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Alojamento conjunto

Alojamento conjunto é um sistema hospitalar em que o recém-nascido sadio, logo após o nascimento,
permanece ao lado da mãe, 24 horas por dia, num mesmo ambiente, até a alta hospitalar. Tal sistema
possibilita a prestação de todos os cuidados assistenciais, bem como a orientação à mãe sobre a saúde do
binômio mãe e filho. No início do século XX o alojamento conjunto começou a se disseminar para reduzir o
manuseio do RN por pessoas desconhecidas, diminuir a quantidade de visitas e diminuir a contaminação
do RN.
Nos anos 40, alguns pediatras e psiquiatras fizeram estudos e notaram que o alojamento conjunto
aumenta o vínculo entre mãe e filho, diminui os riscos de distúrbios psicológicos maternos e do RN. Foi
confirmado que a separação do RN da mãe ao nascer tem repercussões negativas no desenvolvimento do
recém-nascido. Antigamente ao nascer os RNs iriam para o berçário e ficariam separados das mães, hoje
em dia essa prática foi abolida. O Alojamento conjunto tem por objetivo humanizar o nascimento,
promover o aleitamento materno mais eficaz, aproximar o bebê mais a mãe. A portaria número 1016, de
26 de agosto de 1993, decidiu a aprovação dessas normas básicas para implantar esse sistema do
alojamento conjunto em todo o território nacional.
Vantagens do alojamento conjunto
A permanência do recém-nascido sadio com sua mãe, com a prática de ações que configuram o sistema
conhecido como "Alojamento Conjunto", tem por vantagens:
a) estimular e motivar o aleitamento materno, de acordo com as necessidades da criança, tornando a
amamentação mais fisiológica e natural. A amamentação precoce provoca a contração do útero e de
seus vasos, atuando como profilaxia das hemorragias pós-parto;
b) favorecer a precocidade, intensidade, assiduidade do aleitamento materno, e sua manutenção por
tempo mais prolongado;
c) fortalecer os laços afetivos entre mãe e filho, através do relacionamento precoce;
d) permitir a observação constante do recém-nato pela mãe, o que a faz conhecer melhor seu filho e
possibilitar a comunicação imediata de qualquer anormalidade;
e) oferecer condições à enfermagem de promover o treinamento materno, através de demonstrações
práticas dos cuidados indispensáveis ao recém-nascido e à puérpera;
f) manter intercâmbio biopsicossocial entre a mãe, a criança e os demais membros da família;
g) diminuir o risco de infecção hospitalar;
h) facilitar o encontro da mãe com o pediatra por ocasião das visitas médicas para o exame do recém-
nascido, possibilitando troca de informações entre ambos;
i) desativar o berçário para recém-nascidos normais, cuja área poderá ser utilizada de acordo com outras
necessidades do hospital.
O estatuto da criança estabeleceu que os hospitais e todos os estabelecimentos de saúde da gestante,
públicos ou particulares, são obrigados a manter o alojamento conjunto possibilitando ao RN permanecer
junto da sua mãe. No brasil já vem sendo implantado desde 1970 (desde o início do estatuto).
Critérios de admissão no alojamento conjunto:
Mães:
Na ausência de patologia que impossibilite ou contra-indique o contato com o recémnascido.
Recém-Nascidos:
Com boa vitalidade, capacidade de sucção e controle térmico, a critério de elemento da equipe de saúde.

Considera-se com boa vitalidade os recém-nascidos com mais de 2 quilos, mais de 35 semanas de
gestação e índice de APGAR maior que 6 no 5° minuto. Em caso de cesariana, o filho será levado
para perto da puérpera entre 2 a 6 horas após o parto, respeitando as condições maternas.

