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VP CONSULTORIA NUTRICIONAL
DIVISÃO DE ENSINO E PESQUISA
CURSO DE NUTRIÇÃO CLÍNICA FUNCIONAL
CURITIBA
2010
1
Maria Rosa Etcheverry Centeno Rodrigues
CURITIBA
2010
2
Dedicatória
Dedico este trabalho a todos àqueles que se encontram no espectro autista e seus
familiares, pela admirável dedicação, carinho e amor incondicional a estas crianças
especiais, que me inspiram a buscar cada vez mais conhecimentos que possam lhes
ajudar a desabroxar.
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Agradecimentos
Ao Dr. Rogério Rita, que me abriu as portas para este trabalho, sempre me
impulsionando com casos desafiadores e sendo facilitador da minha busca pelo
conhecimento através da construção do acervo da “nossa biblioteca”.
Aos queridos pais dos meus pacientes autistas, que muito me ensinam com sua
postura paciente e amorosa, me motivando a buscar cada vez mais.
Como não podia deixar de ser, à minha mãe, pela paciência nesses dias anteriores
à entrega do trabalho e pelo apoio a todo momento, e ao me pai, por me aconselhar
e tentar revisar esse trabalho “muito técnico”.
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RESUMO
5
ABSTRACT
6
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 1
2.6.4 Dieta Weston A. Price (WAP) / Nutrindo Tradições (Nourishing Traditions) ...........66
2.6.6 Dieta Pobre em Fenóis (Feingold Diet e Failsafe Diet – Low Phenols) ...................69
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 79
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1 INTRODUÇÃO
1
elevada freqüência, podendo ser causa ou conseqüência das anormalidades
observadas. Desarranjo na produção de anticorpos, desvio das subpopulações de
células T, aumento de citocinas inflamatórias e outras deficiências imunes, são
compatíveis com a inflamação crônica e auto-imunidade presentes em muitos
casos.
O objetivo deste trabalho foi realizar uma revisão da literatura em termos das
implicações fisiológicas mais comuns no autismo, assim como as diferentes
estratégias de intervenção nutricional existentes. As dietas especiais popularmente
difundidas entre as comunidades de autismo serão descritas neste trabalho, sob as
perspectivas da gastroenterologia, imunologia e excitotoxicidade.
Para tal, foi realizada uma revisão da literatura científica indexada ao Pubmed. Os
descritores utilizados foram: autism, autism spectrum disorder, ASD, diet, yeast,
candida, biofilm, gastrointestinal, gut permeability, leaky gut, dysbiosis, probiotic,
Saccharomyces boulardii, clostridium, detoxification, gut microflora, gluten, casein,
opioid, allergy, food sensitivity, immune system, cytokine, oxidative stress, oxalate,
salicylate e neuroinflamation. Foram levados em consideração artigos datados de
2
1992 a 2010, com ênfase nas publicações mais recentes. Livros relacionados ao
tema também foram utilizados.
3
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 HISTORICO
Kanner acreditava que o autismo tinha uma causa neuropsicológica e com base
nesse contexto, em 1950, quando as teorias psicanalíticas de Sigmund Freud
estavam em voga, o autismo foi atribuído às "mães geladeiras”, atribuindo à frieza
materna, o desencadeamento do autismo. Esta visão, posteriormente pautada pelo
professor Bruno Bettelhem em seu livro "A fortaleza vazia: autismo infantil e o
nascimento do eu" em 1967 (“The empty fortress: infantile autism and the birth of the
self”), que alegou que o trauma da criança não amada a conduz à doença (CUBAŁA-
KUCHARSKA, 2010), foi tão amplamente aceita pela categoria médica, que a
maioria dos pesquisadores e os médicos não buscaram respostas para autismo,
pois acreditavam que era uma doença intratável do ponto de vista da
medicina. Ainda hoje muitas crianças que recebem o diagnóstico de autismo não
são submetidas a maiores investigações médicas, já que esta condição é ainda
percebida como psicológica por muitos profissionais.
O primeiro grande ataque a teoria de Bettelheim foi conduzido por Bernand Rimland,
psicólogo e pai de um menino autista, ele foi a primeira voz com autoridade para
contrapor a pesquisa de Bettelheim e pôr em dúvida as suas teorias (CUBAŁA-
KUCHARSKA, 2010). Rimland fundou Associação Americana de Autismo em 1965 e
o Instituto de Pesquisa de Autismo (Autism Research Instituto – ARI) em 1967, após
publicar o livro "Autismo Infantil: a síndrome e suas implicações para a teoria neural
do comportamento". No ano de 1995 deu início ao movimento Derrote o Autismo
Agora! e Protocolo DAN! Desde então tem contribuído para a pesquisa e tratamento
no campo biomédico do transtorno do espectro autista. Seus primeiros estudos
focaram na toxicidade do mercúrio nas vacinas (ARI, 2010.). Dentro da comunidade
4
médica em geral o diagnóstico e a avaliação também melhorou, assim como o
ritmo e a intensidade das investigações (KIDD, 2002).
5
2.2 DEFINIÇÃO E DIAGNÓSTICO
2. Síndrome de Asperger
4. Síndrome de Rett
7
profissionais para auxiliar no diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Para verificar a eficácia das várias intervenções feitas em seus filhos, o ARI também
utiliza o Formulário ARI’s E-3 checklist para Pesquisa, compilando em um banco de
dados de acesso livre todas as informações obtidas dos pais (ARI, 2010.).
Arthur Krigsman classifica três formas de autismo de acordo com o início do seu
aparecimento: autismo de “aparecimento precoce”, quando diagnosticado muito
cedo, por volta dos 6 meses de idade e parece ser bastante raro; “regressivo”, no
qual o desenvolvimento ocorre normalmente até por volta dos 18 aos 24 meses,
quando o progresso na linguagem e habilidades sociais são perdidas, as vezes de
uma hora para outra; e “platô”, no qual o desenvolvimento parece ter estabilizado em
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torno de um ano de idade, mas ao longo do tempo fica evidente que a criança está,
na verdade, regredindo lentamente (MATTHEWS, 2008).
