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Etiologia do Transtorno de Compulsão Alimentar Periódico em Adolescentes


Etiology of Binge Eating Disorder in Adolescents

Aline C. R. Amorim, Jessica H. R. de Araujo, Mayara de J. Beda, Nicole T. Barbosa

Centro Universitário do Distrito Federal UDF, Brasília, DF

Os transtornos alimentares são caracterizados por uma perturbação persistente na alimentação ou


no comportamento alimentar. Os adolescentes são considerados como um grupo vulnerável em
transição, vivendo sob a plena revolução tecnológica e os efeitos da mídia. Essa revisão tem como
objetivo aprofundar o conhecimento dos fatores que influenciam o desenvolvimento do
Transtorno de Compulsão Alimentar Periódico em adolescentes. O método foi a revisão
integrativa realizada nos bancos de dados PUBMED, BVS, ELSEVIER, LILACS e SCIELO. Os
resultados da pesquisa apontaram possíveis influenciadores etiológicos e a complexidade dessa
condição, considerando aspectos psicológicos sendo eles: fatores familiares, fatores sociais e
culturais para o desenvolvimento do Transtorno de Compulsão Alimentar Periódico.
No entanto, é importante ressaltar que esta revisão encontrou algumas limitações relacionadas ao
tema. A falta de estudos específicos sobre TCAP em adolescentes e a escassez de dados recentes
na população brasileira restringem o aprofundamento e a compreensão dessa condição. Portanto,
mais pesquisas são necessárias para preencher essas lacunas de conhecimento.

Palavras-chave: Adolescente. Transtorno alimentar. Compulsão alimentar periódica.

Eating disorders are characterized by a persistent disturbance in eating or eating behavior.


Adolescents are considered to be a vulnerable group in transition, living in the midst of the
technological revolution and the effects of the media. This review aims to deepen knowledge of
the factors that influence the development of Binge Eating Disorder in adolescents. The method
was an integrative review carried out in the PUBMED, VHL, ELSEVIER, LILACS and SCIELO
databases. The results of the research pointed to possible etiological influencers and the
complexity of this condition, considering psychological aspects such as family factors, social and
cultural factors for the development of Binge Eating Disorder.
However, it is important to note that this review found some limitations related to the topic. The
lack of specific studies on BED in adolescents and the scarcity of recent data on the Brazilian
population restrict the depth and understanding of this condition. Therefore, more research is
needed to fill these knowledge gaps.

Keywords: Adolescent. Eating disorder. Periodic binge eating.


Paula dos Santos Leffa / pleffa@udf.edu.br

INTRODUÇÃO
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De acordo com Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (dms-5) os


transtornos alimentares são caracterizados por uma perturbação persistente na alimentação ou
no comportamento alimentar acarretando alterações no consumo alimentar que compromete a
saúde mental, física e psicossocial.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2007) uma das fases do ciclo da
vida mais afetada por tais transtornos é a adolescência. Este público se torna ainda mais
vulnerável devido às transformações acarretadas pela puberdade, início da autonomia
alimentar e a necessidade de pertencer a grupos sociais, a soma desses precedentes gera,
portanto, uma maior suscetibilidade a padrões alimentares não saudáveis e desenvolvimento
dos transtornos alimentares, incluindo o transtorno de compulsão alimentar periódica (TCAP).
A TCAP é definida como: uma grande ingestão alimentar, seguida da sensação de
descontrole, mesmo quando não se tem apetite, com objetivo de sentir um prazer como forma
de escape ou alcance da sensação de plenitude.

Contudo é de comum acordo a existência de diversos fatores influenciadores para o


desenvolvimento do transtorno de compulsão alimentar periódica (TCAP), tais como questões
relacionadas aos ambientes aos quais estão inseridos, questões sociais e pressões estéticas
advindas das mídias sociais. Em contrapartida, questões como histórico familiar foram
investigadas com alta relevância no artigo; Etiologia dos transtornos alimentares: aspectos
biológicos, psicológicos e socioculturais (M. MORGANA, VECCHIATTIA E BROOKING
NEGRÃO et al., 2002), pois em geral os familiares são a primeira base de conhecimento,
formação e envolvimento social na vida de um indivíduo.

