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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO - UFRJ

CENTRO DE TECNOLOGIA
NÚCLEO INTERDISCIPLINAR PARA O DESENVOLVIMENTO SOCIAL
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
TECNOLOGIA PARA O DESENVOLVIMENTO SOCIAL
MESTRADO PROFISSIONAL EM TECNOLOGIA PARA O
DESENVOLVIMENTO SOCIAL

Introdução a Agroecologia

Resenha do texto:
A TRANSIÇÃO PÓS-INDUSTRIAL NA AGRICULTURA BRASILEIRA COM A
APLICAÇÃO DA AGROECOLOGIA. GRANGEAT, CLAIRE - TCC DE GRADUAÇÃO EM
ENGENHARIA AMBIENTAL NA UFRJ, 2019.

ALAN SOUZA HANSSEN


DRE: 122099709

AGOSTO DE 2202
Resenha do texto:
A TRANSIÇÃO PÓS-INDUSTRIAL NA AGRICULTURA BRASILEIRA COM A APLICAÇÃO DA AGROECOLOGIA

A análise proposta sobre o texto indicado na capa deste documento, tem como proposta
alinhar e desenvolver a pergunta, sugerida para o tema da última aula da disciplina de Introdução
a Agroecologia, a qual se indaga: “O que eu posso fazer?”; tendo como ideal realizar um
apanhado das demais Resenhas apresentadas durante o bimestre, para indicar possíveis ações
pessoas para contribuir para a sustentabilidade do planeta. Assim, na reflexão sobre a concepção
e ideal proposto pela disciplina, entendo que, antes mesmo de entrar na correlação dos textos, é
necessário, desde já, indicar o que, de fato, eu posso fazer a partir de minha qualificação neste
mestrado.
Durante muitos anos analisei, por meio de vivências e leituras, o meio ambiente e como o
mesmo é integrado, da mesma forma como essa integração é de extrema importância para que
haja uma real conexão entre cada elemento do organismo Terra, permitindo que toda essa
estrutura possua diversas formas, porém, um único corpo, pois tudo está diretamente conectado,
funcionando por meio de um complexo e perfeito ecossistema. Pode-se compreender melhor o
resultado de minhas pesquisas sobre o ecossistema, a partir do que diz GLIESSMAN (2000, P.
61):
“Um ecossistema pode ser definido como um sistema funcional de relações
complementares entre organismos vivos e seu ambiente, delimitado por
fronteiras escolhidas arbitrariamente, as quais, no espaço e no tempo, parecem
manter um equilíbrio dinâmico, porém estável. Assim, um ECOSSISTEMA tem
partes físicas com suas relações particulares, a ESTRUTURA DO SISTEMA,
que juntas participam de processos dinâmicos: a FUNÇÃO DO SISTEMA. Os
componentes estruturais mais básicos dos ecossistemas são FATORES
BIÓTICOS, organismos vivos que interagem no ambiente, e FATORES
ABIÓTICOS, componentes químicos e físicos não vivos do ambiente, como solo,
luz, umidade e temperatura”.

Com este aprendizado, em meu projeto de mestrado a qual irei dissertar e defender ao
final do curso, abordo justamente um dos temas encontrados dentro da proposta da Agroecologia,
o SAF, ou seja, os Sistemas Agroflorestais. A partir deste contexto, proponho a criação das
Agroflorestas Flutuantes, ou seja, ilhas flutuantes, produzidas a partir de resíduos de manejo e de
resíduos plásticos encontrados no ambiente, por meio de garrafas PET e bombonas PEAD, para
utilizá-los como flutuadores, onde poderão sustentar os sistemas agroflorestas, bem como
desenvolver, abaixo dos flutuantes, a produção de aquicultura, integrando, assim, diversos
elementos, desde o trabalho com produção de alimentos, seja de subsistência, seja para a
geração de renda, oportunidade de emprego, desenvolvimento de pesquisa acadêmica,
aprendizado e reconhecimento dos saberes tradicionais guardados e perpetuados pelos mais
antigos, promovendo o debate político e, também, promovendo a recuperação ambiental. Neste

