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4 REFERENCIAL TEÓRICOS

4.1 TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA)


4.1.1 ASPECTOS CONCEITUAIS
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição neurobiológica que
afeta o desenvolvimento e afeta a maneira como uma pessoa percebe e interage com o
mundo ao seu redor. É chamado de "espectro" porque os sintomas do TEA podem
variar significativamente em termos de gravidade, características e combinação de
sintomas em cada indivíduo. O TEA é uma condição vitalícia e geralmente se manifesta
nos primeiros anos de vida (ONZI; DE FIGUEIREDO GOMES, 2015).
As características do TEA podem ser divididas em duas categorias principais:
dificuldades na comunicação e interação social e comportamentos repetitivos e restritos.
Alguns dos sintomas mais comuns incluem dificuldade em estabelecer interações
sociais, tanto verbais quanto não verbais, dificuldade em manter contato visual,
dificuldade em interpretar e expressar emoções, padrões restritos e repetitivos de
comportamento, interesses obsessivos em tópicos específicos, sensibilidade sensorial e
dificuldade em lidar com mudanças na rotina (MAPELLI, et al., 2018).
O diagnóstico do TEA é feito com base em uma avaliação abrangente que leva
em consideração a história do desenvolvimento da criança, observações clínicas e, em
alguns casos, testes padronizados. Embora não haja cura para o TEA, intervenções e
terapias adequadas podem ajudar a melhorar a qualidade de vida e o funcionamento
diário das pessoas com TEA.
Algumas das intervenções mais comuns incluem terapia comportamental, terapia
da fala e ocupacional, treinamento em habilidades sociais e educação especializada.
Essas abordagens visam ajudar as pessoas com TEA a desenvolver habilidades sociais,
de comunicação e comportamentais, a lidar com os desafios cotidianos e a maximizar
seu potencial (MAPELLI, et al., 2018).

4.1.2 ETIOLOGIA
O TEA é uma condição complexa e multifatorial, cuja etiologia envolve a
interação de diversos fatores genéticos e ambientais. Não há uma causa única conhecida
para o TEA, mas pesquisas indicam que a genética desempenha um papel importante,
com estimativas de que a hereditariedade explique cerca de 80% dos casos. Variantes
genéticas e mutações em genes relacionados ao desenvolvimento cerebral e à
comunicação entre neurônios estão associadas ao TEA. Além disso, irmãos de pessoas
com TEA apresentam um risco maior de desenvolver a condição (MAXIMO;
CADENA; KANA, 2014).
Os fatores ambientais também são relevantes no desenvolvimento do TEA,
embora sua contribuição seja menor em comparação com os fatores genéticos.
Exposição a agentes teratogênicos durante a gravidez, como toxinas ambientais,
infecções virais e certos medicamentos, tem sido associada a um aumento do risco de
TEA (EISSA, et al., 2018).
Fatores pré, peri e pós-natais também podem estar relacionados ao TEA.
Complicações durante a gravidez e o parto, como idade avançada dos pais,
prematuridade, baixo peso ao nascer e complicações obstétricas, foram associadas a um
aumento do risco de TEA. Além disso, exposição a agentes tóxicos, deficiências
nutricionais e infecções durante o período pré-natal podem influenciar a manifestação
do transtorno (MAXIMO; CADENA; KANA, 2014).
4.1.3 EPIDEMIOLOGIA
Segundo dados do CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças), um
órgão vinculado ao governo dos Estados Unidos, estima-se que exista atualmente um
caso de autismo a cada 110 pessoas. Considerando a população do Brasil, com
aproximadamente 200 milhões de habitantes, pode-se inferir que o país possua cerca de
2 milhões de indivíduos com autismo. Esses números revelam a significativa proporção
de pessoas afetadas pelo transtorno no país (RIBEIRO, 2022).
Essa estimativa, ressalta a importância de políticas públicas voltadas para a
identificação precoce, o diagnóstico preciso e o suporte contínuo às pessoas com TEA e
suas famílias. Além disso, é fundamental investir em pesquisas científicas para avançar
na compreensão do transtorno, buscando novas estratégias de intervenção e melhoria da
qualidade de vida dos afetados.
4.2 TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) E ASPECTOS
NUTRICIONAIS
O TEA é uma condição que afeta o desenvolvimento neurológico e
comportamental. Embora a dieta e a nutrição não sejam consideradas causas diretas do
TEA, há evidências de que certos aspectos nutricionais podem ter influência no manejo
dos sintomas e no bem-estar geral de pessoas com TEA (MAGAGNIN et al., 2021; DE
PAULA, et al., 2020).
Muitas pessoas com TEA apresentam sensibilidades alimentares, como aversões
a certos alimentos ou texturas, o que pode levar a uma dieta restrita e desequilibrada. É
importante trabalhar com um profissional de saúde especializado para garantir que a
alimentação seja adequada, variada e balanceada, respeitando as sensibilidades
alimentares individuais (ROCHA, et al., 2019).
4.3 PROBIÓTICOS
4.3.1 ASPECTOS CONCEITUAIS
Os probióticos são constituídos por microorganismos vivos, como bactérias e
leveduras, que, quando administrados em quantidades adequadas, conferem benefícios à
saúde do hospedeiro. Esses microorganismos são encontrados em alimentos
fermentados, como iogurte, kefir, chucrute e kimchi, e também estão disponíveis em
forma de suplementos (RABÊLO, et al., 2022).
A escolha adequada do tipo, dose e duração do uso dos probióticos é essencial, e
é recomendado consultar um profissional de saúde antes de iniciar a suplementação.
Além disso, os efeitos dos probióticos podem variar de pessoa para pessoa, e mais
pesquisas são necessárias para entender completamente seus mecanismos de ação e sua
eficácia em diferentes condições de saúde (ÁLVAREZ, et al., 2021).

