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A INFLUÊNCIA DA ALIMENTAÇÃO NAS CRIANÇAS PORTADORAS DE

TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA

Brenda Kelly Cunha Maciel¹; Eudiane dos Santos Silva2; Hiarla Correia Wanderley3; Raissa Costa
Freire de Souza4; Sandra Regina Dantas Baía5
Faculdade Mauricio de Nassau brendamaciel.nutri@gmail.com; Faculdade Mauricio de Nassau
eudiane_santos@hotmail.com; Faculdade Mauricio de Nassau hiarla@hotmail.com ; Faculdade Mauricio de Nassau
raissacostafreire@gmail.com; Nutricionista do HUAC/UFCG, Docente da Faculdade Maurício de Nassau
sandra_reginabaia@hotmail.com;

Resumo: Será abordada a importância que a dieta tem no comportamento do autista, ressaltando
formas de amenizar os sintomas. O autista é caracterizado por alterações na comunicação, na interação
social e no comportamento da criança. Essas crianças não conseguem quebrar completamente o glúten e a
caseína em aminoácidos. A revisão bibliográfica mostra que se deve ter cautela ao deixar as crianças autistas
ingerir alimentos que não sejam saudáveis, pois alimentos a base de glúten e caseína causa uma
hiperatividade, irritabilidade e falta de concentração, e a retirada desses alimentos com o passar do tempo
ajuda na melhora nos sintomas da doença, outra medida é a retirada de alimentos alergênicos, utilização de
alimentos anti-inflamatórios e antioxidantes, probióticos e prebióticos. Também se deve suplementar ômega
3 e 6. A desintoxicação orgânica de metais pesados é extremamente necessária em pacientes autistas. Vários
estudos vêm contribuindo com a melhora significativa, mostrando que a terapia nutricional tem grande
importância, pois ameniza os sintomas dessas crianças.
Palavras-Chave: Autismo, Qualidade de Vida, Nutrição.

1. INTRODUÇÃO Segundo Won et al., (2013) o


Transtorno do Espectro Autista (TEA) diagnóstico do autismo é fundamentado na
tem como característica alterações na presença de alguns sintomas como, déficits de
comunicação, na relação social e na conduta comunicação social e comportamental. Deve-
da criança. Essas alterações aparecem antes se notar esses sintomas logo na infância,
dos três anos e podendo ser percebidas nos sintomas esses que estão associados a
primeiros meses de vida, sendo de difícil anormalidades sensoriais e motoras, insônia,
adaptação. Ainda não se sabem a causa do hiperatividade, crises de epilepsia,
autismo, mas com tudo já se sabe que o agressividade, mudanças de humor, ansiedade
autismo independente da etnia, origem ou entre outras.
situação socioeconômica é bem mais comum O autismo vem sendo uma doença
nas crianças do sexo masculino do que nas do cada vez mais crescente, a cada 68 crianças 1
sexo feminino (CARVALHO et al, 2012). é autista e há grandes sinais que os fatores

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ambientais seria a principal causa, já que o através de artigos científicos e revistas. A
aumento não pode ser fundamentado apenas busca foi efetuada através dos livros de
pela genética do individuo, já que as nutrição Autismo: a esperança pela nutrição 1
alterações genéticas sempre preserva a mesma ed, Revista Científica do ITPAC, Scielo
proporção (GAZZETA, 2015). (Scientific Electronic Library Online) e
Na Inglaterra e Noruega alguns outros.
especialistas na área de saúde têm feito vários Conceitua-se que a revisão
testes em crianças autistas e com isso bibliográfica trata de levantamento de
descobriram que 50% das crianças não algumas das bibliografias mais estudadas em
quebram totalmente o glúten e a caseína em forma de livros, revistas, publicações avulsas,
aminoácidos. Essas proteínas que são pois sua finalidade é colocar o pesquisador
peptídeos não conseguem ser digeridas, assim em contato direto com o que já foi escrito
são eliminadas pela urina sem danos nenhum sobre determinado assunto, e objetiva, dentre
(FADA, 2010). outros, permitir ao cientista o analisar, ou
Araujo (2012) explica que a manipular suas informações com outras
introdução de um novo modelo alimentar para bibliografias já publicadas.
o autista envolve os familiares e todos que Os critérios de inclusão dos artigos na
com ele convive, assim contribui para que a revisão foram: artigos completos disponíveis
criança receba melhor as mudanças que eletronicamente/ internet, publicados no
acontecerá em sua vida. Os obstáculos são idioma português, que abordaram a temática
vários, pois a modificação dos hábitos sobre a alimentação do autista. Teses foram
alimentares envolve a cultura, o gosto excluídas do estudo. A pesquisa foi
pessoal, e as condições financeiras. delimitada por estudantes, do curso de
O objetivo desse trabalho foi relatar a Nutrição.
importância que a dieta tem no
comportamento do autista, ressaltando formas 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
de amenizar os sintomas, visando uma melhor Geralmente as crianças nos primeiros
qualidade de vida. dois anos de vida experimentam uma grande
variedade de alimentos com texturas e sabores
2. MATERIAS E MÉTODOS diferenciados. Já as crianças portadoras de
A revisão bibliográfica foi conduzida a autismo são muito mais exigentes e
partir de livros e levantamentos da internet, resistentes ao que é novo, então costumam

