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Nutrição em autismo

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Sumário
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA ............................................................... 5
DIFICULDADES E COMPLICAÇÕES ALIMENTARES NO AUTISMO ....................... 6
Sensibilidade sensorial .............................................................................................. 6
Compulsão alimentar ................................................................................................. 6
Seletividade alimentar e recusa alimentar .................................................................. 7
Alterações gastrointestinais ....................................................................................... 8
Alergia à proteína do leite e intolerância à lactose ..................................................... 9
ENTENDENDO A NUTRIÇÃO NO AUTISMO .......................................................... 10
Malefícios da alimentação inadequada .................................................................... 10
O que meu filho pode comer? .................................................................................. 10
Saúde intestinal através da alimentação .................................................................. 11
PROBIÓTICOS ........................................................................................................ 11

PREBIÓTICOS ........................................................................................................ 11

A suplementação é necessária? .............................................................................. 12


Dieta sem glúten e sem caseína trazem benefícios? ............................................... 12
ESTRATÉGIAS ALIMENTARES .............................................................................. 13
Incentivo a alimentação saudável ............................................................................ 17
Fatores desmotivadores na educação nutricional .................................................... 17
ESTADO NUTRICIONAL DE AUTISTAS ................................................................. 29
INTERVENÇÕES DIETOTERÁPICAS: MICRONUTRIENTES ................................. 32
Referências .............................................................................................................. 35

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Introdução

O autismo é um distúrbio generalizado do desenvolvimento, que se manifesta

normalmente até aos três anos de idade, sendo extremamente variadas as

características sintomatológicas, comportamentais e sociais apresentadas por cada

indivíduo. As perturbações do espectro do autismo incluem o Síndroma de Asperger

e atrasos de desenvolvimento não especificados. De modo a simplificar o

desenvolvimento do tema, o termo “autismo” é aqui utilizado para referir de forma

generalizada todas as perturbações pertencentes ao seu espro. Esta doença deixa

comprometidas as capacidades necessárias a um correto desenvolvimento e uma

adequada interação social, em que as manifestações podem ser, por exemplo,

atraso na linguagem, agressividade, recusas na realização de tarefas de rotina,

comportamentos estereotipados e repetitivos, entre outras. Afeta em maior

proporção indivíduos do sexo masculino e a sua prevalência tem vindo a aumentar,

fato que tem levado ao seu reconhecimento como um problema de Saúde Pública. O

número de casos aumentou 78% desde 2007, atingindo aproximadamente 1 em

cada 88 crianças nos Estados Unidos da América, de acordo com as estatísticas do

Centers for Disease Control and Prevention publicadas em 2012, o que implica,

consequentemente, uma maior prevalência de diversas patologias crónicas

associadas à doença, como por exemplo, asma, diabetes tipo 1, esquizofrenia e

distúrbios do sono. Oliveira et al verificaram uma prevalência do autismo de quase

10 em cada 10.000 crianças nascidas entre 1990 e 1992, em Portugal continental e

Açores.

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Existe uma importante associação entre as características genéticas e a

etiologia do autismo. Várias mutações genéticas relacionadas com a função

sináptica, o crescimento e a migração dos neurónios e o funcionamento de

neurotransmissores, entre outras, têm sido descobertas. Tais alterações, pela

interação com outros fatores de risco, tornam os indivíduos predispostos à doença,

sendo as mutações “de novo” as mais estudadas.(6) Estas mutações podem ocorrer

quer por exposição excessiva a fatores mutagénicos, como por exemplo metais

pesados, quer por défices nos fatores endógenos protetores, como é o caso da

vitamina D.

Embora a sua etiologia, considerada multifatorial, seja ainda bastante difícil de

esclarecer, tem sido crescente o interesse de diversas áreas médicas e muitos têm

sido os fatores estudados como possíveis promotores da doença. Destes, alguns

relacionam-se com aspetos de âmbito nutricional, o que poderá justificar uma

intervenção nesta área.

Entre as principais comorbilidades identificadas em autistas estão diversas

patologias gastrointestinais, nomeadamente obstipação, diarreia, hiperplasia nodular

linfóide íleo-cólica, enterocolite, gastrite, esofagite, disbiose e permeabilidade

intestinal aumentada. Para além disso, têm sido descritas alterações no perfil

enzimático de doentes autistas, com diminuição da expressão de enzimas e

transportadores, condições promotoras de má digestão e absorção. Os nutrientes

não digeridos podem servir de substrato para as bactérias, favorecendo assim o

crescimento de uma flora anormal. A instabilidade da flora intestinal, por sua vez,

pode conduzir a uma colonização por bactérias patogénicas e produtoras de

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neurotoxinas, o que pode ser promotor de problemas como a obstipação e diarreia.

A microbiota normal do intestino é importante, não só para competir com

microrganismos patogénicos, como também para promover a motilidade

gastrointestinal, manter o balanço hídrico e sintetizar algumas vitaminas.

Parecem ser também características do autismo alterações da resposta

imunitária a certas proteínas alimentares, o que pode levar à inflamação

gastrointestinal. Consequentemente, o possível desconforto intestinal resultante do

processo inflamatório pode agravar os problemas comportamentais. É de

acrescentar que a existência de uma anormal permeabilidade intestinal pode

traduzir-se numa maior absorção de péptidos que, por sua vez, são capazes de

atravessar a barreira hematoencefálica, exercendo efeitos a nível central como

opióides.

