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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS


FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS
BACHARELADO EM CIÊNCIAS SOCIAIS

Trabalho Final: RESUMO EXPANDIDO

BELÉM-PA
OUTUBRO, 2021
SOCIOLOGIA E VEGETARIANISMO ATRELADOS AO
ECOSSOCIALISMO: alternativas sustentáveis para adiar o fim do mundo

Antonio Marcos Araújo Guimarães (201805540054 - manhã)


batatassemmolho@gmail.com
Universidade Federal do Pará (UFPA)

RESUMO

Este trabalho propõe uma discussão socioambiental do vegetarianismo enquanto


coletivo, bem como uma possível introdução das suas demandas ecológicas dentro do
eixo teórico-prático ecossocialista. Desse modo, o objetivo desta síntese teórica foi o
estabelecimento de um diálogo que contribuísse às questões ambientais em uma
perspectiva da sociologia do meio ambiente. Foi realizado o levantamento bibliográfico
dos últimos 10 anos acerca das variáveis estabelecidas, no entanto, nenhum trabalho
encontrado relaciona ambas; o que não caracteriza a falta de produção científica, mas a
originalidade de contraposição teórica. É, neste caso, cabível a sugestão de introdução
das pautas do vegetarianismo dentro do manifesto teórico-prático ecossocialista para a
construção de mais debates de contribuam à luta anticapitalista responsável pela
degradação do meio ambiente com a produção de “carne” em larga escala e
desvalorização de uma vida saudável e sustentável.

Palavras-chave: Meio ambiente, Vegetarianismo, Ecossocialismo.

INTRODUÇÃO
Dentro das ciências sociais não é novidade a abordagem das questões
ambientais; o que temos, a partir da institucionalização dos debates na década de 1930
em diante, é a visibilidade do que seja a emergência de pensarmos e avaliarmos as
interações homem-natureza. Entendendo que não é mais possível realizarmos algum
tipo de separação, assim como, não atrelarmos os agentes na relação causa e efeito na
atualidade.
O pensamento sociológico apresenta muita importância nas contribuições dos
diálogos com naturalistas e ambientalistas. Isto porque os atores da atividade ambiental
não devem ser percebidos enquanto seres dotados de individualidade, mas, são
impregnados de ações coletivas que os constituem.
É de interesse das ciências sociais abordar as dinâmicas, de acordo com Almeida
e Premebida (2014), suscitadas do coletivo abraçando elementos não-humanos; visando
novos parâmetros teóricos e metodológicos a fim de entender as interações “nos espaços
de contato entre espécies diferentes e (...) atuação de políticas que resultam em visões
específicas de natureza e sociedade” (p. 21).
Influenciado pelo marxismo, a noção teórico-prática do ecossocialismo está
pautada na multiplicidade de concepções do real através das perspectivas das classes
dos oprimidos (as) e trabalhadores (as); o que apresenta a complexidade e as
articulações ecossocialistas (SEFERIAN; 2021).
As diversas áreas de conhecimento que se preocupam com a relação do homem
e o meio ambiente, mas se inclinam a uma classificação que diferencia a cultura da
natureza como uma ontologia constituída de forma hegemônica. O ativista indígena e
escritor Krenak (2019) destaca que é o tempo de discutir essa oposição instituída pela
razão ocidental, pois a produção cultural do ocidente se reduz a violência e
etnocentrismo que define o rumo do mundo.
O vegetarianismo, hoje, é considerado uma dieta que exclui o consumo de carne;
no entanto, há várias ramificações desta, incluindo ou não consumo de leite e leite. Não
obstante, algo além da dieta, nós temos uma espécie de filosofia de vida alimentar e
social denominada como veganismo: este, por sua vez, não conta com o consumo, não
especificamente alimentar, de produtos que derivam da exploração de animais (ovo,
leite, couro, cosméticos testados em animais etc.).
No Brasil, pelo menos 14% da população acima de 16 anos se autodeclara
vegetariana segundo o Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Inteligência (IBOPE).
Isso reflete em um impacto ético, saudável e de sustentabilidade ambiental.

METODOLOGIA
Quanto à metodologia para a elaboração deste trabalho foi aplicada uma revisão
bibliográfica e contraponto dos trabalhos a fim de sugerir um entrelace teórico dos
mesmos. A base utilizada, por sua vez, foi a plataforma de dados e de busca de
trabalhos acadêmicos (artigos, dissertações, resenhas etc.) Scielo; ainda, a utilização da
bibliografia básica da disciplina Sociologia de Meio Ambiente (Faculdade de Ciências
Sociais da Universidade Federal do Pará) no ano de 2021, onde foram disponibilizados
textos variados acerca de diversos temas relacionados ao meio ambiente. Não foram
necessários os usos de outros softwares complexos restringindo-se ao uso apenas do
Documentos Google exclusivamente para a elaboração do texto final.
A partir da leitura desses trabalhos são introduzidas bases de pesquisa
exclusivamente dedicadas aos debates ambientais, vegetarianismo e ecossocialistas. Um
exemplo é a Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) que possui uma plataforma online
que aporta muitas contribuições para os debates acerca da temática.
Foi utilizada a análise crítica dos temas abordados nos textos selecionados e
apontados nas Referências no final deste texto. Como a proposta da disciplina era,
objetivamente, a ampliação dos debates que tangem o meio ambiente atrelado a
Sociologia, não houve, dentro desta abordagem, a tabulação de dados e nem a
necessidade de fazê-lo.

