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GABRIELA BERNARDES FERREIRA LIMA

A INFLUÊNCIA DA NUTRIÇÃO EM CRIANÇAS COM


TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA

Cuiabá
2018
GABRIELA BERNARDES FERREIRA LIMA

A INFLUÊNCIA DA NUTRIÇÃO EM CRIANÇAS COM


TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


à Universidade de Cuiabá como requisito
parcial para a obtenção do título de graduado
em Nutrição.

Orientador: Denise Rezende

Cuiabá
2018
GABRIELA BERNARDES FERREIRA LIMA

A INFLUÊNCIA DA NUTRIÇÃO EM CRIANÇAS COM


TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


à Universidade de Cuiabá como requisito
parcial para a obtenção do título de graduado
em Nutrição.

Orientador: Denise Rezende

BANCA EXAMINADORA

Prof(a). Isabela Prado

Prof(a). Luciana Noia de Carvalho

Cuiabá, 15 de Junho de 2018


LIMA, Gabriela Bernardes Ferreira. A influência da nutrição em crianças com
transtorno do espectro autista. 2018. 34 pag. Trabalho de Conclusão de Curso de
Graduação em Nutrição – Universidade de Cuiabá, Cuiabá, 2018.

RESUMO

Já é de conhecimento que o autista não se caracteriza apenas por um transtorno


neurológico, envolve também desequilíbrio imunológico, anormalidades metabólicas
com problemas com a desintoxicação, inflamação intestinal e sintomas
gastrointestinais. O objetivo desse trabalho é compreender como a nutrição interfere
na saúde de crianças com transtorno do espectro autista. Foi realizada uma análise
descritiva dos dados obtidos pela revisão da literatura utilizando bases de dados
virtuais, livros e publicações de órgãos pertinentes, publicadas no período de 1990 a
2017. Estudos mostraram a importância da maturidade intestinal para o
desenvolvimento cognitivo da criança, pois um sistema digestivo prejudicado pode
desencadear vários problemas como eventos de toxicidades, podendo esta ser uma
das principais causas no aparecimento de doenças neurais. Outros estudos
apontaram que os autistas apresentam deficiências na produção de enzimas que
participam da metabolização do glúten e caseína, causando desequilíbrio na flora
intestinal, tornando a membrana intestinal permeável, o que permite a entrada
desses peptídeos na corrente sanguínea. Devido à desordem neurológica presente
nos autistas durante às refeições, ele apresenta seletividade, recusa e indisciplina
alimentar. São necessários mais estudos para uma conclusão sobre o tema, porém
pode-se observar que a intervenção nutricional em pacientes com o transtorno do
espectro autista melhora o seu quadro.

Palavras-chave: Nutrição; Autismo; TEA; Maturidade intestinal; Alimentação.


LIMA, Gabriela Bernardes Ferreira. The influence of nutrition on children with
autism spectrum disorder. 2018. 34 pag. Trabalho de Conclusão de Curso de
Graduação em Nutrição – Universidade de Cuiabá, Cuiabá, 2018.

ABSTRACT

It is known that the autistic is not only characterized by a neurological disorder, it also
involves immunological imbalance, metabolic abnormalities with problems with
detoxification, intestinal inflammation and gastrointestinal symptoms. The aim of this
work is to understand how nutrition interferes with the health of children with autism
spectrum disorders. A descriptive analysis of the data obtained by the literature
review using virtual databases, books and publications of pertinent organs, published
between 1990 and 2017. Studies have shown the importance of intestinal maturity for
the cognitive development of the child, since a system impaired digestive system can
trigger several problems such as toxicities, and this can be one of the main causes of
neural diseases. Other studies have pointed out that autistic individuals present
deficiencies in the production of enzymes that participate in the metabolism of gluten
and casein, causing an imbalance in the intestinal flora, making the intestinal
membrane permeable, which allows the entry of these peptides into the bloodstream.
Due to the neurological disorder present in the autistic during meals, it presents
selectivity, refusal and indiscipline feeding. Further studies are needed for a
conclusion on the subject, but it can be observed that nutritional intervention in
patients with autism spectrum disorder improves their condition.

Palavras-chave: Nutrition; Autism; TEA; Intestinal maturity; Food.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Possíveis vias envolvidas nas interações neuroimunes nos TEA...........14


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

5HT Serotonina
BB Barreira hematoencefálica
BVS Biblioteca Virtual em Saúde
CD Células dendríticas
ECC Células enterocromafins
EIC Eixo microbiota-intestino-cérebro
GFCF Gluten Free Casein Free
GI Gastrointestinal
IAG Trans-indolil-3-acriloilglicina
IEC Células epiteliais do intestino
LPS Lipossacarídeo
MC Mastócitos
PTF Centro de Tratamento Pfeiffer
TEA Transtorno do Espectro Austista
TGD Transtorno Global do Desenvolvimento
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..........................................................................................................9

2 MATURIDADE INTESTINAL DO AUTISTA ...........................................................11

3 A DIETA GLUTEN FREE CASEIN FREE ..............................................................16

4 COMPORTAMENTO ALIMENTAR DO AUTISTA .................................................21

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................26

REFERÊNCIAS..........................................................................................................28
9

1 INTRODUÇÃO

O autismo, antigamente, era definido como a perda do contato afetivo e


interpessoal, dificuldade de comunicação social e, até, o afastamento com a
realidade. Hoje, consegue-se definir o autista como um Transtorno Global do
Desenvolvimento (TGD) que envolve vários fatores e se manifestam com a
dificuldade de se comunicar e de se relacionar afetivamente, com padrões de
comportamento repetitivos e interesses reduzidos. Para o acompanhamento do
autista, faz-se necessário a atenção para quatro áreas: desequilíbrio imunológico,
anormalidades metabólicas com problemas com a desintoxicação, inflamação
intestinal e sintomas gastrointestinais. Todas elas devem ser tratadas
simultaneamente e com a mesma importância pois, apesar de ser um transtorno do
desenvolvimento, o qual os sinais clínicos são, principalmente a interação social e
afetiva, a origem advém dessas áreas.

