Capitulo 2 : PRATICAS GRUPAIS EM SAUDE tee tica Nacional de Promocao da Saiide (PNPS), ao lado de diretrizes aruais da Estratégia Saude da Familia como * Nucleos de Apoio 2 Saiide da Famitia (Nas lamasoes com coletivos. As propostas de operacionaizagio das ates ‘specifcas da PNPS e algumas das dretrizes preconizadas ela por faci que instil os Nasf, como mencionadas no capitulo anterior ao inesiofempo que favorecem o nvestimento em pritcasgrupais Serrategit de promogio da saide, alm de recuperarem as dimentoes ‘dualista presentes no Relatsrio Lalonde, Neste capitulo, propomos uma discussio anaitica de come se tém construe 0s coletivos que sio alvos das ages de satide, Narrativas histricas sobre praticat coleivas em saide, com onfiguragées divesficadas,remontam ao inicio do século XX, quand, clogist Joseph Hersey Prat iniciou sas “alae” para tuberculosoe mum hospital de Boston (Rodeigues,2004;Becheli & Santos, 2004), de cunho mais inc 55pre enaeiseee Saeed eee eee Sn ete tetera rte‘Um memorial escrito logo apés a morte de Pratt revela suas contri- buigSes para a ciéncia médica (Rackemann, 1957). Dentre elas, des- taca-seo interesse daquele médico pelas aula para tuberculosos, como forma de ampliar as possibilidades de contato com os pacientes. Em contrapartida, os pacientes atribuiam o éxito das aulas ao fato de 0 “professor” ser “tio amigavel e entusiistica As aulas, segundo © proprio Pratt (1907), ocupavam lugar de destaque na recuperacio dos pacientes, perm trabalho com poucas sessdes nos grupos coordenacis por ele. Em de- (1907) anuncia as vantagens de seu méto- ido-Ihes o retorno a0 fesa de sua proposta, Pr do sobre as priticas convencionais de internacao e tratamento exchi- sivamente individuais. Um dos principais argumentos ¢ a vantagem cecondmica de se produzir informacio coletiva em prol de cuidados que poderiam ser conduzidios pelos proprios paci Além disso, médico asinala os 10s educativos que as classes po- deriam eferuar sobre amigos € vizinhos dentre as vantagens que lista. ‘A coordenacao da aula, afirma Pratt (1907), deveria ser posta nas miios de um médico, que “deveria ser pago comt umn sali alguns elementos no uso e rupais desenvolvi- das no contexto da satide. © formato educativo, o respaldo instiru- ional, a racionalidade econémica, a centralidade do saber médi alvo no autocuidado, a premiasao por “bons comportamentos 1907; Rackemann, 1957), se apresentam como diresdes atualizadas cem diversas perspectivas de praticas grupais usedas como estratégias subse- de intervengio em satide. Como discutiremos em ¢% ‘quentes, virios desses elementos podem ser encontrados em gradien~ tes nos grupos que investigamos. 56 Seguindo alguns pontos da discussio de Fernandez (2006), Becheli & Santos (2004) e Rodi agregamos a essa re~ al argumentos importantes para aprofundarmos nossa compreensio sobre as priticas grupais na atualidade. Nosso objetivo, longe de produzir uma abordagem evolutiva sobre essas priticas, é lancar luz aos movimentos analiticos que apoiam os dados produzidos em nossa pesquisa e que flexao his expostos a0 longo deste volume, Fernindez (2006) problematiza a relacao entre individuo e so- ciedade, denunciando as alternativas que se apresentam para “ ver” 0 cariter antagénico que ai frequentemente se identifica: 0 psicologismo e 0 sociologisio. A autora se prope a desconstruir duas ficgdes: a ficgio do individuo € a ficgio do grupo como intencio- nalidade. A primeira revelaria a recusa em reconhecer especificidade do grupal e a segunda persor posigio dicotémica entre individuo ¢ sociedade é perpetuade como «um a priori conceitual que confere visibilidade e dizibilidade ao cam- po epistémico que se pretende constituir.Psicologismo e sociologismo ‘operam como reducionismos fundados em certos apriorismos concei- tuais. A autora esquematiza os efeit Quando a especificidade do grupo é relacionada aos individuos que 0 ‘compdem, enfatizar-se-ia o estudo dos individuos em grupo. Por ou- tro lado, abordagens que defendem a existéncia de “uma a mais” que ‘emerge do grupo, 0 estudo de grupos seria focalizado. Discutindo 0 campo grupal como espaso ético-politico, Fer- catia vivencias grupais. Em geral, essa desse 10 conceitual, nindez (2006) pauta o grau de participacao ou passividade des cole- tivos humanos, “Quais as condigdes que permitem desenvolver ou fear tal potencial participative: dessa problematizagao ético-p tes suscitados por essa questao, duas concepgdes igadasonisonb uo ryuod 9s anb wos earinjoss se5uy ‘yun ersmanstoo as srenb sop snued e ‘saropepuny sred ureasng anb soosdaouo> & onadsas zap onptunsd Q -,opeyonsodiy owspuo, a _paB be owisePads>, ous09 eoutou an op aru ,epaays eusdsns, ‘rum ameasur anb vopersry eanatay vum aodord zsome & ‘srenueus Juren2U09 #Y (007) 5 sepp a1qos seayprBorey 9 seannyoss sagsuaaide o> ‘sodnu 2p sean, -zad 9 setsoa augos srenuew sunde wa vanay as eindstp wssq sepeuonsanb seo1a90) se2an309 