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21/06/2021

Denise Carreiro
Nutricionista CRN3-
CRN3-2729

www.denisecarreiro.com.br
@denise_carreiro_nutricionista

Transtornos de Neurodesenvolvimento

Depressão Agressividade
Ansiedade Irritabilidade
Agitação física Comportamento destrutivo e
Agitação mental auto--destrutivo
auto

Distúrbios de concentração Nervosismo

Distúrbios na aprendizagem Falta de coordenação

Alteração de humor Predisposição a acidentes

Baixa auto-
auto-estima Repetência escolar apesar de
QI normal ou alto
Impulsividade
Comportamento retraído
Compulsividade
TEA
Pensamento suicida

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Suscetibilidade Genética

Quanto mais os estudos evoluem em busca de uma plausibilidade genética, menos


conclusivos eles são. A própria prevalência em níveis epidêmicos desconstrói a tese de
uma determinação exclusivamente genética.
As epidemias não são genéticas por definição. Os distúrbios genéticos ocorrem a uma taxa
estável, e apenas certa quantidade de pessoas são portadoras de genes específicos.

Existe alta incidência familiar indicando fatores genéticos. Porém, o aumento na incidência
de TEA e TDAH nos últimos 40 anos não justifica o fator genético como “única” causa. Com
certeza, fatores ambientais são preponderantes e, em conjunto, estão induzindo essa
suscetibilidade.

É improvável que qualquer um dos fatores que serão vistos, desencadeiem uma doença
isoladamente. A associação de vários desses fatores com o potencial genético é que irá
desencadear os sintomas.

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Em paralelo houve avanços consistentes para identificar etiologias relacionadas


aos fatores epigenéticos, principalmente ambientais, alimentares e nutricionais
que consequentemente interferem na adequação que envolve os processos
fisiológicos determinantes para a fertilidade, gestação, amamentação e na
formação fisiológica e funcional do bebê.

Normalmente a predisposição genética está associada à vários genes, e quando


os fatores epigenéticos permitirem, eles podem se associar e facilitar que esses
“genes” se manifestem
manifestem..

Crianças com distúrbios de comportamento, muitas vezes, podem ser


completamente tratadas com mudanças na dieta e suplementos nutricionais
antes de serem submetidas a tratamentos medicamentosos como
metilfenidato, atomoxetina,
atomoxetina, antidepressivos ou estabilizadores de humor.
humor.
“Dr Abran Hoffer
Hoffer””

“... Um dia, todas as nossas idéias em psicologia serão baseadas na estrutura


orgânica.. Isso permitirá que substâncias químicas específicas controlem a
orgânica
operação.....
operação .....””
Sigmund Freud,
Freud, pai da psicanálise

“ A previsão de Freud estava correta.


correta. E quando finalmente chegar o dia em
que houver aceitação geral dessa previsão, o segredo para a saúde
psicológica será a descoberta da química da nutrição, atualmente
negligenciada..”
negligenciada
H.L. Newbold,
Newbold, M.D.
M.D.,, psiquiatra, Mega –Nutrients for Your
Nerves (Berkley Books, New York, 1975)
1975

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Pat Lazarus, 1997: A cura da Mente através da terapia nutricional.

Dr. Abran Hoffer, 1999: ABC do Dr. Hoffer de Nutrição Natural


para Crianças: Com Deficiências de Aprendizagem, Distúrbios
Comportamentais e Disfunções do Estado Mental.

Dra. Doris Rapp, 1992: Is This Your Child? Descobrindo e


Tratando Alergias Irreconhecidas em Crianças e Adultos.

Dr. Willian Shaw, 2002: Tratamentos biológicos para o autismo e PPD.

CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO FÍSICO, MENTAL E


EMOCIONAL

CONSEQUÊNCIA DE EQUILÍBRIO DO ORGANISMO
A obtenção e manutenção de um ótimo estado nutricional
depende de um hábito alimentar adequado que otimize a:

- Ingestão
- Digestão
- Absorção
- Transporte
- Utilização
- Excreção
GARANTINDO UMA NUTRIÇÃO CELULAR ADEQUADA

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Estamos nos alimentando cada vez


mais e nos nutrindo cada vez menos!
Foram encontrados resultados desfavoráveis aos
alimentos ultraprocessados na avaliação do teor de
micronutrientes da alimentação brasileira. O aumento
da participação de alimentos ultraprocessados na dieta
mostrou-se inversa e significativamente associado às
quantidades na alimentação das vitaminas B12, vit. D, E,
niacina e piridoxina e em cobre, ferro, fósforo, magnésio,
potássio, selênio e zinco. (Louzada et al., 2015).

Indução de um novo Comportamento Alimentar

Não perca tempo! Os exames


de laboratório nos últimos
anos provaram que os bebês
que começam a tomar
refrigerantes, durante este
período inicial de formação,
tem chance muito maior de
ganhar aceitação na pré e
durante os difíceis anos de
adolescência. Então faça um
favor ao seu filho. Inicie-
Inicie-o
agora em um regime estrito
de refrigerantes e outras
bebidas gaseificadas com
açúcar. Para uma vida de
felicidade garantida!

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O Comportamento Alimentar
é determinante para um
adequado desenvolvimento
físico, mental e emocional.

A matriz alimentar

Podemos entender o conjunto de alimentos que consumimos diariamente como uma


matriz alimentar que determina o aporte energético, nutricional e de fitoquímicos
imprescindíveis para o funcionamento do nosso organismo.

Tal como uma matriz energética, avaliamos a sua qualidade sob o aspecto ecológico,
renovável e sustentável. Podemos obter energia de fontes limpas, que não agridem o
meio ambiente, ou obtermos energia de fontes que comprometem o equilíbrio do meio
ambiente e consequentemente a nossa qualidade de vida.

Esta relação de obtenção de energia alimentar deveria recorrer muito mais de fontes
“limpas” do que de fontes que agridem o meio ambiente, inclusive a microbiota
intestinal, e o bioma ao nosso redor.

A função da matriz alimentar deveria ter os mesmos princípios:


obtermos tudo que precisamos, não só considerando a quantidade, mas,
principalmente a qualidade necessária para satisfazer todas as necessidades vitais do
nosso organismo e do microbioma que regula a nossa qualidade de vida.

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Por exemplo:
Podemos obter energia (calorias) de carboidratos refinados, gorduras trans, álcool
e açúcar, porém, sabemos que estas fontes não mantêm energia regular e não
possuem micronutrientes, fibras, prebióticos e, portanto, não são adequadas para
manutenção de uma microbiota saudável.