Nesta revisão bibliográfica são abordados vários fatores nutricionais, não só

aqueles descritos como fatores de risco, mas também os que têm sido sugeridos

como promotores da melhoria do estado de saúde do autista.

TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA

O Transtorno do Espectro Autista, ou Autismo, é um transtorno de

desenvolvimento neurológico influenciado por múltiplos fatores que desempenham

um papel na sua condição clínica, de modo a apresentar comprometimento da

comunicação, interação social e padrões restritos e repetitivos, presentes antes dos

três anos de idade.

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As atitudes repetitivas podem estender-se aos hábitos alimentares do

indivíduo autista, que exibe desintegração sensorial e pode limitar seu consumo a

poucos tipos de alimentos, limitar a consistência alimentar ou, ainda, associar seu

consumo a determinados hábitos e compulsão alimentar.

DIFICULDADES E COMPLICAÇÕES ALIMENTARES NO AUTISMO

Sensibilidade sensorial

A dificuldade de processamento sensorial inclui sensibilidade excessiva ou

insuficiente a estímulos sensoriais no ambiente ( olfato, paladar, visão, audição e

tato). Os indivíduos autistas costumam apresentar desintegração sensorial, que

pode se manifestar na alimentação. A alimentação e as refeições são especialmente

desafiadoras para esses sujeitos e seus cuidadores.

Compulsão alimentar

Indivíduos com autismo frequentemente exibem pensamentos e

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comportamentos intensamente repetitivos e restritos, que podem se refletir nos

hábitos alimentares. Estes comportamentos têm semelhanças com compulsões, que

são impulsionadas pelo desejo repetitivo de realizar o comportamento e a tendência

de repetir ações de maneira estereotipada ou habitual. Efeitos recompensadores,

seguidos de redução da ansiedade, levam à dependência comportamental. Muitas

vezes esses indivíduos podem até se comportar de maneira agressiva se forem

interrompidos durante a realização das refeições.

Seletividade alimentar e recusa alimentar

A seletividade alimentar em indivíduos com autismo pode estar relacionada à

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disfunção do processamento sensorial, especificamente à sensibilidade sensorial

oral. Constantemente, relatos de pais de crianças com autismo atribuem seletividade

alimentar a aversões a cor, sabor, cheiro e/ ou textura. A sensibilidade sensorial

pode levar os indivíduos com autismo a restringirem seu consumo de alimentos

com texturas preferenciais, toleráveis e controláveis Ademais, a hipersensibilidade

sensorial oral atípica ( não comum) é associada a taxas mais altas de recusa

alimentar, repertório alimentar mais restrito e baixo consumo de frutas e vegetais. A

falta de variedade alimentar pode colocar os indivíduos em risco nutricional.

Alterações gastrointestinais

Indivíduos que apresentam autismo são propensos a alterações

gastrointestinais.

Esses indivíduos apresentam alterações na composição e função das

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bactérias presentes no intestino. Tais alterações estão relacionadas a sintomas

gastrointestinais como dor abdominal, constipação, diarreia e também a disfunções

cognitivo comportamentais (eixo cérebro-intestino). Ou seja, todos esses fatores

podem contribuir para problemas comportamentais em crianças com autismo.

Alergia à proteína do leite e intolerância à lactose

A intolerância e alergia ao leite podem estar presentes no indivíduo com

autismo. O quadro abaixo mostra a diferença entre alergia e intoleância.

INTOLERÂNCIA À LACTOSE ALERGIA À PROTEÍNA DO LEITE

O corpo produz pouca ou nenhuma enzima Uma reação do sistema

lactase, que digere o açúcar do leite, chamado imunológico às proteínas do leite.

lactose.

Sintomas Sintomas

gastrointestinais gastrointestinais como asma, dermatites

( diarréia, flatulências, constipação, dor atópicas, entre outros.

abdominal etc.).

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ENTENDENDO A NUTRIÇÃO NO AUTISMO

Malefícios da alimentação inadequada

Os alimentos ultraprocessados passam por muitas etapas de processamento

e apresentam ingredientes como sal, açúcar, óleos, gorduras e aditivos alimentares.

Esses aditivos têm a função de aumentar a duração dos alimentos, colorir, dar

sabor, aroma e textura que os tornem muito atraentes. Existem vários motivos para

evitar o consumo dos ultraprocessados em indivíduos com autismo. Estudos

mostraram que os aditivos alimentares nesse tipo de alimento, especialmente

conservantes, corantes, xarope de milho rico em frutose e adoçantes artificiais, estão

l igados ao comprometimento do autismo. Essas substâncias podem também causar

desequilíbrios minerais ( baixos níveis de zinco e fósforo, altos níveis de cobre).

O que meu filho pode comer?

Os alimentos in natura, ou minimamente processados, devem ser base da

alimentação diária de um autista, pois os mesmos contêm nutrientes e

micronutrientes necessários, como grãos, raízes, legumes, verduras, frutas,

castanhas, ovos e carnes, feijão, arroz, milho, batata, mandioca etc.

Óleos, gorduras, sal e açúcar devem ser utilizados em pouca quantidade para

temperar e cozinhar alimentos.

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Preferir sempre azeite de oliva em vez de óleos em geral.

Evitar o consumo de alimentos processados (conservas de legumes, compota

de frutas, pães e queijos, entre outros).

O consumo de alimentos ultraprocessados não deve estar presente na

alimentação diária de um autista. Evitar ao máximo alimentos como biscoitos

recheados, salgadinhos de pacote, refrigerantes, achocolatados e macarrão

instantâneo.

