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FISIOPATOLOGIA DA

DA OBESIDADE:
ETIOLOGIA
Prof. Dr. Sergio E. de A. Perez
seaperez@power.ufscar.br

Prof. Ms Felipe Fedrizzi Donatto


ffdonatto@gmail.com

2007

ESTADO NUTRICIONAL

1
ALIMENTO

→ energia e prazer (dificuldade para o nutricionista ajustar ingestão


às reais necessidades !)
→ fornecimento intermitente → excesso é armazenado para uso
posterior controle feito pelo S.N. e S.Endócrino → permite-nos viver
em inanição por vários meses
→ se o fornecimento for contínuo + sedentarismo = OBESIDADE

“os obesos têm maior tendência à morte súbita”


Hipócrates, 469 – 379 aC

“nos EUA morres-se mais por excesso que por falta de comida”
John Kenneth Gailbraith, economista, 1958

CLASSIFICAÇÃO DA OBESIDADE
DE ACORDO COM SUAS CAUSAS
DISTÚRBIO NUTRICIONAL INATIVIDADE FÍSICA

95% → Dietas exageradas → Sedentarismo da vida moderna


→ Dietas inadequadas (estilo de vida)
- gorduras → Incapacidade obrigatória
- carboidratos - doenças motoras
- imobilizações, etc.
→ Idade avançada
- dores
↑ quantidade e - falta de ânimo
densidade calórica - ↓ TMB

→ alterações endócrinas
5% → medicamentosa ↓ consumo
→ abandono do tabagismo energético
→ genéticas

2
Influência na TMB
Genética,

- Idade,

- Sexo,

-Massa magra e gordura corporal;

- Regulação hormonal;

- Intensidade, freqüência e duração de


exercícios.

Por que é tão difícil de controlar a ingestão de alimentos ?

Que mecanismos estão agindo sobre o nosso corpo e cérebro ?

O balanço energético dos mamíferos é controlado por uma

extraordinária e complexa rede de mecanismos interagindo por

“feedback” envolvendo as seguintes estruturas:

Na periferia:
No Sistema Nervoso Central:
→ estômago
→ intestino
- hipotálamo
→ fígado
- tronco cerebral
→ tireóide
- centros do cérebro superior
→ tecido adiposo

3
Cientistas especialistas em investigação humana devem estar
associados com outros em endocrinologia, comportamento animal,
analistas de imagens e geneticistas.

As informações que serão apresentadas a seguir refletem uma


iniciativa de uma “Força Tarefa” reunida com o foco nas interfaces
entre essas disciplinas, um produto da diversidade de perspectivas e
interesses desses especialistas”
National Institute of Health - NIH
Department of Health & Human Services – USA
Maio de 2005

Temática Neural:
→ Neurobiologia da obesidade, fatores motivacionais e preferência alimentar;
→ Estudos de imagens cerebrais da obesidade;
→ Ambiente intrauterino e desenvolvimento de vias do balanço energético;
→ O papel das desordens do sono e sono insuficiente no sobrepeso e na obesidade

FEEDING REGULATION AND OBESITY – nature neuroscience – May, 2005


How can drug addiction help us understand obesity ?
Nora D Volkow & Roy A Wise

“Como o vício em drogas pode nos

ajudar a entender obesidade ?”

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Alimentos palatáveis ativam uma circuitaria de recompensa no

cérebro diretamente de inputs sensoriais e com conseqüências

lentas pós – ingestão (como o aumento da glicose no sangue e

no cérebro). Enquanto que drogas ativam essas mesmas vias

principalmente pelos seus efeitos farmacológicos diretos sobre

os circuitos de recompensa.

Nem todos os humanos que foram expostos à drogas tornam-se adictos, tanto
quanto nem todos expostos à alimentos altamente calórico tornam-se obesos. No
entanto algumas classes de obesidade podem estar ligados à alguns
polimorfismos genéticos, a recente epidemia de obesidade e certas adicções são
mais claramente relacionadas com a disponibilidade dos “alimentos confortáveis”,
e drogas, ou formas de drogas como as anfetaminas, crack e cocaína, assim como
os impulsos do genoma.