Em contra partida, podemos obter a mesma quantidade de energia, através do


consumo de carboidratos integrais, legumes, verduras, frutas, gorduras
poliinsaturadas e monoinsaturadas, que além de manter uma energia regular para
o organismo, também são fontes de vitaminas, minerais, fitoquímicos, fibras
solúveis e insolúveis (prebióticos), probióticos, ômega 3, ômega 9, enzimas
digestivas, fundamentais para a formação e manutenção de uma microbiota
saudável.

Principais mudanças na matriz alimentar que modificam o equilíbrio da


microbiota intestinal:

Carboidratos e leguminosas
Fontes Saudáveis Fontes não saudáveis
Arroz integral, cará, batata, mandioca, Farinha de trigo (modificado) refinada
inhame, milho, mandioquinha, batata (base da maior parte dos carboidratos
doce, aveia, quinoa, amaranto. consumidos, como bolachas salgadas e
Feijão (todas as variedades), fava, doces, biscoitos recheados, bolos, pães,
lentilha, ervilha, grão de bico, soja salgadinhos, pizzas, outros), açúcar
coagulada ou fermentada. simples (em grande quantidade), xarope
Açúcar demerara orgânico, melado, de milho invertido (alimentos
rapadura, mel (todos em pequena industrializados), adoçantes artificiais,
quantidade). soja e milho trangênicos.

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Proteína
Fontes Saudáveis Fontes não saudáveis
Carne bovina, suína, frango, peixes, Carnes processadas, embutidos, shakes
frutos do mar, peru, ovo caipira. Todos protéicos e alto consumo de leite e
com consumo moderado e não derivados.
processados.

Gorduras
Fontes Saudáveis Fontes não saudáveis
Alimentos fontes de gordura saturada Alto consumo de gordura trans; baixo
(animal) em quantidades moderadas; consumo de fontes de ômega 3 e ômega
alimentos fontes de gorduras mono e 9; alto consumo de gordura saturada
poliinsaturadas em quantidades (animal): relação aproximada de 20:1 de
adequadas; relação aproximada de 4:1 ômega 6 para ômega 3 (aumento de
de ômega 6 para ômega 3 (ideal). processos inflamatórios).

Frutas, Legumes e Verduras (FLV)


Fontes Saudáveis Fontes não saudáveis
Consumo de FLV em quantidades Consumo insuficiente de FLV, menor
adequadas, ricos em nutrientes e quantidade de nutrientes, enzimas e
fitoquímicos, naturalmente biodinâmicos. fitoquímicos, alta concentração de
Ervas aromáticas para tempero. agrotóxicos nas lavouras;
Temperos industrializados com alta
quantidade de aditivos químicos,
principalmente glutamato monossódico.

Água
Fontes Saudáveis Fontes não saudáveis
Consumo de água natural; Água clorada, gaseificada artificialmente,
Água de coco e chás naturais (não refrigerantes e outras bebidas gaseificadas
industrializados). e flavorizadas, sucos artificiais (líquido ou
em pó), sucos naturais com aditivos
químicos, chás industrializados.

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Os nutrientes passaram a ser mais


importantes que os alimentos

Produto
Alimentício

FIBRAS

Sabe-se que:
O baixo consumo de frutas, legumes e verduras está entre os 10 fatores de risco
para a morte prematura;

Mais de 2,7 milhões de vidas poderiam ser salvas todos os anos, em todo o mundo,
se cada pessoa ingerisse uma quantidade adequada de FLV;

Qual a quantidade mínima de Frutas e Vegetais que se deve consumir diariamente?

O relatório publicado intitulado “Consulta Conjunta de Especialistas da OMS/FAO


sobre Alimentação, Nutrição e Prevenção de Doenças Crônicas” recomenda um
consumo mínimo de 400g de frutas, legumes e verduras por dia, para se usufruir
melhor dos efeitos protetores destes alimentos.

O aumento do consumo de uma ampla variedade de frutas, legumes e verduras


também pode substituir o consumo excessivo de alimentos que contêm muita
gordura saturada, açúcar, aditivos químicos e sódio.

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DESEQUILÍBRIOS NUTRICIONAIS
Nutrientes e suas funções
Durante o processo de crescimento e desenvolvimento na infância e
adolescência (formação: ossos, músculos, dentes, sangue, sistema nervoso),
há uma necessidade aumentada de nutrientes essenciais em proporção ao seu
peso, do que os adultos. Existe um maior risco de desnutrição quando
situações como pouco apetite, consumo limitado de alimentos e/ou “diluição”
da alimentação com alimentos pobres em nutrientes, com excessos de
substâncias químicas, fatores anti-nutricionais ou mesmo gordura trans, forem
consumidos com frequência. A necessidade energética é alta e precede todas
as demais.

Quando ocorre deficiências nutricionais, normalmente são múltiplas, pois os


fatores que desencadeiam as mesmas envolvem o consumo, alterações de
biodisponibilidade, aumento das necessidades e/ou aumento da excreção dos
nutrientes em geral.

Existe uma maior facilidade na detecção de determinadas carências, e os


nutriente mais prováveis de serem avaliados e detectar deficiências são o
ferro, zinco, magnésio, vit. A, vit. B6, vit.D e vit. C. Porém sabemos que a
ativação e utilização de qualquer nutriente é totalmente dependente dos outros.

Desequilíbrios Nutricionais

Como seus corpos são pequenos e seu sistema nervoso ainda está
no início das etapas de desenvolvimento, as crianças são
particularmente vulneráveis aos efeitos dos desequilíbrios
nutricionais.

Vários desequilíbrios nutricionais também estão fortemente


relacionados com comportamento hiperativo. Um estudo piloto sobre
os níveis de metais no cabelo de crianças hiperativas, por exemplo,
apresentou baixos níveis de manganês e reduzido nível de zinco, em
comparação com o grupo controle. Outro achado foi baixos níveis de
zinco e vitamina B6, juntamente com o chumbo alto.

Como deficiências de cálcio, selênio, zinco e ferro estão relacionadas


com o aumento de metais tóxicos tais como chumbo, alumínio,
cádmio e mercúrio, desequilíbrios de nutrientes chaves podem
aumentar a probabilidade de reações tóxicas que desencadeiam a
hiperatividade.

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anti--
anti
taurina ômegas oxidantes

arginina Formação, 3, 6 erenovação


9 e MSM

manutenção de vitamina
magnésio todasA as
células.
vitamina C

MODULAÇÃO DO SISTEMA
IMUNOLÓGICO
selênio zinco

piridoxina glutamina quercitina

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Os distúrbios neurocomportamentais e muitas transtornos degenerativos do SNC


compartilham etiologias patológicas similares;
A compreensão de uma doença proporciona uma maior visão de outras
relacionadas. As diferenças entre as doenças podem depender de caminhos
inflamatórios envolvidos, predisposição genética, fatores epigenéticos, idade
inicial em que a doença se desenvolve, "dose" de vários fatores contribuintes,
além de outras influências. Uma vez que as causas não são isoladas e únicas entre
todos os indivíduos, o tratamento também deve ser individualizado; Não existe
uma única bala de prata.