Critérios de exclusão do Alojamento conjunto


Os bebês que necessitarem de cuidados especiais devem estar enquadrados nos critérios de exclusão para
o alojamento conjunto, logo devem ser encaminhados para cuidados intermediários ou para a UTI
neonatal.
Critérios de exclusão
- Appgar menor que 7 nos 5 minutos
- Prematuro menor que 35 semanas
- Necessidade de suporte respiratório
- Mal formação grave que pode levar a óbito
- Icterícia precoce, doença hemolítica que necessitam de cuidados mais avançados (UITneo)
- Detecção de qualquer infecção ou afecção
- Se a mãe rejeitar o RN
- RN com menos de 2 Kg
O alojamento conjunto será interrompido caso a mãe apresente alguma intercorrência obstétrica no
puerpério que impeça ela de cuidar do recém-nascido, ou que tenha o risco de afetar o bem-estar desse
Recém-nascido
- Necessidade de fazer exames no RN
- Se o RN não puder ficar no alojamento conjunto a mãe não deve ficar lá, ela deve ficar em um quarto
separado, pois ver as outras mães com os bbs no alojamento conjunto e ela sem o RN dela pode acabar
causando uma depressão pós parto.

Recursos humanos para a implantação d alojamento conjunto


Se faz necessário uma equipe multidisciplinar treinada para cuidar dos recém nascidos, treinados e
aleitamento materno para orientar a mãe, com capacidade de transmitir para a mãe e para a família s
ensinamentos sobre os cuidados que devem ser adotados com o bebê. Devemos ter 1 pediatra para cada
20 bebês.

Enfermagem Médicos Outros profissionais


1 enfermeiro para 30 binômios 1 obstetra para 20 mães assistente social
1 auxiliar para 8 binômios 1 pediatra para 20 crianças Psicólogo, nutricionista

Recursos Físicos
2.1. Os quartos e/ou enfermarias devem obedecer a certo padrão, com tamanho adequado para acomodar
a dupla mãe-filho, sendo a área convencionalmente estabelecida de 5m2 para cada conjunto leito
materno/berço.
2.2. De acordo com as disponibilidades locais, poderá haver modificação dessa metragem no sentido de
dar prioridade ao alojamento conjunto.
2.3. O berço deve ficar com separação mínima de 2 m do outro berço.
2.4. Objetivando melhor funcionamento, o número de duplas mãe-filho por enfermaria deverá ser de no
máximo
6. 2.5. As acomodações sanitárias serão estabelecidas de acordo com as normas de construção hospitalar
do Ministério da Saúde.
3. Recursos Materiais
3.1 - Na área destinada a cada binômio mãe e filho, serão localizados: cama, mesinha de cabeceira, berço
de acrílico, cadeira (para amamentação) e material de asseio.
3.2 - Para cada enfermaria são necessários 1 lavatório e um recipiente com tampa para recolhimento da
roupa usada.

Art. 8º O serviço de saúde responsável pelo Alojameno Conjunto deverá dispor dos seguintes
equipamentos, materiais e medicamentos para atendimento à mulher e ao recém-nascido:

I - berço de material de fácil limpeza, desinfecção e que permita a visualização lateral;

II -bandeja individualizada com termômetro, material de higiene e curativo umbilical;

III - estetoscópio clínico e esfigmomanômetro;

IV - balança;

V - balança para recém-nascido;

VI - régua antropométrica e fita métrica inelástica de plástico;

VII - aparelho de fototerapia, um para cada 10 berços;

VIII - oftalmoscópio;

IX- otoscópio;

X- aspirador com manômetro e oxigênio;

XI - glicosímetro;

XII - analgésicos, anti-inflamatórios, antibióticos, anti-hipertensivos e outras medicações de uso comum no


puerpério e no período neonatal; e
XIII - material de emergência para reanimação, um para cada posto de enfermagem, composto por
desfibrilador, carro ou maleta contendo medicamentos, ressuscitador manual com reservatório, máscaras,
laringoscópio completo, tubos endotraqueais, conectores, cânulas de Guedel e fio guia estéril, apropriados
para adultos e recémnascidos. O carro ou maleta de emergência pode ser único para atendimento
materno e ao recém-nascido.

Segundo a portaria do ministério da saúde o bebê sadio deve permanecer no alojamento por no mínimo
48 horas ou mais.

Art. 9º A alta da mulher e do recém-nascido deverá ser realizada mediante elaboração de projeto
terapêutico singular, considerando-se, para o tempo de alta, as necessidades individuais.

