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RBRH - Revista Brasileira de Recursos Hídricos Volume 6 n.

1 Jan/Mar 2001, 71-82

Macroinvertebrados Bentônicos como Ferramenta para


Avaliar a Saúde de Riachos
M. Callisto, M. Moretti e M. Goulart
UFMG, ICB, Depto. Biologia Geral, Lab. Limnologia/Ecologia de Bentos - Caixa Postal 486
30161-970 Belo Horizonte, MG - callisto@mono.icb.ufmg.br

Recebido: 13/03/00 - revisão: 22/05/00 - aceito: 07/11/00

RESUMO
Os objetivos deste estudo foram avaliar a diversidade de ecossistemas lóticos em quatro parques no município
de Belo Horizonte em diferentes níveis de preservação de suas características naturais e, a partir da avaliação da biodi-
versidade de macroinvertebrados bentônicos em um dos parques, utilizá-los como ferramenta para a avaliação da qua-
lidade/saúde de ecossistemas. Mensalmente foram coletadas cinco amostras de sedimento ao longo do período de seca
(junho a agosto) e de chuvas (setembro a novembro) de 1999. Foi utilizado um coletor tipo Surber com rede de 250 mm
e área de 100 cm2 e as amostras foram fixadas com formol 10%. É proposto um protocolo simplificado de avaliação da
diversidade de habitats. Os organismos mais abundantes foram Diptera (Chironomidae, Simuliidae, Tipulidae e Cera-
topogonidae), Trichoptera, Ephemeroptera (Baetidae e Leptophlebiidae), Coleoptera (Scirtidae, Haliplidae, Elmidae,
Ptilodactylidae), Odonata (Calopterygidae, Libellulidae, Coenagrionidae), Oligochaeta e Megaloptera (Corydalidae).
Os resultados obtidos foram úteis para corroborar o papel dos macroinvertebrados bentônicos como bioindicadores de
qualidade/saúde de ecossistemas aquáticos.
Palavras-chave: macroinvertebrados; rios; qualidade.

INTRODUÇÃO ainda em uma abordagem controvertida. Pode ser


avaliada com base nos três principais atributos
Nas últimas décadas, os ecossistemas aquá- físicos e químicos de um rio (sua fonte de energia,
ticos têm sido alterados em diferentes escalas como qualidade de água e descarga de fluxo), mais a sua
consequência negativa de atividades antrópicas (p. biota e seus habitats, formando as condições natu-
ex. mineração, construção de represas, eutrofização rais em todas as escalas de tempo e espaço (Karr,
artificial, canalização, retilinização, etc). Os rios 1991). A abordagem de avaliação da saúde de ecos-
integram tudo o que acontece nas áreas de entorno, sistemas aquáticos através da utilização de indica-
considerando-se o uso e ocupação do solo. Assim, dores biológicos abrange objetivos e práticas da
suas características ambientais, especialmente as pesquisa ecológica, como a identificação de padrões
comunidades biológicas, fornecem informações espaciais e temporais (Scrimgeour e Wicklum,
sobre as consequências das ações do homem. Se- 1996). A saúde de um ecossistema aquático pode
gundo Dudgeon (1996), perturbações antrópicas em ser inferida com base na caracterização da sua es-
bacias de drenagem afetam as comunidades de trutura (elementos biológicos e sua interação com
organismos aquáticos devido aos processos de la- parâmetros físicos e químicos) e funcionamento
vagem e carreamento. Alterações em cabeceiras de (processos fundamentais à manutenção da biodi-
rios alteram trechos a jusante devido ao transporte versidade, como produção, consumo e decomposi-
de massas d’água e sedimentos de origem alóctone ção de matéria orgânica) (Barbosa et al., 2000).
ou erodidos das margens. A avaliação da diversidade de habitats é
Saúde de ecossistemas é uma abordagem uma importante ferramenta na abordagem de saú-
recente (Shrader-Frechette, 1994) que busca integrar de de ecossistemas aquáticos, devido à forte relação
conhecimentos básicos de ecologia e medicina so- entre a disponibilidade de habitats e a biodiversi-
bre a influência das metas socialmente definidas dade aquática (Galdean et al., 2000). O termo biodi-
para a natureza (Fairweather, 1999), constituindo-se versidade representa a diversidade biológica,