É de conhecimento comum que o intestino também é chamado de “segundo


cerébro” e, não é por acaso. Existe uma conexão cérebro-intestinal que afeta
diretamente as funções normais do intestino, resultando em transtornos
neuropsiquiátricos. Este é o caso do Transtorno do Espectro Austista (TEA), que têm
uma relação íntima com o trato gastrointestinal.

O autismo tornou-se um dos distúrbios mais estudados devido à gravidade da


doença e à crescente prevalência relatada de 40 a 60 casos a cada 10.000
nascimentos (BARBARESI, KATUSIC, & VOIGT, 2006; FOMBONNE, ZAKARIAN,
BENNETT, MENG, & MCLEAN-HEYWOOD, 2006; GERNSBACHER, DAWSON, &
GOLDSMITH, 2005; SCHECHTER & GRETHER, 2008), ocupando o terceiro lugar
entre os distúrbios do desenvolvimento infantil. Assim sendo, o interesse na
identificação precoce é alto por demonstrar que se acompanha de melhorias a longo
prazo para a criança e para a família. Por ter sido descoberto recentemente, há
poucos estudos científicos específicos do transtorno autista em relação à
alimentação deixando uma lacuna no tratamento, visto que, as crianças autistas
sofrem com sintomas gastrointestinais frequentes, tais como: dor abdominal, diarreia
crônica, flatulência, vômitos, regurgitação, perda de peso, intolerância aos alimentos,
irritabilidade, desinteria entre outros; além da melhora significativa na sociabilidade e
comunicação dos pacientes pela terapia nutricional.
10

Analisando-se todas essas informações, como a nutrição influencia na saúde


de crianças com transtorno do espectro autista? O trabalho decorre sobre alguns
pontos importantes que engloba a fisiologia do autista até a sua relação com a
alimentação.

Este trabalho tem como objetivo compreender como a nutrição interfere na


saúde de crianças com transtorno do espectro autista , definindo como a maturidade
intestinal e alterações metabólicas apresentadas pelo autista afeta em seu
desenvolvimento, verificando como a dieta GFCF interfere na saúde do autista e
determinando a relação comportamental do autista com a alimentação.

Para a elaboração deste trabalho foi realizada uma revisão da literatura sobre
o tema proposto: como a nutrição influencia na saúde de crianças com transtorno do
espectro autista. A base de dados: BVS (Biblioteca Virtual em Saúde), Google
Acadêmico, Pubmed Central, Scielo (Scientific Eletronic Library OnLine), livros e
publicações de órgãos pertinentes serviram como instrumento para levantamento de
dados. Foram inclusos apenas as publicações que correspondem ao estudo,
publicadas no período de 1990 a 2017, todos os tipos de delineamentos
metodológicos foram aceitos. A busca foi feita por termos livres, com o uso de
vocabulário controlado (descritores): nutrição, autismo, TEA, maturidade intestinal do
autista, comportamento do autista, alimentação, dieta GFCF, alterações metabólicas
do autista, autism, nutrition and autism, gut, autism spectrum disorders, food
selectivity. Para a compreensão do tema, foi realizado uma análise descritiva dos
dados obtidos pela revisão da literatura para a elaboração da pesquisa e seu
referencial teórico.
11

2 MATURIDADE INTESTINAL DO AUTISTA

A ideia de que há interação entre o sistema digestório e o encéfalo não é


recente. Emoções extremas podem causar desconfortos abdominais e provocar
diarreias e/ou vômitos. Desde o século XIX especula-se o impacto recíproco do trato
gastrointestinal (GI) no encéfalo, mas somente nas últimas décadas uma rota
bidirecional de comunicação entre estes sistemas posteriormente denominados eixo
encéfalo-intestinal, tornou-se reconhecido (RHEE et al., 2009; MAYER, 2011).
Do trato GI, a informação sensorial pode ser influenciada pela flora intestinal e
então ser processada e transmitida individualmente, ou coletivamente, por diferentes
vias de comunicação, como a via neuronal, hormonal e/ou imunológica, antes de ser
recebida pelo cérebro. Modificações nas vias de comunicação entre o intestino e o
encéfalo são responsáveis por profundos efeitos no desenvolvimento e homeostase
do sistema nervoso central, alterando funções fisiológicas e patológicas do indivíduo
(BUFFINGTON, 2016; HOBAN, 2016; O’MAHONY, 2014; SUDO, 2004).
Sabe-se que a maturidade intestinal é de grande importância para o
desenvolvimento cognitivo da criança, pois um sistema digestivo prejudicado pode
desencadear vários problemas como eventos de toxicidades, podendo esta ser uma
das principais causas no aparecimento de doenças neurais. A prevalência de
sintomas gástricos em crianças autistas é alta 46-76%, quando comparada a
crianças com desenvolvimento normal 10-30% (GOLDBERG, 2004). Os sintomas
comumente descritos em estudos são: refluxo, diarreia crônica, constipação,
flatulência excessiva e distensão abdominal (LEVY et al., 2007).
Um fator que interfere na saúde do autista é que uma permeabilidade
intestinal alterada poderia representar um mecanismo possível para o aumento da
passagem pela mucosa intestinal de peptídeos derivados de alimentos com
subsequente anormalidades comportamentais (D`EUFEMIA et al., 1996).
Essa relação está associada com ocorrências de respostas imunes
exacerbadas a certas proteínas alimentares, podendo ser, por exemplo, a gliadina,
proveniente do glúten, que podem levar a uma resposta inflamatória, que impede a
absorção completa de peptídeos, levando ao aumento da toxicidade, que por sua
vez atravessam a barreira hematoencefálica e atuam nos receptores opióides no
12