Parágrafo único. Recomenda-se a permanência mínima de 24 horas em Alojamento Conjunto, momento a


partir do qual a alta pode ser considerada, desde que preenchidos os critérios abaixo listados:

I - puérpera: (i) em bom estado geral, com exame físico normal, sem sinais de infecção puerperal/sítio
cirúrgico, com loquiação fisiológica; (ii) sem intercorrências mamárias como fissura, escoriação,
ingurgitamento ou sinais de mastite, e orientada nas práticas de massagem circular e ordenha do leite
materno; (iii) com recuperação adequada, comorbidades compensadas ou com encaminhamento
assegurado para seguimento ambulatorial de acordo com as necessidades; (iv) bem orientada para
continuidade dos cuidados em ambiente domiciliar e referenciada para Unidade Básica de Saúde (retorno
assegurado até o 7º dia após o parto); (v) estabelecimento de vínculo entre mãe e bebê; (vi) com
encaminhamento para unidade de referência para acesso a ações de saúde sexual e reprodutiva e escolha
de método anticoncepcional, caso a mulher não receba alta já em uso de algum método contraceptivo, ou
para seguimento pela atenção básica da prescrição ou inserção de método pela equipe da maternidade;

II - recém-nascido: (i) a termo e com peso adequado para a idade gestacional, sem comorbidades e com
exame físico normal. (ii) com ausência de icterícia nas primeiras 24 horas de vida; (iii) com avaliação de
icterícia, preferencialmente transcutânea, e utilização do normograma de Bhutani para avaliar a
necessidade de acompanhamento dos níveis de bilirrubina quando necessário; (iv) apresentando diurese e
eliminação de mecônio espontâneo e controle térmico adequado; (v) com sucção ao seio com pega e
posicionamento adequados, com boa coordenação sucção/deglutição, salvo em situações em que há
restrições ao aleitamento materno; (vi) em uso de substituto do leite humano/formula láctea para
situações em que a amamentação é contra-indicada de acordo com atualização OMS/2009 "Razões
médicas aceitáveis para uso de substitutos do leite".

III - revisão das sorologias da mulher realizadas durante a gestação ou no momento da internação para o
parto, assim como investigação de infecções congênitas no recém-nascido, conforme necessidade. Entre as
sorologias, merecem destaque: sífilis, HIV, toxoplasmose e hepatite B. Outras doenças infectocontagiosas,
como citomegalovírus, herpes simplex e infecções por arbovírus deverão ser investigadas se houver
história sugestiva durante a gestação e/ou sinais clínicos sugestivos no recém-nascido;

IV - realização de tipagem sanguínea, Coombs da mãe e do recém-nascido, quando indicado;

V - oximetria de pulso (teste do coraçãozinho) e Triagem Ocular (Teste do Reflexo Vermelho ou teste do
olhinho) realizados; Triagem Auditiva (teste da orelhinha) assegurada no primeiro mês de vida e Triagem
Biológica (teste do pezinho) assegurada preferencialmente entre o 3º e 5º dia de vida;

VI - avaliação e vigilância adequadas dos recém-nascidos para sepse neonatal precoce com base nos
fatores de risco da mãe e de acordo com as diretrizes atuais do Ministério da Saúde para a prevenção de
infecção pelo estreptococo do grupo B;
VII - a mãe, o pai e outros cuidadores devem ter conhecimento e habilidade para dispensar cuidados
adequados ao recémnascido, e reconhecer situações de risco como a ingestão inadequada de alimento, o
agravamento da icterícia e eventual desidratação nos primeiros sete dias de vida;

VIII - avaliação do serviço social para os fatores de risco psíquicos, sociais e ambientais, como o uso de
drogas ilícitas, alcoolismo, tabagismo, antecedentes de negligência, violência doméstica, doença mental,
doenças transmissíveis e situações de vulnerabilidade social;

IX - agenda com a Atenção Básica, o retorno da mulher e do recém-nascido entre o terceiro e o quinto dia
de vida (5º Dia de Saúde Integral); e

X - preenchimento de todos os dados na Caderneta da Gestante e na Caderneta de Saúde da Criança.

A academia americana de pediatria definiu que a alta precoce é aquela que ocorre antes de 48 horas de
vida e a alta muito precoce é aquela que ocorre dentro das primeiras 24 horas de vida. O departamento de
neonatologia da Sociedade brasileira de pediatria recomenda a alta dos recém nascidos a termo, estáveis e
sem intercorrências, somente após 48 horas de vida.

