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NÚCLEO DE SAÚDE
CURSO DE NUTRIÇÃO
Guarulhos - SP
Novembro,2023
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 4
2. JUSTIFICATIVA .................................................................................................... 6
3. OBJETIVOS.......................................................................................................... 8
4. METODOLOGIA ................................................................................................... 9
6. DISCUSSÃO....................................................................................................... 18
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 20
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1. INTRODUÇÃO
O autismo representa uma síndrome comportamental que abrange
dificuldades nas áreas ligadas à comunicação, abrangendo tanto a verbal quanto a
não verbal, além de afetar o comportamento geral e o desenvolvimento
neuropsicológico (ORRÚ, 2009; QUEIROZ et al., 2018). Os distúrbios dentro do
espectro autista geralmente se manifestam na infância e têm a tendência de persistir
até a adolescência e a idade adulta. A prevalência é mais alta em meninos,
ocorrendo numa proporção de 3,5 a 4,0 homens para cada mulher (MOREIRA,
2019).
À medida que algumas crianças amadurecem, observa-se uma melhora em
suas condições, possibilitando uma vida comum. Apesar da ausência de uma cura
para o autismo, há uma gama de tratamentos disponíveis que trazem benefícios aos
indivíduos afetados. Os principais objetivos dessas intervenções são a redução dos
sintomas comportamentais, permitindo que algumas crianças alcancem um
desenvolvimento impressionante na linguagem e conquistem independência.
Notavelmente, nenhum medicamento se mostrou eficaz para tratar o transtorno do
espectro autista (SILVA et al., 2021; QUEIROZ et al., 2018).
Quanto mais cedo o diagnóstico for feito e as intervenções terapêuticas,
incluindo medicamentos quando necessários, forem iniciadas, maiores serão as
chances de um desenvolvimento saudável. Esse início precoce é crucial para
garantir a qualidade de vida da criança (PAIVA; GONÇALVES, 2020).
Após o diagnóstico, é de suma importância que tanto a criança quanto seus
responsáveis recebam apoio de uma equipe multidisciplinar que inclua profissionais
como nutricionistas. A nutrição desempenha um papel significativo como uma das
opções de intervenção para esse transtorno, contribuindo para a redução de
sintomas comportamentais e problemas gastrointestinais (PAIVA; GONÇALVES,
2020; CAMPELLO et al., 2021).
O Transtorno de Processamento Sensorial, também conhecido como
Disfunção de Integração Sensorial, é caracterizado como a incapacidade do sistema
nervoso central em efetivamente modular, distinguir, organizar e coordenar as
sensações provenientes do corpo e do ambiente, de acordo com a definição de Jean
Ayres, uma Terapeuta Ocupacional e Neurocientista renomada que desenvolveu a
Teoria de Integração Sensorial (SOUZA e NUNES, 2019).
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2. JUSTIFICATIVA
A seletividade alimentar em indivíduos no espectro autista é um tema de
grande relevância e interesse, que merece uma análise aprofundada devido às
implicações significativas que essa questão tem na qualidade de vida e no
desenvolvimento desses indivíduos. Neste contexto, a justificativa para explorar
esse tema está embasada em várias razões importantes:
3. OBJETIVOS
4. METODOLOGIA
Foi conduzida uma busca por artigos no período de agosto e setembro de
2023 em diversas bases de dados eletrônicas, incluindo a Literatura Latino
Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Scielo, Pubmed e
Cochrane. Essa pesquisa teve como foco principal a identificação de estudos
publicados que abordassem a seletividade alimentar e as alterações sensoriais em
crianças com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA).
Os descritores utilizados para essa busca foram os seguintes: "autismo" ou
"transtorno do espectro do autismo", "transtorno do processamento sensorial" ou
"disfunções de integração sensorial" ou "alterações sensoriais", "dificuldades
alimentares" ou "problemas alimentares" ou "seletividade alimentar", e suas
respectivas traduções em inglês, combinados. Os idiomas considerados na pesquisa
foram o português e o inglês. O período de publicação dos artigos selecionados
abrangeu os últimos 10 anos, ou seja, de setembro de 2009 a novembro de 2019.
