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DISTÓCIAS

DR MACIEL COSTA DA SILVA


CONCEITO

DEFINIÇÃO:
Pode-se definir distócia como qualquer perturbação no bom andamento do parto em que estejam
implicadas alterações em um dos três fatores fundamentais que participam do parto:

Força motriz ou contratilidade uterina – caracteriza a distócia funcional


Objeto – caracteriza a distócia fetal
Trajeto (bacia e partes moles) – caracteriza a distócia do trajeto
DISTÓCIA FUNCIONAL

Caracterizada como a alteração na força motriz durante o trabalho de parto.


Pode estar presente em até 37% das nulíparas com gestações de baixo risco.
Podem ser classificadas como :
1-Distócia por hipoatividade uterina
2-Distócia por hiperatividade uterina
3-Distócia por hipertonia
4-Distócia por hipotonia
5-Distócia de dilatação
DISTÓCIA FUNCIONAL

1- Distócia por hipoatividade uterina


Os elementos da contração encontram-se abaixo do normal, gerando um parto lento.
Pode ser dividida em:
Hipoatividade primária – diagnosticada desde o início do trabalho de parto;
Hipoatividade secundária – inicialmente normal, tornou-se ficou lento ou parou de evoluir.

Conduta necessária é aumentar a força motriz com medidas ocitócicas, como a amniotomia e/ou infusão
de ocitocina.
DISTÓCIA FUNCIONAL

2-Distócia por hiperatividade uterina


Os elementos da contração( frequência,intensidade) estão acima do normal.
Subdivide-se em:
Hiperatividade com obstrução, como devido à desproporção cefalopélvica, tumor de trajeto prévio,
ou sinéquia do colo uterino;
Hiperatividade sem obstrução – a hiperatividade é intrínseca, levando a um parto rápido, ao que se
conceitua um parto em 3 horas ou menos – desde o início do trabalho de parto até a expulsão do
produto conceptual e da placenta e suas membranas ( parto taquitócito).
Conduta :
Cesariana
Avaliação vitalidade fetal, amniotomia tardia
DISTÓCIA FUNCIONAL

3-Distócia por hipertonia


Além de impedir progressão, dificulta oxigenação fetal. Principal causa é uso indevido de ocitócitos.
Subdivide-se em :
Polissistolia( taquissistolia) : 5 ou mais contrações em 10 min.
Superdistensão : polidramnia , gemelaridade
Descolamento prematuro de placenta
Causas : uso indevido de ocitocina - é a causa mais frequente de hipertonia.
Conduta : suspender ocitocina imediatamente, amniotomia
DISTÓCIA FUNCIONAL

4-Distócia por hipotonia uterina


Não possui relevância clínica durante a dilatação ou no período expulsivo, mas pode acarretar em uma
dequitação retardada.
Conduta : deve ser corrigida com medidas ocitócicas.
DISTÓCIA FUNCIONAL

5-Distócia de dilatação
Seu diagnóstico é feito por eliminação. São casos em que a atividade uterina e o tônus são normais,
mas a evolução ainda assim não é favorável. O quadro clínico pode se apresentar de duas formas:

Com paciente poliqueixosa, ansiosa – a liberação de catecolaminas na circulação decorrente do


estresse pode levar à incoordenação uterina.
Conduta : esclarecimento e analgesia peridural.
Quando não se trata de ansiedade, provavelmente está ocorrendo inversão de gradiente.
Conduta : Deve-se adotar medidas ocitócicas, visto que a ocitocina sensibiliza o marcapasso uterino
DISTÓCIA DE TRAJETO

Deve-se à presença de anormalidades ósseas ou de partes moles, o que gera um estreitamento do


canal de parto e dificulta ou até impede a evolução normal do trabalho de parto e a passagem do feto.
Subdivide-se em :
1-Distócias ósseas ( anormalidade dos estreitos)
2-Distócias de partes moles( vulva, períneo, vagina, colo)
DISTÓCIA DE TRAJETO

1-Distócias ósseas ( vícios)


São anormalidades no formato, no tamanho ou nas angulações da pelve, o que torna difícil ou até
impede o parto por via vaginal. Para diagnosticá-las, o principal meio de avaliação ainda é clínico,
através da pelvimetria, apesar da possibilidade de realização de radiografias de quadril ou ressonância
magnética da pelve, para as quais reservamos os casos mais dúbios. ( distócia céfalopélvica )
Avaliação através das conjugatas
DISTÓCIA DE TRAJETO

