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Agroecologia e

Sustentabilidade
Um Desenvolvimento Rural Sustentável para
o Bem do Meio Ambiente e da Sociedade,
Integrado a uma
ECOnomia Inclusiva e Solidária

Programa de Pós-Graduação Tecnologia para o


Desenvolvimento Social - Mestrado Profissional
Introdução a Agroecologia
Alan Hanssen – DRE: 122099709
Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável

Agenda 2030 2
1.4 Até 2030, garantir que todos os homens e mulheres, particularmente os pobres e
vulneráveis, tenham direitos iguais aos recursos econômicos, bem como o acesso a serviços
básicos, propriedade e controle sobre a terra e outras formas de propriedade, herança, recursos
naturais, novas tecnologias apropriadas e serviços financeiros, incluindo microfinanças Objetivos para o
Desenvolvimento
3 Até 2030, dobrar a produtividade agrícola e a renda dos pequenos produtores de alimentos,
particularmente das mulheres, povos indígenas, agricultores familiares, pastores e pescadores,
inclusive por meio de acesso seguro e igual à terra, outros recursos produtivos e insumos,
conhecimento, serviços financeiros, mercados e oportunidades de agregação de valor e de

Sustentável
emprego não agrícola

3.9 Até 2030, reduzir substancialmente o número de mortes e doenças por produtos químicos
perigosos, contaminação e poluição do ar e água do solo

4.7 Até 2030, garantir que todos os alunos adquiram conhecimentos e habilidades necessárias
para promover o desenvolvimento sustentável, inclusive, entre outros, por meio da educação
para o desenvolvimento sustentável e estilos de vida sustentáveis, direitos humanos, igualdade
de gênero, promoção de uma cultura de paz e não violência, cidadania global e valorização da
diversidade cultural e da contribuição da cultura para o desenvolvimento sustentável

5.a Realizar reformas para dar às mulheres direitos iguais aos recursos econômicos, bem como
o acesso a propriedade e controle sobre a terra e outras formas de propriedade, serviços
financeiros, herança e os recursos naturais, de acordo com as leis nacionais
ONU FAO
Organização das Organização para
6.3 Até 2030, melhorar a qualidade da água, reduzindo a poluição, eliminando despejo e
Nações Unidas Alimentação e a Agricultura
minimizando a liberação de produtos químicos e materiais perigosos, reduzindo à metade a
proporção de águas residuais não tratadas e aumentando substancialmente a reciclagem e
reutilização segura globalmente Aquele que atenda às necessidades das
gerações presentes sem comprometer a
12.4 Até 2020, alcançar o manejo ambientalmente saudável dos produtos químicos e todos os
resíduos, ao longo de todo o ciclo de vida destes, de acordo com os marcos internacionais capacidade das gerações futuras de suprirem
acordados, e reduzir significativamente a liberação destes para o ar, água e solo, para suas próprias necessidades.
minimizar seus impactos negativos sobre a saúde humana e o meio ambiente RELATÓRIO BRUNDTLAND (TRADUÇÃO: NOSSO FUTURO COMUM)

A Agroecologia engloba, integralmente, todas as metas propostas no ODS15:

Agenda 2030
Objetivo 15. Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres,
gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a
degradação da terra e deter a perda de biodiversidade 3
Medidas para Promover o
Desenvolvimento Sustentável
Em âmbito internacional (global), as metas propostas são:
• adoção da estratégia de desenvolvimento sustentável pelas
Em âmbito Local (nacional), as metas propostas são: organizações de desenvolvimento (órgãos e instituições
• limitação do crescimento populacional; internacionais de financiamento);
• garantia de recursos básicos (água, alimentos, • proteção dos ecossistemas supra-nacionais como a Antártica,
energia) a longo prazo; oceanos, etc, pela comunidade internacional;
• preservação da biodiversidade e dos ecossistemas; • banimento das guerras;
• diminuição do consumo de energia e • implantação de um programa de desenvolvimento sustentável
desenvolvimento de tecnologias com uso de fontes pela Organização das Nações Unidas (ONU).
energéticas renováveis;
• aumento da produção industrial nos países não- Medidas para implantação de programa minimamente adequado:
industrializados com base em tecnologias • uso de novos materiais na construção;
ecologicamente adaptadas; • reestruturação da distribuição de zonas residenciais e industriais;
• controle da urbanização desordenada e integração • aproveitamento e consumo de fontes alternativas de energia,
entre campo e cidades menores; como a solar, a eólica e a geotérmica;
• atendimento das necessidades básicas (saúde, • reciclagem de materiais reaproveitáveis;
escola, moradia). • consumo racional de água e de alimentos;
• redução do uso de produtos químicos prejudiciais à saúde na
produção de alimentos. 4
Conferência das Nações Carta da Terra – Ecopedagogia Agroecologia
Unidas sobre Meio Ambiente Propõe um “projeto alternativo É uma campo de conhecimento, de
e Desenvolvimento global onde a preocupação não natureza multidisciplinar, para a
Cúpula da Terra de 1992 está apenas na preservação da construção de estilos de agricultura de
Eco-92 ou Rio-92 natureza (Ecologia Natural) ou no base ecológica e na elaboração de
impacto das sociedades humanas estratégias de desenvolvimento rural,
Com a proposta de dar fim da
pobreza no mundo, foi criado sobre os ambientes naturais no qual reúne os ideais da
o termo Desenvolvimento (Ecologia Social), mas num novo sustentabilidade numa perspectiva
Sustentável, no qual busca o modelo de civilização sustentável multidimensional de longo prazo. Sua
equilíbrio entre proteção do ponto de vista ecológico base está no desenvolvimento do
ambiental e desenvolvimento (Ecologia Integral) que implica trabalho a partir da interação humano-
econômico . uma mudança nas estruturas natureza, na qual integra: ação social
Três pilares interdependentes econômicas, sociais e culturais. coletiva de caráter participativo; entre o
e mutuamente sustentadores (...) Entendida dessa forma, a saber local e o conhecimento científico.
ecopedagogia é uma nova Desta forma, busca a implementação de
1) Desenvolvimento
Econômico; pedagogia dos direitos que sistemas de agricultura alternativa com
associa os direitos dos humanos base na biodiversidade ecológica e na
2) Desenvolvimento Social; aos direitos da Terra. diversidade sociocultural.
3) Proteção Ambiental. (Gadotti / 2001) (Caporal e Costabeber / Altieri)
Dimensões da Sustentabilidade - Cinco Axiomas
PRIMEIRO AXIOMA
• Qualquer sociedade que use continuamente recursos críticos
de modo insustentável, entrará em colapso.
Ø Exceção: uma sociedade pode evitar o colapso encontrando QUARTO AXIOMA
recursos de substituição. • Para ser sustentável, o uso de recursos não renováveis tem de
Ø Limite à exceção: num mundo finito, o número de possíveis evoluir a uma taxa em declínio, e a taxa em declínio deve ser
substituições é também finito. maior ou igual à taxa de esgotamento.
SEGUNDO AXIOMA Ø Taxa de esgotamento = quantidade extraída / quantidade
• O crescimento populacional e/ou o crescimento das taxas de ainda por extrair.
consumo dos recursos não é sustentável (Axioma de Bartlett). Ø Nenhuma continuada taxa de consumo de qualquer recurso
Ø Uma conta simples mostra que, mesmo a pequenas taxas de não-renovável é sustentável.
crescimento continuado, a população e/ou o consumo QUINTO AXIOMA
podem se tornar absurdamente grandes ou insustentáveis. • A sustentabilidade requer que as substâncias introduzidas no
TERCEIRO AXIOMA ambiente pela atividade humana sejam minimizadas e tornadas
• Para ser sustentável, o uso dos recursos renováveis deve seguir inofensivas para as funções da biosfera.
uma taxa que deverá ser inferior ou igual à taxa de reposição. Ø É possível que a sociedade gere poluição grave e provoque
Ø Os recursos “renováveis” são esgotáveis. enormes desperdícios biológicos.
Ø Este axioma é a base da “silvicultura de rendimento
contínuo”
6
S
U
Na agroecológica
S A Sustentabilidade A
está incluída a
T deve ser tratada e G
compreensão de que
E implementada R
a sustentabilidade
N prioritariamente O
não é algo estático
T na perspectiva da E
ou fechado em si
ECOLOGIA, a qual
A mesmo, mas, sim, C
está relacionada à
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capacidade do
I de busca permanente L
agroecossistema
L de estratégias de O
em manter-se
I desenvolvimento que G
socioambientalme
D qualifiquem a ação e I
nte produtivo ao
a interação humana
A longo do tempo. A
nos ecossistemas.
D
E 7
No topo da pirâmide, a qual
adquire tamanha importância,
pois se compromete e assume o
compromisso com o outro e

Pirâmide das Multidimensões


com o planeta, e que deve ser a
orientadora de todas as demais
dimensões, as influencia
diretamente.

