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Alimentação e Meio Ambiente

Article · October 2011

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Regiane Fonini José Edmilson De Souza Lima


Universidade Federal do Paraná Centro Universitário Curitiba - UNICURITIBA
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ISSN da publicação: ISSN 2175-6880 (Online)

Anais do Evento 2011


Volume 11
Trabalhos apresentados no Grupo de Trabalho 11
Ruralidades e Meio Ambiente

Coordenadores:
Prof. Dr. Alfio Brandemburg (UFPR)
Prof. Dr. Dimas Floriani (UFPR)
Prof. Dr. Osvaldo Heller da Silva (UFPR)
Prof. Dr. José Luiz Fernandes Cerveira Filho (UFPR)
Angelo Augusto Mazzarotto
Daniela Sant’Anna

Ementa:
Este grupo acolherá discussões relativas à ruralidade e/ou meio ambiente. Assim, trataremos
de temas como os conflitos socioambientais de envergadura local, nacional e internacional, a
governança global e as mudanças climáticas; as políticas públicas ambientais e rurais; e aspectos
teórico-metodológicos da relação sociedade-natureza. Também abordaremos a nova ruralidade, os
novos atores sociais como consumidores, agricultores(as), camponeses, povos tradicionais, seus
movimentos sociais e organizações. Por fim, debateremos os temas emergentes oriundos do dialogo
entre desenvolvimento e meio-ambiente, tais como dinâmicas socioambientais provenientes da
geração de energia hidroelétrica, relação entre produção agrícola, consumo, e segurança alimentar,
soberania energética e novas fontes de energia a partir da biomassa (agroenergia).

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Alimentação e Meio Ambiente

FONINI, Regiane 1
LIMA, José Edmilson de Souza2

Resumo

A alimentação, base para a reprodução biológica e social das sociedades, é expressa politicamente
através do conceito de Segurança Alimentar e Nutricional, enquanto realização do direito à
alimentação e que tem entre seus princípios uma alimentação culturalmente referenciada e
sustentável ambiental, econômica e socialmente. A discussão atual sobre a alimentação abarca a
questão ambiental no que tange aos processos de destruição e sobreutilização do ambiente
relacionados com a crise ambiental e a emergência de um capitalismo verde e de um novo mercado
em torno dos alimentos (orgânicos, sustentáveis), que têm na sua base uma sociedade de consumo
apoiada por novos consumidores estimulados pelo apelo à sustentabilidade. Este apelo alcança o
meio rural onde são produzidos os alimentos, incitando a produção de orgânicos não graças à
consciência ambiental, social ou de saúde, mas para o alcance do mercado. Por outro lado, há a
emergência de alternativas ao padrão hegemônico, como a agroecologia e a produção por sistemas
agroflorestais (SAFs) que traduzem uma forma mais sustentável de produção e consumo de
alimentos, questão-chave para o alcance de um desenvolvimento sustentável e que deve ser inserida
nas políticas ambientais e de desenvolvimento. A pesquisa intitulada A Agrofloresta e A
Alimentação: estudo de caso sobre cultura alimentar na comunidade de remanescentes de
quilombos Terra Seca (Barra do Turvo-SP), realizada no âmbito da Pós-graduação em Meio
Ambiente e Desenvolvimento (MADE-UFPR), tem como objeto de pesquisa a cultura alimentar,
buscando problematizar sobre os interferentes e influências na alimentação das famílias e o papel da
produção agroflorestal na alimentação, numa perspectiva interdisciplinar. Utiliza entrevistas semi-
estruturadas e história de vida apoiadas pela observação participante. Já foi possível apreender,
preliminarmente, falas de agricultoras sobre a falta de tempo para cozinhar e para produzir
determinados alimentos, a comodidade e facilidade de compra oposta à dificuldade na produção,
caso de alguns alimentos considerados básicos como o arroz e o feijão, porém com uma produção
multidiversificada e, principalmente, para o autoconsumo.

Palavras-chave: Cultura Alimentar, Meio Ambiente, Sistema Agroflorestal.

1
Nutricionista, Mestranda em Meio Ambiente e Desenvolvimento (MADE-UFPR).
2
Sociólogo, Doutor em Meio Ambiente e Desenvolvimento (UFPR). Professor e pesquisador do Mestrado em
Organizações e Desenvolvimento da FAE - Centro Universitário Franciscano do Paraná e do Programa de Pós-
Graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento (MADE-UFPR).

