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FÓRMULAS INFANTIS

Prof. Me. Monique Lima dos Santos Cotias


Indicação e uso :
INTRODUÇÃO
1. Substituto ou complemento do leite materno para
crianças cujas mães não têm leite ou estão
momentaneamente impossibilitadas de amamentar.

2. Substituto do leite materno quando este for


contraindicado, como nos casos das infecções
causadas por retrovírus, como HIV, e por alguns erros
inatos do metabolismo.

3. Complementação do leite materno para recém-


nascidos que não estão ganhando peso da forma
adequada.
INTRODUÇÃO
Até início do século XIX a maioria das crianças eram
amamentadas;

Primeiras tentativas de alimentação dos RN com leite de


vaca – Alto índice de mortes;

Uso de “amas-de-leite”;
INTRODUÇÃO
 Com a revolução industrial e a inserção da mulher no
mercado de trabalho houve a necessidade de substitutos
para o leite materno;

 Surgimento das fórmulas infantis;

1915 - Desenvolvida a primeira fórmula em pó


contendo leite de vaca desnatado, lactose e óleo vegetal.
INTRODUÇÃO
O grande apelo da indústria favoreceu a desvalorização do leite materno e o
consequente aumento da utilização das fórmulas infantis.

Com o aumento indiscriminado do uso de fórmulas industrializadas, surgiram diversos


problemas nutricionais. Casos de deficiência de vitamina A, K, tiamina, ácido fólico,
vitmina B6, vitamina C, piroxidoxina e iodo foram registrados.

Começaram a ser elaboradas normas visando regulamentar a composição nutricional


desses produtos.
INTRODUÇÃO
O Brasil regulamentou, em 1998, por meio de Portaria da Secretaria de Vigilância
Sanitária (MS no 977) - Regulamento Técnico referente às fórmulas infantis para
lactentes e às fórmulas infantis de seguimento;

Tendo como referência o Codex Alimentarius de 1984 e a Norma Brasileira para


Comercialização de Alimentos para Lactentes, de 1992.

Resolução no 31/1992 (BRASIL, 1992, 1998).


CONCEITO “Fórmulas infantis para lactentes” são alimento processados,
concebido e comercializado para a alimentação de crianças
até um ano de idade, neste grupo estão às fórmulas para
lactentes até seis meses de idade e as denominadas fórmulas
de seguimento também para lactentes maiores de seis meses
e/ou crianças de primeira infância conforme a necessidade.

Resolução RDC nº45, de 19 de setembro de 2011


CARACTERÍSTICAS NUTRICIONAIS
São encontradas na forma líquida ou em pó, processadas a partir do
leite de vaca ou de outros animais ou ainda, de outros constituintes
animais (Ex: peixe) ou vegetal (soja).
Soja
Fórmulas industrializadas: Adição de metionina  Custo elevado, pouco palatável;
Leite de cabra
Composição centesimal similar ao de vaca;
Maior: Cálcio e lipídios;
Custo 5 vezes maior que o leite de vaca Indicação em situações especiais
CARACTERÍSTICAS NUTRICIONAIS
Leite de vaca

Mais utilizados nas fórmulas infantis;


Elevado teor de proteínas e eletrólitos;
Mais caseína e menos Ácid.graxos poliinsaturadis;
Inadequada biodisponibilidade do ferro;

Adaptações para tornar mais digerível e absorvível


CARACTERÍSTICAS NUTRICIONAIS
Energia
 Deve suprir 60 a 85 Kcal/100 ml

Proteínas

 O teor mínimo de proteína deve ser de 1,8 g para cada 100 kcal; o máximo
deve ser 3 g por 100 kcal;
 Desnaturação proteica formando proteínas que favorecem a digestão e a
absorção - Razão proteína/caseína que se assemelha à do leite materno (60:40);
 Acréscimo de proteínas do soro de leite (α-lactoalbumina)
CARACTERÍSTICAS NUTRICIONAIS
Carboidratos

 O conteúdo mínimo de carboidratos deve ser


de 9 g/100 kcal e o máximo de 14 g/100
kcal.