A fim de um olhar crítico aprofundado sobre esses fatores, este estudo tem por
objetivo verificar a relação dos fatores familiares e socioculturais na ocorrência do TCAP.

METODOLOGIA

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Esse estudo foi feito por meio de revisão de literatura integrativa, ou seja, um
método de pesquisa que gera uma análise a partir dos dados anteriores sobre um
determinado tema. A mesma possibilita a inclusão de estudos experimentais e não
experimentais para uma compreensão completa do fenômeno analisado, permitindo novos
conhecimentos pautados nos resultados apresentados por estudos independentes sobre o
mesmo assunto. Pontua-se, então, que o impacto da utilização da revisão integrativa se dá
não somente pelo desenvolvimento de políticas, protocolos e procedimentos, mas também
no pensamento crítico que a prática diária necessita. (SOUZA et al., 2010.)

A partir dos dados coletados, realizamos uma análise dos estudos com o público-alvo
da faixa etária de 12 a 18 anos, tendo como principal intuito verificar a influência da cultura
alimentar familiar no desenvolvimento da compulsão alimentar periódica.

A pesquisa prévia do conteúdo foi realizada com os descritores da plataforma


PUBMED, BVS, ELSEVIER, LILACS e SCIELO. Com base na busca, foram encontrados
resultados para o descritor (Binge Eating Disorder AND Adolescent) outras palavras chaves
que foram usadas para combinar, tais como, (Food System) AND (Binge-Eating Disorder)
OR (Adolescent) com isso, foram aplicados os filtros seguindo os critérios de inclusão e
exclusão. Os critérios de inclusão consistiram em: a) artigos escritos na língua inglesa e
portuguesa, b) publicados entre 2013 e 2023 (período de 10 anos).

Os critérios de exclusão foram: a) artigos que não estavam disponíveis para leitura
gratuita, b) doenças não relacionadas com os transtornos alimentares (TAs), c) idosos e
gestantes, d) idades entre 0 a 10 anos e de 30 anos ou mais, e) que apresentavam fuga
completa do tema proposto para o presente trabalho.

RESULTADOS

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Diante aos diversos fatores relacionados ao TCAP os resultados obtidos a partir de 20


estudos científicos, traziam em comum destaques 3 possíveis influenciadores etiológicos
sendo eles; fatores familiares, fatores sociais e culturais.

- Fatores Familiares

Dinâmicas familiares disfuncionais, caracterizadas por conflitos, abuso emocional ou


físico, negligência ou pressões excessivas relacionadas à alimentação e ao peso corporal,
podem contribuir para o desenvolvimento da compulsão alimentar periódica. Relações
familiares negativas podem levar a sentimentos de baixa autoestima e desregulação
emocional, que podem ser fatores de risco para a compulsão alimentar periódica
(GONÇALVES et al., 2013) e (SIQUEIRA et al., 2020).

Em um estudo realizado por (HAINES et al., 2016) foram analisados 6382 indivíduos
entre 14-24 anos, dos quais 41% eram homens e 59% eram mulheres. Os dados analisados
apresentaram uma correlação entre um bom convívio familiar e comportamento alimentar,
mostrando uma maior prevalência para desordens alimentares para aqueles que viviam em um
ambiente familiar sem um bom convívio.

Segundo este mesmo estudo verificou-se que um bom relacionamento no ambiente


familiar e uma maior qualidade das relações parentais estavam significativamente associadas
a uma menor probabilidade de desenvolver comportamentos alimentares problemáticos entre
adolescentes do sexo masculino e feminino. (GAN, 2018). Entre homens e mulheres, o bom
funcionamento familiar foi associado a menor chance de desenvolver transtornos alimentares
(odds ratio ajustado [AOR] mulheres = 0,53; intervalo de confiança [IC] de 95% = 0,45–0,63;
AOR homens = 0,48; IC = 0,39–0,60).

No estudo de (HANSON, 2017) foi encontrado associações entre pais que têm
transtorno alimentar diagnosticado anteriormente, desregulação emocional e frequência de
refeições compartilhadas, com a probabilidade de os filhos também desenvolverem alguma
desregulação emocional (DE). Foi utilizado um método indicativo de transtorno alimentar, o
SCOFF, onde apenas um “sim” em alguns casos pode indicar um transtorno alimentar. Cerca
de 13,1% dos meninos e 35,2% das meninas relataram 1 ou mais respostas “sim” no SCOFF
associadas com DE de seus pais.