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Introdução

Este artigo tem sua origem nos estudos realizados na pesquisa de mestrado intitulada A
Agrofloresta e A Alimentação: estudo de caso sobre a cultura alimentar na comunidade de
remanescentes de quilombos Terra Seca (Barra do Turvo-SP), na esfera do Programa de Pós-
graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento. O artigo caminha na primeira parte objetivando
a discussão em torno da alimentação, cultura alimentar e meio ambiente, pontuando questões
importantes sobre os temas, componente da contextualização teórica da pesquisa. Na segunda parte
desenvolve uma breve descrição da pesquisa que está em andamento (e por este motivo, encerra
apenas algumas observações e descrições, sem caráter conclusivo), apresentando e discutindo
algumas notas preliminares, visando aprofundar o debate sobre como de fato a agroecologia e a
experiência da produção agroflorestal podem viabilizar a concretização do direito à alimentação no
meio rural e sobre sua necessária inserção nas políticas públicas ambientais e sociais.
Debruçar sobre a alimentação e o espaço que ela ocupa no cotidiano rural é a grande
motivação deste trabalho. A Nutrição enquanto ciência abre-se cada vez mais para o campo da
cultura alimentar e meio ambiente, compartilhando com as outras ciências estes temas
intrinsecamente interdisciplinares. Assim como demonstra Josué de Castro (1946) em seu livro
Geografia da Fome, utilizando o conceito de ecologia, enquanto o estudo das ações e reações dos
seres vivos diante das influências do meio:
“Nenhum fenômeno se presta mais para ponto de referência no estudo ecológico destas
correlações entre os grupos humanos e os quadros regionais que eles ocupam, do que o
fenômeno da alimentação – o estudo dos recursos naturais que o meio fornece para
subsistência das populações e o estudo dos processos através dos quais estas populações se
organizam para satisfazer as suas necessidades fundamentais em alimentos” (CASTRO,
1946, p. 16-17).

A discussão acerca destes temas complexos traz por si a necessidade de tratá-los de forma
interdisciplinar. Um dos grandes obstáculos no tocante ao entendimento da alimentação reside
exatamente na visão unilateral que se projeta sobre o tema e no pouco conhecimento que se tem do
problema em conjunto, como um complexo de manifestações simultaneamente biológicas,
econômicas, sociais, culturais e ambientais (CASTRO, 1946). Assim, entendemos que a
alimentação e a cultura se tornam assuntos híbridos “reconhecidos a partir de uma posição social,
que obriga a considerar a realidade tal como se apresenta na experiência comum, ou seja, como um
conjunto de relações que não pode ser reduzido a priori ao recorte instituído pelas disciplinas”
(RAYNAUT, 2004). Por este motivo, buscou-se ao máximo aliar os conhecimentos da ciência da
nutrição ao das outras ciências, trazendo a esse artigo uma perspectiva interdisciplinar.