5
1ª exposição:

Animal passa mal (se intoxica)

planta + toxina

2ª exposição: - não disponibilidade de alimentos alternativos, ou


- alto índice calórico do alimento compensa o mal estar

Indivíduo desenvolve tolerância à toxina

→ quanto mais aguda for a fome, maior a faixa de alimentos que vamos ingerir

Assim, aprendemos a mascar folha de tabaco, beber o néctar das frutas fermentadas
e ingerir grãos altamente calóricos. Paradoxalmente,alguns dos venenos que se desenvolveram nas
plantas para desencorajar os animais à ingerí-las, acabaram por formar o hábito dos animais a ingerí-las

O vício e a obesidade resultam de hábitos de ingestão e de “ir à procura de algo”,


que persistem fortemente no nosso comportamento apesar da ameaça de
conseqüências catastróficas.
Ingestão de alimentos e uso de drogas envolvem comportamentos aprendidos e
preferências que são marcadas pelas forças das propriedades repetitivas do
reforçamento e recompensa.

ALIMENTO PALATÁVEL ativa circuitaria da recompensa (prazer)

A estimulação supra fisiológica repetitiva de vias de recompensa por drogas não


somente define hábitos e estimula preferências, mas também desencadeia
adaptações neurobiológicas que aumentam paulatinamente à um
comportamento compulsivo que leva à perda futura do
controle sobre a ingestão.

O IMPULSO DO GENOMA E AS INFLUÊNCIAS AMBIENTAIS


(ACESSO CONFORTÁVEL AO ALIMENTO E À DROGA)
PODEM EXPLICAR A EPIDEMIA,
NO MUNDO MODERNO DE

OBESOS E DROGADOS
National Institute of Health – NIH, 2005

6
IMPULSO DO GENOMA E INFLUÊNCIAS AMBIENTAIS

Fenótipo = Genótipo + Meio ambiente

No entanto, as estimativas da
hereditariedade sob um conjunto de
circunstâncias não são necessariamente
válidos para outro conjunto.

Genótipo Meio ambiente

FENÓTIPO

“A contribuição genética para a obesidade difere entre as sociedades que


diferem na aceitabilidade e disponibilidade de alimentos com alto teor de
gorduras e carboidratos”

IMPULSO DO GENOMA E INFLUÊNCIAS AMBIENTAIS

sim agentes estressores sim / não à adição


não (ambiente) sim / não à obesidade

DNA
- Disponibilidade de alimentos sedutores e de drogas

Ex - há milhares de anos: gene do sabor doce → energia rápida


hoje: ↑ dramático na disponibilidade de alimento + genoma pouco
mudado

-Qualidade do reforçador

-Estresse

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How can drug addiction help us understand obesity ?
Nora D Volkow & Roy A Wise

“Alimentos, da mesma forma que a droga, estabelecem diferentes níveis de compulsão”

-Estresse

- Estresse CRF balanço energético, recaída na droga na


abstinência aguda

-Fator ligado ao desenvolvimento


- Exposição precoce à droga / alimento

Ex 1- exposição de roedores à nicotina → mudanças nos receptores de


nicotina
Ex 2- exposição às drogas no desenvolvimento fetal → ↑ na vulnerabilidade à
droga na fase adulta

“Exposição a certas dietas na vida fetal e no período imediatamente


pós natal pode influenciar na preferência individual de determinado
alimento na vida adulta”

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-Adaptações neurobiológicas

Evidências:
- Naloxone → inibe a ingestão em mamíferos e animais inferiores
- Ingestão de drogas ou alimentos → ativa vias dopaminérgicas centrais
-Bloqueio farmacológico → ↓ efeito reforçador do alimento bem
-como da cocaína, anfetamina, nicotina ou álcool
- O papel dos opióides nessas áreas → ↑ ingestão de Gord. e CH; recompensa por
alimentos palatáveis

- Drogas aditivas / alimentos → recompensa, motivação, decisão do que fazer

O que leva ao aumento do desejo pela droga e o progresso do vício ?

substâncias gatilhos que acionam as vias dopaminérgicas:


-Dopamina, Glutamato, GABA, opióides e CRF podem “romper ”
o funcionamento cerebral

FEEDING REGULATION AND OBESITY – nature neuroscience – May, 2005


How can drug addiction help us understand obesity ?
Nora D Volkow & Roy A Wise

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How can drug addiction help us understand obesity ?
Nora D Volkow & Roy A Wise

“rompimento”

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How can drug addiction help us understand obesity ?
Nora D Volkow & Roy A Wise

ROMPIMENTO DO OFC → COMPORTAMENTO COMPULSIVO

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-Prevenção

- Fumo → Campanha em 30 anos: de 42,4% a 24,7% !

