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Nutrição e autismo

SUMÁRIO
3. Definição
4. Estado nutricional e consumo alimentar
5. Manifestações gastrointestinais no autismo
6. Alergias alimentares
7. Seletividade alimentar
8. Terapia alimentar
9. Considerações finais
10. Referências

Nutrição e autismo - O papel do nutricionista


no atendimento de crianças autistas
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DEFINIÇÃO
Segundo o DSM-5, o autismo é definido como um transtorno do
neurodesenvolvimento caracterizado por dificuldades de interação social,
comunicação e comportamentos repetitivos e restritos. No que diz respeito
à alimentação e nutrição os autistas tem forte tendência à seletividade
alimentar, ao sobrepeso e obesidade bem como apresentar distúrbios
gastrointestinais.

Prevalência do autismo em 2023:

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Estado nutricional e
consumo alimentar

A avaliação do estado nutricional e consumo alimentar tem sido uma poderosa


ferramenta na investigação de problemas relacionados alimentação e nutrição.

Estudos indicam que crianças com TEA consomem volumes adequados de


macronutrientes alcançando parâmetros antropométricos de saúde normais (peso e
altura), mascarando deficiências nutricionais. Apesar da maioria dos indivíduos
encontrarem-se eutróficos mesmo com exclusão de grupos alimentares, o consumo de
micronutrientes é frequentemente inadequado com baixo consumo de fibras, vitamina
D, vitamina E, zinco e cálcio, entre outras vitaminas e minerais que podem colocá-los em
risco de deficiência nutricional.

Muitas pesquisam apontam que jovens com TEA têm maior risco em ganhar peso
excessivo e, consequentemente, ter obesidade. Muitos fatores estão relacionados com
o ganho de peso e a obesidade em jovens com TEA, como déficits na comunicação social,
influências biológicas, comorbidades secundárias, medicações, desafios em participar
de programas de exercícios físicos e esportes, ambiente alimentar, sedentarismo e
alimentação inadequada.

Um estudo conduzido nos EUA demonstra que a obesidade está entre as principais
comorbidade e/ou doença que mais afeta as crianças com autismo, em comparação
com as crianças da população geral, sua prevalência é representada por variações de 17
a 32% de crianças com TEA e sobrepeso entre variações de 13 a 33%.

Essas crianças demonstram dificuldades cognitivas, sociais, motoras e


comportamentais atípicas, dentre elas a seletividade e a compulsão alimentar, as quais
podem torná-las vulneráveis ao desenvolvimento da obesidade.

Se um lado há o sobrepeso e obesidade, de outro há a desnutrição, mas em ambos os


casos há deficiência de nutrientes. Deficiências de vitaminas e minerais podem
interferir no desenvolvimento e crescimento de uma criança. Por exemplo, a deficiência
de zinco interfere na seletividade alimentar pela palatabilidade, além de ter um
importante papel na regulação de apetite e ainda ser essencial para a manutenção
adequada da pele, visão, olfato e paladar

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Manifestações
gastrointestinais no autismo

Algumas alterações no sistema gastrointestinal como por exemplo, constipação, dores


abdominais, diarreia, gases, refluxos e vômitos são sintomas comuns em indivíduos
portadores de TEA. Como a microbiota representa um importante fator ambiental que
exerce influência sobre o espectro autista, quando há desequilíbrios na microbiota,
esses sintomas gastrointestinais podem aparecer ou piorar.

Alguns estudos tem apresentado uma associação entre o TEA e doença inflamatória
intestinal, refluxo gastresofágico, esofagite eosinofílica, gastrite, alergias e
sensibilidades alimentares e má absorção de dissacarídeos A prevalência de autistas
com algum problema intestinal é de 90% dos autistas tem algum e esta implicação
biológica trás consigo uma série de problemas de metabolismo, desde má absorção de
nutrientes como uma maior resposta do sistema imunológico, distúrbios de sono,
acúmulo de tóxicos, alterações no eixo intestino-cérebro, gerando um ciclo vicioso e
sintomas que se confundem com o dito "comportamento autista".