De acordo com o ARI, antes de 1990, aproximadamente dois terços das crianças
autistas eram autista desde o nascimento e um terço regredia após um ano de
idade. Os resultados foram baseados no Formulário ARI’s E-3 checklist para
Pesquisa, respondidos por centenas de famílias de autistas (ARI, 2010.).
9
2.3 PREVALÊNCIA E ETIOLOGIA
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Muitos pesquisadores identificaram distúrbios do metabolismo de
neurotransmissores em pacientes autistas, incluindo a dopamina, serotonina,
glutamato e ocitocina (CUBAŁA-KUCHARSKA, 2010). Achados recentes mostram
também alterações mitocondriais com interferência no metabolismo energético
(GARGUS e IMTIAZ, 2008;ROSSIGNOL e BRADSTREET, 2008).
12
2.4 IMPLICAÇÕES BIOLÓGICAS DO AUTISMO
Esses processos são essenciais para a manutenção da saúde e quando não estão
funcionando adequadamente trazem sérios prejuízos às funções celulares.
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formação e ativação das células T auxiliadoras, aumentando as resposta da via Th1
(combate a infecções) e reduzindo a Th2 (inflamação e auto-imunidade)
(MATTHEWS, 2008).
A cisteína pode também ser convertida em sulfato para participar da sulfatação, que
é a habilidade de utilizar sulfato em uma gama de processos bioquímicos. Esse
processo também é chamado de fase II da destoxificação hepática, onde o sulfato
se conjuga a toxinas possibilitando sua eliminação. O sulfato é uma molécula
enxofrada, que precisa ser convertida a sua forma ativa, fosfoadenosil fosfosulfato
(PAPS), a qual está envolvida com respiração celular, destoxificação, digestão,
integridade da barreira intestinal e hemato-encefálica, produção de ácidos biliares,
enzimas, proteínas e síntese de tecidos (MATTHEWS, 2008).
A membrana celular dos compostos fenólicos é composta por água e gordura, o que
permite a passagem através da barreira hemato-encefálica. Os neurotransmissores
são basicamente compostos fenólicos. Alguns desses fenóis químicos (aditivos
alimentares) são muito similares a neurotransmissores, e podem agir como
neurotoxinas, ligando-se aos receptores de neurotransmissores e estimulando
artificialmente o cérebro, podendo causar manifestações como hiperatividade, dor de
cabeça, agressividade e comportamento auto-agressivo, impaciência, distúrbios do
sono, vermelhidão nas orelhas e bochechas, fadiga, riso inapropriado e redução da
função neuromuscular. Essas reações ocorrem de 20 minutos a 2 horas após a
ingestão do alimento. Segundo Dr. Feingold, isso ocorre quando essas substâncias
que não são devidamente processadas e destoxificadas, atravessam a barreira
hemato-encefálica e causam disrupção no cérebro (FEINGOLD, 2010)
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homocisteína, cistationa, cisteína e glutationa total, enquanto os níveis de SAH,
adenosina e glutationa oxidada estavam extremamente elevados no plasma de
autistas, mostrando não só uma deficiência de metilação, mas de transulfatação
(JAMES, 2004;JAMES, 2006;KERN e JONES, 2006;PASCA, 2006).
De acordo com Dr. Richard Deth, altas concentrações de SAH levam à inibição do
ciclo da metionina, pela limitação da enzima metionina-sintetase. A atividade desta
enzima é necessária para a ativação do receptor de dopamina D4, que promove a
atenção e sincronização neuronal (DETH, 2008). A dopamina tem um papel central
na atenção. Alguns estudos mostram a relação do mau funcionamento da dopamina
em razão da metilação insuficiente, contribuindo para o Transtorno de Déficit de
Atenção e Hiperatividade (TDAH) (MATTHEWS, 2008).
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crianças e a vitamina B6 em associação com o magnésio obteve 48% de eficácia
(ARI, 2009 ).
Além da importância na metilação, a P5P age como cofator para a maioria das vias
metabólicas de formação de neurotransmissores e catecolaminas incluindo a
serotonina, o ácido gama amino-butírico (GABA), dopamina, epinefrina e
norepinefrina (KIDD, 2002), contribuindo para o prejuízo da atenção e sincronização
neuronal.
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2.4.2 Toxicidade, Metais Pesados e Mercurio
As reações de intoxicação por mercúrio são muito semelhantes aos sintomas vistos
em indivíduos autistas. Os sintomas compartilhados por ambos são, entre outros,
abano das mãos, balanço e andar incessante e sobre a ponta dos pés, aumento da
sensibilidade para barulhos e cheiros, interrupção do desenvolvimento da fala, pobre
contato visual, redução do tônus muscular, dificuldades com o sono, transtornos
concentração, memória, irritabilidade, depressão, ansiedade, aumento da
agressividade (BERNARD, 2001).
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Além da presença do mercúrio em vacinas, existem outras fontes de intoxicação,
como as amalgamas dentárias, brinquedos infantis, através do leite materno
(quando a mãe foi exposta), alimentação, especialmente através de peixes e frutos
do mar contaminados, principalmente a cavala, peixe espada e cação, seguido do
robalo e atum (MATTHEWS, 2008), além de corantes como o amarelo tartrazina e o
xarope de milho, utilizado com principal adoçante da indústria alimentícia desde a
década de 1980, a partir da qual houve grande aumento na prevalência de casos de
autismo (DUFAULT, 2009).
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Um número grande de estudos tem demonstrado que a exposição ao mercúrio pode
causar disfunções imunológicas, sensoriais, neurológicas, motoras e
comportamentais e essas semelhanças se estendem a neuroanatomia e bioquímica
(GEIER, 2009). O último Consenso científico sobre agentes ambientais associados a
distúrbios do desenvolvimento neurológico publicado pelo “Collaborative on Health
and the Environment's Learning and Developmental Disabilities” afirmou que não há
dúvidas que a exposição ao mercúrio leva ao transtorno do espectro autista (LDDI,
2008).
