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Assistência humanizada ao pré-

parto, parto e puerpério

Iorlanda Cristina Ferreira


R1 de ginecologia e obstetrícia
INTRODUÇÃO

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Pré-Natal

 Conceito: promover condições de saúde e bem estar durante todo o período gravídico , culminando com
assistência ao parto adequado e menores índices de morbidade e mortalidade materno-fetal.
 Avaliação clinica
 Procedimentos complementares (laboratorial)
 Equilíbrio emocional (familiar, social, econômico, emocional)
 Orientação nutricional
 Acompanhamento multidisciplinar

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Pré-Natal

 Início da gestação: planejamento familiar


*Avaliação de fatores maternos pré-concepcionais (idade, atividade profissional, procedência, raça, condições
nutritivas e sociais, componente emocional e enfermidades
*Positivação do teste de gravidez -> pré-natal
 O tratamento das intercorrências da gestação deve ser realizado com classificação de risco gestacional que
deve ser realizado em todas as consultas.
 Atentar aos antecedentes obstétricos, fatores de risco, antecedentes clínicos
 Qualquer um dos fatores classifica a gestação como de risco, sendo necessário encaminhá-la ao serviço especializado.

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Pré-Natal

 Primeira consulta: mais precocemente possível


 (Mínimo 6 consultas - 1 no primeiro, 2 no segundo e 3 no terceiro trimestre)
 Sempre atentar para situações especiais em que propedêutica especializada possa ser necessária.
 Investigar historia familiar

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Pré-Natal (USG)

 Avaliação precoce (6 a 9 sem): identificar gestação tópica, única ou não, vitalidade, medidas do saco
gestacional, estabelecer idade gestacional em semanas.
 (Preferível via vaginal pela riqueza de detalhes)
 Morfológica de primeiro trimestre (11 a 14 sem): CCN, rastreio de cromossopatias (TN, fluxo do ducto
venoso e identificação do osso nasal)
 Morfológica de segundo trimestre (18 a 24): preferência na 22, aspectos morfológicos. Medir comprimento
do colo uterino (risco de trabalho de parto prematuro)
 34 a 36 semanas com dopplerfluxometria das artérias uterinas, umbilical e da artéria cerebral media, se
identificar o crescimento fetal, bem como sua vitalidade e volume de liquido amniótico.

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Exames laboratoriais

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Admissão

1- A paciente terá acesso pelas portarias do hospital.


2- Fará uma ficha de atendimento e será tratada pelo nome.
3- Passará por consulta para Acolhimento e Classificação de Risco.
4- Será encaminhada para consulta médica nas salas de exames que se encontram no 2º. Andar.
5- Será examinada pelo Tocoginecologista de plantão ou Médicos Residentes e Internos de medicina sob
supervisão.
7- Poderá receber alta, ser internada no Serviço de Gestação de Alto Risco, ser internada nas enfermarias, ou ser
encaminhada ao Pré-parto.
8- Quando necessário poderá ser encaminhada à UTI.

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Admissão

A paciente deve ser bem acolhida e orientada desde o primeiro atendimento. O motivo da internação deve
ser sempre bem caracterizado e explicado para a gestante.
 Anamnese dirigida + anamnese obstétrica completa
 Orientações sobre período e duração do trabalho de parto
 Condições do feto
 Procedimentos possíveis (analgesia, banho, ocitocina, amniotimia, epísio, fórcipe, indicação de cesárea).

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Fatores que contribuem para o atendimento
humanizado no TP e parto

A assistência humanizada deve ser iniciada antes da concepção (orientações pré-concepcionais), continuada
durante todo o pré-natal (exames, orientações sempre visando o melhor para o binômio) e trabalho de parto e o
parto constituem o ponto culminante desse acompanhamento.

 Fatores:
 Identificação da gestante e da equipe pelo nome
 Integração da equipe com a gestante e seus familiares
 Orientações durante todo o trabalho de parto (fase, condutas)
 Incentivar a presença de acompanhante
 Sempre que possível e não oferecer qualquer risco para o binômio

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Centro de Humanização e
Assistência ao Parto

1- A paciente receberá um leito e terá seu nome identificado na cabeceira.