sens 19 9pod ‘equoum2oqU0> ap sodu> sono wio> on -voous ou ‘anb sazeuydiosip sasoqes sop wuraiur e1oua!909 vp orSez -rurojgoid & uigqure: sonbor equ eadfioqouraisida earasod essa 121 -opW “(65 ‘4 9902 ‘zapupasag) ,steqoyS oeu 2 sre20y sorqurgasoxur 2p auued » rtflojounstds apar eum, smuasuco 9p 2 oonesop owsysUaL -2ya1 1129 seus ap Zede> ‘Saraqpes SoIUDIa]Ip SOP Soatapa1 soraLIO ap souzo2uo> saajossip ap apeprtgissod wo> “> wiBojousisida rum ap opSnsistoa & e20au09 zapupurag ‘oMtasog “apepa!oos 9 onpiarpur no smugdostp ob fans sonbyenb e assrznpas so oyu anb sodnus sop msremyd ovsia bum etzeoqdun ossy ,jedna o zestiad ou urebeyua as anb sazeurdiostp sapeprun ap S04 50} sod, epmaristios eanodsiad eum -optiodioo cig2r sou , 00109 Sod -nuii so sesuad wo as-oumnsar zapururog ap eotiiojourastda sodosd | ‘sodnf so axqos yerisajarut odures op euouiaay eed seandsip seppsoz apod sooserpour sep odune> 0 ‘saossearasqo sessap waTy dogg ‘zapurusag) vsuoez oma um o8s apepioa eu opurenb ¢,sorey Sop eraUapLAD, & owIOD as-ura2arayo ‘9pepygysiaut ens ® upep ‘fenurasu0> s47pad ou ase wiop Sepezipear saoSnnistod apepiaa tu ogs‘opep osraumid © owios ‘opep 0 owios waoasede odnufi ou anb sa1o0214038 SC) 3s ~stuofonpos o1namp 0 2s-eSu0js1*— sezsno ows —sredns se19 ~uotradsc sepeutuusorap srenposd exed so0Sipuon se139 oF [°°] ‘ond ea -sope brome Vy “oeSeipaunzanut ap searmeauan seu 9 oatn2[09 9 [enplasput sojod sou oda ap sepuguradzo se sjusummaaid wrerado anb so2t2002 sce snos 9 reumdiosip ovSeiuutos essap seusaygoxd so 99-3 -ressoy ‘(Tod ‘9002 ‘zepueusag) orioypouszsut ap ewsofare> ep S90 exe oatiajo9 0 @ syuys 0 anu> oesuar v 1a4josay, ap PAReUDs ee 9 “ex04ne e ti09 opsoze ap ‘apepai20s 9 onpa dure, woo sodna8 so sestzg ‘S205 i anus sa0Serpow 9p sep eifojonisd e 2 sodnu sop exflojoatsd & ‘epos wifojonisd e as-uneyuaisns ¢,so0Sespou, sep sepednag “eouor9 v2 wi¥ojodonue e‘efiojo10s v wiasatU9 ‘,2pep 21905, ep ouso1 ia ‘ope onno 10g “aspuroysd 2 eiFofepad ‘eojoonsd as-urestua2u0d ‘onprpar, op ofod ou sepenua9 ‘ope win seg “2pep -o1208 9 onprarpur annua saoSexpaus se wuo9 sepednooaid sejanbe owo> seisipedns seuydisip sep ozsuup v ezneuianbsa ome y “weseuy 38 sep stenb sop our ma sopentumap wsaq opnaso 2p sore op so courodsax zip (9902) zopuvusay ¢ esapuod ‘sorprounad snas apsap op -tuae Seummuunyy setouaD sep ootuspI-ootI9A1 eua}gosd an, ‘oansadome oustuoSeioid o smnBosiad ap oon ossrusaiduoo op tanpadsrad v orensqns owiog eat apnes tp ogSouroud ap eignes1s9 ouo> stednu® seonead ap easng eudosd ‘y “oufeqen aissp oBuoy oF souaza4 ows ‘opnes ep vase eu sodnu ap oxsnpuoo v erouniad opssnosip ess “esoane & wafessal ‘O29 Wi9q urea sour ‘ootupgi-ootioa: aregpp oF ontadsar wsaxp smedau soanys -odstp ap sopepyrqissod senp owes opSendrueus 2 omssafioany: “(or yaoo, um ‘opnuss assay, -aseypu ens ezed oFof tuo uronua wioenposd o anb steuoronansut sagSrpuco se anb was ‘ous -s0uu 18 we opeypay odnal op ofod ‘apeprreiuoztioy eund ep o 3 — op -eiBeytatsd sopesteur 0 ows odnu oF eusa3x9 esuptsodio ep no — ‘peprqeoniaa tind vp o :sassedun stop ap orSezadns win ‘soane o esed “equososdas apepyesraasueyy,'so-psyeu exed ayueaiodun woo apepesiaasuen 2p opSou # zmponut evens ‘orSearep YL nije woo sreuororansut seta mia wass090 anb sossavoad outoo soda 0109 soprpusaiduos so opurewoy, “orsmansur ep sovuauan se 298 oyuruiod ‘tianap 9 od ap soraadso senp sousus ovs ‘sopearains sodnal 2 soxtalns sodra8 anb rasope sou af pestis dna a ontais ‘euTpp Emmen ‘opepma op opSnpoud vu is ap zedn0 uaistx9 ap sopou wis0dust aivetunti0s — sosopy ‘samuaosojope sas5q]0t p ‘sosustiod 14 2p sodn8 saquaisovar so ou1oy — sresraatun sodnal 2p sorefosd dna? 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O grupo sujeito, assim, se esforga para fugirs hierarquizagdes, a verticalizacio institucional, se forjando para s. Por outro lado, o grupo sujeitado se direciona antes de individuos ¢ coletivos, evitam o nonsense, poiam-se com mais frequéncia na hierarquia, na verticalidade dos rmestres e das instituig6es, na autopreservacio. Enquanto o grupo su- jeito “enuncia algo” e se arrisca na “abertura do grupo a outros gru- Pos", 0 grupo sujeitado tem sua causa ouvida e se organiza para asse~ {gurar mecanismo de autoconservagio. Longe de se configurarem como dois polos inteiramente dis- ‘tintos que instituem uma tipologia de grupos, a delimitagio entre Tupo sujeito e grupo sujeitado se apresenta como ferramentas anali~ Uicas para a leitura de grupos. Se no grupo sujeito acolhe-se o didlogo «© intervencio nos outros grupos, conjurando-se totalidades e hie~ rarquias, esta € uma configuragio eminentemente processual. Qual- ‘quer grupo, especialmente os g dem a oscilar entre estas duas posigdes: a de uma subjetividade com ‘vocagio a tomar palavra, ea de uma subjetividade alienada a perder de vista na alteridade social” (Guattari, 1987, p. 92). Em decorréncia jo", de~ disso, podemos entender que “grupo sueito”e “grupo st signam mais posigdes possiveis do que caracteristcas intrinsecas de ‘qualquer grupo empitico. ‘O autor avalia que os altos coeficientes de transversalidade dos os aproxima dos processos de autogestio, configuran- 68 do-os como “elementos de criagio institucional” Esse cariter insti ‘tuinte dos grupos sujeitos os levaa se defrontar de modo permanente ccom seus limites e possibilidade de suptura. Ou seja, grupos sujeitos, nessa acepedo, sio experiéncias historica e geograficamente local das, que no garantem sua propria perenidade. Sua durasao esta dire- tamente vinculada & importincia do que produz naquele momento, podendo vir ase desfazer em um momento p Benevides de Barros (2007), amplamente apoiada em concep- .s0es que tomam os grupos como “maquinas que fazem ver e falar", propde um trabalho com grupos que persiga as inhas de lade, de dizibilidade, de forga e de subjetivagao que neles se embaragam.O delineamento de grupo dispositivo feito pela autora se aproxima da 40 de grupos sujeitos em Guattari, sublinhando a poténcia dos grupos como espago de processualidades e de virtual invencao de no- vos modos de existéncia. Assim, grupo dispositive pode ser compre- endido como aquele capaz de produzir priticas de liberdade, ou como aquele que permite aos sujeitos produzir um “exercicio de si sobre si ‘mesmo ¢ atingirum certo modo de ser” (Foucault, 2004, p. 265). Tais priticas s6 podem ser compreendidas no jogo de forgas ¢ jogos de vverdade; ocorre em relagio. Em nosso trabalho acentua -m consonincia a ideia de cilagao das posigdes colocadas por Guattari, a nogio grupo dispositi- ‘vo como poténcia virtualmente libertaria, mas nao garantida de ante~ mio, podendo secair, infelizmente com certa facilidade, em de sujeigao. singular das priticas grupais, para além de sua classificagio prévia, apreensivel em sua designasao oficial. Um grupo, por exemplo, desig- nado como de “qualidade de vida’, deve ser analisado no que de produz e nao pela intencao de sua proposta, Na andlise das p como experiéncia, a linhas de saberes, poderes e subjetivago mani- 650 ‘angus as apnes ep ogSouroud ap endiquse opsunardusos ewi7) (sossou Sogn ‘gre d ‘ogc “Te 49 soneg) sonpuogrus sop sjouorrunf sopoperedes sup osuauacus 2 sa2az0n85 uressod anb apnies ws saraqes 9 seonpad sn9yas 9499 ruorowa saoSezqour ressanoud 2 seasayrueut‘apep -yunuioo eu stpatuodsip sopnaiuos sez1i0[e Ypmns xp apsowoud 2p ossoud 90 soayynassgo soq:souas sesfiuStssax:ap apeprumasodo + up savuedronzed so apuo oanesadoon oSedsa um ap oeseu> ssoana{go soyuinlas so woo sStutszr ap opset w 9 esau -oad y “apnes ep oxSourosd « vzed sooambaur soSuese eureriqissod ared rednil Suyzyos un qenb ou apnes ep orSowod ap sodrus 2p ofapour um sodxo 9 saxopesoqeyo> 2 soaueg ap oanalgo Q sopungas sou sawasaud apnes vp ouquiy ou sepenuayjua sejazeut upur sop oesezmqestodsar 9 seistanuaaard somuauoy -09 ap onSisodxa taaur ¥ 20d0 LPpEpIAgK ap oBSspucd wa seuou cane soon, uraaoun 30 anb ap esayap y ~orSuaaaid ap sodnail 9 gq anus owoxuos ou epezteos 9 orSunsp sorepy (eruep -epp ep orSomoad e ezed seursyo ‘seystanuaaoid sooSe ‘sooranadesaa ina) apnes ura sodna8 aiqos einyesauy eu sepeoynuapr stansyo> seiojopoxsts sesino ap wasodoud wns wrerpuasayip sezoane s¢)soquaurE -roduroa ap eSuepnu 2p oanalgo o s nu so eiasoN (rE) ,sonu ap eppoareaso 9 ayy euts0y ap seuoos9 19725, 9p qdure © wopuonuo sazoane so trusouomne 10g “wat -aoatuone gq 50 exed apepipgsssod ap oeSipuos owon se9sap oFs ‘uzouome 2 eamesadoo ovsedionmg We ap orSou e jentisa lomto ow.> urai “(9qz “Te 29 somes) eutzeae) rau ap sazopestnbsod ap odna8 um sod souupsap (gg) apneg ep ovsomorg ap sodnasy s0 ‘quaual mms wifojoporour 3p 0 2 0 38-opuRsIpULAITY -opnes ep ogSoword ap stauoureaiay sanmesodu sopeiapisuo> ors sodnuS so “eanseau] ssop opuny 2p oued oitog) “sootBoqoporsur sousou0s sms opuen 208 no sopiajoaua sajau sovralns sop euzougine oxSnpord ap ap -epissazau & eaned wo opuod aidwas asenb ‘srednaS seonpad asqos oeSeztioa ap soSioys> soureyunuiaisa ‘opnes ep odume> on, pnts ep ovSowoud ap sagse owoo sodnus sop sapepmsiqury wuouoyrasload a vowsoisy ‘ sareynSurs saoSeuigquio3, ye ouN0> ‘opm ap satu. oFg Texa8 of>pour oxo reLOTMY ‘ ogmsaid as aausuypgtp ‘sepeSnarp 9s ureSazour anb epure‘owzes 389 10g ‘saauauoduoo sonno anus ‘eonpad essou sepiajoaua sapepet mmypioorsyut seons\ar>est9 ‘TeuwsojtH opous ap anb oursaUt ‘sourpnsn a eppugiai ‘sdmbs yd opezteas oqfeqen op ovseyear ap sea -preuar senunuoo sed ‘seperofisa no sepesstaeyy sazan sod ‘sauouaue pean ap 109 ep 2 adinbs ep jyiad ofpd _nsoduros apeptrepurs ap esr2 eum uranssod sourepnasa anb sted seonead st ‘supe souarodx> owoD ‘owrsioap stew 0 axduras wou 23 aquattodano> um sqeur seuade 9 zopeuapioon ojad orsodosd ofapour no etz0a1 & anb wa (p91 “d “p007) ,soauaBoxaray soxwawfa ap sare] -nfiuts sagSeutquion, ozs sosnsodstp ounoo seprpuatus 19s wiapod an srednul seonyad se ‘sonupoy 2p sooSmnquuos se