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CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA

ETEC DOUTOR DOMINGOS MINICUCCI FILHO


NUTRIÇÃO E DIETÉTICA

AMANDA RODRIGUES DAMASCENO


IRIS PEREIRA DOS SANTOS
LAURA RAMOS DE CARVALHO
MARIA ISADORA DOMINGUES
TAINARA FELIX DOS SANTOS

ALIMENTAÇÃO DE CRIANÇAS COM A SÍNDROME DO ESPECTRO AUTISTA


Botucatu
2023
AMANDA RODRIGUES DAMASCENO
IRIS PEREIRA DOS SANTOS
LAURA RAMOS DE CARVALHO
MARIA ISADORA DOMINGUES
TAINARA FELIX DOS SANTOS

ALIMENTAÇÃO DE CRIANÇAS COM A SÍNDROME DO ESPECTRO AUTISTA

Trabalho de conclusão de curso na área técnica


de nutrição e dietética apresentado para a
conclusão do curso técnico.

Orientador: Elaine Cristina Navarro


Coorientador: Vanessa Cristina da Silva
Botucatu
2023
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus que permitiu que tudo isso acontecesse, ao longo
de nossas vidas, e não somente nesses anos como estudantes, mas que em todos
os momentos é o maior mestre que alguém pode conhecer.

A instituição ETEC DOUTOR DOMINGUES MINICUCCI FILHO, pela


oportunidade de realizar este curso. As professoras Elaine Cristina Navarro,
Vanessa Cristina da Silva e Mariana Bordinhon pela oportunidade e apoio na
elaboração deste trabalho, pelas suas correções e incentivos, se dedicando arte de
ensinar.

Aos nossos pais por estarem sempre presentes e apoiarem no


desenvolvimento do nosso Trabalho de Conclusão de Curso, pois sem eles essa
tarefa teria sido muito mais árdua. E a todos que de forma direta ou indireta fizeram
parte da nossa formação, o nosso muito obrigada!

Dedicamos este trabalho nossos pais e amigos que


sempre nos incentivaram.
RESUMO

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição neurológica que afeta o


desenvolvimento da criança, inclusive em relação à alimentação. Este trabalho
analisa a relação entre a alimentação e o TEA, apresentando estudos que mostram
a associação entre restrições alimentares, sensibilidade sensorial e comportamentos
alimentares atípicos em crianças autistas. Além disso, são discutidas estratégias
nutricionais e comportamentais que podem ajudar a melhorar a alimentação de
crianças autistas, incluindo abordagens sensoriais, terapias comportamentais e
suplementação alimentar. Compreender e atender às necessidades nutricionais
específicas das crianças autistas é essencial para promover um desenvolvimento
saudável e melhorar sua qualidade de vida.

Palavras-chave: Criança, Autismo, Seletividade alimentar, Alimentação, Atípica.


ABSTRACT

Autism Spectrum Disorder (ASD) is a neurological condition that affects a child's


development, including their eating habits. This study examines the relationship
between nutrition and ASD, presenting research that shows the association between
food restrictions, sensory sensitivities, and atypical eating behaviors in autistic
children. Additionally, it discusses nutritional and behavioral strategies that can help
improve the eating habits of autistic children, including sensory approaches,
behavioral therapies, and dietary supplementation. Understanding and addressing
the specific nutritional needs of autistic children is essential for promoting healthy
development and improving their quality of life.

Keywords: Child, Autism, Food selectivity, Food, Atypical


SUMÁRIO

TOC \h \o "1-2"
7

1 INTRODUÇÃO

O transtorno do espectro autista (TEA) é um transtorno de


desenvolvimento neurológico que inclui problemas com a interação social, na
comunicação, na cognição e em padrões restritos e repetitivos. Essa síndrome se
manifesta antes dos 03 anos de idade, segundo a Organização Mundial da Saúde
(OMS, 2016).

Crianças autistas demonstram pensamentos e comportamentos


excessivamente repetitivos e restritos, que podem se manifestar nos hábitos
alimentares. Entretanto, os efeitos da manifestação destes atos, seguido da
diminuição da ansiedade levam a dependência comportamental, além de
comportamentos agressivos, recusa frequente de alimentos, compulsividade e em
alguns casos nem se alimentar.