Saúde intestinal através da alimentação

PROBIÓTICOS

São organismos vivos com funções benéficas em nosso corpo. Eles ajudam a

manter a integridade do revestimento intestinal, equilibrar o pH do corpo, regular

imunidade e controlar inflamação. Além disso, facilitam na absorção de alimentos e

melhoram a biodisponibilidade de algumas vitaminas. Exemplos: kefir, kombucha,

suplemento alimentar, entre ouros.

PREBIÓTICOS

Prebióticos são ingredientes não digeríveis que beneficiam nosso organismo

estimulando o desenvolvimento e atividade de bactérias benéficas. Exemplos:

Cereais integrais, frutas, verduras, legumes e suplemento alimentar.

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A suplementação é necessária?

O efeito de nutrientes isolados e individuais foi se mostrando insuficiente para

explicar a relação entre alimentação e saúde. O resultado benéfico deriva do

alimento em si e das combinações de nutrientes e outros compostos químicos que

fazem parte da matriz do alimento, mais do que de nutrientes isolados. Entretanto,

devido a alguns comportamentos alimentares específicos dos autistas, pode haver o

desenvolvimento de deficiências nutricionais, como deficiências de vitaminas,

minerais e ácidos graxos e, consequentemente, acarretar a piora dos sintomas no

indivíduo. Os autistas podem apresentar deficiências quanto à ingestão de cálcio,

vitamina A, vitamina E, ferro, vitamina C, riboflavina, zinco, vitamina B 6 e f ibras

alimentares. Nesse contexto, as prescrições nutricionais devem ser realizadas pelo

nutricionista ou médico, conforme a necessidade individual do paciente.

Dieta sem glúten e sem caseína trazem benefícios?

Estudos mostram que uma dieta sem caseína (proteína do leite) e sem glúten

para o tratamento de indivíduos com autismo apresenta bons resultados. A teoria

sobre essa dieta no autismo é a de que o glúten e a caseína desencadeiam uma

resposta imune resultando em inflamação. Essa dieta pode desempenhar um papel

na supressão de respostas alérgicas, auxiliando assim no desenvolvimento do

cérebro e restaurando as funções cerebrais. Outros estudos também têm mostrado

melhoras nos sintomas autísticos através da adesão à dieta.

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ATENÇÃO: alterações na alimentação sem o acompanhamento nutricional

podem colocar a saúde em risco e trazer maiores complicações. Esse tipo de dieta

deve ser recomendado pelo/ a nutricionista.

ESTRATÉGIAS ALIMENTARES

Atividades sensoriais

A identificação precoce e a intervenção com indivíduos com autismo, que

apresentam sensibilidade sensorial oral atípica e seletividade alimentar, pode

beneficiá-los através do trabalho de uma equipe multidisciplinar que inclua

fonoaudiólogo, médico, psicólogo, profissional de educação física, pedagogo,

terapeuta ocupacional e nutricionista, a fim de melhorar as experiências sensoriais

relacionadas à alimentação e aumentar adequação e variedade alimentar. As

estratégias podem incluir a mudança da textura e consistência dos alimentos para

características sensoriais mais gerenciáveis e o uso de uma abordagem de

integração sensorial para diminuir a sensibilidade sensorial. Mais importante, os

planos de tratamento devem ser individualizados de acordo com as características

únicas de cada indivíduo.

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Atividades sensoriais

Algumas atividades sensoriais que podem ser realizadas pelos pais:

Ouvir música sobre alimentos;

Exemplo:

TREM DAS FRUTAS

Lá vem o trem. é o trem das frutas!


O que é que ele tem? MAMÃO!
O que é que ele tem? BANANA!
O que é que ele tem? LARANJA
O que é que ele tem? MAÇA

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Atividades sensoriais

Ofertar alimentos com texturas diferentes ( íntegro, ralado, picado, papa etc.);

Exemplo:

1 ª Cenoura inteira 2 ª Cenoura sem folhas

3 ª Cenoura picada 4 ª Cenoura em rodelas

5 ª Cenoura ralada 6 ª Cenoura em papa

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Atividades sensoriais

Falar sobre as características dos alimentos no horário das refeições;

Exemplo:

1ª "Olha a maça, filho (a)"

2ª "A cor da maça é vermelha"

3ª "Cheira a maça! que cheiro bom"

4ª "Vamos comer?"

5ª "A maça é deliciosa"

Atividades sensoriais

Criar uma pasta com imagens de alimentos e estimular a visualização todos

os dias (Trabalhar com imagens verdadeiras dos alimentos, como no exemplo);

Exemplo:

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Incentivo a alimentação saudável

Mesmo diante da sensibilidade sensorial e dificuldade alimentar, os fatores

ambientais também podem ser determinantes, reforçando a seletividade alimentar

ou favorecendo uma dieta mais variada. Intervenções como escolhas de hábitos

saudáveis com os pais e cuidadores pode ser uma boa estratégia de melhora dos

hábitos alimentares, uma vez que esses agentes podem desempenhar um papel

decisivo tanto no reforço das escolhas alimentares da criança quanto no incentivo a

uma dieta adequada.

