Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
a
Pontifícia Universidade Católica de Goiás, Escola de Ciências Sociais e da Saúde,
Goiânia, Goiás, Brasil.
*Autor Correspondente
Marcela Teles de Castro, Praça Universitária, 1440 - Setor Leste Universitário, Goiânia
- GO, 74605-010. E-mail: marcelatelesdc@outlook.com. Telefone: (62) 98155-8153
objetivo do presente trabalho foi revisar os estudos sobre o efeito dos probióticos na
envolvidos tanto na etiologia quanto nas manifestações clínicas do TEA. Até o presente
probióticos como terapia alternativa para o TEA, uma vez que mais pesquisas são
spectrum disorder (ASD). The main proportional symptoms are behavioral, neurological
and gastrointestinal, and nutritional measures are promising proposals to improve the
clinical symptoms of these patients. The aim of the present study was to review studies
ASD. It is a narrative review of experimental studies carried out with humans, in the last
10 years. After analyzing the composition of the intestinal microbiota and the effects of
reduce the improvement of gastrointestinal disorders, which are implicated both in the
etiology and in the clinical manifestations of ASD. To date, the scientific community
has limited evidence to indicate the use of probiotics as an alternative therapy for ASD,
Probiotic.
INTRODUÇÃO
no público masculino e aparecimento dos primeiros sintomas até os três primeiros anos
repetitivos3.
neurológico com influência genética e de alguns fatores ambientais, sua causa exata não
discutidas com maior frequência nos últimos anos. Um estudo mostrou que indivíduos
METODOLOGIA
Disorder e Probiotic. A pesquisa foi realizada nas bases de dados: Medline Scientific
escolhido de 2010 a 2020. Em seguida foi realizada a leitura integral dos estudos
seguida pela inclusão dos objetivos, métodos e principais resultados em uma tabela para
fichamento.
esquizofrenia19,20. Contudo, foi em 1943 que Leo Kanner publicou o artigo “Autistic
relacionamento interpessoal4.
singular, uma vez que, alguns pacientes possuem uma grave incapacidade intelectual.
desenvolvimento21.
Estima-se que a prevalência mundial seja de uma em cada 160 crianças, sendo
(85%)27 seguidos pelos sintomas de diarreia, distensão gasosa e dor abdominal 26.
FISIOPATOLOGIA
Estados Unidos da América, pelo psiquiatra Leo Kanner, e em seu estudo denominado
duração da gestação, hipoxia durante o parto, parto cesáreo e baixo peso ao nascer29-32.
nervoso central (SNC)34. Tveiten D, et al., 201435, revisaram um estudo que analisou
achado pode ser justificado pelo fato de indivíduos com autismo certamente
enzima pode desempenhar um papel fisiopatológico uma vez que pode impactar
com TEA35.
Na literatura, encontra-se alguns estudos que debatem a respeito dos ácidos
graxos de cadeia curta (AGCC) e sua relação com o a etiologia do TEA. Estes ácidos
são compostos por acetato, propionato e butirato, os quais são os produtos finais da
fermentação de carboidratos não digeríveis no cólon. Foi sugerido que a presença dos
EIXO INTESTINO-CÉREBRO
bidirecional entre o SNC e o sistema nervoso entérico, com a conexão entre o centro
gastrointestinais não são explicados por anormalidades bioquímicas uma vez que
alimentar, intolerâncias e alergias39. Estudo realizado por Buie et al, 201040 registra que
a prevalência de sintomas gastrointestinais (constipação, diarreia, flatulência, dor
9% a 91%.
LPS que provoca um efeito negativo imunológico e resposta inflamatória, com aumento
das citocinas pró-inflamatórias sistêmicas17. Dessa forma, alguns autores teorizam que a
TEA15,41,42,43.
Somado a isto, tem-se ainda o fato de que alterações significativas da microbiota podem
os efeitos dos probióticos no TEA nos últimos anos estão descritos na Tabela 1.
essenciais para a homeostase do organismo humano 50. Além disso, seu impacto na
saúde é amplo, pois afeta inúmeros processos no organismo, como a resposta imune,
leveduras / fungos56.
reabilitação57.
de sintomas gastrointestinais nos pacientes com TEA58,59. Uma pesquisa realizada com
peso corporal, bem como melhorias na gravidade do autismo (avaliada pelo ATEC 7) e
seguro em crianças com TEA, porém não demonstraram melhora dos sintomas
tratamentos. A literatura mostra que crianças com TEA abrigam uma quantidade
reduzida de bactérias benéficas quando comparadas a outros indivíduos 52. Adams et al.
41
observaram menores quantidades de Bifidobacterium e maiores níveis de
bactérias são consideradas benéficas, pois afetam beneficamente o hospedeiro, uma vez
cólon41,63.
pacientes com TEA. Nesse contexto, a utilização dos probióticos é uma intervenção
conjunto com outras cepas probióticas, possui uma chance maior de obter melhores
transtornos mentais: DSM-V (5. ed.; M.I.C. Nascimento, Trad.). Porto Alegre, RS:
content/uploads/2018/06/Manual-Diagnosico-e-Estatistico-de-Transtornos-Mentais-
DSM-5-1-pdf.pdf.
