Durante muito tempo, o setor de companhias aéreas foi regulamentado, o que
resultou na atuação parecida em relação à maioria das empresas do segmento. No entanto, mesmo após o setor ter sido parcialmente desregulamentado, há mais de 30 anos, as semelhanças permaneceram. Essas semelhanças − em serviços, rotas e desempenho − persistem até hoje. Por exemplo, as companhias aéreas costumam oferecer novos serviços (como wi-fi disponível nos voos), mas eles são facilmente imitados; assim, qualquer diferenciação nas ofertas é apenas temporária. Nos últimos anos, o setor de companhias aéreas europeias e norte-americanas sofreu várias consolidações. Em particular, o mau desempenho levou à fusão Northwest Airlines e a Delta Airlines fundiram-se. Da mesma forma, a United Airlines e a Continental buscaram a fusão para criar a maior companhia aérea do setor. Mais recentemente, a American Airlines e a U.S. Air obtiveram aprovação para prosseguir com a fusão. Grande parte das fusões foi aprovada porque muitas das empresas passaram por processos de falência (por exemplo, a Continental e a United faliram antes da fusão). No entanto, essas fusões não criaram serviços (ou preços) muito diferenciados. Todas as companhias aéreas fornecem praticamente os mesmos tipos de serviços, e os preços não diferem muito entre aquelas com “serviço completo”. Na verdade, parece que a principal concorrência é tentar cometer menos erros. De fato, as estatísticas do setor que informam relatos positivos anunciam tais resultados como redução no número de malas extraviadas, menos cancelamentos e atrasos de voos. O que isso sugere é que essas questões continuam a representar os principais problemas do setor. Não cai bem a afirmação mais positiva estar relacionada ao fato de que poucas malas foram extraviadas. Embora mais recentemente os lucros tenham aumentado, o que se deve principalmente à redução nos custos de combustível e à demanda mais intensa em decorrência da economia crescente, isso é algo não controlado pelos responsáveis por criar estratégias. Obviamente, existem diferenças entre as companhias aéreas. A United, maior do setor, fundiu-se com a Continental para ter mais eficiência financeira e oferecer mais opções de viagens. Contudo, surgiram problemas significativos ao fazer com que os dois sistemas operassem de forma eficaz. Em razão dos problemas, em 2012 foi anunciada uma grande perda líquida. Por exemplo, em novembro desse ano, uma falha no funcionamento dos computadores (problema de software) causou o atraso de 250 voos da United para todas as partes do mundo, por quase duas horas. O sistema de reservas falhou duas vezes em 2012, o que desativou o site e acabou por gerar uma fila de passageiros à medida que os voos sofriam atraso ou cancelamento. O desempenho na pontualidade da United foi prejudicado e, naquele ano, foi um dos piores no setor. O número de reclamações de clientes à United foi muito maior do que no ano anterior. Em suma, é relativamente fácil determinar a razão pela qual a companhia aérea sofreu substancial perda líquida. Já a Delta, que havia experimentado um desempenho fraco anos antes, melhorou em 2014. Ela obteve lucro líquido por três anos consecutivos. O desempenho na pontualidade foi de aproximadamente 10% acima do da United. Em 2012, enquanto a United diminuía voos e demitia funcionários para reduzir custos (buscando obter lucro), a Delta comprou uma participação de 49% da Virgin Atlantic para ter acesso às valiosas rotas Nova York-Londres e portões em ambos os locais. A Delta também foi uma das primeiras a disponibilizar acesso wi-fi aos passageiros durante os voos, o que foi copiado pela maioria das companhias aéreas. Curiosamente, o único programa que as companhias aéreas utilizaram para estabelecer certa diferenciação foi o de fidelidade. No entanto, os benefícios desse programa têm diminuído ao longo do tempo em virtude da menor disponibilidade e da maior quantidade de milhas deduzidas. Além disso, pesquisas mostram que as companhias do setor atraem clientes de outras empresas que tendem a migrar para a empresa mais vantajosa. Certamente, algumas companhias aéreas de serviços reduzidos foram mais bem-sucedidas na maioria das categorias mencionadas (por exemplo, em relação a lucro, pontualidade, reclamações). Entre elas está a Southwest Airlines. Ao atuar como companhia aérea de preços econômicos (característica que vem se mantendo) também oferece serviços superiores em comparação às empresas de serviço completo. As grandes companhias aéreas tentaram, porém não conseguiram, imitar a Southwest. Com efeito, a Southwest desenvolveu recursos e capacidades que, ao longo do tempo, permitiram prestar serviços de forma mais eficaz e a um preço menor do que as concorrentes. A JetBlue co- piou grande parte da estratégia da Southwest, embora com foco em clientes em viagem de negócios.
Questões para discussão
1. Por que as companhias aéreas imitam umas às outras e como isso afeta o desempenho organizacional? 2. Quão importante é o modelo baseado em recursos para explicar o bom desempenho das empresas aéreas? 3. Como os líderes estratégicos podem ser bem-sucedidos em um setor como o das companhias aéreas?
Gestão Fiscal: cálculo do imposto por dentro ou "Gross Up" e a não-cumulatividade nas apropriações de créditos fiscais do ICMS, IPI, PIS/PASEP e da CONFINS