-educação alimentação e exercício


Campanha contra -abordagem precoce (infância)
a -treinamento da comunidade médica
OBESIDADE -indústria: alimentos saudáveis mais palatáveis e baratos
-ações nas escolas, dificultando acesso ao alimento hipercalórico

-Tratamento

- Farmacológico → antagonistas canabinóides (CB1)

-Terapia Cognitiva Comportamental de 12 steps → c/ remoção do estresse


à abstinência.
- Médicos de família → acompanhamento familiar

“Unfortunately, as with addiction, physicians, nurses and phychologists receive little


training in management of obesity” NIH, 2005

FEEDING REGULATION AND OBESITY – nature neuroscience – May, 2005


The hardship of obesity: a soft-wired hypothalamus
Tamas L Horvath

“O sofrimento da obesidade:

um hipotálamo interligado”

11
Peptídeos neurotransmissores envolvidos na ingestão e metabolismo:

MCH = Melanin concentrating hormone

Orexin

Glutamato

NPY = Neuropeptide Y
POMC cells
ARP = Agouti -related protein

CART = Cocaine-and-Amphetamin regulated transcript

αMSH = Melanocyte stimulating hormone

Leptina
Sinalizadores periféricos
Grelina

12
ÁREA HIPOTALÂMICA LATERAL

OREXINA

MCH
(hormônio concentrador de melanina)

OREXINA X MCH
(hipotálamo lateral)

↑ FOME

↓ TAXA METABÓLICA

13
LEPTINA

NPY

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The hardship of obesity: a soft-wired hypothalamus
Tamas L Horvath

REGULAÇÃO METABÓLICA
-Tronco cerebral
-Medula espinhal
-Córtex cerebral

CENTRO DA FOME

CENTRO DA SACIEDADE

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INTERRELAÇÕES DOS NÚCLEOS HIPOTALÂMICOS
PVN
AÇÕES METABÓLICAS VIA SNA
(↑ ou ↓ gasto energético)
MC4R

LH
LEP LEP
MCH GRE
NPY / AgRP OREXIN
Hipocretin
GRE
fome fome
LEP

α – MSH (POMC)
GRE
saciedade
INIBE
ARC
•GRE, NPY, AgRP, OREXIN, Hipocretin = Ações similares ESTIMULA
•LEP, CART = Ações similares

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FEEDING REGULATION AND OBESITY – nature neuroscience – May, 2005
The hardship of obesity: a soft-wired hypothalamus
Tamas L Horvath

PLASTICIDADE NEURONAL NA REGULAÇÃO DO BALANÇO ENERGÉTICO

- Conectividade e integração de sinais periféricos é redundante (rearranjo fácil → plasticidade)

- Leptina (ou grelina / hipocretina) pode determinar a densidade dos impulsos da circuitaria
hipotalâmica

- Nível de disparo da circuitaria pode determinar a sensibilidade do “set point”


EX: indivíduos + sensíveis ou + resistentes ao desenvolvimento de
obesidade sensível à dieta.

- Essa sensibilidade pode depender do estado de desenvolvimento do “set point”


contribuindo não à obesidade por si só, mas predispondo ou não a ela.

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Molecular and anatomical determinants of central leptin resistance
Heike Münzberg & Martin G Myers, Jr

“Determinantes moleculares e anatômicos


da resistência central à leptina”

CONTROLE DO EQUILÍBRIO DE ENERGIA

 LEPTINA: HORMÔNIO CODIFICADO PELO GENE OB


DAS CÉLULAS ADIPOSAS

GORDURA CORPORAL LEPTINA

ESTOQUES DE GORDURA LEPTINA

SCHWARTZ & SEELEY, 1997.

18
LEPTINA LIBERADA NO SANGUE

CIRCULA ATÉ O HIPOTÁLAMO

INIBIÇÃO A PRODUÇÃO DO NEUROPEPTÍDEO Y (NPY)

POTENTE ESTIMULANTE DE INGESTÃO


ALIMENTAR E TAMBÉM REDUZ O GASTO
ENERGÉTICO PELA REDUÇÃO NO GER.

SCHWARTZ & SEELEY, 1997.