4.3.2 PROBIÓTICOS E MICROBIOTA INTESTINAL


Para serem eficazes, os probióticos precisam sobreviver às condições adversas
do trato gastrointestinal, como a acidez estomacal e a ação das enzimas digestivas.
Além disso, eles devem manter sua viabilidade durante o armazenamento e a fabricação.
Os probióticos podem colonizar temporariamente o intestino, interagindo com a
microbiota residente e influenciando sua composição e atividade metabólica. Essas
interações podem ter efeitos positivos na saúde, como a supressão de patógenos, a
produção de metabólitos benéficos e o fortalecimento do sistema imunológico.
Os probióticos têm sido associados a uma variedade de benefícios para a saúde,
incluindo a melhoria da saúde intestinal, a regulação do trânsito intestinal, o reforço do
sistema imunológico, a redução do risco de infecções gastrointestinais, a modulação da
resposta inflamatória e a possível influência no bem-estar mental (ÁLVAREZ, et al.,
2021).

4.4 USO DE PROBIÓTICOS E RECOMENDAÇÕES TERAPÊUTICAS PARA


INDIVÍDUOS COM TEA
O uso de probióticos e as recomendações terapêuticas para indivíduos com TEA
têm sido objeto de interesse na pesquisa. Embora mais estudos sejam necessários para
compreender completamente os benefícios e a eficácia dos probióticos em pessoas com
TEA, algumas evidências sugerem que eles podem desempenhar um papel positivo no
manejo dos sintomas e no bem-estar geral desses indivíduos (DA SILVA, et al., 2023).
Pessoas com TEA frequentemente enfrentam problemas gastrointestinais, como
constipação e sensibilidades alimentares. Os probióticos podem ajudar a melhorar a
função gastrointestinal, reduzindo a inflamação e promovendo o equilíbrio da
microbiota intestinal. Além disso, estudos preliminares sugerem que certas cepas de
probióticos podem ter efeitos benéficos no comportamento e na função cognitiva de
indivíduos com TEA. Acredita-se que a saúde intestinal e a comunicação entre o
intestino e o cérebro possam estar envolvidas nesses efeitos positivos (MAGAGNIN et
al., 2021; DE PAULA, et al., 2020).
No entanto, os probióticos não são uma terapia isolada para o TEA e devem ser
considerados como parte de uma abordagem integrativa e multidisciplinar. A consulta a
profissionais de saúde especializados é essencial antes de iniciar a suplementação com
probióticos, especialmente em casos de condições médicas pré-existentes ou uso de
medicamentos.

REFERÊNCIAS

ÁLVAREZ, Julia et al. Microbiota intestinal y salud. Gastroenterología y


Hepatología, v. 44, n. 7, p. 519-535, 2021.
DA SILVA, Letícia Marinho Alves et al. Transtorno do Espectro do Autismo:
aspectos relacionados à alimentação e nutrição. Revista Práxis, v. 15, n. 29, 2023.
DE PAULA, Fernanda Mendes et al. Transtorno do Espectro do Autismo: impacto
no comportamento alimentar. Brazilian Journal of Health Review, v. 3, n. 3, p. 5009-
5023, 2020.
EISSA, Nermin et al. Current enlightenment about etiology and pharmacological
treatment of autism spectrum disorder. Frontiers in neuroscience, v. 12, p. 304, 2018.
MAGAGNIN, Tayná et al. Aspectos alimentares e nutricionais de crianças e
adolescentes com transtorno do espectro autista. Physis: Revista de saúde coletiva, v.
31, 2021.
MAPELLI, Lina Domenica et al. Criança com transtorno do espectro autista:
cuidado na perspectiva familiar. Escola Anna Nery, v. 22, 2018.
MAXIMO, Jose O.; CADENA, Elyse J.; KANA, Rajesh K. The implications of brain
connectivity in the neuropsychology of autism. Neuropsychology review, v. 24, p.
16-31, 2014.
ONZI, Franciele Zanella; DE FIGUEIREDO GOMES, Roberta. Transtorno do
espectro autista: a importância do diagnóstico e reabilitação. Revista Caderno
Pedagógico, v. 12, n. 3, 2015.
RABÊLO, Cínthia Aparecida Costa et al. Quantificação da microbiota presente em
produtos lácteos industrializados comercializados como probióticos. RECIMA21-
Revista Científica Multidisciplinar-ISSN 2675-6218, v. 3, n. 5, p. e351418-e351418,
2022.
RIBEIRO, Tatiane Cristina. Epidemiologia do transtorno do espectro do autismo:
rastreamento e prevalência na população. Tese de Doutorado. Universidade de São
Paulo. São Paulo-SP. 2022.
ROCHA, Gilma Sannyelle Silva et al. Análise da seletividade alimentar de pessoas
com Transtorno do Espectro Autista. Revista Eletrônica Acervo Saúde, n. 24, p.
e538-e538, 2019.

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