sistema nervoso central (GALIATSATOS, et al., 2009).


O sistema opioide endógeno é formado por um conjunto de receptores e
peptídeos ligantes endógenos que estão distribuídos no sistema nervoso central e
tecidos periféricos como o sistema imune, cardiovascular, endócrino e trato
digestório (BODNAR, 2009). Esse sistema é crucial para a manutenção da
homeostase e sobrevivência do organismo e devido a sua ampla distribuição regula
diversas respostas fisiológicas como a transmissão da nocicepção, atividade
cardiovascular e ciclo circadiano. Ele também regula os níveis de ansiedade, caráter
depressivo, perfil locomotor, memória, comportamento e atua no desenvolvimento
do sistema nervo central, pois opera na proliferação, migração e diferenciação
celular cerebral (BODNAR, 2009; TRIGO et al., 2010).
Segundo informações do “Centro de Tratamento Pfeiffer (PTC)”: AUTISM:
RESERCH UPDATE (1995), os autistas apresentam, entre outras alterações, um
defeito na função da proteína metalotionina que tem como função básica, a
detoxificação de metais pesados, anormalidade esta que aparenta ser genética,
tornando, o cérebro do autista extremamente sensível para metais tóxicos e outras
substâncias ambientais. Esta proteína está, também, envolvida diretamente no
desenvolvimento e maturação cerebral e do trato gastrintestinal nos primeiros anos
de vida do ser humano. Por outro lado, a função diminuída da proteína metalotionina
dificulta também, a entrada de alguns minerais nas células. Entre eles estão o cobre
e o zinco que são responsáveis pela maturação intestinal, função imune e
crescimento celular (NIMH, 2007).
Alguns peptídeos foram encontrados na urina de 80% dos 1.100 autistas
estudados. Tais peptídeos advém do metabolismo falho de algumas proteínas. Uma
parte pode ser direcionada ao cérebro, provocando interferências na atividade dos
neurotransmissores, devido sua ação neuroregulatória e possível estimulação pré-
sináptica. A gluteomorfina ou gliadomorfina é proveniente do metabolismo do glúten
e a caseomorfina proveniente do metabolismo da proteína caseína, e foram esses
os peptídeos encontrados nas urinas (SHATTOCK, 1990).
Evidências têm mostrado que estes peptídeos, provenientes da quebra de
alguns compostos protéicos, apresentam ação similar aos opióides, e, quando
intactos podem atravessar a parede do intestino, atingir a corrente sanguínea e
13

chegar ao cérebro em maior quantidade nos indivíduos autistas (D`EUFEMIA et al.,


1996).
Horvath & Perman (2002) descreveram alterações patológicas na
permeabilidade intestinal, aumento da resposta secretória à injeção intravenosa de
secretina e diminuição da atividade enzimática digestiva, o que demonstra uma
conexão relativa entre as ações do cérebro e do intestino. Outro estudo, feito por
Murch et al. (1993), sugeriram que a deficiência dos sistemas de fenil-transferase na
parede do intestino, pode conduzir a um aumento da permeabilidade intestinal para
alimentos com peptídeos, levando a uma inflamação intestinal e disfunção
neuropsiquiátrica.
Outro achado promissor é a presença de elevada concentração de trans-
indolil-3-acriloilglicina (IAG) na urina de autistas que foi postulada por Mills, Savery e
Shattock (1998) e Shattock et al. (1990) como provável biomarcador de disfunções
do trato digestório. Esse composto é resultante do catabolismo do aminoácido
triptofano. Alterações do metabolismo do triptofano estão associadas a quadros
clínicos de doenças intestinais, neurológicas e psiquiátricas (MARKLOVA;
MAKOVIČKOVÁ; KRÁKOROVÁ, 2000).
De fato, algumas das principais evidências observadas no autismo são as
anormalidades neurológicas e metabólicas. Diante disso, várias investigações têm
sido direcionadas para a função de alguns nutrientes na alimentação do autista,
objetivando uma melhora nos sintomas da desordem neurológica, e, tornando o
tratamento nutricional um dos primeiros pontos que devem ser observados nas
crianças autistas (MEHL-MADRONA, 2008).
A primeira evidência da relação entre disfunções do trato digestório e
transtorno autístico foi descrita em 1971 por Goodwin, Cowen e Goodwin, que
identificaram em um grupo de crianças autistas o quadro de má absorção intestinal.
O resultado dessa pesquisa estimulou a investigação do aparelho digestório dessa
população e diferentes alterações foram identificadas como: a baixa concentração
de α-1antitripsina, elevada excreção fecal de calprotectina, deficiência de enzimas
proteolíticas, permeabilidade intestinal anormal e deficiência da enzima
fenolsulfotransferase (ALBERTI et al., 1999; D’EUFEMIA et al., 1996; SMITH et al.,
2009;).
14

A figura 1 tenta explicar como os fatores imunológicos de origem


gastrointestinal podem influenciar no funcionamento neuronal e consequentemente a
alteração de comportamento dentro dos TEA.
Figura 1 - Possíveis vias envolvidas nas interações neuroimunes nos TEA

Fonte: Theije et al. (2011).