HIPOTÁLAMO

19
HIPOTÁLAMO

Centro de controle do
sistema nervoso DIETA
Autônomo e da hipófise
EXERCÍCIO
Centro de Centro de Centro de
controle Controle da Controle da
da fome saciedade temperatura

Concentrações
Paladar e Estômago
Sangüíneas de DIETA
olfato Glicose, gorduras,
Aminoácidos e EXERCÍCIO
hormônios

Intestino
Fígado DIETA
WILLIANS, 2002 delgado

20
Estrutura regulatória do DNA que sofre a ação das substâncias indutoras
de transcrição gênica

21
Indutores da expressão de SOCS3

-Mediadores da inflamação aguda


-Adipocinas
-IL-6
SOCS3 -TNFα
-Ácidos graxos
-Outros lípides
- Resistina
- Corticosteróides

“... a LEPTINA é considerada um fator pró inflamatório “

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Molecular and anatomical determinants of central leptin resistance
Heike Münzberg & Martin G Myers, Jr

SENSIBILIDADE
À INSULINA

SOCS3 E SENSIBILIDADE À INSULINA

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INTERRELAÇÕES DOS NÚCLEOS HIPOTALÂMICOS
PVN
AÇÕES METABÓLICAS VIA SNA
(↑ ou ↓ gasto energético)
MC4R

LH
LEP LEP
MCH GRE
NPY / AgRP OREXIN
Hipocretin
GRE
fome fome
LEP

α – MSH (POMC)
GRE
saciedade
INIBE
ARC
•GRE, NPY, AgRP, OREXIN, Hipocretin = Ações similares ESTIMULA
•LEP, CART = Ações similares

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O sistema central da Melanocortina é talvez a mais bem caracterizada via envolvida

na regulação da homeostase energética. Esta coleção de circuitos é única tendo a

capacidade de sentir sinais de uma gama de hormônios e nutrientes e impulsos

aferentes neurais. Da mesma forma, parece estar envolvido nos sinais adipostáticos

de longo termo promovidos pela leptina e insulina, primariamente recebidos no

hipotálamo, com os sinais agudos reguladores da fome e saciedade. O Sistema é

também único do ponto de vista regulatório que é composto de fibras que expressam

ambos, agonistas e antagonistas dos receptores da melanocortina. Dado que o

Sistema Central da Melanocortina é um alvo ativo para o desenvolvimento de drogas

para o tratamento da obesidade, diabetes e cachexia, é importante entender o sistema

em sua completa complexidade, incluindo os sistemas correlatos que também regula

os sistemas cardiovascular e reprodutivo0

Esquema do processamento da pró-opiomelanocortina (POMC)

24
Sistema Melanocortina: MC1R- pig. da pele
MC2R- ACTH
- ACTH MC3R- cérebro,
- α MSH placenta, TGI, hipófise
- β MSH Proteína G
gene POMC MC4R- cérebro, hipó-
- γ MSH fise
MC5R- cérebro, gls.
exócrinas, hipófise
β - endorfina

Evidência:
A Síndrome da Obesidade da Melanocortina pode ocorrer em humanos e ratos resultante
de uma mutação que anula o gene POMC . Esses pacientes têm insuficiência de ACTH, cabelo
vermelho e obesidade, resultante respectivamente da baixa quantidade de α MSH na pele e
cérebro. Uma mutação com mudança da estrutura heterozigótica no gene produtor de MC4R, em
humanos, produz outra síndrome envolvendo obesidade. Estudos mais recentes mostram que a
haploinsuficiência do MC4R em humanos gera uma obesidade severa de causa monogênica. Os
detalhes clínicos dessa síndrome são semelhantes aos obtidos em ratos (“agout mouse-like
syndrome”) → aumento da massa adiposa, crescimento linear da massa magra, hiperinsulinemia,
hiperfagia.

Hipotálamo (ARC) – NPY


- AgRP
- POMC
CÉREBRO

Tronco Encefálico - NTS (POMC) → AgRP (MC3R e MC4R)

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SISTEMA

MELANOCORTINA

NO

HIPOTÁLAMO

núcleos com MC4R

neurônios c/ POMC (CART)

neurônios c/ AgRP

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Molecular and anatomical determinants of central leptin resistance
Heike Münzberg & Martin G Myers, Jr

REGULAÇÃO HORMONAL DO SISTEMA HIPOTALÂMICO DA MELANOCORTINA

→ fora da barreira hematocefálica (situação anatômica favorável);