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principal mecanismo seja esse. Evidências de neurotoxinas aumentadas em cérebro
de autistas já foram documentadas (PASTURAL, 2009).
22
consideram muito agressivo. Feito somente no exterior (Metametrix Clinical
Laboratory, Doctor’s Data e Great Plains Laboratory)
23
2.4.3 Sistema Gastrointestinal e Digestão
No presente ano de 2010, 143 crianças autistas com sintomas GI crônicos foram
submetidas à biopsia de intestino por ileonoscopia. Dos sujeitos analisados, 78%
apresentavam diarréia, 59% dor abdominal e 36% com obstipação. A análise
histológica mostrou inflamação crônica do íleo e/ou do cólon em 74% dos pacientes,
consistindo em colite ativa ou crônica (69%). Foi encontrada uma significativa
associação entre a inflamação intestinal e o início do aparecimento transtorno.
Sendo que o tipo “platô” e o “regressivo” apresentaram maior risco de inflamação
quando comparado aos autistas com “aparecimento precoce” da doença. Não se
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sabe ao certo razão para esta diferença, mas pode ter uma ligação com a o tipo de
agente etiológico para cada grupo, sendo necessárias maiores investigações
(KRIGSMAN, 2010).
A digestão dos alimentos nos autistas normalmente está prejudicada. Uma das
causas é a baixa sulfatação, conforme mencionado anteriormente. O sulfato ativa a
gastrina, a qual inicia a cascata para outras reações da digestão. A gastrina libera o
ácido clorídrico e pepsina, que aumentam a acidez, proporcionando a quebra das
proteínas e utilização dos aminoácidos, matérias-primas para hormônios, enzimas,
neurotransmissores e tecidos. O pH reduzido estimula a secretina, hormônio
digestivo produzido no duodeno e jejuno, pela ação das proteínas parcialmente
digeridas no intestino. A secretina estimula o pâncreas a produzir bicarbonato, bile e
enzimas pancreáticas para dar seguimento à digestão. A gastrina também estimula
a liberação da secreção de enzimas pancreáticas e de colecistoquinina, a qual ativa
a liberação da bile. A bile emulsifica as gorduras para serem digeridas e absorvidas
pelo intestino delgado, mas também tem um papel importante na eliminação de
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toxinas do organismo. As enzimas pancreáticas são necessárias para digestão
posterior das gorduras, carboidratos e proteínas (MATTHEWS, 2008). Fica bastante
clara a importância do sulfato na digestão após descrever todo o processo.
2.4.3.2 Disbiose
26
A microbiota intestinal sofre constante modificação, por conta do dinamismo
fisiológico de eliminação fecal, sendo que a colonização do TGI é temporária. Existe
um complexo equilíbrio entre os microorganismos residentes no intestino, pela
interação entre bactérias probióticas (representam um percentual pequeno e
exercem efeito benéfico); bactérias comensais (maior parte das bactérias e podem
promover tanto o equilíbrio quanto o desequilíbrio); bactérias patogênicas (podem
causar doenças agudas e crônicas e devem estar em baixa população num intestino
saudável, proliferando rápido em um ambiente oportuno). Esse equilíbrio entre os
microorganismo é chamado de microbiota normal (DAVISON e CARVALHO, 2008).
Nos Estados Unidos uma das principais razões do uso de antibióticos em crianças é
para tratar otite média, uma infecção no ouvido. De acordo com dados do Painel
para Otite Média, pediatras e cientistas americanos concluíram que as infecções de
ouvido são responsáveis por 1/3 de todas as consultas pediátricas e 75% dos
retornos, sendo que entre 1975 e 1990 os atendimentos de otite aumentaram 150%
(24,5 milhões de consultas/ano). Crianças menores de dois anos possuem a maior
incidência de consultas, como também são responsáveis pelo maior aumento
(224%) (SHAW, 2009).
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Infecções de ouvido e uso excessivo de antibióticos são extremamente freqüentes
na população com TEA, acarretando no aumento de leveduras intestinais, as quais
enfraquecem o sistema de defesa contra infecções, estabelecendo um verdadeiro
ciclo vicioso. Outra hipótese segundo Shaw, é que o uso de antibióticos permite o
crescimento das leveduras, enquanto o sistema imunológico ainda está em
desenvolvimento. O sistema imune não “percebe” a levedura como um patógeno e
não desenvolve anticorpos que permite que o sistema imune a mantenha sob
controle (SHAW, 2009).
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vulneráveis ao ataque do sistema imune, medicamentos antimicrobianos e
antifúngicos naturais.
31
Esse tratamento faz parte do Protocolo do Biofilme, estabelecido pela Dra. Usman,
médica DAN e pesquisadora na área de desequilíbrios bioquímicos e tratamentos
em crianças com TDAH e autismo especialista no tratamento biomédico do
autismo. Seu protocolo é um trabalho ainda em andamento, que consiste em quatro
etapas: 1) Lise e descolamento do biofilme com o uso de enzimas que degradam
poli e dissacarídeos, EDTA, lactoferrina (quelante de ferro), 2) ataque aos
microorganismos com agentes antimicrobianos e 4) limpeza do intestino, com fibras
solúveis e carvão ativado, 4) restabelecimento da ecologia intestinal, com o uso de
pré e probióticos, alimentos fermentados e antibióticos naturais (alho, orégano,
tomilho, páprica) (USMAN, 2009).
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podem ser encontrados danos similares no cérebro de autistas. É possível que e
formação da pentosidina seja responsável por desmielinização, estimulação de
doenças auto-imunes e redução da flexibilidade das proteínas estruturais do
colágeno e músculo. Além disso, por se ligar à lisina, a pentosidina bloqueia a
ativação de enzimas que possuem lisina em seus sítios de ativação, diminuindo o
acesso às suas coenzimas, vitamina B6, biotina e ácido lipóico, durante as reações
enzimáticas. Isso pode levar à deficiência funcional dessas vitaminas, mesmo com
ingestão adequada.