Magagnig et al., (2021) evidenciou em seu estudo os relatos dos pais


onde uma parcela cita a preferência por alimentos mais crocantes e mais
adocicados, fator relevante devido a características sensorial das crianças que não
são muito adeptas de alimentos em forma líquida ou pastosa. A hipersensibilidade
sensorial colaborou para o estabelecimento de padrões alimentares restritivos
decorrentes da recusa.

As dificuldades encontradas no TEA são seletividade alimentar, que


limita a variedade de alimentos causando carências nutricionais e saúde devido ao
consumo inadequado dos alimentos. Outro problema encontrado é a neofobia
alimentar, que consiste em uma recusa alimentar devido a cor, textura e aroma
podendo levar a um quadro de desnutrição e deficiência calórica/proteica; além da
compulsão alimentar, que consiste no desejo repetitivo de maneira padronizada.

O portador da síndrome do espectro autista pode apresentar uma


dificuldade nas funções gastrointestinais, provocando lentidões no sistema nervoso
central; diminuição na produção das enzimas protease, Pepsina, Tripsina e
Bromelina, além disso, a dificuldade de absorção de algumas proteínas provoca
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deficiências de nutrientes como cobre e zinco que atua no crescimento celular e na


imunidade.

Para a criança se permitir consumir um novo alimento, é preciso uma


caminhada que passa por várias etapas, como o interagir com o alimento, olhar,
cheirar, tocar, provar e comer. A criança precisa ressignificar o instante da
alimentação para se sentir segura e permitir a evolução sensorial, produzindo efeitos
muito importantes no processo da alimentação (OLIVEIRA; SOUZA, 2022).

De acordo com os achados citados acima, a má alimentação do


portador da síndrome do transtorno do espectro autista pode ocasionar diversos
problemas de saúde. Sendo assim, o objetivo deste trabalho é auxiliar os
responsáveis a desenvolver uma melhor alimentação pensando na aceitabilidade,
diversão e nutrição, visando o bem-estar da criança.
9

2 OBJETIVO

O objetivo desse trabalho é mostrar as dificuldades encontradas por


responsáveis de crianças autistas no momento da alimentação. Essa releitura tem
como intuito mostrar soluções e resoluções para esses problemas, trazendo dicas e
informações sobre a Síndrome do Espectro Autista. Mostrando e dando ênfase na
seletividade alimentar em conjunto com a alta sensibilidade a cheiros, que afeta no
momento da alimentação. Importante salientar, que a finalidade deste trabalho
também é demonstrar que as crianças com TEA tendem a seletividade referentes
aos sentidos humanos e o ambiente em que acontece a refeição; e como o modo
em que é ofertado os alimentos no momento da refeição, a falta de diversidade no
oferecimento dos alimentos pode desenvolver a neofobia alimentar nas crianças
com Transtorno do Espectro Autista. A proposta deste artigo também é mostrar
os detalhes na dificuldade da alimentação das crianças com TEA e soluções para
uma melhora, como a diminuição na ingestão de alimentos como carnes magras,
frutas e vegetais podem ocasionar em problemas nutricionais, porém para uma boa
ingestão de nutrientes é necessário a inclusão de proteínas, carboidratos, gorduras,
vitaminas e sais minerais em suas respectivas dietas; além disto, no artigo tem-se o
objetivo de mostrar que, há crianças com o Transtorno do Espectro Autista que
apresentam comportamentos relacionados às cores dos alimentos, consomem
apenas alimentos em determinadas cores, como amarelo, ou evitando alimentos na
cor verde, tendem a selecionar alimentos que estão dentro da sua zona de conforto,
pois tem uma dificuldade no processamento sensorial. Nesta pesquisa o
objetivo proposto também está ligado a demonstrar que crianças portadoras do
Espectro Autista estão destinadas a desenvolverem carências nutricionais e
obesidade, o que pode afetar no crescimento e desenvolvimento, pois a alimentação
dos mesmos é mais seletiva, limitada e restrita, e com este trabalho mostra as
respectivas soluções para um desenvolvimento gradativo na melhora destes
quesitos da alimentação das crianças com autismo.