Após perturbação imune no trato gastrointestinal, as células epiteliais do
intestino (IEC) tornam-se mais permeáveis. As células enterocromafins (ECC),
linfócitos, mastócitos (MC) e células dendríticas (DC) secretam todos os tipos de
fatores neuroimunes que podem estimular o nervo entérico (1). Em adição citocinas
e linfócitos estão na circulação e atravessam a barreira hematoencefálica (BB) (2).
Citocinas séricas podem atravessar a barreira sangue cérebro (BB) (3) e citocinas
podem se ligar a células neurogliais do cérebro, induzindo à uma resposta imune
(neuroinflamação) (4). LPS (lipossacarídeo) promovem o aumento da
permeabilidade da barreira sangue-cérebro, aumentando liberação de citocinas que
se ligam a células do cérebro, acarretando a resposta imune (5) e alteração da
15

homeostase neuronal (THEIJE et al., 2011).


Antígenos alimentares, bactérias e alguns produtos podem levar à uma
inflamação intestinal e consequentemente à um aumento da permeabilidade.
Magistris et al. (2010) demonstraram que indivíduos com TEA apresentam um
aumento da permeabilidade intestinal de 36,7% em comparação com os controles.
A deficiência na sulfatação é outro fator que ajuda o intestino a se tornar
permeável. Os glicosaminoglucanos são dependentes da sulfatação e, são eles que
respondem pela integridade da barreira hematocefálica e da mucosa intestinal. Com
o processo de sulfatação prejudicado, qualquer substãncia nociva que caia na
corrente sanguínea (peptídeos opióides, metais pesados, químicas) consegue atingir
o cérebro (MARCELINO, 2010).
Em um estudo com indivíduos que apresentam TEA observou-se
hiperserotonemia em 1/3 deles. A hipótese para este fato é que durante a resposta
inflamatória no intestino, a serotonina (5HT) é produzida e liberada pelas células
enterocromafins (ECC), acarretando uma dismotilidade e consequente alteração da
consistência das fezes. Com uma maior utilização do triptofano (precursor da 5HT)
pelo intestino através da dieta, teremos menos triptofano disponível para passagem
pela barreira sangue cérebro e, portanto diminuição de 5HT cérebro, acarretando
disfunções cognitivas nos indivíduos com TEA (THEIJE et al., 2011).
Como já foi citado, a permeabilidade intestinal identificada nos autistas
proporciona a passagem de peptídeos derivados do metabolismo do glúten e da
casein, de acordo com Shattock (1990); e o TEA pode ser uma consequência da
ação desses peptídeos de origem exógena, a qual afeta diretamente a
neurotransmissão do sistema nervoso central. (REICHELT, 1990; SHATTOCK &
LOWDON, 1991). Assim sendo, uma dieta modificada é de extrema importância para
a saúde do autista.
16

3 A DIETA GLUTEN FREE CASEIN FREE

O autismo é um distúrbio com origem genético e ambiental, então, fatores


ambientais como poluição, toxinas, alimentação inadequada e modificada são cada
vez mais importantes para o desenvolvimento das doenças multifatoriais
(MARCELINO, 2010).
Alguns sinais que os portadores de autismo apresentam estão relacionadas
principalmente ao desenvolvimento da linguagem e interação social deficientes,
além de alterações gastrointestinais, incluindo produção ineficiente de enzimas
digestivas, inflamações e a permeabilidade intestinal alterada. Esses sinais fzem
com que o transtorno se agrave ainda mais (GONZALEZ, 2005).
Recentemente, a microbiota intestinal foi incluída no conceito de EIC, que
passou a ser denominado eixo microbiota-intestino-cérebro (RHEE, POTHOULAKIS,
MAYER, 2009; MAYER, SAVIDGE, SHULMAN, 2014; CARABOTTI et al., 2015;
DINAN, CRYAN, 2017a; MELTZER, VAN DE WATER, 2017). Uma comunicação
complexa e bidirecional no contexto deste eixo parece apresentar um papel na
homeostase gastrintestinal a partir do cérebro, assim como uma interferência do
trato gastrintestinal e sua microbiota no desenvolvimento e função do sistema
nervoso central, incluindo funções afetivas e cognitivas (DINAN, CRYAN, 2017a;
MELTZER, VAN DE WATER, 2017; GRENHAM et al., 2011; FOSTER, NEUFELD,
2013). De maneira que, doenças neurodegenerativas, transtornos psiquiátricos tais
como ansiedade, depressão e transtorno do espectro autista vêm sendo
relacionados a alterações da microbiota intestinal e processo inflamatório (MAYER,
SAVIDGE, SHULMAN, 2014; DINAN, CRYAN, 2017a/b; FOSTER, NEUFELD, 2013).
O Glúten é uma proteína ergástica amorfa encontrada na semente de alguns
cereais, tendo em sua composição gliadina e glutenina (CARDOSO; FERNANDES,
2012). Um dos efeitos dessa proteína no intestino humano é a agressão que ela
causa nas vilosidades do intestino delgado, prejudicando a absorção dos alimentos
(CARVALHO & WERNECK JR., 2015).
A caseína é uma proteína do leite e seus derivados, agregada com grupos
fosfatos, podendo ser chamados de fosfopeptídeos (PHILIPPI, 2008).
17

