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Resenha crítica

A importância de uma alimentação saudável é um tópico presente no dia a dia de todos: você
é o que come - ditado popular muito utilizado para retratar esta relevância. Entretanto,
descobertas no campo da alimentação e sua relação com o cérebro, trazem novos dados que
tornam o cuidado que tomamos com as escolhas de alimento cada vez mais importantes. É
este o foco do documentário “Better brain health“, disponibilizado pela DW Documentary.
Ele retrata pesquisas, através do acompanhamento dos cientistas responsáveis, que dão ênfase
ao efeito que fast-foods e comidas com baixo valor nutricional possuem no nosso corpo, e de
que forma elas afetam nosso comportamento. De modo a sintetizar o conteúdo, há três eixos
principais a serem debatidos: a ênfase dos efeitos comportamentais, dos biológicos e de que
forma estes se encaixam na sociedade contemporânea.
Em primeira análise, foram demonstradas correlações entre o consumo de alimentos
“pobres” no quesito nutricional e um aumento em comportamentos negativos, como
ansiedade, violência, menor tolerância e agressividade em humanos, e em experimentos com
animais, observou-se casos de canibalismo. Dos diversos casos retratados, a deficiência de
alguma vitamina ou proteína poderia gerar estes comportamentos, assim como uma dieta
desbalanceada resultaria neste mesmo desequilíbrio. Um destaque é merecido à pesquisa feita
com prisioneiros, onde observou-se que ao introduzir suplementos a sua alimentação, suas
taxas de atitudes violentas, assim como consequentes punições diminuíram
significativamente no periodo de somente tres meses.
Analogamente, essas manifestações de comportamento possuem bases biológicas, ou seja,
além de alterar a forma que um indivíduo lida com o mundo, a falta de comidas saudáveis
possui impactos físicos no corpo. Entre eles estão danos ao hipocampo, região cerebral
responsável pela memória, diminuição de funções cognitivas e inflamação de áreas do corpo,
inclusive do cérebro, passando através da barreira hematoencefálica. Este último demonstrou
complicações ainda maiores, com resultados de estudos indicando que em situações em que
se consome muito açúcar e gorduras, a resposta inflamatória faz com que células da glia, que
possuem função de consumir neurônios não funcionais, os consumam mesmo quando estão
ativos e apresentam funcionamento normal.
Por conseguinte, o aumento de estudos dessa área se faz necessário, visto a escalada do
número de produtos industrializados e considerados pouco saudáveis. No mundo atual
grande parte dos nossos alimentos possuem alta concentração de açúcar, gerando respostas
parecidas com a de dependências de drogas pesadas, como cocaína e heroína, às vezes sem
que sequer notamos, por estarem presentes em produtos inesperados - como presunto ou
sopa. Assim, doenças relacionadas à alimentação ruim se tornarão mais frequentes.

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