Materiais e Métodos Pesquisa bibliográfica e revisão de literatura com o


intuito da criação de um manual para instruir na alimentação de crianças portadoras
do Espectro Autista.
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3 DESENVOLVIMENTO

O Transtorno do Espectro Autista relata as diversas situações que o


autismo pode gerar nas crianças na fase desenvolvimento neurológico. Ele é
caracterizado por comportamento repetitivo, comprometimento na fala, nas
habilidades sociais e na comunicação não verbal. Além disso, os pacientes com TEA
podem apresentar uma série de outras comorbidades, dentre as quais:
hiperatividade, distúrbios de sono e gastrointestinais, e epilepsia (GUEDES, TADA,
2015).

A criança com TEA apresenta uma característica, por dificuldade e


prejuízo na comunicação verbal e não verbal, na interatividade social e na restrição
do ciclo de atividades e interesses. Normalmente, associa-se a um quadro de
comportamento estereotipado, no qual a criança realiza sempre as mesmas
atividades e/ou ações, de forma repetitiva (PINTO et al., 2016). Tais ações
repetitivas podem ter repercussões nos hábitos alimentares, os quais são, também,
estereotipados e, normalmente, apresentam dificuldade em aceitar diferentes tipos
alimentares, tornando-se restritos a certos alimentos, o que pode gerar carências
nutricionais (KARLSSON; RÂSTAM; WENTZ, 2013).

Alguns comportamentos atípicos, estereotipados severos e repetitivos,


indicam a precisão de encaminhamento para avaliação diagnóstica de autismo,
como: movimentos motores estereotipados (ex.: correr de um lado para o outro),
ações atípicas repetitivas (ex.: alinhar/empilhar brinquedos de forma padronizada),
insistência tátil (como passar a mão sobre uma determinada textura por muito
tempo), tendência a rotinas rígidas e ritualizadas (ex.: se sentar sempre no mesmo
lugar, assistir apenas um mesmo programa, ter foco em coisas especificas (OMS,
2014)

A busca sensorial é definida como a procura por estímulos intensos,


com maior duração e frequência. Indivíduos com esse perfil tendem a ser
excessivamente ativos em termos motores, já que estão em constante procura por
estímulos fortes. Dessa maneira, tendem a se engajar em brincadeiras mais
dinâmicas, envolvendo quedas, colisões, sons altos e movimentos rápidos. Em
11

termos sociais são tipicamente rotulados de impulsivos, intrusivos ou fisicamente


brutos (MOMO; SILVESTRE, 2011).

A partir dos sistemas sensoriais, somos capazes de responder nossos


estímulos,porém quando há falha, acontece uma disfunção do processamento
sensorial. No cérebro, temos neurônios, conhecidos como neurônios- espelho, com
o mau funcionamento, afetaria o cérebro, trazendo deficits comunicativos e sociais.
Os sentidos captam informação a todo momento, pequenas informações sensoriais,
chegam ao cérebro a cada instante sendo organizada de forma que a experiência
seja integrada como um todo. As mudanças sensoriais, são sintomas do TEA que
modificam interesses e esses sintomas afetam o desempenho funcional do autista e
de seus familiares. (Literare Books, 2021)

Existem alguns fatores no autismo que estão intimamente ligados à


agressividade: a dificuldade na verbalização das ideias, inflexibilidade, rigidez e
dificuldade de adaptação a mudanças, muita demanda social e e a alta sensibilidade
a cores, sons, cheiros, etc. A agressividade pode começar quando a criança sente
tantas coisas e tudo que ela consegue transmitir em gestos ou palavras lhe parece
insuficiente. Assim também são as questões da sensibilidade, muitas vezes afetada
pelas mudanças no ambiente que, para uma pessoa neurotípica, podem passar
despercebidas. A agressividade da criança autista pode ser voltada para alguém,
uma parede, um objeto ou até mesmo a auto agressão, como socos e tapas contra
ela mesma. A melhor maneira é abraçar o pequeno e apresentar algo que o
tranquilize (Neuro Saber, 2020).