Durante a metabolização do glúten e a caseína, eles são transformados em


gliadinomorfina (metabolização do glúten) e caseomorfina (a quebra da proteína da
caseína). Esses peptídeos demandam um funcionamento perfeito de enzimas para
sua quebra e absorção. Quando eles conseguem atravessar a barreira intestinal,
algem como morfina no corpo, já que atingem a corrente sanguínea e podem chegar
ao cérebro pela corrente sanguínea (MARCELINO, 2010).
Vários estudos identificaram nos autistas, sérias deficiências de produção
enzimática com pouca ou nenhuma produção da enzima DPP IV responsável pela
quebra desses peptídeos. Também notaram um desequilíbrio na flora intestinal,
responsável por tornar o intestino permeável e deixando que esses peptídeos
entrem na corrente sanguínea e se liguem aos receptores opiáceos no cérebro
(MOURA; NASCIMENTO; RAMOS, 2012).
Os autistas apresentam sintomas parecidos com as pessoas que sofrem de
intolerância alimentar, crendo que a caseína e o glúten podem induzir ou simular
uma intolerância alimentar produzindo anticorpos, como na doença celíaca. Na
maioria dos autistas, esses sintomas se manifestam pelo comportamento
(MARCELINO, 2010).
Quando os peptídeos opioides atingem o fluxo sanguíneo, causam alterações
na motilidade intestinal e no nível de acidez estomacal, e redução do número de
células nervosas do sistema nervoso central interferindo na neurotransmissão
(SHATTOCK, 1991).
Neste contexto de desequilíbrios bioquímicos e metabólicos que afetam
múltiplos sistemas orgânicos, a alimentação parece desempenhar um papel
bastante positivo, auxiliando no equilíbrio do indivíduo como um todo. Alguns
estudos, relatos empíricos e inquéritos familiares mostram evidências de que as
intervenções dietéticas têm alcançado algum sucesso na melhora dos sintomas do
autismo. Existe à disposição de pais, cuidadores e profissionais uma gama de
opções de dietas especiais que podem ser direcionadas ao tratamento de indivíduos
com autismo (RODRIGUES, 2010).
Várias terapias alternativas têm sido disseminadas aos pais de crianças com
autismo. Diferentes estratégias nutricionais têm sido sugeridas, incluindo restrição de
alérgenos alimentares, probióticos, dieta livre de glúten e caseína e suplementos
18

alimentares, tais como as vitaminas A, C, B6, e B12, de magnésio e ácido fólico.


Uma das intervenções mais populares no TEA é a dieta livre de glúten e caseína. A
hipótese é que alguns sintomas podem ser o resultado de peptídeos opióides
formados a partir da decomposição incompleta de alimentos contendo glúten e
caseína. Aumento da permeabilidade intestinal, também referida como a "síndrome
do intestino solto", permite que estes peptídeos atravessem a membrana intestinal,
entrem na corrente sanguínea e atravessem a barreira hematoencefálica, afetando o
sistema nervoso. O excesso destes opióides levaria a comportamentos observados
no TEA, e a remoção destas substâncias da dieta se assemelha a uma mudança
positiva de comportamentos nos autistas (ELDER, 2008).
Estudos realizados na Dinamarca com crianças autistas revelaram melhora
comportamental após restringirem, por 8 a 12 meses, glúten e caseína da dieta
(WHITELEY et al., 2010).
Para a adoção de dieta GFCF, a mudança deve ser feita de modo gradual e
lenta para a adaptação da criança. Apesar de nem sempre ser fácil identificar se o
alimento contém ou não glúten ou caseína, a maioria dos produtos industrializados
mencionam se há presença dessas substâncias em sua composição. Porém,
remédios, vitaminas e temperos não entram nessa lista (DOMINGUES, 2008).
Santos (2017) sugere um protocolo adaptado e ordenado: A. Retirada da
caseína e de todos os produtos derivados dessa proteína dos alimentos destinados
aos autistas, com observação constante do nutricionista por um período de 3
semanas (tempo experimental de possíveis reações adversas do procedimento); B.
Após o período experimental em relação à restrição da caseína e derivados, inicia-
se a retirada do glúten e derivados da alimentação do autista, seguindo o mesmo
critério de observação utilizado para caseína, mas agora por um período
experimental de 5 meses.
A eliminação da caseína e glúten da dieta deve ser feita acompanhada por
um profissional da saúde, de preferência um nutricionista, pra garantir que a retirada
dos alimentos que contém essas substâncias não cause nenhum deficiência
nutricional, como por exemplo, o cálcio que está deixando de ser ingerido ao retirar-
se o leite da dieta. (DOMINGUES, 2008).
As observações constantes do nutricionista se fazem necessárias com o
19

objetivo de prevenir possíveis quadros de deficiências de vitaminas e minerais que