A rede causal entre uma doença somática e distúrbios neurocomportamentais é


muitas vezes interligada para distinguir causa e consequência. O objetivo é excluir
os vínculos causais. O tratamento envolve a remoção das causas subjacentes dos
distúrbios e de quaisquer doenças associadas. Tratar a privação do sono, adequar
atividade física, ter uma alimentação segura e evitar agentes causais já
conhecidos, pode ajudar a prevenir e tratar transtornos de
neurodesenvolvimento.

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Os transtornos do neurodesenvolvimento, por serem consequência de causas


multifatoriais, embora tenham características comuns, se manifestam de forma
individualizada e com isso desafiam os padrões da Medicina Baseada em Evidência (MBE)
onde, manifestações e causas tão heterogêneas não se adaptam aos conceitos da MBE,
uma vez que a mesma tem uma ação voltada para grupos e não individual, trabalha sobre
efeitos, mas não sobre mecanismos fisiológicos subjacentes, e propõem intervenções
isoladas, sem considerar estratégias de aplicação conjunta e interdisciplinar.

É implausível que com os atuais números e as projeções oficiais não haja um


entendimento científico que promova um plano de ação multidisciplinar que trabalhe na
prevenção deste transtorno que assombra a funcionalidade da criança, de seus familiares
e da sociedade.

Estamos diante de um quadro alarmante onde transtornos com grande potencial


debilitante, com tantas evidências clinicas reconhecendo causas que se originam de
fatores nutricionais das mães e das crianças, ainda são reconhecidos apenas pelo aspecto
psiquiátrico, o que faz com que não haja um entendimento sobre a urgência de se criar
um programa de prevenção e reversão destes sintomas, que muito rapidamente irá se
manifestar em 1 a cada 4 crianças (TEA).
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SISTEMA NERVOSO CENTRAL E TEA:

Hoje existem bases fisiológicas consistentes para o entendimento que o TEA/TDAH é


uma doença sistêmica, multifatorial, com repercussões no SNC.
Processos inflamatórios estão fortemente associados a esses transtornos. O estado
inflamatório associado aos mesmos também se reflete no sistema nervoso central como
inflamação cerebral. Esta condição inflamatória é frequentemente associada à
disfunção do sistema imunológico. Vários tipos de células participam desse processo
para acionar e sustentar esses processos. Anormalidades neuro-inflamatórias e neuro-
imunes foram agora estabelecidas como fatores no desenvolvimento e manutenção
desses transtornos. Essas alterações podem ser consideradas processos fisiopatológicos
típicos, causados pelos mesmos processos, e não apenas comorbidades.

Apesar de o cérebro controlar todas as nossas funções, é o único órgão que não tem
reserva significativa de energia. O pequeno estoque de glicogênio que ele dispõe se
localiza nos astrócitos. Portanto, ele é totalmente dependente da energia obtida da
alimentação adequada, em tempos regulares.

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Intestino/ Sistema Imunológico


Há uma quantidade significativa de evidências sobre as ações de várias espécies de
bactérias probióticas na formação, ação e modulação de diversos aspectos das respostas
imunológicas, natural e adquirida. Isso pode ser atribuído tanto à estimulação do sistema
imunológico intestinal, quanto pela modulação da produção e função das células
imunológicas. Esses estímulos podem ser causados pela ação direta dos microorganismos
e/ou pelos produtos liberados no seu metabolismo.
A microbiota bacteriana interage com as células do epitélio intestinal do hospedeiro e
provoca uma resposta contínua do sistema imunológico. O trato gastrointestinal associado
à microbiota é considerado determinante para a tolerância imunológica, local e sistêmica.
A imunidade de mucosas possui um papel extremamente significante no balanço entre
tolerância e resposta aos microrganismos comensais que habitam o hospedeiro.

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A necessidade da microbiota para induzir a tolerância como um requisito para a


colonização fornece uma base racional para o entendimento do porquê bactérias
simbióticas podem influenciar os aspectos críticos do sistema imunológico adaptativo ao
longo da evolução dos mamíferos.

Evidências recentes mostram que a microbiota saudável nativa programa muitos aspectos
da diferenciação das células T, aumentando assim, as instruções de desenvolvimento do
genoma do hospedeiro para gerar a função completa do sistema imunológico adaptativo.
Bactérias nativas específicas podem ter evoluído para promover a diferenciação de células
Treg FoxP3 no intestino para gerar ativamente a tolerância imunológica da mucosa para o
anfitrião.

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DISBIOSE:
A disbiose gastrointestinal, a inflamação intestinal, a inflamação sistêmica e
específica do cérebro são componentes biológicos e fisiopatológicos essenciais
para o desenvolvimento dos transtornos do neurodesenvolvimento.
Ao prejudicar o desenvolvimento e manutenção de uma microbiota saudável, as
bactérias gram-negativas (com aumento de LPS) e os fungos poderão se
proliferar, estabelecendo uma DISBIOSE, ou seja, levar a uma prevalência das
más bactérias e fungos, causando um estado de desordem na ecologia
microbiana, promovendo o desenvolvimento de doenças.
A disbiose pode existir na mucosa oral, no trato gastrointestinal ou na mucosa
vaginal, porém, geralmente a disbiose intestinal precede às demais, afetando
negativamente a saúde física, mental e emocional do ser humano.

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O reconhecimento de que existe influência da microbiota intestinal em várias


vias de sinalização, levou à sugestão do conceito de um eixo microbiota-
intestino-cérebro (eixo MGB - microbiota-gut-brain).
A proposta de um eixo MGB sugere que através de um alinhamento dinâmico, a
microbiota que habita o intestino afeta a atividade do SNC do seu hospedeiro
(incluindo as funções vegetativas e cognitivas), e vice-versa no desenvolvimento
dos impactos da atividade cerebral na composição da microbiota.

A este respeito, a compreensão da sinalização bidirecional entre a microbiota,


intestino e cérebro, subjazem os impactos potenciais e significativos sobre a
saúde global, abrindo novas perspectivas para ações preventivas e
terapêuticas.

Múltiplas vias diretas e indiretas mantêm interações bidirecionais intensivas e


extensivas entre a microbiota intestinal e o SNC, envolvendo o sistema
endócrino, o sistema imunológico e o sistema neurológico, e formam a base do
chamado eixo microbiota-intestino-cérebro (MGB).