Fatores desmotivadores na educação nutricional

O costume de assistir à televisão estimula o consumo alimentar mesmo em

indivíduos sem fome. Assistir à TV é uma atividade distrativa que faz com que os

indivíduos ignorem sensações como saciedade. Desse modo, quanto maior a

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concentração do indivíduo nessa atividade, maior a aptidão ao consumo de

alimentos. Complementando esse cenário, a publicidade de alimentos direciona as

escolhas em torno de produtos ultraprocessados de alta caloria e baixo teor

nutricional. Portanto, recomenda-se que os indivíduos façam suas refeições em

lugares calmos e tranquilos ( longe de televisores) e que sejam críticos quanto ao

conteúdo dos comerciais.

Intervenções nutricionais no autismo

Suplementação vitamínica e mineral

O estado nutricional do autista depende não só da ingestão alimentar, mas

também de processos fisiológicos e metabólicos, como a digestão e a absorção. Se

por um lado, as possíveis perturbações metabólicas do autismo podem conduzir a

necessidades acrescidas de vitaminas e minerais, por outro lado, situações de

recusa e seletividade alimentar são frequentes em autistas, o que pode conduzir a

um inadequado aporte de micronutrientes. Assim, tem sido crescente a investigação

sobre diversos parâmetros nutricionais em doentes com autismo e sobre a eficácia

de tratamentos que incluam suplementação vitamínica e mineral.

Recentemente, Adams et al investigaram detalhadamente a possível relação

entre distúrbios metabólicos e nutricionais e a severidade do autismo. Foram

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medidas e comparadas as concentrações plasmáticas de vitaminas, minerais,

aminoácidos e outros marcadores metabólicos de sulfatação, metilação e stress

oxidativo entre um grupo de crianças autistas e um de crianças com normal

desenvolvimento neurológico. Em média, as crianças com autismo apresentaram

valores para a maioria das vitaminas, minerais e aminoácidos dentro dos parâmetros

de referência, o que, segundo os autores, dificulta na prática clínica decidir se a

suplementação é ou não necessária. Já os restantes biomarcadores sugerem um

maior stress oxidativo e uma reduzida capacidade de transporte de energia,

sulfatação e desintoxicação nas crianças autistas. Estes dados parecem relevantes,

uma vez que a sulfatação é importante em muitos processos, incluindo reações de

desintoxicação e inativação da síntese de catecolaminas no cérebro. No entanto,

dado que alguns dos valores obtidos (vitaminas B6, C e K, N-metil-nicotinamida,

cálcio, ferro, zinco e potássio), parecem estar significativamente associados à

severidade do autismo, os autores admitem que um suporte nutricional que promova

o aumento da ingestão de micronutrientes possa reduzir os seus sintomas e as suas

co-morbilidades. Num outro estudo elaborado com o objetivo de avaliar a eficácia da

suplementação vitamínica e mineral, conclui-se que esta é benéfica na melhoria do

estado nutricional e metabólico do autista, reduzindo também os sintomas da

doença. Embora este benefício não seja evidente em todas as crianças e adultos

suplementados durante os três meses de estudo, os autores sugerem que uma

suplementação mais prolongada possa demonstrar maior eficácia. Ao comparar os

efeitos de tratamentos farmacológicos com os de suplementação em micronutrientes

em crianças e jovens com autismo, Mehl et al verificaram que ambos os grupos em

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estudo obtiveram melhorias comportamentais e sintomatológicas, no entanto, o

tratamento com o suplemento multivitamínico mostrou-se mais vantajoso.

Ácido fólico

O ácido fólico é necessário na formação de metionina através da remetilação

da homocisteína, aminoácido que tem sido observado em concentrações urinárias

mais elevadas em autistas. Também uma deficiente concentração de folato no fluido

cefalorraquidiano tem sido relacionada com atrasos no desenvolvimento. Main et al,

examinaram a associação entre a etiologia do autismo e as alterações do

metabolismo do folato e da metionina, uma vez que este é crucial para a síntese e

metilação do DNA e para o equilíbrio redox. Além disso, a metilação tem um

importante papel na eliminação de metais pesados e função imunitária. Os autores

sugerem que concentrações plasmáticas alteradas de metabolitos do ciclo da

metionina podem dever-se a um transporte ou metabolismo anormal do folato e que

a suplementação parece ser mais efetiva em crianças com autismo severo, com

idade inferior a 3 anos e com baixos níveis de folato cerebral, resultando em

melhorias comportamentais, motoras e neurológicas. Os resultados obtidos

permitem sugerir um papel deste metabolismo no autismo e um efeito benéfico da

suplementação, com o objetivo de normalizar as concentrações dos seus

metabolitos, nomeadamente a homocisteína, pela estabilização dos processos de

metilação. No entanto, mais estudos em larga escala são necessários para perceber

a relação entre os distúrbios no metabolismo do folato com a etiologia do autismo e

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a necessidade de suplementação.

Também ao folato é atribuído um papel essencial para um

neurodesenvolvimento adequado, especialmente durante o período pré-natal. Num

estudo recente, com o objetivo de investigar a associação entre a suplementação

com ácido fólico (antes e durante a gravidez e no primeiro mês após o parto, em

aleitamento), as variações genotípicas no metabolismo do folato e o risco de

autismo, constatou- se que a ingestão de ácido fólico no primeiro mês de gravidez foi

menor nas mães de crianças autistas, sendo tanto menor o risco da doença quanto

maior as doses diárias ingeridas. Esta associação revelou-se muito mais forte para

mães com alterações no genótipo da redútase do metilenotetrahidrofolato (MTHFR).