A partir da perspectiva da Essas dimensões fundamentais


sustentabilidade a partir da para o avanço na perspectiva
Agroecologia, três categorias da sustentabilidade na
são consideradas a base de agricultura e devem estar
sustentação da Agroecologia e estritamente conectadas com
da busca constante pela essas dimensões de base.
sustentabilidade na agricultura.

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Ø conservação e melhoria das condições físicas, químicas
e biológicas do solo;
DIMENSÃO ECOLÓGICA Ø utilização e reciclagem de nutrientes;
Está relacionada, sobretudo, com todo o processo de produção Ø incremento da biodiversidade e da valorização da
agrícola e a maneira como interagimos com a natureza. A vida AGROBIODIVERSIDADE CRIOULA;
no planeta está sustentada por um amplo conjunto de Ø redução do uso de recursos naturais não renováveis;
interações dos ecossistemas, e manter e recuperá-lo, é uma Ø proteção dos mananciais e da qualidade da água;
das prioridades para a sustentabilidade nos agroecossistemas. Ø redução das contaminações por agrotóxicos;
Não se trata, assim, apenas de ações para a preservação e/ou Ø preservação e recuperação da paisagem natural.
melhoria das condições químicas, físicas e biológicas do solo
(aspecto da maior relevância no enfoque agroecológico), mas
também a manutenção e/ou melhoria da biodiversidade, das
reservas e mananciais hídricos, assim como dos recursos
naturais em geral.

É importante que essa preocupação extrapole os limites da


unidade de produção, já que os recursos naturais não se
limitam às porteiras ou as cercas criadas pelas pessoas. (...) Isso
porque outros fatores ambientais e também sociais, culturais,
econômicos e políticos, influenciam e determinam (...) um
sistema muito mais complexo e que transcende os limites da
unidade de produção individual.
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DIMENSÃO SOCIAL
Está relacionada com a busca contínua por melhores
condições de qualidade de vida, mediante melhores condições
de sobrevivência e, sobretudo no mundo rural, pela produção e
consumo de alimentos ecológicos. Esses alimentos, além de Ø produção de subsistência (quali-quantitativa) nas
possuírem melhores qualidades nutricionais e sabor comunidades rurais;
diferenciado, também são mais seguros, do ponto de vista Ø auto-abastecimento de alimentos a níveis local e
biológico, já que possuem menores (ou nenhuma) quantidade regional;
de produtos químicos na sua produção, beneficiamento e Ø qualidade de vida da população rural (BEM-ESTAR
armazenamento. PSICOLÓGICO, VITALIDADE COMUNITÁRIA, MEIO AMBIENTE, SAÚDE,
EDUCAÇÃO, GOVERNANÇA, USO DO TEMPO, CULTURA, PADRÃO DE
VIDA);
Ø acesso à educação de qualidade e para todos;
Ø acesso a serviços de saúde;
Ø acesso à previdência social para todos;
Ø formas de aumentar a autoestima das famílias rurais;
Ø adesão a formas de ação coletiva baseadas em
processos participativos;
Ø acesso a atividades esportivas e de entretenimento;
Ø acesso aos meios de comunicação.

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Assim, não se trata somente de buscar aumentos de
DIMENSÃO ECONÔMICA produção e produtividade de cultivos e criações a qualquer
Está relacionada ao balanço entre ganhos e perdas econômica custo, pois eles podem ocasionar reduções de renda e
no processo produtivo, mas também a todas as estratégias dependências crescentes em relação a fatores externos,
que os agricultores encontram para se inserir no mercado, seja além de danos ambientais que podem resultar em perdas
local, regional ou global. Caporal e Costabeber (2012) relatam econômicas no curto ou médio prazos. Tem-se assim, a
a importância dos resultados econômicos como um dos ECONOMIA ECOLÓGICA, uma nova forma de pensar os
elementos-chave para fortalecer estratégias de ganhos econômicos de um dado agroecossistema, sem
Desenvolvimento Rural Sustentável. comprometer a sustentabilidade dos recursos naturais, que
são fundamentais para as gerações futuras, o que põe em
evidência a estreita relação entre a dimensão econômica e
a dimensão ecológica.