O desenvolvimento inicial da microbiota intestinal é concomitante com o


desenvolvimento neurológico. O conceito de janelas críticas microbianas e
neurais paralelas e interativas abre novos caminhos para a compreensão de
fatores nutricionais que podem prevenir e tratar as alterações do
neurodesenvolvimento e outros distúrbios cerebrais através do equilíbrio do
eixo microbiota-intestino-cérebro.

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A disbiose gastrointestinal promove um aumento de endotoxina (LPS), sendo


que esta inibe a via de desintoxicação do citocromo P450. A inibição dessa
via pode resultar na acumulação de xenobióticos que não podem ser
eliminados de forma eficiente. Esses xenobióticos, entre outros fatores, têm
efeitos neurotóxicos, bem como efeitos prejudiciais às mitocôndrias,
causando disfunção mitocondrial.
Evidências recentes sugerem que a microbiota intestinal afeta a aquisição de
nutrientes, a regulação de energia e uma infinidade de vias metabólicas do
hospedeiro.

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Outro fator importante para esse entendimento é o conhecimento da ação de alguns


metabólitos microbianos. Por exemplo, metabólitos microbianos, como o p-cresol e
HPHPA produzidos por bactérias patogênicas, interferem na neurotransmissão normal,
promovendo neurotoxicidade; ambos são produtos microbianos implicados e
contribuem para o desenvolvimento do TEA e de TDAH, pois os mesmos bloqueiam a
conversão de dopamina em norepinefrina; Isso leva ao excesso de dopamina e à
norepinefrina reduzida. O excesso de dopamina é neurotóxico através da conversão
para aminocromo, o que prejudica a função mitocondrial, altera a arquitetura neuronal
e parece contribuir diretamente para vários estados de alterações
neurocomportamentais, incluindo o TEA.

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O lipopolissacarídeo (LPS) é um dos principais componentes da membrana externa


de bactérias gram-negativas que ativa o sistema imunológico via ativação de
receptores TLR4.
Considerando que o desequilíbrio da microbiota saudável, principalmente com o
aumento de bactérias gram-negativas e aumento de LPS, induz um aumento na
produção de NFK-β e, que esse fator de transcrição promove o aumento de citocinas
pró-inflamatórias, através do eixo microbiota-intestino-cérebro, pode ocorrer uma
neuroinflamação, podendo desencadear, para quem é predisposto geneticamente,
alterações do neurodesenvolvimento, entre eles o TEA, assim como sintomas
relacionados ao TDAH, enxaqueca, entre outros.

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Causas e consequências de Disbiose Gastrointestinal

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Permeabilidade intestinal íntegra

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Alteração da permeabilidade intestinal

Quanto mais substâncias estranhas ao organismo forem absorvidas e/ou produzidas,


e quanto menos houver suporte nutricional adequado, maiores as possibilidades de
intoxicação orgânica e consequentes desequilíbrios funcionais.

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Microbiota intestinal e Transtornos do Neurodesenvolvimento:

A utilização extensiva de antibióticos é comumente associada com o autismo de início


tardio (18-24 meses de idade), fazendo com que alguns pesquisadores acreditem na
hipótese de que os desequilíbrios causados na microbiota normal podem permitir a
colonização por microorganismos desencadeantes de transtornos do espectro autista, ou
promover o crescimento excessivo de neurotoxinas produzidas por bactérias tais como
Clostridium spp. ou mesmo o crescimento exacerbado de fungos.

A ligação entre a microbiota intestinal e transtornos neurocomportamentais é apoiado


pelas seguintes observações:
•o início da doença, muitas vezes, segue a terapia antimicrobiana;
•anormalidades gastrointestinais normalmente estão presentes nos portadores de TEA/
TDAH e comumente precedem o desencadeamento do transtorno;
•e os sintomas muitas vezes foram reduzidos em tratamento com vancomicina oral,
enquanto a recidiva ocorre com a cessação da utilização desse medicamento para o
controle do sintoma.

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Essas observações têm sido apoiadas por que, com base em cultura, tem sido
comprovado que certos grupos de Clostridium spp. estão presentes em quantidades
10 vezes mais altas nas amostras de fezes de crianças autistas em comparação com
controles saudáveis.

Esses antibióticos, segundo os estudos, não são eficazes contra Clostridium spp.,
sugerindo que a exposição precoce a esses medicamentos pode promover um
crescimento excessivo de Clostridium spp., que podem contribuir para a etiologia de
autismo. A vancomicina oral combate Clostridium spp.

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Distúrbios de destoxificação:

O processo adequado da destoxificação é determinante para um bom funcionamento


orgânico em todos os níveis. Sabe-se que alterações nesse processo podem acarretar em
acúmulo de substâncias tóxicas, metais tóxicos, catecolaminas, fenóis, salicilatos e várias
outras substâncias que podem prejudicar diversas funções, inclusive pode causar
alterações no neurodesenvolvimento sendo a adequação desse processo um fator
determinante para a prevenção e tratamento dos transtornos de neurodesenvolvimento.

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DESTOXIFICAÇÃO

Acumulação
Fase I
nos tecidos

XENOBIÓTICO Eliminação

Eliminação Fase II

Liposolúvel Hidrosolúvel

São processos complexos. O desequilíbrio entre as fases, variações


nas concentrações, e/ou na rota metabólica podem levar à toxicidade.
Existem vários nutrientes que dão suporte à destoxificação.

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Toxinas Intermed.
(não polares, Reativos
lipossolú
lipossolúveis) e RL

Antioxidantes
Substratos e cofatores
Cofatores Carotenos
B1 B2 B3 B12 Serina, colina, B5, B6,
Flavonóides e B9, B12, Mg
Ác. Fólico, C compostos
polifenólicos Metionina, Taurina,
Glutationa, Fe Vits. A, C e E Glutamina, Sulfato,
AACR Mg Mo Se, Cu, Zn, Mn Glutationa (N-acetil-
Flavonóides, S CoQ10, GSH cisteína, Cisteína,
Fosfatidilcolina Silimarina, Ge Glicina), P, Se, B2, B3
e C; Mo

Portanto: Destoxificação hepática é feita por nutrientes e


fitoquímicos
- Nutrição adequada é fundamental para dar suporte à
destoxificação
- A fase I deve ser mantida em um nível eficiente, equilibrada:
Se for lenta, acumula toxinas no organismo
Se for acelerada pode aumentar muito EROs e produtos
intermediários sem que a fase II dê conta de eliminar
- A fase II deve sempre ser estimulada

Com carências nutricionais a capacidade de eliminar substâncias


tóxicas, inclusive metais tóxicos e substâncias que alteram funções
cerebrais, serão prejudicadas.

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SULFATAÇÃO:

Estudos mostram que alterações na via da sulfatação estão frequentemente relacionados


à dificuldade de destoxificar substâncias que podem alterar funções cerebrais por
diversos fatores.