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trilhar de caminho, entendo estar contribuindo como forma de gerar respostas a esta pergunta. E,
embasado em conceitos e dados, explico e referencio a mesma.
Avançando para as definições e correlações dos assuntos abordados durante as aulas e
como os mesmos se integram ao meu projeto, e como este responde a pergunta final da
disciplina, apresento algumas definições a respeito do SAF, o qual “utiliza os conceitos de
agroecologia aplicados ao cultivo em consorcio com a floresta, importante na recuperação de
áreas que foram desmatadas1”. As agroflorestas, assim, atuam dentro de duas estruturas
importantes:

a) Espacial: Local onde as espécies vegetal e animal estarão distribuídas, por meio de
policultivo;
b) Temporal: Ou seja, o tempo necessário para que as espécies possam se integrar e,
gradativamente, gerar laços de equilíbrio para se estabelecerem sadiamente.

A diferença principal entre a Agroecologia e os SAFs, são que, a primeira, trata-se de um


“campo de conhecimento, de natureza multidisciplinar, na construção de estilos de agricultura
de base ecológica e na elaboração de estratégias de desenvolvimento rural, no qual reúne os
ideais da sustentabilidade numa perspectiva multidimensional de longo prazo 2”. Já, o segundo,
“quando manejados sob os princípios agroecológicos, os SAFs são sistemas produtivos
excelentes para conservação dos recursos naturais locais, pois fornecem alimento e energia,
recuperam áreas degradadas, preservam e resgatam recursos hídricos, recompõem a
biodiversidade do solo, da flora e da fauna e contribuem enormemente para que o equilíbrio
ecológico do ecossistema seja reestabelecido 3”. Nestes, “se cultivam árvores que podem ser
frutíferas, de lenha, recuperadoras de solo, atrativas de pássaros, etc., junto de cultivos, como o
milho, o arroz, a mandioca, o feijão, as hortaliças, entre outros, e também de animais4”.
Um dos primeiros entendimentos obtidos na disciplina, para entender o que é a Agroecologia,
foi identificar o que são os agroecossistemas, como vimos em (HART, 1978, 1980):
“São compostos pelas interações físicas e biológicas de seus
componentes, sendo que o ambiente irá determinar a presença de
cada componente, no tempo e no espaço. Esse arranjo de

1
https://www.fsp.usp.br/sustentarea/2019/11/20/agroecologia-agrofloresta-e-biodinamico/
2
Reiniger, Lia Rejane Silveira - Princípios de agroecologia [recurso eletrônico] / Lia Rejane Silveira Reiniger,
José Geraldo Wizniewsky, Marielen Priscila Kaufmann. – 1. ed. – Santa Maria, RS : UFSM, NTE, UAB,
2017.
3
Didonet, Agostinho - Saber e Fazer Agroecologia: Por uma agricultura mais generosa com a terra e com
as pessoas – Revista Nº 6: Sistemas Agroflorestais Agroecológicos : EMBRAPA Arroz e Feijão, 2016.
4
Fichas Agroecológicas: Tecnologias Apropriadas para Agricultura Orgânica – Produção Vegetal Nº 13 -
MOURA,M.H, et al,. Agrofloresta pra todos. Brasilia: Emater-DF,2010. 44p.
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componentes será capaz de processar ‘inputs’ (insumos) ambientais


e produzir ‘outputs’ (produtos)”.