opuewor>y seanayo seSuepnus 9 sesasdans ‘seSuaraytp ap serouad ~s5ui9 ¢ opunruiad ‘sopryjone urefas a wef “wrap ‘soups > soorua9 apuo soSedso sopeun o¥s seu ‘euowartprun opour ap wossaide> 2s ‘vu so0Se se a sezaryed se ‘eruzouoane ap saxoraa soe o1ueNid apmes & tuo» rept 2p sopeztuosped sopow opue nuatareriodusos 9p ovSe2t]apour e saAry 2pod ououreaatnsse op oeSamtp ey “eUOUO yen ne ap or-mposd owso> no ovusureafnsst ous02 s2z0104 sn98 OES1a proposta metodoldgica. A despeito do esforgo de diferenciacio entre GPS e priticas preventivistas, pleiteia-se a construgio de significados que nao obstruam a promogao da satide, ou que in- crementem capacidades funcionais. Ao coordenador caberia a criagio ea manutengao de um “estado espontneo" na promosao da integt sgrupal, independente da sua afiliagio tedrico-técnica ou posicio- rnamento pessoal. Apesar de se apresentar como singular proposta metodolégica, as concepsdes de autonomia, liberdade, grupos € pro- ‘mogio da satide acabam por ser expressas de modo vago, contribuin- do pouco para a problematizagio de priticas grupais em sauide. Em nome do “respeito a liberdade de escolha” e do manejo, no processo sgrupal, da “vivéncia singular de saide e doenga” dos individuos, os autores julgam sua metodologia exemplar como pritica de promosio da satide. Mas 0 que, de fato, apresentam de novo? Em sua revisio de literatura, Fleury-Teixeira € colaboradores (2008) partem da premissa de que a autonomia € o eixo central da promosiio da sate. Tentando escapar de uma acepgao neoliberal do ‘ermo autonomia, aquela da livre escolha de individuos na gestao da sua propria satide, os autores defendem que seu desenvolvimento deve ocorrer em relacZo com a comunidade. A proposta, entio, seria am= pliar “capacidades de intervengio coletiva’ 0 que garantiria, em sua opiniio, mais sucesso do que agées focalizadas exclusivamente em. tada como um processo permeado individuos. A autonomia é deli pela interacio ¢ atividade social, derivado do empoderamento indi- vidual e coletivo. Pensada no contexto da promosio da saiide, Fleu- imas décadas, a ry-Teixeira © coautores argumentam que “nas promosiio da sade tem se constituido num campo institucional pré- prio que reivindica para si um conjunto mais ou menos especifico de acoes” (Fleury-Teixeira et al, 2008, p. 2116). Os autores defendem ‘que as ages promotoras de satde inseridas na atencio bisica deve- riam promover o “controle ou dominio dos individuos e comunidades sobre os determinantes de sua saiide” (p. 2118). Em sua discussio, os es sustentam que para se alcangar tal controle sobre sua sade, ivos ¢ individuos deveriam ser envolvidos em priticas e proces sos geradores de participacio ativa e deliberativa em direcio a pro- ‘mocio da satide. Ao evitarem cair numa concepgio neoliberal de au- ‘escapam da participagio tomada como palavra de ordem, ie merece ser problematizada, com explora Kind (2010). ‘Mesto praticas grupais participativas, seguindo os preceitos freirianos de ecucagio libertadora e de produgio da autonomia, revelam sua aspiragio pela mudanca de habitos individuais de vida, uma espécie de agenda que se oculta nos relatos mais progressista. Em perspectivas com essa configurasio— a ‘nomia neoliberal das escolhas individuais” versus a “participaao ativa de individuos ¢ coletivos” — nem sempre as diferenga operam no campo das priticas como se pretende no campo discursivo. Geral- ‘mente apoiados pelo pensamento fi iano ou gramsciano, relatos de priicas que pretendem superar as escolhas individuais por meio da participacdo ‘ative’, “deliberativa’, “efetiva” ow adjetivago. ilitadas pela conscientizacdo que, maquilada por um discurso progressista, {am e convivem com estratégias similares is utilizadas em priticas mais convencionais,localizadas na doensa. Como exemplo disso, veiamos dois relatos insti Pereira ecolaboradoras (2007) relatam uma pratica coletiva com 1 finalidade de produzir “conscientizagio de mulheres para planeja~ ‘mento familias”. A pritica € delineada como grupo operativo, mas cxplicitamente fundamentada nas concepgoes de Paulo Freire que ali- apresentam resultados cujo triunfo recai nas escolhas po: ‘mentam as discusses sobre educacio popular. Voltado para mulhe- tes, 0 grupo de tabs se insere no “atual modelo de promogao dau ‘oaou win ‘ouueuiod 2 opSeznuspsuon ‘opseunrojsuea, e eu2sjoau ‘ex -oane se ezed ‘opnes ep oxsouoad wo renye 28 ap soanalgo sq “zug! -st09 ue> seus ‘opSeizqo owso> ogu opepin> ap seanesd soayoauasap sepepiauos uresa sauedioned sy -,apeprunuioo t, 2 ‘sareqrurgy 50 ‘2q9q 0 toa aaueysaS e ‘oanspoo a eussout e[> woo, a1ueisal « enp ~EAIpU 0905 Wod asanUTs-opxayas-asqPUE ap oF ow aggoausop 38 odnuf 0 ‘opnuas assay “apmes ap seiopeodaynus sos e sepepratios (oes saroygnur se anb zon eum ‘oaniafo> 2 yenprarput ossa20id out0> apnes ep opSowiosd ¢ eaneSouard ouoy wiay soruersa3 ap odnsS ou orSedpued y ‘ouruiny 196 op vonsyoy oSdaou09 ew