A via da sulfatação ou sulfonação, através da ação de enzimas chamadas de


sulfotransferases (SULT), é essencial para uma adequada destoxificação de vários
xenobióticos exógenos, mas também para hormônios e neurotransmissores, inclusive as
catecolaminas.
Distúrbios de destoxificação na via da sulfatação estão mais relacionados com uma
inadequação na disponibilização de sulfatos e demais vitaminas e minerais
(principalmente magnésio e molibdênio) necessários a essas reações, do que um
problema propriamente dito.

Portanto, nutrientes que contenham sulfatos (enxofre) na sua composição são


fundamentais de serem ingeridos adequadamente (e absorvidos!), como n-acetil-cisteína
(NAC), metil-sulfonil-metano (MSM), L-taurina, metionina, assim como os cofatores
enzimáticos (minerais e vitaminas).
As sulfotransferases também podem ser inibidas por diversas substâncias, algumas das
quais podem fazer parte da composição de alguns alimentos.
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As sulfotransferases citosólicas (SULTs) catalisam a sulfonação de xenobióticos endógenos


(como as catecolaminas) e exógenos (como os fenóis). Nos seres humanos foram
identificadas 11 isoformas de SULT e, com base na comparação das sequências, estas
enzimas foram classificadas em diferentes famílias. A SULT1A pertence à família que
destoxifica compostos fenólicos e catecolaminas.

Vários estudos demonstraram a ingestão de inibidores de SULT1A levando a aumento de


catecolaminas, que por sua vez pode promover alterações de pressão arterial, dores de
cabeça de enxaqueca ou fibrilação atrial. Substâncias naturais em muitos alimentos inibem
estas enzimas in vitro.

A combinação de cítricos, álcool ou outro inibidor de SULT1A mais estresse (uma fonte de
catecolaminas), muitas vezes poderá levar à alterações neurocomportamentais, enxaqueca
ou aumento de pressão arterial.

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Existem vários polimorfismos conhecidos que afetam


significativamente as atividades da SULT. Assim sendo, a resposta de
um indivíduo aos inibidores de SULT dependerá tanto dos inibidores
ingeridos como da versão individual dos genes SULT, e do equilíbrio dos
substratos nutricionais.

Vários pesquisadores estudaram a inibição in vitro de enzimas SULT por


componentes e aditivos alimentares e demonstraram, por exemplo,
que suco de laranja, suco de toranja, outros cítricos e vários chás
inibem significativamente a SULT1A1 e a SULT1A3.
Já está bem estabelecido que corantes artificiais presentes em diversos
alimentos ultraprocessados podem inibir sulfotransferases.

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Dra. Rosemary Waring verificou que potencialmente mais de 80% das crianças com TEA e
também as portadoras de TDAH, têm deficiência na função de destoxificação. Como
visto, a enzima mais envolvida é a SULT1A, também chamada de fenol-sulfur-transferase
(PST).

A PST foi encontrada em quantidade muito baixa na maior parte dessas crianças. A
glutationa peroxidase e a superóxido dismutase (enzimas antioxidantes determinantes
para inativar os radicais livres) também eram significativamente mais baixas do que os
controles.

A via de sulfatação PST é necessária para a decomposição e remoção de determinadas


toxinas no corpo. Isto inclui a eliminação de um produto químico chamado fenol. Os
fenóis estão presentes em vários produtos (desinfetantes, plásticos, madeiras, sabão em
pó, amaciante, corantes, perfumes, conservantes com ações bactericidas e fungicidas), e
também naturalmente em alguns alimentos (compostos fenólicos) e são necessários à
vida. No entanto, alguns alimentos têm um conteúdo muito maior do que os outros.
Diferentes listas de alimentos com alto teor de fenol têm algumas discrepâncias, no
entanto estes parecem estar presentes na maioria das listas: laranjas e outras frutas
cítricas, uvas, bananas, maçã, chocolate, e o aroma artificial de baunilha.

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Um contato e/ou consumo maior de fontes de fenóis, associado com alterações na via
de destoxificação pode desencadear uma infinidade de reações negativas, inclusive
porque essa via também destoxifica várias outras substâncias tóxicas ao organismo.

Os sintomas de sobrecarga de fenol incluem insônia, suores noturnos, olheiras,


irritabilidade, orelhas e bochechas vermelhas, hiperatividade, letargia, comportamento
agressivo e auto-agressivo, riso inapropriado e às vezes diarréia, eczema e outros
sintomas dermatológicos.

Os sintomas de sobrecarga de fenóis e de síndrome fúngica podem ser semelhantes,


pois ambos envolvem o corpo tentando lidar com toxinas. A fermentação fúngica no
intestino aumenta a produção de fenóis.

49

A sulfatação também é uma via de destoxificação de salicilatos (os salicilatos são um


subconjunto de fenóis), corantes alimentares artificiais, aromatizantes artificiais e alguns
conservantes. Além de requerer a enzima PST para destoxificar, algumas pesquisas
relacionaram o fato dos salicilatos ainda suprimirem a atividade da PST, piorando ainda
mais o processo. Corantes alimentares (por exemplo, tartrazina) também têm sido
relacionados com a inibição dessa enzima (PST).

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A Dra Rosemary Waring também colocou que excesso de piridoxal-5-fosfato (coenzima


ativa da vitamina B6), acima de 100mg pode inibir a enzima PST. Mais uma vez esse fato
comprova a importância de se evitar excessos e carências nutricionais para não
desequilibrar as funções orgânicas.

Essa médica também relatou que a suplementação (normalmente necessária na terapia)


deve ter pelo menos uma proporção de dois para um de magnésio para vitamina B6. Nesse
caso, além de não inibir a enzima PST, ainda ocorrerá uma ativação da mesma,
sabidamente aumentada pela ação do magnésio.

A adequação do aminoácido glicina é necessária para inativar vários tipos de drogas,


inclusive os fenóis e os salicilatos.

Nem todos os alimentos com um alto nível de fenóis são também ricos em salicilatos, e
vice e versa. Porém, alguns alimentos somam alguns fatores que justificam evitá-los por
um período para destoxificar o organismo e, depois desse período inicial, rodiziá-los para
diminuir o consumo e dar tempo para o organismo conseguir eliminar as substâncias
tóxicas contidas nos mesmos, e não serem acumuladas novamente.

As frutas que contém as maiores quantidades de salicilatos são as frutas vermelhas, frutas
secas, frutas cítricas, uva, goiaba e maçã. A maior parte das oleaginosas e o amendoim
também são fontes de salicilatos.