Da mesma forma, outras definições foram importantes, como entender o que é: Biodiversidade.
Como apontado por Kageyama (et al., 2003), “refere-se a toda diversidade genética de um local,
desde os genes até as espécies, assim como os diferentes ecossistemas onde essas espécies
existem, além de todas as interações complexas e vitais entre esses organismos. Engloba,
portanto, todos os seres vivos de um local, tanto os vegetais quanto os animais e microrganismos,
além de toda a diversidade genética dentro de suas populações – variabilidade genética”. Ao
analisarmos e compreendermos o que está englobado dentro do conceito da biodiversidade,
pudemos entender outro ponto muito importante para fortalecer a importância da agroecologia e
como seus sistemas, para serem alcançados, embora complexos, são indispensáveis para
garantirmos uma alimentação de qualidade e de alto grau de nutrientes essenciais para nossa
saúde, assim como para garantir a qualidade do ambiente produtivo. Nessa sequência de
aprendizados, o processo de amadurecimento contemplou, então, o importante entendimento
sobre o conceito de agrobiodiversidade, “um termo amplo que inclui todos os componentes da
biodiversidade que têm relevância para a agricultura e a alimentação, e todos os componentes da
biodiversidade que constituem os agroecossistemas: a variedade e a variabilidade de animais,
plantas e micro-organismos, nos níveis genético, de espécies e de ecossistemas, necessários
para sustentar as funções-chaves dos agroecossistemas, suas estruturas e seus processos5”.
Geramos um amplo conhecimento ao qual, especialmente para o meu projeto, será de extrema
importância, que foi a identificação da necessidade do processo de transição agroecológica, para
que possamos preparar o solo para o desenvolvimento correto da agroecologia, por meio de um
agroecossistema saudável. Sobre a transição agroecológica, GLIESSMAN (2000) afirma que
“quanto maior a similaridade estrutural e funcional de um agroecossistema com os sistemas
naturais existentes em sua região biogeográfica, maior a possibilidade de que o agroecossistema
seja sustentável”. Sendo o projeto Agroflorestas Flutuantes produzido em cima de estruturas
artificiais, a partir de um ecossistema induzido, assim diferentes ao encontrados naturalmente em
um agroecossistema com uma biodiversidade totalmente definida, é importante ter o
conhecimento que este será “um processo que ocorre, sem uma estimativa temporal definida, ou
seja, o ritmo que ela vai ocorrer depende de muitas variáveis e principalmente das características
dos agroecossistemas e do histórico do manejo dos mesmos6”, aos quais só ocorrerão com o

