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• De agosto à dezembro de 2017 foram realizadas quatro oficinas, com dois encontros
cada, onde participaram no total 17 estagiários de nutrição em clínica médica.
Apesar de nem todos terem presenciado a morte de algum paciente, ela se fez
presente na vivência de todos em seu trabalho no hospital:
“[...] Faz parte do trabalho no hospital, uma hora vai acontecer, não dá pra se apegar muito [...]”.
“[...] A gente acompanha a vida do paciente, fica querendo saber se melhorou e quando não vê fica com
medo dele ter morrido [...]”.
“[...] Nós ficamos tristes, é ruim ver o pânico dos familiares com a possibilidade de perder o familiar [...]”.
A dificuldade de interação com a equipe multidisciplinar e a desvalorização da nutrição
dentro do hospital, marca da hierarquização focada no saber médico também se faz
presente no dia-a-dia dos estagiários de nutrição clínica:
“[...]A gente vê o corre, corre... e o cansaço delas [nutricionistas], a desvalorização pelos outros profissionais,
meio que não vale a pena [...] ”.
“[...] a área da saúde a gente entende que é uma área que o profissional busca por vocação, então pretendo
segui-la mesmo sabendo das dificuldades, e são muitas [...] é um trabalho exaustivo, que exige muito da
gente fisicamente e emocionalmente, não compensa [...] ”.
“[...] a nossa profissão, por ser muito fácil ter informações sobre ela, pesquisando na internet e tal, as pessoas
meio que não levam a sério e não valorizam [...] ”.
“[...] É muito difícil dar conta, tem nosso TCC, tem as tarefas no hospital, eu chego com os pés doendo de
passar o dia andando/em pé no hospital e ainda tenho uma pilha de relatórios pra fazer e levar pra
supervisão [...] ” .
“[...] como a gente dá conta de tudo? Eu, por exemplo, estou com mais de três relatórios da supervisão
atrasados [...] ”.
“[...] é desesperador saber o tanto de coisa que tem pra fazer, e ainda tem o TCC! [...] ” .
Cabe destacar que as oficinas se caracterizaram por um espaço de
discussão e escuta qualificada no qual os membros do coletivo
puderam ampliar as percepções acerca de seu fazer (real do
trabalho e trabalho real), refletindo sobre a relação com os
pacientes e com os demais profissionais.