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criar uma barreira as Terapias nutricionais. e da caseína (caseomorfina), que contém
Acredita-se que o repetitivo comportamento e efeitos parecidos com a morfina e opióides
o interesse restrito têm um grande papel na (SNC SALVADOR, 2012).
dieta do paciente. (CARVALHO et al., 2012). Cerca de 50% das pessoas com
A alimentação especialmente na hora autismo apresentam um elevado número de
das principais refeições, tem como aspectos substancias na urina com número de
mais essenciais a: seletividade, que estabelece propriedades semelhantes aos experimentados
uma grande variedade de alimentos, podendo com os peptídeos de ópios (FADA, 2010).
levar a carências de nutrientes, a renuncia, O número desses componentes
mesmo acontecendo à seletividade é contínuo, encontrados na urina é grande demais para ser
a não aceitação do alimento escolhido de origem do sistema nervoso central. A
podendo agravar um quadro de desnutrição quantidade é tão grande que só podem ter
calórico-proteica e a desobediência alimentar originado da quebra incompleta de alguns
também coopera para a inadequação alimentos. Enzimas no intestino digerem as
alimentar. Por coseguinte, deve-se evitar que proteínas que são quebradas em aminoácidos.
as crianças autistas se alimentem com Mas se algo acontecer e fizer com que a
alimentos que não são saudáveis, assim sendo digestão seja incompleta ocorrerá pequenas
importante ter hábitos alimentares saudáveis cadeias de aa que são conhecidas como
(CARVALHO et al., 2012). peptídeos. Esses peptídeos podem ser
Inflamação do trato gastrointestinal, biologicamente eficazes e podem resultar nos
esofagite, disbiose, gastrite, deficiência na traços que pode ser visto no autismo. A
produção de enzimas digestivas e grande maioria é descartada pela urina
detoxificantes, refluxo gastroesofágico, (FADA, 2010).
aumento da permeabilidade intestinal, entre A caseomorfina e a gluteomorfina são
outros são alterações gastrointestinais que existentes devido à permeabilidade intestinal,
estão presentes nos autistas. Essas alterações que alcançam lugares do cérebro, sendo
fazem com que a doença tenha um prejudicial no progresso da fala, conversação,
agravamento, uma vez que essas substâncias sensações e emoções. Por conterem um
são tóxicas ou suas partículas por serem mecanismo parecido com a morfina, os
maiores não são digeridas e eliminadas peptídeos fazem com que os autistas viciem
corretamente. Temos como exemplo os nos alimentos que tem caseína e glúten, pois
peptídeos derivados do glúten (gluteomorfina) eles dão uma sensação de prazer. Além do

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mais, esse tipo de dieta contendo glúten e na Dinamarca, foram introduzidos na dieta
caseína causa um aumento dos sintomas apenas alimentos que não contém glúten e
frequentes do autista, como: hiperatividade, caseína, então obtiveram uma melhora
irritabilidade e falta de concentração (SNC significativa em seus comportamentos após
SALVADOR, 2012). oito a 12 meses de dieta. Devido à
A alimentação sem glúten e sem complicação e potencial de deficiência
caseína são uma dos tipos de métodos para nutricional o resultado da dieta foi ao longo
ajudar a reduzir os sintomas. Logo no começo prazo, o suporte clínico adequado e dietético
quando se retira esses alimentos há uma deve ser introduzido durante toda tentativa de
alteração no comportamento dessas crianças. fazer mudança em sua dieta.
Contudo, com um tempo eles vão se Estudos demonstram que o ômega 3
adaptando e assim se torna perceptível a tem influência na cura do intestino. Eles são
melhora dos sintomas, por exemplo, a importantes também para o desenvolvimento
comunicação. Existem outros tipos de e funcionamento do sistema nervoso, do
medidas que também pode ser feita para uma sistema imunitário, dos orgãos sensoriais, do
melhora desses sintomas, como a diminuição balanceamento hormonal e de outros sistemas
da inflamação e permeabilidade intestinal e e orgãos. A suplementação do ômega 3 tem
tratamento da disbiose. Feito através da que ser introduzida em todas as crianças
eliminação total dos alimentos alergênicos, da sendo ainda mais importante nos autistas. A
aplicação de alimentos anti-inflamatórios e linhaça pode ser substituída no lugar do óleo
antioxidantes, de enzimas digestivas, de peixe, pois os dois contém ácidos graxos
probióticos e prebióticos (SNC SALVADOR, Omega 3, mas deve-se preferir o óleo de
2012). peixe por conter substâncias que confere
Ao dar inicio a dieta GFCF (sem benefícios a saúde. Já a suplementação do
glúten e sem caseína) recomenda-se que seja ômega 6 é muito complexo e muito
feita suplementação da vitamina B6 e importante. Precisa ser bem cauteloso quando
magnésio, também se deve avaliar a se refere a suplementação de ômega 6, pois
possibilidade da criança necessitar da adição não é aconselhável suplementa-lo. A
de outras vitaminas, como o cálcio, entre introdução de uma colher de sementes de
outros (CARVALHO et al., 2012). girassol ao dia é o necessário para o corpo,
Segundo Carvalho et al., (2012) assim terá a Omega 6 em quantidades
pesquisas desenvolvidas em crianças autistas adequada e de forma natural sem colocar em