1-Distócias ósseas ( vícios)


DISTÓCIA DE TRAJETO

2-Distócias de partes moles


São alterações do canal de parto que impedem a progressão do trabalho de parto, excetuando-se as
distocias ósseas, a saber:
Vulva e períneo – Varizes, estenose ou edema de vulva, condiloma acuminado de grande extensão.
Normalmente não impedem o parto, mas podem gerar mais sangramentos vaginais e/ou infecções pós-
parto;
Vagina – septos vaginais (transversos ou longitudinais);
Colo – hipertrofia, estenose cervical pós-cirúrgica (conização, cerclagem) ou cicatricial e edema de colo;
Tumores prévios – interpõem-se à apresentação fetal, como miomas ou neoplasias de colo uterino
DISTÓCIA DO OBJETO

São as anormalidades que ocorrem no trabalho de parto atribuídas ao feto e às relações materno-fetais.
Subdividem-se em :
1-Tamanho fetal
2-Distócia bisacromial
3-Anormalidade da situação e apresentação
DISTÓCIA DO OBJETO

1-Tamanho fetal
O tamanho do feto pode prejudicar uma boa evolução do trabalho de parto quando este for estimado em mais de
4000 g ( desproporção cefalopélvica).

Deve-se tentar identificar uma distócia pelo tamanho fetal preferencialmente antes do trabalho de parto efetivamente, o
que pode ser evidenciado de diversas maneiras:
Altura uterina acima do percentil 95 para idade gestacional;
Presença de edema suprapúbico e membros inferiores sem insinuação do pólo cefálico no estreito superior da bacia;
Estimativa do peso fetal por meio de ultrassonografia obstétrica;
Prova de trabalho de parto – caracteriza-se a parada secundária de dilatação pelo partograma.
DISTÓCIA DO OBJETO

2-Distócia bisacromial ( distócia de ombro)


Trata-se de complicação grave que pode ocorrer no trabalho de parto, quando a apresentação é cefálica
e, após o desprendimento do pólo cefálico, os ombros não se soltam .
Associa-se frequentemente a obesidade materna, ao pós-datismo , diabetes gestacional, macrossomia
fetal.
A distócia de ombros, como também é chamada, pode causar graves consequências à parturiente –
como lacerações, atonia uterina, rotura uterina ou disjunção da sínfise púbica – e ao feto – lesões de
plexo braquial, fratura de clavícula ou úmero, podendo evoluir para óbito intraparto ou neonatal.
DISTÓCIA DO OBJETO

2-Distócia bisacromial ( distócia de ombro)


Diante de uma distocia biacromial, deve-se adotar as seguintes medidas iniciais, em ordem, como
descritas abaixo – protocolo ALEERTA, orientado pelo ALSO (Advanced Life Support of Obstetrics):
DISTÓCIA DO OBJETO
DISTÓCIA DO OBJETO

2-Distócia bisacromial ( distócia de ombro)

LEVANTAR PERNAS
Mc Roberts ( hiperflexão e abdução das coxas)
DISTÓCIA DO OBJETO

2-Distócia bisacromial ( distócia de ombro)

EXTERNA
Pressão supra-púbica(manobra Rubin I)
DISTÓCIA DO OBJETO

2-Distócia bisacromial ( distócia de ombro)

EPISIOTOMIA
Episiotomia ampla
DISTÓCIA DO OBJETO

2-Distócia bisacromial ( distócia de ombro)

RETIRAR BRAÇO
Retirada do braço posterior
DISTÓCIA DO OBJETO

2-Distócia bisacromial ( distócia de ombro)


TOQUE VAGINAL ( manobras internas)
DISTÓCIA DO OBJETO

2-Distócia bisacromial ( distócia de ombro)

ALTERAR POSIÇÃO
Posição de 4 apoios, Gaskin, prece maometana
DISTÓCIA DO OBJETO

2-Distócia bisacromial ( distócia de ombro)

Zavanelli(reintroduzir cabeça na pelve)


DISTÓCIA DO OBJETO

2-Distócia bisacromial ( distócia de ombro)

Fratura de clavícula
Sinfisiotomia
DISTÓCIA DO OBJETO

3-Distócia de situação ou apresentação


Transversa
Pélvica
Defletidas ( face/fronte)
OS , OT
BIBLIOGRAFIA

FEBRASGO,2017
WILLIAMS OBSTETRÍCIA, 2011
ZUGAIB OBSTETRÍCIA, 2008

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