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Macroinvertebrados Bentônicos como Ferramenta para Avaliar a Saúde de Riachos

podendo ser definida como a variabilidade entre os Os macroinvertebrados bentônicos diferem


organismos vivos e dos complexos ecológicos dos entre si, em relação à poluição orgânica, desde or-
quais fazem parte (Groombridge e Jenkins, 1996). ganismos típicos de ambientes limpos ou de boa
Segundo Allan (1995) devemos ampliar o conceito qualidade de águas (p. ex. ninfas de Plecoptera e
de diversidade de espécies à abundância relativa de larvas de Trichoptera - Insecta), passando por or-
cada espécie dentro da comunidade e não somente ganismos tolerantes (p. ex. alguns Heteroptera e
ao número (variabilidade) de espécies. Odonata - Insecta e Amphipoda - Crustacea) até
De acordo com Rapport (1989) e Norris & organismos resistentes (p. ex. alguns Chironomidae
Thoms (1999), três fatores podem diferenciar “saú- – Diptera, Insecta e Oligochaeta – Annelida). Locais
de” e “doença” de ecossistemas: 1) a identificação poluídos geralmente possuem baixa diversidade de
de fatores de risco como resíduos industriais e es- espécies e elevada densidade de organismos, restri-
goto como uma ameaça ao funcionamento dos e- tos a grupos mais tolerantes (p. ex. Chironomus e
cossistemas; 2) a falta de “stress” definida pelas Polypedilum – Diptera, Chironomidae e Tubificidae
características físicas e químicas, ou indicadores – Oligochaeta). Comunidades bentônicas necessi-
biológicos; e 3) a habilidade de um ecossistema em tam de um certo tempo para estabelecer suas popu-
lidar com o “stress” (Holling, 1973). lações, que por sua vez necessitam de condições
Desde o início do século XX tem-se utiliza- ambientais próprias para a sua permanência no
do organismos aquáticos capazes de acumular po- meio. A partir deste ponto, atuam como monitores
luentes em avaliações de qualidade de água. Estes contínuos das condições ecológicas dos rios, indi-
bioacumuladores (“organismos-sentinela”) forne- cando tanto variações recentes quanto as ocorridas
cem uma medida a longo prazo da concentração de no passado, decorrentes do lançamento de efluen-
poluentes, em contraste com a natureza instantânea tes industriais e que tenham afetado a qualidade
de medidas pontuais de parâmetros físicos e quími- das águas (p. ex. contaminação por metais pesados)
cos na água ou na superfície do sedimento (Johnson e a diversidade de habitats (Callisto et al., 2000).
et al., 1993). O monitoramento convencional a partir Norris e Thoms (1999) sugeriram que os efeitos
da avaliação de parâmetros físicos e químicos não é sobre a biota são o ponto final na degradação da
suficiente para inferir sobre a saúde de ecossiste- natureza (p. ex. poluição dos rios) e então podem
mas aquáticos (Karr, 1998). Métodos biológicos têm representar um importante indicador da saúde de
substituído ou complementado estas medidas na ecossistemas.
avaliação das condições de um rio (Karr, 1991; Wri- Para o entendimento dos padrões de orga-
ght, 1995; Resh et al., 1995). nização dos ecossistemas aquáticos torna-se indis-
Existem muitos indicadores biológicos de pensável o desenvolvimento de protocolos de
saúde de ecossistemas aquáticos (Chessman et al., avaliação rápida da biodiversidade (p. ex. aborda-
1999; Harris e Silveira, 1999; Kingsford, 1999) entre gem AQUA-RAP – Conservation International e
os quais, os mais comumente utilizados têm sido os Field Museum, USA) e que possam ser utilizados
macroinvertebrados bentônicos (Resh e Jackson, como ferramenta adequada no manejo e conserva-
1993; Smith et al., 1999; Kay et al., 1999). Resh e ção de ecossistemas naturais. Tais protocolos são de
Jackson (1993) salientam a sensibilidade dos macro- fundamental importância para avaliar a qualidade
invertebrados não só à poluição, mas também às das águas nos seus aspectos físicos, químicos e
mudanças no habitat, sugerindo seu uso como indi- biológicos (Chernoff et al., 1998). Em geral, tem-se
cadores de qualidade de água. O uso dos macroin- observado que águas de boa qualidade apresentam
vertebrados bentônicos como bioindicadores de elevada diversidade de organismos, comparando-
poluição e alteração do meio ambiente deve-se a se a ambientes impactados por atividades antrópi-
vários fatores, tais como: ciclos de vida suficiente- cas (Barbosa e Callisto, 2000).
mente longos (o que favorece a detecção de altera- O enfoque de avaliação rápida da qualida-
ções ambientais em tempo hábil); tamanho de de de habitats tem sido desenvolvido visando uma
corpo relativamente grande e de fácil amostragem; descrição geral da qualidade de um habitat físico
técnicas padronizadas e de custo relativamente (Plafkin et al., 1989). Estas técnicas avaliam qualita-
baixo; alta diversidade de espécies, oferecendo uma tivamente vários atributos dos habitats que são
enorme gama de tolerância e amplo espectro de pontuados ao longo de um gradiente de ótimo a
respostas frente a diferentes níveis de contamina- pobre, utilizando observações visuais com um mí-
ção (Lenat e Barbour, 1994; Alba-Tercedor, 1996). nimo de medidas (Hannaford et al., 1997).