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riscos a saúde, tendo ainda uma boa ingestão esse processo, e em alguns casos de autismo
de algumas vitaminas e minerais essenciais vemos uma melhora significativa em cerca de
(ARAUJO, 2012). 80% dos casos (ARAUJO, 2012). É de
Marcelino (2010) explica que os extrema importância fazer a desintoxicação
enterócitos, as células que recobrem o epitélio orgânica de metais pesados nos portadores de
intestinal, são encarregados pela nutrição do autismo (GAZZETA, 2015).
organismo e pela quebra do alimento. A Gazzeta (2015) explica que a conduta
produção é mantida pela boa flora intestinal. de eliminar as toxinas e nutrir o organismo,
Os indivíduos que tem autismo não renovam além de manter glicemia, se faz necessário em
adequadamente destas células, em virtude a dietas antioxidantes que também ajuda no
disbiose intestinal, que é o descontrole entre melhor andamento do intestino, que é
as bactérias protetoras e agressoras do fundamental nestes pacientes, tanto para
intestino. melhorar na sensibilidade ao se alimentar,
Os autistas sofrem de envelhecimento quanto para reduzir hiperpermeabilidade
precoce nos enterócitos. Por isso as enzimas intestinal e aumentar a imunidade.
tem baixa produção logo quando nascem. O Para Whiteley et al., (2013) ainda que
processo da quebra da proteína é o mais não seja uma afirmativa totalmente concreta,
afetado. A enzima que faz a quebra dos a grande maioria dos estudos que foram
peptídeos de glúten e caseína são as DPP IV. publicados indicam modificações
Há fatores apontados como responsável de significativamente positivas na apresentação
modificações nesta enzima, como os dos sintomas descritos após a intervenção
pesticidas, certos antibióticos, fungicidas, dietética, mas ainda os pesquisadores não
chumbo e cobre em excesso. Os autistas entraram em consenso.
sofrem enfraquecendo da função da enzima
DPP IV devido a disfunções de metilação e 4. CONCLUSÕES
sulfatação (MARCELINO, 2010). O autismo infantil é um transtorno que
É de extrema importância fazer a afeta diretamente no comportamento da
quelação no caso de intoxicação por metais criança, porém, vários estudos vêm
pesados. Os quelantes são capazes de se contribuindo com a melhora significativa
fixarem a esses metais e os retirarem para fora nesses portadores, mostrando que a terapia
do organismo, mas o organismo dos autistas nutricional tem grande importância, pois
não tem a capacidade de fazer corretamente ameniza os sintomas dessas crianças, no

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entanto é de suma importância um GAZZETA. Você sabia que a Nutrição
acompanhamento com um profissional Funcional Pode Ajudar no Tratamento de
nutricionista. Autismo? 2015. Disponível em:
Mais estudos devem ser feitos para <http://www.fmcsv.org.br/pt-br/noticias-e-
aprimorar sobre a questão da dependência e eventos/Paginas/voce-sabia-que-a-nutricao-
da carência de alguns nutrientes. funcional-pode-ajudar-no-tratamento-de-
autismo.aspx> Acessado em: 05 de março de
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 2016.

MARCELINO, C. Autismo: a esperança


ARAUJO, J. Tratamento Nutricional do
pela nutrição. 1 ed., São Paulo-SP: M. Books
Autismo. 2012. Disponível em:
do Brasil, 2010.
<http://autismo.nutricao.inf.br/> Acessado
em: 05 de março de 2016.
SNC SALVADOR. Nutrição para o
Autismo. 2012. Disponível em:
CARVALHO, J. A.; SANTOS, S. C. S.;
<http://sncsalvador.com.br/nutricao-para-o-
CARVALHO, M. P.; SOUZA, L. S. Nutrição
autismo/> Acessado em: 05 de março de
e autismo: considerações sobre a
2016.
alimentação do autista. Revista Científica do
ITPAC, v.5, n.1, 2012.
WHITELEY P, SHATTOCK P,
FADA. Fundação de Apoio e KNIVSBERG AM, SEIM A, CARR K,
Desenvolvimento do Autista. 2010. TODD L, et al. Glúten e intervenção
Disponível em: dietética livre de caseína para condições do
<http://www.fada.org.br/program/index.php?s espectro do autismo. 2013; 6:344.
ec=noticias&id_txt=35> Acessado em: 05 de
março de 2016. WON H, WON M, EUNJOON K.
Transtorno do espectro do autismo, causas,
mecanismos e tratamentos: foco em
sinapses neuronais. Frente Mol Neurosci.
2013; 6:19

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