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CURSO de NUTRIÇÃO

SELETIVIDADE ALIMENTAR E ABORDAGEM


NUTRICIONAL EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA)

Discentes: Daiane Jesus dos Santos, Ellen


Verena Santos dos Santos e Isabela Pires Araújo
Orientador: Msc. Tarcísio Santana

Salvador/BA, 2022
INTRODUÇÃO

O Transtorno do
Espectro Autista (TEA) Estima-se que a prevalência do
TEA esteja em torno de 70 casos
para cada 10.000 habitantes no
mundo, sendo cerca de quatro
Sociais Genéticos
vezes mais frequente em meninos.
A nível nacional, apesar da falta de
estudos epidemiológicos que
possam fomentar a estimativa de Neurológicos
Nutricionais
dados nacionais, foi demonstrado
em uma pesquisa que os índices de
acometimento pelo autismo são
significativos nos últimos anos
quando comparados a décadas
atrás.

(PINTO et al., 2016).


INTRODUÇÃO

Seletividade • Deficiência nutricional


alimentar

• Aversões
Contribuição • Sintomas
gastrointestinais
do
nutricionista

(CARVALHO, 2012).
INTRODUÇÃO

Seletividade alimentar
Quadro clínico e
gastrointestinal

ABORDAGEM
NUTRICIONAL

(ROCHA et al., 2019).


INTRODUÇÃO

A discussão sobre o tema torna-se


relevante devido a necessidade de falar
sobre o autismo e como cuidar desses
indivíduos do ponto de vista alimentar,
pois é sabido que a população possui
seletividade alimentar, além de
probabilidade em desenvolver
deficiências nutricionais e transtornos
gastrointestinais. Qual a importância da
abordagem nutricional com relação a
seletividade alimentar e possíveis
transtornos nutricionais frente ao
indivíduo que possui TEA?
INTRODUÇÃO

O estudo foi realizado através de uma revisão de literatura que pontuou a


seletividade alimentar dos indivíduos autistas, além da abordagem
nutricional diante disto e também direcionado ao auxílio a melhora
clínica do paciente autista.
OBJETIVO GERAL

O objetivo desse estudo foi analisar a contribuição da abordagem


nutricional em crianças e adolescentes portadores do TEA visando
contribuir para melhora clínica e seletividade alimentar.
METODOLOGIA

Trata-se de um estudo de metodologia qualitativa, descritivo e análise


integrativa da leitura e extração de dados bibliográficos de artigos.

Realizado entre março a junho de 2022 coletando artigos científicos entre os


anos 2002 a 2022.

Através da busca nas bases de dados no Pubmed, Google Acadêmico e


Scielo.

Critérios de inclusão: Disponibilidade de acesso ao artigo completo. Como critério


de exclusão, foram retirados artigos que só tinham disponível o resumo, que
estavam fora da faixa de tempo estabelecida. ​
RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram identificados 82 artigos na pesquisa realizada nas bases de dados e na lista de


referências bibliográficas dos estudos relevantes de acordo com os critérios de
elegibilidade desta revisão. Destes, 67 foram excluídos por não possuir acesso ao artigo
completo, 04 após leitura do título e resumo, permanecendo, portanto, 11 artigos para
leitura completa. Ao final, 7 artigos foram incluídos no estudo (EMOND, et al. 2010),
(HYMAN et al. 2012), (AUDISIO, et al. 2013), (BARBOSA, 2013), (ADAMS, 2018),
(ROCHA, 2019) e (PIMENTEL et al. 2019).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Quadro 1. Artigos selecionados para o estudo.
AUTOR/ANO/ OBJETIVOS MÉTODOS RESULTADOS
PAÍS)
EMOND, et al. Avaliar sintomas A idade média das crianças com TEA foi de 28 meses no encaminhamento e 45
Os dados sobre alimentação e frequência
2010. alimentares, padrões meses no diagnóstico. Os bebês com TEA apresentaram introdução tardia de
alimentar foram coletados por questionários sólidos após 6 meses ( p = 0,004) e foram descritos como “alimentadores lentos”
alimentares e
EUA aos 6 meses ( p = 0,04). Dos 15 aos 54 meses, as crianças com TEA foram
crescimento em preenchidos aos 6, 15, 24, 38 e 54 meses
consistentemente relatadas como “difíceis de alimentar” ( p <0,001) e “muito
crianças com pelos participantes do Estudo Longitudinal exigentes” ( p <0,001). A partir dos 15 meses, o grupo com TEA teve uma dieta
transtornos do espectro menos variada do que os controles, com maior probabilidade de receber
de Pais e Filhos da Avon. Foi criado um
do autismo. refeições diferentes da mãe a partir dos 24 meses e, aos 54 meses, 8% das
escore de variedade alimentar e o conteúdo crianças com TEA estavam tomando uma dieta especial para "alergia".
da dieta foi calculado em 38 m. Os padrões As crianças com TEA consumiram menos vegetais, salada e frutas frescas, mas
também menos doces e bebidas com gás. Aos 38 meses, a ingestão de energia,
de alimentação e dieta de 79 crianças com gordura total, carboidratos e proteínas foram semelhantes, mas o grupo ASD
TEA foram comparados com 12 901 consumiu menos vitaminas C ( p = 0,02) e D ( p = 0,003). Não houve diferenças no
peso, altura ou IMC aos 18 meses e 7 anos, ou nas concentrações de
controles. hemoglobina aos 7 anos.