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A avaliação de habitats utilizando protoco- vegetação terrestre adjacente. Cerca de 80% da ve-
los simplificados pode ser um componente de pro- getação é típica de floresta tropical sub-caducifolia,
gramas de monitoramento ou em avaliações inde- formando um dos maiores remanescentes vegeta-
pendentes. É importante que os parâmetros a serem cionais do município de Belo Horizonte.
avaliados sejam de fácil entendimento para profis- O Parque Aggeo Pio Sobrinho tem uma á-
sionais ligados a questões do meio ambiente, em rea de 270.000 m 2, altitude de 970 m, com três nas-
diferentes níveis de treinamento acadêmico (Han- centes, córregos com mata de galeria bem preser-
naford et al., 1997). vada e vegetação tipo campo sujo e campo limpo,
Os objetivos deste trabalho foram avaliar a além de mata atlântica secundária.
diversidade de habitats lóticos em quatro parques
no município de Belo Horizonte em diferentes ní-
Protocolo de avaliação rápida da
veis de preservação de suas características naturais;
diversidade de habitats
avaliar a biodiversidade de macroinvertebrados
bentônicos e utilizá-los como uma ferramenta para
Aqui é proposta uma modificação ao pro-
a avaliação da qualidade/saúde de ecossistemas.
tocolo de avaliação rápida de diversidade de habi-
tats elaborado por Hannaford et al. (1997) com o
MATERIAL E MÉTODOS objetivo de ser utilizado em ecossistemas lóticos em
diferentes níveis de preservação de suas caracterís-
Área de estudos ticas naturais ou sob influência antrópica (Tabe-
la 1). A proposta de Hannaford et al. (1997)
O município de Belo Horizonte localiza-se continha uma escala de 0 a 20 de pontuação para
sobre um planalto a 850 m de altitude, temperatura cada parâmetro de hábitat, dividida em 5 categori-
do ar entre 10 e 25°C e população de cerca de 2,6 as. Aqui, visando uma simplificação metodológica
milhões de habitantes. A cidade possui 11 parques na avaliação em campo, a pontuação foi reduzida,
municipais, tendo sido escolhidos quatro no pre- sem contudo comprometer a avaliação qualitativa
sente estudo (Figura 1). A diversidade de habitats da diversidade de habitats.
foi avaliada nos parques municipais das Mangabei-
ras, Fazenda Lagoa do Nado, Ursulina de Andrade Macroinvertebrados bentônicos
Mello e Aggeo Pio Sobrinho.
O Parque Municipal das Mangabeiras está Mensalmente, cinco amostras de sedimento
localizado na encosta da Serra do Curral, zona sul para o estudo dos macroinvertebrados bentônicos
de Belo Horizonte e limite norte do quadrilátero foram coletadas em trechos de rápidos e remansos
ferrífero. O Parque possui 2,3 milhões de m2, topo- nos substratos formados por folhiço, pedras, detri-
grafia acidentada, altitude entre 1.000 e 1.400 me- tos, lama e cascalho, ao longo dos períodos de seca
tros. A vegetação típica é campo sujo e cerrado, (junho a agosto) e chuvas (setembro a novembro)
com pequenos remanescentes de mata atlântica e, de 1999 no Parque Municipal das Mangabeiras. Foi
nas margens dos córregos, mata ciliar bem preser- utilizado um coletor tipo Surber com rede de 250
vada. Suas águas têm pH próximo ao neutro (6,6 na mm e área de 100 cm 2, e as amostras foram fixadas
seca e 7,98 na chuva), condutividade elétrica de com formol 10%. No laboratório, foram lavadas
160 mS/cm na seca e 80,75 na chuva e razoavelmen- sobre peneiras com abertura de 2.000, 1.000, 500 e
te oxigenadas (6,93 mg/L na seca e 5,73 mg/L na 250 mm. Depois de triados e identificados, segundo
chuva). Pérez (1988) e Merritt & Cummins (1988), os orga-
O Parque Municipal Fazenda Lagoa do nismos foram depositados na coleção de Macroin-
Nado possui área de 300.000 m 2, com declividade vertebrados Bentônicos do ICB, Universidade
inferior a 10% e altitude de 850 m. A parte central é Federal de Minas Gerais segundo metodologia
ocupada pela lagoa que é abastecida por duas nas- proposta por Callisto et al. (1998a).
centes. Foi utilizada a adaptação da metodologia
O Parque Municipal Ursulina de Andrade do BMWP (“Biological Monitoring Working Party
Mello, possui área de 242.000 m 2, com altitude de Score System” da UK Nacional Water Council)
830 a 950 m. Duas nascentes formam pequenos proposta por Junqueira e Campos (1998) para a
riachos com fundo de pedras e folhas caídas da bacia do Rio das Velhas em Minas Gerais. Os gru-

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Macroinvertebrados Bentônicos como Ferramenta para Avaliar a Saúde de Riachos

Figura 1. Mapa do município de Belo Horizonte (MG) com as regiões e a localização dos quatro parques estudados.