2- Será colhida amostra de sangue para tipagem sanguínea, VDRL e teste rápido para HIV e hemograma.
3- Poderá permanecer na posição que achar melhor, terá acesso a acento ativo para parto, e serão amparadas pelo
acompanhante para mudanças de posição (flexão, alongamento e cócoras).
4- Poderá receber líquido.
5- Poderá tomar banhos para relaxamento.
6- Não será submetida à tricotomia nem enteroclisma, apenas quando desejar.
7- Permanecerá com acompanhante de sua escolha durante todo o trabalho de parto e parto se assim o desejar.

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Centro de Humanização e
Assistência ao Parto

8- A paciente e o acompanhante receberão informações verbais e escritas da equipe para que possa ajudar na
evolução do parto de forma correta e mais efetiva.
9- Receberá orientação sobre respiração e poderá ser submetida a massagem executada pelos acompanhantes,
contará com equipamentos antiestresse, massageadores, óleos, bolsa de água quente, chuveiros.
10- Receberá apoio empático e emocional de toda a equipe de saúde.
11- Receberá analgesia de parto de acordo com sua resposta aos métodos não farmacológicos de alívio a dor e
caso assim o deseje.
12- A paciente realizará avaliação do bem-estar fetal através de Cardiotocografia.
13- Terá seu trabalho de parto monitorado pelo partograma.
14- Terá acompanhamento multidisciplinar com atenção especial da equipe de Fisioterapeutas.
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Centro de Humanização e
Assistência ao Parto

 Preparo da parturiente:
*tricotomia e enteroclisma não fazem parte da rotina

 Amniotomia:
 momento oportuno (6-8 cm)
 + distócia funcional OU por hipoatividade: precocemente

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Exame físico geral

 Estado geral
 Sinais específicos:
 Mucosa
 Temperatura
 Pulso
 Pressão arterial
 Ausculta cardíaca e pulmonar

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Exame Obstétrico

 Altura uterina
 Palpação fetal (apresentação e localização do dorso)
 Ausculta dos BCF durante e apos as contrações uterinas.
 Exame de toque:
 Estéril
 Posição, esvaecimento e dilatação
 Bolsa amniótica (integra/rota)
 Apresentação, altura
 Eventualmente presença do cordão umbilical (prolapso ou lateroincidência)
 Bacia obstétrica (angulo subpúbico, conjugado obstétrico, curvatura do sacro e espinhas ciática.
 Amnioscopia 15
Serviço de Gestão de Alto Risco

1- A paciente receberá um leito e terá seu nome identificado na cabeceira.


2- Será acompanhada pelos médicos responsáveis através de visitas diárias.
3- Será acompanhada pela equipe de Enfermagem.
4- As Enfermeiras farão pré e pós-consultas com objetivo de passarem informações enfatizando o seu
diagnóstico, tratamento e os seus riscos.
5- As enfermeiras serão responsáveis por passarem informações sobre aleitamento materno.
6- As pacientes serão avaliadas e assistida em caráter multidisciplinar.
7- Todas as pacientes terão alta com consultas agendadas para a especialidade pertinente.
8- Todas as pacientes poderão ficar com acompanhantes e estes receberão informações dos médicos e da equipe
de enfermagem.
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Sala de Parto

1- Dará à luz na Sala de Parto dentro do CO, com privacidade e com acompanhante, se desejar, tendo a sua
disposição analgesia sob os cuidados da equipe médica.
2- A cesariana será realizada no Centro Obstétrico e com acompanhante, se desejar.
3- Após o parto ela ficará na sala de recuperação pós-anestésica do centro obstétrico onde permanecerão com o
RN.
4- O parto será realizado sem episiotomia. A episiotomia só será realizada quando houver risco de danos as
estruturas maternas e fetais sempre após informação e consentimento da parturiente.
5- O RN será colocado nos primeiros trinta minutos para mamar.
6- O binômio mãe-bebê será mantido em contato pele a pele durante todo o tempo, exceto em casos de
contraindicação médica.
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Acompanhamento do trabalho de parto

 Alimentação sem resíduo até 2 horas antes do parto


 Acompanhante (ouvir, apoiar, massagear e confortar a parturiente)
 Dinâmica uterina avaliada a cada 30 minutos
 BCF a cada 30 minutos no primeiro período e a cada 15 minutos no segundo período
*se mecônio ou gestação de alto risco: monitorização contínua ou eletrônica intermitente
 Toque vaginal: a cada 1 ou 2 horas (estéril)
 Avaliação da micção (necessidade de cateterização vesical)

