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Avaliação em psicopatologia

Os tempos de criança são associados na generalidade a ser-se feliz sem sofrimento sem
preocupações, partimos do pressuposto que entre o nascimento e a entrada na escola primária
(0 aos 6ano) é, um período no qual a criança não tem sofrimento, angustias como os adultos.
No entanto ao longo dos anos foram realizados vários estudos e as conclusões são bem
diferentes, por vários motivos os transtornos de saúde mental na primeira infância são mais
comuns do que se imagina, sendo por isso os problemas frequentemente desvalorizados e
consequentemente um atraso na procura de ajuda profissional.
As crianças, no entanto, são suscetíveis a dor física e emocional, embora não a
expressem da mesma forma que os adultos. Os sintomas da depressão infantil, por exemplo,
são semelhantes aos da depressão dos adultos. A criança depressiva, no entanto, tem muita
dificuldade a transmitir os seus sentimentos em palavras. Por sua vez, ela expressa-os através
de comportamentos inapropriados, como crises de choro, desrespeito com os pais, isolamento
dos amigos, baixa o seu envolvimento nas atividades o seu desempenho fica comprometido, e
regridem no seu desenvolvimento, situação que pode ocorrer tanto em crianças como nos
bebés. Em paralelo, crianças paradas/sossegadas por norma indicam-nos igualmente que algo
não está bem como deveria estar.
Ansiedade, transtorno do pânico, TDAH (transtorno do deficit de atenção e
hiperatividade, transtornos alimentares, TEPT (transtorno pós-traumático) e outras condições
prejudiciais à saúde mental infantil manifestam-se de maneira semelhante à depressão. Assim
que seus sintomas/especificidades forem notados, a criança deve consultar um psicólogo.
Embora alguns dos transtornos (como hiperatividade/défice de atenção, autismo,
entre outras) não apresentem um tratamento que elimine a doença, é sempre possível
melhorar a qualidade de vida dos mesmos e da família com uma intervenção de terapias
adequadas, o mais precocemente possível. Dada a importância do despiste e intervenção
precoce nestas crianças, tem havido, nos últimos anos, uma maior preocupação com a saúde
mental na infância. São reportadas tanto na literatura tanto num dos vídeos, como sendo
frequentes os transtornos do sono, mudança de comportamentos na alimentação,
autorregulação emocional, processamento sensorial e de conduta no geral.
Atualmente, os pais/as famílias passam os dias a correr (em stress), têm cada vez mais
dias longos de trabalho e menos tempo para a família. Chegar cansado, sem ter uma noite
seguida de sono há meses e cuidar de um bebé/criança com algum problema, inevitavelmente
aumenta os níveis de ansiedade dos adultos que moram em casa, o que se transmite,
involuntariamente, para os mais pequenos, que absorvem/imitam tudo aumentando por sua
vez os problemas iniciais, criando um ciclo familiar/fechado, que precisa de ser interrompido.
A saúde mental infantil é um assunto que deveria ser amplamente debatido. Os
transtornos mentais manifestam-se de maneiras diferentes nas crianças e os seus sintomas
podem ser confundidos com problemas comportamentais, dificultando o diagnóstico. Por
outro lado, os mais pequenos também podem chamar a atenção, apresentando mudanças de
comportamento, os quais são interpretados como preguiça, birra ou medir forças. Quando a
criança apresenta um comportamento muito atípico ou agressivo em casa e é diferente na
escola (ou vice-versa), é provável que tenha alguma razão que o justifique e deve ser
observada nos dois contextos. As crianças nem sempre têm dificuldade na sua autorregulação
por estarem em desenvolvimento, os adultos/intervenientes presentes nas suas vidas devem
ficar atentos em “sentinela” a todos os seus sinais de alerta.
