marinhas
bentônicas (Raven 2007).
Nitrogênio
O nitrogênio é o principal elemento que limita o crescimento das algas marinhas
bentônicas e controla a produtividade primária dos oceanos, sendo o nitrato e o amônio
importantes íons que influenciam o crescimento desses organismos (DeBoer 1981,
Lobban & Harrison 2000). No ambiente marinho, o nitrogênio está disponível na forma
de nitrato (NO3-, nas concentrações de 0 a 40 μmol N l-1), nitrito (NO2-, de 0 a 1 μmol N
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l-1), amônio (NH4+, entre 0 a 1μmol N l-1) e nitrogênio orgânico dissolvido (Tyrrel
1999). A utilização das diferentes fontes de nitrogênio varia entre as espécies de
macroalgas marinhas bentônicas. Isso ocorre devido ao metabolismo do nitrogênio, uma
vez que, para a captação de nitrato ocorre um maior gasto de energia do que para a
captação de amônio.
Fósforo
O fósforo está disponível principalmente na forma de ortofosfato (HPO4-2), que
corresponde a 97% do fosfato inorgânico presente na água do mar (DeBoer 1981,
Lüning et al. 1990, Tyrrel 1999, Lobban & Harrison 2000). O fósforo também está
disponível no mar na forma de outros íons fosfato, como 1% de íon fosfato (PO4-3) e 2%
como fosfato dihidrogênio (H2PO4-). Ele tem como função nas algas marinhas, a
formação da sua estrutura e a transferência de energia através da formação de ATP,
GTP, ácidos nucléicos, fosfolipídios, coenzimas e fosfoenolpiruvato (Lobban &
Harrison 2000). Dessa forma, o fósforo pode interferir na fisiologia e morfologia das
algas estimulando o crescimento, a taxa fotossintetizante e aumentando a produção de
carragenana (Lapointe 1986).
Temperatura
Um outro fator abiótico de importante influência sobre o desenvolvimento das
macroalgas marinhas bentônicas é a temperatura. A temperatura no mundo se apresenta
variável, podendo variar de 24º à 30ºC nos trópicos até 0ºC nos polos. A temperatura
tem efeito direto nas taxas das reações químicas e altas temperaturas podem desnaturar
proteínas, interferindo em várias atividades metabólicas das algas, como na respiração,
fotossíntese, calcificação, reprodução e crescimento. As algas podem ser encontradas
em todas as regiões do mundo, e o ótimo de temperatura para seu crescimento pode
variar de poucos graus, até altas temperaturas.
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