pos Notonectidae, Haliplidae, Scirtidae, Ptilodact- resultados fornecem uma boa indicação do nível de
ylidae, Hidracarina e Nematoda foram pontuados preservação das características naturais dos ecossis-
conforme proposto por Alba-Tercedor e Sánchez- temas lóticos (Tabela 3).
Ortega (1998). Os riachos dos parques Mangabeiras e Ag-
Para cada uma das famílias de macroinver- geo Pio Sobrinho são melhor preservados, com
tebrados bentônicos encontradas neste estudo fo- mata ciliar bem desenvolvida, elevada diversidade
ram atribuídos pontos conforme apresentado na de habitats aquáticos, favorecendo a colonização
Tabela 2. por inúmeros macroinvertebrados bentônicos, sem
a ocorrência de canalizações ou retilinização do
RESULTADOS E DISCUSSÃO leito dos córregos.
O Parque Municipal das Mangabeiras foi
Avaliação da diversidade de hábitats nos escolhido por apresentar uma elevada diversidade
quatro parques municipais estudados de habitats (segundo maior) e por oferecer maiores
facilidades para as coletas e melhores condições de
O protocolo proposto foi utilizado em qua- preservação de suas características naturais. Nos
tro parques municipais em Belo Horizonte e os outros três parques estudados, os corpos d’água

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Tabela 1. Protocolo simplificado de avaliação de habitats, modificado de Hannaford et al. (1997).

Parâmetros de Categorias
Habitat Ótimo Sub-ótimo Mediano Pobre
(3 pontos) (2 pontos) (1 ponto) (0 ponto)

1- Tipos de fundos Mais de 50% com habitats 30 a 50% de habitats estáveis, 10 a 30% de habitats estáveis; Menos que 10% de habitats
(peixes) diversificados (pedaços de sem evidência de alteração substratos freqüentemente estáveis; substrato instável
troncos submersos; cascalho) por erosão ou assoreamento. modificados. ou ausente.
e estáveis.

2- Largura dos Rápidos e remansos bem Remansos com a largura Trechos rápidos podem estar Remansos ou rápidos
remansos desenvolvidos; remansos tão igual à do rio, mas com ausentes; remansos não tão inexistentes.
largos quanto o rio e com o comprimento menor que o largos quanto o rio e seu
comprimento igual ao dobro dobro da largura do rio. comprimento menor que o
da largura do rio. dobro da largura do rio.

3- Freqüência de Remansos relativamente Remansos não freqüentes; Remansos ou curvas Geralmente com lâmina
remansos (ou freqüentes; distância entre distância entre remansos ocasionais; habitats formados d’água “lisa” ou com
curvas) remansos dividida pela dividida pela largura do rio pelos contornos do fundo; remansos rasos; pobreza de
largura do rio entre 5 e 7. entre 7 e 15. distância entre remansos habitats; distância entre
dividida pela largura do rio remansos dividida pela
entre 15 e 25. largura do rio maior que 25.

4- Tipos de substrato Seixos abundantes Seixos abundantes; cascalho Fundo formado Fundo pedregoso; seixos
(principalmente em nascentes comum. predominantemente por ausentes.
de rios). cascalho; alguns seixos
presentes.

5- Deposição de lama Entre 0 e 25% do fundo Entre 25 e 50% do fundo Entre 50 e 75% do fundo Mais de 75% do fundo
coberto por lama (silte e coberto por lama. coberto por lama. coberto por lama.
argila).

6- Depósitos Menos de 5% do fundo com Alguma evidência de Deposição moderada de Grandes depósitos de lama,
sedimentares deposição de lama; ausência modificação no fundo, cascalho novo, areia ou lama margens assoreadas; mais
de deposição nos remansos. principalmente aumento de nas margens; entre 30 a 50% de 50% do fundo
Provavelmente, a correnteza cascalho, areia ou lama; 5 a do fundo afetado; deposição modificado; remansos
arrasta todo o material fino. 30% do fundo afetado; suave moderada nos remansos. ausentes.
deposição nos remansos.

7- Alterações no canal Canalização (retificação) ou Alguma canalização Alguma modificação presente Margens cimentadas; acima
do rio dragagem ausente ou presente, normalmente nas duas margens; 40 a 80% de 80% do rio modificado.
mínima; rio com padrão próximo à construção de do rio modificado.
normal. pontes; evidência de
modificações há mais de 20
anos.

8- Características do Fluxo relativamente igual em Lâmina d’água acima de 75% Lâmina d’água entre 25 e 75% Lâmina d’água escassa e
fluxo das águas toda a largura do rio; mínima do canal do rio; ou menos de do canal do rio, e/ou maior presente apenas nos
quantidade de substrato 25% do substrato exposto. parte do substrato nos remansos.
exposta. “rápidos” exposto.

9- Presença de Acima de 90% com vegetação Entre 70 e 90% com Entre 50 e 70% com vegetação Menos de 50% da vegetação
vegetação ripária ripária nativa, incluindo vegetação ripária nativa; ripária nativa; ripária nativa;
(pontuar cada árvores, arbustos ou deflorestamento evidente deflorestamento óbvio; deflorestamento muito
margem macrófitas; mínima evidência mas não afetando o trechos com solo exposto ou acentuado.
separadamente) de deflorestamento; todas as desenvolvimento da vegetação eliminada; menos
plantas atingindo a altura vegetação; maioria das da metade das plantas
“normal”. plantas atingindo a altura atingindo a altura “normal”.
“normal”.

