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O papel e função dos ecossistemas terrestres e aquáticos em Moçambique e no

Mundo
4.1 Funções de Ecossistemas Terrestres
Os ecossistemas na superfície terrestre suportam várias funções e serviços essenciais para a
sociedade, como a produção de biomassa, a eficiência da vegetação no uso da luz solar e da
água, retenção de água e regulação do clima e, em última instância, segurança alimentar.
Mudanças climáticas e ambientais, bem como impactos antrópicos, estão continuamente
ameaçando a provisão dessas funções. Para entender como os ecossistemas terrestres
responderão a essa ameaça, é crucial saber quais funções são essenciais para obter uma boa
representação do bem-estar e funcionamento geral dos ecossistemas. Isso é particularmente
difícil, uma vez que os ecossistemas são bastante complexos em termos de sua estrutura e
suas respostas às mudanças ambientais.

4.2 Função dos ecossistemas Aquáticos


As características físicas e químicas da água do mar, segundo Ré (2000), têm profundo papel
na manutenção e no desenvolvimento da vida marinha. Esse autor informa que “a água dos
oceanos contém em solução uma quantidade variável de sólidos e de gases” e que “as
substâncias dissolvidas incluem sais inorgânicos, compostos orgânicos provenientes dos
organismos marinhos e gases dissolvidos”, sendo essa quantidade total de substâncias
chamada de “salinidade” (Ré, 2000, p.8).
O equilíbrio entre essas substâncias e a sua ausência, bem como a presença de outras
estranhas ao ecossistema, colocam em risco a vida dos seres que vivem naquela determina
porção aquática, gerando diferentes impactos em seus organismos e no seu estilo de vida.

Outros fatores físicos e químicos são determinantes para os ecossistemas marinhos,


enumerados por Neves Jr. (2007): os fatores físicos são a profundidade, aluminosidade, a
pressão hidrostática, as marés e as ondas; os fatores químicos são o pH e os nitritos. A
temperatura também é uma variável de suma importância para os ciclos de vida dos seres que
vivem nos mares, sendo definida como a medida da energia do movimento molecular (Ré,
2000). Ela muda de acordo com a latitude e com a profundidade e determina os processos
metabólicos da maior parte dos organismos marinhos, regulando a velocidade com que
ocorrem, cuja regra é o dobro de velocidade a cada 10° C a mais (Ré, 2000).
Considerando-se que quanto mais quente a água, mais rápido será o processo metabólico, o
que resulta numa maior necessidade de consumir alimento para gerar energia (Neves Jr.,
2007), a elevação da temperatura da água por causas alheias ao natural gera um duplo
prejuízo ambiental: além de, quando elevada acima de 40°C, gerar deformação das proteínas e
enzimas essenciais à vida, provoca uma necessidade alimentar cada vez mais difícil de ser
satisfeita, considerando-se o deslocamento de organismos, que afeta toda a cadeia alimentar por
diminuir a população de seres vivos dos quais se alimentam algumas espécies, já agravada pela
pesca predatória.
Os ecossistemas aquáticos têm grande importância ambiental e socioeconômica. Apesar disso,
usualmente não têm sido estudados nos diversos níveis da educação básica, dando-se ênfase a
ecossistemas terrestres (Aguiar et al., 2013). Em decorrência disso, tem-se a precarização de
conhecimentos acerca da importância das algas unicelulares pela maioria dos estudantes nas
etapas mais avançadas de ensino (Pechliye et al., 2013). Os biomas aquáticos apresentam
complexa integração entre os fatores bióticos e abióticos que sustentam uma complexa cadeia
alimentar, cuja base é composta por uma diversidade de seres microscópicos
fotossintetizantes responsáveis pela produção de oxigênio e matéria orgânica (Esteves, 1998).
Em Moçambique, as ervas marinhas têm um importante papel nos ecossistemas costeiros, não só
pela sua produtividade, mas também por servirem de refúgio a muitas espécies animais, como
moluscos (e.g. amêijoas), caranguejos e algumas espécies de peixes. As ervas marinhas,
designação que provém do fato das suas folhas se assemelharem, ainda que superficialmente, às
das ervas terrestres da família Poaceae (gramíneas), são plantas vasculares com flores
(Magnoliophyta ou Angiospermae) que se adaptaram aos ambientes marinhos costeiros. As
cerca de 60 espécies que se conhecem a nível mundialpertencem às famílias Posidoniaceae,
Zosteraceae, Hydrocharitaceae e Cymodoceaceae. Entre as principais características que
permitem a estas espécies viverem em ambiente aquático salino, citem-se: (1) a morfologia
5 específica do sistema radicular; (2) os tecidos providos de lacunas de ar; (3) a polinização
hidrofílica; (4) a presença de vivi paria em algumas espécies; e (5) a absorção de nutrientes
através de raízes e folhas (Hartog, 1970; Elmqvist & Cox, 1996).
4.3 Papel de ecossistemas Terrestre em Moçambique e no mundo
Os organismos do ecossistema terrestre desempenham um papel crucial na produção de
alimentos, preservação da saúde humana, recuperação de locais poluídos e combate à
mudança climática. Mas a contribuição do solo continua subestimada, em comunicado, a vice-
diretora-geral da FAO, Maria Helena Semedo, disse que “abiodiversidade do solo e o manejo
sustentável são pré-requisitos para o cumprimento de muitos dos Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável.” Os solos são um dos principais reservatórios globais de
biodiversidade. Eles hospedam mais de 25% da diversidade biológica mundial. Além disso,
mais de 40% dos organismos vivos em ecossistemas terrestres estão associados aos solos durante
seu ciclo de vida. O papel desse ecossistema terrestre é fundamental para a agricultura e a
segurança alimentar. Os microrganismos que vivem nos solos, por exemplo, transformam
compostos liberando nutrientes para alimentar as plantas. Essas transformações também são
vitais para a filtração, degradação e imobilização de contaminantes. A diversidade contribui
também para melhorar o controle, prevenção ou supressão de pragas e patógenos.
Os ecossistemas terrestres jogam um papel importante no mundo, pois são os principais
componentes do ciclo global do carbono, com a capacidade de absorver e armazenar grandes
quantidades deste elemento, na parte aérea, raízes, camadas decompostas sobre o solo, no
solo, entre outros (Renner, 2004 e Pan et al., 2011).
Os ecossistemas terrestres desempenham um papel importante no ciclo global de carbono,
sendo estes, reservatórios de carbono actualmente estimado em 2200 Gton C (600 Gt C na
biomassa vegetal e 1600 Gton C em solos) e fonte de fluxos de CO2 na ordem de 120 Gton C
por ano que é emitida através das plantas e respiração microbiana. O efeito combinado destes
fluxos resulta em uma absorção líquida de carbono em ecossistemas terrestres da atmosfera
actualmente estimado em 2,8 Gton C por ano (Stephen 2010).
Os solos são os sumidouros mais importantes de carbono terrestre na biosfera e desempenham
um papel crucial na regulação do ciclo global de carbono e na oferta de serviços
ecossistêmicos essenciais (Giardina et al., 2014). A quantidade de carbono do solo depende de
vários factores, tais como o clima, topografia, propriedades do solo, vegetação e uso da terra
(Munoz-Rojas et al., 2012).

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