Normalmente é difícil perceber e medir a ansiedade em pessoas


autistas, pois existe um nível geral de ansiedade associado ao autismo. É preciso ter
conhecimento para entender a partir de que momento esse quadro padrão de
ansiedade evoluiu para um transtorno clínico de ansiedade.

Essa ansiedade natural dos autistas é muito estimulada pelas


implicações do universo sensorial e social em que vivem, que é, geralmente,
complicado e confuso. Isso acaba deixando-os bastante vulneráveis a desenvolver
casos mais graves de ansiedade. O profissional que for avaliar o caso precisa ter
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informações bem detalhadas da pessoa e, se possível, coletadas por vários pontos


de vista, como o das outras pessoas que convivem com o autista (National Autistic
Society, 2020).

A fase do desenvolvimento infantil é montada por diversas sensações e


mediante aos sentidos e a repetição de hábitos, surge dificuldade na apresentação
de novos alimentos. As crianças com TEA, tendem a serem seletivos referente aos
sentidos humanos e o ambiente que ocorre a refeição. O desenvolvimento da
neofobia alimentar nessas crianças, está relacionado á oferta de alimentos, o modo
de oferecer, a recusa de alimentos pelos próprios pais, falta de diversidade no
oferecimento dos alimentos saudáveis, sendo de extrema importância. A exposição
de diversos alimentos, podem representar um importante papel no comportamento
alimentar, podendo apresentar uma alimentação monótona, carências dos
nutrientes, dificuldades em atingir as necessidades calóricas e ao provar um
alimento, a criança pode associar a vômitos, náuseas e diarreia, associando
negativamente isso ao alimento e gerando uma recusa. A neofobia ao interferir no
consumo adequado de nutrientes, atrapalha o crescimento, desenvolvimento e piora
a sintomatologia do TEA. (BNF Siqueira, 2018)

Portadores do Espectro Autista mostram uma dificuldade na hora de


provar novos alimentos, pois uma grande parte dessas crianças são bem seletivas
na hora de se alimentar, essa dificuldade de provar novos alimentos pode trazer
distúrbios alimentares, trazendo carências nutricionais e sendo um problema para o
organismo, pois é fundamental que crianças com TEA façam progressivamente a
ingestão de macro e micronutrientes (GRILLO; SILVA, 2004) (MONTEIRO et al.,
2017)

Uma grande parte das crianças com TEA possuem uma certa
seletividade alimentar, fazendo com que a ingestão de alimentos como grãos,
carnes magras, frutas e vegetais seja diminuída, podendo trazer problemas
nutricionais a essas crianças. Para essas crianças com TEA alcançarem uma boa
ingestão de nutrientes em suas dietas é necessário incluir proteínas, carboidratos,
gorduras, vitaminas e sais minerais. Esses Problemas na hora de se alimentar é
bem comum para as crianças que possuem autismo, por isso um acompanhamento
13

nutricional desde de cedo é bastante recomendado (Gomes et al.,2016)


(CHIRSTOL, et al., 2018) (Bottanet al.,2020).

A seletividade alimentar pode ser entendida como um comportamento


alimentar que tem como característica principal a exclusão de uma variedade de
alimentos. Essa postura, muitas vezes, pode ser transitória, (correspondendo à fase
de adaptação a novos Alimentos), ou perdurarao longo do desenvolvimento da
pessoa . Também é uma preferência por determinados alimentos ou até a
desaprovação dos mesmos. A seletividade pode ser causada por preferências nos
alimentos, texturas, cor e odor. Com essas limitações nos alimentos, podem ser
causadas deficiências nutricionais, falta de vitaminas e até compulsões
(SAMPAIOABM,et al., 2013).

Há crianças autistas que apresentam comportamentos relacionados às


cores dos alimentos, consumindo apenas alimentos amarelos ou evitando alimentos
da cor verde. Portanto, as crianças com dificuldades no processamento sensorial
tendem a selecionar alimentos que estejam dentro de sua zona de conforto.