Na primeira infância dificuldades emocionais e comportamentais nem sempre passam
ou fazem parte do processo de desenvolvimento dito normal e podem ser indicadores de risco
para a psicopatologia ao longo da vida do individuo (Cole PM). A maioria destes problemas têm
impacto no desenvolvimento da criança, tornando-as também mais vulneráveis a vir a sofrer
de doenças mentais na adolescência ou vida adulta. A informação escrita defende que o
diagnostico(que é um grande desafio) deve ser baseado numa abordagem interdisciplinar
baseado na intervenção simultânea de vários técnicos com planos separados e com especial
enfoque na criança, existindo alguma interação e partilha de informação entre os profissionais,
levando em consideração a multidisciplinaridade de conhecimentos e práticas que devem ser
utilizadas durante não só no diagnostico como também no tratamento (Revista Hospital
Universitário Pedro Ernesto, UERJ). Caracteriza o trabalho em equipa multidisciplinar, os vários
profissionais de diferentes áreas de especialidade atuarem paralela e separadamente com a
mesma criança ou família, em função dos défices identificados.
A infância requer de muita atenção por parte dos adultos intervenientes no processo
de desenvolvimento da criança visto que, em paralelo a ser um tempo de grande oportunidade
(de estímulos) de aquisição de competências é igualmente um tempo “de maior risco”. Risco:
estabelecido –desenvolvimento atípico precoce com problemas médicos de etiologia
conhecida e com expectativas em termos de desenvolvimento; Risco biológico – existe um
histórico de situações que sugerem uma ameaça biológica no sistema nervoso central,
aumentando a probabilidade de desenvolvimento atípico; Risco social/ambiental – as crianças
são biologicamente saudáveis, mas as suas experiências precoces são suficientemente
limitadas ao ponto de possuírem uma alta probabilidade de atraso no desenvolvimento.
O que nos responsabiliza enquanto cuidadores para uma prática pedagógica reflexiva e
interventiva que pressupõem uma intervenção precoce atenta às áreas fracas (abordagem
transdisciplinar há um plano abrangente e integrado que é elaborado em conjunto pela equipa
e pela família, fazendo esta parte integrante da equipa. Mas preferencialmente, um
profissional (o mediador de caso), apoia a família na implementação desse plano em estreita
colaboração e com apoio de retaguarda dos restantes profissionais da equipa. Prevenindo
constrangimentos futuros ou mesmo barreiras à aprendizagem, minimizando as lacunas/riscos
ampliando as competências de cada criança/família.
A intervenção precoce é considerada como “uma forma de apoio prestado pelos
membros de redes sociais de suporte formal e informal, dirigidas às famílias de crianças em
idades precoces (…) e que vai ter um impacto direto e indireto sobre o funcionamento dos pais,
da família e da criança ( Dunst p.179)
A família é um alicerce fundamental para o diagnóstico e posterior tratamento,
contudo como a Drª Patrícia Cavalcanti defende o diagnostico não deve chegar de animo leve,
a criança em causa tem de ser observada. Pois como é uma criança ativa e é feliz a ser uma
criança é um desafio para os seus pais pode aos seus olhos ser “hiperativa” e é somente uma
criança intensa que não precisa de medicação.
Os termos usados têm de ser escolhidos cautelosamente pois não se podem confundir
crianças intensas/saudáveis com crianças doentes. Estas são consideradas quando o seu
comportamento demonstra dificuldade de funcionalidade nas áreas de desenvolvimento e/ou
os seus atos/comportamentos os colocam em risco e aos outros a medicação só será prescrita
a crianças disfuncionais. No entanto se as crianças que realmente necessitam de ajuda
profissional/tratamento e não recebem na idade adequada, ou seja, em criança sofre não só na
infância como também na adolescência e inicia a sua vida adulta com constrangimentos
emocionais como nos diz (Jack Shonkoff 2010) "a ciência diz-nos que a infância é o período de
maior oportunidade, mas também de maior risco e que a sua influência se pode estender ao
longo do ciclo da vida".
Em suma na infância a saúde mental não tratada tem sérias consequências na vida
enquanto adolescente e provavelmente mais tarde enquanto adulto, condicionando a saúde
física e mental e limitando oportunidades de vida.

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