HYMAN, et al. Comparar a ingestão de Os registros prospectivos de alimentos de Com uma amostra de 252 crianças indica que 18% dos pais restringem glúten e
2012. nutrientes de alimentos três dias e o IMC para crianças (2 a 11 anos) caseína da dieta dos menores e 86% incluem suplementos nutricionais sendo
consumidos por com TEA participando da Rede de considerados importantes para a nutrição e auxílio na redução dos sintomas
EUA
crianças com e sem TEA Tratamento do Autismo (Arkansas, visto que suprem as possíveis deficiências de nutrientes que são imprescindíveis
e examinar a eficiência e Cincinnati, Colorado, Pittsburgh e Rochester) para a saúde cognitiva e gastrointestinal.
o excesso. foram comparados com os dados da
Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição.
AUDISIO, et al. 2013. Conhecer a modificação do comportamento em Estudo transversal, exploratório-descritivo, misto em 30 pais de crianças com autismo
relação aos problemas de contato visual, que realizaram (DLGC). Alterações e / ou melhorias nos sintomas clássicos da autismo
EUA
interação social, hiperatividade e evidenciado após a implementação da dieta livre de glúten e caseína e a intensidade
gastrointestinal de acordo com a percepção dos dessas alterações, de acordo com a percepção dos pais.
pais de crianças com autismo após a
incorporação da dieta livre de glúten e caseína
(DLGC).

BARBOSA, 2013. Investigar a alimentação e nutrição de crianças Estudo do tipo exploratório quantitativo e qualitativo, realizado em 4 etapas: 1)
autistas de um projeto terapêutico no Distrito Construção do Questionário; 2) Técnica de juízes para aprimoramento do questionário; 3)
BRASIL
Federal. Aplicação do questionário com pais de crianças do espectro autista; 4) Análise dos
dados. O questionário foi construído baseando-se em estudos que investigam práticas
alimentares em indivíduos do espectro autista. Foi aplicado com cada responsável de um
total de 25 crianças, participantes regulares do projeto de musicoterapia em Brasília. Os
pais receberam um termo de consentimento livre e esclarecido e receberam o
questionário que posteriormente foi tabulado e analisado via Excel.
CAETANO; GURGEL, 2017. Avaliar o estado nutricional e o consumo Participaram 26 crianças, de 3 a 10 anos de idade, com diagnóstico do TEA, de ambos os
alimentar de crianças portadoras do transtorno sexos, atendidas no município de Limoeiro do Norte, Ceará. Os dados foram coletados
BRASIL
do espectro autista (TEA). através de entrevistas, ordenadas por um questionário sócio demográfico (idade, renda
familiar, escolaridade dos participantes, tratamento psicofarmacológico, idade recebida
do diagnóstico do TEA, classificação da CID-10 e histórico clínico); histórico nutricional;
aplicação de 3 recordatórios de 24 horas; e medidas antropométricas (peso, altura,
circunferência do braço e as dobras cutâneas tricipital e subescapular), com posterior
cálculo do índice de massa corporal