O paladar é uma fonte de experiências sensoriais, influenciando o


humor e bem estar emocional, porém existem alguns desafios sobre o
processamento sensorial devidos aos padrões e escolhas repetitivas de
comportamento, interesses e atividades, tornando o paladar infantil inadequado para
certas quantidades de certo alimento, sendo totalmente exigente com o que vai
ingerir (DOMINGUES G, 2011).

A limitação de variedades na hora da refeição pode agregar carências


nutricionais e prejudicar o organismo, pois a ingestão de macro e micronutrientes
está estreitamente relacionada com a ingestão de energia e bom funcionamento do
organismo. Uma dieta sem Caseina e glúten para crianças que possuem autismo
ajuda na qualidade de vida, pois diminui os sintomas gastrointestinais, esses
sintomas veem em forma de falta de apetite, constipação, intestino irritável e
disbiose intestinal (DOMINGUES G, 2011), (Carvalho et al.,2012).
14

As crianças portadoras do espectro autista, estão destinadas a


desenvolverem carências nutricionais, obesidade e podendo afetar no crescimento e
desenvolvimento, pois a alimentação dos mesmos é mais seletiva, limitada e restrita,
com a má absorção do alimento e pequena diversidade, pode levar a um grave
aumento da doença. Como consequência, o autista desenvolve certa preferência por
alimentos calóricos, com excesso de açúcar, alimentos ricos em gordura, sódio e
aditivos, diminuindo o consumo de alimentos ricos em vitaminas ou que suprem as
suas necessidades.(LOUZADA et al.,2015; BIELEMANN et al.,2015)

A saúde nutricional na população infantil é considerada de risco, devido a


deficiência de micronutrientes, como cálcio, ferro, zinco e vitamina A, que
normalmente não é suficiente só com a alimentação habitual, devido ao fato do
baixo consumo de proteínas, vitaminas e sais minerais, desenvolvendo as carências
dos mesmos nutrientes. Segundo o "Centro de Tratamento Pfeiffer (PTC)", além das
alterações, o autista possui uma deficiência na proteína metalotioneina, fazendo com
que o cérebro seja sensível a metais pesados, modificando o funcionamento do trato
gastrointestinal da criança, com isso a entrada de alguns minerais como cobre e
zinco nas células, modificando a função intestinal, função imunológica e o
crescimento celular, gerando peptídeos circulantes indo ao cérebro, acarretando
uma distorção aos neurotransmissores. (PEDRAZA; QUEIROZ, 2011) (LEAL,
Mariana, 2015) (BOTTAN; GABRIELA, 2020)

Discussão Seletividade alimentar A seletividade alimentar é causada pela


desordem sensorial, as crianças são muito seletivas a novas experiências, a novas
sensações e, o que a seletividade alimentar trata, a novos alimentos. Para a
melhoria desta seletividade é necessário sentidos sensórias como: cheirar, tocar e
sentir diferentes sensações e diferentes alimentos. (CORREIA, 2015). A seletividade
alimentar em crianças com TEA atinge cerca de 40% a 80% das crianças (SUAREZ,
2013) Para o seu tratamento é necessária uma atuação com a Terapia de
Integração Sensorial, abordagem exclusiva da terapia ocupacional, a qual tem
evidenciado bons resultados na prática clínica. (SERRANO, 2016). O sistema
sensorial somático é responsável pelo senso do toque. Nele há nervos receptores,
cerca de 5 milhões de receptores sensoriais na pele, que ajudarão a sentir algo
quando entra em contato com a pele, sendo estes conhecidos como receptores de
pressão de toque. Fornece informações sobre as sensações corporais através da
interpretado do ambiente interno e externo. Essas sensações saem originadas em
diversas partes do organismo pelos mercanoceptores, de tátil, pressão, vibração e
15