10- Estabilidade das Margens estáveis; evidência Moderadamente estáveis; Moderadamente instável; Instável; muitas áreas com
margens de erosão mínima ou ausente; pequenas áreas de erosão entre 30 e 60% da margem erosão; freqüentes áreas
(pontuar cada pequeno potencial para freqüentes. Entre 5 e 30% da com erosão. Risco elevado de descobertas nas curvas do
margem problemas futuros. Menos de margem com erosão. erosão durante enchentes. rio; erosão óbvia entre 60 e
separadamente) 5% da margem afetada. 100% da margem.

11- Extensão da Largura da vegetação ripária Largura da vegetação ripária Largura da vegetação ripária Largura da vegetação
vegetação ripária maior que 18 m; sem entre 12 e 18 m; mínima entre 6 e 12 m; influência ripária menor que 6 m;
(pontuar cada influência de atividades influência antrópica. antrópica intensa. vegetação restrita ou
margem antrópicas (agropecuária, ausente devido à atividade
separadamente) estradas, etc.). antrópica.

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Macroinvertebrados Bentônicos como Ferramenta para Avaliar a Saúde de Riachos

Tabela 2. Pontuação da metodologia BMWP para os grupos de macroinvertebrados bentônicos encontrados no Parque
Municipal das Mangabeiras (baseado em Junqueira & Campos, 1998 e Alba-Tercedor & Sánchez-Ortega, 1988).

Famílias Pontuação

Helicopsychidae, Odontoceridae, Leptoceridae 10

Leptophlebiidae
8
Calopterygidae, Dixidae

Leptoceridae, Polycentropodidae 7

Coenagrionidae 6

Dugesiidae
Hydropsychidae
Simuliidae 5
Corydalidae
Libellulidae

Elmidae, Haliplidae
Hidracarina
4
Baetidae
Empididae, Tabanidae

Notonectidae
3
Ceratopogonidae, Tipulidae, Culicidae

Chironomidae, Stratiomyidae
2
Nematoda

Oligochaeta (toda a classe) 1

Tabela 3. Resultado da avaliação da diversidade de habitats nos quatro parques municipais estudados.

Parâmetros Parque municipal Parque municipal Ursulina Parque municipal Parque Aggeo
de habitat Fazenda Lagoa do Nado de Andrade Mello das Mangabeiras Pio Sobrinho

1 1 0 1 2
2 1 0 0 2
3 0 0 0 3
4 0 0 0 2
5 0 0 3 3
6 1 0 3 2
7 1 3 3 3
8 2 0 1 1
9* 1 1 3 1
10* 1,5 0 3 0
11* 1,5 1 3 2

Total 10 5 20 21

* Média aritmética entre os resultados obtidos nas duas margens.

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encontram-se já em estágio avançado de degrada- encontrados em riachos de altitude, vivendo em