As frutas secas, as oleaginosas e o amendoim também são alimentos ricos em fungos, que
com certeza devem ser evitados no tratamento de qualquer tipo de distúrbios de
comportamento.

As frutas cítricas, além de conterem fenóis e salicilatos, também são ricas em histamina,
l’octopamina, sinefrina, são altamente alergênicas e promovem crescimento fúngico.

52

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A variabilidade individual na suscetibilidade genética pode influenciar as respostas aos


tóxicos ambientais e contribuir para o aumento das vulnerabilidades das doenças.
Por exemplo, vários estudos relataram que alguns indivíduos com TEA expressam
polimorfismos em genes envolvidos na desintoxicação de poluentes ambientais. Esses
genes foram denominados "genes de resposta ambiental" e mais de 100 desses genes
podem contribuir para o risco de TEA.

53

Processo Inflamatório Sistêmico e Alterações do Neurodesenvolvimento

Os processos imunológicos, em especial as hipersensibilidades alimentares tardias, tem


se manifestado cada vez mais cedo na vida, e representam um grande desafio para o
organismo principalmente por estarem na base dos processos inflamatórios crônicos
(subclínicos) com repercussão em todos os órgãos e tecidos, inclusive no cérebro. A
depreciação dos fundamentos fisiológicos e fisiopatológicos da formação das nossas
defesas, a começar pela formação da microbiota e do entendimento da ação dos
nutrientes na formação, ação e manutenção de todas as nossas células, principalmente
as células imunológicas, faz com que o organismo se mantenha em um processo
contínuo de defesa contra substâncias que normalmente deveriam ser toleradas.

54

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Pela ótica nutricional, vários estudos têm demonstrado que os sintomas


neurocomportamentais são manifestações inflamatórias subclínicas devido a
processos alérgicos ambientais e alimentares (hipersensibilidade tardia e/ou por
citotoxicidade) com repercussão também no SNC.
Apesar de não ser normal, é extremamente comum crianças que apresentam
alterações no neurodesenvolvimento manifestar desde o primeiro mês sintomas
como otites de repetição, refluxo, dermatites, amidalites, alterações no sono,
bronquite entre outros processos inflamatórios crônicos, que normalmente vão
evoluindo, e os sintomas neurocomportamentais, quando existe uma suscetibilidade
genética é mais uma manifestação desse processo inflamatório que se instalou
desde sempre, sendo chamado por muitos especialistas no assunto de “alergia
cerebral”.

55

Reações Adversas aos Alimentos (RAA)


É a denominação empregada para qualquer reação anormal à ingestão de
alimentos ou aditivos alimentares, independente de sua causa.
São classificadas em: tóxicas e não tóxicas.
As reações não tóxicas são aquelas que dependem de uma susceptibilidade
individual e podem ser classificadas em imuno-mediadas (alergia alimentar) e
não imuno-mediadas (intolerância alimentar).
Há várias interpretações na identificação de alergias e intolerâncias
alimentares.

Alergia Alimentar (AA) é a denominação utilizada para as RAA, que envolvem


mecanismos imunológicos, resultando em grande variabilidade de
manifestações clínicas.
Intolerâncias alimentares, como por exemplo, na intolerância à lactose, serão
desencadeados sintomas pela incapacidade de se digerir a lactose (por falta da
enzima lactase), ocorrendo a fermentação da lactose dando sintomas como
formação de gases, cólicas, estufamentos, dores intestinais, mau hálito e até
diarréia, porém, não houve intermediação do sistema imunológico 56

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Desenvolvimento das alergias alimentares


Independem da
Tóxicas suscetibilidade
individual Intolerância à lactose
Intolerâncias: Intolerância à cafeína
não mediadas
pelo S. Imune Reações a aditivos químicos

Reações Resposta
 Macrófagos
Adversas aos celular  Células T citotóxicas
Alimentos Não
Tóxicas Mecanismos de
Alergias: hipersensibilidade
mediadas
 IgA Gel e Coombs tipo:
pelo S. Imune
Resposta
 IgD I, II, III e IV
humoral
anticorpos  IgE
 IgG
 IgM Reação tardia
A resposta imunológica do organismo contra Inflamatória
determinado antígeno, depende de uma série de IgG, IgM e C’
fatores, tais como: 3 a 6% das A.A.
 Predisposição genética (determinada pela Reação histamínica
epigenética). Imediata, IgE
 Tipo de antígeno, dose e porta de entrada
 Competência do sistema imune
 Integridade orgânica funcional 57
 Equilíbrio nutricional

Formação de Opióides

Peptídeos da caseína e do glúten, chamados de “caseomorfina” e


“gluteomorfina” ou “gliadomorfina”: essas substâncias são
chamadas de morfina “like”. Ao atravessarem a barreira
hematoencefálica, podem ocupar os receptores das aminas
biológicas naturais e modificar o comportamento.

Podem afetar a aprendizagem, a interação social, a função


imunológica, a função motora e a sensorial. Geram vício, pois,
num primeiro momento dão a sensação de bem-estar (opióides).

Caseomorfina: tyr-pro-phe-pro-gln-pro-ile
Gluteomorfina: tyr-pro-gln-pro-gln-pro-phe

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“Papel dos peptídeos


opióides derivados do
leite e da Prolina
Dipeptidil Peptidase-4
(DPP IV) no Autismo”.
Publicado na revista
Nutrients em
04/01/2019.

59

Tem sido amplamente discutido que indivíduos com TEA podem ter sintomas gastrointestinais
não diagnosticados, sintomas de hipersensibilidades, que são os efeitos da ingestão de caseína
e glúten. Essa teoria opióide do autismo também foi comprovada por estudos farmacológicos
(1). Peptídeos opióides exógenos liberados durante a digestão de proteínas dietéticas, como
caseína e glúten, foram relacionados com o desenvolvimento do autismo, levando à hipótese
de excesso de opióide no TEA (2).

Caseomorfina: tyr-pro-phe-pro-gln-pro-ile
Gluteomorfina: tyr-pro-gln-pro-gln-pro-phe

Um dos peptídeos derivados do leite mais biologicamente ativos é a β -


caseomorfinas (BCMs), em particular, β-caseomorfina-7 (BCM7; YPFPGPI) liberado a partir
da sequência da caseína do leite bovino β [3].
BCM7 tem a capacidade de permear a barreira intestinal e pode induzir efeitos biológicos
através os receptores opióides (MORs) nos sistemas imunológico e nervoso (4,5).