 Adição de lactose (exceto as isentas de


lactose) - teor mínimo de lactose nas fórmulas
de primeiro e segundo semestres deve ser de
4,5 g por 100 kcal;

 Outros – maltodextrina, sacarose e amido;


CARACTERÍSTICAS NUTRICIONAIS
Lipídeos
 O teor de gordura total deve variar de 4,4 a 6 g/100 kcal
 Não podendo ser utilizadas gorduras ou óleos hidrogenados.
 Origem vegetal – óleo de soja, canola, milho, girassol, palma, AG essenciais;

Vitaminas e minerais
 Seguem legislação vigente (Portaria 977/1998)
 Todas enriquecidas com ferro;
 Melhor relação Ca/P;
 Fórmulas com nutrientes imunomoduladores: Zn, Se, nucleotídeos, vitamina A
CLASSIFICAÇÃO
As fórmulas podem ser classificadas de acordo com a complexidade dos nutrientes
em

1. Poliméricas ou intactas;
2. Oligoméricas ou semielementares;
3. Monoméricas ou elementares.
CLASSIFICAÇÃO
Fórmulas poliméricas ou intactas: a criança deve ter preservadas as funções
digestivas e absortivas normais.

Essa fórmula é a primeira escolha para crianças com trato gastrintestinal


funcionante.
CLASSIFICAÇÃO
Fórmulas oligoméricas ou semielementares: Os macronutrientes estão hidrolisados,
ou seja, parcialmente digeridos, necessitando de função intestinal mínima para
absorção.

As proteínas estão quebradas em peptídeos (lactoalbumina ou caseína), os


carboidratos são oligos-sacarídeos (maltodextrina ou polímeros de glicose), e as
gorduras normalmente são triglicerídeos de cadeia média e óleos vegetais.

Essas fórmulas são indicadas para pacientes com alergias ou intolerâncias


alimentares.
CLASSIFICAÇÃO
Fórmulas monoméricas ou elementares: Os nutrientes estão presentes na forma
mais simples e de fácil absorção.

Proteínas estão hidrolisadas em aminoácidos, os carboidratos estão quebrados em


monossacarídeos (glicose, amido modificado), e o lipídio na forma de triglicerídeos
de cadeia média ou ácidos graxos essenciais.

As fórmulas monoméricas ou elementares são indicadas para crianças que não


toleram fórmulas hidrolisadas ou que têm alergias graves.
CLASSIFICAÇÃO

As fórmulas encontradas aqui no Brasil são subdivididas em:

1. Fórmulas infantis para lactentes


2. Fórmulas infantis de segmento para lactentes
3. Fórmulas de nutrientes para RN de alto risco
4. Fórmulas infantis de seguimento para crianças de primeira infância
5. Fórmulas infantis para necessidades dietoterápicas
FÓRMULAS INFANTIS PARA LACTENTES

Destinadas à alimentação de lactentes nos primeiros 6 meses de vida;

Composição semelhante ao LM;

São parcialmente desnatadas, desmineralizadas e acrescidas de óleo vegetal


e de vitaminas e ferro.
FÓRMULAS INFANTIS DE SEGMENTO PARA LACTENTES

Destinadas aos lactentes a partir dos 6 meses de vida;

Menos modificadas, mas adaptadas principalmente ao


teor proteico e a composição de gordura;

Acréscimo de vitaminas e ferro.


FÓRMULAS DE NUTRIENTES PARA RN DE ALTO RISCO

Destinadas a alimentação de RN prematuros < 34 semanas e muito baixo peso ou


apenas muito baixo peso (< 1.500g);

Composição planejada para atender as necessidades específicas do RH;

Teor proteico é mais elevado – acrescidas de alguns aa considerados essenciais ao


prematuro;