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Trata-se aqui da alimentação como parte de um sistema complexo, que compreende e se liga
às outras dimensões da vida humana, envolvida em uma gama de relações econômicas, políticas,
sociais, culturais e ambientais. Igualmente, a cultura (ou as culturas, compreendendo um espaço
multicultural em que cada povo se desenvolve em um universo específico e por isso único, porém
não isolado) é uma construção histórica, seja como concepção, seja como dimensão do processo
social; é produto coletivo da vida humana, relacionada a uma dimensão superior da autonomia e da
realização humana (SANTOS, 1987; MARCUSE, 1998), que tem sua origem em um sistema
complexo de inter-relações do ser humano entre si e com o meio ambiente.
Compreende-se a alimentação como uma construção social, de base material, mas que é
representada por um universo de valores e sensos estéticos, envolvendo escolhas, classificações,
símbolos, a razão e o místico (tabus, crenças), que organizam as diversas visões de mundo no tempo
e no espaço. O alimento é, portanto, base para a reprodução biológica e social das sociedades, sem a
qual a vida humana não se realiza. Além disso, o alimento se inscreve em múltiplas formas culturais
de relação que os seres humanos estabelecem entre si e com a natureza em vários contextos
histórico-culturais.
O ato de comer tem seu caráter de necessidade vital, mas se produz conforme o meio e a
sociedade em que vivemos, a forma como ela se organiza e se estrutura, produz e distribui os
alimentos, de acordo também com a distribuição da riqueza na sociedade, com os grupos e classes
sociais, marcados por diferenças, hierarquias, hábitos, estilos e modos de comer e viver
(CANESQUI; GARCIA, 2005). Cabe diferenciar que alimentar-se difere do ato de comer. O
segundo conceito ultrapassa a dimensão de absorção de nutrientes para manter a vida em seu caráter
biológico, abarcando as questões culturais, sociais e históricas da qual a alimentação faz parte,
como por exemplo, a sociabilidade da refeição expressa no ato de comer junto em que o alimento
assume sentidos e significados culturais.
Precursor do tema da alimentação na pauta social e política nacional, Josué de Castro iniciou
na década de 1950 o desobscurecimento das deficiências alimentares nas diversas regiões do Brasil,
associadas à fome aguda e crônica e à situação de insegurança alimentar3 no país. Ao investigar as
causas fundamentais da alimentação em regra tão defeituosa e precária de boa parte da população
brasileira desta época (e que prossegue em boa parte até hoje) chegou à conclusão de que ela é
produto de fatores socioculturais, mais do que de fatores de natureza geográfica, afirmando, pois, a
relevância da cultura alimentar nas escolhas alimentares. Além disso, enquanto em outros setores se
discutiam os problemas de disponibilidade dos alimentos, associados à produção, configurando o

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A Insegurança alimentar tem suas várias dimensões e se reflete em situações em que há uma alimentação
sem qualidade ou em quantidade insuficiente, além de poder ser detectada a partir de diferentes tipos de problemas,
tais como fome, obesidade, doenças relacionadas à má nutrição, consumo de alimentos de qualidade duvidosa ou
prejudicial à saúde, estrutura de produção de alimentos predatória em relação ao ambiente e bens essenciais com
preços abusivos e imposição de padrões alimentares que não respeitem a diversidade cultural (BRASIL, 2007).

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início do apoio ao incremento da produção utilizando em larga escala insumos químicos (processo
conhecido como Revolução Verde), Castro (1946) tornou evidente que o problema da fome não
estava na produção, mas sim na falta de acesso a alimentos e no insignificante envolvimento desta
questão na política brasileira. A permanência da fome atingindo amplamente a população mundial
fez com que o foco das questões sobre segurança alimentar se deslocasse então para a questão do
acesso dos consumidores aos alimentos visto que o aumento na produção não reduziu o problema
da fome, pois se tratava de ignorar uma realidade marcada pela grave incapacidade de acesso aos
alimentos, seja pela falta de capacidade aquisitiva ou pela ausência de políticas sociais que
garantam o direito a alimentação (MENEZES, 1998).
No entanto, numa sociedade capitalista, a alimentação e o alimento têm o seu valor cultural
e vital subordinado ao valor de mercadoria. O que se nega ao estabelecer essa relação
prioritariamente mercantil com o alimento é que durante o ato de comer trava-se a relação cultural
de troca dos homens entre si e com o ambiente, uma atividade recíproca. Da natureza são oriundos
os diferentes alimentos e sabores que compõem todo o laço cultural e histórico construído entre o
ser humano e a natureza. Esta relação entre natureza e cultura se evidencia no momento em que o
ato de se alimentar “define não só aquilo que é ingerido, como também aquele que o ingere”
(DAMATTA apud CANESQUI; GARCIA, 2005). Porém, esta relação difere enormemente da
relação de poder e de mercantilização da natureza estabelecida na sociedade industrializada.
A cultura alimentar dos povos tem sido cada vez mais artificializada pelo padrão de
consumo imposto pelo capitalismo, em que inclusive o gosto, definido pela sensação de prazer que
se obtém comendo em que é possível perceber o alimento e suas características, é alterado e
artificializado, tornando-se restrito a sabores industrializados, pois a lógica é a de consumo de uma
mercadoria e não de um alimento em todas as suas dimensões. Esta artificialização dos alimentos
tem cada vez mais distanciado o ser humano da natureza. De acordo com Poulain (2006, p. 52) “a
urbanização, ao desconectar o alimento de seu universo de produção, coloca-o num estado de
mercadoria e destrói parcialmente seu enraizamento natural e suas funções sociais”.
A chamada globalização 4 fez o processo de interação entre as culturas se tornar cada vez
mais rápido, implicando um sentido positivo para a riqueza da formação humana em todos os seus
aspectos, mas, por outro lado, acarretando em uma padronização sob a ideologia de mercado tendo
como consequência a padronização também dos hábitos alimentares.
Diante das transformações impressas pela urbanização e pela globalização, a alimentação
passou e continua passando por mudanças, tal como podemos observar diante do novo estilo de
vida, onde novas expectativas de consumo acabam reorientando as escolhas de alimentos. A