ção ambiental, muitos dos quais recebem em suas águas de boa qualidade. Ablabesmyia, Labrundinia
águas esgotos domésticos não tratados. e Tanypus, típicos carnívoros, poderiam estar exer-
Nos parques Lagoa do Nado e Ursulina de cendo papel controlador na densidade dos outros
Andrade Mello, os corpos d’água foram seriamente organismos bentônicos, juntamente com ninfas de
alterados, apresentando lâmina d’água “lisa” e com Odonata, consideradas predadoras vorazes de ou-
poucos habitats disponíveis (fundo homogêneo). A tros organismos bentônicos. Chironomus e Polype-
retirada da vegetação ripária nativa comprometeu a dilum distribuem-se com elevadas densidades em
estabilidade das margens, favorecendo a erosão e sedimentos orgânicos, onde observa-se a elimina-
transporte de partículas para o leito dos córregos. ção de vários outros gêneros de Chironomidae
Com isso, em vários trechos observam-se depósitos (Callisto et al., 1998b; 1998c).
de lama (principalmente silte e argila), consequên- No mês de setembro, primeira coleta no pe-
cia do intenso assoreamento daqueles ecossistemas. ríodo de chuvas, houve um aumento nas densida-
Dudgeon (1996) sugere que a eliminação da vegeta- des da maioria dos grupos taxonômicos. Com as
ção ripária acarreta a destruição de locais de acasa- chuvas, pôde-se observar um aumento na vazão do
lamento e ovoposição, reduzindo a fecundidade e riacho em cerca de 20 a 30%, havendo então o car-
sucesso reprodutivo das espécies aquáticas e semi- reamento de material de origem alóctone para o seu
aquáticas (como muitos insetos, anfíbios e peixes). leito. Com o aumento do material carreado, volume
de água, profundidade e largura do riacho, aumen-
tou também o número de habitats disponíveis para
Macroinvertebrados bentônicos como os macroinvertebrados bentônicos. Com isso, hou-
bioindicadores ve o favorecimento de um número maior de orga-
nismos colonizando o sedimento.
De todos os insetos coletados, a ordem Quando a identificação taxonômica ao nível
mais abundante foi Diptera (Chironomidae), segui- específico não for suficiente (ou possível) para a
da por Ceratopogonidae (Diptera), Coleoptera e caracterização das comunidades bentônicas e dos
Trichoptera (Figura 2). Os representantes da ordem principais processos, é necessário levar em conta
Diptera distribuem-se em habitats muito variados, outras unidades ecológicas como as categorias de
sendo encontrados em rios e lagos com diferentes grupos tróficos funcionais (Barbosa e Galdean,
profundidades. Existem representantes em águas 1997). Esta classificação considera o hábito alimen-
limpas como a família Simuliidae ou contaminadas tar dos organismos e a utilização dos recursos trófi-
como Tipulidae e alguns gêneros de Chironomidae. cos disponíveis, independentemente da identifica-
Pertencem ao grupo trófico dos raspadores (alimen- ção das espécies (Callisto et al., 2001). A utilização
tam-se de biofilme sobre pedras com algas e bacté- de índices como o BMWP considerando as famílias
rias), coletores e coletores filtradores (alimentam-se dos insetos aquáticos (segundo Junqueira e Cam-
de matéria orgânica particulada fina menor que pos, 1998 e Alba-Tercedor e Sanchez-Ortega, 1988)
1,00 mm). A diversidade genérica dos Chironomi- encontrados no Parque Municipal das Mangabeiras
dae representa uma importante ferramenta em permitiu a caracterização de suas águas nas classes
programas de biomonitoramento em bacias sob II (boa qualidade de água) e III (qualidade de água
forte pressão de atividades antrópicas (Marques et satisfatória) (Tabela 4) ao longo do período de es-
al., 1999). tudo.
Foram identificados 13 gêneros de Chiro- A maioria das ninfas de Trichoptera (Insec-
nomidae, listados a seguir, em ordem decrescente ta) vivem em águas correntes, limpas e bem oxige-
de abundância nas amostras: Nimbocera, Abla- nadas, debaixo de pedras, troncos e materiais
besmyia, Labrundinia, Corynoneura, Rheotanytar- vegetais. Algumas espécies vivem em remansos.
sus, Thienemanniella, Cricotopus, Tanypus, Em geral indicam águas oligotróficas. Pertencem
Stenochironomus, Chironomus, Orthocladius, aos grupos tróficos dos coletores (alimentam-se de
Cryptochironomus e Polypedilum. A presença de matéria orgânica particulada fina, menor que
Stenochironomus está relacionada à presença de 1,00 mm), carnívoros (alimentam-se de pedaços ou
folhiço no leito do rio, oriundo da vegetação terres- presas inteiras) ou fragmentadores (macrodecom-
tre adjacente. Nimbocera, Corynoneura, Rheotany- positores de matéria orgânica grossa, maior que
tarsus, Cricotopus e Orthocladius normalmente são 1,00 mm). Em geral, estudos de monitoramento

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Macroinvertebrados Bentônicos como Ferramenta para Avaliar a Saúde de Riachos

A B
20000 30000

15000
20000

10000

10000
5000

0 0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 2 3 4 5 6 7 8 9

C D
30000 40000

30000
20000

20000

10000
10000

0 0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 2 3 4 5 6 7 8 9

E F
30000
4000

3000
20000

2000

10000
1000

0 0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 2 3 4 5 6 7 8 9

(1) Chironomidae, (2) Simuliidae, (3) Tipulidae, (4) Ceratopogonidae, (5) Trichoptera,
(6) Ephemeroptera, (7) Coleoptera, (8) Odonata, (9) Oligochaeta, (A) junho, (B) julho,
(C) agosto, (D) setembro, (E) outubro, (F) novembro.

Figura 2. Variação mensal (junho a novembro de 1999) das densidades (ind/m2) dos organismos macrobentônicos
mais abundantes (média e desvio padrão), coletados no córrego estudado no Parque Municipal das Mangabeiras.

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Tabela 4. Resultados da utilização do índice BMWP CONCLUSÕES


