Explorando a Intolerância à Lactose: Uma Investigação sobre
Conhecimento, Impacto Familiar, Comportamentos Alimentares e
Conscientização Escolar
RICKAELLE RAYSSA DE MOURA SANTOS; ANA BEATRIZ SANTOS SOARES; JOSÉ CARLOS DA SILVA MARQUES; NOEMIR
VITÓRIA DOS SANTOS SILVA; WALLYSON GABRIEL DA SILVA SALUSTIANO; LUIZ FERNANDO DE JESUS NASCIMENTO
ESCOLA ESTADUAL ANA LINS
SÃO MIGUEL DOS CAMPOS - GEE 2
INTRODUÇÂO
A lactose é um dissacarídeo, composta por dois monossacarídeos
– glicose e galactose, é o principal carboidrato encontrado no leite
e em seus derivados (BARBOSA et al., 2020). A enzima β-
galactosidase (lactase) degrada a lactose, permitindo a absorção
dos monossacarídeos pelo intestino delgado (COSTANZO;
CANANI, 2018). Entretanto, algumas pessoas enfrentam
dificuldades na produção de lactase, resultando no acúmulo de
lactose no lúmen intestinal (BARBOSA et al., 2020). Nesse cenário,
a elevada concentração de lactose desencadeia a fermentação
bacteriana, produzindo ácido lático e gases, além de um efeito
osmótico intenso que provoca sintomas como dor abdominal,
gases e diarreia (COSTANZO; CANANI, 2018; BARBOSA et al,
2020). A dificuldade em digerir e absorver o açúcar do leite resulta
nos sintomas gastrointestinais que caracterizam a Intolerância à
Lactose (IL). Fatores como quantidade consumida, funcionamento
gastrointestinal e microbiota intestinal podem influenciar essa
condição (DENG et al., 2015). A IL parece estar relacionada ao
consumo contínuo de leite após o desmame, coincidindo com a
domesticação do gado leiteiro. Logo, a prevalência da doença varia
entre populações e regiões dentro de um país (DENG et al.,2015;
BATISTA et al., 2018). Considerando a relevância do tema IL na
saúde pública, impactando escolhas alimentares e bem-estar, este
estudo buscou explorar a temática no ambiente escolar.
OBJETIVOS
Investigar o conhecimento sobre Intolerância à Lactose em uma
amostra representativa de alunos da Escola Estadual Ana Lins,
Alagoas, Brasil. Como objetivos específicos, buscou-se questionar
sobre o conhecimento, histórico familiar, padrões de consumo de
produtos lácteos e reações após a ingestão e opinião dos alunos
sobre o cardápio escolar.
.
METODOLOGIA
Foi realizada uma pesquisa transversal com 100 alunos da Escola
Estadual Ana Lins, Alagoas, Brasil, selecionados de forma aleatória.
A coleta de dados foi realizada por meio de um questionário auto
administrado composto por 6 perguntas fechadas e 1 aberta,
abordando a consciência sobre IL conforme mencionado nos
objetivos. Utilizamos o Google Formulários para a tabulação dos
dados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
No geral, 78% dos alunos indicaram estar cientes do que é IL. Este
assunto, geralmente abordado no primeiro ano do ensino médio na
disciplina de Biologia, é lembrado pela maioria dos alunos,
conforme evidenciado pelos resultados desta pesquisa. Ao
questionar sobre a presença de familiares com IL, 60%
responderam que não há histórico, 22% indicaram ter algum
familiar com a condição, e 17% afirmaram não saber. A prevalência
global da intolerância à lactose varia de 65% a 75%, sendo
semelhante no Brasil, com destaque para a região sudeste, onde a
taxa é de 60% (BARBOSA et al., 2020).
Ano: 2023
Com relação à frequência de consumo semanal de produtos lácteos,
49% reportaram consumir algumas vezes por semana e 37%
disseram consumir diariamente, somente 8% afirmaram consumir
raramente. Os resultados indicam que a dieta dos estudantes é rica
nesse tipo de nutriente. Contudo, em adolescentes de escola
pública há uma considerável taxa de má absorção de lactose, como
visto em Porto Alegre, Brasil (PRETTO et al., 2002). Nesse
segmento, considerando que a má absorção de lactose pode
culminar nos sintomas da IL, ao serem questionados sobre a
presença de desconforto ao ingerirem produtos lácteos, 38% dos
alunos responderam sim, dos quais 33% buscaram orientação
médica.
Dado que os alunos passam grande parte do dia na escola, muitas
vezes dependendo exclusivamente do lanche disponível na cantina
escolar, questionou-se os participantes da pesquisa sobre a
viabilidade de a escola disponibilizar um cardápio adaptado para
alunos com IL. A resposta da maioria (60%) foi favorável à ideia de a
escola oferecer um cardápio pensado na necessidade nutricional do
público (Figura 1). O Programa Nacional de Alimentação Escolar
(PNAE) visa promover o desenvolvimento biopsicossocial,
aprendizagem e hábitos alimentares saudáveis dos alunos (BRASIL,
2023). No entanto, a análise do cardápio escolar revela a falta de
opções para estudantes com necessidades específicas, como a IL.
Este trabalho destaca essa lacuna, e incita a discussão sobre a
inclusão de alternativas adequadas no cardápio escolar.
Outro
3%
Figura 1. Resultados de um questionário obtido com estudantes do ensino médio da Escola
Estadual Ana Lins, Alagoas, Brasil, sobre a seguinte pergunta: Você acredita que a escola deveria
oferecer alternativas alimentares para alunos intolerantes à lactose?
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados destacam uma considerável consciência sobre
intolerância à lactose, assim como variações no consumo de
produtos lácteos e na busca por orientação médica. Essas
descobertas contribuem para a compreensão do cenário da
intolerância à lactose entre alunos do ensino médio e joga luz à
discussão sobre o cardápio escolar.
• BARBOSA, N. E. A.; FERREIRA, N. C. J.; VIEIRA, T. L. E.; BRITO, A. P. S.; GARCIA, H. C. R. Intolerância à Lactose:
Revisão Sistemática. Par´Research Medical jornal, v. 33, 2020.
• BATISTA, R. A. B.; ASSUNÇÃO, D. C. B.; PENAFORTE, F. R. O.; JAPUR, C. C. Lactose em alimentos industrializados:
avaliação da disponibilidade da informação de quantidade. Ciência e Saúde coletiva, v. 23, 2018.
• COSTANZO, M. D.; CANANI, R. B. Lactose Intolerance: Common Misunderstandings. Ann Nutr Metab, v. 4, 2018.
• DENG, Y.; MISSELWITZ, B.; DAI, N.; FOX, M. Lactose Intolerance in Adults: Biological Mechanism and Dietary
Management. Nutrients, v. 7, 2015.
• PRETTO, F. M.; SILVEIRA, T. R.; MENEGAZ, V.; OLIVEIRA, J. Má absorção de lactose em crianças e adolescentes:
diagnóstico através
• do teste do hidrogênio expirado com o leite de vaca como substrato. Jornal da Pediatria, v. 78, 2002.
• B R A S I L , F u n d o N a c i o n a l d e D e s e n v o l v i m e n t o d a E d u c a ç ã o . A c e s s o e m 2 6 N o v. D i s p o n í v e l e m :
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