→ recebe farta vascularização (próximo da Eminência Média);
→ possível sensor hormonal e de nutrientes (ARC) – p.ex. sensor de GH para libe-
ração de GHRH;
→ sensor de leptina (hormônio adipostático);
→ sensor de insulina na regulação da produção hepática de glicose;
→ sensor de estrogênios (?) → ação anoréxica do estradiol
→ Resposta à grelina (peptídeo de 28 aa secretado no estômago, potente indutor de
fome)
sua ação é bloqueada pela a injeção de
antagonistas de NPY

suprime o disparo dos nervos


estimula os receptores envolvidos na ação vagais
do GH (GHRS)

26
NÚCLEO ARQUEADO (ARC)

FEEDING REGULATION AND OBESITY – nature neuroscience –


May, 2005 Molecular and anatomical determinants of central leptin
resistance - Heike Münzberg & Martin G Myers, Jr

NUTRIENTES E SISTEMA HIPOTALÂMICO


DA MELANOCORTINA

→ sinal rápido de fome – GRELINA

→ sinal lento de saciedade – LEPTINA E INSULINA

→ sinal rápido de saciedade – NUTRIENTES (ácidos graxos)

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ANATOMIA E REGULAÇÃO DO SISTEMA DA MELANOCORTINA
NO TRONCO

→ potencial sensor dos estímulos periféricos provenientes dos aferentes


vagais

- (1) distensão / contração gástrica e duodenal;


- (2) conteúdo químico do lúmen intestinal (ácidos graxos, p. ex.)
- (3) peptídeos e neurotransmissores liberados no estômago e
duodeno em resposta aos nutrientes (CCK, CART, α MSH, TH – tirosina
hidroxilase, GLP) agem no NTS

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Molecular and anatomical determinants of central leptin resistance
Heike Münzberg & Martin G Myers, Jr

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PAPÉIS ADICIONAIS PARA O SISTEMA CENTRAL
DA MELANOCORTINA

→ pressão arterial ( ↑ )

→ freqüência cardíaca ( ↑ )

→ inflamação (MSH tem potente ação anti – inflamatória)

→ natriurese (γ- MSH – MC3R)

→ função reprodutiva (lordose em fêmeas e ereção nos machos)

TECIDO ADIPOSO

Reservatório energético
regulado funcionalmente
por nervos, hormônios e
nutrientes;

Regulador do balanço
energético e eixos
neuroendócrinos.

29
REGULAÇÃO

Reesterificados
AGL
em TG

GLICOSE
Transformados
em ACETIL COA
PROTEÍNA

TECIDO ADIPOSO
ADIPOCINAS
TNF-ALPHA

IL-6

TERMOGENINA

ADIPONECTINA

INIBIDOR DE ATIVAÇÃO
DO PLASMINOGÊNIO

RESISTINA

LEPTINA

30
TECIDO ADIPOSO
TNF-ALPHA
PROMOVE AUMENTO
DA RESISTÊNCIA A
INSULINA
EXPRESSÃO GÊNICA GLUT-4

FOSFORILAÇÃO DO
SUBSTRATO 1 DO RECEPTOR
DE INSULINA

TNF-alpha X Exercício
35

30

25
*
pg/ml

20

15

10
*
*
* #
5 *
0
C CA T TA EX EXA
G r u p o s E x p e rim e n ta is

31
TECIDO ADIPOSO
IL-6 CITOCINA PRÓ-
INFLAMATÓRIA
REGULADORA DA
SINALIZAÇÃO ENERGÉTICA

MAIOR PARTE SECRETADA


PELO TECIDO ADIPOSO
INTRAVISCERAL

MARCADOR DE RESISTÊNCIA
A INSULINA

MÚSCULOS
FÍGADO
EXERCITADOS
G

GLICOGENÓLISE

IL-6

LIPÓLISE
AGL

ESTOQUES
GLICOGÊNIO TECIDO ADIPOSO
(DONATTO, PRESTES, PEREZ & CAVAGLIERI, 2006; PEDERSEN et al., 2001)

32
TECIDO ADIPOSO
RESISTINA
Proteína com características
pró-inflamatórias

Promove a resistência a
insulina;

EFEITO ATEROGÊNicO
ATIVIDADE DO NF-K-BETA

TECIDO ADIPOSO
Inibidor de plasminogênio ativado-1 (PAI-1)

Proteína anti-fibrinolítica
produzida também pelo fígado;

Fator que promove a


formação da aterosclerose;

Agregação de plaquetas e
fibrina e consequente
formação de trombos;

33
TECIDO ADIPOSO
ANGIOTENSINOGÊNIO
RECEPTOR ANGIOTENSINA I e II

Relação com a proliferação e


diferenciação de adipócitos;

RELACIONADO COM A
PROMOÇÃO DA SINDROME
PLURIMETABÓLICA.