para avaliação de qualidade de água utilizando as
famílias de insetos aquáticos encontradas no Parque
O estudo da comunidade de macroinverte-
Municipal das Mangabeiras (segundo Alba-Tercedor &
Sánchez-Ortega, 1988 e Junqueira & Campos, 1998). brados bentônicos evidenciou o seu papel como
bioindicadores da saúde de ecossistemas aquáticos
no Parque Municipal das Mangabeiras. Segundo
Meses de Pontuação Classes de Qualidade Harris e Silveira (1999), o estudo de um bioindica-
coleta água de água dor deve ser baseado em fundamentos ecológicos
(utilizando a abordagem ecossistêmica e holística),
Junho 74 II Boa
eficiente e de baixo custo (considerando-se as limi-
Julho 82 II Boa
tações financeiras para o desenvolvimento de pes-
Agosto 85 II Boa quisas científicas) e rápido (as amostras dever ser
Setembro 75 II Boa processadas rapidamente). A escolha de um dado
Outubro 60 III Satisfatória grupo taxonômico deve também ser baseada em
Novembro 41 III Satisfatória informações sobre alterações ambientais que pos-
sam alterar o seu valor ecológico como bioindica-
biológico têm utilizado a abundância deste grupo, dor (Callisto et al., 1998b).
junto com Plecoptera e Ephemeroptera, como indi- A discussão aqui apresentada é somente
cadores de águas de boa qualidade (Galdean et al., uma parte do que deve (ou pode) ser considerado
2000; Barbosa et al., 2000). No entanto, deve-se ob- na abordagem de saúde de ecossistemas. Necessa-
servar que o papel destas três ordens de insetos riamente holística, é um exercício interdisciplinar,
aquáticos como bioindicadoras de qualidade de envolvendo as ciências ambientais (particularmente
água deve-se não somente à sua presença em um a ecologia), ética, política pública, e as ciências da
ambiente lótico, mas principalmente à sua abun- saúde. Por definição, saúde de ecossistemas não
dância na estrutura das comunidades macrobentô- deve ser entendida apenas como a integridade bió-
nicas e contribuição à diversidade de espécies. tica (Karr, 1999) ou qualidade de habitat (Fairwea-
Os Ephemeroptera vivem desde em riachos ther, 1999).
de altitude, com águas limpas e bem oxigenadas, Devido ao aumento expressivo da abun-
até em lagoas temporárias, com temperaturas rela- dância de organismos que vivem em águas de má
tivamente elevadas e baixos teores de oxigênio. qualidade, como alguns Ceratopogonidae, Oligo-
Algumas espécies podem viver, e até mesmo se chaeta e alguns gêneros de Chironomidae e baixa
beneficiar, da poluição causada por esgotos domés- diversidade/densidade de Ephemeroptera pode-se
ticos aumentando sua densidade, enquanto outras dizer que houve uma degradação da qualidade da
espécies, restritas a águas de ótima qualidade, li- água do córrego estudado no início do período de
vres de qualquer influência antrópica, são rapida- chuvas. Constata-se assim, que pode ter ocorrido
mente eliminadas. Recentemente seu potencial uma diminuição na saúde do ecossistema estudado
como indicadoras de poluição e mudanças ambien- a partir do mês de setembro de 1999. Para confir-
tais tem atraído crescente atenção. As ninfas vivem mar esta hipótese, seria necessário um aprofunda-
normalmente aderidas a rochas, troncos ou na ve- mento do estudo, ao longo de um programa de
getação submersa. Pertencem ao grupo trófico dos monitoramento biológico a longo prazo, visando
coletores e raspadores. Foram encontrados três avaliar o nível de degradação ambiental e buscando
gêneros de Ephemeroptera com baixas densidades: as suas causas (naturais ou antrópicas).
Farrodes (Leptophlebiidae), Americabaetis e um ou- Existem vários possíveis indicadores de sa-
tro gênero não identificado (Baetidae). Reconheci- úde de ecossistemas, incluindo medidas de estrutu-
damente, as ninfas da família Baetidae apresentam ra e função considerando os componentes bióticos e
alto grau de tolerância, vivendo em águas das clas- físicos (Norris e Thoms, 1999). No Parque Munici-
ses 3 e 4, segundo a resolução 020/86 do pal das Mangabeiras, os macroinvertebrados ben-
CONAMA. Os resultados obtidos quanto à compo- tônicos mostraram-se eficientes indicadores
sição taxonômica e abundância dos organismos biológicos do nível de preservação dos recursos
encontrados, aliados à pontuação obtida pelo índice naturais na Unidade de Conservação (UC). O nível
BMWP, evidenciam que o ambiente aquático estu- de preservação dos recursos hídricos é diretamente
dado já apresenta sinais de degradação ambiental. relacionado à saúde dos ecossistemas. Os resulta-