1-Leboyer, M.; Bouvard, M.P.; Launay, J.M.; Recasens, C.; Plumet, M.H.; Waller-Perotte, D. Opiate hypothesis
in infantile autism? Therapeutic trials with naltrexone. Encephale 1993, 9, 95–102.
2-Brantl, V.; Teschemacher, H.; Henschen, A.; Lottspeich, F. Novel opioid peptides derived from casein
(-casomorphins). I. Isolation from bovine casein peptone. Hoppe Seylers Z Physiol. Chem. 1979, 360,
1211–1224.
3-Cieslinska, A.; Kostyra, E.; Kostyra, H.; Olenski, K.; Fiedorowicz, E.; Kaminski, S. Milk from cows of different
-casein genotypes as a source of -casomorphin-7. Int. J. Food Sci. Nutr. 2012, 63, 426–430.

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Além disso, descobriu-se que as BCM têm um efeito inflamatório no sistema


gastrointestinal e podem contribuir para a etiologia de alergia alimentar (4,6).
Estudos in vitro demonstraram que o BCM7 pode alterar a proliferação de
linfócitos e a liberação de marcadores inflamatórios (6,7). Níveis elevados de
BCM7 foram observados no soro e na urina de pacientes com TEA em vários
estudos independentes (7,8). A presença de peptídeos opióides derivados do
leite é confirmada em leite bovino (3), leite materno, fórmula infantil,
produtos lácteos incluindo queijo e iogurte (9,10,11) e suplementos ricos em
proteína para esportistas (12).

4-Fiedorowicz, E.; Kaczmarski, M.; Cie´sli ´ nska, A.; Sienkiewicz-Szłapka, E.; Jarmołowska, B.; Chwała, B.;Kostyra, E. -casomorphin-7
alters -opioid receptor and dipeptidyl peptidase IV genes expression inchildren with atopic dermatitis. Peptides 2014, 62, 144–149.
6-Pal, S.; Woodford, K.; Kukuljan, S.; Ho, S. Milk intolerance, beta-casein and lactose. Nutrients 2015, 7,7285–7297.
7-Fiedorowicz, E.; Jarmołowska, B.; Iwan, M.; Kostyra, E.; Obuchowicz, R.; Obuchowicz, M. The influence of -opioid receptor agonist
and antagonist peptides on peripheral blood mononuclear cells (PBMCs). Peptides 2011, 32, 707–712.
7-Reichelt, K.L.; Knivsberg, A.M. Can the pathophysiology of autism be explained by the nature of the discovered urine peptides?
Nutr. Neurosci. 2003, 6, 19–28. [
8- Sokolov, O.; Kost, N.; Andreeva, O.; Korneeva, E.; Meshavkin, V.; Tarakanova, Y.; Dadayan, A.; Zolotarev, Y.; Grachev, S.; Mikheeva,
I.; et al. Autistic children display elevated urine levels of bovine casomorphin-7 immunoreactivity. Peptides 2014, 56, 68–71.
9-Sienkiewicz-Szłapka, E.; Jarmołowska, B.; Krawczuk, S.; Kostyra, E.; Kostyra, H.; Iwan, M. Contents of agonistic and antagonistic
opioid peptides in different cheese varieties. Int. Dairy J. 2009, 19, 258–263.
10-De Noni, I.; Cattaneo, S. Occurrence of -casomorphins 5 and 7 in commercial dairy products and in their digests following in vitro
simulated gastro-intestinal digestion. Food Chem. 2010, 119, 560–566.
11-Jarmołowska, B.; Kostyra, E.; Krawczuk, S.; Kostyra, H. -Casomorphin-7 isolated from Brie cheese. J. Sci. Food Agric. 1999, 79,
1788–1792.
12-Wociór, A.; Iwan, M.; Kostyra, H.; Kostyra, E. Opioid activity of high-protein supplement for sportsmen. Pol. J. Food Nutr. Sci.
2008, 58, 247.

O organismo está sendo cada vez mais exposto a uma grande diversidade de
antígenos alimentares (macromoléculas protéicas, ingestantes, aditivos químicos,
GMOs e agrotóxicos) e ambientais, como:

Ácaros

Mofo
Pelo de bichos
Perfumes
Cosméticos em geral
Material de limpeza
Metais tóxicos
Poluentes ambientais
Alterações de temperatura
Picada de bicho
Medicamentos
Estresse 62

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O comportamento alimentar atual está diminuindo a capacidade do organismo


modular as respostas de defesa aos agressores, pois, os nutrientes determinam a
formação e ação das células imunológicas.
Fatores como:
- Falta da ingestão mínima recomendada pela OMS de legumes, verduras e frutas,
assim como de cereais integrais e leguminosas, fundamentais, entre inúmeros fatores,
para disponibilizar as fibras necessárias para a fermentação e desenvolvimento das
bactérias probióticas, que: determinam a integridade da mucosa intestinal; o pH
adequado do lúmen intestinal; a capacidade de absorver vitaminas e minerais e de
inibir a passagem de macromoléculas; a inibição do crescimento de bactérias
patogênicas (inclusive H. pylori), fungos, leveduras e vírus por competição de substrato
e do sítio de adesão, alteração de pH intestinal e produção de antibióticos naturais e
substâncias que inibem o crescimento de patógenos (peróxido de hidrogênio);
modulam a atividade de fagócitos e linfócitos NK, além dos mecanismos de atuação do
fator nuclear Kappa B (NF-kB); aumentam a expressão de citocinas antiinflamatórias e
inibem a expressão de citocinas pró-inflamatórias; a produção de TGF-ß, necessário à
produção de IgA que determinará a tolerância oral e, na presença também do ácido
retinóico, aumenta a expressão das células Tregs, que vão expressar o Foxp3,
fundamental para evitar o aumento de auto-anticorpos, além de controlar as respostas
alérgicas.

63

- Carência de vitaminas e minerais necessários à formação, renovação e manutenção de todas


as nossas células de defesa, hormônios reguladores, enzimas antioxidantes, enzimas e sucos
digestivos, neurotransmissores, mucosas entre outros, além de executarem naturalmente
ações antiinflamatórias, antioxidantes, antialérgicas, destoxificantes e anticancerígenas;

- Desequilíbrio entre os macro e micro nutrientes, causando má utilização dos mesmos;

- Sobrecarga hepática, dificultando a destoxificação;

- Carências de nutrientes necessários para equilíbrio do sistema nervoso central, predispondo


o organismo à dificuldade de lidar com o estresse, desencadeando, entre outros fatores,
respostas imunológicas;

- Carência de fontes alimentares de ômega3, nutriente com ações antinflamatória,


antialérgica, imunomoduladora e fundamental para a formação e ação de sistema nervoso
central e periférico.