TECIDO ADIPOSO
ADIPONECTINA

Proteína que age na proteção


contra a aterosclerose;

TNF-ALPHA

QUIMIOTAXIA DOS
MACRÓFAGOS NO
PROCESSO
ATEROSCLERÓTICO

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FEEDING REGULATION AND OBESITY – nature neuroscience – May, 2005
Hypothalamic sensing of fatty acids
Tony K T Lam; Gary J Schwartz & Luciano Rosseti

“Sensibilidade hipotalâmica à acidos graxos”

35
O Trato Gastrointestinal (TGI)

36
DIGESTÃO LIPÍDIOS

radiografia por contraste (bário)

37
38
DIGESTÃO e ABSORÇÃO DOS LIPÍDIOS

BOCA ESTÔMAGO INTESTINO DELGADO


CÓLON

S
LIPÍDIOS TGCC SAIS BILIARES + CCK A
AG AG AG AG
LIPASE LINGUAL LIPASE N
GÁSTRICA
LIPSE PANCREÁTICA
G
GLICEROL + AG AG AG U
E

FOSFOLIPÍDIOS BILE

COLESTEROL

39
FORMAÇÃO DOS QUILOMÍCRONS
ATRAVÉS DA MUCOSA EPITELIAL

QUILOMÍCRON

Colesterol livre
Fosfolipídeo

Triglicerídeo
Colesterol esterificado
Proteína

40
5000 A 2000 A
800 A
500 A 300 A 200 A 50-300 A

VLDL LDL HDL


Quilomícrons

proteínas
fosfolipíd
eo s
coles
TG terol

80 – 90%
TRIGLICERÍDEO

20%
FOSFOLIPÍDIOS 50%
PROTEÍNA

45%
COLESTEROL

41
42
Seletivas regiões do cérebro, incluindo o hipotálamo, são capazes de
desencadear informações sobre o estado nutricional do corpo de maneira a
implementar respostas metabólicas e comportamentais às mudanças na
disponibilidade de combustível. Esta revisão focaliza os sinais metabólicos
diretos sobre o hipotálamo.

Há evidência crescente que suporta a idéia de que o metabolismo dos ácidos


graxos, dentro de discretas regiões hipotalâmicas pode funcionar como um
sensor para a disponibilidade de nutrientes que podem integrar múltiplos
sinais nutricionais e hormonais.

Hipótese glicostática:

glicose circulante → estado nutricional do corpo

após leptina

glicose circulante → biossíntese e secreção de insulina e leptina

Hipótese lipostática:

lípides circulantes → estado nutricional → regula a estocagem

após leptina

hormônios circulantes
(leptina e insulina) regula comportamento
+ regula funções neuroendócrinas
lípides circulantes regula funções autonômicas
(ácidos graxos e glicerol)

ADIPOSIDADE CORPORAL

43
METABOLISMO CELULAR DOS ÁCIDOS GRAXOS

LCFAs = Long - Chain Fat Acids (ácidos Graxos de Cadeia Longa); ACS = Acyl Co-A Sintetase; ACC = Acyl
Co-A Carboxilase; AMPK = Proteína Kinase Ativada por AMP; CPT = Carnitina Palmitoil Transferase

FEEDING REGULATION AND OBESITY – nature neuroscience – May, 2005


Hypothalamic sensing of fatty acids
Tony K T Lam; Gary J Schwartz & Luciano Rosseti

LCFAs COMO SINAL DE EXCESSO DE ENERGIA PARA O HIPOTÁLAMO

LCFAs
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Hypothalamic sensing of fatty acids
Tony K T Lam; Gary J Schwartz & Luciano Rosseti

44
Tri-C = Trascina C – potente inibidor da ACS

FEEDING REGULATION AND OBESITY – nature neuroscience – May, 2005


Hypothalamic sensing of fatty acids
Tony K T Lam; Gary J Schwartz & Luciano Rosseti

FEEDING REGULATION AND OBESITY – nature neuroscience – May, 2005


Hypothalamic sensing of fatty acids
Tony K T Lam; Gary J Schwartz & Luciano Rosseti

45
OXIDAÇÃO LIPÍDICA RESTRINGE A INGESTÃO INIBINDO O HIPOTÁLAMO

FEEDING REGULATION AND OBESITY – nature neuroscience – May, 2005


Hypothalamic sensing of fatty acids. Tony K T Lam; Gary J Schwartz & Luciano Rosseti

ADAPTAÇÃO METABÓLICA À ABUNDÂNCIA DE NUTRIENTES

FEEDING REGULATION AND OBESITY – nature neuroscience – May, 2005.