Apesar de não ser um ácido orgânico, a arabinose pode ser identificada na urina,
por esse exame. Alguns estudos encontraram níveis elevados de arabinose na urina
de mulheres com candidíase vulvo-vaginal recorrente e em pacientes autistas,
sendo nesses valores normalmente muito elevados. A arabinose pode ser
encontrada naturalmente em alguns alimentos, sendo a maçã sua a maior fonte. O
tratamento antifúngico pode prevenir a formação de novas pentosidinas, pela
redução da arabinose.
Ácido tartárico: é uma substância altamente tóxica que pode lesar músculos e rins.
É produzido pela fermentação de alguns fungos, como o Saccharomycies
Cerevisiaie, e segundo Dr. William Shaw, parece poder ser formado a partir da
quebra da arabinose, ou seja, a partir da Cândida.
Acetaldeído: é uma substância neurotóxica que pode ser formada tanto pelo
metabolismo do álcool, através da fermentação do açúcar pelos fungos e leveduras
(ex: Candida albicans), como pela exaustão de combustíveis fósseis e queima do
fumo.
Para ser excretado, o álcool é primeiro convertido em acetaldeído pela enzima álcool
desidrogenase, depois em ácido acético pela enzima aldeído desidrogenase, sendo
então eliminado. Quando substâncias tóxicas são destoxificadas pela mesma via do
acetaldeído, o organismo pode acumular as tóxicas. Essa conversão é dependente
de vários nutrientes, como o molibdênio, niacina e vitamina B5. Indivíduos com
supercrescimento de Candida comumente apresentam deficiência de molibdênio. A
fermentação do açúcar da dieta pela Candida albicans irá promover o aumento na
produção de acetaldeído, potente agente neurotóxico. Através de diferentes vias o
acetaldeído pode danificar estruturas cerebrais, especialmente sob exposição
crônica.
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O acetaldeído também induz a deficiência de vitamina B1, utilizada no processo de
produção de energia e necessária para a produção de acetilcolina, neurotransmissor
responsável pela atenção, foco, concentração e aprendizado. Outra vitamina afetada
é a niacina (vitamina B3), juntamente com sua coenzima NAD, que é indispensável
para energia celular, principalmente das células nervosas, para formação de
neurotransmissores e para ativação das enzimas álcool desidrogenase e aldeído
desidrogenase, responsável pela destoxificação do acetaldeído.
O ácido pantotênico (vitamina B5), na sua forma ativa (coenzima A), exerce um
papel crítico na adequação da função cerebral. A coenzima A reage com o acetato
para formar Acetil-CoA, que alimenta o ciclo de Krebs. O acetaldeído possui alta
afinidade pelo Acetil-CoA, suprimindo a sua atividade e, por conseguinte a produção
de energia celular. Essa toxina tem afinidade pela piridoxal-5-fosfato, forma ativa da
vitamina B6, necessária para a formação de todos os neurotransmissores. Essa
ligação impede que a vitamina exerça suas diversas funções no organismo, mesmo
em níveis adequados.
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Mannan, outra toxina de leveduras (Candida e Saccharomyces cerevisiae) com
efeito imunossupressor.
A mucosa intestinal possui uma função paradoxal, pois é responsável pela absorção
de nutrientes e ao mesmo tempo age como uma barreira celular que seleciona os
componentes tóxicos e macromoléculas, sendo fundamental a sua integridade para
a saúde do indivíduo.
Esse processo, por si só, pode provocar sintomas físicos, mentais e emocionais,
consequentes do desencadeamento de alergias alimentares e ambientais,
dificuldade de destoxificação, desequilíbrios hormonais, comprometimento das
funções do sistema imunológico e carência dos nutrientes necessários para
formação, manutenção, renovação e função celular (CARREIRO, 2008).
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Os processos listados a cima são ameaçados quando o pool de sulfato do
organismo é muito baixo. Na presença de infecção, no intestino ou outro local do
organismo, as GAGs são derramadas e macrófagos vão para o local, rompem o
tecido e liberam sulfato, o qual é posteriormente excretado pela urina. Essa
combinação de eventos em resposta à infecção pode ser a explicação do porque as
enterocolite ou infecções crônicas de ouvido em autistas podem induzir os
problemas crônicos de sulfatação (MATTHEWS, 2008).
Quando o sulfato está baixo e as GAGs não são sulfatadas, podem levar ao mau
funcionamento do sistemas, especialmente na barreira intestinal e hemato-
encefálica, ambos locais que necessitam de boas defesas. Em suas pesquisas, Dra.
Waring encontrou baixos níveis de sulfato no sangue e altos níveis de sulfato na
urina de autistas (WARING e REILLY, 1993). Da mesma forma, White documentou
níveis elevados de permeabilidade intestinal em crianças autistas (WHITE, 2003).
Sensibilidade alimentar é um tipo de alergia, mediada por anticorpos IgG, IgM, que
formam imunocomplexos (ligação antígeno-anticorpo) e envolve o sistema
complemento. Segundo a classificação de Gell e Combs, é uma reação de
hipersensibilidade tipo III, desencadeadas por macromoléculas, relacionada ao
desenvolvimento de alergias tardias ou “escondidas”. Diferentemente da alergia
imediata (mediada por IgE), desencadeia sintomas de 2 a 72h após o contato inicial
com o antígeno, nesse caso, o alimento, dificultando a identificação do causador A
imunoglobulina IgG específica tem meia-vida de 21 dias na circulação e o mastócito
sesibilizado por ela circula por 2 a 3 meses (CARREIRO, 2008).
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A sensibilidade alimentar pode ser herdada da mãe ou mais comum, adiquirida
devido um estado de hiperpermeabilidade intestinal, que pode ser resultado de
supercrescimento de leveduras. Danos na barreira intestinal propiciam a passagem
de proteínas alimentares mal digeridas para a corrente sanguínea. Proteínas
presentes na corrente sanguínea são identificadas como antígenos, desencadeando
uma reação imunológicas contra esses “agentes invasores”.