Ø melhoria da renda familiar através da comercialização


dos produtos em diversificados e estáveis canais de
comercialização;
Ø estabilidade na produção e produtividade;
Ø redução das externalidades negativas;
Ø redução nos gastos com energia não renovável e
insumos externos;
Ø ativação da economia local e regional, principalmente as
formas de trocas e economia solidária;
Ø agregação de valor à produção primária;
Ø presença de estratégias de pluriatividade. 11
Ø Correspondência das técnicas agrícolas com a cultura
DIMENSÃO CULTURAL local;
Ø Incorporação do conhecimento local nas formas de
A cultura é então vista como algo intrínseco ao ser humano,
tendo vista que é um ser social. Não existe ser humano sem manejo;
Ø Resgate e aplicação dos saberes locais sobre a
cultura, e todos eles são capazes de aprender qualquer cultura,
biodiversidade e o manejo das sementes crioulas;
não importando sua raça ou origem. Não existe cultura
superior à outra, nem mais desenvolvida, nem mais lógica. Ø Resgate e respeito aos hábitos culturais que tenham
relação como etapas de processos produtivos;
Todas elas possuem seus princípios válidos para seus
respectivos indivíduos. Ø Observação de elementos culturais determinantes da
diversificação da produção e sua relação com segurança
alimentar;
Na dinâmica dos processos de manejo de agroecossistemas –
dentro da perspectiva da Agroecologia – deve-se considerar a Ø valores culturais e sua relação com o
calendário de trabalho agrícola.
necessidade de que as intervenções sejam respeitosas para
com a cultura local. Os SABERES, os CONHECIMENTOS e os
VALORES LOCAIS das POPULAÇÕES RURAIS precisam ser
analisados, compreendidos e utilizados como ponto de
partida nos processos de desenvolvimento rural que, por sua
vez, devem espelhar a “IDENTIDADE CULTURAL” das pessoas que
vivem e trabalham em um dado agroecossistema.

Os sistemas naturais coevoluem com os sistemas sociais,


sendo estes divididos em um conjunto de subsistemas de
conhecimento, valores, tecnologias e organizações.
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DIMENSÃO POLÍTICA
Tem a ver com os processos participativos e democráticos que
se desenvolvem no contexto da produção agrícola e do
desenvolvimento rural, assim como com as redes de
organização social e de representações dos diversos
segmentos da população rural. (...) A dimensão Política diz
respeito, pois, aos métodos e estratégias participativas
capazes de assegurar o resgate da autoestima e o pleno
exercício da cidadania.

Ø presença de formas associativas e de ação coletiva;


Ø ambiente de relações sociais adequado à participação
(ENCONTRE UM ESPAÇO, CONVERSE COM AS PESSOAS, ENTENDA
PORQUE, USE MAPAS, MÃO NA MASSA, CUIDE DA SUA HORTA, DÊ
TEMPO AO TEMPO, ESCREVA O QUE VOCÊ FEZ, CELEBRE A
ABUNDÂNCIA, DIVIRTA-SE);
Ø existência de espaços próprios à construção coletiva de
alternativas de desenvolvimento;
Ø marco institucional favorável à intervenção e
participação dos atores sociais locais;
Ø existência de representação local em defesa de seus
interesses no âmbito da sociedade maior. 13
DIMENSÃO ÉTICA
Está relacionada, sobretudo, à solidariedade das pessoas com Ø busca de segurança alimentar e nutricional que inclui a
seus familiares, comunidades e até mesmo com pessoas e necessidade de alimentos limpos e saudáveis para
comunidades desconhecidas e a responsabilidade dos todos;
indivíduos com os recursos naturais e a paisagem, ou o Ø a solidariedade e responsabilidade dos agricultores em
ecossistema em si, quando se estabelece uma relação de produzir alimentos ecológicos, sem o uso de substâncias
preservação e conservação para com eles. Assim, requer o químicas que possam vir a trazer algum dano à saúde
fortalecimento de princípios e valores que expressem a dos consumidores;
solidariedade entre as gerações atuais e entre as atuais e Ø direito ao acesso equânime aos recursos naturais, à terra
futuras gerações. para o trabalho e a todos os bens necessários para uma
vida digna.
Ø rever a posição do homem apenas como força de
trabalho e consumidor alienado.
Ø necessidade de redução do sobre-consumo e do
desperdício dos alimentos
Ø repensar a abundante produção de lixo e de todo o tipo
de contaminação ambiental gerado pelo seu estilo de
vida ocidental.
Ø garantia da dignidade humana, através da luta contra a
miséria e a fome ou a eliminação da pobreza e suas
consequências sobre o meio ambiente.