Este estudo vai de encontro aos resultados anteriormente obtidos por Schmidt et al

relativamente à suplementação vitamínica pré-gestacional e gestacional,

apresentando conclusões muito semelhantes. Por outro lado, Beard et al colocaram

a hipótese de que uma excessiva suplementação com folato durante a gravidez

pode causar danos no tecido nervoso associados ao autismo, pelo que é de todo o

interesse a realização de estudos com o objetivo de testar tal hipótese.

Vitamina D

Uma das vitaminas que mais tem despertado o interesse dos investigadores,

no que diz respeito às perturbações nutricionais do autismo é a vitamina D. Na sua

forma bioativa, intervém entre muitas outras funções fisiológicas, na modulação da

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imunidade inata e autoimunidade, e auxilia na ativação de numerosos genes,

incluindo alguns que têm sido relacionados com o autismo, regulando a sua

expressão. Neste âmbito, estão incluídas mutações genéticas relacionadas com a

função nervosa, onde a vitamina D tem demonstrado um papel importante.

Baixos níveis de vitamina D podem aumentar a suscetibilidade a infeções e a

doenças autoimunes. Uma vez que existe uma forte associação entre o autismo e

disfunções no sistema imunitário, esta vitamina é apontada como um fator de risco

no desenvolvimento da doença. Por outro lado, não pode deixar de ser sugerida a

hipótese de que, uma vez que parece existir défice de vitamina D nas doenças

inflamatórias do intestino, o fato de muitas crianças autistas apresentarem distúrbios

a nível intestinal, pode também influenciar os níveis plasmáticos desta vitamina.

Molloy et al mediram a concentração plasmática de calcidiol (25(OH)D) em

crianças com autismo e verificaram que a maioria apresentava níveis baixos. No

entanto, estes valores não se mostraram significativamente diferentes dos obtidos no

grupo controlo (com desenvolvimento neurológico normal). Meguid et al, também

avaliaram em crianças os níveis plasmáticos de calcidiol e ainda da sua forma ativa

calcitriol [1,25(OH)2D3], tendo obtido resultados diferentes: os autistas apresentaram

em ambas as formas níveis significativamente inferiores aos obtidos no grupo

controlo (crianças saudáveis, com o mesmo nível socioeconómico e mesma faixa

etária). Apesar de a amostra ser relativamente pequena, os autores sugerem que os

valores inadequados de vitamina D nas crianças com autismo podem indicar que a

suplementação é de extrema importância para o seu tratamento. Um estudo recente

mostrou existir um aumento do risco de desenvolver autismo nas crianças

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concebidas nos meses de inverno, em que a exposição solar é menor. No entanto,

não só a produção de vitamina D pode variar ao longo das estações do ano, como a

exposição a outros fatores de risco relacionados com a etiologia do autismo são

diferentes ao longo do ano, pelo que a evidência não permite estabelecer uma

hipótese razoável.

A vitamina D também tem mostrado ser um fator merecedor de atenção

durante a gestação. O fato de existirem níveis elevados de recetores para a vitamina

D no cérebro fetal, os quais vão aumentando ao longo da gestação, serve como

indicador da sua importante função para o normal desenvolvimento cerebral. Assim

sendo, pode colocar-se a hipótese de que a deficiência em vitamina D durante o

neurodesenvolvimento conduz, não só a um anormal desenrolar deste processo,

mas também a um aumento da suscetibilidade a outros fatores de risco, como por

exemplo infeções maternas, stress e químicos neurotóxicos, pela maior debilidade

da função imunitária. Podemos constatar que os vírus influenza, por exemplo, são

mais ativos nos meses de inverno, pelo que níveis adequados de vitamina D neste

período se tornam ainda mais importantes na proteção contra as infeções maternas

causadas por estes vírus que, assim, poderão ter efeitos adversos no

desenvolvimento cerebral, aumentando o risco de autismo. Deste modo, Grant et al,

pela análise de dados relativos à estação do ano e à latitude em que ocorreu o

nascimento de crianças autistas, concluíram que níveis baixos de vitamina D

maternos são um fator de risco para o desenvolvimento de autismo, sendo este

maior se a gravidez decorre no inverno e em regiões de latitudes maiores.

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Ácidos gordos ómega-3

Sendo o cérebro um dos tecidos mais ricos em lípidos, é necessária a

incorporação de ácidos gordos e colesterol provenientes da corrente sanguínea, de

modo a proporcionar um desenvolvimento adequado do tecido cerebral. Meguid et al

analisaram os níveis séricos de ácidos gordos polinsaturados (AGPI) em crianças

com autismo, tendo estas apresentado valores significativamente inferiores aos do

grupo controlo. Após serem submetidas a um período de suplementação de três

meses, grande parte das crianças manifestou melhorias significativas no seu

comportamento, nomeadamente na concentração, no contato visual, na linguagem e

na capacidade motora. Outro estudo revelou que as crianças autistas apresentavam

níveis plasmáticos significativamente inferiores para a maioria dos AGPI e superiores

para alguns ácidos gordos saturados, como por exemplo os ácidos valérico e

hexanóico, sendo estes últimos apontados como possíveis indutores de disfunção da

barreira hematoencefálica. Os autores alertam que alguns transtornos metabólicos

frequentes em autistas, como por exemplo o stress oxidativo e a inflamação

gastrointestinal, podem justificar a alteração do perfil lipídico. Também Yui et al,

sugerem que a suplementação de ácido araquidónico e docosahexanóico em doses

elevadas, melhora a interação social em indivíduos autistas, através da regulação da

transdução de sinal. Contrariamente, outros trabalhos demonstraram não existir nem

alterações lipídicas que permitam associar um metabolismo lipídico anormal à

patogénese do autismo, nem melhorias significativas a nível comportamental,

resultantes da suplementação. Apesar dos vários estudos realizados que indicam

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existência de benefício da suplementação com ácidos gordos ómega-3 na melhoria

de certos sintomas em autistas, em todos eles o tamanho amostral é relativamente

pequeno, as características da amostra são bastante diferentes e a constituição do

suplemento utilizado não é comum. Desta forma, não é possível obter evidência

suficiente para considerar a sua suplementação no tratamento do autismo.

