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Matéria PSICOTERAPIA BREVE

Aluno (a) FERNANDA RODRIGUES PINHEIRO RA 2021103270


Professor (a) ENIO MACEDO Data 26/09/2023

Resumo do livro Psicoterapia breve nos diferentes estágios evolutivos.

Cap 2- Psicoterapia Breve Psicodinâmica de Crianças

Cap 3 - Psicoterapia Breve Psicodinâmica de Adolescentes.

A junção a tudo isso é o grande desafio que representa a avaliação de resultados no


campo da psicoterapia infantil, especialmente no que diz respeito a discriminar quais
mudanças se devem ao processo terapêutico e quais fazem parte do processo de
desenvolvimento. Essas duas vertentes, a das especificidades da relação pais-filhos
e a do desenvolvimento da criança, sob a óptica da psicanálise, constituem nossos
alicerces teóricos.

Essa concepção permite olhar os pais como parte de um processo mais amplo, e
evita que se adote, em relação a eles, uma visão culpabilizante no que se refere às
dificuldades da criança. Por outro lado, permite olhar as características da
criança, assim como suas dificuldades, também como expressões da dinâmica
familiar e das relações que a constituem.

Esse processo de interação é potencialmente estruturante para o bebê, que depende


do olhar do outro para começar a se ver, mas pode ser patogênico, caso as projeções
e expectativas parentais sejam rígidas e/ou carregadas de sentimentos negativos, e
assim não abram espaço para o desenvolvimento da individualidade da criança.

A partir daí, evidencia-se também a importância desses últimos para as


possibilidades de melhora e de desenvolvimento saudável da criança. A segunda
vertente desse referencial teórico, a do desenvolvimento infantil, constitui-se em um
parâmetro essencial para todos aqueles que pretendem trabalhar com crianças. Seu
processo de desenvolvimento, quando comparado ao do adulto, é bastante
acelerado, e a coloca constantemente diante de novos desafios e de novas
possibilidades.

As diferentes teorias do desenvolvimento são tentativas de explicar esse complexo


processo estabelecer como ele se desenrola. Mas essas teorias são úteis, na medida
em que oferecem parâmetros que, utilizados com a necessária flexibilidade, permitem
localizar melhor tanto qualidades quanto as potencialidades de cada criança. Esse
referencial permite identificar, a partir do material clínico que estágio de
desenvolvimento corresponde o modo principal de funcionamento da criança os
modos secundários.

Ainda, na medida em que o desenvolvimento ocorre no contexto das relações


interpessoais, os adultos que participam de perto desse processo revivem o protótipo
desenvolvimento e as tarefas e conflitos que dele fizeram parte.

Isso interfere diretamente na relação que estabelecem com a criança em cada uma
das fases e no quanto podem ou não a auxiliar a elaborar suas crises desenvolvi
mentais. A fase diagnóstica tem como objetivos conhecer as características e a
dinâmica psíquica da criança, contextualizada em seu ambiente familiar, escolar e
social, com especial ênfase na dinâmica familiar e no funcionamento dos pais.

Busca-se a compreensão integral do caso - pais e criança psicodinâmicos, o processo


de desenvolvimento, a adaptação referente ter geracional e transgeracional, os
padrões de relacionamento interpessoal para mudança. Nessas entrevistas
iniciais, procuramos conhecer a história da criança e dos pais e as relações familiares
durante todo o desenvolvimento da criança.

Temos em mente como parâmetro, os referenciais do desenvolvimento


infantil, essenciais para orientar o raciocínio clínico. O primeiro contato com a criança
será sempre uma situação aberta, na qual o material lúdico estará disponível, assim
como a possibilidade do contato verbal.

Os objetivos, assim como no caso dos pais, incluem conhecer a criança e começar a
estabelecer com ela uma aliança de trabalho, por meio de uma escuta
atenta, interessada e acolhedora. A partir desse contato inicial, somado ao que foi
percebido nos contatos com os pais, avalia-se a necessidade da utilização de outros
instrumentos diagnósticos, como testes projetivos, de desenvolvimento cognitivo ou
psicomotor.

Consideramos que a melhor indicação não é aquela que, teoricamente, seria a


ideal, uma vez que esta, muitas vezes, está distante das condições reais e possíveis
para determinada criança e para seus pais. Essa decisão desconsidera o fato de que
eles poderiam se aproximar do psicólogo por meio da criança e, portanto, na grande
maioria das vezes, não estão prontos para admitir a própria necessidade de ajuda.
" Mesmo quando eles fazem afirmações do tipo "acho que quem precisa de terapia
sou eu, deve-se observar que esse conteúdo manifesto não é coerente com o fato de
que trouxeram a criança para o atendimento e, por conseguinte, parece não haver
uma verdadeira aceitação da própria necessidade de ajuda.
Na análise do material clínico obtido durante a fase diagnóstica, procuramos identificar
aspectos relevantes da dinâmica psíquica dos pais e da criança, do processo de
desenvolvimento dessa última e da regulação mútua entre eles.