2. Halladay AK, Bishop S, Constantino JN, Daniels AM, Koenig K, Palmer Kate et al.
Sex and gender differences in autism spectrum disorder: summarizing evidence gaps
https://doi.org/10.1186/s13229-015-0019-y
doi:10.1001/archpsyc.63.9.1026
6. Croen LA, Grether JK, Yoshida CK, Odouli R, Van de Water J. Maternal
doi: 10.1001/archpedi.159.2.151
7. Griesi OK, Sertié AL. Transtornos do espectro autista: um guia atualizado para
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S167945082017000200233
&lng=en. https://doi.org/10.1590/s1679-45082017rb4020.
8. Caroline GM, de Theije, Jiangbo Wu, Silva SL, Patrick J, et al. Pathways underlying
the gut-to-brain connection in autism spectrum disorders as future targets for disease
https://doi.org/10.1016/j.ejphar.2011.07.013.
Serum DPPIV activity and CD26 expression on lymphocytes in patients with benign
10.1016/j.imbio.2011.01.005.
11. Kim N, Yun M, Oh YJ, Choi HJ. Mind-altering with the gut: Modulation of the gut-
018-8032-4.
12. Pulikkan J, Maji A, Dhakan DB, Saxena R, Mohan B, Anto MM, et al. Gut
between enteric microbiota, central and enteric nervous systems. Ann Gastroenterol.
2015;28(2):203-209.
doi: 10.23736/S1121-421X.18.02493-5.
15. Parracho HM, Bingham MO, Gibson GR, McCartney AL. Differences between the
gut microflora of children with autistic spectrum disorders and that of healthy
17. Qin L, Wu X, Block ML, Liu Y, Breese GR, Hong JS, et al. Systemic LPS causes
https://doi.org/10.1016/j.bbi.2011.08.007
19. Balbuena Rivera Francisco. Breve revisión histórica del autismo. Rev. Asoc.
http://scielo.isciii.es/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S021157352007000
200006&lng=es.
20. Rapin I, Tuchman R. Onde estamos: Visão geral e definições. In Tuchman R, Rapin
disorders/en/.2018.
2019;5: 1-24.
27. Gorrindo P, Williams KC, Lee EB, Walker LS, McGrew SG, Levitt P.
http://dx.doi.org/10.7860/JCDR/2018/36431.11751
30. Lefebvre A, Beggiato A, Bourgeron T, Toro R. Neuroanatomical Diversity of
Autism Brain Imaging Data Exchange Project, and Simulation. Biol Psychiatry.
31. Curran EA, O'Neill SM, Cryan JF, Kenny LC, Dinan TG, Khashan AS, et al. Birth
32. Ouss-Ryngaert L, Alvarez L, Boissel A. Autism and prematurity: state of the art for
http://dx.doi.org/10.1016/j.arcped.2012.06.007
doi:10.1001/jama.2014.4144
34. Navarro F, Liu Y, Rhoads JM. Can probiotics benefit children with autism spectrum
v22.i46.10093.
doi: 10.4236/ojpsych.2014.43034.
36. Byrne CS, Chambers ES, Morrison DJ, Frost G. The role of short chain fatty acids
doi:10.1038/ijo.2015.84.
37. Thomas RH, Meeking MM, Mepham JR, Tiechenoff S, Possmayer F, Liu S, et al.
The enteric bacterial metabolite propionic acid alters brain and plasma phospholipid
153.
38. MacFabe DF. Enteric short-chain fatty acids: microbial messengers of metabolism,
39. Rasquin A, Di Lorenzo C, Forbes D, Guiraldes E, Hyams JS, Staiano A, Walker LS.
40. Buie T, Campbell DB, Fuchs GJ 3rd, Furuta GT, Levy J, Vandewater J, et al.
doi:10.1542/peds.2009-1878C.
41. Adams JB, Johansen LJ, Powell LD, Quig D, Rubin RA. Gastrointestinal flora and
doi:10.1186/1471-230X-11-22.
42. Finegold SM, Dowd SE, Gontcharova V, Liu C, Henley KE, Wolcott RD, et al.
10.1016/j.cell.2013.12.016.
Alterations of the intestinal barrier in patients with autism spectrum disorders and in
10.1097/MPG.0b013e3181dcc4a5.
46. Hsiao EY, Patterson PH. Activation of the maternal immune system induces
47. Sandler RH, Finegold SM, Bolte ER, Buchanan CP, Maxwell AP, Väisänen ML, et
48. Burger-van Paassen N, Vincent A, Puiman PJ, van der Sluis M, Bouma J, et al. The
10.1042/BJ20082222.
49. Song Y, Liu C, Finegold SM. Real-time PCR quantitation of clostridia in feces of
https://doi.org/10.1128/AEM.70.11.6459-6465.2004.