DISCUSSÃO
O ambiente é posto enquanto elemento de observação empírica e teórica com
cada vez mais espaço dentro das ciências sociais, visto da perspectiva de
acompanhamento de determinadas posições, compreensão gramatical dos argumentos e
o estabelecimento dos modelos de compromisso entre os atores sociais dotados de
humanidade e os que não o são.
Ambientalmente é desastrosa a criação de animais não-humanos para o consumo
alimentar. De maneira intervencionista a esta questão, propomos a adoção de uma
alimentação vegetariana para mudança dos hábitos alimentares em prol da construção
de uma consciência e equilíbrio ambiental. Assim como afirmam Almeida e Premebida
(2014), é função dos cientistas sociais estar em destaque na criação de cenários
ambientais através de aplicações laboratoriais e dados de campo.
A maioria da indústria alimentícia trabalha com o imaginário de maneira utópica
da produção dos artigos alimentares. Para Fonseca e Santos (2012) se omite uma
exacerbada violência cometida contra os animais, assim como os mecanismos de
opressão para que não prevaleçam os impactos dessa produção. Geralmente, as
propagandas e redes sociais - meios de comunicação -, se utilizam da imagem do campo
(as fazendas) próspero e feliz, no entanto, as indústrias são em sua totalidade violentas
quando a produção em grande escala conta com o confinamento dos animais, maus
tratos, abuso e exploração desumana que os transformam em produtos inócuos de vida.
É comum vermos certo grau de hipersexualização (FONSECA; SANTOS;
2012) dos animais nos anúncios e propagandas associadas a estímulos de felicidade que
apelam através de status e signos à empatia, naturalidade, energia, etc., dos animais,
principalmente fêmeas.
A relação com o desmatamento e o efeito estufa, bem como as consequências
desses problemas ambientais como a crise hídrica e mudanças climáticas, não estão
ligadas apenas à combustíveis fósseis; porém, a principal causa da produção dos gases
carbônico (CO2) e metano (CH4) é a agropecuária. Ainda assim, essa origem não é
abordada nos trabalhos ambientais.
A produção de 1 kg de carne bovina envolve a utilização de 10 a 20 mil litros de
água, emissão de 335 kg de CO2 o que responsabiliza o setor, de acordo com a
Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), por 14,5% das
emissões totais de gases do efeito estufa globais. Os dejetos de produção de frango
(FAO/ONU), que contém resíduos contaminantes como antibióticos - que servem para a
produção de gordura desses animais - são excretados no meio ambiente e
recorrentemente encontrados enquanto contaminantes de água subterrânea, superficial e
encanada.
A expansão da agropecuária promove o desmatamento a fim de criação de
pastos, gerando queimadas. As sementes produzidas em grande escala se tornam ração
desses animais - soja, por exemplo. O não consumo de carne é guiada pela oposição a
estes fatores maléficos ao meio ambiente.
Dentro do ecossocialismo a pauta vegetariana ainda não tem um espaço
específico, mas de todo modo, o que defendemos é que esta pode ser abraçada e ainda
trazer contribuições e subsídios para a luta anticapitalista atrelada aos direitos dos
animais não-humanos, não exclusivamente que na sociedade são considerados
alimentícios, por isso sua relevância socioambiental.

REFERÊNCIAS

1. ALMEIDA, Jalcione; PREMEBIDA, Adriano. Histórico, relevância e


explorações ontológicas da questão ambiental. Sociologias, v. 16, p. 14-33,
2014.

2. MEIO AMBIENTE. Sociedade Vegetariana Brasileira, 2017. Disponível em <


https://www.svb.org.br/vegetarianismo1/meio-ambiente >. Acesso em: 06 de
Outubro, 2021.

3. PESQUISA DO IBOPE APONTA CRESCIMENTO HISTÓRICO NO


NÚMERO DE VEGETARIANOS NO BRASIL. Sociedade Vegetariana
Brasileira, 2018. Disponível em < https://www.svb.org.br/2469-pesquisa-do-
ibope-aponta-crescimento-historico-no-numero-de-vegetarianos-no-brasil >.
Acesso em: 06 de Outubro, 2021.
4. SANTOS, Anabela; FONSECA, Rui Pedro. Realidades e imagens do
especismo: impactos da indústria (agro) pecuária e representações
publicitárias de animais não-humanos sencientes. Sociologia: Revista da
Faculdade de Letras da Universidade do Porto, v. 23, 2012.

5. SEFERIAN, Gustavo. Ecossocialismo e humanismo. Germinal: Marxismo e


Educação em Debate, v. 13, n. 2, p. 515-534, 2021.

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