A regulação mútua pais-criança e a configuração da relação entre eles, em cada


etapa do desenvolvimento, merecem especial atenção, tanto em seus aspectos
saudáveis quanto naqueles por meio dos quais se constituem e se manifestam os
sintomas. Em resumo, os conhecimentos trazidos pela teoria do desenvolvimento se
constituem, aqui. Para decidir sobre a indicação, levamos em conta também aspectos
relacionados ao grau de discriminação entre o psiquismo dos pais e o da criança
e, portanto, o tipo e a intensidade das projeções e introjeções mútuas, de acordo com
as ideias de Cramer.

As projeções dos pais sobre a criança, diretamente ligadas aos seus padrões
relacionais, se manifestarão também na relação transferencial que estabelecem com
o terapeuta. A observação cuidadosa da transferência é um importante auxiliar para a
compreensão da relação pais-criança e para a avaliação da disponibilidade dos pais
para o estabelecimento de uma aliança terapêutica. O peso dos sintomas da criança
na homeostase psíquica dos pais também guarda relação direta com a disponibilidade
desses últimos para aceitar mudanças.

Leva-se em conta, ainda, para a indicação terapêutica, as características do


processo de desenvolvimento da criança e sua organização psíquica. A importância
maior atribuída às características dos pais ou às da criança, nessa análise, dependerá
da faixa etária e do grau de independência dessa última.

O planejamento é sempre um projeto de trabalho a ser continuamente revisto e


reavaliado, uma vez que a compreensão diagnóstica continuamente se amplia no
decorrer da psicoterapia, inclusive, quem será atendido, uma vez que estão
envolvidos a criança e seus pais ou responsáveis. Habitualmente, o mesmo terapeuta
se encarrega de todos os atendimentos, mas, em algumas circunstâncias, é possível
que um terapeuta atenda a criança e outro atenda os pais.

O foco estabelecido para o trabalho com a criança e o foco para o atendimento dos
pais devem ser complementares, e a forma como se dará o processo será decidida
de acordo com as características e necessidades do caso, podendo incluir
atendimentos conjuntos, separados, paralelos ou alternados, quase sempre com
frequência semanal. Essas diferentes tarefas são típicas de diferentes etapas do
processo evolutivo e são coloridas pelas características individuais de cada criança.

A fase de término da psicoterapia merece atenção especial, no sentido de que seja


trabalhada a maneira como a criança e os pais vivem a situação de perda, o que
envolve reviver outras perdas importantes de sua história, principalmente ligadas a
pessoas significativas. Isso se faz estabelecendo um contato com os pais e com a
criança, decorrido determinado tempo após o final da psicoterapia, em geral seis
meses ou um ano, e o procedimento pode ser repetido algumas vezes, permitindo um
acompanhamento em longo prazo. Para trabalhar com psicoterapia psicodinâmica de
crianças, é preciso dedicar-se ao estudo das teorias do desenvolvimento, ao estudo
da família, de sua dinâmica, das configurações vinculares e da psicopatologia infantil.

A honestidade e autenticidade do psicoterapeuta são particularmente importantes no


contato com a criança, que é especialmente sensível ao que está por trás daquilo que
se diz ou se tenta demonstrar, a incidência e a prevalência epidemiológicas dos
distúrbios do desenvolvimento e dos transtornos mentais na infância são
desconhecidas na maioria dos países em desenvolvimento. De acordo com
Kardin , tem havido significativo progresso no desenvolvimento de pesquisas na área
da psicoterapia infantil e do adolescente.

Considerações finais.

No entanto diferentemente do que se acreditava, alguns aspectos dessa modalidade


repercutam tem de forma muito favorável para o trabalho clínico com adolescentes. A
literatura revisada deixa claro que atualmente a psicoterapia breve é breve por
proposta, por opção, e não por falta. Para o tratamento de adolescentes, em que pese
a escassez de estudos empíricos controlados, voltados para avaliar sua eficácia, ou
mesmo de estudos que buscam a efetividade dessa modalidade
psicoterápica, considera-se que a psicoterapia psicodinâmica breve e bastante
promissora, podendo se tornar, em muitos casos, o trata mento de escolha do clínico.
Por fim, salientamos que, apesar de algumas evidências que os estudos revisados
anteriores apresentam acerca da eficácia e da efetividade da psicoterapia
psicodinâmica breve de adolescentes em diferentes condições dinâmicas o pequeno
número de estudos realizados indica um campo ainda praticamente inexplorado de
pesquisa.
Se a psicoterapia psicodinâmica em geral é o primo pobre de outros tratamentos muito
mais estudados empiricamente, quando se considera a PPB de adolescentes, com
particular, essa constatação parece ser ainda mais evidente. Além da óbvia
necessidade de se avaliar, de forma rigorosa os resultados psicoterapias
psicodinâmicas breves de adolescentes, também é necessário estudar os
mecanismos de ação terapêutica. Existe na literatura um verdadeiro chamado para o
desenvolvimento de pesquisas empíricas que focalizem processos e resultados da
psicoterapia de adolescentes e, em especial, da abordagem psicodinâmica.

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