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Os resultados desses estudos são de grande importância, uma vez que, o ambiente e o
comportamento familiar podem influenciar positiva ou negativamente no desencadeamento de
comportamentos compensatórios, nos quais está inserido o TCAP, estando relacionados a
carências, inseguranças e abalos emocionais nos adolescentes. (ROLIM, 2021)

Embora a causa exata do TCAP ainda não seja totalmente compreendida, existem
evidências de que fatores sociais desempenham um papel importante no desenvolvimento e na
manutenção desse transtorno.

- Fatores Sociais

Em uma revisão sistemática de (HOLLAND E TIGGERMANN, 2016) analisando o


impacto do uso de redes sociais na imagem corporal na ocorrência dos transtornos
alimentares, demonstrou que o maior tempo total de permanência nas redes sociais está
relacionado com índices maiores de insatisfação com imagem corporal e transtornos
alimentares, como também com índices maiores de vigilância corporal, maior endosso de
ideal de magreza, mais frequentes comparações de aparência e menor satisfação com o peso
entre jovens do sexo feminino. A sociedade moderna enfatiza muito a aparência e o peso
corporal idealizado, o que pode levar a pressões sociais significativas. A exposição a imagens
de corpos "perfeitos" na mídia e a pressão para se encaixar em padrões de beleza podem levar
a sentimentos de inadequação e insatisfação corporal, o que pode aumentar o risco de
compulsão alimentar periódica como uma forma de lidar com essas emoções negativas.

Existe também uma correlação entre o tempo de permanência no Facebook e o comer


transtornado. A frequência de checagem das redes sociais está também relacionada ao
investimento na aparência dos adolescentes. Como medida de engajamento com o Facebook,
alguns estudos investigaram a relação entre a quantidade de “amigos”, a imagem corporal e
comer transtornado (COPETTI; QUIROGA, 2018).

Em um estudo realizado na região do Mato Grosso (PIVETTA, 2010) com 1209


adolescentes, sendo a maioria do sexo feminino 55,4%, com idade entre 15 e 17 anos 78,6%,
da raça parda 52,8% com famílias pertencentes às classes sociais B e C 80,4%, apresentou
variáveis relacionadas ao estilo de vida dos adolescentes estudados. Esses mesmos
adolescentes relataram fazer uso de bebidas alcoólicas mais do que três vezes por mês 35,6%
e os que não praticavam atividade física em 32,9%.

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É importante destacar que os fatores sociais não são a única causa da compulsão
alimentar periódica. Esse distúrbio alimentar é multifatorial também pode envolver fatores
culturais, como questões relacionadas a etnia e gênero.

- Fatores Culturais

O TCAP afeta pessoas de diferentes etnias e gêneros, mas sua prevalência varia de
acordo com esses fatores. Segundo um estudo realizado nos Estados Unidos, a porcentagem
de pessoas que sofrem de TCAP é de 1,6% para brancos, 2,6% para negros, 3,5% para
hispânicos e 2,1% para asiáticos. Em relação ao gênero, o TCAP é mais comum entre as
mulheres do que entre os homens, sendo que 3,5% das mulheres e 2% dos homens
apresentam o transtorno (JAMES I. HUDSON et al., 2007). Esses dados indicam que o TCAP
é um problema de saúde pública que afeta diversos grupos populacionais e que requer atenção
e tratamento adequados.

Segundo (UDO E GRILO, 2018) a internalização dos ideais estéticos dominantes, que
leva as pessoas a adotarem padrões irreais e rígidos de beleza como metas pessoais, aumenta a
vulnerabilidade para o desenvolvimento de comportamentos alimentares desadaptativos.

A falta de diversidade cultural e étnica, que pode dificultar o reconhecimento e a


aceitação das diferenças individuais e grupais em relação ao corpo e à alimentação,
favorecendo a discriminação e o estigma em relação às pessoas que não se conformam aos
padrões hegemônicos. (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2013)

Esses fatores culturais podem interagir com outros aspectos biológicos, psicológicos e
ambientais, criando um contexto propício para o surgimento e a perpetuação do TCAP
(FAIRBURN E HARRISON, 2003). Por isso, é fundamental que as intervenções para
prevenir e tratar esse transtorno considerem a influência da cultura na construção da
identidade, da autoestima e da relação com o corpo e a comida dos indivíduos.