Algumas fórmulas são acrescidas de óleo de peixe


FÓRMULAS INFANTIS DE SEGUIMENTO PARA
CRIANÇAS DE PRIMEIRA INFÂNCIA
Destinadas à alimentação de crianças de 12 meses a 3 anos de idade.
FÓRMULAS INFANTIS PARA NECESSIDADES
DIETOTERÁPICAS
Destinadas a atender ás necessidades específicas decorrentes de alterações
fisiológicas e patológicas temporárias ou permanentes do lactente e de
crianças na primeira infância;
FÓRMULAS ISENTAS DE LACTOSE
• Mesmo padrão nutricional das fórmulas convencionais,

• Fonte de CHO é a maltodextrina substituindo a lactose;

INDICAÇÃO: intolerância à lactose, lesão do epitélio intestinal


(diarreia persistente, doença celíaca, DEP grave, PO de
cirurgias do TGI)

As formulas de soja tem sido incluída


FÓRMULAS DERIVADAS DA SOJA
São opções para caso de intolerância a lactose,
galactosemia e intolerância a proteína do LV;

Não é totalmente segura para alérgicos ao LV;

Deficiente de aa essenciais como metionina e cisteína

Recentemente alguns estudos apontam perigos relacionados ao consumo dessas fórmulas, quanto a
contaminação de alumínio e a presença de isoflavonas (fitoestrógenos)!
FÓRMULAS ANTIRREGURGITAÇÃO
São formulações mais espessas, tendo efeito benéfico no refluxo;

Troca de parte da lactose por amido de milho ou de arroz pré-


gelatinizado- açúcares que, ao entrarem em contato com o pH
ácido do estômago, sofrem gelatinização, proporcionando
maior consistência ao conteúdo gástrico e dificultando o
refluxo da fórmula ingerida.
FÓRMULAS DE PROTEÍNA EXTENSAMENTE
HIDROLISADAS
Visam reduzir ou eliminar a alergenicidade da proteína e
prevenir ou tratar a desordem alérgica;

São formulações completas, compostas por proteínas do


soro de leite parcialmente hidrolisadas pela ação da
tripsina.
FÓRMULAS PARA ERROS INATOS DO METABOLISMO R$769,99
R$1.417,99
Essas são fórmulas indicadas para
doenças metabólicas hereditárias
causadas por erros inatos do
metabolismo, em que há falta da
atividade de uma ou mais enzimas
específicas ou de defeitos no
transporte de proteínas.
R$2.021,99 R$ 311,99

Fenilcetonúria, Leuciniose (doença


do xarope de bordo), deficiência
de biotinidase, Acidemias
Orgânicas (Metilmalônica ou
Propiônica).
MÓDULOS
São fórmulas incompletas que fornecem nutrientes individuais, sem respeitar
proporções e quantidades adequadas não podem ser fonte exclusiva de
nutrição.

Úteis para o enriquecimento ou suplementação


Ex: Fibras, proteína, carboidrato, lipídio, vitaminas e minerais, glutamina
MÓDULOS
Módulos de proteína

Módulo de proteínas compostos por caseinato de cálcio


ou por proteína isolada do soro do leite .

Indicação: Para necessidades elevadas de proteína, como


câncer, desnutrição, cirurgia bariátrica, carência na
ingestão de proteína, por via oral ou sonda.
MÓDULOS
Módulos de carboidratos

Módulo de carboidratos composto por maltodextrina.


Substitui a sacarose
Aumenta o aporte calórico

Indicação: Para complementar a ingestão calórica por via oral ou sonda.


MÓDULOS
Módulo de glutamina

AA isolado
 Fonte de energia para enterócitos
 Efeito imunomodulador (controverso)
 Útil para suplementação proteica
MÓDULOS
Módulos de fibras:

Mix de fibras solúveis prebióticas contendo inulina, FOS e


polidextrose.