4
De acordo com Capra (2003), o termo “globalização” foi cunhado para designar a percepção e o movimento
instaurados sobre um novo mundo que estava surgindo, moldado pelas novas tecnologias, novas estruturas sociais,
uma nova economia e uma nova cultura, juntamente com a expansão mundial de grandes empresas.

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sociedade de consumo em massa fez com que se desestruturassem os sistemas normativos e os
controles sociais que regiam tradicionalmente as práticas e as representações alimentares
(SANTOS, 2005). O prato de comida, antes culturalmente construído, perde seu efeito na sociedade
capitalista ao deixar de ser manifestação de cultura dos povos. A alimentação sai das residências e
das relações pessoais, e transita em outro espaço, o espaço da mercadoria (CARVALHO, 2007).
Esta mudança impulsionada pela globalização tem afetado também nosso paladar e os aportes
nutritivos, trazendo novos padrões alimentares, novos costumes, hábitos e práticas alimentares.
A promoção da alimentação saudável baseada na cultura local pressupõe a definição de
estratégias políticas que tornem estes alimentos acessíveis apoiadas no desenvolvimento local. O
direito a alimentação é expresso politicamente através do conceito de Segurança Alimentar e
Nutricional (SAN)5, que nada mais é que a busca pela realização do direito a alimentação e abarca
entre seus princípios uma alimentação culturalmente referenciada e sustentável ambiental,
econômica e socialmente. A promoção deste direito, no entanto, requer o exercício soberano de um
país em relação à produção de alimentos e à alimentação, com políticas que se sobreponham à
lógica mercantil estrita e incorporem a perspectiva do direito humano à alimentação (MALUF,
2009). Yazbek (2004) afirma que o direito à alimentação adequada localiza-se no conjunto dos
mínimos sociais, no sentido de ser condição básica para inclusão social.
No entanto, no cenário político recente, a fome, a pobreza e a desigualdade social vêm se
naturalizando e sendo crescentemente abordadas como questões de filantropia e solidariedade
social. De acordo com Yazbek (2004) houve uma reversão política neoliberal caracterizada, entre
outras coisas, pela destituição de direitos trabalhistas e sociais legais, pela erosão das políticas de
proteção social e por mudanças no ideário político que conferia um caráter público à demanda por
direitos. Há um claro aprofundamento do hiato entre o econômico e o social, graças a um Estado
reducionista e voltado para situações extremas, direcionado “aos mais pobres entre os mais pobres,
apelando à ação humanitária e/ou solidária da sociedade” (YAZBEK, 2004).
Há ainda nas políticas brasileiras, principalmente as de caráter social, uma disputa de
sentidos, expondo a contradição entre o discurso e a prática, pois em sua maioria são políticas
conservadoras, com apelo humanitário, sem clara referência a realização de direitos, não rompendo
com a lógica neoliberal (YAZBEK, 2004). A própria mudança de discurso, atualmente com enfoque
na SAN, minimizando a discussão sobre a fome, tem em sua origem a manutenção do status quo
necessário ao bom andamento do sistema capitalista.

5
A SAN é definida como “O direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em
quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas
alimentares promotoras de saúde, que respeitem a diversidade cultural e que sejam social, econômica e
ambientalmente sustentáveis” (BRASIL, 2004) .

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A violação do direito à alimentação é a mais grave expressão do tipo de desenvolvimento
que estamos seguindo. Josué de Castro em 1973 já questionava o conceito de desenvolvimento da
época, e que pouco mudou até os dias de hoje:
Igualmente falso é o conceito de desenvolvimento avaliado unicamente à base da expansão
da riqueza material, do crescimento econômico. O desenvolvimento implica mudanças
sociais sucessivas e profundas, que acompanham inevitavelmente as transformações
tecnológicas do contorno natural. O conceito de desenvolvimento não é meramente
quantitativo, mas compreende os aspectos qualitativos dos grupos humanos a que concerne.
Crescer é uma coisa; desenvolver é outra. Crescer é, em linhas gerais, fácil. Desenvolver
equilibradamente, difícil. [...] Desta perspectiva, o mundo todo continua mais ou menos
subdesenvolvido (CASTRO, 1973, p. 136 apud CASTRO, A.M. de, 2003).