propriocepção, os termos receptores, de temperatura, e nociceptivo, capazes de


levar a lesão tecidual (RAQUEL, PALHERES, 2013). Alterações Gastrointestinais
As alterações gastrointestinais são causadas em autistas devido a seletividade
alimentar e os hábitos alimentares das crianças. Pela falta de nutrientes, vitaminas,
proteínas e sais minerais, podendo acarretar carências nutricionais, o que pode
gerar alterações gastrointestinais, como perda de peso ou até o excesso de peso.
(FINEGOLD, 2011). As crianças autistas sofrem com sintomas gastrointestinais
frequentes, tais como: dor abdominal, diarreia crônica, flatulência, vômitos,
regurgitação, perda de peso, intolerância aos alimentos, irritabilidade, disenteria,
entre outros (GONZALEZ, 2005) Distúrbios do sistema digestório em crianças
autistas foram comprovadas pela primeira vez por Goodwin, Cowen, Goodwin em
1971 (SILVA, 2011). Estes elementos podem causar danos nas vilosidades da
membrana intestinal resultando em um potencial ou real má absorção dos nutrientes
(MAHAN et al., 2002). Segundo Silva (2011) essas alterações no funcionamento do
sistema digestório estão associadas a proteases responsáveis pela hidrólise de
algumas proteínas, as quais geram um aumento na concentração de peptídeos
opioides circulantes como a caseína e o glúten. Essa reação imunológica pode
estimular às alterações neuronais que tem como consequência as mudanças no
comportamento dos indivíduos autistas. Alergias Alimentares A alergia alimentar é
uma das condições que está presente na vida de crianças com TEA, como a
caseína e o glúten podem alterar a uma flexibilidade alimentar com produção de
anticorpos, como na doença celíaca. Embora os celíacos contenham sintomas
variados, existe um fluxo de pensamentos que as crianças com o transtorno do
espectro autista possam vir apresentar sintomas parecidos como náuseas, gases,
dissensão abdominal, diarreia e febre. (VAZ,2009) Com isso alguns autores
afirmam que o glúten e a caseína causam sensação de prazer, além da
hiperatividade, falta de concentração, irritabilidade, dificuldade na interação da
comunicação e sociabilidade. Em outros estudos eles também sugerem que dietas
sem caseína e sem o glúten podem vir a ser totalmente positivo em seu
comportamento, pois de acordo com esse estudo o glúten e a caseína (peptídeos)
podem influenciar de forma negativa no desenvolvimento cerebral das crianças
portadoras da síndrome do espectro autista, eles podem causar alergias e
inflamações pois atacam o sistema imunológico. (REISSMANN et, al, 2014;
REISSMANN,2020) Para uma boa alimentação saudável de um autista, a família
toda deve se envolver nessa mudança, para que ele receba melhor as modificações
propostas, as dificuldades são muitas tendo em vista que essa mudança de hábito
alimentar envolve aspectos culturais, preferências e questões financeiras. (REVISTA
CIENTÍFICA,2012) Danos da Má Alimentação Crianças que possuem TEA tem
16

padrões alimentares diferentes de crianças que não possuem autismo, colocando


assim em risco seu estado nutricional e seu desenvolvimento corporal (ZUCHETTO,
2011). Autistas demonstram uma certa resistência e seletividade apo serem
apresentados a algum novo alimento, bloqueando assim novas sensações
alimentares. Portanto, deve-se ficar alerta para não deixar estas crianças consumir
alimentos não saudáveis (SILVA, 2011). A má alimentação junto com a falta de
equilíbrio energético é preocupante, pois é provável que o consumo de energia
dessa criança esteja baixo, sofrendo assim com deficiências do zinco e ferro
(DOMINGUES, 2011). De acordo com Araruna e Silva (2018) os problemas de uma
má alimentação para o organismo de uma criança que possui TEA afeta toda a sua
saúde, causando certas deficiências de vitamina D, vitamina B6,81 e ferro, que são
essenciais para a evolução de todas as crianças, pois, a falta destas vitaminas e
minerais pode causar doenças como anemia e a obesidade.