Foram estabelecidos critérios de exclusão para a seleção dos artigos, os
quais incluíram: estudos que não abordassem questões relacionadas a alterações
sensoriais e/ou alimentares em indivíduos com TEA; estudos relacionados à
Síndrome de Rett (uma condição distinta do TEA de acordo com o DSM-V) ou outros
diagnósticos diferentes; estudos focados exclusivamente em aspectos nutricionais
dos problemas alimentares; pesquisas que não considerassem as questões
sensoriais no tratamento da seletividade alimentar em crianças com TEA. Além
disso, foram excluídas revisões bibliográficas e estudos que não estavam
disponíveis integralmente na Internet.
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5. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Talukdar, Deba e Singh, (2023) expõem que cada indivíduo com Transtorno
do Espectro Autista (TEA) experimenta o transtorno de maneira única, já que não há
um padrão definido de sinais e sintomas. Todos os autistas possuem suas próprias
características individuais, podendo apresentar sintomas mais evidentes ou mesmo
sintomas que nem sempre são facilmente perceptíveis. Com o tempo, foi observado
que existem diferentes graus de afetação e manifestações comportamentais
variadas. Foi assim que surgiu o conceito de transtornos do espectro do autismo,
reconhecendo a diversidade de espectros em que cada indivíduo portador se
encaixa de acordo com suas particularidades.
comportamento das crianças com TEA era visto às vezes como uma estratégia para
consumir apenas os alimentos de sua preferência, com reações exageradas aos
alimentos novos ou não preferidos, como náusea, vômito, resistência e recusa, às
vezes de maneira agressiva.
É importante notar que crianças com TEA têm cinco vezes mais chances de
apresentar problemas alimentares do que aquelas que não têm o transtorno. Esses
problemas muitas vezes estão associados ao consumo frequente de alimentos
ultraprocessados e aos padrões comportamentais mencionados anteriormente, que
impactam as refeições. Essas condições podem resultar em uma dieta pouco
variada e, consequentemente, aumentar o risco de deficiências nutricionais.
(ZULKIFLI. et al, 2022)
crianças de forma rigorosa para garantir uma nutrição adequada (ALMEIDA et al.,
2018).
Para que uma criança permita a inclusão de novos alimentos em sua dieta, é
um processo gradual que envolve etapas como explorar visualmente o alimento,
cheirá-lo, tocá-lo, prová-lo e, por fim, comê-lo. A criança deve aprender a associar a
alimentação com segurança, o que é fundamental para promover o desenvolvimento
sensorial e a aceitação de novos alimentos (OLIVEIRA; SOUZA, 2022).
6. DISCUSSÃO
Os estudos que se concentraram especificamente nos aspectos sensoriais
em crianças com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) investigaram os padrões
sensoriais dessa população. McCormick e colaboradores (2016) observaram uma
maior incidência de sintomas relacionados à sensibilidade ao paladar e olfato, bem
como à filtragem auditiva, e esses sintomas foram associados a problemas
alimentares e déficits sociais. Ausderau et al. (2014) identificaram quatro categorias
comportamentais de respostas sensoriais - hiporresponsividade,
hiperresponsividade, busca sensorial e percepção aprimorada - mas notaram que
esses padrões variavam consideravelmente, relacionando a hiperresponsividade a
maior gravidade no autismo. Kirby, White e Baranek (2015) estabeleceram
correlações entre o aumento da tensão objetiva, evidenciado pelo impacto
observável na vida do cuidador, e da tensão subjetiva internalizada, ou seja, os
sentimentos negativos, com a hiperresponsividade também. (AUSDERAU & COLS.,
2014; KIRBY, WHITE E BARANEK, 2015; MCCORMICK E COLS., 2016)
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
É evidente que a relação entre o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA),
comportamentos alimentares restritivos e alterações sensoriais é complexa e
multifacetada. O entendimento desses elementos é crucial para garantir o bem-estar
das crianças com TEA e promover sua qualidade de vida. Foi observado que as
alterações sensoriais desempenham um papel significativo na seletividade alimentar,
e os padrões sensoriais variam amplamente entre os indivíduos com TEA. Isso
destaca a importância de uma abordagem individualizada no tratamento e na terapia
nutricional, considerando as necessidades específicas de cada criança. Além disso,
a influência de fatores sociais, culturais e econômicos não pode ser subestimada. O
ambiente familiar desempenha um papel fundamental na construção dos hábitos
alimentares das crianças com TEA. Portanto, a intervenção deve considerar não
apenas a criança, mas também a dinâmica familiar e os recursos disponíveis.
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