O alimento mal digerido também pode gerar inflamação por ação direta no intestino
e aumentar a permeabilidade da barreira intestinal. Esse “efeito dominó” pode levar
a mais sensibilidades alimentares devido à mudança da ecologia intestinal, que
40
permite o crescimento de leveduras e outros microorganismos patogênicos,
produtores de toxinas, que sobrecarregam o fígado e depletam as reservas de
nutrientes. Normalmente a inflamação acarreta prejuízos na absorção de nutrientes,
a qual pode afetar qualquer sistema do organismo, incluindo energia celular,
reparação de tecidos e função imune.
Muitos dos sintomas da morfina são similares aos que observamos nos autistas,
como insensibilidade a dor e pensamento nebuloso (embaçado). Alguns acham que
é por isso que algumas crianças balançam a cabeça incessantemente, pois estão
tão entorpecidos que tentam sentor algo ou libertar-se do “nevoeiro” que estão
experienciando. De acordo com Braverman (1987), a taurina, aminoácido sulfurado,
pode ter um efeito anti-opióide (MATTHEWS, 2008).
42
idêntica ao marcador de superfície celular CD26. A DPP IV é responsável pela
quebra dos peptídeos nos quais o aminoácido prolina (Pro) encontram-se na
segunda posição, tanto para caseomorfina como para gluteomorfina. Além do
sistema imune, a enzima é encontrada na mucosa intestinal, rins e vasos
sanguíneos (BRUDNAK, 2002;SHAW, 2009). A DPP IV é inativa ou ausente em
crianças com autismo (CAVE, 2001).
Uma pesquisa preliminar feita pelo Laboratório Great Plains indica que a gelatina
bovina, subproduto do colágeno de ossos, tendões e patas de animais após abate, é
um potente inibidor da DPP IV. A gelatina bovina é usada em muitos produtos pela
indústria alimentícia e farmacêutica. É o ingrediente principal das cápsulas de
suplementos alimentares e medicamentos. Muitas vacinas, em especial a MMR
(sarampo, caxumba e rubéola) e a DPT (= tríplice, que protege contra difteria,
coqueluche e tétano), utilizam a gelatina hidrolizada em sua composição (SHAW,
2009). É interessante testar a sensibilidade das crianças a gelatina, eliminando
todos o resquícios da dieta, inclusive dos suplementos alimentares. Hoje é possível
solicitar cápsulas vegetais na manipulação de suplementos nutricionais, além de
existir marcar no mercado com essa opção.
43
a gelativa como principal fator de risco para as reações vacinais imediatas graves,
indicando uma reação imunológica anormal no autismo após vacinação com MMR,
DPT e Varicela. As crianças que apresentaram reações possuem elevado número
de anticorpos IgG e IgE no soro para gelatina (SHAW, 2009).
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Alimentos e substâncias inflamatórias: avaliação de inflamação celular mediada
por alimentos e aditivos alimentares, como glutamato monossódico (GMS). Ao invés
de medir a resposta IgG, esse teste avalia a real resposta inflamatória celular a
alimentos e aditivos. Feito somente no exterior. Pode ser medido por LEAP Test
(Signet Diagnostic Corporation).
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Plains parece ser melhor para oxalatos e Metametrix para leveduras. Exame feito
somente no exterior (MATTHEWS, 2008).
46
2.4.5 Sistema Endócrino e Glandular
47
De acordo com a pesquisa do ARI, 66% dos pais relataram melhora em seus filhos
com este tratamento (ARI, 2009 ). O Instituto também afirmar que a melatonina é
extremamente segura e altas dosagens em animais não possui toxicidade (ADAM,
2007). No Brasil, até o dado momento, a comercialização da melatonina não é
aprovada pela ANVISA. Refluxo gastroesofágico e dores abdominais provenientes
da má digestão também podem manter a criança acordada. A vitamina B6 também
pode auxiliar com o sono, além de outros suplementos que impulsionam a metilação,
como a vitamina B12, ácido folínico e dimetilglicina (DMG), podem ajudar se a
mesma estiver reduzida (MATTHEWS, 2008).
Adrenal (soro e saliva): análise de cortisol e DHEA. A avaliação pela saliva é mais
precisa.
48
2.4.6 Sistema Imunológico e Inflamação (Intestino e Cérebro)
49
aumento significativo das citocinas pró-inflamatórias, IL-6 e o fator de necrose
tumoral-alfa (TNF-alfa) (CROONENBERGHSA, 2002;LI, 2009).
Essa alteração da regulação imune pode ser um fator contribuinte para a inflamação
e estresse oxidativo nas crianças autistas. Suh e colaboradores estudaram o papel
do metabolismo de aminoácidos sulfurados na regulação da função de leucócitos no
sangue e no estresse oxidativo e encontraram redução significativa na concentração
de SAMe, cisteína e glutationa intracelular de leucócitos de autistas em comparação
com crianças normais (SUH, 2008).
51
2.4.7 Deficiências Nutricionais comuns no Autismo
As deficiências mais comuns nos TEA incluem as vitaminas B6, B1, B3, B5, B12, A e
C, ácido fólico, biotina, taurina, zinco, selênio, magnésio e ácidos graxos essenciais
(MCCANDLESS, 2004). O estudo de Vagellar em 2000 avaliou o “status” nutricional
de 20 crianças autistas e demonstrou que mais de 50% apresentavam baixos níveis
desses nutrientes (KIDD, 2002). E estudo mais recente encontrou níveis
insuficientes de licopeno e vitaminas A e E no plasma de autistas, indicando baixo
consumo de alimentos fontes (KRAJCOVICOVA-KUDLACKOVA, 2009).