Faltas de Nutrientes Crianças que possuem TEA demonstram dificuldades


para aceitar experiencias alimentares novas, ocasionando diversos tipos de
deficiências de nutrientes indispensáveis para o funcionamento correto do
organismo. ALVES; CUNHA (2020) A preferência por determinados tipos de
alimentos pode acarretar deficiências nutricionais no futuro dessas crianças, tendo
que suprir essas necessidades com suplementos alimentares. (Silva, 2011) Muitas
dietas não preenchem as necessidades nutricionais, tendo assim desequilíbrio de
macronutrientes e micronutrientes, isso se dá série seletividade alimentar dessas
crianças, comprometendo assim as capacidades e funções necessárias para um
bom crescimento e interações sociais. Portanto, o papel da nutrição é fundamental
para a vida dessas crianças que possuem TEA, podendo atuar e auxiliar de tal forma
que pode trazer melhorias para a qualidade de vida de modo geral, trazendo alívio
para sintomas intensos e evitando a desnutrição. (GADIA, TUCHMAN, ROTTA,
2015). Oferta de alimentos As características da criança com TEA podem levar
a situações negativas na experiência alimentar da família, ocasionando distúrbios
relacionados com a alimentação e que, consequentemente, a geram um desafio
para a família na sua organização. (Paula et al, 2020). Eles possuem sensibilidade
oral sensorial e seletividade alimentar, podendo se beneficiar do trabalho em equipe
multidisciplinar, com foco na melhora das experiências nutricionais e sensoriais,
aumentando a adequação e variedade da dieta, sendo necessárias ofertas de ações
educativas para estimular a aceitação de novos alimentos. (CHISTOL, et al 2018)
Em uma ação realizada Associação de Autistas do Sul Catarinense, participaram 15
crianças de 6 a 11 anos, aplicando conjunto de atividades para estimular os cinco
sentidos e a percepção sensorial das crianças com TEA, através de atividades
17

sensoriais. A intervenção de educação alimentar iniciou juntamente com a música,


onde foram introduzidas canções infantis relacionadas à alimentação. Outra
atividade de educação alimentar e nutricional realizada foi a apresentação dos
alimentos in natura, onde observou-se que algumas crianças mostraram momentos
de compreensão através da percepção sensorial, uma que se destacou foi o olfato
onde a criança seguiu a orientação. No final da atividade prática foi disponibilizado
alimento in natura para consumo, assim conseguiu-se observar a aceitabilidade das
crianças. Segundo Chistol (2018), estratégias como alteração da textura e
consistência dos alimentos, usando abordagem de integração pode diminuir a
sensibilidade sensorial em crianças com TEA. Alguns familiares utilizam de
estratégias como diálogos e negociações, para lidar com esses problemas
alimentares, não deixam de destacar a ajuda da escola para uma alimentação
adequada há maior capacidade de resposta da criança em ambiente escolar devido
ao uso de estímulo de diferentes estratégias sensoriais e motoras (Kirby et al.,
2019). Desse modo, estratégias que busquem a diminuição da seletividade
alimentar de crianças dentro do espectro devem ser alicerçadas na promoção de
intervenções tocadas no processamento sensorial oral desses sujeitos, para que
haja redução dos problemas durante as refeições (CHISTOL et al., 2017). Convidar
a criança para observar e auxiliar o preparo das refeições, serve na introdução de
novos alimentos, que deve ser realizada oferecendo um mesmo alimento múltiplas
vezes, até que, aos poucos, novas rotinas sejam estabelecidas e novas cores,
sabores e texturas sejam aceitas (HYMAN et al.,2020) A educação alimentar e
nutricional é uma importante ferramenta que favorece o desenvolvimento de práticas
alimentares e nutricionais saudáveis, fazendo uso das cores, texturas, atenção e
integração sensorial, visando à promoção de práticas alimentares sadias desde a
infância, de modo que estes hábitos sejam introduzidos para os demais membros da
família. (Jelliffe 1968, p. 98) Os autores ainda acrescentam que é de suma
importância alternar a forma de apresentação, preparação e educação dos sujeitos,
por exemplo, utilizar fotos dos alimentos e depois oferecer provas dos referidos
alimentos, que segundo os autores, possibilita que seja despertada a curiosidade
por parte das crianças com TEA. (FINKEL & WILLIAMS, 2001; SHABANI et al.,
2002; KRANTZ MCCLANNAHAN, 1998) Educação Nutricional A educação
nutricional é uma ferramenta fundamental no auxílio a alimentação das crianças
portadoras da síndrome do espectro autista (TEA). Ela ajuda na qualidade de vida,
nas mudanças de hábitos na alimentação das famílias desses portadores e também
nas interações sociais da criança com as pessoas que os auxiliam na hora da
alimentação. (Raízes e Rumos, v.8 n.2, p. 98 -114, jul. –dez.,2020). A educação
nutricional vai minimizar os impactos negativos na alimentação dessas crianças pela
18