50. O'Hara AM, Shanahan F. Gut microbiota: mining for therapeutic potential. Clin
51. Collins SM, Surette M, Bercik P. The interplay between the intestinal microbiota
and the brain. Nat Rev Microbiol. 2012 ;10(11):735-42. doi: 10.1038/nrmicro2876.
52. Wang Y, Kasper LH. The role of microbiome in central nervous system disorders.
53. Gibson G, Hutkins R., Sanders M, Prescott S, Reimer R, Salminen S, et al. Expert
https://doi.org/10.1038/nrgastro.2017.75.
54. Critchfield JW, Hemert S, Ash M, Mulder L, Ashwood P. The Potential Role of
https://doi.org/10.1155/2011/161358.
2011.08.002.
56. Shaw W, Kassen E, Chaves E. Increased urinary excretion of analogs of Krebs cycle
metabolites and arabinose in two brothers with autistic features. Clin Chem.
1995;41(8):1094-104.
58. Shaaban SY, El Gendy YG, Mehanna NS, El-Senousy WM, El-Feki HSA, Saad K,
10.1080/1028415X.2017.1347746.
59. Arnold LE, Luna RA, Williams K, Chan J, Parker RA, Wu Q, et al. Probiotics for
10.1089/cap.2018.0156.
60. Liu YW, Liong MT, Chung YE, Huang HY, Peng WS, Cheng YF, et al. Effects
62. Sanctuary MR, Kain JN, Chen SY, Kalanetra K, Lemay DG, Rose DR, et al. Pilot
10.1371/journal.pone.0210064.
63. Saad SMI. Probióticos e Prebióticos: o estado da arte. Rev. Bras. Cienc. Farm.
Santocchi, et Ensaio clínico 100 crianças 6 meses Mistura (Vivomixx): 8 cepas de - Redução dos custos gerais.
al 201657 duplo-cego com TEA probióticos: Streptococcus
randomizado e (18 – 72 meses) thermophilus, Bifidobacterium, - Melhora da conformidade e
controlado por B. longum, B. Infantis, adesão ao tratamento
placebo Grupo 1 Lactobacillus (L. acidophilus, L.
Sintomas GI e plantarum, L. paracasei, L.
probiótico delbrueckii subsp. Bulgaricus).
Grupo 2
Sintomas GI e Dose: Dois pacotes (900
placebo bilhões de bactérias) diariamente
Grupo 3 durante 1 mês e um pacote (450
Sem sintomas bilhões de bactérias) diariamente
GI e probiótico. por 5 meses
Grupo 4
Sem sintomas
GI e placebo
AUTOR/ ANO DESENHO AMOSTRA TEMPO INTERVENÇÃO RESULTADOS
EXPERIMENTAL (N)
Shaaban et al, Estudo prospectivo 30 crianças 3 meses Lactobacillus Aumentos de bifidobactérias e lactobacilos
58
2017 e aberto autistas acidophilus, nas fezes de crianças com autismo.
Lactobacillus
30 controles rhamnosus e - Redução do peso corporal e melhora na
saudáveis Bifidobacteria longum gravidade do autismo (ATEC), e sintomas
gastrointestinais (6-GSI) em comparação
(5 a 9 anos) Dose: 5g/d (cada com a linha de base.
6
grama contém 100 × 10
UFC)
Liu et al, Estudo duplo-cego, Intervenção: 40 4 semanas Lactobacillus plantarum - Melhora de alguns sintomas,
201860 randomizado e meninos com PS128 principalmente aqueles associados a
controlado por TEA Dose: 3×1010 UFC comportamentos perturbadores e de quebra
placebo. de regras e hiperatividade/ impulsividade.
Controle: 38 Controle: Celulose
meninos com microcristalina - Eficácia da intervenção PS128 pareceu
TEA ser dependente da idade.
(7-15 anos)
Arnold et al, Ensaio piloto de 10 crianças 8 semanas Mistura de probióticos Desfechos na direção de melhora com
201959 viabilidade com TEA, com um VISBIOME: probiótico em relação ao placebo.
aleatória, crossover ansiedade e ‘’washout’’ de Lactobacillus casei,
sintomas GI 3 semanas Lactobacillus VISBIOME é um tratamento seguro em
plantarum, crianças com TEA e sintomas GI, mas a
6 (suplemento Lactobacillus eficácia para a qualidade de vida não foi
depois placebo) acidophilus e comprovada.
Lactobacillus
4 (placebo delbrueckii
depois subsp. bulgaricus),
suplemento) bifidobactérias (B.
longum,
(3-12 anos) Bifidobacterium
infantis e
Bifidobacterium breve),
S. thermophiles e amido.
TEA = Transtorno do Espectro Autista; GI = Gastrointestinal; UFC = Unidade formadora de colônia; DA = D-arabinitol;
LA = L-arabinitol; ABA = Applied behavior analysis; ATEC = Autism Treatment Evaluation Checklist;
AGCC = Àcidos Graxos de Cadeia Curta GSI= Sintomas Gastrointestinais; FOS = Frutooligossacarídeos.