ap razed & “2848 oq nso seantasou 2 saaouroad eaed soatojo9 2 stenptarpU 80s ~anoaysopepipgssod sesjosuasap, 9p onsodoxd opad as-ein3 waBep ~soqe ess "psurese > souruts7| are opends opepmns op op wiomneoa orSojoog-oonsn op uaiJoy, ow709 euRtuoUap anb op esopeztfeapra oLxot ued 8 WaIaUIAL as sesoIe sy ‘sonuEIsO# ap odnd auundinsed sepa, o 21qos opxoyjs tum ap een 95 sod ‘oes wore v Buy sou waqusea (992) eBa]00 9 oUYaC ap omar St ap 2 SoLrpusoqy Soatnafgo ‘ouuoureauea aus wapod seanedioned seotHojouse sooseaout we anb By 2paes vp oxSouod ap expresso outed odnul ap seonad sep oduse> on “(Qp ) rumor sod urasdwano amb soup sore so manu9 3 seurunexo, suatwoy sor smuuad eLanap ‘eonuD apmane © 9 epupDsu0d 2p epeutor ejad eperned ‘orSeonpa y“apepsaqy| > orSeut ~furop antua ogSrsodo v eood ens ened yesuourepuny owo9 aooquoass anb ema 0 woo eypeqen sopeonpa Cy*(¢¢"d ‘goog ‘emt sanuoueut sod 398 ap wrextop opuenb saoSnjoaau sep ofitid o 9 someznexomnq sou sootdoin 198 ap souzestap 25 ‘onoford op opSeznuatosuoo & sou -e2aqp anb uo o1uauow op med x, :orSezTus!osuo> e a1qos vie auraug omg oudosd o anb o sourauioy, Zanes wo seaneussou sean -sadsiod ap wsadsa as anb op orsodo ones 2p oft wuzado ‘ose9 ays0u oe “onbeznuatosuon Vy js2ssap somuusip of soanaigo wretzn ‘sepsomne 9 feutz0U sepesapiston se ‘sezoane sujad sepeuonsanb seoarad se an os eiumanug requ oquaweloueld ap seaugid owoo sepezisoyes 2 soiuapya syeus srsmbuoo os “ewoIasEA 2 AIC] ap osn sapp an wap ‘sreuopsuaauoo apepmee ap ajonuao exed sopenznsas SC) (ozo -dL00g “Te 19 PANG) 9486 noWoUNE NP aLIRXD Op oFSezsTear Y“opeprnooyne op 9 vusnsa ~o3ne ¥p ouatune 0 as-opuersuapIAa s, [gC] Sep sooStanasd sep 9 apepyeaee ep 2jonto> op eosnq eu ‘oaneaiosoad ofad > (qq) ougaiy]-eay oxnsodsicy oped emp yd exnooxd x nowuuiny ‘noyoyut 9359p opSeztunuaT & wo9 opepino 0 2 sou SOB S008 ~soute se unaynujuny ese9 08 opSear io a8nlug9 op 9 sou soe opsnp1 ura wed op jaded o renisouv wremeSousoo 2 ,wsesopodusa, onto INIA. 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Entretanto, os resultados deixam transparccer o valor destacaclo do saber técnico, uma vez que o éxito € mensurado pelo papel das mulheres muitiplicadoras, como as que ampliam o sleance do saber técnico em sua “teia de interacbes”, Isso € evidenciado no registro de uma das participantes, cuja narrativa demonstra como ‘marido intervém nos procedimentos de amamentasio da dona do bar que frequenta, aconselhando-a sobre o que fxzer para evitar “racha- duras no peito”. Na fala da propria gestante: "fo marido] disse para ela tomar banho de sol ¢ fazer exercicios no peito. Os colegas que estavam no bar ficaram espantados e perguntaram como cle sabia disso, cle respondeu que participou de um grupo de gestante comigo « aprenden isso la Flor do Campo)” (Delfino etal,2004, p. 1064). A participaio como alicerce, portant sm a finalidade de espraiamento do saber técnico. O normativo no interrompe seu ci- clo, mas se potencializa no encontro com estratégias participativas cumpee tam Diante desses relatos, observa-se que as estratégias p slo veiculos de 6 de vida © de “escolhas sandaveis” e nao seu ‘oposto absoluro, Argumenta-se, tendo por aliados Castiel & Diaz (2007), que quase sempre hi um rol de estilos de vida saudaveis para setem seguidos, referendados pelo saber cientifico em saiide da qual (0s profissionais sao porta-vozes. Anda, na atengio basica enfrentam- -se realidades socioculturais de miséria extremas, di ducdo dessesestilos de vida ¢, evidentemente, com op “iberdade de escolha’ de habitos considerados saudaveis. Mesmo ages educativas que tenham por referéncia a participacZo,a autonomia eo empoderamento encontrarao paradoxos em sua realizasao. n ‘Além da ambiguidade suscitada pelas possibilidades de escolha de comportamentos saudaveis no contexto de grupos de saide, cabe ponderar sobre a relasio desigual que comumente se instaura entre 08 gue “sabem” e os que “nio sabern” que escolhas deveriam ser feitas. ‘Adorno et al. (1987) elatam interessante intervengao no movimento de mulheres organizadas em Clube de Maes em bairros do municipio de Irapecerica, estado de Sio Paulo. A intervencao foi demandada pela equipe técnica de um centro de saiide com o objetivo de “demo- ‘ratizar 0 conhecimento sobre satide ¢ estimular a discussio sobre as causas das doengas”. Ao acolher a demanda, os académicos da Facul- dade de Satide Pliblica da Universidade de Sa0 Paulo iniciaram sua intervengio com uma esquiva deliberada do exer Conhecimento”,rejeitando 2 énfase a eles atribuida como “donos da palavra”, Durante a reuniées iniciais com as mulheres houve a ado- ‘gio do que os pesquisadores-interventores denominaram de “estraté- a em ocupagio minima do uso da palavra, io dos encontros. A *auséncia da palavra d particularmente no i «lider naturals (académicos relagoes entre conhecimento ¢ poder. Guardadas as devidas diferengas entre grupos que se organizam ‘em torno de pesquisas, ainda que tenham um viés de intervencio, € inha por finalidade por em questio as _gtupos que sio conduzidos cotidianamente na atensio bisicaa sade, 0 dilema da autoridade do conhecimento técnico diante do “saber 8 primeiros € exigénci re interventores populas” éalgo que desperta nossa atencio. 