Hypothalamic sensing of fatty acids. Tony K T Lam; Gary J Schwartz & Luciano Rosseti

46
INTEGRAÇÃO DOS SINAIS HOMEOSTÁTICOS NO HIPOTÁLAMO

FEEDING REGULATION AND OBESITY – nature neuroscience – May, 2005


Hypothalamic sensing of fatty acids. Tony K T Lam; Gary J Schwartz & Luciano Rosseti

FEEDING REGULATION AND OBESITY – nature neuroscience – May, 2005


Hypothalamic sensing of fatty acids
Tony K T Lam; Gary J Schwartz & Luciano Rosseti

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FEEDING REGULATION AND OBESITY – nature neuroscience – May, 2005
Endocannabonoid control of food intake and energy balance
Vicenzo Di Marzo & Isabel Matias

“Controle endocanabinóide da ingestão e balanço energético”

Introdução:

Marijuana e seu principal componente psicotrópico ( ∆ 9 tetrahidrocanabinóide), esti-

mula o apetite e aumenta o peso corporal em síndromes de excesso alimentar, suge-

rindo que o receptor canabinóide, CB1 e seus ligantes endógenos, os endocanabinói-

des, estão envolvidos no controle do balanço energético.

O sistema endocanabinóide controla a ingestão alimentar via ambos, mecanismo

central e periférico, e pode ainda estimular a lipogênese e o acúmulo de gordura.

Discutiremos aqui a regulação multi-facetada dos endocanabinóides na homeostase

energética, juntos com suas aplicações ao tratamento de desordens e síndromes

metabólicas.

48
FEEDING REGULATION AND OBESITY – nature neuroscience – May, 2005
Endocannabonoid control of food intake and energy balance
Vicenzo Di Marzo & Isabel Matias

ENDOCANABINÓIDES CEREBRAIS
CONTROLAM A INGESTÃO ALIMENTAR

FEEDING REGULATION AND OBESITY – nature neuroscience – May, 2005


Endocannabonoid control of food intake and energy balance
Vicenzo Di Marzo & Isabel Matias

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CLASSIFICAÇÃO DA OBESIDADE
DE ACORDO COM SUAS CAUSAS
DISTÚRBIO NUTRICIONAL INATIVIDADE FÍSICA

95% → Dietas exageradas → Sedentarismo da vida moderna


→ Dietas inadequadas (estilo de vida)
- gorduras → Incapacidade obrigatória
- carboidratos - doenças motoras
- imobilizações, etc.
→ Idade avançada
- dores
↑ quantidade e - falta de ânimo
densidade calórica - ↓ TMB

→ alterações endócrinas
5% → medicamentosa ↓ consumo
→ abandono do tabagismo energético
→ genéticas

ALTERAÇÕES ENDÓCRINAS

50
Obesidade Tireoidiana

Pode ser caudada por doença tireoidiana auto-imune, radioterapia,


Intervenção cirúrgica do hipertireoidismo, câncer, deficiência de iodo e
defeitos congênitos

Hipotireoidismo
Função Tireoidiana
localização histologia

51
- Mecanismo de produção hormonal (T3 e T4)

Função tiroidiana

52
Função tiroidiana

Função tiroidiana

53
Cytomel
(T3 - hormônio da tireóide -
Liothyronine)

54
Função tiroidiana

55
Função tiroidiana

HIPO HIPER

Nódulo frio Nódulo quente

Patologia da tireóide

56
Hipotireoideo Hipertireoideo
Normal

TIREÓIDE
1. Eixo Hipotálamo-Hipófise-Tireóide

57
TIREÓIDE
Mecanismo de Ação Hormonal

T3 ⊕
RNA POL II

hRNA

T4 T3 mRNA
mRNA

PROTEÍNA

Patologia da tireóide

58
TIREÓIDE
HIPOTIREOIDISMO - Eixo Hipotálamo-Hipófise-Tireóide

TIREÓIDE
HIPOTIREOIDISMO

59
Patologia da tireóide

60
61
- Hipertireoidismo - Hipotireoidismo

Síndrome de Cushing

Decorrente de alterações no sistema hipofisário, glândulas adrenais


e/ou decorrente de tratamentos prolongados com glicocorticóides;

Caracterizada por alterações metabólicas, como aumento do


catabolismo muscular, podendo desenvolver osteoporose e
adelgaçamento da pele formando estrias purpúreas, além de deposição
de gordura localizada na região cervical posterior.

