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Desafios da atuação do Psicólogo no contexto

escolar: Família e Escola.


Vem se tornando cada vez mais constante o encaminhamento de crianças e
adolescentes com diagnósticos de transtornos de aprendizagem e dificuldades de
comportamento nos serviços de saúde, tanto públicos quanto particulares. Muitos
desses encaminhamentos são orientações da escola e/ou movidos por uma
dificuldade dos pais(responsáveis) em compreender a situação pela qual a criança
passa. Em instituições de saúde que promovem um cuidado especifico dos serviços
de saúde mental ou de psicologia como CAPSij, o caso se constitui pela sua
gravidade, sendo esse serviço um dos últimos recursos para ordenar um caso grave
de saúde mental. No entanto foi justamente em experiências no campo da saúde
mental que pude visualizar a importância das demais instituições que acolhem a
criança de alguma maneira, sendo a escola um dos principais potenciais de
acompanhamento e intervenção dessa criança para um desenvolvimento saudável.

As dificuldades que perpassam a vida escolar são inúmeras e complexas,


devido a conjuntura de sua funcionalidade. É na escola onde a criança passa boa
parte do seu dia e é na escola também que os pais depositam uma grande confiança
de cuidado e desenvolvimento de seus filhos.

A psicologia possui inúmeras ferramentas para se trabalhar o contexto escolar,


bem como no contexto clinico. Alguns estudos mostram a dificuldade do
Psicoterapeuta infantil em trabalhar com a infância, principalmente quando o terapeuta
assume uma postura de parceria com essa criança, de uma maneira que a escuta dos
pais não seja ignorada, mas que o processo de cura seja guiado pela maneira com
que a criança se apresenta e se reconhece. Por não possuir autonomia de um adulto ,
o tratamento da criança depende do investimento dos pais e responsáveis, que muitas
vezes se colocam em uma posição de defesa diante do tratamento, por avaliar que o
psicólogo irá expor suas “falhas” ou que a “culpa” de determinado comportamento está
na maneira com que se “educa” a criança.

A atuação do psicólogo na escola se assemelha em alguns níveis com o


movimento dos responsáveis que possuem alguma demanda de comportamento com
o filho. Existe no imaginário dos educadores que o profissional da Psicologia dentro da
escola irá apontar para os manejos pedagógicos afim de avalia-los como “bom “ ou
“ruim” para o desenvolvimento da infância. Assim como existe no contexto escolar , no
imaginário dos pais , que a escola irá julgar a maneira com que o cenário familiar
influencia de forma negativa no desenvolvimento pedagógico e emocional.

Temos em ultima analise um conflito constante na escola sobre a


responsabilização dos comportamentos de uma criança, educadores e pais buscam
respostas para justificar um comportamento prejudicial da criança, como se ao
encontrar um “problema” intervir pontualmente nesse “problema” será a solução para
um conflito. Essa lógica segue fielmente a patologização e medicalização da infância:
existe um conflito -> é elaborado um diagnostico -> é receitada uma medicação. Ora,
se a criança mais do que qualquer ser humano em suas diversas fases da vida
demonstra o reflexo das relações, como é possível que apenas uma intervenção
pontual ou medicamentosa seja o suficiente para suprir um sofrimento.

Dentro deste contexto, a proposta de trabalho no contexto escolar prevê


primeiramente o reconhecimento dos potenciais existentes nas instituições e nas
famílias. A realidade de cada contexto familiar ( muitas vezes olhada como motivador
de um sofrimento da criança, ex: família desestruturada ) é o ponto de partida para se
construir uma relação singular entre a escola e os familiares. Existem perspectivas
diferentes no cuidado da infância e é muito importante que elas existam, para que o
plural seja unificado em função da criança e que a percepção desses diferentes
lugares de cuidado constitua uma forma singular de se perceber no mundo,
constituindo um individuo, potencializando seu desejo pela aprendizagem e pelo
desenvolvimento.

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