1 a pasicio hierir frequente que se ques ‘cos sujeitos para os quais a intervengao se direcion: por Adorno e colaboradores. Nos iltimos, a condigio de dependéncia dos saberes técnicos e metodolégicos em saiide & constantemente re- forgada pelos atores envolvidos, profissionais, usuarios e, eventual mente, académicos. O dilema é condensado no problema levantado Jago analisadast ep ovsnppur 8 vazasqo (2661) OPTRASeD “OR6T SOUE SOP sed ‘opSostp tesou sasanut 38 9p apnes ep ogSout p soauauaop sop epuapuar © opuequeduiose osvae sod oFw ‘pepe ep seiwuapene uo wey) stows apepiane 2p super (eo oped sooSe ap ovSesayjoud wun op duroxo sod ‘2s-eas2sq "2 (gtd) ,jeappnes sos zap apaes ap eoriod x anb opmnbe > jaa op oeSeagniuapt eu aud saygaeo ou sestiad et -gpmes 9 nb ©," taerode 23 anb apnes ap sronsod sep on nuaumeuzaao’ somtaumnoop esyrue EOIN (est 4 “2661 “oprese) 1d sopad epeiaidioiuy 9 ‘opnes w2 o¥3 raed 203 sode staarpmes ot Sop ovSeanpa argos gp vu ouLo> steuOTSs “eonpa ap apepiane eum ap opr -narie sod seado {f+ **] eyjonso eorun & 9 [aarpnes vypoosa['*“], stod ‘apnes ap sieuowsyosd sod opearuovard o aiuv sexz0dus09 26 3p opow fomno saq]0>s9 2p apeprgs -oos2 bun owo9 28-e!9UTf9p “exOMN # W103 OpO2¥ ap 2pNeS UID OEE Luv as-woqnuapy “S905uNsas WOD ET -npo ap sowusuinoop sou aquasaid erusouomne ap ovSou Yy siougpnes couioa soprnaquonas song] aiqos soeSeutsogur sep orsuu sod seSusop ap orSuaaasd v eanalqo.2s anb opuriuode ‘euare ewou seans|09 $205 ap aseq ‘apnes wa oxseonpo & ezneuraqqord (2661) OPPESED ‘eongsnouap aocioud as anb earjgnd apnes earn ap waned 2p o1tod axuetiodust ouso9 2189 no seziyesneu souressod anb o8te 9 ov semndod saqes, op a1ue1p ‘ooqusan oxtioust20xTUOD Op apepHioane ep BUIALIP 0 Sss0pes0qe{09 SAS 3 ousopy naqzosod tog owioa ‘o1uenua ony “esnuoo steur opStny eon 1919 sages op ovsuounp & apuo ‘rongnd aiduans opezrersadso-o apnes vu oypeqen op oonrjodorg oyLosap oF onSypar ura seSuarayp ve se sod opSuaasaiut ap o1xaiuoa nos ‘siuswamuapiag ‘seSuEpnus sasowosd 9p zede> 2400 9 oonyod sages wn wa jeossad eu ~uado v xewszoysutn 9 soseo sassau ostaaud > anb ¢ (9d) ,jaussod onde, vum zed sowaumnusuy ap jeussze 0 2 seuraiqosd soudosd sh28 9p oyUssop 0 sMnNsUOD “ezarE> wod ‘ogsaqes ELOSsOSsE £3509 twos 9 wrouptisdxo tradoad ep souralns so ous soja ‘(d*¢0Q2) ,18 B80 fou soja anb equi sou iynranoy -sewajgosd sostopepian so og3se 2puo ‘orSeioqrjo> eu9> ap suze e‘eeutsge ap sozede> ste so opus ‘oux09 sopesaprstuos ors ‘aape-ooyqnd's soypenb ou ‘oanaqoo 03539 oad win ap sazteanfpeo> owion sazareduto> wanap soptajaata stent} -stur so anb sezruooaid oe raunjod apepyeoyper mum eared ovSuaa ~sanut 2p o1afosd nag “sopaamigns oma 218 ‘sazapod 9 sazaqes snas 9p opSe ep enwouoine v opuazen (121 “d 661) ,svossad sep sages 2 opnaa soqes 0 anita o1usurejdone, wn rezifear raPStA ELELMESNOy erBopeouad y (ZZ d'4y 67 3Meono4) ,sonino sored sep ap apepruStput e:pruawepuny ap o8fe zeutsua sou x outowiid o 105 gooa, :au-opuaz 1p Soqure annus ovunjuoo opp umm ayneanog ap ooxifod ovaloud 6 nojnuziog owusuutnow op saxmedonsed sop um‘senoyacy ‘apres stews soue stoct (pd ‘s002) .orstsd ep ersuguadxa eum wipa anb sapanbe eaanyed v sup ap as-eiea, zap ap ‘orsfoid nas a:q0g “(q5) 8205thg sv aigos oxseutsojuy 2p odnag opad “t/67 ap omasoaay to sesooteay seosud seu orSuauiaiut-oitaunodss um ap ansed x * zesaeped e 9 ranb ap, oersanb ep owxoy wa 18589 van eurD]qoxd yeanog, (60'S *286T “Te 39 ouopy) ,seoinpuNSse no stenisop aruoue -nuns9 os anb sooSejar zaqjosas no sezyennau 2p ‘(os 42d] ‘rede 9 wi -piuns9 no eort91 eUIMYUDH, sosoMne So ene “srenAE sodA WHO 5 3109 22908 opssnosip vexed somueaayar spoasanb wauao|SSx0pRH0qe|09 snas 9 owopy 2p 01392 0 ‘9661 ap epeD9p ep [eu op operep oxuenb -Nod “(286T “TE 39 owopY) ,cesAeTed x 9 wWanb ap, :sosoane sofadparticipagio nos documentos de educacio em satide, com forte inspi- rasio nas ideias de Paulo Freire. Entretanto, a autora alerta para a possibilidade de que a transicao para “ages part "represen ‘tem apenas uma nova forma de exereicio do biopoder: Nas palavras da autora, “o processo normaliz ‘mas que, num enfoque part alor ocorre através da criagaa de nor- tivo, ndo se concentram nas opinides dos profissionais, mas sio criadas principalmente pelos usudrios que neste referencial compartlhado” (Gastaldo, 1997, 4 autonomia, 0 empoderamento, a correspons: usuitio sic algumas das prerrogativas das ages parti figuram nos documentos governamentais sobre educagio em saide nnaquela década, ainda que as priticas desenvolvidas nio acompanhas- sem prontamente essa discursividade. A autora conclui que as priti- cas de educagio