79
Macroinvertebrados Bentônicos como Ferramenta para Avaliar a Saúde de Riachos

dos obtidos ao longo das coletas nos períodos de bolsa do Programa PAD da Pró-reitoria de Gradua-
chuvas e seca representam uma avaliação instantâ- ção/UFMG.
nea em escala temporal, devendo ser a base para a
proposição de um programa de monitoramento a
REFERÊNCIAS
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A avaliação da diversidade de macroinver- ALBA-TERCEDOR, J. (1996). Macroinvertebrados
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biológica de las aguas corrientes basado en el de Hellawell
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nos Parques Municipais de Belo Horizonte estas
ALLAN, J. D. (1995). Stream ecology: structure and function
informações deverão ser complementadas com of running waters. Chapman & Hall, New York,
avaliações sobre a fonte de energia, padrão de va- p. 388.
zão dos rios e interações bióticas, conforme sugeri- BARBOSA, F. A. R. & CALLISTO, M. (2000). Rapid
do por Karr (1998). assessment of water quality and diversity of benthic
A avaliação da diversidade de habitats nos macroinvertebrates in the upper and middle
riachos nos Parques Municipais de Belo Horizonte Paraguay river using the Aqua-RAP approach.
Verh. Internat. Verein. Limnol. 27 (in press).
foi uma eficiente ferramenta ecológica, consideran-
BARBOSA, F. A. R.; CALLISTO, M. & GALDEAN, N.
do-se o papel dos ambientes como “sentinelas”. (2000). The diversity of benthic macroinvertebrates
Sioli (1985) destacou que os ambientes lóticos fun- as an indicators of water quality and ecosystem
cionam como o sistema circulatório dos continen- health: a case study for Brazil. Aquatic Ecosystem
tes, e o seu estudo, assim como um exame de Health & Management (in press).
sangue, pode diagnosticar a saúde dos ambientes BARBOSA, F. A. R. & GALDEAN, N. (1997). Biological
aquáticos e de toda a bacia hidrográfica. A utiliza- taxonomy: a basic tool for biodiversity conservation.
ção do protocolo simplificado de caracterização da TREE. 12 (9): 359-360.
diversidade de habitats foi útil para constatar que CALLISTO, M.; BARBOSA, F. A. R. & VIANNA, J. A.
(1998a). Qual a importância de uma coleção
apesar do estabelecimento de UC municipais, as
científica de organismos aquáticos em um projeto
condições ecológicas dos recursos hídricos não é de biodiversidade? Anais do IV Simpósio de
satisfatória. Ecossistemas Brasileiros 2: 432-439.
Com base nestes resultados, é importante CALLISTO, M.; ESTEVES, F. A.; GONÇALVES, J. F. Jr. &
que o governo municipal, os diretores destas UC e FONSECA, J. J. L. (1998b). Benthic macroinvertebrates
a sociedade como um todo, aumentem os esforços as indicators of ecological fragility of small rivers
no sentido de melhorar as condições de preserva- (“iguarapés”) in a bauxite mining region of Brazilian
Amazonia. Amazoniana 15 (1/2): 1-9.
ção dos recursos naturais em áreas urbanas, bus-
CALLISTO, M.; ESTEVES, F. A.; GONÇALVES, J. F. Jr. &
cando a implementação de medidas capazes de LEAL, J. J. F. (1998c). Impact of bauxite tailing on
reverter o processo de degradação ambiental já the distribution of benthic macrofauna in a small
bastante acentuado em algumas destas áreas. river (“igarapé”) in Central Amazonia, Brazil.
Journal of the Kansas Entomological Society 71 (4):
447-455.
AGRADECIMENTOS CALLISTO, M.; MARQUES, M. M. & BARBOSA, F. A. R.
(2000). Deformities in larval Chironomus (Diptera,
Os autores são especialmente gratos ao apoio da Chironomidae) from the Piracicaba river, southeast
direção dos parques municipais estudados e espe- Brazil. Ver. Internat. Verein. Limnol. 27 (in press).
cialmente ao Setor de Relações Públicas do Parque CALLISTO, M.; MORENO, P. & BARBOSA, F. A. R.
(2001). Habitat diversity and benthic functional
Municipal das Mangabeiras pelas facilidades du-
trophic groups at Serra do Cipó, Southeast Brazil.
rante as coletas. À Dra. Nathalie Rahaingomanana
Rev. Brasil. Biol. 61 (2): (in press)
e ao MSc. Maurício Mello Petrúcio (Lab. Limnolo- CHERNOFF, B.; ALLONSO, A. & HORTEGA, H. (1998).
gia/UFMG), pelos comentários ao manuscrito. Esta Aqua-rap protocol. Field Museum, Chicago and
pesquisa foi financiada pela Pró-reitoria de Pesqui- Conservation Intrenational – Washington D. C.,
sas/UFMG, CNPq e FAPEMIG, e contou com uma p. 57.

80
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Macroinvertebrados Bentônicos como Ferramenta para Avaliar a Saúde de Riachos

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ABSTRACT
for predicting macroinvertebrates in flowing
waters. Australian Journal of Ecology 20: 181-197. The objectives of this study were to evaluate the
diversity of lotic habitats in four parks in the municipal-
ity of Belo Horizonte with different levels of conservation
of their natural characteristics; and, based on the biodi-
versity of benthic macroinvertebrates in one of the parks,
to use them as a tool to evaluate the quality/health of
freshwater ecosystems. Monthly, 5 sediment samples
were collected during the dry period (June to August)
and rainy period (September to November) of 1999. A
Surber grab with 250 mm mesh and an area of 100 cm 2
was used and the samples were fixed using a formalde-
hyde solution 10%. A simplified protocol is proposed to
evaluate the diversity of habitats. modified by Hannaford
et al. (1997). The aquatic organisms found were Chi-
ronomidae, Simuliidae, Tipulidae and Ceratopogonidae
(Diptera), Trichoptera, Ephemeroptera, Coleoptera,
Odonata, Oligochaeta and Plecoptera. The results ob-
tained were useful to corroborate the role of the benthic
macroinvertebrates as bioindicators for the quality/health
of aquatic ecosystems.
Key-words: macroinvertebrates; rivers; quality.

82

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