possam ser iniciadas com a retirada dos componentes alimentares conforme
descritos e, principalmente, a possibilidade do aparecimento da síndrome de
abstinência, ocasionada pelo bloqueio e interferência da ação opióide dos peptídeos
no sistema nervoso central, a qual pode não apresentar grande consequência
nutricional para o paciente. Mas se houver, alguma consequência, estas surgirão
como alterações psicológicas e psicomotoras significativas, e nesse caso, deverão
ser discutidos juntamente com a equipe de tratamento do paciente (SANTOS, 2017).
A partir do momento em que se adota a dieta Gluten Free Casein Free
(GFCF), se nota apenas uma diminuição nos sintomas, e não uma extinção deles.
Muitas vezes, as melhoras são quase imperceptíveis, e só fica claro a eficácia da
dieta, quando a criança volta a apresentar os sintomas após algum deslize na dieta.
(MOURA; NASCIMENTO; RAMOS, 2012).
A melhora de alguns sintomas foram relatados após a adoção da dieta GFCF,
como a melhora do nível de concentração e o contato com os olhos, regressão do
comportamento agressivo e repetição motora, aumento da afetividade, melhora na
linguagem verbal e não verbal, melhora dos distúrbios gastrintestinais, melhora do
sono (MARCELINO, 2010).
À medida que a comunidade médica aguarda evidências adicionais de
estudos clínicos, os profissionais de alimentação e nutrição têm um papel importante
a desempenhar para garantir a saúde e a segurança de crianças autistas, cujas
famílias optaram por prosseguir abordagens dietéticas para o tratamento. Além
disso, é importante exortar as famílias a avaliar periodicamente os prós e contras de
todas as abordagens dietéticas para o tratamento, tendo em vista que as terapias
nutricionais ainda não têm embasamento científico suficiente. (PEREGRIN, 2007).
De 1680 pacientes com TEA, 13% dos pais, de 18 países europeus,
utilizavam dieta sem glúten ou sem caseína, com resultados variáveis. Lembrando
que a exclusão do glúten implica na exclusão de todos os produtos que o contém
como: trigo, aveia, cevada ou centeio e todas as farinhas, pão, biscoitos, macarrão e
outros produtos. A exclusão da caseína retira da dieta derivados do leite, iogurte,
queijo, manteiga, creme ou sorvete, entre outros. Portanto, este tipo de
20

recomendação alimentar traz uma série de problemas para o cotidiano familiar


(SALOMONE et al., 2015).
Melhora dos sintomas do autismo com dietas de exclusão de glúten e caseína
são descritas em alguns estudos, entretanto, uma revisão sistemática recente
desenvolvida por um grupo de pesquisadores espanhóis reforça as dificuldades na
escolha de artigos de boa qualidade sobre o tema, mas pontua que essa prática
pode atingir até 70% dos casos de autismo em algumas publicações (MARÍ-
BAUSET et al., 2014).
No entanto essa intervenção é amplamente questionada devida as
deficiências nutricionais desenvolvidas e pela falta de comprovação científica de que
ela continuará tendo efeitos benéficos após o primeiro ano de inclusão da dieta
GFCF e trazer prejuízos na saúde óssea, pela exclusão dos principais alimentos
fontes de cálcio. (WHITELEY et al., 2013; ADAMS et al., 2008). Por isso, ao aderir à
dieta GFCF recomenda-se que seja feita uma suplementação de vitamina B6 e
magnésio, além de avaliar a necessidade de adicionar outras vitaminas importantes,
como por exemplo, o cálcio (CARVALHO et al., 2012).
O estado nutricional do autista depende não só da ingestão alimentar, mas
também de processos fisiológicos e metabólicos, como a digestão e a absorção dos
nutrientes. Se por um lado, as possíveis perturbações metabólicas do autismo
podem conduzir a necessidades acrescidas de vitaminas e minerais, por outro lado,
situações de recusa e seletividade alimentar são frequentes em autistas o que pode
conduzir a um inadequado aporte de energético e de micronutrientes (GONZALEZ,
2010).
21

4 COMPORTAMENTO ALIMENTAR DO AUTISTA

Atualmente, o autismo é descrito como uma forma de desordem neurológica


de causa desconhecida, caracterizada pela deterioração e demora na interação
social e na aquisição da linguagem, bem como, deficit de habilidades com padrões
repetitivos de comportamento e sintomatologia iniciada antes dos 3 anos de idade
(SIEGEL, 1996; HORVATH & PERMAN, 2002). Nesta desordem neurológica
existem anormalidades na estrutura e função cerebral, especialmente com
implicações diretas no sistema límbico e cerebelar. Devido a estas áreas serem
atingidas, aproximadamente 75% a 80% das crianças com autismo apresentam
algum grau de retardo mental e, em muitos casos, esses indivíduos não conseguem
ser independentes na vida adulta (SIEGEL, 1996).

Normalmente nos primeiros dois anos de vida, a criança experimenta uma


gama de alimentos, texturas e sabores diferenciados. Já as crianças portadoras do
espectro autista são muito mais seletivas e resistentes ao novo e costumam criar um
bloqueio à essas novas experiências alimentares. Acredita-se que o comportamento
repetitivo e o interesse restrito tenham um papel importante na seletividade dietética.
(CARVALHO et al., 2012).
A recusa alimentar ocorre tanto em crianças com o desenvolvimento normal
quanto em crianças com autismo, sendo uma atitude comum que ocorre na primeira
infância, uma vez que há introdução de alimentos com texturas e sabores
desconhecidas. No entanto, pais de crianças autistas relatam que seus filhos são
altamente seletivos e com um repertório alimentar limitado a um máximo de cinco
alimentos. Com essas restrições, o consumo de nutrientes essenciais como
vitaminas, minerais e macronutrientes, passa a ser impróprio, levando a um estado
nutricional inadequado (BANDINI et al., 2010).
Estudos sugerem que a seletividade alimentar é mais comum em crianças
com TEA do que em crianças com desenvolvimento típico, e que um repertório
limitado de alimentos podem estar associado a uma nutrição inadequada. Estas
crianças são muitas vezes descritas como excessivamente seletivas, com aversão a
texturas específicas, cores, cheiros, temperaturas e rigidez com relação a marcas
específicas de alimentos (RAITEN; MASSARO, 1986; SCHRECK; WILLIAMS;
22