Dieta sem caseína e sem glúten

Tem sido crescente a convicção de que o glúten (proteína presente em

cereais, especialmente no trigo) e a caseína (proteína constituinte do leite e

derivados) são dificilmente digeridas por indivíduos com autismo, formando

moléculas designadas exorfinas. Estas moléculas são capazes de atravessar a

barreira hematoencefálica, pelo que podem causar efeitos ao nível do sistema

nervoso central. Tem também sido reportado um aumento de anticorpos IgA contra a

caseína e a gliadina (proteína constituinte do glúten), com libertação de citocinas

inflamatórias que promovem a inflamação da mucosa intestinal. Esta condição, por

sua vez, conduz a menor atividade das enzimas líticas, tornando o processo de

degradação proteica deficiente e aumentando a absorção de proteínas e péptidos, o

que justifica a frequente deteção destes em concentrações elevadas na urina de

doentes autistas. Posto isto, surgiu a hipótese de que a exclusão de glúten e caseína

da dieta fosse benéfica em indivíduos autistas.

Knivsberg et al avaliaram, ao longo de quatro anos, os efeitos de uma dieta

sem caseína e sem glúten em autistas com níveis de proteínas na urina elevados,

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verificando-se que após um ano os parâmetros urinários normalizaram e as

capacidades cognitivas, sociais e de comunicação melhoraram. Resultados

semelhantes foram obtidos posteriormente num outro estudo randomizado. Desde

então, verificou-se um crescente interesse na possível alteração do metabolismo

destas proteínas com um suposto efeito opióide, bem como na isenção de glúten e

caseína como tratamento complementar de autistas. Atuando como opióides, a

caseína e o glúten podem causar falta de atenção, irritabilidade, obstipação, entre

outros. A elevada resposta imunitária encontrada em autistas contra algumas

proteínas cerebrais e proteínas da dieta, como por exemplo a gliadina, parece

justificar a intervenção dietética, que tem sido avaliada pelos pais de autistas como

uma das mais efetivas, segundo o Autism Research Institute. O paralelismo entre

algumas manifestações clínicas do autismo e da doença celíaca não passa

despercebido, uma vez que nesta última, em alguns casos, também são

identificadas certas disfunções no sistema nervoso central.

Embora os estudos centrados na eficácia da dieta isenta de glúten e caseína

no autismo não sejam muitos, vários têm sido os que concluem que a sua adoção

pode ser bastante benéfica, melhorando quer os sintomas gastrointestinais, quer as

capacidades e os comportamentos manifestados. Também tem sido constatado que

doentes com autismo que adotam uma alimentação sem caseína e sem glúten

apresentam uma permeabilidade intestinal significativamente menor, fator

contribuidor para a melhoria clínica. Contudo, é de considerar que, em algumas

idades, o fato de se restringir a ingestão proteica poderá conduzir a situações de

carência, nomeadamente de aminoácidos essenciais.

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A evidência acerca dos benefícios de uma dieta isenta de glúten e caseína

não é forte, pelo que o tema tem sido muito questionado e controverso. Isto, porque

se alguns estudos demonstram que os doentes beneficiam com a dieta, outros não

mostram quaisquer melhorias, e outros ainda apresentam resultados mistos.

Reichelt et al consideraram, no entanto, que resultados com efeitos negativos foram

apenas obtidos em estudos de curta duração, com indivíduos de faixas etárias

distintas e sem grupo controlo.

Um estudo publicado muito recentemente, em que foram analisados 387

questionários aplicados a pais e/ou cuidadores de crianças autistas, concluiu que as

crianças que manifestavam sintomas gastrointestinais e alergias alimentares

obtiveram grandes melhorias através da implementação de uma dieta isenta de

glúten e caseína, não só nos sintomas, bem como nos comportamentos sociais. O

que parece ainda suscitar bastantes dúvidas é qual o critério a aplicar para definir

que subgrupos de autistas responderão melhor à implementação da dieta, de acordo

com os sintomas gastrointestinais e imunológicos apresentados. Adicionalmente,

deve ser considerado que a exclusão de alimentos fornecedores de caseína e glúten

da alimentação pode ser de difícil aceitação e aplicação por parte dos pais e das

próprias crianças, pelo que apenas deve ser sugerido como tratamento em casos de

justificada necessidade. Uma importante característica apresentada por alguns

autistas, que não pode ser esquecida, pois pode comprometer o correto

cumprimento da dieta, é a restrição alimentar. Muitas crianças com autismo são

extremamente seletivas em relação ao que comem e, em alguns casos, os alimentos

derivados do leite e do trigo são dos mais apreciados, o que poderá representar uma

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dificuldade acrescida nesta intervenção e se poderá traduzir em carências devido à

ingestão alimentar reduzida. Neste sentido, as modificações alimentares, quando

implementadas, deverão ser sempre orientadas e acompanhadas por profissionais

experientes, por forma a evitar potenciais deficiências nutricionais resultantes de

uma restrição a longo prazo.