em satide revelam-se como exer de poder sobre «vida, ou priticas de biopoder, uma vez que assume como seu objeti- vo maior 0 controle de todos, saudiveis ou nao. As andlises da autora inspiram essa investigagdo, que se propde a problematizar a nogio de participagdo em priticas grupais descritas como estratégias de pro- ‘mogdo da saiide na atengio basica, Outro ponto que nos merece atengio ¢ que atravessa priticas contemporineas de saiide & 0 desenvolvimento de tecnologias sem precedentes para diagné: que modificam o cena fio de riscos e potencializam estratégias biopoliticas. Paul Rabinow (1999) debrusa-se sobre a andlise da formacdo de novasidentidades e formas de iabilidades que emergem de jogos contemporineos de verdade calcados na expertise das leituras genéticas. O antropélogo denomina de bioidentidades c biossociabilidades esses novos arranjos hhumanos. Ao lado da medicalizasao da vida, estratégias de controle mais complexas agregam-se a formas antigas de classificagao cultural 76 — raga, género ¢ idade —, permitindo 0 agrupamento sujeitos por sou 8 Pq‘ jeaonut apnes, osion eu no sooangdesai0o\sd ‘soaneanpo soja uiefos ‘sodnai sop ovsnpuos vu — oxsewios ep axuopuadaput “opnes op qeuorssyosd — sopeuspioos op apeprenusa & sejanas sod equoe toiSoroporew orSdo y “ousensn op oxiaus1saxjuosap (oxsodns) © 9 opnes ap jeuowsyoid op orususop o > saqes 0 anuD enous ep uretsnzed ‘sopepiogs wars v sopnaiuos ap wuoseud aiusweriaid puage eu woo ‘oaueziod ‘a s1ot4d m sepruyop seotdojoporet 3205 But wto9 “eSudop eu sopesius9 ‘searptoju! sew sagSesnStyu0D too sodnag,‘Tednul saoa1uode oF soqSmatunyowo> ‘opmiuod‘sesta ogs seanauip sieus sodnaB ap oxSeusapioon ap s205d0)“(y902) euojog ap lopssnosip e seperodzoout oes oorusgn sages op rrouapuadap ¢ 2 sopeu -9ps009 op speplyeziuao y“stonead ses uressedad anb sapod ap sa05 ~e[p4 sepeoulaquit se zesuode ap eatad 2s ou opnaso o ‘— seurdum) 9p ordyprunex op eropreg apes ap eysodosd ou — orased ap vifgrense outoo odnié ap svontad sep o¥Seoytsuarut ap omxanuoo wu oprajoaas -9(] Soumenodust soo:sonb seus epure wuosns oupegen C ‘eSuaop ep oxa ojed ‘sozaa sep euorew eu ‘sopeziueiio oes sodnu so opuenb a1uous ~rrjnoized ‘soaneonpo sop sootingdesm sowaya se20ssxp 98 ap apep -Inoyrp v opeauode ‘oxSeiuamitis ssa euonsonb euoine ¥ “seSuaop Be ap ofsusur oe 2 soonsouiSeap sor sepemouta ‘spnes 2p srexad s90Se wa sour soa uuu apne ap sooSe outoo souains unde sod soproayu -onat ots souraumtad s¢) ‘euiojog sod soprenpaad sopep sop a8rours soapronpa sodn8 2 soonnadezar sodnul anua orSeztsejod y ‘opbeiutoiSe 2p opour omtoo eonsouiierp orSeottssep eum ap uredeosa ‘eoavard sod opusy i wy “eSuaop/apnes 9p saobepuod 9 seizria pnsn oputunas Soauaflosmay ow09 so anb sopepiane op zedioased sod ,tvossod eyo ‘sousage sodnuf ors sary seaunsip 2p s eoasyutl o ypeqututeo ‘Suo8 wey 2p sodas “(zor dy90¢ “euBojog) .P5ua0p ep ou 2 jaar apnes ap orSdsou09 ejad sopeaned saioqea, wo9 ‘soauglomay sodnai ap ogStsoduio v ezed wreauode ste -osd suntipy “sodnu sossap saauesBarur sop opSeziauafowroy vu (se3 we ‘sosop1 ‘sazoyn) peuorseyndod 21200019 eaasoup oxStpu0> as-earyurTy ‘oanewtzozuT 8914 wio> sodnad sop sopearoey wn owo> ‘asta 9 sonumaayur sop apeprouaSouioy x oeSauip essoqy cauautIsoope 9p sossopoud v opSejas woo sopeparsure sinuruntp exed oxSeussogur ep 20 ou easode v paso apnes wa soanzonpa sodnaf sodwsoo as esed sea Reais sedouned se anuacq (p92) BuRoIOg 2p sopeastaaiaud sop sornus tod epetned 9 socins8 sundpe 9p wanvonps orsuaup y Tepuaisisse ‘oxp owoo .tSuz0p ep eamajna, & eznewa[qord exomne & eta ¥ss9 204 tuvurud opSuare eu sagSuaxroiu sep fenu29 oxnoW 0 epesapis vo 9 ¥389 opuenb eSuzop ep orSezseuorona sopep snas wo wavered ‘onueranug ‘2pnes wo opSuaaioiut ap wuss sso tued sopeziueszo ox pediouud 0 owtoo esuaop & opuni ‘sodnud 1 Seon seamasod 3p orStsoduion ap wutzojwsso 20d sopeuossude wioaa a5 ome © op ~unSis ‘sopeastianus sunZy“odni3 opemunsiop wn ¥ waresSoqut 8 ' So[-gouaatio> ap paassneyd oiusumire wn wos epestod > sourynsn Sop tansouiesp opSpu ved, fossip auueicy qeUaIsise wares Esso wed ap owuod, umn ses3uoou9 2s ap apepissao0u & 9 sodnal aptanto, @ autora nao se aprofunda nessa tante relevante. io que nos parece bas- ‘Outro elemento de constante tensio é a assimetria inequivoca ‘entre profissionais de saiide — sem acentuar aqui os entreveros entre diferentes formagoes —e witios. Anda que se busque nos usuatios um olhar diferente para si ificilmente os profissionais serio desinvestidos do seu saber. A despeito desses apantamentos, 0 cend~ rio investigado por Bologna (2004) é mais otimista do que o estuda- do por Maffacciolli (2007). st extensa, por meio de «questionsrio semiestruturado com 116 profissionais de satide da aten~ ‘0 priméria do municipio de Porto Alegre. Em 96 unidades de sai- de foi identificada a realizagao de praticas de grupo. A autora denun~ cia o baixo investimento em taispraticas como agies de satide, sendo