Entendendo as políticas como um terreno de disputas ideológicas, o enfrentamento da fome


e da pobreza perpassa todas as áreas de atuação e deve se desenvolver através de um ato e projeto
político.
Neste sentido o recém lançado Plano Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, o
PLANSAN 2012-2015, de natureza intersetorial, integra dezenas de ações voltadas para a produção
de alimentos, o fortalecimento da agricultura familiar, o abastecimento alimentar e a promoção da
alimentação saudável e adequada. Entre os desafios do plano estão a erradicação da extrema
pobreza e da insegurança alimentar moderada e grave; ampliação da atuação do Estado na
promoção da produção familiar agroecológica e sustentável de alimentos; valorização e proteção
da agrobiodiversidade; ampliação do acesso à água de qualidade; e reversão das tendências de
obesidade e sobrepeso, entre outras propostas (BRASIL, 2011).
Na perspectiva de Guivant, Spaargaren e Rial (2010), a transição para sistemas de produção
e consumo de alimentos mais sustentáveis constitui um fator-chave para o desenvolvimento
sustentável, e também para o alcance da Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional.
Leff (2002) afirma que a problemática ambiental – a poluição e degradação do meio, a crise
de recursos naturais, energéticos e de alimentos – surgiu nas últimas décadas do século XX como
uma crise de civilização, questionando a racionalidade econômica e tecnológica dominantes. Para o
autor, esta crise teve sua gênese num processo histórico dominado pela expansão do modo de
produção capitalista, pelos padrões tecnológicos gerados por uma racionalidade econômica guiada
pelo propósito de maximizar os lucros e os excedentes econômicos a curto prazo, numa ordem
econômica mundial marcada pela desigualdade entre nações e classes sociais (LEFF, 2002).
Somente políticas e ações baseadas em estratégias sociais podem fazer frente aos fatores estruturais
e socioeconômicos que determinam a crise agrícola-ambiental e a miséria rural que ainda existem
no mundo em desenvolvimento (ALTIERI, 2004).
A discussão atual sobre a alimentação abarca a questão ambiental tanto no que tange aos
processos de destruição e sobreutilização do ambiente relacionados com a crise ambiental, à
pobreza rural quanto à emergência de um capitalismo verde e de um novo mercado em torno dos

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alimentos (orgânicos, sustentáveis), que têm na sua base a sociedade de consumo apoiada por novos
consumidores estimulados pelo apelo à sustentabilidade.
Este apelo alcança o meio rural onde são produzidos os alimentos, incitando a produção de
orgânicos não graças à consciência ambiental, social ou de saúde, mas para o alcance do mercado.
Por outro lado, há a emergência de alternativas ao padrão hegemônico, como a agroecologia e a
produção por sistemas agroflorestais (SAFs) que traduzem uma forma mais sustentável de produção
e consumo de alimentos, questão-chave para o alcance de um desenvolvimento sustentável e que
deve ser inserida nas políticas ambientais e de desenvolvimento.
A agroecologia6 se apresenta como uma aspiração geral a outra forma de desenvolvimento,
capaz de servir como instrumento de resistência e de reprodução de grupos sociais no respeito a sua
diversidade e abrir novas vias de afirmação no domínio das maneiras de produzir e viver
(ALMEIDA, 1998). Como um grande guarda-chuva, a agroecologia abarca a produção agroflorestal
como umas de suas técnicas possíveis. O método utilizado na elaboração e condução das
agroflorestas é uma tentativa de replicar as estratégias usadas pela natureza para aumentar a vida e
melhorar o solo, indo ao encontro com o que ouvimos chamar de agricultura sustentável na
perspectiva de uma maior e melhor relação do ser humano com a natureza. Relação esta que tem o
alimento e a alimentação como elemento de ligação.