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Essas análises auxiliam muito o profissional a escolher a melhor forma de
suplementação e intervenção dietética, entretanto, como todos os exames, não são
perfeitos já que dependem de interpretação humana e entendimento científico. Não
é possível mensurar, por exemplo, o nível exato de neurotransmissores ativos no
cérebro avaliando aminoácidos e outras matérias primas. No entanto, juntando todas
as “peças do quebra-cabeça”, exames laboratoriais e avaliação de sinais e sintomas,
nos permite um entendimento melhor do paciente, assim como a escolha da
intervenção nutricional mais adequada.
Painel de ácidos graxos (sangue): avaliação dos ácidos graxos EPA, DHA, GLA e
outros, juntamente com as proporções necessárias para função cerebral e resposta
inflamatória apropriadas. Feito no exterior (Great Plains Laboratory, Genova
Diagnostics, Metametrix Clinical Laboratory)
Estresse oxidativo: Muitos testes podem ser feitos, incluindo estado de Coenzima
Q10, estado de peroxidação lipídica (soro), 8-hidroxi-2’-deoxiguanosina (urina),
marcador de dano oxidativo, entre outros testes. Alguns são realizados somente no
exterior (Metametrix Clinical Laboratory) e outros também no Brasil.
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2. 5 INTERVENÇÕES NUTRICIONAIS NO AUTISMO: UMA VISÃO FUNCIONAL
55
2.5.1 Hiperpermeabilidade e Inflamação Intestinal
56
é feito com aporte de nutrientes necessários para a regeneração e
proliferação celular, e deve ser feito através de uma alimentação equilibrada e
variada, além de suplementos alimentares. Os nutrientes prioritários neste
processo são: zinco, vitaminas E, A, C, B12, ácido fólico, glutamina, além de
antioxidantes e antiinflamatórios (ômega-3, óleo de linhaça, gengibre, alho,
açafrão, aloe vera). Pode ainda se pensar nas frutas e vegetais crus, fontes
de fibras solúveis para produção de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC)
pelas bactérias probióticas. Os AGCC servem de energia para as células
intestinais, assim como a glutamina, combustível principal dos enterócitos. O
óleo de coco virgem é rico em triglicerídeos de cadeia média (TCM) e a
manteiga Ghee é fonte de butirato, um AGCC.
57
3. Esconder as verduras e legumes para as crianças autistas que são altamente
seletivas na escolha da comida, popularmente conhecidas como “picky
eaters”, ou “comedores exigentes”. Adicionar vegetais nos sucos,
almôndegas, panquecas, muffins, molhos e sopas é uma boa maneira de
disfarçá-los;
4. Suplementação nutricional: vitaminas, minerais, ácidos graxos e aminoácidos
quando necessário, podem ser prescritos, visto a dificuldade de obter níveis
ótimos da alimentação nesses casos.
58
2.5.4 Toxicidade e Destoxificação Insuficiente
59
fólico, ferro, colina); compostos enxofrados, sendo as brássicas a principal
fonte, além do alho. Outros alimentos e fitoterápicos que dão suporte para o
fígado podem ser utilizados: silimarina (cardo mariano), resveratrol, dente-de-
leão, chá verde, boldo, alcachofra, própolis, extrato de arroz integral, aloe
vera, entre outros.
60
Beta caroteno e vitamina A: cenoura, batata doce, damasco, abóbora,
abóbora, melão, manga, couve, couve, espinafre, brócolis, óleo de fígado de
bacalhau, manteiga Ghee, fígado e gema de ovo
Vitamina C: batata doce, abóbora, brócolis, couve-flor, folhas verdes, cítricos;
Vitamina B6: semente de girassol, pistache, nozes, lentilhas, feijão, farelo de
arroz, melado;
Vitamina B12: fígado, ovos, peixes, cordeiro, vaca;
Ácido fólico: feijão, germe de arroz, fígado, aspargos, brócolis, bananas;
Ferro: melado, fígado, semente de abóbora, ovo de pata;
Zinco: semente de abóbora, nozes, legumes, gengibre, aveia
Magnésio: batata doce, abóbora, brócolis, folhas verdes, algas marinhas,
cereais integrais, nozes, castanhas, leguminosas;
Cálcio: gergelim, semente de girassol, brócolis, couve, folhas verdes,
abóbora, algas marinhas, nozes;
Ômega 3: peixes e óleo de fígado de bacalhau, semente de linhaça, semente
de abóbora, sementes de cânhamo, gema de ovo (orgânico)
61
2.6 INTERVEÇÕES DIETÉTICAS NO AUTISMO: DIETAS ESPECIAIS
62
Muitos pais consideram a dieta de exclusão do glúten e caseína uma intervenção
muito efetiva e relatam melhorias em vários níveis: digestão, comunicação verbal,
contato visual, conexão e outros. De acordo os resultados da pesquisa do ARI , 69%
dos pais reportam notável melhora nos sintomas com a dieta SGSC. No entanto,
55% dos pais que implementam uma dieta de eliminação de somente glúten ou
caseína, relatam melhora significativa. Várias hipóteses têm sido sugeridas para
explicar esses resultados positivos, conforme já apresentado no capítulo anterior.
Sem dúvida essa é a intervenção dietética mais utilizada por pacientes autistas,
porém muitos estudos ainda buscam verificar a sua validade. Uma recente revisão
procurou determinar a eficácia da dieta livre de glúten e / ou caseína na melhora do
comportamento, funcionamento cognitivo e social em indivíduos com autismo,
encontrou somente 35 ensaios clínicos randomizados, amostra pequena para
realizar uma meta-análise. Destes apenas três tratamentos obtiveram significativos
63
efeitos a favor da intervenção dietética, três resultados não mostraram diferença
significativa entre os grupos da dieta e controle. Dez estudos não puderam ser
calculados porque os dados foram distorcidos e nenhum estudo relatou
desvantagens ou danos com a dieta (MILLWARD, 2009).