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Posição durante o primeiro período

 Primeiro período (fase de dilatação): posições confortáveis para o momento


 Evitar decúbito dorsal horizontal se deitada.
 Decúbito lateral: maior intensidade e frequência de contrações
 Deambulação permitida se as condições permitirem e membranas íntegras

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Assistência ao segundo período

 Segundo período (fase de expulsão)


 Posição: semi-sentada, apoio de panturrilha na perneira ou sentada com apoio de pé
 Não posicionar precocemente
 (Nascimento ideal em 5 contrações efetivas após posicionamento)
 Sondagem vesical de alívio sempre que necessário

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Assistência ao segundo período

 Episiotomia de forma seletiva (indicação: parto fórcipe, distócia de ombro e possibilidade de lesão perineal
extensa)
 Desprendimento do polo cefálico: utilizar mão direita para proteger o períneo e mão esquerda força a flexão
cefálico.
 Remover circulares prontamente pela nuca e se necessário seccionar o cordão umbilical entre duas pinças
 RN VIGOROSO: seco com compressas e colocado sobre o abdome ou braços da mãe.
 Clampeamento do cordão quando cessam os batimentos
*mecônio ou hipotonia: entregue imediatamente ao neonatologista.

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Assistência ao terceiro período

 Terceira fase (fase de dequitação)


 Evitar tração excessiva do cordão e compressão fúndica do útero
 Tração controlada do cordão e pressões repetidas acima da sínfese púbica.
 Manobra de Freund (facilitar a descida da placenta) e manobra de Jacobs (completo descolamento)
 Após dequitação: 10 UI de ocitocina em 500 ml de SG 5% ou Ringer.
 Exame da placenta e das membranas (em caso de dúvida: explorar cavidade uterina)
 Assistência pós dequitação:
 Revisão sistemática do colo uterino, paredes e dos fundos de saco vaginal
 Episiorrafia

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Analgesia

 Métodos não farmacológicos: deambulação, massagem, banho de chuveiro, orientação respiratória e


relaxamento
 Analgesia farmacológica: quando a paciente manifestar dor ou desconforto com as contrações. A dilatação
cervical é útil para avaliar l tipo de analgesia (continua ou combinada)

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Controle da dor no trabalho de parto

 Fisiologia: inervação uterina pelo SNS a nível de T10AL1, N. Pudendo de S2 a S4 (perineal)


 Método psicoprofilático: exercício físico + respiratório
 Acupuntura
 Estimulação elétrica transcutânea: de T10 a S4
 Fármacos: meperidina (alterações fetais de até 48 horas)
 Bloqueio do pudendo + cutâneo posterior da coxa: facilita a EMLD, palpa-se a espinha ciática, fazer um botão
cutâneo de anestésico local entre a vulva e a tuberosidade isquiática, c/ uma agulha de 8 a 12 cm em direção ao ísquio
até a tuberosidade isquiática, injetar 5 a 10 ml de lidocaína
 Analgesia peridural

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Recuperação

1- A paciente permanecerá com acompanhante e será encaminhada para a enfermaria após observação, sendo
liberada pela equipe de Anestesiologia em caso de procedimentos cirúrgicos.
2- Receberá informações quanto aos cuidados pós-parto e aleitamento materno

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Alojamento Conjunto

1- A paciente ficará em regime de Alojamento Conjunto com aleitamento materno exclusivo sobre livre
demanda.
2- Receberá da equipe de enfermagem orientação sobre aleitamento, cuidados puerperais e planejamento
familiar.
3- Terá consultas agendadas com especialidades médicas caso seja necessário.
4- Terá alimentação enriquecida e em horários flexíveis para garantir alimentação para as clientes que deram à
luz na madrugada.
5- Receberá altas hospitalares com aproximadamente 48 horas após o parto normal e cesariana, segundo decisão
médica.
6- Receberá questionário de satisfação.

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Referências

 ZUGAIB, Marcelo; BITTAR, Roberto Eduardo; FRANCISCO, Rossana Pulcineli Vieira. Protocolos
assistenciais, clínica obstétrica, FMUSP. [S.l: s.n.], 2016.
 FEBRASGO. Tratado de Obstetrícia – Fernandes et. al. Revinter, 2018.
 Rotinas de Obstetrícia: Santa Casa de Araras. 2020.

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