A Agrofloresta e a Alimentação: relação homem-natureza através da produção e consumo de


alimentos

A realização desta pesquisa de mestrado parte do entendimento que a cultura de uma


sociedade expressa a humanidade em toda a sua riqueza e multiplicidade de formas de existência,
das complexas realidades e das características que unem e diferenciam os povos, algo que faz
sentido para os grupos humanos que as vivem, suas práticas, costumes, concepções e as
transformações pelas quais estes passam, como resultado de sua história, relacionando-se com as
condições materiais de sua existência e com o ambiente em que se reproduzem (SANTOS, 1987). A
alimentação em seu aspecto cultural tem caráter regional, pois é constituída em determinado local,
região, grupo, de acordo com sua história, a partir dos elementos disponíveis e de fácil acesso
econômico e físico, no contexto da produção agrícola da região ligado às características específicas

6
Para saber mais, ver Altieri (1987, 1988), AS-PTA – Agricultura Familiar e Agroecologia, Associação Brasileira
de Agroecologia, entre outros.

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do ambiente. Contudo, não deixa de sofrer diversas influências como através das inter-relações
culturais entre os povos e pelas imposições da mídia e dos monopólios alimentares.
Esta pesquisa tem como objeto o estudo da cultura alimentar de agricultores agroflorestais.
Seu objetivo principal é analisar as relações de produção e consumo de alimentos com base na
cultura alimentar de agricultores agroflorestais da comunidade de remanescentes de quilombos
Terra Seca, município de Barra do Turvo, São Paulo. Os objetivos específicos são: identificar
saberes, hábitos e práticas alimentares; investigar as relações, determinantes e interferentes na
alimentação dessa comunidade; analisar as condições e estratégias de acesso aos alimentos pelas
famílias; relacionar alguns aspectos da história de vida, da produção de alimentos e da alimentação
destes agricultores, com a cultura alimentar local atual.
A experiência aqui ressaltada é a da produção de alimentos no sistema agroflorestal (SAFs),
ou agrofloresta como é simplesmente tratada pelos agricultores. Estes agricultores estão
organizados através da Associação de Agricultores Agroflorestais de Barra do Turvo-SP e
Adrianópolis-PR, também conhecida como Cooperafloresta. A Cooperafloresta existe desde 1996, e
tem entre seus membros fundadores integrantes do bairro (como é chamada a comunidade) Terra
Seca. Esta comunidade faz parte do Quilombo Terra Seca e Ribeirão Grande, certificada pela
Fundação Cultural Palmares (Ministério da Cultura) em 2006. Conceitualmente as denominações
quilombos, mocambos, terra de preto, comunidades remanescentes de quilombos, comunidades
negras rurais, comunidades de terreiro foram definidas jurídico-formalmente como os grupos
sociais afro-descendentes trazidos para o Brasil durante o período colonial, que resistiram ou,
manifestamente, se rebelaram contra o sistema colonial e contra sua condição de cativo, formando
territórios independentes onde a liberdade e o trabalho comum passaram a constituir símbolos de
diferenciação do regime de trabalho adotado pela metrópole (BRASIL, 2010). Esta acepção de
quilombo como esconderijo de negro de acordo com Bandeira e Dantas (2002 apud ITESP [2008?])
foi um termo usado pelos colonizadores, bastante restrita e que não permite a apreensão fidedigna
desta realidade histórica em toda a sua complexidade e nuanças (ITESP, [2008?]). Neste trabalho
adotamos a concepção de que o conceito de remanescentes de quilombo designa hoje “a situação
presente dos segmentos negros em diferentes regiões e contextos, utilizado para designar um
legado, uma herança cultural e material que lhe confere uma referência presencial no sentimento de
ser e pertencer a um lugar e a um grupo específico” (GARCIA, 1995 apud ANDRADE; PEREIRA;
ANDRADE, 2000). O quilombo Ribeirão Grande e Terra Seca foi registrado contendo 77 famílias
cadastradas. Destas, cerca de 12 famílias praticam a agrofloresta e estão associadas a
Cooperafloresta. Existem outras famílias que também fazem agrofloresta e que se desassociaram
por motivos diversos, apesar disso mantêm a área de agrofloresta e o manejo. Não obstante, esta