quantidade de informação que ela vai proporcionar aos responsáveis, mas sempre
respeitando as questões sociais e culturais desses indivíduos. (DE SOUZA et al.,
2013). A forma como o alimento será ofertado, a forma como o ambiente está, as
questões psicológicas das crianças, tudo isso pode influenciar na aceitação desses
novos alimentos e também na facilidade de fazer a alimentação se tornar algo leve e
estimulante. (ROSSI et al., 2008) O acesso à educação nutricional deve ser
disponibilizado para a sociedade independente da sua classe social, sua cultura, sua
forma de viver, sua situação financeira, etc. Ela é quase um direito dos cidadãos,
principalmente quando esse não tem disponibilidade de deslocamento até postos de
saúde ou centro de especializações. (CÂMARA et al., 2012; SANCHEZ; CICONELLI,
2012) As práticas mostradas numa educação nutricional que geralmente obtiveram
bastante resultados foram ensinos de leitura de rótulos, atividades práticas e
sensoriais, exibições de vídeos, a realização de oficinas dietéticas e também oficinas
culinárias, a realizações de palestras, seminários, distribuições de panfletos e
cartazes informativos sobre as dificuldades enfrentadas em relação a alimentação
de crianças com TEA, etc. (CORDEIRO; SILVA, 2018; NUNES; PAIVA; MARQUES,
2016; ROLAND et al., 2016).

Conclusão A alimentação de crianças autistas é um tema de grande


relevância e complexidade,uma vez que influencia diretamente a qualidade de vida e
o desenvolvimento dessas crianças, exigindo a consideração de diversos fatores,
incluindo as preferências individuais, as necessidades nutricionais específicas e as
sensibilidades sensoriais dessas crianças. Este estudo explorou as estratégias e
desafios relacionados à alimentação de crianças autistas, identificando a importância
de uma abordagem individualizada que considerem as preferências alimentares,
sensibilidades sensoriais e necessidades nutricionais específicas de cada criança,
por multidisciplinar e familiares para criar ambientes alimentares favoráveis. Foi
evidenciado que a aceitação de alimentos pode ser aprimorada com a exposição
gradual a novos alimentos, o uso de estratégias sensoriais e a criação de refeições
visualmente atraentes e acolhedoras. Além disso, a adaptação de dietas de acordo
com as necessidades individuais pode ser benéfica desempenhando um papel
relevante na promoção de um desenvolvimento saudável e no manejo de possíveis
comorbidades associadas, como alergias alimentares. No entanto, é essencial
reconhecer a importância do respeito às preferências alimentares das crianças
autistas, garantindo que a alimentação seja uma experiência positiva e inclusiva. À
medida que continuamos a pesquisar e compreender melhor esse tópico, podemos
desenvolver estratégias mais eficazes para melhorar a qualidade de vida das
crianças autistas e suas famílias, promovendo uma relação saudável com a
19

alimentação e o bem-estar geral. Concluímos que, à medida que continuamos a


aprofundar nosso entendimento sobre a alimentação de crianças autistas, há a
oportunidade de desenvolver estratégias cada vez mais eficazes. O respeito às
preferências alimentares, o foco na inclusão e a promoção de uma experiência
alimentar positiva são princípios-chave a serem seguidos. Essas crianças merecem
a chance de explorar, experimentar e desfrutar de uma variedade de alimentos de
maneira que atenda às suas necessidades individuais e lhes permita crescer e
prosperar. Este trabalho contribui para o conhecimento nesse campo e destaca a
importância contínua da pesquisa e da colaboração interdisciplinar para melhorar a
qualidade de vida das crianças autistas e suas família
20

REFERÊNCIAS

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