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Enfoque Agroecológico

Corresponde à aplicação interativa de conceitos e princípios da


Ecologia, da Agronomia, da Sociologia, da Antropologia, da
Comunicação, da Economia Ecológica e de outras áreas do
conhecimento científico, no redesenho e remanejo de
agroecossistemas que sejam sustentáveis ao longo do tempo,
configurando-se como um campo de conhecimento híbrido,
para apoiar o processo de Desenvolvimento Rural Sustentável. 15
O delineamento de modelos agrícolas alternativos de
natureza ecológica constitui o meio através do qual se
pretende gerar esquemas de desenvolvimento sustentável,
utilizando como elemento central o conhecimento local e as
marcas que esse processo deixa ao longo da história nos
agroecossistemas, mediante arranjos e soluções
tecnológicas específicas de cada lugar.

O Processo dos Modelos Agrícolas Alternativos 16


A Sustentabilidade intervém em contextos gerados pela
articulação de um conjunto de elementos que permitem
manter, no tempo, os mecanismos sociais e ecológicos de
reprodução de determinado agroecossistema. A ideia de
sustentabilidade implica fatores como:
v a ruptura com as formas de dependência que põem em risco
os mecanismos de reprodução, sejam elas de natureza
ecológica, socioeconômica ou política, representada pela luta
por autonomia;
v a valorização, a regeneração ou a criação do saber local,
inserido no conceito de construção do conhecimento
agroecológico, a ser utilizado como elemento de criatividade
para melhorar o nível de vida da população, definida com
base em sua própria identidade local;
v o estabelecimento de circuitos curtos para o consumo de
mercadorias, que propiciem uma melhoria da qualidade de
vida da população local e uma expansão espacial
significativa, segundo acordos participativos por ela
conseguidos através de sua forma de ação social;
v a valorização da biodiversidade, tanto biológica quanto
sociocultural. 17
Modelos de Produção de
Base Agroecológica
Os ecossistemas hoje conhecidos são
resultado do processo evolutivo
Para avaliar a importância da mudança
concomitante entre os organismos vivos e o
para modelos de produção de base
ambiente abiótico, que se mantém de
agroecológica, como resposta ao
acordo com as interações de ciclos
esgotamento do padrão convencional de
biogeoquímicos, tais como o ciclo do
agricultura, [é fundamental compreender],
carbono, o ciclo da água e o ciclo do
como funcionam as interações bióticas e
nitrogênio.
abióticas dentro de um ecossistema.
Segundo Purves et al. (2002), as dinâmicas Para a agroecologia, a agricultura é um
de ecossistemas resultam das atividades sistema vivo e complexo inserido na
de uma grande quantidade de organismos, natureza, rica em diversidade, dotada de
que sofrem efeitos das mudanças no múltiplos tipos de plantas, animais, micro-
ambiente físico. A interação entre organismos e minerais e de infinitas formas
indivíduos de espécies distintas se dá pela de relação entre estes e outros habitantes
absorção de energia e de materiais, do planeta Terra. (...) De acordo com Altieri
convertendo-os ou retendo-os, mas, de e Toledo (2011), a produção agroecológica
qualquer forma, transferindo-os para tem que ser vista como um todo, levando
outros organismos. em conta os ciclos sazonais de produção, a
biodiversidade e os aspectos sociais e
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culturais de cada região.
A Sabedoria
Popular Tradicional
Na agroecologia se faz necessária conexão entre os diferentes saberes, não só no que diz respeito às diferentes áreas
do conhecimento científico, como também em relação à valorização dos saberes tradicionais, às suas interfaces e às
suas contribuições para o conhecimento acadêmico. Assim, valoriza os conhecimentos e técnicas desenvolvidas pelos
agricultores e os seus processos de inovações para a agricultura. Por esse motivo, se dá a importância da participação
das comunidades locais, das pesquisas realizadas pelos agricultores e das diferentes formas de troca de
conhecimentos entre agricultores.

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Agroecologia &
Educação Ambiental

Conforme propõem Crivellaro et al. (2008), não se pode deixar


de discutir a educação ambiental quando se fala em
agroecologia, pois ambas procedem da implantação de
mudanças e da adoção de novos estilos de vida capazes de
trazer melhor qualidade de vida, conservação da
biodiversidade e geração de trabalho, em um sistema
econômico mais justo.

A educação ambiental tem sido vista como instrumento


fundamental para se moldar uma nova forma de ver e de sentir
o mundo ao nosso redor, pois insere elementos integradores
nos sistemas educativos dentro da sociedade, para fazer com
que as comunidades se conscientizem do fenômeno do
desenvolvimento sustentável e de seus efeitos ambientais.
Nesse contexto, importa ressaltar que a educação ambiental
não constitui um campo do saber neutro.
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