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CÓRTEX ADRENAL
Considerações Anatômicas

Síndrome de Cushing

Função das Adrenais

localização histologia

aldosterona

glicocorticóides

hormônios
sexuais

adrenalina e
noradrenalina

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Cushing

Após adrenalectomia

GENÉTICAS

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SÍNDROME DE PRADER WILLI

→ Incidência de 1/10.000 nascimentos


→ Sintomas: - hipotonia muscular
- mãos e pés pequenos
- baixa estatura
- hipogonadismo (hipoplasia falo- escrotal)
- atraso no desenvolvimento motor
- comprometimento intelectual (microcefalia, miopia)
→ Causas: - OBESIDADE

Não disjunção prézigótica materna

Trissomia do cromossomo 15 / microdeleções paternas Letal


(se perder 1 cromossomo o feto se viabiliza)

Dissomia uniparental materna

Prader - Willi

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Prader - Willi

Prader - Willi

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SÍNDROME DE KLINEFELTER (XXY)

- hipogenitalismo e hipogonadismo

- membros inferiores mais longos

- ginecomastia

- azoospermia

- distúrbios comportamentais

- comprometimento intelectual

- OBESIDADE CENTRAL

SÍNDROME DE KLINEFELTER (XXY)

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SÍNDROME DE COHEN

- hipotonia muscular
- dentes incisivos salientes
- comprometimento intelectual
- microcefalia
- micrognatia
- boca entreaberta
- palato alto
- distrofia coreoretinal
- mãos estreitas e dedos finos
- OBESIDADE

(origem desconhecida: autossômica recessiva ?)

Síndrome de Cohen

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SÍNDROME DE CARPENTER, WHEATON

- acrofefalia
- polidactilia
- sindactilia dos pés
- desvio lateral dos ângulos dos olhos
- oligofrenia
- OBESIDADE

(origem desconhecida: autossômica recessiva ?)

SÍNDROME DE LAURENCE – MOON - BIEDL

- oligofrenia
- polidactilia
- retinite pigmentosa
- hipoplasia dos órgãos genitais
- hipogonadismo
- OBESIDADE

Outras manifestações menos freqüentes

- alterações renais (glomerulonefrite crônica)


- diabetes insípidus
(origem desconhecida: autossômica recessiva ?)

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ABANDONO DO TABAGISMO

A nicotina aumenta o gasto calórico


e diminui o apetite

CONDIÇÕES PATOLÓGICAS ASSOCIADAS AO TABAGISMO


1. CARDIOVASCULARES
→ Aterosclerose (insuficiência coronariana, doença vascular periférica
Aneurismas de aorta, obstrução carotídea, etc)
→ Espasmo coronariano
→ Arritmias
→ Outras doenças vasculares (tromboangeíte obliterante, trombose
Venosa profunda, embolia pulmonar, etc)

2. NEOPLÁSICAS 5. DERMATOLÓGICAS
→ Carcinoma broncogênico → Rugas e envelhecimento precoce
→ Câncer laríngeo e de orofaringe → Psoríase
→ Outras (esôfago, pâncreas, bexiga, colo
de útero, mama, pênis, estômago, fígado, ânus 6. REPRODUTIVAS
leucemias). → Insuficiência ovariana
3. RESPIRATÓRIAS → Menopausa precoce
→ DPOC (bronquite crônica e enfisema) → Abortos espontâneos
→ Bronquiolite respiratória → Baixo peso fetal
→ Fibrose pulmonar idiopática → Convulsões febris do recém nato
→ Apnéia do sono
7. OUTRAS
→ Osteoporose
4. DIGESTIVAS → Periodontite
→ Úlceras Pépticas → Perda do paladar
→ Refluxo gastroesofágico → Perda da olfação
→ Adenomas de colon → Secreção hormonal alterada

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MUITO OBRIGADO !

seaperez@power.ufscar.br

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