O fato de a etiologia do autismo ser multifatorial torna a doença difícil de

compreender e tratar. Não só a possível intervenção nutricional no tratamento do

autismo deve merecer especial atenção, mas também a monitorização do estado

nutricional e metabólico durante a gravidez é de extrema importância na prevenção

do desenvolvimento da doença, através da diminuição de alguns fatores de risco.

Dadas as fragilidades na resposta imunitária verificadas em autistas, a sua

suscetibilidade a fatores externos agressores está aumentada, pelo que se torna

importante a deteção de possíveis deficiências vitamínicas, especialmente aquelas

com manifestações a nível do sistema imune.

Relativamente aos ácidos gordos ómega-3, para além do seu papel no

neurodesenvolvimento, não podemos deixar de considerar também o seu papel anti-

inflamatório, o que pode justificar a melhoria dos sintomas observada em alguns

estudos envolvendo autistas submetidos a suplementação.

Dada a crescente evidência e o uso cada vez mais global da dieta isenta de

glúten e caseína, é importante analisar os distúrbios e possíveis alergias alimentares

em cada caso, de modo a que esta intervenção seja aplicada em casos de real

necessidade.

De acordo com o que foi descrito, é inegável a premência de mais trabalhos

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de investigação que permitam obter clara evidência acerca da vantagem da nutrição

ou de nutrientes específicos na terapêutica do autismo. Dessa forma, a adequada

abordagem nutricional, inserida num programa multidisciplinar de tratamento da

doença constituiria uma mais-valia para os doentes, contribuindo para a melhoria da

sua situação clínica e da sua capacidade funcional.

ESTADO NUTRICIONAL DE AUTISTAS

O estado nutricional do autista não depende somente da qualidade da

ingestão alimentar, mas também da eficácia dos processos fisiológicos e

metabólicos do corpo. Pode acontecer frequentemente o aporte inadequado de

micronutrientes, já que há uma associação de possíveis desequilíbrios metabólicos

com recusa alimentar e necessidade maior de vitaminas e minerais (OLIVEIRA,

2012).

Uma das características importantes do autismo é a seletividade ou recusa

alimentar, o que pode agravar casos de sobrepeso e obesidade ou até mesmo

desnutrição energético/protéica.

Ao realizar uma pesquisa no ano de 2004 com 30 alunos, foram detectados

quinze alunos autistas, quatro com autismo infantil, dois com síndrome de Rett, três

com síndrome de Asperger, dois com síndrome de West, um hiperativo, do autismo

atípico, um com Transtorno Desintegrativo Infantil. Dos alunos investigados, vinte e

dois tiveram ganho de peso e utilizavam diariamente medicação que contribui para o

aumento de peso. Nove alunos fazem uso da risperidona e tiveram média de ganho

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de 7,4kg; dois que usam depakene tiveram ganho de 2kg, e um que faz uso de

haloperidol ganhou 7,2kg. No mesmo estudo, onze alunos que não fazem uso de

drogas farmacológicas ou que as substâncias não promovem ganho de peso, não

obtiveram nenhum ganho durante o estudo, comprovando assim, que o uso da

medicação está totalmente associada ao ganho de peso do grupo autista

(DOMINGUES, 2007).

Aos olhos da nutrição já observa-se a grande importância da intervenção

nutricional durante o tratamento do autismo e também durante a gestação.

Como afirma Oliveira (2012) a monitorização do estado nutricional durante a

gravidez para o não desenvolvimento da doença, é tão importante quanto a

intervenção nutricional durante o tratamento do autismo. A partir da sensibilidade

extrema do sistema imunológico já constado em autista, além da facilidade a fatores

externos está aumentada, é necessário a detecção de possíveis déficits vitamínicos,

principalmente daqueles associados ao sistema imune.

No mesmo estudo citado anteriormente, Domingues (2007) relata que, a mãe

de um dos alunos, seguiu as orientações da nutricionista, mudou os hábitos

alimentares, prática regular de atividade física, conseguindo então, reduzir 6,1kg

mesmo o aluno portador de autismo estar fazendo uso da medicação risperidona.

O hábito alimentar do autista ainda não é totalmente esclarecido. Alguns

estudos podem demonstrar preferências alimentares distintas, porém, os

comportamentos durante as refeições são semelhantes, além de interferir no estado

nutricional.

Silva (2011) realizou um estudo com autistas, todos diagnosticados segundo

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o Manual de Diagnóstico e Estatística de Doenças Mentais da Academia Americana

de Psiquiatria, e verificou que 96,42% manifestaram comportamento inadequado

durante as refeições, 50% comiam muito rapidamente, consumo de grandes porções

de alimentos resultou em 46,43% e 39,29% tiveram crises de choro e risos durante

as refeições, que é uma característica muito comum do autismo. 39,29% rejeitaram

texturas especificas de alimentos, 35,71% consumiram pequenas porções, 21,43%

se distraíram e brincaram muito facilmente e 21,43% rejeitaram cores especificas.

O mesmo autor relata ainda, que na pesquisa relacionada a consumo e

frequência alimentar, cerca de 78,57% consumiam sucos artificiais, 67,68% açúcar e

35,71% achocolatado, foram os alimentos mais consumidos durante a semana

(SILVA, 2011).