A Dieta do Carboidrato Específico (SCD) é uma dieta que elimina todos os açúcares
complexos, incluindo a remoção do melado, açúcar de cana, o néctar de agave,
xarope de arroz, de mandioca, de milho, e outros. Ela também remove todos os
amidos e féculas, tais como grãos, cereais e tubérculos. Não se trata de uma dieta
de baixo carboidrato ("low carb"), mas de carboidrato específico ("specific carb"). Os
carboidratos nessa dieta são predominantemente açúcares simples
(monossacarídeos), como o mel, frutas, iogurte corretamente fermentado e alguns
vegetais. A dieta também permite a ingestão de carnes, peixes, ovos, nozes, alguns
tipos de feijão e lentilha após hidratar, e todos os vegetais não-amiláceos.
A SCD foi idealizada por Elaine Gotschall, inicialmente como um tratamento para a
colite ulcerativa, sendo posteriormente popularizada entre a comunidade autista
como um meio de tratar os sintomas gastrointestinais e possíveis problemas
comportamentais.
64
resulta em disbiose, subprodutos bacterianos e fúngicos, e produção de muco, mas
também pode causar injúria na mucosa intestinal, contribuindo para digestão
deficiente dos dissacarídeos, criando assim, um ciclo vicioso. SCD é baseada na
premissa de não oferecer matéria-prima para o crescimento dos fungos e assim
restabelecer a saúde intestinal (GOTTSCHALL, 2007).
Normalmente a SCD não é a primeira dieta de escolha por ser mais restritiva que a
dieta SGSC e de mais difícil aplicação. No entanto, na presença de condições
inflamatórias intestinais significativas, alguns pais iniciam direto com a SCD.
Segundo a nutricionista DAN, Jullie Matthews, a SCD é uma dieta ideal para o
autismo, porém normalmente é aplicada quando a dieta SGSC não é suficiente e os
problemas digestivos permanecem ou quando benefícios adicionais são almejados
com a evolução das dietas (MATTHEWS, 2008).
Uma variação da SCD é a dieta “Gut and Psychology Syndrome” (GAPS), que
estabelece uma conexão entre as funções do sistema digestivo e o cérebro. Este
termo foi criado pela Dra. Natasha Campbell McBride em 2004, após trabalhar com
centenas de crianças e adultos com doenças neurológicas e psiquiátricas, como
TEA, TDAH, esquizofrenia, dislexia, dispraxia, depressão, transtorno obsessivo-
compulsivo (TOC), transtorno bi-polar e outros problemas neuropsicológicos e
psiquiátricos. Ela usa os mesmos fundamentos da SCD, mas com inclui outros
princípios, como o uso de alimentos fermentados e caldos/brodos nutritivos
(CAMPBELL-MCBRIDE, 2010).
65
abordagem no autismo são apoiados por estudos sobre a microbiota intestinal nesta
população (FEINGOLD, 2010). Utilizando uma dieta limitada em carboidratos
simples em um modelo animal, Vargas observou a redução da colonização por
Candida (VARGAS, 1993).
Embora a BED seja difícil de implementar, é uma dieta equilibrada, que retorna a
atenção para o poder de alimentos tradicionais e o uso de alimentos fermentados
em favor de uma microbiota intestinal saudável. É considerada uma das dietas de
base da intervenção nutricional do autismo, tendo 58% de aprovação pelos pais,
juntamente com outras dietas antifúgicas, segundo levantamento do ARI que relatam
incrementos significativos na digestão e outros quesitos (ARI, 2009 ).
66
indígena, influenciadas pela alimentação moderna. O autor pode então observar os
efeitos da dieta ocidental versus as dietas tradicionais indígenas (PRICE, 2010).
Suas pesquisas estão publicadas em seu livro “Nutrition and Physical Degeneration”,
um alerta sobre os malefícios da ocidentalização e mecanização da produção de
alimentos sobre a saúde. Em 1970 os fundamentos de Price para uma alimentação
saudável foram popularizados por Sally Fallon no livro “Nourishing Traditions”
(FALLON, 2001).
Alguns dos princípios desta dieta incluem o consumo de: gorduras de boa qualidade,
como ovos, manteiga, leite, carnes, todos orgânicos e alimentados com pasto, além
de óleo de coco virgem; laticínios crus, não pasteurizados; grãos, leguminosas e
sementes hidratados e germinados; brodos e caldos nutritivos; alimentos lácteos
fermentados; além, é claro, de abolir os alimentos da cultura moderna, como todos
os industrializados contendo aditivos, alimentos a base de soja (exceto fermentados)
e açúcar refinado.
Essa dieta é rica em ômega-3, gorduras saturadas (de boa qualidade) e colesterol,
todas importantes para o desenvolvimento neurológico e funções celulares. Mas seu
uso deve ser avaliado individualmente, principalmente para aqueles com
comprometimento da vesícula biliar e dificuldade na digestão de gorduras.
Esta é a dieta mais básica e popular das dietas anti-candida, baseada no livro “Feast
Whithout Yeast” (SEMON e KORNBLUM, 1999). Apesar de restritiva, é umas das
menos complicadas dentre as dietas antifúngicas conhecidas, pois restringe o
consumo de alimentos que alimentam a Candida: açúcares, incluindo frutas e
carboidratos refinados, alimentos fermentados (exceto fermentação por
lactobacilos), alimentos mofados, envelhecidos e curados (ex: carnes e queijos) e
67
fermento biológico usado em pães e massas. Além disso, restringe ou recomenda a
redução de trigo, lácteos, ovos, corantes artificiais, flavorizantes e conservantes,
baseando-se em uma alimentação saudável e natural.
Maior precaução no uso dos alimentos fermentados deve-se ter em indivíduos com
forte sensibilidade (IgG) ao fermento biológico e levedo de cerveja, visto que alguns
alimentos como o kefir e kombucha, também contém leveduras. Não obstante,
possuam cepas de leveduras probióticas, como o Saccharomycies Boulardii, que
tem demonstrado eficácia em doenças inflamatórias e infecciosas do trato
gastrintestinal em ensaios clínicos randomizados, duplo-cego controlados. Os
mecanismos de ação de S. boulardii dependem, principalmente, da inibição de
algumas toxinas bacterianas, efeitos antiinflamatórios e efeitos estimulantes sobre a
mucosa intestinal, tais como estímulo trófico das enzimas da borda em escova e
efeitos imunoestimulador. Em pediatria há evidências de que S. boulardii é benéfico
para o tratamento de gastrenterites agudas e prevenção da diarréia associada a
antibióticos (VANDENPLAS, 2009). Revisão sistemática e meta-análise comprova a
segurança e eficácia do uso deste probiótico em várias doenças, porém, mais
ensaios clínicos são incentivados para o tratamento de doenças inflamatórias
crônicas (doença de Crohn, síndrome do intestino irritável e diarréia relacionada com
o HIV) e prevenção de recorrências de Clostridium difficile (MCFARLAND, 2010).