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Reiniger, Lia Rejane Silveira - Princípios de agroecologia [recurso eletrônico] / Lia Rejane Silveira Reiniger,
José Geraldo Wizniewsky, Marielen Priscila Kaufmann. – 1. ed. – Santa Maria, RS : UFSM, NTE, UAB,
2017.
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Reiniger, Lia Rejane Silveira - Princípios de agroecologia [recurso eletrônico] / Lia Rejane Silveira Reiniger,
José Geraldo Wizniewsky, Marielen Priscila Kaufmann. – 1. ed. – Santa Maria, RS : UFSM, NTE, UAB,
2017.
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principal fator da natureza, o tempo, bem como afirma CAPORAL E COSTABEBER (2004, P. 84),
que a transição ecológica “é um processo gradual e multilinear de mudança, que ocorre através
do tempo, nas formas de manejo dos agroecossistemas (...). Essa ideia de mudança se refere a
um processo de evolução contínua e crescente no tempo, porém sem ter um momento final
determinado. Entretanto, por se tratar de um processo social, isto é, por depender da intervenção
humana, a transição agroecológica implica não somente na busca de uma maior racionalização
econômico-produtiva, com base nas especificidades biofísicas de cada agroecossistema, mas
também numa mudança nas atitudes e valores dos atores sociais em relação ao manejo e
conservação dos recursos naturais”.
Assim, partindo de outro assunto abordado nas aulas, a sustentabilidade se faz primordial,
tanto para o projeto, quanto para a agroecologia poder ter uma maior aceitação. Desta forma,
basear o processo a partir da “Pirâmide das multidimensões da Sustentabilidade aplicadas à
Agroecologia”, proposto por Caporal e Costabeber (2004, adaptado por NTE, 2017), no qual tem
como base: a ecologia, a economia e o social, (sendo “consideradas a base de sustentação da
Agroecologia e da busca constante pela sustentabilidade na agricultura 7”), a parte central: a
cultura e a política (“dimensões fundamentais para o avanço na perspectiva da sustentabilidade
na agricultura e devem estar estritamente conectadas com essas dimensões de base 8”) e, por fim,
no topo da pirâmide: a ética (“se compromete e assume o compromisso com o outro e com o
planeta, e que deve ser a orientadora de todas as demais dimensões, as influencia diretamente9”).
Avançando na importância do projeto, com relação as atividades realizadas, as Agroflorestas
Flutuantes servirão de forma objetiva para contribuir que o Brasil e mundo atinjam a Segurança
Alimentar e Nutricional necessária, uma vez que os mares, assim como os rios e lagos, tornam-se
grandes oportunidades de serem mais produtivos, reduzindo a fome no mundo, onde apenas no
Brasil, a fome atingiu “33,1 milhões de pessoas em 2022 10”. O projeto assim, poderá atuar
diretamente dentro da política internacional, estabelecida pela ONU (Organização das Nações
Unidas), na qual atuará diretamente na Agenda 2030, em seus Objetivos para o Desenvolvimento
Sustentável (ODS), sendo eles: #ODS1 (Erradicação da Pobreza), #ODS2 (Fome Zero e
Agricultura Sustentável), #ODS3 (Saúde e Bem-Estar), #ODS4 (Educação de Qualidade), #ODS5
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Reiniger, Lia Rejane Silveira - Princípios de agroecologia [recurso eletrônico] / Lia Rejane Silveira Reiniger,
José Geraldo Wizniewsky, Marielen Priscila Kaufmann. – 1. ed. – Santa Maria, RS : UFSM, NTE, UAB,
2017.
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Reiniger, Lia Rejane Silveira - Princípios de agroecologia [recurso eletrônico] / Lia Rejane Silveira Reiniger,
José Geraldo Wizniewsky, Marielen Priscila Kaufmann. – 1. ed. – Santa Maria, RS : UFSM, NTE, UAB,
2017.
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Reiniger, Lia Rejane Silveira - Princípios de agroecologia [recurso eletrônico] / Lia Rejane Silveira Reiniger,
José Geraldo Wizniewsky, Marielen Priscila Kaufmann. – 1. ed. – Santa Maria, RS : UFSM, NTE, UAB,
2017.
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https://www.cartacapital.com.br/sociedade/fome-cresce-no-brasil-e-atinge-331-milhoes-de-pessoas-em-
2022/
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(Igualdade de Gênero), #ODS6 (Água Potável e Saneamento), #ODS7 (Energia Acessível e


Limpa), #ODS12 (Consumo e Produção Responsáveis) e #ODS14 (Vida na Água).
Espera-se que as políticas públicas possam avançar no entendimento de tornar o maior acesso
a alimentos de qualidade nutricional, bem como de acesso a terra (ou Agroflorestas Flutuantes),
para que pequenos produtores possam produzir seus alimentos, assim como vender parte deles
para gerar renda, diminuindo assim a gigante lacuna existente na sociedade, tanto em termos de
pobreza, quanto de desnutrição.
Em conclusão, é importante pensar que as Agroflorestas Flutuantes possam servir como um
novo Território, ao qual seja de inclusão social, de gênero, de saberes, de vida. Um Território onde
possa prover uma economia solidária, capaz gerar integrações amplas, moedas fortes,
capacitação profissional e bem-viver. O que posso fazer é planejar e me dedicar a promover ao
máximo o respeito, o amor e a coletividade. Prover moradia, alimento saudável, fonte de geração
de renda, emprego, essas são ações secundares, embora sejam a base da pirâmide. Alcançar o
topo, ou seja, a ética, por meio de relações vindouras a partir da coletividade, da relação de
caráter e da compaixão. Tudo pode ser alcançado se for perseguido o ideal de comunidade e este
pelo entendimento de que somos parte integrada de um único organismo, a Terra. Afinal, somos
todos navegantes e estamos dentro do mesmo barco, ou náufragos em um mesmo planeta. As
ilhas, áreas de terra no meio da água (ou os continentes), assim, são nosso porto seguro.

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