SMITH, 2004).
A literatura científica tem nos mostrado que, com relação à alimentação,
especialmente na hora da refeição, três aspectos mais marcantes são registrados:
seletividade, que limita a variedade de alimentos, podendo levar a carências
nutricionais; recusa, mesmo ocorrendo a seletividade é frequente a não aceitação do
alimento selecionado o que pode levar a um quadro de desnutrição calórico-proteica
e a indisciplina alimentar que também contribui para a inadequação alimentar.
Portanto, deve-se ter cautela ao deixar as crianças autistas ingerir alimentos que
não sejam saudáveis, devendo ser evitados (CARVALHO, 2012).
Um estudo mostrou que a seletividade alimentar pode estar relacionada com
a sensibilidade sensorial ou também descrita como defensividade tátil, que pode
estar presente em algumas crianças com falhas de aprendizagem e de
comportamento. Define-se a sensibilidade sensorial como uma reação exagerada a
determinadas experiências de toque, que muitas vezes resulta em uma resposta
comportamental negativa, podendo contribuir na dificuldade da aceitação de texturas
de alimentos diversificados em crianças com TEA (CERMAK; CURTIN; BANDINI,
2010).
Uma pesquisa atual descreve que há alta prevalência desses distúrbios em
indivíduos portadores de TEA, e está presente em várias idades e em ambos os
gêneros, cerca de 90% manifestam essas dificuldades sensoriais, podendo ocorrer
em vários domínios como os domínios do tato e do olfato. Sendo assim essas
alterações são extremamente comuns e são consideradas como um dos critérios
para o diagnóstico da doença (CERMAK; CURTIN; BANDINI, 2010).
De acordo com um estudo, os distúrbios sensoriais podem contribuir
negativamente no consumo de certos tipos de alimentos, estando relacionado com a
textura e o cheiro do mesmo, o que traz certa repreensão às crianças com TEA, e o
momento do consumo desses alimentos torna-se algo intragável e intolerável e
muitas vezes a refeição é associada a algo ruim e desagradável, dificultando a
nutrição adequada (ATTWOOD, 2006). Outro aspecto bem conhecido em pacientes
com espectro autista são as alterações no hábito alimentar, sendo descritos desde
aversão, seletividade até a recusa total de determinados alimentos e
comportamentos obsessivos disfuncionais, além de efeitos adversos de alguns
23

medicamentos como redução do apetite (GERAGHTY; DEPASQUALE; LANE,


2010).
No estudo de Bandini et al. (2010) a seletividade alimentar foi investigada em
três domínios: 1) recusa alimentar; 2) repertório limitado de alimentos; e 3) alta
frequência de consumo alimentar individual. A hipótese era de que crianças com
TEA exibem uma seletividade maior a alimentos do que as crianças com
desenvolvimento típico. Também foi avaliado se a seletividade alimentar foi
associada com ingestão inadequada de nutrientes, uma vez que isso teria
implicações importantes para uma dieta adequada. A seletividade alimentar foi
comparada entre 53 crianças com TEA e 58 com desenvolvimento típico com idades
entre 3-11 anos. Os resultados mostram que crianças com TEA apresentaram uma
recusa maior ao alimento do que as crianças com desenvolvimento típico (41,7% vs
18,9% dos alimentos oferecidos, p <0,0001). Um repertório de alimentos mais
restrito foi relatado para crianças com TEA do que crianças com desenvolvimento
típico (19,0 vs 22,5 alimentos, p <0,001).
Em ambos os grupos todas as crianças tinham uma ingestão inadequada de
fibra. Além de fibras, a inadequação de nutrientes era comum para a vitamina D,
vitamina E e cálcio. Ingestão inadequada de vitamina D e cálcio foi mais frequente
para as crianças com TEA em comparação com crianças com desenvolvimento
típico (BANDINI et al., 2010).
A seletividade desses alimentos prejudica de forma marcante o consumo de
nutrientes, ou seja, a indisciplina durante as refeições interfere na ingestão de
alimentos e na adequação nutricional (AHEARN, 2001). Isso ocorre, pois as
anormalidades comportamentais relacionadas à alimentação, provavelmente está
associada aos sintomas do Transtorno do Espectro Autista (LUKENS, 2008).
Cornish (1998) analisou o histórico alimentar de 3 dias de 17 autistas e
comparou com as recomendações diárias. O resultado revelou que 53% dos
participantes consumiam quantidade insuficiente de um ou mais nutriente. O baixo
consumo de cálcio, ferro, piridoxina, ácido ascórbico, vitamina D e zinco foi
observado emu ma ou mais crianças autistas.
Pode-se descrever que a hora das refeições são bastante conturbadas, ou
seja, há presença de choro, agitação e agressividade. Crianças autistas possuem
24