Indicação: Regularização do trânsito intestinal, equilíbrio


da flora intestinal.
COMO CALCULAR A OFERTA DAS FÓRMULAS ?
1º Passo: Calcular as necessidades energéticas
2º Passo: Escolher a fórmula
3º Passo: Determinar a capacidade gástrica e as medidas de fórmula
4º Passo: Calcular valor energético da mamadeira
5º Passo: Calcular número de mamadeira/dia
1º PASSO: CALCULAR AS NECESSIDADES
ENERGÉTICAS
1º PASSO: CALCULAR AS NECESSIDADES
ENERGÉTICAS
EX: Menina de 2 meses, 4kg,
saudável

NE = 101 Kcal/Kg/dia X 4 Kg

NE= 404 Kcal/dia


2º PASSO: ESCOLHER A FÓRMULA

Ex: Nestogeno 1
67 Kcal/100ml - 1 medida/ 30ml água
3º PASSO: DETERMINAR A CAPACIDADE GÁSTRICA
E AS MEDIDAS DE FÓRMULA
Varia 25 a 30ml/Kg/mamada

EX: 4 Kg X 30= 120ml

1 medida pó----- 30ml


X ------------120ml

X=4 medidas niveladas de pó


4º PASSO: CALCULAR VALOR ENERGÉTICO DA
MAMADEIRA
Ex: Nestogeno 1
67 Kcal/100ml - 1 medida/ 30ml água

Ex: 100ml = 67 Kcal


120ml = 80,4 Kcal
USO DO LEITE DE VACA
A Associação Americana de Pediatria e o Ministério da Saúde não
recomendam a introdução de leite de vaca no primeiro ano de vida.

O leite de vaca não fornece para a criança todos os nutrientes


de que ela precisa. As quantidades excessivas de proteínas,
sódio, potássio e cloro do leite de vaca podem sobrecarregar
os rins da criança nos primeiros meses de vida.

BRASIL,2013
USO DO LEITE DE VACA

Diluição de 10%
10g de leite para 90ml de água

Recomendação de
adicionar 3% de óleo
vegetal para aumentar o
aporte energético!
USO DO LEITE DE VACA
Crianças < 4 meses recebendo leite vaca

2 meses – suplementação com vitamina C (30mg/dia);


2 a 3 meses – suplementação com ferro (1 a 2mg por kg de peso/dia);

Crianças a partir dos 4 meses:


Iniciar logo a alimentação;
Ir substituindo a refeição láctea pura pela alimentação, de modo gradativo.
O leite integral não mais diluído - leite pó diluído a 15%
Não necessita de acréscimo de óleo ao leite;
5º PASSO: CALCULAR NÚMERO DE
MAMADEIRA/DIA
NE total/ valor energético da mamadeira
EX: 404 Kcal/80,4
EX: 5,02 = 5 mamadeiras/dia

Criança receberá 5 mamadeiras/dia


120ml - 4 medidas niveladas de pó (Nestogeno 1)
ORIENTAÇÕES
ORIENTAÇÕES
Preparar imediatamente antes de servir

Preparadas maior número geladeira 24h;.

Não pode ser reaproveitadas ou deixar temperatura ambiente

IMPORTANTE ESTERELIZAR OS UTENSÍLIOS!


ORIENTAÇÕES
Na consulta nutricional o Nutricionista deve estar atento!

Perguntar à mãe ou responsável como ela prepara o leite;

O volume de cada refeição e o número de refeições;

Identificar as práticas de higiene usadas na manipulação e no preparo dos alimentos;

Orientar a mãe para preparar cada refeição láctea próxima à hora de oferecê-la à
criança;

E nunca oferecer à criança sobras de leite da refeição anterior


REFERÊNCIAS
ACCIOLY, et al. Nutrição em Obstetrícia e Pediatria, Rio de Janeiro: Cultura Médica, 2009.
EUCLYDES, Marilene Pinheiro. Nutrição do lactente: base científica para uma alimentação
adequada. 3º ed. Viçosa, MG, 2005.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de
Atenção Básica. Dez passos para uma alimentação saudável: guia alimentar para
crianças menores de dois anos : um guia para o profissional da saúde na atenção
básica / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de
Atenção Básica. – 2 ed. – 2 reimpr. – Brasília : Ministério da Saúde, 2013. 72 p;
BRASIL. Ministério da Saúde. ANVISA, Resolução - RDC Nº 43 e 45 de 19 de
Setembro de 2011;

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