- Carência de vitamina D, considerado um dos principais fatores que pode desencadear


doenças auto-imunes, processos alérgicos, desequilíbrios da insulina, da tireóide, entre outros.
64

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SINAIS E SINTOMAS QUE PODEM SER


RELACIONADOS COM HIPERSENSIBILIDADES
ALIMENTARES TARDIAS, COMUMENTE PRESENTE EM
PORTADORES DE TRANSTORNOS DE
NEURODESENVOLVIMENTO

PELE: Sensibilidade
Transpiração excessiva
Palidez
Face inexpressiva (principalmente
associada à agitação das pernas, lóbulo
vermelho da orelha e olheira)

NARIZ: Nariz vermelho


Incontinência rinítica (coceira)

OLHOS: Olhos vermelhos


Coceira nos olhos
Olhos lacrimejantes
Prega (ou bolsa) sob os olhos
Olhos inchados
Olhar para o nada (de vidro):
não registra o que vê

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ORELHAS: Orelhas vermelhas (frequentemente


precedendo ou acompanhando
mudanças bruscas de personalidade)
Infecções recorrentes (pele)

BOCHECHAS: Brilhantes
Vermelhas
Circular (rouge
(rouge):
): principalmente
em crianças de 1 a 4 anos

LÁBIOS: Secos e rachados

GENGIVAS E INTERIOR DA BOCHECHA:


Desenvolvimento de feridas ou úlceras

LÍNGUA: Rachadura
Bolinhas na língua
Língua branca

SEDE EXCESSIVA

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FALA: Rápida
Gaguejar
Balbuciar
Pouco nítida
Voz rouca
Tom alto
Repetir várias vezes a mesma palavra ou
sentença
Sons estranhos (associado c/ mudanças
faciais)

MÃOS E PÉS FRIOS

INFLEXIBILIDADE NAS JUNTAS

PERNAS: Dor nas pernas, principalmente à noite


(mais em crianças de 2 a 5 anos)

ENURESE NOTURNA
leite, maçã, laranja, uva ou abacaxi, principalmente se
1 destas for a bebida preferida

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ASSADURA

BOLHAS OU FERIDAS
entre as costas e as nádegas

MUDANÇAS BRUSCAS: na escrita e no


entendimento, acompanhada de mudança no
comportamento (depressão, tristeza, agressividade)

HIPOGLICEMIA: hipersensibilidade e aumento de


fungos.

OBESIDADE
ALCOOLISMO

ALERGIA A OVO
Durante o teste
Antes do teste Após o tratamento

Atividade normal Hiperatividade e lóbulos Atividade normal


da orelha muito vermelhos

Fonte: Drª Doris Rapp, Médica especialista em alergia infantil. Estudo


elaborado pela Universidade Estadual de Nova York.

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ALERGIA A LEITE

Antes do teste Durante o teste Após o tratamento

Agradável e Chorando e não Quieto e tranqüilo


cooperativo cooperativo
Fonte: Drª Doris Rapp, Médica especialista em alergia infantil.
Estudo elaborado pela Universidade Estadual de Nova York.

Hipoglicemia e Disfunção Mitocondrial

A hipoglicemia aumenta a atividade dos receptores NMDA, aumentando a excitação


neuronal, e a falta de energia cerebral, tanto por hipoglicemia como por disfunção
mitocondrial, diminui a proteção das células nervosas da ação de substâncias
excitatórias, principalmente pela dificuldade da recaptação do glutamato e, portanto a
manutenção do mesmo no meio, aumentando a atividade dos receptores NMDA.

A disfunção mitocondrial e a ativação glial se combinam para causar uma função


alterada do neurônio cerebral, desestabilização do cérebro, fragilidade metabólica. Os
neurônios ficam simultaneamente hiperativos devido à ativação do receptor de
neurotransmissores (NMDA) e também hiporreceptivos devido ao comprometimento
mitocondrial; Essa"confusão fisiológica" contribui para a função cerebral alterada.
O cérebro é "desestabilizado", levando a uma "fragilidade metabólica" ou "fragilidade
cerebral" que torna esses pacientes mais sensíveis às mudanças na alimentação, clima,
hormônios, estresse, odores, sono e outros fatores.

74

37
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Falta de cuidados elementares e fatores como excessos, deficiências ou insuficiências


nutricionais, inflamação e infecção materna, hipersensibilidade alimentar tardia,
intoxicações orgânicas (xenobióticos), exposição excessiva à produtos químicos e aditivos
alimentares, alto consumo de alimentos ultraprocessados, drogas e outros fatores que
podem desencadear disbiose intestinal, distúrbios de destoxificação, inflamação crônica
(inclusive cerebral), disfunção mitocondrial, alterações imunológicas, hipoglicemia e
estresse oxidativo que, associados a uma suscetibilidade genética vão desencadear
doenças crônicas não transmissíveis, a curto, médio e longo prazo, com manifestações
clinicas variadas, inclusive com alterações do neurodesenvolvimento.

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Quanto mais se estuda as causas potenciais desses transtornos, mais se comprova que são
ambientais, e com certeza provocada pela modernidade, onde os fundamentos fisiológicos
têm sido negligenciados ao longo dos últimos anos, desconsiderando a individualidade
bioquímica, dando lugar a protocolos.
A identificação precoce de crianças com TEA é essencial para incrementar a eficácia da
intervenção inicial no momento em que o cérebro é mais plástico. Nenhum tratamento é
adequado a todos. O mais importante é que esse tratamento respeite a individualidade
bioquímica e seja multidisciplinar.
É importante enfatizar a necessidade de compreender a heterogeneidade tanto
neurobiológica quanto clínica dos transtornos de neurodesenvolvimento e destacar tanto
as intervenções médicas quanto as nutricionais, comportamentais e educacionais.

76

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Diagnóstico tardio de transtornos neurocomportamentais:

A observação de distúrbios comportamentais normalmente é realizada entre dois e três


anos, o que, na opinião dos especialistas é muito tardia. O ideal é que, um diagnóstico
clínico fosse combinado com o histórico acima para colocar a criança em atenção e que se
iniciasse um tratamento nutricional desinflamatório o quanto antes. Lembrando que esta
criança está no momento mais importante da formação neurológica e todo o esforço para
reverter fatores que interferem neste quadro deve ser feito rapidamente para não deixar o
processo evoluir.

Os distúrbios neurológicos embora inicialmente assintomáticos surgem através de


desequilíbrios já citados. Um tratamento alimentar visando um equilíbrio nutricional dará
suporte para o resgate destas funções sendo, portanto, capaz de permitir a remissão
destes sintomas.

A atenção aos fatores apresentados acima é muito importante para prevenção de quadros
de transtornos de neurodesenvolvimento, para aqueles que possuem pré-disposição
genética, e a prevenção de DCNTs, neste período crítico de formação e desenvolvimento.

77

Denise Carreiro
Nutricionista CRN3-
CRN3-2729

www.denisecarreiro.com.br
@denise_carreiro_nutricionista

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