um padrão alimentar diferente das crianças controles (não autistas), isso faz com
que seu crescimento corporal e estado nutricional sejam comprometidos, tornando-
se assim, prejudicial a saúde (ZUCHETTO, 2011).
Crianças com TEA expressam a necessidade de não misturar os alimentos e
cheirá-los antes da ingestão, quando comparadas à crianças que constituíam o
grupo controle. Em ambos os estudos os pesquisadores defendem o argumento de
que a constipação e a seletividade de alimentos devem ser atribuídas às
características comportamentais de crianças com TEA (IBRAHIM, 2009).
Um estudo realizado com 36 crianças autistas, em uma dieta livre ou limitada,
apresentou que há uma deficiência considerável de alguns aminoácidos essenciais,
acarretando na baixa ingestão de Vitamina D, Ferro e Cálcio, o quais acometem o
desenvolvimento ósseo e distúrbios do sono (WINTER; BLUE, 2009).
Kerwin, Eicher e Gelsinger (2005) identificaram, em uma amostra comunitária
de crianças com transtorno do espectro do autismo sem outra especificação, a
presence de dor abdominal, constipação e diarreia, associadas também à presença
de problemas alimentares. Ibrahim (2009) concluiu que a constipação e a
seletividade alimentar são características comportamentais de crianças com TEA,
como tendências ritualísticas, necessidade de rotina e insistência na repetição, ao
invés de ser indicativo de uma patologia gastrointestinal. Isso corrobora a proposta
de Chen, Rodgers e McConachie (2009), segundo a qual a intensidade e a
frequência de comportamentos restritos e repetitivos estão associadas com
alterações da resposta sensorial. Chaidez, Hansen e Hertz-Picciotto. (2014)
identificaram que tanto a seletividade quanto as alterações gastrointestinais
apresentaram uma chance maior de ocorrer nas crianças com TEA, e consideraram
como plausível a existência de alguns fatores que agiriam, direta ou indiretamente,
para a presença de seletividade nessa população – o sabor, a textura, ou a
temperatura –, ou seja, alterações na resposta sensorial.
Mesmo ainda havendo disparidades entre alguns estudos, quanto à
resultados, conceitos da relação de problemas comportamentais e seletividade
alimentar, existe a possibilidade de que as alterações da resposta sensorial em
crianças com TEA contribuam para a presença da seletividade alimentar em alguns
fenótipos da síndrome (BANDINI, 2010, HUBBARD, 2014; MARÍ-BAUSET, 2014).
25

As anormalidades comportamentais relacionadas à alimentação


provavelmente estão associadas aos distúrbios centrais do autismo. O deficit de
interação social somado à falta de maturidade para a interação social e modelos
adequados de comportamentos para as refeições podem dificultar o aprendizado de
crianças autistas em diversas atividades, por exemplo, comer com utensillios
apropriados (LUKENS; LINSCHEID, 2008).
Muitos autistas não desenvolvem habilidades de comunicação. Esses fatos os
impede de expressar suas necessidades como fome, saciedade, preferências
alimentares e desconforto após as refeições (LUKENS; LINSCHEID, 2008).
26

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Devido ao crescente número de crianças portadoras do transtorno do


espectro autista, vários estudos começaram a ser publicados, relacionando as
causas e o tratamento com a nutrição. O que se pode afirmar é que o eixo cérebro-
intestino é verdadeiro, sendo assim também aos autistas.
Sabe-se que a maturidade intestinal é fundamental para a saúde neurológica
da criança, por isso, a imaturidade intestinal apresentada pelo autista é tão estudada
e discutida. Com o sistema digestivo prejudicado, a permeabilidade intestinal torna
possível a passagem de peptídeos para o sistema circulatório podendo chegar ao
cérebro e causar algumas desordens. A provável causa dessa alteração na
membrana intestinal é a deficiência de enzimas que metabolizam o glúten e caseína,
aumentando a presença da gliadomorfina e caseomorfina, os quais atuam como
opioides no cérebro. Outra causa ainda estudada é a deficiência da metalotionina
que age como detoxificadora de metais pesados, além de estar envolvida no
desenvolvimento e maturação cerebral e do trato gastrintestinal nos primeiros anos
de vida do ser humano.
Uma intervenção proposta por vários autores é a adoção da dieta GFCF
(Gluten Free Casein Free) que vai agir diretamente na questão da ineficiente
metabolização do glúten e da caseína. A dieta consiste na exclusão dessas duas
proteínas a qual garante que essas substâncias não cheguem ao cérebro. Vários
estudos relatam uma melhora significativa nos sintomas do autismo quando essa
exclusão é adotada. Porém, existem estudos contraditórios que questionam as
deficiências nutricionais que podem ser desenvolvidas ou se ela continuará tendo
efeitos benéficos ao longo dos anos, pois se está excluindo um dos principais
alimentos fontes de cálcio.
A criança portadora do transtorno do espectro autista apresenta uma relação
conturbada com os alimentos. Estudos sugerem que essa relação é caracterizada
por três fatores: seletividade alimentar, que limita a variedade de alimentos e pode
desencadear carências nutricionais; recusa alimentar e a indisciplina alimentar que
pode ser vista com agressividade nos horários das refeições. Um estudo demonstrou
que cerca de 90% dos autistas manifestam dificuldades sensoriais, especialmente o
27

tato e o olfato, estando relacionado com a textura e o cheiro dos alimentos.


Por mais que, vários estudos estão abordando essa temática, ainda se faz
necessário mais pesquisas para se ter uma conclusão sobre como a nutrição pode
influenciar na saúde do autista.
28

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