DISCUSSÃO

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A partir dos resultados observados nesse estudo, foram identificados três possíveis
influenciadores etiológicos relacionados ao transtorno da compulsão alimentar periódica
(TCAP): fatores familiares, fatores sociais e fatores culturais.

Os fatores familiares incluem dinâmicas disfuncionais, como conflitos, abuso


emocional ou físico, negligência e pressões relacionadas à alimentação e ao peso corporal.
Relações familiares negativas podem levar a baixa autoestima e desregulação emocional, que
são fatores de risco para o TCAP. Estudos mostraram que um bom convívio familiar e um
bom relacionamento no ambiente familiar estão associados a uma menor probabilidade de
desenvolver comportamentos alimentares problemáticos em adolescentes apontados por
(GONÇALVES et al., 2013).

Os fatores sociais também desempenham um papel importante no desenvolvimento e


na manutenção do TCAP. O uso excessivo de redes sociais, por exemplo, está relacionado a
maiores índices de insatisfação com a imagem corporal e transtornos alimentares. Conforme
(STICE, et al., 2014) a exposição a imagens de corpos "perfeitos" na mídia e a pressão para se
encaixar em padrões de beleza podem levar a sentimentos de inadequação e insatisfação
corporal, aumentando o risco de compulsão alimentar periódica. (SANTAROSSA, 2023)

Os fatores culturais também desempenham um papel no TCAP. O transtorno afeta


pessoas de diferentes etnias e gêneros, mas sua prevalência varia de acordo com esses fatores.
A internalização dos ideais estéticos dominantes e a falta de diversidade cultural e étnica
podem contribuir para o desenvolvimento de comportamentos alimentares desadaptativos e
para a discriminação e o estigma em relação às pessoas que não se conformam aos padrões
hegemônicos. (KEEL, et al., 2007)

É importante destacar que o TCAP é um transtorno alimentar multifatorial,


envolvendo uma combinação de fatores biológicos, psicológicos, ambientais, familiares,
sociais e culturais. Portanto, intervenções eficazes devem considerar a influência desses
diversos fatores na prevenção e no tratamento do TCAP, levando em conta a construção da
identidade, da autoestima e da relação com o corpo e a comida dos indivíduos. (HUDSON,
2007)

Os adolescentes são considerados como um grupo etário vulnerável em transição,


vivendo sob a plena revolução tecnológica e os efeitos da mídia. Segundo (NEUMARK-

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SZTAINER, et al., 2011) é durante a adolescência que os hábitos alimentares se tornam mais
autônomos e independentes. Porém a autonomia alimentar aumenta a probabilidade do
desenvolvimento de comportamentos alimentares inadequados. (BITTAR E SOARES, 2020).

Para (CASTRO, et al., 2010) o período da adolescência merece uma atenção


particular. Sendo caracterizada por diversas modificações físicas, comportamentais e
psicossociais que estão relacionadas com a formação da autoimagem do indivíduo. A
intensidade dessas mudanças, aliadas a atitudes de rebeldia, à tentativa de independência, ao
desejo de transgressão e à falta de preocupação com um futuro distante, podem influenciar os
seus hábitos alimentares e outros comportamentos dos adolescentes que podem repercutir
sobre sua saúde e bem-estar.

De acordo com um estudo que buscou correlacionar os TAs com as mídias sociais foi
observado que adolescentes com problemas de baixa autoestima tinham maior probabilidade
de insatisfação corporal associada a transtornos alimentares (BUTTON, SONUGA-BARKE,
DAVIES, E THOMPSON, 1996; FRENCH, STORY, NEUMARK-SZTAINER,
FULKERSON, E HANNAN, 2001). A literatura evidencia o impacto corporal
negativo cultivado pelo padrão de beleza ideal nas mídias sociais se tornando um forte
propulsor de comparações e inseguranças, esses impactos negativos influenciam diretamente
nas condutas dos nutricionistas que visam serem promotores de saúde ao invés de
catalisadores da doença.