(IMC). Utilizou-se análise descritiva e as variáveis contínuas foram expressas em média ±


desvio padrão e coeficiente de variação.
ROCHA, et al. Analisar a possível Tratou-se de uma pesquisa descritiva, do Verifica-se que 85,7% dos participantes do estudo possuem dificuldades no
2019. presença de tipo exploratória, com abordagem momento da refeição. Dentro das opções de dificuldades apresentadas pelo
comportamentos de quantitativa. O cenário desta investigação foi questionário, 65,5% apresentaram dificuldades em consumir novos alimentos e
BRASIL
seletividade alimentar o Município de Caxias, situado na região 51,7% dificuldades com a textura dos alimentos. Quando questionados sobre a
em crianças com leste do estado do Maranhão, utilizou-se variedade alimentar, 16 sujeitos (52,2%) responderam que seus filhos não
Transtorno do Espectro como campo de pesquisa a Associação de costumam gostar de comer vários tipos de alimentos. Quanto às estratégias
Autista (TEA). Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE). Foi utilizadas para melhorar a aceitação de alimentos, um número igual de
utilizado como material de coleta de dados participantes (16 - 55,1%) relatou que modificam a apresentação da comida ou
um questionário com perguntas fechadas a negociam o consumo do alimento.
respeito de aspectos alimentares.

PIMENTEL, et al.
Avaliar a presença de Trata-se de um estudo de intervenção, Na O sintoma que apresentou maior evolução foi à agressividade em 62,5% (n=5),
2019.
alterações fundação estavam matriculados 35 autistas, seguido da estereotipia em 50% (n=4) dos voluntários (p = 0,01). Com relação aos
BRASIL
comportamentais e dos quais 14 mães de alunos aceitaram sintomas gastrointestinais, quatro mães relataram melhora após restrição do
sintomas de distúrbios participar da pesquisa. Destes, 6 glúten e caseína.
gastrointestinais em abandonaram o estudo no decorrer do
decorrência da período; 8 realizaram a restrição a caseína
restrição de glúten e durante o período de 30 dias e 1 durante 15
caseína em crianças dias. Finalizando, portanto, um total de 8
com autismo. alunos avaliados. Não houve contato entre
aluno e pesquisador. Todos os dados foram
obtidos através de entrevista com os pais.
RESULTADOS E DISCUSSÃO

COMPORTAMENTO

Auxílio na melhora dos


sintomas clínicos e
gastrointestinais

ALIMENTAÇÃO

(BARBOSA, 2013).
RESULTADOS E DISCUSSÃO

Seletividade
alimentar

Deficiências
nutricionais

Atuação do
nutricionista

(MARQUES, 2013).
CONCLUSÃO
O autismo é um transtorno no desenvolvimento neurológico a qual possui forte interação
com os outros sistemas do organismo, principalmente o gastrointestinal. As substâncias que
atuam no cérebro junto aos neurônios precisam de nutrientes e certamente o indivíduo portador
de autismo necessitada de ajustes em seu plano alimentar para auxiliar na resposta
neurológica e reduzir sintomas característicos da doença diante de determinados alimentos,
além disso, o ajuste em seu plano alimentar pode contribuir com a prevenção de carências
nutricionais frente à seletividade alimentar muito presente no público estudado.

Diante da seletividade alimentar de algumas crianças e adolescentes com TEA é


necessário a atenção aos exames bioquímicos e sinais e sintomas de carências nutricionais,
para que se possa intervir da melhor maneira possível, caso seja impossível a aceitação de
novos alimentos fontes de outros nutrientes seja analisada a possibilidade de suplementação
nutricional de acordo com a necessidade específica e individual.
CONCLUSÃO

O nutricionista é fundamental na abordagem nutricional por ser o profissional que vai


atuar visando a prevenção de possíveis carências nutricionais frente a seletividade alimentar
e realizar substituições de determinados alimentos que podem contribuir para o aumento de
sintomas gastrointestinais visando garantir a redução dos mesmos e promover qualidade de
vida e nutrição para as crianças e adolescentes com TEA.
REFERÊNCIAS
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gluten y caseína en un grupo de niños con autismo que acuden a una fundación. Nutr. clin. dieta. Hosp, v. 33, n. 3, p. 39-47, 2013.
BARBOSA, G.M. A alimentação da criança com transtorno do espectro autista. Revista Científica do Itpac, v. 5, n. 1, p. 1-2, 2013.
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CAETANO, M.V; GURGEL, D.C. Perfil nutricional de crianças portadoras do transtorno do espectro autista. Rev Bras Promoç Saúde, v. 31, n. 1, p. 1-11, 2018.
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https://repositorio.uniceub.br/jspui/bitstream/235/12581/1/ OK_21484849.pdf> Acesso em: 25 de Set de 2020
FISBERG, M. et al. A criança que não come – abordagem pediátrico comportamental. Blucher Medical Proceedings - 2º Congresso Internacional Sabará de
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LEITE, M.A.C; SILVA, S.L; CORREIA, B.G.B et al. Intervenção nutricional no transtorno espectro do autismo. Revista conexão, v. 15, n. 2, p. 1-6, 2019. Disponível
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