pouco valorizadas ou incorporadas ao planejamento das unidades, Apenas agoes program mente planejados, 5, Messes casos, como “um meio opera 9p opSusosaid v ezed no 21398 Ur9 SOPLAfOAtS “ap sopezrenpuspor sorsusspavoud ap orseaano v sr ‘epuralop bp orSenqeucizes tied spepman ens sejanaz opuspod ‘tru UDAHOD gous sodna» sope(posse aquauaxtianbayy seurajqoxd sop zn] O89 “— pruopendod odrs8 umn io oxSeaysssep © no rapsoueip ors “rpuoo ep apepyesiuno x wesnoas nb ‘fps no —apavs ep orsouod cp onguuy ou ,sarueunannse soxta soaou, urepiny anb se23FAd ‘opnes ¢ opSowosd ap ‘syususapduss sno yaaypres opSeruausye ap ‘Posy apeprane ap sadn ap seaneHL miso ossou wy “waltsrp 28 yenb o exed orpdxo 9s no seouaHosaiay stews soossod + ofnunase 0 soureasasq ‘oaqgnd o ‘epared ap 4 o> seonesd ap eougBioue essigo 95 TURE, 2 “nes ep owSouond vp 21 wsoperasdsoyupy suoureapewiass OPS 2 > ravseq orSuate eu soprayonuasap axuourey du oF Jeuopuout ezed ‘sosopt ap no stryrurey oytourefoueyd 2p ‘S +9 sosuansodiy 2p sodna3 steuorprpen sO ‘auteap sod unsst 9 02814 3P god soogaadso sqeuoreyadod sc dns3 v cysausouatd "n> 0» juexp um sonro[o> sea trvagueSr0 anb sosopensuaHouroy Sex9 saiuatso2or $0 95502 SAIS oP ovqury ou sted “yyoauasop o sespeue an sopnaso 2p owes wesa| 26049 25 soasanhasqns sojrardea sou vsinbsad wssou we sopeznposd sopep sop agus wu epepzoge 38 apes 2p seaseg SOPEpLUN SE SO “gnsa sop ossave op no oats oSedso op oxsanb y “(eer ‘O10? “TF tp esqusto5) ,2peprunito> ep sTeD0fSEUap SOU 9 § Ou SARD|OD 59P “epuae sep oezzensv wand outsous op ovSenbapet no 0 oSeds9 ap eae ead pepuapus remananss oesinsas ep a1vuP,'sopEnPoPE sopesjasat so noropssuon ous © 9 AYN 0 anH2 erun{uo> OBS ud ap caucus we nae y spuu sod sodnuf ¢7 ap vosao 2s-opueazqear -1puaie, ¥0'9 opuezyeio2 ‘sopeatyeas ures0y sodrut nou 79g 's0anafo9 wo> OUTEAE Op S022 seiJajoo sens 2 eaquiros ‘ostauseg apps ¥ orode ap oueqest op sop) 2]09 sovustt Lz2aip ap son 1s so wseseasap (0102) ig ounsicy ou wR ep sr so weauasaide opueiit) 08 op swpeayeuins seifaxe 9 ‘eoyortapida ‘sepezyersadso seoqurp) seonpad se99 wreztuei0 anb sopesnaniaso sazoqes soe wt2uto! 2s axaj se onrenbus ‘(OM ypisopse usuraiuo4 -equn op ons ‘oqwausngooe ‘oot -rara waajoaua soxay seioqousen se (661) saxopes0qeI09 2 Ays>} sod epeiiedord orSeurwouap ex ovsenae ens vzed seanp-s949] 2 s9n9] soprajontia sqeuorssyoud sg Sounues Soiusip sop apnes ap sous steuap soe ‘rode ap ayuejoa oufeqen 109 2pn {Boyousay, wa wraxendsur 2s x sopeptauo> ops so ‘ap sonuap ap e>ysy vaug e wre ‘onuaureuorstmg nas wo sey 6c) “stoapad sesso wrezyueszo an joporsus-ootiom sonbojua stedioutsd so ‘osuoyy sod seasodord sodeu ap rorureurp to seurayo se 9 ‘SI91ARY-UoKPIg ap soamesado sodnu3 soe wanguye sesoine se ‘(3007 “PANY, $9007 ‘HOOT ofpg) aiuozuopy ofp wa wayseq oSuare ep sazneutp SE 23q08 50% -upuanoop wo epezruodaid ‘eanajo9 wodepsoge up oF reuorsesodo emg -ordrorunut assou (j5eN) apuneg ep apnes ¥ o1ody 9p 809]>0N sour epergdur 10} 9b ‘euin ouoo seuoane sejad sopesapisto3 ‘ors YWN SO “o8de 9p Sox sop win ouson seanajon Seanad UNESP as enb ou (902) seio1neo 2 exquito sod opeauEaa| > ‘(WN) OBS -rngpay ¥ o1ody 2p o37>nyy Op o>tIOISIY 0 SIUOALO} OPE WT (usc 46007 “fe 39 BHPOY) ,42220pe anb sousins sop sont cov ebunop ¢ oeSuare up 0205 oWwo> e>9[09 siod “estuo!INpas 9 OLS -etndod ep vpta ap saoStpuoa sep epeyn: canod wonyid, owos sodnsi snpord v so-oputaay ‘spars e vied sop wossadun ‘eanyoses ad sv weaofea ovU wae ep 2PNES 2Piadas priticas grupais que encontramos ao longo da pes Nao tendemos, Portanto, fazer uma ode a novas tendéncias de priticas de grupo ou desqualficar priticas aprioristicamente. Ao lado de Guatrari (1987), pretendemos desconfiar de descrigoes sobre os gru- Pos independentemente de seus projetos. Compreendendo as pr as grupais como atividades concreta, seguimos suas condic6es ma- feriais de produsio, as finalidades as quais pretendem cumpri, sua forma de insersao na complexa cena da assistencia & sande, Capi MEANDROS METODOLOGICOS DA PRODUGAO DE DADOS tee este capitulo, mais do acentuar a dimensio instrumental ddo percurso metodolégico, pretendemos reafirmar suas dimensdes éticas. Retomamos 0 que foi discutido por Fer- quando afirma que a pesquisa nao cavolve apenas o de saberes orientada por procedimentos cientificos, mas se constitui primordialmente na “composigio de uma relagio com- pilexa entre saberes, poderes © modos de subjetivacao” (Ferreira Neto, 2008, p. 534). Apoiamo-nos no referencial foucaulkiano para acom- panhar a apresentacao dos dados produzidos em nossa investigacio. Em numerosos momentos, particularmente nas entrevistas, Fou- cault expie sua percepeao sobre as dimensées éticas da pesquisa. Em ‘uma entrevista de 1981, ee si iza elementos importantes de suas metodolégicas. Ali, em reflexao retrospectiva,afirma a na~ fica de seus trabalhos que partiam sempre de ele~ rmentos encontrados em sua experiéncia, Prossegue marcando que ©