O consumo dos sucos artificiais foi maior que o açúcar, o que pode levar a

uma surpresa. Porém, considerando que a composição dos sucos em sua maioria é

o açúcar simples, há de se concluir que existe um grande consumo de açúcar

simples o que pode desencadear desequilíbrios fisiológicos, na flora intestinal, além

de disfunções corporais como aumento de peso, sobrepeso e obesidade.

Sendo assim, implantar um novo padrão alimentar para o autista deve

envolver atenção de todos que o cercam, contribuindo para resultado das melhoras

após a proposta de mudança alimentar. Diante de todas as dificuldades e dúvidas,

para montar um cronograma de mudança, deve ser levado em conta todos os

aspectos: emocionais, culturais financeiros e preferenciais (CARVALHO, 2012).

Já que, com relação a alimentação, existem pontos a serem destacados:

seletividade alimentar que acaba diminuindo a variedade de alimentos, recusa

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alimentar e não aceitação do alimento que podem causar carências nutricionais

graves (CARVALHO, 2012).

INTERVENÇÕES DIETOTERÁPICAS: MICRONUTRIENTES

A síndrome do Espectro Autista em sua essência já provoca inúmeras

alterações fisiológicas, intestinais e imunológicas. Esse desequilíbrio, pode levar a

deficiências de micronutrientes que são essenciais para o tratamento e

desenvolvimento dos portadores. Dentre eles, podem destacar-se: ômega 03, zinco

e vitamina D.

Os ômegas 3 e 6 agem no organismo desempenhando papeis

importantíssimos em alergias e processos inflamatórios, além de reduzir danos

vasculares, reduzir colesterol total, evitar formação de coágulos e aterosclerose.

Em estudo realizado com crianças autistas, foi analisado os níveis séricos de

ácidos polinsaturados/ômega 3 e 6, e o resultado foi significativamente menor,

comparado ao grupo controle. Após o resultado, estas crianças foram submetidas a

um período de três meses de suplementação, e a maioria dos investigados

manifestou uma melhoria no comportamento, concentração, contato visual,

capacidade motora e na linguagem (MEGUID et al., apud OLIVEIRA, 2012). Sendo

assim, os ácidos graxos ômega 3 além de desempenhar função no

neurodesenvolvimento, possui ação anti-inflamatória o que justifica a melhoria dos

sintomas em autistas que fazem uso de suplementação.

Ainda não há conclusão única da causa do autismo, sendo discutido como de

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causa multifatorial, porém, já conclui-se que afeta o sistema de neurotransmissores

tanto inibitórios e excitatórios, e que os receptores ácido gama butírico ou GABA e o

glutamato, são responsáveis por regular inúmeras funções, dentre elas:

comportamento, sono, cognição, sensação dolorosa e memória, resultando em

medicamentos para o tratamento do autismo que atuem no metabolismo destes

receptores (RIBEIRO; FREITAS E OLIVA-TELES, 2013).

O zinco também é um elemento traço que tem função de modular os

receptores GABA e glutamato que acabam equilibrando a transmissão sináptica

inibitória e excitatória (TSCHINKEL, 2014). Como estes receptores estão

disseminados no sistema nervoso central e desempenham muitas funções neurais, é

necessário modular esta sinalização pelo uso dos medicamentos, além de dieta rica

em fontes de zinco e talvez possível suplementação deste mineral, porém ainda

precisam de mais estudos para comprovar a eficácia do uso de suplementações.

A vitamina D tem função de regular a sinalização neurotrófica através do

equilíbrio do fator de crescimento das células Gliais e do fator de crescimento neural

(NGF), sendo de grande utilidade para a resistência e migração dos neurônios no

desenvolvimento cerebral. Este fator de crescimento das células gliais modula

função de neurônios dopaminérgicos e o fator de crescimento neural, modulam os

neurônios colinérgicos. Por ter essas funções de regulações dos fatores neutróficos,

existem autores que consideram a vitamina D como neuroprotetora, já que ao

realizar alguns estudos in vivo, foi possível observar que o tratamento com vitamina

D, minimiza a redução dos níveis de serotonina e dopamina que pode ser causada

dentre muitos fatores, pelo uso frequente de metanfentamina (KESBY apud

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ESERIAN, 2013).

Sendo assim, os níveis diminuídos de vitamina D podem aumentar o

surgimento de infecções e doenças autoimunes, e considerando o fato do autismo

provocar disfunções no sistema imune, a vitamina D pode ser considerada como um

fator de risco no desenvolvimento da doença. Disfunções e inflamações

gastrointestinais também pode inibir a absorção de muitas vitaminas e minerais, os

autistas já possuem também essas características de desequilíbrios intestinais,

sendo mais um caminho para níveis plasmáticos de vitamina D diminuídos

(OLIVEIRA, 2012).

Em experiência realizada com crianças autistas, constatou que a

administração de vitamina D e de outras vitaminas, em doses baixas de 150UI ou

3,57mcg, durante três meses, já houve melhora de sintomas gastrointestinais, além

de melhora no sono (CANNEL, apud ESERIAN, 2013).

Também este outro autor, identifica a importância da suplementação de

vitamina D relacionando a melhoras dos sintomas neuropsiquiátricos, e que a

vitamina é uma opção atrativa, segura, simples e barata. Só deve ter atenção

especial já que deve ser administrada como terapia complementar em casos de

necessidade de medicamentos (ESERIAN, 2013).

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