Cuidados

O bebê deve ficar junto da mãe em decúbito dorsal com a cabeça lateralizada. O colchão do berço de
acrílico deve ser de material impermeável e o berço deve ser de acrílico, para que além de berço funcionar
como banheira para o RN. A avaliação e controle dos sinais vitais tanto da criança quanto da mãe. Deve ser
feito pela enfermagem, na chegada do RN ao centro obstétrico, avaliar de 6 em 6 horas (FC, FR, padrão
respiratório, temperatura, cianose, eliminações fisiológicas, pesagem (o RN pode perder até 10 % do peso,
porém se perder 7% nas primeiras 48 horas é um achado que precisamos ficar alertas, logo temos que
calcular quanto de peso esse bebe está perdendo).

A primeira manipulação do bb deve ser feita pelo profissional da saúde (primeiro banho), água morna,
sabão neutro, devemos eliminar resquícios de sangue, mecônio, o vernix não pode ser esfregado para
retirar pois pode machucar o bebê, devemos esperar ele ir saindo naturalmente aos poucos.

Nem para todos os bebes iremos recomendar limpar o umbigo do RN com álcool 70% ou clorexidina
alcoolica após os banhos e cada troca de fralda. Porém na SBP ocorreu uma mudança recente de que o
álcool 70% não deve ser usado.

Não enrolar nada no umbigo, nem faixa, nem curativo, nem nada! Para evitar contaminação com urina,
fezes e evitar infecção do umbigo.

Usar fralda, de preferência fralda descartável. A troca deve ser sempre acompanhada de lavagem da região
genital, não usar lencinho em casa, só quando sair pra rua, em casa sempre lavar no lugar do lencinho pra
não deixar a região húmida.

Sempre que fizer 1 coco já tem que trocar. Não pode usar talco, pomada de assadura pode. Não usar
creme, hidratante nem óleo na pele do bebe.

O primeiro exame físico do neném é feito na sala de parto. O primeiro exame físico deve ser realizado nas
primeiras 4 horas de vida. Realizar um novo exame físico com 6 horas de vida.

Avaliar pela idade gestacional e peso se o baby é AIG, PIG ou GIG. A partir de 12 horas de vida devo fazer
uma avaliação física para estimar a idade correta gestacional.
Nos recém nascidos com baixo peso de nascimento, monor que 2,5 Kg, ou com peso de nascimento acime
de 3,750 Kg eu não preciso aguardar 12 horas de vida para realizar os exames laboratoriais ou outras
condutas. Ex: Bebê Gig posso fazer a destro por suspeita de hipoglicemia, não sendo necessário esperar 12
horas para realizar o exame laboratorial.

Dar peito sempre que o bebe chorar, livre demanda. Se o RN dormir de mais, tirar um pouco do agasalho
(se tiver muito agasalhado) e dar de mamar.

Critérios de alta hospitalar

- Evolução pré intra e pós parto sem complicação para mãe ou para o RN

- Se os sinais do RN estiverem normais e estáveis 12 horas antes da alta (FR menor que 60; FC entre 100 e
160; temperatura axilar de 36 a 37,5; tá com vestimenta adequada; tem diurese e eliminação de mecônio;
bebê está hábil para sugar e respirar quando é amamentado; exame físico não apresenta anormalidade;
não tem icterícia nas primeiras 24 horas de vida; foi dada orientação pela equipe treinada sobre como são
os cuidados rotineiros que o RN deve ter)

- A mãe não está tendo dificuldade para amamentar e foi orientada com técnicas de ordenha caso
necessite

- Os exames laboratoriais foram revisto e todas as sorologias estão normais

- Tipagem sanguínea, é negativa ou positiv, tem compatibilidade com a mãe? A mãe precisa realizar
matergan? Coletar o sague do cordão umbilical para saber a tipagem sanguínea do bebê.

- Vacinar contra hepatite B nas primeiras 12 horas de vida e a BCG antes da alta hospitalar

- Entregar declaração de nascido vivo para que a mãe possa registrar o bebê, cartão de vacina do bebê com
todos os dados de nascimento, cartão de alta do RN

- Encaminhamento para agendar a primeira consulta de puericultura

- Pedir teste do pezinho, da orelhinha, do olhinho, do coraçãozinho. O teste da linguinha é só particular, o


SUS não cobre.

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