No entanto muito se é discutido entre os profissionais sobre a vedação de divulgação


de fotos de antes e depois nas redes socias (Artigo 58, da resolução 599 de 2018 do Código de
Ética do Nutricionista), porém é de comum acordo que essas imagens tendem a gerar
comparações e associações errôneas atribuídas a nutrição, sendo justamente o que os
nutricionistas tentam combater na propagação de saúde que vai além da estética, havendo
assim um impasse contra uma boa conduta profissional.

O TCAP está associado a diversos fatores biológicos, psicológicos, genéticos e


ambientais, que podem influenciar o desenvolvimento e a manutenção do transtorno. Alguns
desses fatores são segundo (MORAES, C. E. F. de; MARAVALHAS, R. de A.; MOURILHE, C. 2019 )
alterações nos neurotransmissores cerebrais como a serotonina, que regulam o apetite e o
humor; história familiar de transtornos alimentares ou obesidade; baixa autoestima,
perfeccionismo, ansiedade, depressão e estresse; exposição a padrões de beleza irreais e

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pressão social para emagrecer; experiências de abuso, negligência, bullying ou discriminação


por causa do peso. O TCAP pode trazer sérias consequências para a saúde física e mental dos
indivíduos afetados, como obesidade, diabetes, hipertensão, doenças cardiovasculares,
problemas gastrointestinais, distúrbios do sono, isolamento social, culpa, vergonha e baixa
qualidade de vida. Nesse sentido, a nutrição visa orientar o paciente sobre os princípios de
uma alimentação saudável e adequada, respeitando as suas preferências e necessidades
individuais. O objetivo é promover uma relação mais positiva com a comida e o corpo, sem
restrições ou proibições alimentares.

O tratamento desse transtorno requer uma abordagem multiprofissional, que envolva


profissionais de diferentes áreas da saúde, como psicologia, nutrição, psiquiatria,
endocrinologia e gastroenterologia. A equipe multiprofissional tem o papel de avaliar,
diagnosticar, orientar e acompanhar o paciente ao longo do processo terapêutico, oferecendo
suporte emocional, educacional e clínico. Cada profissional contribui com sua expertise e
conhecimento específico para o manejo do TCAP, respeitando as particularidades e
necessidades de cada caso. A atuação integrada e coordenada da equipe multiprofissional
favorece a adesão do paciente ao tratamento, a melhora dos sintomas e a prevenção de
complicações físicas e psicológicas decorrentes do transtorno alimentar. (SANTOS, L. C., E
CLAUDINO, A. M. 2014). Nesse sentido, o nutricionista é um profissional essencial no
tratamento do transtorno alimentar de compulsão periódica. O profissional pode ajudar o
indivíduo a desenvolver hábitos alimentares saudáveis, equilibrados e adequados às suas
necessidades nutricionais, respeitando suas preferências e sua individualidade. Além disso,
pode orientar sobre os riscos e as consequências do transtorno para a saúde física e mental,
bem como sobre as estratégias para prevenir e lidar com as crises de compulsão.
(LATTERZA, et al., 2004)

Um estudo realizado por (GUERDJIKOVA, et al., 2017) mostrou que a intervenção


nutricional associada à terapia cognitivo-comportamental foi eficaz na redução da frequência
e da gravidade dos episódios de compulsão, bem como na melhoria da qualidade de vida dos
pacientes. Portanto, o nutricionista é um aliado importante na recuperação e na manutenção da
saúde dos indivíduos que sofrem com esse transtorno alimentar.

Embora esta revisão tenha proposto uma análise da literatura, encontramos algumas
limitações relacionadas ao tema. Um fator restritivo ao aprofundamento e dimensionamento

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do TCAP foi a falta de estudos em adolescentes especificamente voltados ao TCAP, bem


como a falta de dimensionamento recente na população brasileira.

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CONCLUSÃO

Esse estudo mostrou o impacto do TCAP em adolescentes e seus fatores associados.


Ressalta-se a importância de uma análise criteriosa no diagnóstico e tratamento, devendo ser
multiprofissional. Conforme observado nesta revisão, o adoecimento perpassa multifatores
etiológicos, levando em conta desde fatores psicológicos, culturais, familiares e sociais entre
outros.

O panorama aqui apresentado deixa claro, a importância de mais pesquisas voltadas a


este público tão vulnerável na população brasileira a fim de contribuírem na compreensão dos
TAs e melhorias na prevenção e tratamento.

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