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pesquisa estará concentrada nos agricultores associados à Cooperafloresta, sem desconsiderar o
entorno e as relações além desta associação.
A investigação busca ter um olhar ampliado sobre a questão do acesso a terra com a
certificação quilombola; a questão econômica em relação à comercialização através da associação
Cooperafloresta; a questão ambiental e sua relação com a agrofloresta; a cultura e religiosidade, os
simbolismos; a história local; a questão da sociabilidade, reciprocidade e trocas em torno do
alimento; e a família, os parentes e o quilombo enquanto espaço de comunidade.
Partindo do entendimento que a alimentação de um grupo, constituído como sujeito, está
ligada à sua história, à sua cultura, à produção e ao acesso a alimentos, às diversas relações sociais
envolvidas, entre outras dimensões, neste estudo problematiza-se sobre os aspectos que influenciam
e interferem nas escolhas e hábitos alimentares, as práticas alimentares em relação à produção
agroflorestal e os saberes, práticas, hábitos e história destas famílias como retrato da sua cultura
alimentar.
É imperativo ressaltar a experiência que vem sendo desenvolvida para a construção
interdisciplinar desta pesquisa juntamente com outras dentro e fora do MADE. Não pretendemos
aqui descrever todo o processo de pesquisa, contudo, alguns pontos são importantes. Esta
construção teve início em meados de novembro de 2010, quando iniciaram as discussões entre os
discentes da Linha de Pesquisa Ruralidades e Meio Ambiente do MADE, mestrandos e
doutorandos, sobre o universo de pesquisa comum, um dos eixos que possibilita a construção
interdisciplinar do conhecimento. A experiência anterior do Doutorado (Turma VIII – 2008)
possibilitou a constituição de um grupo de pesquisa chamado Grupo de Pesquisa Cooperafloresta,
no qual estão concentrados membros do MADE, de outras pós-graduações, da Empresa Brasileira
de Pesquisa Agropecuária – Embrapa Florestas, do Instituto Chico Mendes (ICMBio) e da
Cooperafloresta, com diversas áreas de formação. A formação desse grupo surgiu a partir do
reconhecimento da grande quantidade de pesquisadores atuando com a Cooperafloresta. Este grupo
caminha em torno de acordos comuns, envolvendo cada vez mais pesquisadores e vem
desenvolvendo discussões e metodologias conjuntas para a realização das pesquisas científicas. Por
se tratar de um grande grupo de pesquisadores trabalhando o mesmo universo as discussões foram
semeadas, principalmente, em torno da preocupação com a otimização das pesquisas, pois havia a
possibilidade de sobreposição das mesmas, e da necessidade de fazê-las da forma mais participativa
possível, reduzindo o estresse para os agricultores. Por este motivo está sendo feito um grande
esforço para incluir os agricultores, com a criação de metodologias de caráter coletivo e
participativo abrangendo todas as pesquisas. Este espaço de discussão e de compartilhamento de
informações e dados tem possibilitado articulações, interfaces e intercâmbios das pesquisas,
proporcionando a abertura de um novo olhar sobre a Nutrição e sobre o tema da alimentação através