68
2.6.6 Dieta Pobre em Fenóis (Feingold Diet e Failsafe Diet – Low Phenols)
A dieta de Feingold (1985) foi descrita primeiramente no livro “Why your child is
hyperactive”. Os fundamentos da dieta baseiam-se nos benefícios da restrição
alimentar em crianças com TDAH. O autor, Ben Feingold, prevê várias melhorias
comportamentais após a eliminação dos corantes alimentares e flavorizantes. Na
observação de Feingold, a eliminação de aditivos alimentares da dieta de seus
pacientes hiperativos leva a um de declínio dramático dos sintomas, podendo
inclusive eliminar o uso de medicamentos (FEINGOLD, 2010).
Uma variação da dieta Feingold é a Failsafe, descrita por Sue Dengate (2008) como
uma intervenção para indivíduos com TEA. Esta dieta preconiza a redução de
aditivos alimentares, salicilatos, aminas e realçadores de sabor, como o GMS
(MATTHEWS, 2008).
70
células, o oxalato aumenta estresse oxidativo, depleta a glutationa e acentua a
inflamação relacionada ao sistema imunológico (MATTHEWS, 2008).
71
enzimas digestivas e carregados de energia vital. A culinária viva é então, um
conjunto de alimentos elaborados de forma que facilitem a digestão, sem
processamento pelo fogo e pelo resfriamento (FIOCRUZ, 2010).
Por ser rica em vegetais, esta dieta auxilia no balanço ácido/básico e no reequilíbrio
da microbiota intestinal. Para indivíduos autistas que tem problemas de processar
fenóis, a germinação de grãos, sementes e oleaginosas parece ser benéfica. A dieta
crudista não precisa ser seguida estritamente. Seus princípios podem ser
incorporados a outras dietas. Algumas pessoas não têm uma boa capacidade
digestiva para consumir certos tipos de alimentos crus, já que a cocção auxiliar na
quebra das moléculas e torna mais fácil a digestão.
72
uma dieta por si só. Dependendo do indivíduo, é preciso remover totalmente alguns
alimentos, mas em alguns casos pequena quantidades são toleradas, tendo um bom
resultado com a dieta de rotação.
Ovos são extremamente difíceis de eliminar por completo numa dieta isenta de
glúten, pois conferem maciez e emulsificação às massas. Mas além de receita sem
ovos, existem algumas opções de substituição dos mesmos, como goma de linhaça,
74
biomassa de banana verde, bicarbonato de sódio, suco e limão e vinagre, gelatina e
purês de frutas e vegetais.
Conforme se pode visualizar no resumo das dietas especiais (Quadro 1), a dieta de
rotação é aprovada por 55% dos pais, enquanto a eliminação isolada de alguns
alimentos também foi eficaz para algumas crianças autistas, segundo último relatório
do ARI (ARI, 2009 ).
75
Quadro 1: Dietas especiais para o autismo – Avaliação de pais de crianças autistas
sobre os efeitos comportamentais das intervenções dietéticas (ARI, 2009 ).
Resultados da Pesquisa
Opções de dietas especiais do ARI
% de pais que relataram
para o autismo uma significativa melhora
dos sintomas de seus filhos
SGSC SGSC - 69%
Sem glúten (trigo, centeio, cevada, espelta, kamut, Sem Laticínios - 55%
aveia comercial) ou Sem caseína (laticínios) Sem Trigo - 55%
Dieta Crudista
Alimentos crus, germinados e desidratados em baixas
------
temperaturas. Dieta a base de verduras, frutas,
castanhas, sementes e grãos germinados.
76
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Até recentemente o autismo era considerado uma doença de base neurológica com
enfoque psiquiátrico e os dados a cerca desta patologia na literatura eram bastante
limitados. Hoje, as evidências apontam cada vez mais para uma causa multifatorial,
com influências ambientais sobre uma genética suscetível. Atualmente o autismo é
estudado sob a perspectiva bioquímica e metabólica, considerando os múltiplos
sistemas orgânicos em desequilíbrio, como o neurológico, gastrointestinal,
imunológico e de destoxificação.
Não obstante a crescente produção científica relacionada ao tema, grande parte dos
dados ainda são fragmentados, reflexo da complexidade desta patologia que parece
não ter uma explicação única. O encaixe das peças deste quebra-cabeça – símbolo
para a conscientização do autismo – permite um olhar integralizado destes
indivíduos, fundamental no processo terapêutico proposto atualmente, onde a
intervenção nutricional é peça integrante e pré-requisito para outras abordagens.
Ainda são poucos os estudos comprovando a eficácia de tais dietas, mas tanto as
pesquisas quanto as evidências empíricas se mostram promissoras nesta área. No
entanto, as dietas não são desenvolvidas especialmente para o autismo. São
direcionadas aos sintomas e comprometimentos mais pronunciados e devem ser
adaptadas conforme as necessidades individuais. Esse ajuste individual pode ser
complexo e de difícil implementação, podendo trazer prejuízos nutricionais ao
paciente. Além disso, muitos fatores influenciam na efetividade da intervenção
dietética, como a escolha da dieta mais apropriada para cada indivíduo e sua
família, a rigorosidade na implementação dessas estratégias, a adequação às
77
necessidades nutricionais, a inclusão da família na dieta do autista, os tratamentos
realizados simultaneamente, entre outros.
78
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