A disbiose intestinal é caracterizada por um conjunto de alterações na microbiota


intestinal, que reduz a capacidade de absorção dos nutrientes e causa carência de
vitaminas, alterações imunológicas, resposta inflamatória inadequada com aumento de
interleucinas e TNF-alfa. Além disso, pode haver ainda a proliferação de fungos,
parasitas e hiperpermeabilidade intestinal. Essa permeabilidade gera uma elevada
absorção das moléculas neurotóxicas produzidas pela microbiota, causando uma
alteração neurológica, que está relacionada à maior gravidade dos sintomas no
autismo.

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Alergias alimentares

As alergias alimentares podem ser de resposta imediata, sendo mediada por IgE ou não
mediadas por IgE, ou seja, alergias tardias, além de sensibilidades alimentares.

Em um estudo realizado com quase 200 mil crianças nos Estados Unidos mostrou uma
prevalência da presença de alergias alimentares, respiratória e de pele nos autistas. Foi
observado um aumento da IgA, IgG, IgM e IgE totais em crianças com TEA.

A alergia alimentar pode envolver alterações no microbioma intestinal, ativação imune


alérgica e função cerebral prejudicada por meio de interações neuro imunes, que podem
finalmente afetar o sistema nervoso entérico e o sistema nervoso central, levando a
anormalidades do desenvolvimento neurológico.

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Dificuldades alimentares

É definida como qualquer problema que afete negativamente o processo dos pais ou
cuidadores de suprirem alimento ou nutrientes à criança. Esse termo é usado como
“guardachuva” para diversos distúrbios alimentares, com distintos níveis de gravidade,
com possibilidade de repercussão no estado nutricional, na relação entre pais e filhos e
na interação com os pares.

As dificuldades de alimentação têm causas multifatoriais com componentes


comportamentais significativos que incluem: patologias orgânicas, problemas motores-
orais, problemas de comportamento propriamente ditos e/ou do desenvolvimento.

A seletividade alimentar acomete em torno de 25% de crianças típicas, enquanto este


número aumenta significativamente em crianças com autismo, em torno de 67 a 89%.
Pode ser classificada como distúrbio, fobia, dificuldade ou seletividade alimentar.

Definições:

Distúrbio: problema grave que resulta em consequências orgânicas, nutricionais ou


emocionais.

Fobia: medo súbito de comer após um episódio traumático alimentar ou relacionado à


alimentação (internações, sonda, etc).

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Terapia Alimentar

A hipersensibilidade alimentar, atrelada à seletividade sensorial, afeta o estado de


saúde do indivíduo dentro do espectro. O fato altera as escolhas que eles fazem dos
alimentos, podendo resultar em uma baixa ingestão alimentar e menor síntese de
enzimas e neurotransmissores dependentes de nutrientes, muito importantes à saúde.
A terapia alimentar é uma técnica utilizada como principal ferramenta para o solucionar
o problema.

Trata-se de uma abordagem que visa ressignificar a alimentação, aproximando a


criança da comida, por meio de ações que geram habilidades e oferecem estímulos
sensoriais, trazendo conforto e familiarização com novos sabores. Algumas abordagens
consistem na substituição de alimentos nocivos com uso de técnicas como o Food
Chaining, que introduz novas opções, capazes de favorecer a aceitação e ampliação do
repertório alimentar da criança.

Este método consiste em adicionar, gradativamente, uma nova gama de alimentos


anteriormente rejeitados por meio de estratégias que modificam textura, aparência,
temperatura, sabor e odor do alimento. Por exemplo, uma criança que só aceita comer
nuggets, que são artificiais e cheios de conservantes.

Por meio das técnicas, gradativamente, os substituímos por frango frito, para
posteriormente tentar incluir em sua alimentação um filé de frango grelhado, que é uma
opção muito mais saudável. Outras abordagens como o Get Permission e SOS Approach
servem como apoio na elaboração de estratégias para reaproximar os alimentos de
forma responsiva e gentil

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Considerações finais
Referências
@nutrigabrielaandrades

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