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do diálogo de saberes. Diferenciando-se das pesquisas mais tradicionais, este grupo vai de encontro
com o que concebe Raynaut (2004) como desafio para o enfoque interdisciplinar: “O desafio
fundamental ao se adotar um enfoque interdisciplinar é tentar restituir, ainda que de maneira parcial,
o caráter de totalidade e de complexidade do mundo real dentro do qual e sobre o qual todos
pretendemos atuar”.
A metodologia de pesquisa de dimensão qualitativa, para compreender a realidade dessa
comunidade e das famílias de agricultores agroflorestais, utiliza entrevistas semi-estruturadas e
história de vida apoiadas pela observação participante. A cultura alimentar será extraída como
elemento constituinte da história de vida.
A partir das observações e diálogos feitos com estes agricultores agroflorestais, em caráter
preliminar, já é possível afirmar que a agrofloresta para estes agricultores significa grandes
mudanças. Uma mudança na prática e manejo, pois o sustento da família durante anos foi através da
agricultura de coivara, tradicional na comunidade quilombola, na qual o cultivo da terra adotava a
prática da queimada intercalada com áreas de pousio onde rotacionavam três principais culturas:
feijão, milho e arroz. Assim que a terra se esgotava, mudavam de local de plantio, levando toda a
família. Eram plantações extensas e que dependiam apenas do trabalho familiar. Outra mudança
aconteceu na comercialização, pois antes dependiam de atravessadores para comercializar as
grandes quantidades que produziam sem garantia de um preço mínimo compatível ao esforço que
tiveram na plantação. E significativamente, uma mudança na alimentação, ao incorporar novos
produtos, tanto da agrofloresta como de fora pela possibilidade que alcançaram obtendo renda com
a agrofloresta.
A agrofloresta proporciona uma produção multidiversificada voltada para o autoconsumo.
Dessa forma, acrescentou em muito na alimentação dessas famílias, que antes era baseada no trio
arroz, feijão e farinha, às vezes acrescida da carne de porco ou de peixe, quando havia.
Do mesmo modo a agrofloresta possibilitou o aumento da renda desses agricultores que
agora tem acesso ao mercado e a novos produtos. Manteve-se o hábito de comer o arroz e feijão,
porém, hoje o arroz é comprado. Não se planta mais arroz pela dificuldade de lidar e porque houve
uma mudança no hábito de comer, sendo rejeitado pelos mais novos. Outros produtos
industrializados começam a fazer parte da alimentação dessas famílias, sob a influência,
principalmente, dos mais jovens. A falta de tempo para cozinhar e para produzir determinados
alimentos, a comodidade e facilidade de compra oposta à dificuldade na produção, caso de alguns
alimentos considerados básicos como o arroz e o feijão, são relatados por alguns agricultores.
Deixou-se de tomar o café com garapa moída no “caçador”, de pilar o café, de fazer farinha e
quirera de milho, de pilar o arroz no monjolo e comer o arroz “cargueiro”. Comiam-se apenas as
verduras e as coisas “do mato”.

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Contudo, foi possível observar várias práticas tradicionais na alimentação, passadas de
geração em geração. Entre elas podemos incluir as práticas de trocas e reciprocidade em torno dos
alimentos, seja para plantar, seja para comer.

Algumas Considerações

Este artigo caminha em defesa do direito a alimentação adequada e de uma maior e melhor
relação do ser humano com o ambiente a partir do que a agroecologia, enquanto conhecimento e
prática contra-hegemônica, se aproximando do que chama Boaventura de Sousa Santos de uma
epistemologia do sul, tem despertado no sentido de valorizar os saberes que resistiram à norma
dominante, produzindo reflexões com vistas a contribuir com a construção de políticas que visem
desenvolvimento realmente sustentável. A sustentabilidade nesse sentido não pode ser unilateral,
mas deve abarcar as questões ambientais, sociais, econômicas e políticas, a partir da compreensão
de que estas não estão desligadas uma das outras, necessitando de um olhar ampliado sobre a
complexidade da realidade.
Anseia também a defesa da Nutrição como ciência socialmente comprometida e
culturalmente referenciada. É imperativo compreender criticamente o movimento das culturas entre
os povos numa sociedade marcada pela lógica do capital em que os alimentos são apresentados
como commodities7.
Em que pesem às limitações destas laudas, o trabalho permitiu avanços na compreensão dos
determinantes da cultura alimentar e da dimensão da alimentação perante a lógica de produção de
mercadorias e as alternativas possíveis, como a agroecologia.
Questiona-se se não estamos assistindo a uma perda do patrimônio alimentar que representa
a cultura alimentar local e a violação do direito dos povos definirem suas próprias políticas e
estratégias sustentáveis de produção, distribuição e consumo de alimentos que garantam o direito à
alimentação para toda população, constituinte da soberania alimentar de um país. Uma compreensão
mais avançada desta questão se faz necessária, sendo este um dos fins da pesquisa de mestrado já
descrita.

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Commodity ou commodities no plural é o termo em língua inglesa que significa mercadoria; são produtos de
base ou primários, em estado bruto ou com pouco grau de industrialização, produzidos em grandes quantidades,
principalmente na forma de monoculturas e em grandes latifúndios. No Brasil as principais culturas comercializadas no
mercado de commodities em ordem crescente são: carne bovina, soja, carne de frango, cana de açúcar, leite de vaca e
milho (FAO STATISTIC, 2005).

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Por esta razão, não se encerra aqui a discussão, pois a realização do trabalho gerou ainda a
indicação de temas a serem estudados e pesquisados com maior profundidade, como as alternativas
e estratégias contra-hegemônicas e a criação e execução de políticas estratégicas abrangendo o
sistema complexo em que a alimentação está envolvida, desde a produção até o consumo de
alimentos.

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